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Ministério da Educação

Universidade Federal de Goiás


Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação

Roteiro de Ensino de História


Ensino Remoto 2020

Coordenação: Ensino Fundamental


Série/Ano: 7º Ano A e B
Disciplinas: História
Carga horária Anual: 120 horas anuais
Carga horária Semanal: 3 aulas semanais
Departamento: História
Professora: Giovanna Aparecida Schittini dos Santos
Matheus Barbosa dos Santos; Felipe Alves Lagares; Jorge Luiz
Estagiários:
Rodrigues (Faculdade de História – UFG)
Professor FH: Rafael Saddi
E-mail giovanna_aparecida_schittini@ufg.br

Querid@ alun@, desejamos que você e sua família estejam bem!

A atividade que se segue abordará a temática da Peste Negra em três núcleos diferentes: os
impactos da Peste Negra na Idade Média de acordo com a posição social das pessoas, os aspectos
físicos da doença e suas representações, por fim, a perseguição aos judeus em meio à proliferação da
doença no continente europeu. A Peste Negra é estudada em relação com o contexto atual da
pandemia, a ideia é que você consiga relacionar aspectos do passado com o presente.
Cada um dos núcleos abordará uma série de documentos e que são indispensáveis para a
resolução das questões presentes na atividade. Para contribuir para a sua aprendizagem, oferecerei
um atendimento explicativo da atividade na quinta-feira, dia 05/11, às 14h. Será a primeira tentativa
de buscar outros meios para nos conectarmos. O link para entrar no googlemeet é
meet.google.com/dzj-ubia-jxd.

Núcleo 1 – Peste Negra, coronavirus e a população mais pobre

Dando continuidade ao plano de ensino, continuamos a discutir os diferentes modos como as


doenças afetaram os seres humanos no passado e no presente.
Na atividade anterior, vimos que a população mais pobre é a mais vulnerável à pandemia atual.
Vimos, também, através de um texto de Giovanni Boccaccio, como as pessoas na Idade Média
reagiram à Peste Negra. Agora, buscaremos analisar de que forma a Peste Negra afetou as pessoas
mais pobres na Idade Média.
A Peste Negra chegou ao Ocidente no ano de 1347 e, durante quatro anos, dizimou milhões de
pessoas por toda a Europa. Na Idade Média, quando ocorria alguma calamidade, como a Peste Negra,
acreditava-se que era Deus quem estava punindo as pessoas por seus pecados ou as provando
(MARTINO, 2017). Quando a peste chegou, atingiu todos a quem encontrara, fosse homem, mulher,
rico ou pobre. Mas é claro, uns mais que os outros. Muitos nobres possuíam residências nos campos,
onde a possibilidade de contágio era menor e, dessa forma, trataram logo de fugir para essas
residências assim que a peste chegou (MARTINO, 2017). O ambiente sujo das cidades medievais
contribuía para o aumento da quantidade de ratos que circulavam entre as pessoas e, dessa forma, as
cidades se tornaram centros de propagação da doença. Para as pessoas mais pobres que ali residiam,
devido ao total desconhecimento de como lidar com a peste, restaram poucas opções, muitas se
trancavam em casa com a família e rogavam para que Deus acabasse com a peste que enviara, outras
recorriam a curandeiros que prometiam a cura, já outras decidiram simplesmente vagar sem direção
ou aproveitar a pouca vida que ainda restava.
Temos acesso hoje a como as pessoas da Idade Média reagiram a Peste Negra através de
diversos relatos escritos por pessoas que viveram o evento. Uma das principais fontes de informação
acerca deste evento é a obra ―O Decamerão‖, de Giovanni Boccaccio, escrita entre 1348 e 1353.
Desse livro foram retirados os documentos 01 e 02 abaixo e se constitui num relato sobre como a
peste atingiu as pessoas mais modestas e como se deu a relação entre serviçais e senhores na Idade
Média durante a Peste Negra. Já o documento 03 trata de uma notícia de jornal sobre a primeira
vítima de Covid-19 registrada no Estado do Rio de Janeiro.

Leia os documentos abaixo e aponte o que se pede nas questões.

Documento 01

Aos serviçais domésticos se pagavam vultosos salários, e se dispensava


tratamento superior ao devido, embora, a despeito de tudo isto, muitos
patrões não adoecessem. Boa parte dos patrões se compunha de homens
e mulheres de grande talento, e a maioria de tais serviços não era
utilizada. Os criados quase que para nada mais serviam do que para
apresentar alguma coisa que fosse pedida pelos enfermos, ou para os
contemplar, quando eles morriam. Ao prestar tais serviços, muitas vezes
eles se perdiam a si próprios, como o lucro obtido.
BOCCACCIO, Giovanni. O Decamerão. Tradução por: Raul de Polillo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 38-
39, 2018. E-book.

Documento 02

O tratamento dispensado à gente mais modesta, e a grande parte dos


elementos da classe média, se imbuía de muito maior miséria. Esta gente,
em sua maior parte, era retida nas respectivas residências, seja pela
esperança, seja pela pobreza. Permanecendo assim nas vizinhanças dos
enfermos e dos mortos, os sobreviventes adoeciam aos milhares por dia;
e, não sendo cuidados, nem ajudados, fosse lá no que fosse, todos eles
morriam, quase sem redenção.

BOCCACCIO, Giovanni. O Decamerão. Tradução por: Raul de Polillo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 42,
2018. E-book.
Documento 03

Fonte: MELLO, Maria Luisa. Primeira vítima do RJ era doméstica e pegou coronavírus da patroa no Leblon. Uol, Rio
de Janeiro, 19 de março de 2020. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-
noticias/redacao/2020/03/19/primeira-vitima-do-rj-era-domestica-e-pegou-coronavirus-da-patroa.htm>. Acesso em:
29/10/2020.

1. A partir da leitura do documento 01 aponte o que se pede abaixo:

a) Apresente quais serviços os serviçais prestavam aos patrões durante a Peste Negra. Em seguida,
identifique se a peste teve alguma influência no aumento dos salários dos serviçais.
b) Boccaccio afirma que os serviçais ―ao prestar tais serviços, muitas vezes perdiam a si próprios,
como o lucro obtido‖. Explique o que Giovanni Boccaccio quis dizer com essa frase.

2. A partir da leitura do documento 01 e do documento 02, identifique as diferenças entre a forma


como a Peste Negra afetou as pessoas mais ricas e as mais pobres.

3. O documento 03 é uma notícia que trata sobre a primeira morte de Covid-19 no Brasil. Sobre o
documento responda:

a) Identifique a profissão da vítima da primeira morte e o local onde ela foi contaminada.
b) Relacione a classe econômica da patroa com a recente viagem que ela fez. Que conclusões é
possível retirar sobre o grupo social ao qual ela pertence?
c) O documento 01 e o documento 03 tratam de fenômenos epidêmicos diferentes em períodos
históricos diferentes. No entanto, apresentam muitas semelhanças. Identifique as semelhanças
encontradas entre as condições de trabalho dos trabalhadores domésticos nesses dois períodos
históricos.

Núcleo 2 – Aspectos físicos da Peste Negra e suas representações

A Peste Negra, que, diferentemente do covid-19, não é causada por um vírus, mas sim por uma
bactéria conhecida como Yersinia pestis, que surgiu na Ásia central, infectando o homem pelas pulgas
que se alimentavam do sangue de ratos portadores da bactéria. Graças à dinâmica do comércio
internacional, navios que traziam mercadorias da Ásia via Oriente Médio também transportavam, em
seus porões, os ratos e pulgas infectados pela bactéria para os portos europeus. O termo Bubônica,
pelo qual a peste também é conhecida, se refere aos bulbos (nódulos e inchaços formados na pele
humana após a infecção). (ALMEIDA. 2002).

Podem ser estudadas algumas características físicas da Peste de 1348, em documentos escritos
como O trecho da obra ―Decamerão‖ do escritor oriundo da cidade de Florença, Giovanni Boccaccio:

Documento 1:

“Em Florença, no começo, apareciam, tanto nos homens como nas


mulheres, seja na virilha, seja na axila, determinadas inchações. Destas
algumas cresciam como maçãs; outras, como ovo; umas cresciam mais;
outras, menos; o vulgo dava-lhes a denominação de bubões. Das duas
partes mencionadas do corpo, dentro em breve o citado tumor mortífero
passava a repontar e a surgir por toda parte. Logo após, o aspecto da
enfermidade começou a modificar-se; ela passou a pôr manchas negras
ou lívidas nos doentes. Estas manchas se faziam presentes nos braços, nas
coxas e em outras partes do corpo. Em algumas pessoas, as manchas se
faziam grandes e raras; em outras, pequenas e abundantes. E, assim
como, primeiro, o bubão fora, e ainda continuava a ser, indício fatal de
futura morte, assim também as manchas se tornaram mortíferas, depois,
para aqueles em que elas se instalavam”.
Fonte: BOCCACCIO, Giovanni. O Decamerão. Tradução por: Raul de Polillo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
p.32. 2018. E-book.
Também nos é possível analisar a peste a partir de fontes não escritas, como a pintura a seguir:

DOCUMENTO 2:

(Pintura sem título, fazia parte de uma série de ilustrações reunidas em compêndio, autoria de Toggenburg,
Suíça-1411)

Disponível em:
<https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.revistapessoa.com%2Fartigo%2F2936%2Ftempo-
de-ler-leituras-do-tempo&psig=AOvVaw2iqAobh-
_ptXvDfzrzlF0h&ust=1604104433050000&source=images&cd=vfe&ved=0CA0QjhxqFwoTCKCg5POI2-
wCFQAAAAAdAAAAABAa.>. Acesso em 02.11.2020

1. Com base no documento 2, responda as seguintes questões:

a) Identifique o autor e o ano da pintura.

b) Sendo o primeiro plano tudo aquilo que está mais próximo aos olhos do expectador e segundo
plano aquilo que se distancia dos demais elementos da imagem, responda: o que está sendo
retratado em primeiro e em segundo plano no documento 2?

c) de acordo com sua análise pessoal, o que o autor busca representar no documento 2?

d) A partir da leitura do documento 1 e da análise do documento 2, identifique qual ou quais os


sintomas da Peste Negra que estão presentes em ambas as fontes
EMEF PROFESSOR ANÍSIO TEIXEIRA
Rua Francisco Mattos Terres, 40 – Bairro Hípica – Porto Alegre/RS CEP 91755-070- Enviar
para email do Prof: marcelo.rbastos@educar.poa.br ou Whatsapp EJA: 32895980
Bloco de Atividades nº 08- 19/04 a 23/04/2021
Nome do(a) Aluno(a): ___________________ Turma:

Documento 1:

Lockdown no Brasil: Por que essa medida pode ser necessária contra pandemia do coronavírus

Com o agravamento da crise sanitária por causa do aumento dos casos e mortes por covid-19
no País, governadores e prefeitos já adotaram ou cogitam o lockdown — uma medida mais restritiva
de isolamento social.
Boletim Epidemiológico 7, do Ministério da Saúde, divulgado em 6 de abril, define o lockdown,
também chamado de bloqueio total, como o ―nível mais alto de segurança‖. ―Durante o bloqueio total,
TODAS as entradas do perímetro são bloqueadas por profissionais de segurança e NINGUÉM tem
permissão para entrar ou sair do perímetro isolado‖, afirma o documento com os grifos em caixa alta.
Em São Luís (MA), por exemplo, onde o lockdown foi adotado por uma medida judicial, as
pessoas só podem sair de casa para serviços essenciais, como ir ao mercado, farmácia e hospital. E
quem decide sair de casa deve carregar consigo documento de identidade [...]
Em São Luís, fazem parte das atividades essenciais: supermercados, feiras, delivery de
alimentos, venda de produtos de limpeza e de higiene pessoal; hospitais[...].
Fonte: CASTRO, Graziele. Lockdown no Brasil: porque essa medida pode ser necessária contra a pandemiabde
coronavirus. HuffPost Brasil. 23 de maio de 2020. Notícias. Disponível: https://www.huffpostbrasil.com/entry/lockdown-
o-que-e_br_5ec6f965c5b635450f381508.

Documento 2:

“Havia pessoas que advertiam que o viver moderado e o evitar toda


superfluidade muito contribuíam para se resistir àquele mal. Estas
pessoas, compondo o seu grupo exclusivista, viviam separadas de todas
as outras. Recolhiam-se e fechavam-se em casas onde nenhum enfermo
houvesse estado. Não procuravam viver melhor. [...]. Fugiam a todo ato
de luxúria. Não se entregavam a conversas com quem quer que fosse, nem
queriam ouvir qualquer caso de morte, ou de enfermidade, dos que se
encontravam do lado de fora da casa que ocupavam. Não se entregavam
a conversas com quem quer que fosse, nem queriam ouvir qualquer caso
de morte, ou de enfermidade, dos que se encontravam do lado de fora da
casa que ocupavam. Entretinham-se com músicas e com os prazeres que
pudessem auferir”.

Referência: BOCCACCIO, Giovanni. O Decamerão. Parte alusiva a peste negra na Europa. Tradução por:
Raul de Polillo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p.33. 2018. E-book.

Documento 3:

“Outras pessoas, induzidas a formar opinião contrária a esta,


afirmavam que eram remédios eficazes, para tamanho mal, o beber em
abundância [...] o divertir-se por todas as formas, o satisfazer o apetite
fosse lá do que fosse, e o rir e o zombar do que acontecesse, ou pudesse
acontecer. Como diziam, assim faziam, da maneira que se lhes tornasse
possível, de dia e de noite”.
“Muitas outras pessoas seguiam o caminho do meio, entre os dois
acima referidos. Não se recusavam a si mesmos os bons pratos, como os
primeiros, nem se abandonavam, como os segundos, à bebida e a outras
formas de dissolução. Ao contrário. Faziam uso de todas as coisas, com
suficiência e moderação, conforme o apetite. Não se fechavam”.
Referência: BOCCACCIO, Giovanni. O Decamerão. Parte alusiva a peste negra na Europa Tradução por:
Raul de Polillo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 3. 2018. E-book.

1. A partir da leitura do documento 1, responda as seguintes perguntas:

a) Identifique quais as medidas adotadas durante o período de lockdown (bloqueio total) em São
Luís, capital do estado do Maranhão.

b) Identifique qual o fator determinante na introdução do lockdown na cidade de São Luís diante da
pandemia de covid-19.

2. Com base no documento 2, identifique como o chamado ―grupo exclusivista‖ buscava ―resistir‖ à
Peste Negra.

3. A partir dos documentos 2 e 3 identifique e transcreva trechos que invalidam a seguinte afirmação:
―todos os habitantes da cidade de Florença agiram do mesmo modo diante da chegada da Peste
Negra‖.
acontecer. Como diziam, assim faziam, da maneira que se lhes tornasse
possível, de dia e de noite”.
“Muitas outras pessoas seguiam o caminho do meio, entre os dois
acima referidos. Não se recusavam a si mesmos os bons pratos, como os
primeiros, nem se abandonavam, como os segundos, à bebida e a outras
formas de dissolução. Ao contrário. Faziam uso de todas as coisas, com
suficiência e moderação, conforme o apetite. Não se fechavam”.
Referência: BOCCACCIO, Giovanni. O Decamerão. Tradução por: Raul de Polillo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, p. 3. 2018. E-book.

4. A partir da leitura do documento 3, responda as seguintes perguntas:

c) Identifique quais as medidas adotadas durante o período de lockdown (bloqueio total) em São
Luís, capital do estado do Maranhão.

d) Identifique qual o fator determinante na introdução do lockdown na cidade de São Luís diante da
pandemia de covid-19.

5. Com base no documento 4, identifique como o chamado ―grupo exclusivista‖ buscava ―resistir‖ à
Peste Negra.

6. A partir dos documentos 4 e 5 identifique e transcreva trechos que invalidam a seguinte afirmação:
―todos os habitantes da cidade de Florença agiram do mesmo modo diante da chegada da Peste
Negra‖.

Núcleo 3 – As epidemias e os bodes expiatórios

1. Neste núcleo, vamos estudar como as doenças nos afetaram no passado e afetam na atualidade, o
mal-estar social gerado por elas e suas consequências. Os documentos abaixo tratam deste tema: o
primeiro está relacionado à pandemia de coronavírus da nossa atualidade e o outro diretamente ligado
ao surto de Peste Negra no ano de 1349 na Europa. Leia atenciosamente o documento 1 e em seguida
responda as questões abaixo:

Documento 1 – Asiáticos temem virar bode expiatório da epidemia do novo coronavírus.

O judeu, o bruxo, a prostituta, o corcunda, entre outros, fazem parte de uma longa lista de
"culpados" apontados ao longo dos séculos, a cada epidemia. E os asiáticos temem ser o bode
expiatório da vez, em meio ao surto do novo coronavírus. O temor dos asiáticos não é sem sentido,
já que várias reações racistas contra eles, sem distinção de nacionalidade, ou origem, explodiram
desde o início da epidemia. "Basta que você tenha os olhos um pouco rasgados! Eu vejo como as
pessoas olham pra gente, quando saio às ruas com meu namorado tibetano", reclama Mei Ka, uma
japonesa que vive na Bélgica, na página do site antirracista Ásia 2.0 no Facebook.
Na França, onde foram registrados os primeiros casos na Europa de pacientes com o novo
coronavírus, há uma semana uma hashtag junto com vários depoimentos de xenofobia -
#JeNeSuisPasUnVirus, #IAmNotAVirus, #NãoSouUmVírus - se espalha nas redes sociais. [...] -
Medos ancestrais - "Em cada epidemia, busca-se encontrar um, ou vários bodes expiatórios", disse o
imunologista Norbert Gualde, autor de vários livros sobre os vírus. Trata-se de "comportamentos
ancestrais que persistem", afirmou. "Se designa um grupo humano 'culpado', como os judeus, os
leprosos, os corcundas, as prostitutas, as pessoas que não vão à missa, os homossexuais...",
completou. "É algo recorrente durante as epidemias. Alguns povos, como os judeu, pagaram muito
caro na história das epidemias", lembrou ele.
No século XIV, por exemplo, judeus foram massacrados na Europa por serem considerados
culpados pela peste. Para Alain Epelboin, antropólogo e especialista do ebola, "quando aparece uma
epidemia, sempre se busca a causa da desgraça". Com frequência, "os primeiros bodes expiatórios
são os sobreviventes. Primeiro, são acusados de serem perigosos e são postos em quarentena e, se
forem os únicos membros de sua família a sobreviver, às vezes, em alguns países, podem ser acusados
de bruxaria", explicou. E, da busca de culpados para teorias conspiratórias, é apenas um passo. "As
teorias conspiratórias funcionam muito bem para o ebola, ou para a aids. Muitas vezes, se diz que são
vírus criados em laboratórios e que foram disseminados de propósito para 'limpar' territórios",
comentou Epelboin. Para Gualde, "é impossível evitar estas fantasias". "Aconteceu o mesmo com a
gripe, ou com a varíola. É impossível impedir que as pessoas imaginem coisas desse tipo", comentou.

Fonte: Asiáticos temem virar bode expiatório da epidemia do novo coronavírus. Estado de Minas. 03 de fevereiro de
2020. Disponível em: <https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2020/02/03/interna_internacional,1119054/
asiaticos-temem-virar-bode-expiatorio-da-epidemia-do-novo-coronavirus.shtml> Acesso em: 27/10/2020.

a) No documento 1, com título ―Asiáticos temem virar bode expiatório da epidemia do novo
coronavírus.‖, podemos perceber que o termo ―bode expiatório‖ é bastante usado. Identifique o
significado deste termo.
b) Ao longo da história tivemos várias ocasiões em que o fenômeno do "bode expiatório" surgiu para
explicar as epidemias. Com base nessa informação, busque no documento 1 trechos que citem grupos
que se tornaram os bodes expiatórios em momentos diferentes da história.
c) Qual povo tem se tornado o "bode expiatório" durante a pandemia de covid-19 e por quais motivos
eles são associados à essa doença?

2. O ano de 1347 foi marcado pelo início da crise da peste bubônica que assolou vilarejos e cidades
por toda a Europa durante a Idade Média. A peste pegou de surpresa os povos europeus que não
estavam preparados para uma doença altamente contagiosa e que se multiplicou com grande
facilidade devido às carências sanitárias que marcavam este período da história. A devastação foi tão
grande, que a necessidade da busca pelos culpados e pelos motivos que causaram esse ―castigo‖ se
tornou o principal combustível para uma possível solução. Em meio ao caos, a Igreja Católica e os
cristãos alegavam castigo e punição de Deus para aqueles que não seguiam fielmente aos dogmas
impostos pela Igreja Católica. Desta forma, alguns grupos tornaram-se alvo, como os judeus,
leprosos, corcundas, prostitutas etc. Assim, os bodes expiatórios da pestilência começaram a surgir.
Neste momento, iremos analisar o documento 2, que trata de um dos grupos que se tornou bode
expiatório durante a Peste Negra, os judeus.

Documento 2 - 126 O Massacre de Judeus em Turingia os Flagelantes (1349).

No mesmo ano, entre a festa da Purificação da Bem-Aventurada Virgem Maria (2 de fevereiro) e a


Quaresma (25 de fevereiro) os judeus foram postos à morte em todas as cidades fortificadas, castelos
e vilas [...] porque o rumor público os acusava então de haver poluído as fontes e os poços, nos quais
numerosos sacos repletos de substâncias envenenadas foram descobertos. No mesmo ano, dia de São
Bento (21 de março), que caiu no sábado anterior ao domingo de Laetare, os habitantes de Erfurt
mataram cem judeus ou mais, malgrado a oposição dos cônsules. Outros judeus, em número de mais
de três mil, dando conta que não poderiam escapar das mãos dos cristãos, deram-se à morte pelo fogo
em suas próprias casas, como numa busca de purificação. Ao fim de três dias, carregaram-nos nas
carroças, conduziram-nos ao seu cemitério, em frente à porta de São Maurício, para aí enterrarem-
nos. Que descansem no inferno! Diziam também que eles haviam poluído as fontes em Erfurt-sur-
Gera e contaminado os peixes e que ninguém os quis comer durante a Quaresma, e que nenhum
cidadão rico fez lavar sua cozinha usando aquelas águas. Não sei se é verdade, mas creio, sobretudo,
que o início de sua desgraça foi atribuído às somas consideráveis e exorbitantes que lhes deviam tanto
barões como cavaleiros, citadinos como camponeses.

Fonte: Monumienta erphesfurtensia, saec. XXII, XIII, XIVH older-Egger, (Ed). Hannoverae, 1899, p.379-80. Apud
Pinski, op. Cit., p. 127-8. PEDRERO-SANCHÉZ G. Maria. In. História da Idade Média: Textos e testemunhas. 1 ed.
São Paulo: Editora Unesp, p.492. 2000.

a) Identifique o ano de produção do documento 2 e seu tema central.

b) Durante o ano de 1349, os judeus foram postos como os causadores das mazelas que assolavam a
população europeia. Centenas de milhares de judeus foram cremados em suas próprias casas com a
desculpa de que era necessário a purificação daqueles que contrariavam as crenças cristãs da Igreja.
O documento ―O massacre dos judeus em Turingia os Flagelantes‖ apresenta os motivos alegados,
mas também motivos ocultos, para a perseguição e morte aos judeus. Identifique e retire do texto
trechos que cite cada um destes motivos.

c) Crises como a da Peste Negra e a pandemia do coronavirus causam um grande mal-estar na


população afetada, despertando nas pessoas uma busca incessante por uma explicação e origem para
a doença. Com base nessas informações, apresente os pontos em comum entre o documento 1 e 2 e
em seguida, posicione-se em relação a eles.

d) Agora é com você. O mal-estar causado por uma crise é bastante comum, mas cabe a nós a
capacidade de compreendê-lo em seu devido lugar e nos conscientizar para não replicarmos os
mesmos preconceitos e perseguições. Reflita sobre o período conturbado que estamos passando e
disserte sobre o que você aprendeu ao longo da leitura de ambos os documentos, tanto sobre o
preconceito na pandemia do coronavírus, como também durante a Peste Negra na Idade Média.

Nos vemos na 5ª feira, às 14h. Aproveite até lá para ler a atividade!

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