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GRIPE ESPANHOLA

1. ORIGEM E HISTÓRIA

A Gripe Espanhola foi uma pandemia que aconteceu entre 1918 e


1920, atingindo todos os continentes e deixando, no mínimo, 50 milhões de
mortos ao redor do mundo. Seu nome tornou-se esse por conta da
repercussão que a imprensa Espanhola fez da doença durante os anos da
Primeira Guerra.
A doença consistiu basicamente em um surto causado por uma
mutação do vírus Influenza, e os primeiros casos, segundo registros,
aconteceram no Fort Riley, um acampamento militar instalado no interior do
estado do Kansas.
A patologia surgiu e aproveitou-se Grande Guerra para espalhar-se
pelo mundo e teve grande impacto nas suas frentes de batalha. A doença
alastrou-se pelo mundo em três ondas, entre as três, a Segunda onda se
destaca por ser a mais contagiosa e apresentar um índice de mortalidade
mais elevado.
Uma vez que a doença se estabeleci no continente Europeu, a ele
se espalhou pelo restante do mundo através do deslocamento de pessoas
por meio de viagens ou do sistema de transporte internacional de
mercadorias. Chegou no Brasil em setembro de 1918, por uma embarcação
que veio da Inglaterra e passou por Lisboa, Recife, Salvador e Rio de
Janeiro.
Todos os continentes habitados foram afetados pela gripe Espanhola,
e segundo o historiador J.N. Gays, somente locais remotos e mais distante
de centros urbanos conseguiram escapar da doença.
2. CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA

O agente causador da Gripe Espanhola, foi o vírus H1N1, que


diferentemente do vírus de gripe comum, ele se apoderava das células dos
pulmões, mais do que do nariz e garganta. Isso produzia um quadro
infeccioso bastante grave e agudo.
Os principais sintomas da doença incluíam: febre repentina acima
de 38°C, calafrios, dor muscular e articular, cefaleia intensa, dor no corpo,
tosse seca e dor na garganta, nariz entupido, inflamação na laringe, faringe
e brônquios, cansaço excessivo e mal-estar em geral.
O vírus H1N1 foi facilmente transmitido de pessoa para pessoa, por
meio do contato direto, tosse, espirro, e até mesmo pelo ar, principalmente
devido aos sistemas de vários países sofrerem conflitos na grande guerra.
O tratamento não foi descoberto, porém era aconselhado apenas
repouso, boa alimentação e geralmente era receitado aspirina como anti-
inflamatório, para aliviar a dor e baixar a febre.
3. IMPACTADO SOCIOCULTURAL

Mortalidade em massa: Considerada uma das pandemias mais


mortais da história, causando entre 50 e 100 milhões de mortes em todo o
mundo. Essa alta taxa de mortalidade teve efeitos devastadores nas
comunidades, deixando muitas famílias sem provedores e muitas crianças
órfãs. Além disso, a perda de tantas vidas teve um impacto a longo prazo
na demografia e na estrutura populacional de muitas regiões.
Impacto na força de trabalho: A grande mortalidade causada pela
doença resultou em uma escassez de mão-de-obra em muitos setores da
economia. Isso incluiu áreas como agricultura, manufatura e serviços. Com
muitos trabalhadores doentes ou mortos, as empresas enfrentaram
dificuldades para manter a produção e atender à demanda, o que teve um
impacto negativo nas economias locais e globais.
Pressão sobre os sistemas de saúde: Os sistemas de saúde em todo
o mundo foram sobrecarregados pela rápida propagação do vírus H1N1.
Hospitais e clínicas ficaram lotados, faltavam leitos e equipamentos
médicos, e o pessoal médico estava sobrecarregado. Isso não apenas
dificultou o tratamento eficaz dos doentes de gripe, mas também afetou a
capacidade de responder a outras emergências médicas e de saúde
pública.
Impacto econômico: A pandemia teve um impacto negativo
significativo nas economias locais e globais. A interrupção da produção e
do comércio devido à doença e à morte de trabalhadores causou recessão
em muitas regiões. Além disso, o medo da pandemia levou as pessoas a
evitar o consumo e o comércio, reduzindo ainda mais a atividade
econômica. Isso resultou em perda de empregos, falências de empresas e
instabilidade financeira.
Desigualdades sociais: A disseminação da doença exacerbou as
desigualdades sociais existentes em muitas comunidades. As populações
mais pobres e marginalizadas muitas vezes enfrentavam condições de vida
e acesso a cuidados de saúde inadequados, tornando-as mais vulneráveis
à doença e à morte. Além disso, esses grupos também enfrentavam maior
dificuldade para obter assistência durante a pandemia, incluindo acesso a
tratamento médico adequado e apoio financeiro.
Mudanças culturais e políticas: A experiência da Gripe Espanhola
teve um impacto duradouro na cultura e na política. As medidas de
quarentena e distanciamento social alteraram as interações sociais e as
práticas culturais. Além disso, a pandemia influenciou o pensamento
político da época, levando a mudanças nas políticas de saúde pública e no
papel do governo na resposta a emergências médicas.
Mudanças nos comportamentos sociais: Para conter a propagação
do vírus, foram implementadas medidas de distanciamento social, como o
fechamento de escolas, cancelamento de eventos públicos e proibição de
reuniões em grupo. Isso alterou drasticamente a vida social das pessoas,
levando ao isolamento e à interrupção de práticas sociais comuns.
Medo e ansiedade: Essa enfermidade gerou um clima de medo
generalizado devido à sua alta taxa de mortalidade e à rápida propagação
da doença. As pessoas estavam ansiosas e temerosas com relação ao seu
próprio bem-estar e ao de seus parentes, o que afetou suas interações
sociais e seu estado emocional.
Impacto nas artes e na cultura: A pandemia influenciou a arte, a
literatura e outras formas de expressão cultural da época. Muitos artistas e
escritores abordaram a experiência da gripe espanhola em suas obras,
refletindo sobre temas como morte, doença e resiliência. Além disso, as
restrições impostas às atividades sociais também afetaram o cenário
cultural, com o cancelamento de apresentações teatrais, exposições de
arte e eventos culturais.
Estigma e discriminação: Durante a pandemia, certos grupos foram
estigmatizados e discriminados com base em percepções errôneas sobre
a origem ou propagação da doença. Isso incluiu comunidades imigrantes,
minorias étnicas e grupos sociais marginalizados. O estigma exacerbou o
sofrimento e isolamento desses grupos e dificultou o acesso aos cuidados
de saúde e ao apoio social.
Impacto nas tradições religiosas: Diversas religiões também foram
afetadas pela doença. Muitas igrejas e locais de culto foram fechados para
evitar grandes aglomerações de pessoas, alterando a forma como as
comunidades praticavam sua fé. Além disso, os rituais funerários foram
adaptados para lidar com o grande número de mortes durante a pandemia.
Resiliência e solidariedade: Apesar dos desafios enfrentados
durante a pandemia, muitas comunidades se uniram para apoiar umas às
outras, oferecendo assistência aos doentes, cuidando de órfãos e
fornecendo alimentos e recursos para aqueles em necessidade. Esses atos
de solidariedade ajudaram a mitigar o impacto da pandemia e fortaleceram
os laços comunitários

4. ESTRATÉGIAS DE RESPOSTA

Como a Gripe Espanhola era uma doença mortal e de alta


disseminação que não possuía tratamento os médicos da época pediam
para que as pessoas mantivessem distância uma das outras e que
evitassem aglomerações, além do distanciamento social as principais
recomendações eram: repouso, hidratação e alimentação adequada.
Conforme o vírus avançava foram improvisados hospitais e leitos
para infectados, os médicos realizavam o tratamento com Aspirina para
diminuir febre e dor, entretanto esse medicamento era administrado em
altas doses e tornava-se nocivo para os pacientes, causando intoxicação,
edema pulmonar, acúmulo de líquido nos pulmões, além de agravar os
sintomas da doença.
No final, as medidas de prevenção foram os métodos mais utilizados
para impedir o avanço da doença. O que incluía, além do isolamento social,
o fechamento de escolas, comércios e eventos locais.
5. LIÇÕES APRENDIDAS

A Gripe Espanhola, que ocorreu em 1918-1919, teve várias lições


aprendidas e impactos significativos em diferentes áreas:
Lições Aprendidas:
- Preparação para Pandemias: A necessidade de estar preparado
para pandemias futuras, incluindo desenvolvimento rápido de vacinas e
estratégias de resposta eficazes.
- Melhor Vigilância Epidemiológica: Reforçou a importância de
sistemas de vigilância epidemiológica eficazes para monitorar e conter a
propagação de doenças.
Impactos na Ciência:
- Avanços na Virologia: A Gripe Espanhola impulsionou a pesquisa
em virologia, levando a uma melhor compreensão dos vírus e seu impacto
na saúde humana.
- Desenvolvimento de Vacinas: Reforçou a importância do
desenvolvimento rápido de vacinas como uma ferramenta crucial para
controlar pandemias.
Impactos na Saúde Pública:
- Reforço na Infraestrutura de Saúde: Destacou a necessidade de
fortalecer a infraestrutura de saúde pública, incluindo sistemas de
atendimento médico, instalações de isolamento e recursos para responder
a surtos.
- Ênfase na Educação em Saúde: Aumentou a conscientização
sobre medidas de higiene, distanciamento social e o papel crucial da
educação em saúde para prevenir a propagação de doenças.
Mudanças Sociais:
- Impacto nas Comunidades: A Gripe Espanhola teve um impacto
devastador em comunidades e famílias, destacando a importância da
solidariedade e apoio mútuo em tempos de crise.
- Mudança de Comportamento: Reforçou a adoção de práticas de
higiene pessoal e coletiva, influenciando comportamentos sociais em
relação à saúde.
Globalmente, a Gripe Espanhola foi um evento traumático que
influenciou fortemente as abordagens de saúde pública, pesquisa científica
e mudanças sociais, contribuindo para o desenvolvimento de estratégias
mais eficazes para lidar com pandemias futuras

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