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sem autorização por escrito dos editores.
l" Edição
2003
1 • Edição Revisada
2004
2ª Edição
2007
3• Edição Revisada
2011
Editores
Jngo Bernd Güntert e Juliana de Vi/lemor A. Güntert
Assistente Editorial
Aparecida Ferraz da Silva
Editoração Eletrônica
Sergio Gzeschenik
Produção Gráfica
Fabio Alves Melo
Capa
Nuovo Design
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-85-62553-46-2
Impresso no Brasil
Printed in Brazi/
As opiniões expressas neste livro, bem como seu conteúdo, são de responsabilidade de seus autores,
não necessariamente correspondendo ao ponto de vista da editora.
Reservados todos os direitos de publicaç
ão em língua portuguesa à
1. INTRODUÇÃO
2. Ü AMBIENTE
3. A PSICOLOGIA .ÁMBIENTAL
Se a Psicologia Ambiental estudasse o homem como um ser ambiental seria urna
espécie de psicologia geral dando conta de todos os ambientes que estão em relação corn
o homem. Porém, em primeiro lugar, é uma psicologia e, como tal, se ocupa do com
portamento e suas causas, com as capacidades perceptivas, cognitivas, volitivas e
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CAJ>{TIJLO 2 - AMBIENTE, TRÂNSITO E PSICOWGIA
4. Ü TRÂNSITO E O AMBIENTE
Muito antes de inventar a roda - mais ou menos 5000 anos a.e. -, os comerciantes
do Oriente levavam seus produtos no lombo de animais por longas jornadas, para efetuar
trocas nas aldeias. Ao compararmos esses comerciantes com o automobilista, hoje, que
dirige seu automóvel sobre autoestradas, podemos ver que há três elementos essenciais
no trânsito ou no transporte: a) o homem que dirige e que busca alcançar um objetivo;
b) algo que se move e carrega, seja veículo ou animal; e c) uma via que permite ir de
um lugar para o outro. Homem, veículo e via são os elementos essenciais, todo o resto
provém do desenvolvimento cultural e econômico.
O que o ambiente tem a ver com isto? O homem que é transportado se serve de
um elemento do ambiente; um animal ou um automóvel constitui seu ambiente em
mov!mento, seu ambiente mais próximo. Mais claro, talvez, é o ambiente do carro, um
ambiente que protege, mas que também se movimenta, segundo as condições de direção
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COMPORTAMENTO HUMANO NO TRÂNSITO
comandadas pelo próprio homem. Condições essas que podem facilitar ou dificultar 0
comportamento de dirigir, pelo grau de conforto, de segurança ou de eficácia.
O condutor, com seu ambiente ambulante ou rolante, se movimenta num outro
ambiente, a via; e, para o seu próprio bem -estar, deve obedecer às características da via,
seguir as curvas, subir aclives, regular a velocidade do veículo, conforme o estado de
conservação da via e do veículo. As diferentes condições da via dimensionam o com
portamento de dirigir. Basta imaginar um condutor dirigindo sozinho em uma estrada
tranquila ou no meio da via Anhangüera ou da via Dutra, em pleno rush. Evidenciam- se,
então, e de fonna instantânea ' um ambiente social e o ambiente normativo. O condutor
deve saber em que pista deve ficar, deve saber como ultrapassar um carro à sua frente e
dar passagem a outros carros, não pode ficar ziguezagueando à vontade ou dirigir a 150
km/h, quando não é possível realizar essa operação.
O ambiente material também se modifica e se especializa em termos de sinalização
vertical - indicação de limite de velocidade, semáforos, placas regulamentares, de adver
tência, indicativas de direção e serviços auxiliares - e horizontal - desenho de linhas
divis órias no chão, "DEVAGAR, ESCOLA", indicação do limite lateral da estrada.
A via é um ambiente de trânsito, indicando ao condutor do veículo o que ele pode
e não pode fazer, o que ele deve e não deve fazer. Apesar disso, a circulação nas vias
não flui tranquilamente e, apesar de serem sinalizadas para conferir maior grau de segu
rança para condutores e passageiros, dezenas de milhares de pessoas morrem todo ano
no trânsito brasileiro, pois a sinalização, mesmo que eficiente, não garante o controle
do conjunto dos comportamentos que compõe a atividade de dirigir. Um deles é parti
cularmente importante: a tomada de decisão frente às condições adversas, inusitadas ou
emergentes à situação de trânsito.
Há, porém, no ambiente, uma série de condições adversas que facilmente podem
provocar um acidente (DETRAN/DF, 1994):
- condições de luz: luz solar intenso contrário, ofuscamento à noite, passar de um
ambiente de luz para escuro (como por exemplo, num túnel).
- condições de tempo: chuvas com pista alagada ou poças de água com perigo de
hidroplanagem, ventos fortes depois de barrancos, neblina, serração e nevoeiro.
- condições de via: aclives e declives com muitas curvas fechadas, pista mal sina
lizad�, pista estreita ou escorregadia, pontes e viadutos, túneis e áreas urbanas.
- condições de trânsito: engarrafamento, carros em alta velocidade, "costuradores",
entre meia noite de sábado e quatro horas de madrugada de domingo.
- condições de veículo no seu ambiente mais interior: nível de combustível, de
água, de óleo e de fluido de freio, correias, freios, pneus, excesso de carga.
O condutor, com o seu carro, em um ambiente que exige atenção, concentração e
direção segura, entra, inevitavelmente, em conflito com as características desse ambi ente
ao dirigir sob influência de substâncias psicoativas, estressado, emocionado, fatigado
ou sonolento.
CAPÍTULO 2 - AMBIENTE, TRÂNSITO E PSICOLOGIA
A Psicologia do Trânsito tem por seu objeto o comportamento dos cidadãos que
participam do trânsito. Ela procura entender esse comportamento pela observação e
experimentação, do inter-relacionamento com outras ciências que estudam o trânsito
e ajudar, por meio de métodos científicos e didáticos, na formação de comportamentos
mais seguros e condizentes com o exercício de uma perfeita cidadania.
A Psicologia do Trânsito nasceu em 191O. Seu precursor foi Hugo Münsterberg,
aluno de Wundt, que a convite de William James foi para os Estados Unidos para ser o
diretor do laboratório de demonstração de psicologia experimental da Universidade de
Harvard. Inicialmente se opondo à tendência americana de tirar a psicologia dos labo
ratórios e mostrar sua aplicabilidade na sociedade, alguns anos após, se tomou o arauto
da psicologia aplicada. Criou a Psicologia Forense e foi o primeiro psicólogo a submeter
os motoristas dos bondes de Nova York a uma bateria de testes de habilidade e de inte
ligência (Schultz & Schultz, 1999).
O sucesso dos testes Army Alpha e Army Beta, durante a Primeira Guerra Mun
dial, de certa forma facilitou a introdução das técnicas psicométricas (os chamados testes
psicológicos) nas indústrias com o fim de diminuir os acidentes e aumentar a produtivi
dade. Das indústrias, os testes psicológicos invadiram mais e mais o campo do trânsito.
O objetivo era diminuir os acidentes por intermédio da testagem dos candidatos a moto
rista em geral e de candidatos a motoristas nas empresas, selecionando os indivíduos que
apresentavam capacidades atualizadas para desempenho intelectual, motor, reacional e
emocional satisfatórios e necessários à operação de transitar.
A interface da Psicologia do Trânsito com a Psicologia Ambiental está exatamente
no próprio ambiente. Sem ambiente não há trânsito. O trânsito desenrola-se no ambiente
do veículo e da via, sendo que ambos influenciam e determinam o comportamento do
condutor, dado que qualquer mudança na via provoca alterações no seu comportamento.,
O ambiente da via e, também, o ambiente especializado do trânsito constrangem o com
portamento do condutor a produzir ações seguras.
Infelizmente, o automóvel não é muito grato ao ambiente em que ele se movimenta,
haja vista a poluição provocada pela combustão e pelo ruído provocado por milhões
de carros que trafegam nas cidades e o modo como afetam os seres vivos e os recursos
naturais (Bormans & Hamers, 1985).
Dirigir um automóvel ou mesmo andar na calçada são comportamentos conti
nuamente regulados e orientados pelo ambiente. Podemos dizer que existem poucos
comportamentos que são tão continuamente e completamente regidos pelo ambiente
como os comportamentos no trânsito. Um momento de distração poderá ser fatal. Existem
poucos comportamentos tão estreitamente ancorados no ambiente. Isso apenas quando
se fala do ambiente material ou o ambiente mais específico de trânsito, com semáforos,
faixas e placas.
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COMPORTAMENTO HUMANO NO TRÂNSITO
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CAPÍTULO 2 - AMBIENTE, TRÂNSITO E PSICOLOGIA
Apesar desta atuação ser a face mais visível da contribuição dos psicólogos ao
estudo do comportamento no trânsito é a partir dela que pode se afirmar que nos últimos
40 anos pouco mudou na atuação do psicólogo de trânsito. Há uma desatualização em
relação ao uso de materiais de testagem (os processos de validação e padronização para
a realidade de trânsito são ainda escassos), os programas de capacitação profissional
pa ra a atuação na área do trânsito são raros, assim como a participação de psicólogos
brasi leiros nos congressos internacionais de trânsito 1 •
Uma proposta para introduzir o sistema francês de avaliação psicológica do moto
rista acidentado foi mal interpretada e levou à eliminação do exame psicológico pelo
veto do presidente Fernando Henrique Cardoso, quando da assinatura da nova legislação
de trânsito (Código de Trânsito Brasileiro, 1997), mas que foi Jogo em seguida revo
gado, graças à mobilização política dos psicólogos psicotécnicos e do Conselho Federal
de Psicologia. Apesar de vencida a batalha, resta continuar questionando: como avaliar
a eficácia dos exames psicológicos obrigatórios para candidatos a motoristas, tendo em
vista os diferentes perfis profissionais e objetivos de uso dos veículos? O exame psico
lógico tem contribuído para evitar ou reduzir os acidentes no trânsito?2
Esses questionamentos nos levam a avaliar as possíveis ações que podem ser desen
volvidas por psicólogos em relação ao trânsito, para além dos recursos usuais:
-trabalhar com as fobias de pessoas que, apesar de possuírem a Carteira Nacional
de Habilitação e terem carro na garagem, não têm coragem de trafegar na via pública.
Já existem métodos psicoterapêuticos realizados no próprio carro ou em situações simi
lares que procuram dessensibilizar comportamentos fóbicos e suas variantes;
- propor intervenções com alcoólicos, dado que eles frequentemente se envolvem
em acidentes e que estatisticamente 50% dos acidentes fatais nas rodovias ocorrem em
virtude da ingestão de álcool. Não é à toa que em alguns países motorista alcoolizado
perde a carteira de habilitação;
- desenvolver atividades e estudos com viciados em drogas. Ainda que os efeitos
das drogas sobre o comportamento no trânsito não sejam totalmente conhecidos, sem
dúvida os efeitos de euforia e o aumento de traços de agressividade têm reflexos evi
dentes sobre o comportamento do adieto ao volante, com consequências inevitavelmente
desagradáveis;
- trabalhar nas comunidades de bairro, avaliando com a população quais as difi
culdades enfrentadas em relação ao trânsito, de que forma ocorrem os acidentes, como
é o serviço dos transportes coletivos;
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COMPORTAMENTO HUMANO NO TRÂNSITO
- trabalhar junto às empresas que operam ônibus e outros veículos que atendem à
população. Munir-se de vídeos e outros meios para mostrar as situações e as manobras
perigosas, nas quais muitos motoristas e pedestres morreram ou se acidentaram;
- promover a educação e motivar os professores a falar sobre o trânsito; organizar
conferências ou discussões sobre o CTB nas últimas séries do Ensino Fundamental ou
no Ensino Médio de forma a preparar os jovens para O trânsito. A maioria das vítimas
fatais de trânsito está numa faixa de 17 a 28 anos·'
- ajudar na promoção da educação ambiental na qual também deve ser incluída a
educação ambiental para o trânsito (Abreu, 200 I );
- promover, na área da psicologia hospitalar, terapia de apoio para os aciden
tados de trânsito. Os eventos traumáticos associados ao luto (perda de entes queridos)
e a sequelas de acidentes não têm merecido o tratamento devido. Quem está cuidando
disso e de que forma tem atuado?
- lutar pela introdução ou reintrodução de medidas que mundialmente são reconhe
cidas como boas, como a colocação das luzes vermelhas que acusam frenagem à altura dos
olhos do motorista.que segue. A frenagem correta é, às vezes, questão de segundos;
- lutar pelo melhoramento das calçadas nas nossas cidades, sobre o qual já falamos
neste texto, e de acostamentos nas estradas e rodovias;
- pesquisar, junto a grupos ativos de cidadãos e profissionais, quais os pontos de
alto risco na cidade e movimentar os órgãos e instâncias oficiais a tomarem medidas
para sanar e prevenir os problemas detectados;
- formar, nas universidades, núcleos interdisciplinares de estudo sobre os pro
blemas do trânsito, de forma a conduzir pesquisas avançadas e a contribuir com cursos
e palestras sobre as responsabilidades das universidades para o bem-estar da sociedade
frente à problemática do trânsito;
- promover o intercâmbio entre núcleos e laboratórios de estudos e pesquisa na
área do trânsito visando intensificar trabalhos conjuntos e a acelerar a difusão dos resul
tados de pesquisas. Criar um espaço virtual (site na Internet) que possa congregar esses
núcleos e laboratórios e no qual se possa publicar artigos e informar a respeito de co�
gressos nacionais ou internacionais da área. Com um mínimo de coordenação pode-se
pensar em organizar uma associação de pesquisadores do trânsito, que possa ser interli
gada a professores, profissionais e estudantes de graduação e de pós-graduação. Existem
espaços em congressos nacionais que podem ser utilizados, como por exemplo, aquele
que nos oferece anualmente a Sociedade Brasileira de Psicologia para fazer workshop,
simpósio ou outro tipo de reunião científica na qual todos possam se conhecer e trocar
experiências.
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CAPfTUW 2 - AMBIENTE, TRÂNSITO E PsICOWGIA
7. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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COMPORTAMENTO HUMANO NO TRÂNSITO
Schultz D. P. & Schultz S. E. (1999). História da Psicologia Moderna. (16. ed.). São
Paulo: Cultrix.
Seminério. F. L. P. (1977). Diagnóstico psicológico - técnicas do exame psicológico e
fundamentos epistemológicos. São Paulo: Atlas.
Vasconcelos, E. A. (1985). O que é Psicologia. São Paulo: Brasiliense.
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