Você está na página 1de 3

A INICIAÇÃO DE D.

PEDRO

A seguir, Apresento o texto constante no meu livro A HISTÓRIA QUE A HISTÓRIA NÃO CONTA: A
MAÇONARIA NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL sobre o assunto. Os textos originais, para facilitar a
compreensão por todos, foram convertidos para a ortografia atual, as abreviaturas maçônicas foram
decodificadas e entre parêntese foram incluídas informações julgadas pertinentes.

Além da Nona Ata do Livro de Ouro do GOB.’., apresentamos um relato da época da primeira participação
de D. Pedro em sua Loja, a Commercio e Artes e quem foi Guatimozim, nome histórico que escolheu:

7.9 – Nona Ata – 02/08/1822

A Iniciação de D. Pedro

Esta nona Ata é a terceira na modalidade de Assembléia Geral e sua extensão é inversamente proporcional
à sua importância. Embora muito curta, trata da Iniciação do Príncipe Regente e Defensor Perpétuo do
Brasil, D. Pedro de Alcântara.

À GLÓRIA DO GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO

9ª SESSÃO – ASSEMBLÉIA GERAL

Aos13 dias do 5º mês do ano da Verdadeira Luz 5822 (sexta-feira, 02 de agosto de 1822), reunida
extraordinariamente a Assembléia do Povo Maçônico Brasileiro, ao Oriente do Rio de Janeiro, abertos os
trabalhos no grau de aprendiz, presididos pelo Grão Mestre (José Bonifácio), tendo a seu lado o Irmão 1º
Grande Vigilante (Joaquim Gonçalves Ledo), para o coadjuvar na ausência e impedimento do Grande
Delegado (Marechal Joaquim de Oliveira Álvares) e com a assistência dos Grandes Dignitários, se deu a eles
princípio na forma do costume, e progrediram da maneira seguinte:

Participou o Irmão Grande Cobridor que na sala dos passos perdidos se achavam os Irmãos Andréas
Scheffer, (Cavaleiro) Rosa Cruz, Felippe Nery Ferreira, mestre e membro do governo de Pernambuco, Lucas
José Obes, mestre e Procurador da Província da Cisplatina, e Le Breton, mestre, que pediam entrada no
Templo, na qualidade de visitantes ao que, anuindo a Assembléia, se lhes franqueou o ingresso e foram
recebidos com as formalidade de costume.

Propôs o Venerável Grão Mestre para ser iniciado em nossos Augustos Mistérios o Profano D. Pedro de
Alcântara, Príncipe Regente e Perpétuo Defensor do Brasil. Aceita a proposta com unânime aplauso, foi
aprovada por aclamação geral.

E logo na mesma sessão, participando o Irmão Grande Cobridor que o Profano aprovado entrara para a
casa do Depósito (Câmara das Reflexões), procedeu-se a sua iniciação, na forma regular prescrita pela
Liturgia, e, depois de prestar o Juramento da nossa Sublime Ordem, obteve a Luz e adotou o nome de
Guatimozim.

Então a Assembléia agradeceu aos Irmãos visitantes a parte que quiseram tomar em nossos trabalhos.

Reconheceu entre colunas o Neófito e aplaudiu a sua iniciação;


O Grande Orador (Cônego Januário da Cunha Barbosa) apresentou por esta ocasião uma magnífica Peça de
Sublime Arquitetura (Discurso), que foi com entusiasmo aplaudida.

O Irmão Demócrito (Major Pedro José da Costa Barros, Venerável da Loja Esperança de Nictheroy), Grande
Mestre de Cerimônias, pedindo a palavra e transportado do júbilo que transluzia em toda a Assembléia,
consagrou ao Grande Arquiteto do Universo um hino que foi igualmente aplaudido.

Assim se ultimaram os trabalhos da presente sessão, e se encerrou a Grande Loja na forma de costume.

Após essa Assembléia Geral do Povo Maçônico, convocada para assistir a iniciação do Príncipe Regente,
ocorreu nesse mesmo dia e no mesmo Templo, uma sessão da Loja Commercio e Artes, a primeira sessão
de Loja com a presença de seu ilustre obreiro, D. Pedro.

Não tivemos acesso a essa Ata, mas o Irmão Teixeira Pinto in A Maçonaria na Independência do Brasil,
reproduz o relato do Irmão Manoel Joaquim de Menezes, que desempenhava a função de Cobridor na Loja
União e Tranqüilidade e estava presente na sessão, na qualidade de visitante, in Exposição Histórica da
Maçonaria no Brasil, escrita em 1857.

Como se verá no relato, em sua primeira sessão em Loja, D. Pedro, ao pedir a palavra, alterou a decisão que
se iria tomar de não aceirar a iniciação de um Brigadeiro insurreto.

“Nesta sessão foi iniciado, depois do Príncipe, o Brigadeiro José Maria Pinto Peixoto, o qual havia
comandado a força armada em Minas, e era um dos mais influentes no movimento insurrecional que ali
tivera lugar, por cujo motivo o governo provisório da província o promovera de tenente-coronel graduado a
brigadeiro; porque naquela época não só os governos provisórios, mas qualquer câmara de vila se atribuía
poderes majestáticos e fazia promoções militares.

O interrogatório feito aos adeptos versava também sobre opiniões políticas, como era indispensável, a fim
de nos assegurarmos das intenções dos que admitimos em nosso grêmio, e não sermos traídos; por isso
entendeu a assembléia que deveria indagar do Neófito Peixoto quais os fins do partido a que pertencia,
recomendando-lhe que respondesse com franqueza e verdade, porque tinha provas de seu procedimento.
Ao que respondeu ele, que, desconfiando a província a respeito das intenções do Príncipe, e qual o sistema
de governo que adotaria, queria estar prevenido, e desligar-se se fosse necessário, a fim de não sujeitar-se
a um governo absoluto ou dependente de Portugal.

Retirando-se o Profano e entrando em discussão o seu comportamento, havendo opiniões para que fosse
lançado fora do Templo, o Príncipe, pedindo a palavra, declarou que, conquanto o Profano estivesse à
frente de uma insurreição, tinha obedecido prontamente ao seu chamado, fora da cidade, no lugar que
fizera alto, apresentando-se-lhe com a farda e divisas de tenente-coronel que lhe intimara que fosse à
cidade e preparasse tudo para a sua recepção, e que ele Príncipe, entraria somente acompanhado por ele,
e sob sua responsabilidade, o que tudo cumprira sem hesitar, e efetuando a entrada sem a menor
resistência ou motim, por cujo motivo lhe ordenara que fosse vestir a farda de brigadeiro, pois o
confirmava neste posto; e que havendo-o promovido e relevado os atos que cometera, não devia por isso
ser repelido.

Foram aplaudidas essas conscienciosas razões e continuaram as experiências; e sendo dada a Luz ao
Profano reconheceu a presença do Príncipe, que assistia ao seu interrogatório.
Todos sabemos que quando D. Pedro foi iniciado na Maçonaria adotou o nome histórico Guatimozim, mas
poucos sabem quem foi Guatimozim.

Guatimozim, é mais conhecido no México como Cuauhtémoc ou Cuauhtemotzin (1502-1525) e foi o último
dos reis da cidade Asteca de Tenochtitlán. Seu nome significa “ataque da águia”, mas também pode ser
interpretado como “sol poente”.

Resistiu a invasão espanhola de Hermán Cortés, mas foi finalmente capturado, ocasião em que ofereceu
sua faca para que fosse morto. Todavia, Cortés tinha outros planos para ele, preferindo usar sua autoridade
junto aos Astecas para submetê-los a ele Cortés e ao rei Carlos V da Espanha.

Durante a administração espanhola, que durou cerca de 4 anos, a ganância pelos tesouros Astecas fez com
que Cortés o torturasse e a outros líderes Astecas, queimando seus pés, mas não obteve qualquer
informação sobre os tais tesouros, se é que realemente existiam

Guatimozim e outros líderes Astecas foram enforcados em 26 de fevereiro de 1525, por Cortés ter recebido
a informação de que eles tramavam sua morte. Cortés justificou a execução como exemplo para outros que
viessem a conspirar contra ele novamente.

Consta que como a execução fora injusta e sem base em evidências, Cortés, com a consciência pesada,
passou a sofrer de insônia.

Gutimozim é um dos grandes heróis mexicanos de origem não espanhola.

Você também pode gostar