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O que José Mourinho me ensinou sobre


Liderança
Flavio Ratzke

Flavio Ratzke

🔑 Desenvolvimento de Equipes de Alta Performance

Publicado em 22 de jan. de 2021


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José Mourinho é uma lenda viva do futebol. Seu currículo como técnico é
absolutamente impressionante. Foi 3x campeão da Copa dos Campeões da UEFA,
campeão nos três campeonatos mais importantes da Europa (Espanha, Inglaterra e
Itália) e chegou à incrível marca de 20 títulos em 10 anos. Eu sei que a conta é simples,
mas vale a pena ressaltar: foram dois títulos por ano, por durante 10 anos. Isso além de
diversos outros prêmios pessoais, como eleito por diversas vezes técnico do ano pela
FIFA e UEFA, além de ter sido considerado o 3º maior treinador de todos os tempos
pela World Soccer.

 Além disso, Mourinho é conhecido por ter treinado alguns dos melhores jogadores de
futebol, e nessa lista podemos obviamente destacar Cristiano Ronaldo. Inclusive foi
José Mourinho que o trocou da posição de Ala para Atacante, justamente numa final
contra o Barcelona em 2011. Ele marcou o único gol da partida, na prorrogação, dando
o título ao Real Madrid. Cristiano Ronaldo se consolida como atacante do Real e o resto
é história.

Temos muito a aprender sobre liderança com José Mourinho. Na série “Playbook –
Estratégias para Vencer” (disponível no Netflix – serie recomendadíssima) ele deixa a
essência do seu pensamento sobre como ser um bom técnico de futebol – e como
consequência, sobre liderança, visto que o que ele aplica nas equipes treinadas por ele é
totalmente aplicável para nossa liderança de equipes no mundo das organizações.
José Mourinho traz um pensamento essencial sobre liderança. Nas palavras dele:

“É muito importante que um técnico entenda que você não vai ensiná-los a jogar
futebol. Você não vai ensinar o Cristiano Ronaldo a bater falta. Você não vai ensinar o
Ibrahimovic a matar a bola no peito. O que você deve fazer é ensiná-los a jogar futebol
naquele time específico.”

Mourinho preocupa-se com o desempenho pessoal de cada jogador? É claro que sim.
Mas mais do que isso, ele preocupa-se na melhor forma com que ele vai contribuir para
a equipe. E nisto podemos tirar duas lições para nós, líderes de equipes no mundo dos
negócios. Uma coisa a parar de fazer, e outra a começar a fazer:

 1. Pare de querer ensinar o Cristiano Ronaldo a jogar futebol.

Pare de querer ensinar passo a passo o que cada membro da sua equipe deve fazer. Pare
com o microgerenciamento! Descentralize as decisões. Dê liberdade para que cada um
possa ter uma leitura própria do jogo e assim conseguir contribuir com suas maiores
qualidades.

Citando mais uma frase de Mourinho:

“Os jogadores têm que entender o jogo, porque durante o jogo eu não posso decidir por
eles. Eles são guiados e descobrem o caminho. Eu não posso dizer “Vire à esquerda e
agora à direita”. Eu não sou o Waze!”

Você é o Waze da sua equipe?


Eu sei, você pode estar pensando “mas eu não tenho Cristianos Ronaldos na minha
equipe”. A verdade é que se você continuar tratando seus membros da equipe como se
estivessem na escolinha de futebol, eles sempre vão ter atitudes de escolinha de futebol.
E o pior, quando aparecer um Cristiano Ronaldo, ele não vai querer jogar bola contigo.

Se para você é difícil descentralizar decisões e trabalhar com delegação, sugiro


fortemente que você comece dando os primeiros passos implantando uma Matriz RACI
ou definindo um delegation board.

 Portanto, revise seus processos de contratação e busque sempre os melhores


profissionais. Mas entenda, apenas ter os melhores profissionais não é nenhuma garantia
de sucesso. Citando agora a Dra. Amy Edmondson, pesquisadora e professora de
Harvard:

“Contratar indivíduos talentosos não é o suficiente. Eles precisam saber trabalhar


juntos.”

Este é o seu trabalho como líder: contratar os melhores profissionais que estejam dentro
de sua alçada, e assumir para si a responsabilidade de criar um ambiente de alta
performance em que eles saibam trabalhar juntos. Este é o segundo ponto:

2. Treine a equipe, não os jogadores.

Mourinho complementa:

“Tudo começa e termina na equipe. Eu não treino jogadores de futebol, eu treino


equipes de futebol”.

 O foco de José Mourinho sempre está na equipe. “Como eu vou fazer o Cristiano
Ronaldo e o Benzema jogarem juntos?” “Como os dois precisam se posicionar para que
o Di Maria e o Marcelo consigam lançar a bola para eles?”

“Como eles vão se dar bem?”

Você não pode esperar que tudo isso aconteça organicamente. Não dependa do bom
senso. Cabe a você como líder criar ações intencionais e proativas para que este
ambiente de alta performance e interdependência aconteça. E é por isso que temos
ouvido tanto falar a respeito de Segurança Psicológica, pois é somente em um ambiente
com Segurança Psicológica que conseguimos gerar as condições para o aprendizado, a
inovação e o crescimento.

Praticamente tudo o que é gerado em nossa economia hoje é o resultado de ações e


decisões que são cada vez mais interdependentes e que dependem de um bom trabalho
em equipe.
E este trabalho de equipe consiste em se comunicar e coordenar esforços com pessoas
das mais diversas possíveis. Mas independente de você estar nessa dinâmica de trabalho
em equipe com novas pessoas ou em uma equipe mais estável, este trabalho de equipe
acontece melhor em locais de trabalho psicologicamente seguros.

Por isso, líder, se você quer entender como criar equipes de alta performance e alto
engajamento, você precisa começar promovendo um ambiente de Segurança Psicológica
em sua equipe.

 Por mais “Josés Mourinhos” e menos técnicos “de escolinha” em nossas organizações.

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