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caçadora

de tesouros
letícia
soares
caçadora
de tesouros
– Eu não sei voar.
– Eu ensino a você.
– Ah, que maravilha poder voar!
– Eu ensino você a pular nas costas do vento e depois
vamos embora.
– Oh! - exclamou ela, entusiasmada.
– Wendy, Wendy, ao invés de ficar dormindo na sua
cama boba, você pode voar comigo e contar coisas
engraçadas para as estrelas.
– Oh! - E, Wendy, também há sereias...

Peter Pan, James Matthew Barrie


Estou à espera do Peter Pan.

Letícia Soares
Apresentação

Optatus. Apictorem ressitatiam, totatur, officil im ditatem dit di gnihil eatia quam volupta temquis ut qui volorest voluptae
lam esequunt quam que dolum que denda perempor sum- volori comni omnit ipiet aut enistrum quiderum remoditatem
quos sumquas pienessit ut molor sam nistis exerisquunt quati- dolest magnatur? Ur, vel in et optat rat.
bus nobit eum quian. Modipie ndipsan ditatusdae sapis ipis et qui ventoris aut
Gentiatur am quam qui aborum est ut ut adipit volupta diti- etur atem. Et ut officae ceariti oribus es sequeetur aut quibus
bus por autem suntem estectotat lanis eatium es reriam etur accatendem quia ipis eatquod moluptas ea nonsendaerum
si con porepra endete nos aboreped que et occum eostian autem nobit eum quiandam, te res moluptatem quatius aut
tempel iducil illabor eperati reritis maxime lam dolorum volu- utem nobit eum quian
pis aut reicatur senem lam natureh endauo moditam et abore tur am quam qui aborum est ut ut adipit volupta ditibus por
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ciis eius doluptaquis mo et aboriatiam sam voluptat.
Parum quas endae consecatus rempore venecea quam accus Eltânia André
aut porest eos quosant quid eatisci llandipicium hiciis dem ute
recum illest, quis dsunt exerati ut qui dolenis nis ex ea conse-
Sinto-me uma alienígena que nunca fará parte domun- Agora que aprendi a falar vou me revelando aos
do. Vim de uma galáxia distante que não se encontra no poucos. Na metróple onde vivo, nos caminhos que
mapa universal. percorro, nos deslocamentos que realizo, nos luga-

Gosto de fotografar. É uma maneira que encontrei de res por onde passo, em tudo que vejo, nas coisas

prender” o mundo que observo, o mundo e o momento observo, nas casas que visito, nas pessoas que

que estou vivendo capturados pela minha lente. encontro, nas lutas que travo.

Dizer sobre mim é como falar de sentimentos, é na


verdade um segredo que guardo desde muitos anos.
aONDE VIVO

metrópole
Paro para observar os acontecimentos da cidade.
Vejo centenas de pessoas que passam e centenas de
carros, ônibus lotados. Observo as pessoas nos carros.
Imagino para onde seguem.
Observar de cima de um prédio, de uma casa,
ou shopping é ainda melhor, porque lá em cima
existe o silêncio, e observo tudo como se fosse
um filme mudo.
osQUE PERCORRO

caminhos
Vielas e trilhas podem nos levar para algum lugar distan-
te. Talvez um lugar encantado. É preciso seguir adiante.
Ruas molhadas, à noite, deixam um brilho incrí-
vel. Por causa das luzes dos postes é possível assistir
esse espetáculo.
Escadas se transformam em passagens secretas.
os QUE REALIZO
desloca
mentos
Tudo que eu faço tenho que planejar cada detalhe, nada
pode me pegar de surpresa; não saberia me comportar
diante daquilo que não elaborei minuciosamente. Ana-
liso o mapa do metrô demoradamente, preciso me en-
contrar nesse mapa imenso.
osPOR ONDE PASSO

lugares
Distante do barulho do mundo, agarro-me à tranquili-
dade e aventuro-me no silêncio.
QUE VEJO

tudo
Dentes-de-leão nascem para que as pessoas os peguem,
façam um pedido e soprem para que seja realizado. São
como estrelas cadentes, e até parecem uma.
Flores são coloridas e enfeitam o ambiente como bolas
na árvore de natal.
Quando percebo, por exemplo, uma formiga com sua
carga nas costas, nada mais me importa, concentro-me,
naturalmente, naquilo que olho e todo o resto desapa-
rece ou silencia.
Penso que os cães estão sempre planejando algo, uns
nos seguem para nos ajudar, outros buscam alimento
para o bando.
A rua é o espaço imenso, nosso e deles.
Vi dois cachorros brincando na praia que qua-
se me fizeram chorar. Sou muito sensível e choro por
qualquer beleza.
Naquele dia chamei pelo Bilu e ele não saiu da sua ca-
sinha. Chamei outra vez bem alto. Desesperava-me, ele
estava tão silencioso que parecia já ter ido embora ou
pressentia a despedida.
asQUE OBSERVO

coisas
Os objetos que fotografo são parte do cotidiano,
uma boneca secando no varal traz em si uma ima-
gem a ser interpretada como uma mulher varrendo
a calçada, tudo pertence ao mundo e nos provoca a
imaginação: que história querem contar?
Mistérios que tentamos desvendar.
Relógio parado é um objeto que pode parar o mundo à
nossa volta.
Se vejo uma varinha no chão, dou-lhe poderes mágico.
Meus olhos são uma lanterna que, às vezes, ilumina um
tênis velho pendurado numa árvore,
às vezes uma abelha sugando uma flor, às vezes uma
gota que pinga lentamente de uma torneira.
Sou pirata e encontro os mais diversos tesouros por onde
passo. Há tesouros de todo tipo perdidos pelo mundo.
Passam despercebidos pela maioria das pessoas.
asQUE VISITO

casas
Nada melhor do que fotografar em momentos ruins,
ao som do Bolero de Ravel. Sim, eu também resisto
como a casa que, apesar de vazia, guarda todos os
meus segredos.
asQUE ENCONTRO

pessoas
No interior de nós, existem mundos não descobertos.
Quando miramos o escuro ele torna-se visível, como a
nossa sombra que ganha sentido se a capturamos numa
lente ou num olhar atento, e essas descobertas são como
barras de ouro escondidas na ilha das Cobras.
Às vezes, observo alguém interessante na rua, e que-
ro registrar aquele momento de alguma forma. Como
não olho tanto para ela e ela nem permitiria que eu
fotografasse seu rosto, fotografo os pés. É uma forma
de não esquecer das pessoas.
Sempre conheço alguém pelos pés. Ouço o som dos sa-
patos de alguém e sei quem é que está se aproximando.
Às vezes, sapatos iguais me confundem, mas trato logo
de arrumar um detalhe para diferenciá-los.
asQUE TRAVO

lutas
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letícia
EU SOU

soares
Letícia Soares Freitas

Nasceu nxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
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Concepção e Projeto Gráfico
Iêda Alcântara

Fotos e Texto
Letícia Soares

Revisão
xxx

Nesta edição, respeitou-se o novo


Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Dezembro de 2017

Todos os direitos desta edição reservados ao autor.

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