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Nome: Matrícula:

Fábio Natan Cecílio dos Santos 20211000179


Jade de Oliveira da Silva Norberto 20211000585
Patricia Verza Nespoli 20211000066
Shelana Carvalho Francisco 20211000372

Disciplina: Avaliação Psicológica II Professora: Milene Santiago

 Sociedade de Controle

INTRODUÇÃO
Gilles Deleuze (1990) indicou alguns aspectos que poderiam distinguir uma
sociedade disciplinar de uma sociedade de controle. As sociedades disciplinares
podem situar-se num período que vai do século XVIII à Segunda Guerra Mundial. Os
anos da segunda metade do século XX foram marcados pelo seu declínio e respectiva
ascensão da sociedade de controle.
Deleuze sugere que as sociedades disciplinares têm dois polos, "a assinatura que
indica o indivíduo, e o número de registro que indica sua posição em uma massa" Nas
sociedades de controle, “o essencial não seria mais uma assinatura ou um número,
mas uma cifra: a cifra é uma senha. A linguagem digital de controle é composta por
cifras, que marcam informações de acesso ou recusa.
É o seu conteúdo que importa, ou é o seu padrão de composição e acesso?
Enquanto os conteúdos apontam para pessoas, os padrões nos remetem a quê? Existe
diferença entre viajar uma vez ou vinte vezes em seis meses para o mesmo país? Estes
parecem ser aspectos cruciais na mudança de estratégias que nos levaram dos
modelos tradicionais de disciplina aos modelos mais sofisticados de controle atuais.
Existe uma associação profunda entre o lugar, o espaço físico e o sentimento de
posse de bens intangíveis. Nos dispositivos disciplinares, como nos mostra Foucault
(1998), há uma espécie de polarização entre a opacidade do poder e a transparência
dos indivíduos. O poder, por sua situação privilegiada, ficaria fora do alcance dos
indivíduos, enquanto estes estariam em situação de observação constante.
Com a web, poderíamos finalmente ter liberdade de expressão, acesso democratizado
à informação etc. Isso pode significar que a velha dicotomia opacidade-transparência
não é mais relevante. O poder hoje seria cada vez mais ilocalizável, porque está
disseminado entre os nós da rede. Sua ação não seria mais vertical, como antes, mas
horizontal e impessoal.

INTERCEPTAÇÃO DE MENSAGENS: SISTEMA ECHELON


Grande parte do atual sistema global de vigilância eletrônica ainda se baseia na
interceptação de mensagens. Esses sistemas são a consequência inevitável da
invenção do rádio. Um dos mais famosos sistemas de vigilância planetária
desenvolvido principalmente como resultado dos conflitos da Segunda Guerra
Mundial. A Agência de Segurança Nacional dos EUA – NSA, criou um sistema de
espionagem global chamado Echelon.
O sistema Echelon é muito simples em seu design. Ele captura todo o tráfego de
comunicações via satélite, microondas, celular e fibra óptica. Isso inclui programas de
reconhecimento de fala, programas de reconhecimento de caracteres e pesquisas por
palavras-chave. Na década de 1940, o foco principal das operações era a espionagem
militar e diplomática. Só recentemente a atenção dessa rede de vigilância global
voltou-se para o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, terrorismo e crime
organizado.
A administração Bush tem trabalhado incansavelmente para interceptar
informações de redes terroristas e do crime organizado. Nos últimos 15 anos a
evolução tecnológica da rede Echelon deixou de estar à frente de seu tempo. O
chamado “ciclo da informação” agora tem dificuldades com redes de fibra ótica de alta
capacidade e redes de satélites do tipo Iridium.
Em janeiro de 2000, os EUA lançaram seu serviço de exportação de
criptomoedas, permitindo que cidadãos e empresas não americanas comprassem e
usassem poderosos produtos de criptografia. Dezenas de empresas trabalham para o
Departamento de Defesa dos EUA, muitas delas localizadas no Vale do Silício. Duas das
mais importantes são a AST e a The Ideas Operation, administradas por ex-altos
funcionários da NSA.

A QUESTÃO DA VIGILÂNCIA
O projeto Echelon representa um caso exemplar, pois pode ser considerado o
último grande descendente dos sonhos de uma sociedade disciplinar e sua concepção
de vigilância. Com a explosão das comunicações, uma nova figura ganha força: a
vigilância das mensagens, do tráfego de comunicações. Passamos por Sherlock
Holmes, que seguiu os índices e pistas dos movimentos dos suspeitos, e chegamos ao
007.
A maneira como nos movemos pelas informações revela muito de como
pensamos. Há uma espécie de vigilância generalizada no social, já que todos podem,
até certo ponto, seguir os passos de todos. As empresas controlam seus clientes, as
ONGs controlam empresas e governos, os governos controlam os cidadãos e os
cidadãos controlam a si mesmos.

A BUSCA POR PADRÕES DE COMPORTAMENTO


Como dizia o matemático Michel Authier, “o sentido de um documento
está menos nele próprio do que nas pessoas que o consultam.”, Authier com essa
frase define muito a busca por padrão de comportamento de uma forma
controladora. Quando em um aplicativo do celular, um site qualquer acessado
pelo computador ou até mesmo um sistema de TV controle os seus pensamentos
e movimentos, o sentido dessas redes está muito mais em quem os consume do
que neles próprio. Esse sistema padronizado irá construir um perfil de seu
usuário baseado em ações do dia a dia, resultando em programas, leituras e sons
que serão de agrado do seu “telespectador”, criando assim um modo único de
gerar entretenimento para esses que ficam em frente a TV; conhecer mais eles
do que o seu próprio sistema.
Este seria um exemplo da sociedade controladora, onde ao invés de deixar
o indivíduo conhecer o seu gosto através de navegações feitas por ele mesmo, de
uma forma, controla aquele sistema para colocar o que o mesmo irá gostar, ou o
que o sistema acha que ele(a) irá gostar. A sociedade disciplinadora deixaria de
forma voluntária que o próprio indivíduo buscasse em seus aparelhos a sua
forma de busca, de aprendizado e absorção. A sociedade controladora busca no
próprio controle basear o seu usuário.

RASTREANDO O PLANETA – O PROJETO TIA


Segundo Foucault, a disciplina é interiorizada. Esta é exercida
fundamentalmente por três meios globais absolutos: o medo, o julgamento e a
destruição. Na era digital, novas formas e projetos incorporam e alimentam a
sociedade de controle, um exemplo claro disso é o projeto TIA- total “terrorism”
information awarenes, o projeto tem como objeto capturar assinaturas ou
informações, dando como prerrogativa que o governo teria, por exemplo,
informações de terroristas em potenciais e práticas criminosas contra o estado, o
que seria feito com maior dificuldade sem a ajuda dele.
O projeto utiliza softwares inteligentes que possibilitam a análise humana
para detectar atividades potenciais. Mas onde nisso atravessa as sociedades
disciplinares? O principal objetivo das sociedades disciplinares são instaurar
padrões de comportamento para a coletividade, fazendo com que os indivíduos
passassem a construir sua visão de mundo dentro das normas e saberes que lhe
eram impostos através das instituições de que fizessem parte. As chamadas
sociedades de controle são um passo à frente das disciplinares onde é expandida
para o campo social e de produção, enquanto a sociedade disciplinar se constitui
de poderes transversais que se dissimulam através das instituições modernas e de
estratégias de disciplina e confinamento, a sociedade de controle é caracterizada
pela invisibilidade e pelo nomandismo que se expande junto às redes de
informação. Logo, tal prática vista presente na ideia do projeto TIA cria mais
abas de oportunidades para enfatizar e disseminar as sociedades de controle.

DA IDENTIDADE AO CÓDIGO
Quando assinamos algum documento, estamos imprimindo ali a nossa
identidade. Sendo assim a assinatura caracterizada como o signo de maior
identidade pessoal. O CPMF, que é o número de registro numa massa, assegura
ao indivíduo seu estatuto de existente regulamentado. O controle ainda inventa
os seus próprios dispositivos: o código e a senha no lugar da assinatura diferença
é que a assinatura é produzida pelo indivíduo, e o código é produzido pelo
sistema, para o indivíduo: é dito intransferível, pois, dado que foi feito por você,
como sua marca própria e singular, pode ser passado a outro. No ponto de vista
da geografia, o código vem substituindo gradativamente a identidade. As noções
de identidade e corpo físico sempre estiveram associadas uma à outra. Não
esqueçamos, no entanto, que essa ubiqüidade dos seres só é possível por causa
do dinheiro eletrônico, que representa mais uma mutação do capitalismo, pois se
o dinheiro papel é caro e sem controle em sua circulação, o dinheiro eletrônico,
além de reduzir os custos, acaba gerando mais controle sobre os indivíduos e a
circulação do capital. O papel moeda é anônimo, o dinheiro eletrônico não. Que
é o caso do imposto CPMF criado no Brasil, através do qual é possível controlar
toda a circulação financeira digital do país.

CONCLUSÃO
Sabemos que a sociedade disciplinar é um tipo de poder onde o espaço
social é o exercício predominante de práticas, uso de instrumentos e técnicas e
níveis de aplicação que comportem a possibilidade da disciplina.
Enquanto a sociedade de controle vem de uma combinação entre a disciplina e a
biopolítica, que no caso, para Deleuze, "somos corpos em diferenciação".
A sociedade de controle é caracterizada pela invisibilidade e pelo
nomandismo que se expande junto com as redes de informação. Enquanto a
sociedade disciplinar é constituída por poderes transversais que se dissimulam
através de modernas instituições e estratégias de disciplina e confinamento, a
sociedade de controle caracteriza-se pela invisibilidade.

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