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Ansiedade e depressão na síndrome dos

ovários policísticos: uma investigação
abrangenteb

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) está associada a altos níveis de depressão, que afetam a qualidade de vida e limitam a
autoeficácia, mas pouco se sabe sobre a prevalência de ansiedade. Este estudo observacional transversal de mulheres com SOP com
base na comunidade examinou o humor de forma abrangente e descobriu que a ansiedade existia em níveis mais elevados do que a
depressão, a ansiedade era subdiagnosticada e mais mulheres com SOP que relataram infertilidade estavam deprimidas. (Fertil Steril
2010;93:2421–3. 2010 pela American Society for Reproductive Medicine.)

Palavras-chave: SOP, ansiedade, depressão, infertilidade

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma condição endócrina comum
que afeta 8% a 10% das mulheres (1). A síndrome dos ovários policísticos
engloba aspectos reprodutivos, psicológicos e metabólicos e é uma doença
crônica com implicações para a saúde ao longo da vida. Pacientes com SOP
enfrentam desafios para sua identidade feminina, incluindo infertilidade (SOP é
a causa mais comum de infertilidade feminina [2, 3]), acne, hirsutismo e aumento
da obesidade, todos com probabilidade de afetar a qualidade de vida e humor e
potencialmente precipitar depressão e ansiedade. A doença crônica é um fator
de risco conhecido para a depressão (4-7). Pouco se sabe sobre a interação
entre doença crônica e ansiedade (8) e pouco se sabe sobre a interação entre
infertilidade e humor na SOP.
uma amostra clínica de mulheres com SOP descobriu inesperadamente que
mesmo altos níveis de "ansiedade em relação à possibilidade de ficar sem
filhos" não impactavam o humor (21). Mais pesquisas são necessárias em
mulheres de uma amostra da comunidade para entender melhor a interação
entre infertilidade e humor na SOP.
O humor é altamente relevante clinicamente, uma vez que afeta
negativamente a autoeficácia, que a SOP é comum e que a terapia da SOP
requer automotivação, autoeficácia e mudança no estilo de vida. É vital que
mais pesquisas se concentrem no reconhecimento, prevalência e gravidade dos
transtornos de humor na SOP, particularmente naquelas com infertilidade.

Estudos de ansiedade e SOP são limitados, com base em uma pesquisa de
literatura Med line-PubMed-PsycINFO (por exemplo, referências 9-14).
Embora a ansiedade e a depressão frequentemente coexistam, a maioria das
pesquisas anteriores sobre humor na SOP é limitada à prevalência de
depressão (por exemplo, referências 15, 16) com poucos dados sobre
prevalência e gravidade da ansiedade ou gravidade da depressão (14).
Estudos de bem-estar psicológico e infertilidade (não necessariamente
relacionados à SOP) descobriram que mulheres inférteis apresentam ansiedade
e sintomas depressivos aumentados (17–19), particularmente aquelas com uma
causa explicada de infertilidade (20). No entanto, em
Amanda A. Deeks, Ph.Da
Melanie E. Gibson-Helm, M.Rep.Sci.a Helena
J. Teede, Ph.Da,b
a
Fundação Jean Hailes para Pesquisa em Saúde da Mulher
Grupo, Centro de Pesquisa em Saúde da Mulher, Monash
Instituto de Pesquisa Médica, Clayton, Victoria, Austrália
b
Unidade de Diabetes, Southern Health, Clayton, Victoria, Austrália
Recebido em 6 de fevereiro de 2009; revisado em 21 de agosto de 2009; aceito em 11 de
setembro de 2009, publicado online em 1º de fevereiro de 2010.
AAD não tem nada a divulgar. MEG-H. não tem nada a revelar. HJT
não tem nada a revelar.
Apoiado por uma doação BRIDGES da Global Diabetes Foundation
(número do projeto LT07-121). BRIDGES, um projeto da Global
Diabetes Foundation, é apoiado por uma bolsa educacional da Eli Lilly
and Company. Apoiado pelo Helen Macpherson Smith Trust e pelo LE
W. Carty Charitable Trust (Melbourne, Austrália).
Solicitações de reimpressão: Amanda Deeks, Ph.D., Monash Institute of
Medical Research, Locked Bag 29, Monash Medical Center, Clayton
Road, Clayton, Victoria, Austrália 3168 (FAX: 61-3-9594-7550; E-mail:
amanda .deeks@med.monash.edu.au).
Este estudo teve como objetivo investigar a prevalência e a gravidade dos
transtornos do humor em uma amostra comunitária de mulheres com SOP,
incluindo [1] impacto percebido da SOP no humor e no bem-estar psicológico,
[2] prevalência de transtornos do humor diagnosticados clinicamente (ansiedade
e depressão ), [3] avaliação clínica de ansiedade e depressão usando medidas
validadas e [4] níveis de depressão e ansiedade para subgrupos não inférteis
com SOP em comparação com subgrupos com SOP relatando infertilidade.
Este estudo piloto observacional de mulheres australianas usando pesquisas
enviadas pelo correio foi aprovado pelo Comitê C de Ética em Pesquisa Humana
da Southern Health (projeto nº 07070C). Os participantes foram recrutados em
toda a Austrália rural e metropolitana com o uso de anúncios em uma variedade
de ambientes comunitários, incluindo um site geral de saúde feminina (http://
www.jeanhailes.or g.au), um site de grupo de apoio (as mulheres não eram
necessariamente membros do grupo de apoio, simplesmente visitantes do site),
clínicas médicas, boletins informativos e revistas. As participantes tinham entre
18 e 60 anos, com um diagnóstico médico anterior formalmente relatado de
SOP, e foram submetidas a perguntas detalhadas por telefone para avaliar os
sintomas de acordo com os critérios de Rotterdam (22). Escalas validadas
(Questionário da Síndrome do Ovário Policístico [23] e Escala Hospitalar de
Ansiedade e Depressão [HADS] [24]), juntamente com medidas planejadas,
examinaram áreas incluindo comportamento relacionado à saúde, sintomas
experimentados, infertilidade, percepção de risco, humor, qualidade de vida,
função sexual e imagem corporal. Quando níveis clínicos de ansiedade ou
depressão foram detectados (escores HADS), as mulheres e seus médicos de
clínica geral nomeados foram contatados individualmente pelos pesquisadores
para garantir o acompanhamento adequado. Devido à natureza exploratória
deste estudo piloto, um tamanho amostral próximo a 50 foi considerado
adequado para os objetivos do estudo.

0015-0282/10/$36,00 Fertilidade e Esterilidade Vol. 93, No. 7, May 1, 2010 2421 Copyright
doi:10.1016/j.fertnstert.2009.09.018 ª2010 American Society for Reproductive Medicine, Publicado por Elsevier Inc.
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TABELA 1
Diagnosticou, autorrelatou e avaliou ansiedade e depressão em mulheres férteis e inférteis.
Fértil (n [ 25)
Ansiedade diagnosticada medicamente (%) 24,0
Depressão com diagnóstico médico (%) 28,0
Ansiedade autorrelatada (%) 24,0
Mau humor autorrelatado (%) 64,0
HADS avaliou o escore de ansiedade 8,6 3,6 3
HADS avaliou o escore de depressão (1–7)
Nota: Os dados são DP médio, mediana (intervalo interquartil) ou proporções.
Deeks. Correspondência. Fertil Esteril 2010.
Todos os dados foram analisados com o uso do SAS versão 9.1 (SAS Institute, Cary, NC).
Os dados contínuos foram avaliados quanto à normalidade e expressos como média DP
ou mediana (faixa interquartil), conforme apropriado, e os dados categóricos foram
expressos como proporções. A comparação entre mulheres não inférteis e inférteis com
SOP foi realizada com o uso de testes t de Student, teste c2 para igual proporção ou testes
não paramétricos quando apropriado. Um valor P bilateral de 0,05 foi considerado
estatisticamente significativo.
Quarenta e oito mulheres elegíveis devolveram questionários preenchidos
(taxa de participação 74%). A idade média foi de 32,5 anos (DP 7,98) e o tempo médio
desde o diagnóstico de SOP foi de 6,0 anos (DP 4,9). As mulheres inférteis também eram
mais propensas a viver em áreas rurais (P¼,03).
Em relação ao impacto percebido da SOP no humor, três quartos das mulheres (73%)
relataram mau humor ou irritabilidade e 27% relataram ter ansiedade intensa ou ataques
de pânico. No Questionário de Síndrome do Ovário Policístico, como resultado de ter SOP
33% das mulheres se sentiam deprimidas na maior parte do tempo, 44% se sentiam mal-
humoradas na maior parte do tempo, 38% preocupadas em ter SOP na maior parte do
tempo, 50% indicaram que já tinham baixa autoestima e 54% sentiam-se constrangidos na
maior parte do tempo. Na categoria diagnóstico médico, ter recebido diagnóstico médico
para depressão foi relatado por 34% das mulheres e 21% receberam diagnóstico médico
de ansiedade. No geral, 23% das mulheres tomavam medicamentos prescritos para
ansiedade ou depressão. Para humor avaliado clinicamente (HADS), 29% das mulheres
preencheram os critérios diagnósticos clínicos para depressão e 57% preencheram os
critérios para ansiedade. Uma porcentagem maior de mulheres experimentou níveis graves
de ansiedade do que depressão; 19% das mulheres foram classificadas como severamente
ansiosas, 17% moderadamente ansiosas e 21% levemente ansiosas, enquanto 43% não
apresentavam transtorno de ansiedade. Comparativamente, 4% das mulheres estavam
gravemente deprimidas, 10% moderadamente deprimidas e 15% levemente deprimidas;
71% não tinham transtorno depressivo. Quarenta e seis por cento (n¼ 22) das mulheres
relataram já ter tido diagnóstico de infertilidade.
A infertilidade relatada foi associada ao aumento da probabilidade de depressão (67,7%)
em comparação com mulheres que não relataram infertilidade (43,2%; P¼,04). A ansiedade
não foi significativamente maior em mulheres inférteis (P¼,21) (Tabela 1).
Este estudo sugere que a função psicológica é prejudicada em mulheres com SOP,
particularmente para mulheres que relatam infertilidade.
A depressão em mulheres com SOP parece ser diagnosticada com precisão: os dados de
autorrelato para depressão correspondiam a depressão diagnosticada clinicamente e
depressão avaliada clinicamente (pontuação HADS) neste estudo. Algumas mulheres
atribuíram seus perfis de humor à SOP, com mais de um terço relatando que se sentiam
deprimidas.
2422 Deeks e outros. Correspondência
Infértil (n [ 22) valor P
18,0 .63
40,0 .35
27,0 .80
81,0 .17
10,2 5,1 6 .21
(3–9) .04
pressionado ou mal-humorado como resultado de ter SOP e metade relatando baixa auto-
estima e autoconsciência como resultado de ter SOP.
Essas descobertas são consistentes com as de estudos anteriores usando o Questionário
da Síndrome do Ovário Policístico, com os pesquisadores também relatando pior qualidade
de vida na subescala de saúde emocional (14, 16, 25). Dado que as taxas de depressão
são altas e que a qualidade de vida é comprometida para mulheres com SOP, depressão,
autoestima e autoconsciência são áreas críticas que precisam ser abordadas e incorporadas
aos planos de tratamento de rotina para SOP.
A ansiedade foi considerada altamente prevalente e frequentemente detectada em
níveis graves, mas menos mulheres tiveram um diagnóstico médico de ansiedade do que
de depressão. A prevalência de ansiedade em amostras da população geral de mulheres
australianas é de 18,0% (26).
Com mais da metade das participantes deste estudo avaliadas como tendo ansiedade com
o uso de uma escala bem validada e bem documentada, esse transtorno de humor parece
ser subdiagnosticado entre mulheres com SOP. Alertar as mulheres e seus cuidadores
sobre a prevalência de ansiedade na SOP pode facilitar a busca por ajuda. Mais pesquisas
claramente são necessárias sobre ansiedade e doenças crônicas.
As intervenções no estilo de vida são o tratamento eficaz de primeira linha para a SOP
(27). Sabe-se que pequenas mudanças no estilo de vida melhoram os sintomas, diminuem
o peso, aumentam a ovulação e melhoram a fertilidade. Realizar mudanças na dieta e na
atividade física requer motivação e autoeficácia. O reconhecimento do baixo bem-estar
psicológico na SOP é importante para solicitar intervenção e melhorar a autoeficácia por
meio de mudanças efetivas no estilo de vida para melhorar os resultados clínicos nessa
condição crônica e comum. A relevância clínica da depressão na infertilidade pode ser
consequência da capacidade da mulher de fazer mudanças no estilo de vida e no
comportamento também por meio da autoeficácia, como foi observado em outras condições
crônicas (28) . Dado que pesquisas anteriores descobriram que mulheres inférteis (todas
as causas) têm taxas mais altas de depressão do que mulheres férteis (20), a infertilidade
pode aumentar a depressão na SOP, e esse achado requer mais exploração.
Algumas limitações existem no presente estudo; mais pesquisas são necessárias,
incluindo comparação com um grupo de controle, uma amostra representativa maior,
exploração do achado de que mais mulheres que relataram infertilidade viviam em áreas
rurais, a influência potencial da renda e o impacto do humor na eficácia das intervenções
direcionadas.
Assim como se descobriu que a depressão coexiste em doenças crônicas, parece que
os profissionais de saúde e as mulheres devem reconhecer também a existência de
ansiedade na SOP. Esses dados destacam a necessidade de maior triagem de depressão
e ansiedade em mulheres com SOP como parte de um plano de tratamento geral.
Vol. 93, nº 7, 1º de maio de 2010
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