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EVOLUÇÃO DOS FREIOS AUTOMOTIVOS SEGUNDO NORMAS BRASILEIRAS-

VW KOMBI

Cristiano Pilar
Felipe Russomano
Gabriel Krebs
Matheus Sinkus
Pedro Olimpio

RESUMO

O presente artigo analisa a evolução dos sistemas de freios ao longo dos anos, através
do estudo da Volkswagen, em especial do modelo Kombi, por tratar-se de um automóvel
muito vendido e cultuado pelos entusiastas no mundo todo.
Com essa discussão são fornecidos os subsídios para um melhor entendimento do
sistema de freios da Kombi desde a sua origem até os últimos momentos de sua fabricação, e
também uma visão geral de todo o sistema de freio automotivo.Foram abordadas as últimas
novidades desse sistema no mercado automotivo e as possíveis melhorias futuras,
considerando as necessidades e tendências desse mercado.
Palavras-chave: Kombi, freios, automotivos.

ABSTRACT

This article analyzes the evolution of brake systems over the years, through the study
of Volkswagen, in particular the Kombi model, as it is a highly sold car and worshiped by
enthusiasts around the world.
With this discussion are provided the necessary for a better understanding of the
Kombi brake system from its origin to the last moments of its manufacture, and an overview
of the entire automotive brake system. The latest innovations of this system in the automotive
market and possible future improvements were discussed, considering the needs and trends of
this market.
Keywords: Kombi, brakes, automotive.

1 INTRODUÇÃO

A cada dia, milhares de veículos novos são licenciados, tornando o trânsito nas
cidades e nas rodovias mais intenso. Infelizmente, tal situação tende a aumentar o número de
colisões e acidentes causados por imprudência ou falta de manutenção básica. Por isso, as
montadoras têm investido pesado no desenvolvimento e na melhora dos equipamentos de
segurançados carros. Atualmente, a direção é muito mais segura, especialmente por conta da
eficiência dos dispositivos adotados nos veículos. Mesmo com o aumento do número de
acidentes e da velocidade dos automóveis em pistas expressas, as lesões e avarias são
minimizadas com a incorporação de novas tecnologias desde a fábrica, conforme
Rodobens(2017).Diversos foram os recursos para inibir o movimento sob rodas, desde estacas
de madeira que geravam atrito até as atuais tecnologias que envolvem a segurança dos
usuários dos automóveis.
A Volkswagen Kombi foi durante muitos anos um veiculo versátil às necessidades do
Brasil por mais de meio século, porém, com avanços em tecnologia, segurança, e legislações,
teve um destino inesperado em 2013.

2 DESENVOLVIMENTO

Os primeiros sistemas de freios remetem ao século XVI, de acordo com Diulgheroglo


(2014) eram constituídos por um dispositivo mecânico simples; uma alavanca com pivotagem
e uma sapata de madeira montada na outra extremidade junto à roda, que proporcionava a
ação de frenagem. Depois, com o passar dos anos, vieram os freios de cinta. Usualmente eram
constituídos por uma roda fixada ao centro do eixo traseiro do veículo e ao redor dela uma
cinta era montada, e sob as mesmas era inserido o material atritante, que no início era o couro.
Esse material apresentava problemas de perda das características de atrito em função da
degradação térmica imposta pela ação de frenagem das sapatas sobre a roda.
Em 1902 surgiram os primeiros sistemas de freio à tambor, para Dias (2020) o sistema
era composto por duas sapatas com um material de atrito, provavelmente amianto, suportadas
internamente por uma estrutura que tampava o tambor por de trás, o espelho. As sapatas eram
forçadas contra a superfície interna do tambor, e então reduziam a velocidade das rodas.
Aparecia então, uma variação do freio tambor, neste caso, com sapatas internas em um arranjo
compacto e adequado a proposta automobilística. Posteriormente, por volta de 1918
apareciam os primeiros sistemas de freios hidráulicos, derivados de sistemas aeronáuticos
criados por Malcolm Logheed (futura Lockheed). Os freios hidráulicos foram um grande
avanço, pois reduziam drasticamente a força de aplicação que o motorista deveria realizar
para poder brecar efetivamente. Em 1921 o Model A Duesenberg tornou-se o primeiro
automóvel de produção a utilizar sistema de freios hidráulicos nas quatro rodas.
Alguns anos depois, em 1928, um recurso adicional foi adicionado – assistência de
freio. De acordo com ABE (2020) um servo de freio usava pressão negativa gerada no sistema
de entrada para aumentar a força de frenagem. Depois de pressionar o pedal do freio, o
cilindro mestre foi ativado e uma válvula liberou a pressão negativa do coletor de admissão. A
diferença de pressão entre as duas partes da membrana gerava uma força que adicionalmente
apoiou o pistão do cilindro mestre. A força foi diretamente proporcional a quanto o pedal do
freio foi pressionado. Dessa forma, o motorista pode controlar facilmente a força de
frenagem. À medida que os freios se tornavam cada vez mais eficientes, os carros podiam
andar cada vez mais rápido.
Cerca de 30 anos depois, os automóveis começaram a ser produzidos em massa com
discos de freios, para Nolte (2018) o primeiro automóvel equipado com discos de freio foi o
Jaguar C-Type em 1952, seguido pelo Citroën DS em 1955. Um desenvolvimento seguiu-se a
outro: o disco de disco hidráulico de revestimento parcial foi apresentado em 1957. O
primeiro os predecessores do ABS foram apresentados em 1965, com o primeiro sistema ABS
controlado eletronicamente chegando em 1978 na Mercedes Classe S W116. Recursos de
assistência modernos, como o sistema de controle de tração ou o programa eletrônico de
estabilidade ESP, foram introduzidos em 1987 e 1995, respectivamente.

2.1 REGULAMENTAÇÃO DOS SISTEMAS DE FREIO

Sistemas como o ABS, disco nas rodas da frente, ou até nas quatro rodas também
foram implementadas para a segurança dos ocupantes, visto que parar é tão importante quanto
acelerar.

2.1.1 CTB de 1997

Partindo da premissa das mortes e acidentes de trânsito se tornando cada vez mais
recorrentes, a sociedade pedia que algo fosse feito, então surge a Lei nº 9503 de 1997,
conhecida como CTB (Código de Trânsito Brasileiro).
Em 1997 foi instituído o código de trânsito brasileiro, com intuito de regulamentar o
trânsito e a frota, ele não cita sobre equipamentos de segurança nos veículos. Esse código vem
sofrendo constantes alterações até a data de hoje, então por meio dele foram sendo
implementados medidas mais restritivas, punições mais severas, e claro, o surgimento de
diversos sistemas relacionados à segurança automotiva.

2.1.2 NBR 1404-6: 1998


Esta Norma especifica como deve ser efetuada a inspeção de segurança veicular
denominada nesta parte da norma de grupo 5 - Freios. Esta Norma utiliza o método de
inspeção visual e inspeção mecanizada.

2.1.3 Definições

A eficiência de frenagem por roda é medida através da fórmula Er = (Fr/Pt) * 100,


onde Fr é a força de frenagem, e Pr é o peso incidente, no instante do ensaio, e esses valores
são referentes à roda testada.
A eficiência total de frenagem já é medida através da fórmula Et = (Ft/Pt) * 100, onde
Ft é a soma das forças de frenagem das rodas do veículo, e Pt é o peso total do veículo no
momento do ensaio.
O desequilíbro de frenagem é referente à maior diferença entre as forças de frenagem
medidasnas rodas simultaneamente de um eixo, esse valor é obtido por eixo, e é calculado
através dafórmula D = (F – f/F) * 100, onde F é a força de frenagem de maior valor e f é a
força de frenagem de menor valor

2.1.4 Requisitos

São necessários equipamentos para a inspeção, e posteriormente a classificação de


defeitos,garantindo assim a maior segurança aos veículos de passeio, até os veículos pesados.

2.1.5 Regulamentação 380 de 28 de Abril de 2011

Se torna obrigatório o uso do sistema antitravamento das rodas (ABS) em toda a frota
nacionalaté a data de 01 de janeiro de 2014, das categorias M (M1, M2, M3), N (N1, N2, N3),
e O.Considerando a necessidade de aperfeiçoar e atualizar os requisitos de segurança para
osveículos automotores nacionais e importados;
Considerando a necessidade de garantir a segurança dos condutores e passageiros
dosveículos;
Considerando que a instalação do sistema antitravamento das rodas – ABS, melhora a
estabilidade e a dirigibilidade do veículo durante o processo de frenagem; e
Considerando também que a instalação do sistema adicional ao sistema de freio
existente,que permite ao condutor manter o controle do veículo durante o processo de
frenagem principalmente em pista escorregadia com possibilidade de evitar acidentes
causados pelotravamento das rodas. (CONTRAN, 2011)

2.2 A HISTORIA DA KOMBI

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa passou a viver momentos de crise.
Raros eram os automóveis novos, e o principal combustível ainda era caro.
A Volswagenwerk retoma das cinzas da guerra entre 1946 e 1948, com a produção do
modelo Sedan (o Fusca). Robustez, simplicidade mecânica, e economia, eram alguns dos
pontos fortes de tal estrutura.Com tais qualidades, o Sedan atraia outros nichos de mercado,
como de pequenos comerciantes. Bem Pon, dono de pequenos comércios na Holanda,
mantinha o uso de Volkswagens Sedans em sua frota, mas sentiu a necessidade de um veiculo
que tivesse maior índice volumétrico, assim, o desenhou e entregou o desenho à Volkswagen
para produzir um veiculomonobloco de uso misto entre cargas e passageiros, um utilitário,
assim nasce em 8 de Março de 1950, o Kombinationsfahrzeug, traduzindo, “veiculo de uso
combinado”.

Primeira Kombi Nacional. Fonte:https://autoentusiastas.com.br/2021/05/vw-


kombi-de-1945-na-ocupacao-dos-aliados-ate-seu-lancamento-em-1950/
As primeiras unidades chegam ao Brasil ainda em 1950, mas, somente em 1957 passa
a ser um veiculo nacional. Por cá sofreu alterações conforme as necessidades de seus
usuários.
Em 1976 passou a contar com servofreio de série. E, devido ao avanço tecnológico da
concorrência –dada essa ao mercado de wagons ou ao de caminhonetes-, para se manter
competitiva no mercado, trazendo maior requinte e agregando ao desempenho, em 1983
ganha freios a disco dianteiros de série.

2.3 Fim de Produção: Kombi

Com a instauração da Resolução 380, de 28 de Abril de 2011, houve a necessidade de


se aperfeiçoar a segurança de veículos nacionais e importados que fariam parte da nossa frota
a partir daquele momento. Segundo a própria resolução, a obrigatoriedade do sistema de
antitravamento das rodas (ABS) considera “a necessidade de garantir a segurança dos
condutores e passageiros dos veículos”, considerando melhorar “a estabilidade e a
dirigibilidade do veiculo durante o processo de frenagem”.
A Resolução 380 de 28 de Abril de 2011, em seu artigo primeiro, estabelece como
obrigatório o uso de sistema antitravamento sob as categorias abaixo, para nacionais e
importados fabricados a partir de datas estabelecidas no artigo terceiro da mesma resolução:
Fonte:https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/cons380.pdf

Da Resolução acima esclarecida, seu artigo segundo define o ABS como “um sistema
composto por unidade de comando eletrônica, sensores de velocidade de rodas, e unidade
hidráulica ou pneumática que tem por finalidade evitar o travamento das rodas durante o
processo de frenagem.”.
O terceiro artigo da Resolução já mencionada, aborda as datas limites para
determinadas categorias em que uma percentagem X de veículos a partir daquela data
fabricados devem contar ABS de série. Conforme tabela abaixo:

Fonte:https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
contran/resolucoes/cons380.pdf

A VW Kombi, segundo o ex-ministro da fazenda Guido Mantega, não é um carro,


nem um caminhão. Porém se categoriza dentre categorias M1 e N1, e, que segundo a tabela
acima, teria até dia 01 de Janeiro de 2014 para ter freios ABS e Airbags.
Por não ter estrutura frontal suficiente para airbags, foi preferível o fim de produção da
VW Kombi, mesmo com apelos de sindicatos e do próprio ex-ministro Guido MAntega, como
cita a matéria do portal UOL-Carros de 19 de Dezembro de 2013. Já o ABS poderia haver
tido estudo, segundo o mesmo portal.
O uso de freios ABS na Kombi poderia ser estudado, porém, segundo o colunista da
revista Quatro Rodas Rodrigo Ribeiro, ter-se-ia de avaliar se no cofre do motor haveria
espaço para a tubulação do sistema e respectivamente para a bomba do ABS. Indo além, cada
roda demandaria sensores de velocidade individuais conectados na central eletrônica do
sistema de freios antitravamento.
Dadas as circunstancias, a VW Kombi saiu de linha de produção no final de 2013,
após 56 anos de produção nacionalizada na mesma linha.

2.4 Freios e Kombi: Presente e futuro


Já foi constato eu a VW Kombi teve sua produção encerrada entre outros motivos a
dificuldade de adaptação do sistema de ABS em sua plataforma que datava da década de 50,
porém, como seria a Kombi hoje caso seu sistema de freio fosse atualizado aos padrões
modernos?
Para esse comparativo usamos o sucessor da Kombi na Europa, o ID bus, Segundo
Volkswagen (2022), O mesmo usa sistema de discos na frente e tambor na traseira (mesma
configuração da última versão da Kombi), devido a sua eletrificação o veículo também possui

sistema de frenagem regenerativa. Além disso o mesmo possuí frenagens emergenciais. Caso
detectada possibilidade de colisão o veículo freia imediatamente e informa o motorista através
do sistema “ID. Light” no painel (Volkswagen 2022).
Fonte: Sistema id light (https://modo.volkswagengroup.it/en/mobotics/id-light-
intuitive-driver-vehicle-communication)

Em uma eventual modernização da Kombi, maioria destes itens provavelmente


estariam presentes devido a já serem de série em um veículo de categoria similar da mesma
marca. Todas essas mudanças tanto em modernização do sistema de freios, sistemas auxiliares
de frenagem garantiram para o IdBuzz nota de 5 estrelas no EURONCAP (órgão regulador de
segurança veicular europeu).

IdBuzz e Kombi, Volkswagen do Brasil S.A.


Fonte:https://www.maxicar.com.br/2022/10/o-encontro-da-kombi-classica-com-a-nova-id-
buzz-na-fabrica-da-vw

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os sistemas freios são tão importantes quanto os demais componentes dos veículos,
são itens de segurança que devem estar revisados e em dia. Pensando na segurança dos freios
novas tecnologias sempre surgirão, e, aos dias atuais, aliam-se às tecnologias em robótica e
sensores para prover sempre a melhor segurança ao fator vital.
Por mais que a VW Kombi tenha sido aliada no desenvolvimento de muitas famílias e
industrializações do país, mantê-la em linha seria complicado pois ou o projeto teria de ser
alterado ou teríamos que ter em produção o projeto antigo (bem menos seguro). Quando aos
airbags, esses seriam responsáveis pela renovação estrutural do projeto. Já o uso de ABS
dmandaria adaptações, porém poderia ser implementado ou ao menos testado. Mas, como
diria o slogan da própria Volkswagen na despedida de um de seus automóveis, “O avanço
tecnológico de uma empresa não está no que ela faz, mas no que ela deixa de fazer.”
Observando o futuro é notável que freios regenerativos e sistemas de sensores se
tornarão ferramentas presentes. Nos automóveis elétricos, os regenerativos serão auxilio para
recarga de baterias. Os usos de sensores trarão maior segurança em situações adversas e de
risco ao fator vida. Isso promoverá maior estrutura de segurança aos usuários dos automóveis.

REFERÊNCIAS

DIAS, A. L. Resumo breve da história dos freios a tambor automobilísticos. Disponível em:
<https://pt.linkedin.com/pulse/resumo-breve-da-hist%C3%B3ria-dos-freios-tambor-anderson-luiz-dias>. Acesso
em: 10 abr. 2023.

DE FREIO, A. C. F. C. OS P. F. B. F. DE F. E. L. F. C. D. B. N. P. I. UM P. 2. A História dos Freios.


Disponível em: <https://boechatfreios.files.wordpress.com/2014/01/a-histc3b3ria-dos-freios.pdf>. Acesso em: 10
abr. 2023.

The historyofbraking systems. Disponível em: <https://www.abebrakes.com/en/information-en/the-history-of-


braking-systems/>. Acesso em: 10 abr. 2023.

https://www.volkswagen-newsroom.com/en/the-new-id-buzz-and-id-buzz-cargo-international-media-
drive-15144/suspension-passenger-car-comfort-in-the-new-id-buzz-and-id-buzz-cargo-15149

https://www.volkswagen-newsroom.com/en/press-releases/the-new-id-buzz-a-perfect-companion-in-the-
digital-world-7997

https://www.volkswagen-newsroom.com/en/the-new-id-buzz-and-id-buzz-cargo-international-media-drive-
15144/driver-assist-systems-on-the-way-to-automated-driving-15148

https://www.euroncap.com/en/results/vw/id.+buzz/47766

https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/kombi-nao-podera-ser-fabricada-a-partir-de-2014-determina-
contran/
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolu-o-uo-383-
2011.pdf
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/cons380.pdf
https://quatrorodas.abril.com.br/auto-servico/correio-tecnico-da-para-instalar-airbags-e-abs-em-carro-
antigo/

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