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Matéria da edição Nº200 - Outubro de 2007

Texto: Ronie Dotzlaw

Foto: Divulgação

Chassi – responsável por manter


Você sabia que este componente é um dos mais importantes de um automóvel, pois é ele que mantém o carro estabilizado

O chassi é a parte menos lembrada na hora da manutenção, porém, é uma das mais importantes. Embora ele seja o responsável por
suportar as torções e cargas que um veículo sofre durante toda a sua vida, ele também deve ser flexível o bastante para quando ocorrer
uma torção excessiva, que esta seja acompanhada sem que o danifique. (regime elástico de deformação, não plástico!)

Em caso de colisões, o chassi deve absorver o choque, evitando que os ocupantes do veículo sejam atingidos. Para isso, os modelos
atuais são projetados de forma a criar uma célula de sobrevivência (popular “__”) ao redor do habitáculo.

Todos os veículos, terrestres, marítimos e aeronáuticos, possuem chassis, pois em sua essência o chassi é uma estrutura que suporta
outras estruturas ou componentes. Mesmo eletrodomésticos têm chassi, por exemplo, computadores, televisores, geladeiras, entre
outros.

Os veículos modernos têm o chassi desenhado por computador, o que lhe confere maior precisão e eficiência. A escolha de um chassi
depende do uso que o veículo terá.

Tipos de Chassi

1. Monobloco:

É uma estrutura que forma um bloco único que agrega algumas partes da lataria do veículo, como capô (teto) e assoalho. Esse bloco
pode ser feito dos mais diversos materiais, porém, os mais usados são: aço, alumínio, fibra de carbono, Kevlar e, atualmente, são
fabricados chassis com magnésio e materiais compostos, uma mistura de alumínio com fibra de carbono ou Kevlar e fibra de carbono,
entre outros.

Os automóveis atuais, em sua maioria, utilizam chassi tipo monobloco, que em geral é fabricado em chapas de aço ou alumínio ao redor
dos 0,5 mm de espessura, que são estampadas e quando unidas formam o chassi do veículo.

O processo de solda ainda é o mais utilizado para unir as várias peças desses dois materiais, porém, alguns pontos dos chassi já são
colados com adesivos industriais e utilizam pontos de solda apenas para manter as peças unidas enquanto a “cola” sofre seu processo
de cura.

Outra vantagem desse tipo de construção é a sua modularidade, uma vez que existem vários perfis numa mesma estrutura. Pode-se
alterá-la aumentando sua resistência em determinadas áreas, criar modelos diferentes (com novas dimensões) a partir da mesma
plataforma base ou conceber uma configuração de habitáculo diferente que permita a criação de uma nova versão de um modelo já
existente.

1.1. Monobloco estruturado:

É uma variação do monobloco, também conhecido como chassi de treliça, pois é montado de maneira que somente a estrutura do
veículo faz parte do chassi, toda a lataria e outras partes serão fixadas posteriormente. Diminuir o peso da estrutura e, simultaneamente,
oferecer uma superior rigidez e maior resistência às colisões é o objetivo desse tipo de chassis, por isso é escolhido pela maioria dos
construtores de veículos de competição.

Automóveis esportivos geralmente utilizam o alumínio em suas estruturas; nesse caso, a sua fabricação reuni vários processos, pois
haverá peças fundidas como pés de colunas e junções de travessas, como peças estampadas em prensas.

A fibra de carbono sofre um trabalho parecido com a fibra de vidro, e sua manta é conformada em moldes que, após resinada, vão para
fornos a vácuo, chamados autoclaves, que farão a cura da resina. As partes do chassi podem ser moldadas separadamente, como
ocorre com os da Lamborghini e da Ferrari, ou ser moldado em uma peça única, como nos F-1 ou F-Indy. Utilizam-se resinas especiais
para agrupar as peças moldadas separadamente. O chassi resultante é mais leve, resistente e mais eficiente que outro fabricado de
aço, porém, também se torna muito mais caro.

O Kevlar é conhecido como manta balística e utilizado em serviços de blindagem, mas quando utilizado para a fabricação de chassi é
processado da mesma forma que a fibra de carbono.

Na produção de chassi, o magnésio não é utilizado de forma exclusiva, ele é conformado de maneira que as peças resultantes serão
aplicadas como união de outras partes do chassi, devido ao alto custo do material e a dificuldade de seu manuseio.

Os chassis de materiais compostos são fabricados de maneira que as partes combinadas não possam ser separadas, ou seja, quando o
habitáculo moldado em Kevlar é unido às estruturas da suspensão dianteira e traseira, está são ligadas de maneira tal que não há
separação entre elas. Diferentemente do chassi de uma Ferrari, onde é possível desmontar o habitáculo das outras estruturas que
compõem o chassi.

Essa tecnologia foi utilizada pela primeira vez na produção em série pela Audi, no A8, lançado em 1994 e dotado de um chassi
estruturado construído de alumínio extrudado, no qual o perfil de alumínio é trabalhado em uma prensa extrusora e assume a forma
desejada. Mais recentemente, também o Grupo Fiat adotou esse conceito e já o aplicou no Fiat Múltipla, dotado de um chassi
estruturado construído de aço de alta resistência.

Nessa categoria estão inclusas, também, aeronaves e embarcações.


2. Chassi de túnel central:

Também conhecido como chassi em Y, é constituído de uma estrutura central que sofrerá todo o esforço, com complementos que
sustentarão suspensões, conjunto de força e outras partes. Por de não ter uma rigidez torcional muito elevada, esse chassi é aplicado
principalmente em automóveis de passeio, embora alguns utilitários médios tenham feito uso dessa estrutura.

A estrutura de um chassi de túnel central geralmente é construída de alumínio, ou chapas de aço. O caso mais conhecido do uso desse
tipo de chassi é o clássico Fusca.

3. Chassi de longarinas:

Embora os chassis monoblocos também apresentem longarinas, essas não são as únicas responsáveis por suportar todas as tensões
sofridas por um veículo.

Esse é o clássico chassi em que duas vigas de perfil U são colocadas paralelamente e ligadas por barras de perfis diversos, a fim de
receber os componentes de um veículo. A construção desse tipo de chassi já é conhecida desde a época das carruagens.

É utilizado em 100% dos utilitários pesados e composições ferroviárias, devido à facilidade de ser instalada uma grande quantidade de
carrocerias diferentes. Outra vantagem está no custo de produção em relação à capacidade de carga transportável.

De acordo com a configuração de suas ligações, esse chassi pode adquirir uma rigidez torcional tão eficiente que, ainda hoje, é
escolhido para o uso em alguns veículos de competição.

4. Subchassi:

Conhecido como agregado, quadro de suspensão ou quadro do motor, é utilizado principalmente em veículos fabricados com chassi do
tipo monobloco, embora alguns veículos com outras estruturas também utilizem. Esssa estrutura é responsável por ancorar o trem
motor e/ou as suspensões do veículo e será fixada ao chassi por meio de parafusos de alta resistência. Normalmente fabricado em
chapas de aço, em veículos sofisticados já é produzida de alumínio e suas ligas.

Conservação

O chassi exige pouca manutenção, mas nunca deve ser negligenciada, pois seu alinhamento depende o bom comportamento e a
dirigibilidade do veículo.

O desalinhamento de um chassi pode ser causado por colisões ou até por obstáculos nas vias públicas, como os buracos que
encontramos nas vias brasileiras. O comportamento de alguns motoristas, também pode afetar. Como por exemplo, o fato de passar em
lombadas ou valetas de lado ou mesmo, estacionar o veículo em desnível, com as rodas em planos de alturas diferentes. Isso
acarretará, em longo prazo, em um problema de torcimento de chassi, sendo necessário passar por um alinhamento técnico.

A ferrugem é outra forma de um chassi ser atacado e desalinhado, pois sua estrutura ficará frágil e comprometida.

O alinhamento periódico da suspensão, pelo menos três vezes ao ano, pode apontar prematuramente se houver algum
comprometimento no alinhamento do próprio chassi. Relativo!

Concluindo

Em outras matérias sobre suspensão, já utilizamos o mesmo exemplo, porém, continua válido para o chassi também. Quem não se
lembra de ter assistido a um caminhão ou outro automóvel qualquer andando "de lado" e tendo grande dificuldade para fazer uma curva
simples? Isso pode ser um problema de chassi desalinhado, provavelmente por alguma colisão.

Ele deve ser encarado como mais um componente do veículo, não apenas a estrutura da lataria, pois é ele que une motor, suspensão,
lataria, entre outras peças. E qualquer problema reflete diretamente na dirigibilidade do automóvel. Por isso, devemos ficar atentos com
reclamações de instabilidade, dificuldade em manobras e barulhos de suspensão.

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