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MECÂNICA

AUTOMOTIVA
MANUAL – 4 UNIDADES

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INTRODUÇÃO

Olá, Aluno!
Bem-vindo(a) ao nosso Curso de Mecânica Automotiva!
Caso você deseje conhecer um pouco mais deste imenso universo os automóveis, seja para
iniciar uma trajetória profissional ou por vontade de agregar conhecimento sobre o assunto, este
curso é para você!
A nossa relação com os automóveis, datam desde o século XVIII, onde algumas peças metálicas
eram adicionadas às estruturas ainda de carrocerias, visando aumentar a velocidade dos
transportes.
Logo, é possível afirmar que as influências geradas pelos maquinários automobilísticos perduram
na nossa sociedade há muitos anos, portanto, possuem a capacidade de moldar o nosso
comportamento e a nossa relação com o mundo afora.
Entretanto, com o passar dos anos, os seres humanos passaram a inovar a forma de fazer e
montar os seus carros. Seja através das peças metálicas ou das novas ligas de carbono, dos
sistemas de transmissão mecânica ou automáticos, os automóveis estão presentes na vida de
inúmeras pessoas que precisam de um profissional habilitado para realizar a manutenção dos
seus queridos carros.
Agregar conhecimento nunca será um desperdício de tempo, principalmente se for com aquilo
que nos faz feliz. Entretanto, você precisa saber que este curso visa introduzir-te no mundo dos
automóveis, logo, nem sempre teremos as respostas mais complexas para as suas dúvidas.
Mas agora, você já se perguntou como os primeiros carros surgiram?
Bom, segundo os especialistas, o primeiro carro do mundo foi lançado em 29 de janeiro de 1886
por Karl Benz, e ele chamava-se Benz-Patent Motorwagen, na época esta máquina tinha um
motor monocilíndrico de quatro tempos e 954 cilindradas.
Calma, se você não sabe que componentes são estes que falamos, não precisa se assustar, neste
curso você conseguirá aprender um pouco mais sobre estes cilindros, motores e tempos. Mas não
pule etapas, ok? Este documento foi organizado de maneira didática, pensando na melhor forma
para que você possa absorver todos os conteúdos disponíveis.
Dessa forma, o primeiro capítulo deste livro tem como premissa, elucidar os principais
componentes que constituem a estrutura dos veículos. Sabemos que um carro é um produto
altamente complexo da engenharia. Mas você já parou para se perguntar em quais são as peças-
chave que não podem faltar em nenhum desses maquinários? Não? Então vamos descobrir
juntos!
Em seguida, você terá acesso ao conteúdo de rodas e pneus, estas são peças cruciais para o
funcionamento e segurança de qualquer veículo. Entretanto, é comum que as pessoas pensem
que eles são compostos apenas por uma grande roda de metal, revestida de borracha.

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Dessa forma, neste capítulo você poderá entender que estes componentes são muito mais
complexos do que você conseguiria imaginar. Ficou curioso, não é mesmo? Mas calma! Ainda
tem muita coisa pela frente!
A terceira secção deste módulo tem a função de abordar sobre as luzes de painel. Você sabia que
mais de 90% dos motoristas não sabem o que estas pequenas imagens significam? . E justamente
por isso que temos a missão de te auxiliar a aprender sobre este sistema tão importante para o
diagnóstico de problemas.
Tá achando que é só isso? Não mesmo! A partir do capítulo quatro este módulo entrará nos
conceitos mais técnicos deste curso. O primeiro deles é o sistema de direção. Você sabia que ao
girar o volante, inúmeras peças trabalham para que o seu movimento seja transmitido para as
rodas? Exatamente. Apesar de parecer algo simples, o sistema de direção depende de diversos
fatores externos para cumprir a sua função. E você não pode perder essa!
Em seguida, o próximo sistema a ser elucidado é o de travões. São eles que atuam para promover
a nossa segurança no trânsito. Este mecanismo é formado por um conjunto de elementos. Mas
além de toda mecânica, devemos lembrar que o protagonista do sistema de travões é a física
básica! Afinal, você sabia que os travões não param os carros?
Mas calma! Tudo na vida é uma questão de equilíbrio... Opa, e por falar em equilíbrio, no
capítulo cinco descobriremos como funciona o sistema de suspensão. Ele é o responsável por
promover a estabilidade do veículo, nos garantindo maior conforto durante as nossas viagens.
Então? Você está pronto para essa corrida?
Então aperta os cintos e passa essa marcha! Afinal, não poderíamos esquecer do sistema de
embreagem e transmissão, certo? Já se perguntou porque o seu carro precisa passar de marcha?
Ou ainda, por que em carros de transmissão mecânica uma marcha errada pode fazer com que o
veículo “morra”? Todas essas perguntas poderão ser elucidadas no capítulo seis deste módulo.
Você não vai ficar de fora, não é mesmo?
Pois agora é hora de mostrar toda a sua potência! Você está perto de conhecer como funcionam
estes incríveis equipamentos, os motores. Sabia que os primeiros motores eram moídos a vapor?
Eles não só deram origem às grandes máquinas do passado, como foram o principal gatilho para
a I Revolução Industrial ao redor do globo. Devido à sua grande capacidade de transformar uma
energia em outro tipo de fonte utilizável, estes maquinários são extremamente relevantes para
qualquer tipo de mecânica a ser estudada. É por este motivo, que foi necessário dividir o capítulo
de motores em 3 partes.
A segunda parte deste incrível sistema, procura explicar um pouco mais sobre como funciona o
processo de lubrificação dos motores. Por se tratar de um mecanismo essencialmente constituído
por peças de ferro, os motores precisam de um sistema de lubrificação para proteger as suas
estruturas. Dessa forma, no capítulo de número oito você descobrirá o primeiro herói da
mecânica automotiva: o sistema de lubrificação.
Primeiro, pois não é o único! Com a lubrificação, temos o sistema de arrefecimento. Como você
poderá perceber ao longo deste curso, o processo de geração de energia pelos motores, têm como
resultado uma enorme fonte de calor. Caso a alta temperatura destes motores não sejam
controladas, elas podem causar sérios danos ao sistema do veículo, que além de serem bem
onerosos, podem ainda ser irreversíveis. Mas isto não é problema para você!

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Por último, mas não menos importante, temos os exercícios de fixação ao final deste módulo.
Eles servem de auxílio para os seus estudos e estão diretamente relacionados aos conteúdos
aprendidos neste curso.
Então? Já está pronto para mudar de vida? Esperamos que você consiga iniciar a sua trajetória
como profissional mecânico ou exímio motorista através dos nossos conteúdos. Não esqueça que
este é apenas um módulo básico de ensino, e que após esta importante fase da sua vida, você
poderá acessar os módulos mais avançados da mecânica automotiva.

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Estrutura de Um Veículo
Quando nos referimos ao estudo de um veículo, devemos ter em perspetiva que, de forma geral,
todos os veículos apresentam componentes estruturais semelhantes. Isto acontece, pois de forma
genérica, o principal objetivo de um veículo é transportar pessoas através do movimento.
Dessa forma, de acordo com Breno Castro (2009), na sua expressão mais simples um automóvel
é uma viga suportada em cada extremidade por rodas. Este suporte é o que chamamos Chassi do
veículo, além dele temos também como estrutura a carroceria e o motor, responsável pela força
que permitirá o movimento.
Como você pôde perceber, querido aluno, sem uma dessas estruturas básicas, o automóvel não
conseguiria cumprir com as suas demandas, visto que a ausência de um desses componentes
comprometeria a segurança, estabilidade e ainda, a realização do movimento.
Dessa forma, neste capítulo teremos como objetivo compreender as principais estruturas que
compõem um veículo, bem como as suas características e importância para o cumprimento dos
seus requisitos funcionais.

1. Chassi
O chassi automotivo é um esqueleto de suporte onde todos os sistemas mecânicos do veículo são
acoplados ao maquinário. Além disso, ele é o responsável por conferir as propriedades de
resistência e estabilidade ao veículo, sendo assim considerado o principal componente de um
veículo.
Atualmente, existem diferentes tipos de chassis automotivos no mercado. Eles são selecionados e
aplicados consoante o padrão de referência, as propriedades de rigidez à flexão (em torno do eixo
y) e rigidez à torção (em torno do eixo x), considerando a estrutura final desejada. 

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É importante salientar ainda, que o chassi automotivo é o responsável por garantir baixos níveis
de ruídos e vibrações durante a movimentação da máquina. Dessa forma, ele deve ser projetado
para reagir a condições de cargas estáticas e dinâmicas sem deformações excessivas, bem como
para resistir a vários ciclos de carga aplicada. Logo, a sua estrutura deve ser rígida de maneira
que o chassi consiga cumprir com essas funções estruturais básicas.

1.1 Chassi tipo escada


Também conhecido como chassi de longarinas, este foi o primeiro tipo de estrutura desenvolvida
para a construção de veículos motorizados. A sua origem deriva das antigas carruagens e tinha
como principal componente as estruturas de escadas feitas de madeira. Dessa forma, houveram
inúmeros desafios para chegar a uma peça suficientemente resistente para cumprir o papel dos
chassis que temos atualmente.

Entretanto, é importante destacar que embora esse tipo de componente tenha entrado em desuso
para aplicações de veículos da sua simplicidade e robustez o colocam como principal escolha
para aplicação de veículos pesados, utilitários e fora-de-estrada. Além disso, o chassi tipo escada
possui carroceria não unida, 
De acordo com Daniel Furtado (2013), o chassi tipo longarina se assemelha a forma de uma
escada, constituído por duas vigas longitudinais, que acompanham todo o comprimento do
veículo, conhecidas como longarinas (conferindo um dos nomes dado a este tipo de peça),
ligadas entre si, por uma série de vigas transversais, conhecidas como transversinas.

Fonte: Imagem 02.

1.2 Chassi Monobloco 


Esta é atualmente a estrutura mais utilizada para a construção de carros de passeio. Esse tipo de
chassi automotivo é uma estrutura de peça única, onde a carroceria é fixa ao chassi, soldadas ou

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prensadas, portanto, trata-se de uma composição altamente eficiente na proteção contra impactos.
Além disso, este tipo de construção possui como vantagem a construção de carrocerias mais
leves.

Quando estamos nos referindo à sua resistência, é importante destacar que ela é o resultado, em
parte, das longarinas horizontais existentes ao longo das bordas exteriores do piso, bem como
entre as rodas da frente e as de trás. Como consequência, nos automóveis de motor dianteiro e de
tração traseira, a resistência é ampliada pelo túnel do eixo de transmissão que se localiza ao
longo do piso. Já o teto reforça o conjunto por meio das colunas de apoio e painéis laterais.
Agora, quando falamos de resistência a torção, sabemos que esta é o resultado de componentes
como os anteparos, estruturas reforçadas existentes à frente e atrás do compartimento destinado
ao motorista e aos passageiros, e também, em parte, pelo conjunto formado pelos para-lamas e
teto unidos pelas colunas dos para-brisas e laterais.
Além disso, é importante salientar que chassis de estrutura totalmente de monobloco possuem os
seus percalços, principalmente quando tratamos de custo de fabricação. Dessa forma, foram
produzidos diversos modelos alternativos, como o semimonobloco. 

Fonte: Imagem 03. 

Há ainda outros tipos de chassi como o de “Coluna Vertebral”. Estes ainda não são tão utilizados
em veículos de uso comum, sendo mais aplicados em carros esportes de pequeno porte. Dessa
forma, o seu estudo deverá ser mais aprofundado em módulos mais avançados da mecânica
automotiva, devido a maior especificidade e complexidade deste tipo de veículo.

2. Carroceria
Quando a maioria dos indivíduos pensa acerca da carroceria de um veículo, o fator estético
sempre está presente. Entretanto, é importante que consigamos entender a importância que esse
componente tão singular exerce sobre os carros.

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Primeiramente, devemos lembrar que um dos principais objetivos a serem cumpridos quando nos
referimos a construção de um veículo é a segurança. Dessa forma, de acordo com Breno Castro
(2009), um automóvel deve ser concebido de modo que as probabilidades de que sofra um
acidente sejam muito reduzidas e também de modo que, caso este ocorra, os riscos de os
passageiros ficarem feridos seja reduzido ao mínimo possível.

É por isso que a carroceria deve ser elaborada considerando muito mais do que apenas a estética.
A sua estrutura consegue influenciar diretamente em pontos como visibilidade, temperatura
ambiente do veículo em movimento, estabilidade, bem como outros fatores.

Além disso, a carroceria exerce ainda o papel de suporte. Ou seja, ela é a base para que outros
componentes sejam anexados para permitir que todo o processo seja cumprido para gerar a
movimentação do maquinário. Dessa forma, a dimensão do veículo é diretamente proporcional a
questões como o tipo de carro, o motor que será utilizado, volume de tanque desejado, entre
outros fatores. 

Logo, para que a carroceria seja construída, são utilizadas diversas peças soltas, que serão
posteriormente unidas por mecanismos como a soldagem. Por fim, a carroceria final deve ser
avaliada consoante os parâmetros de qualidade e segurança pré-estabelecidos no projeto e pelas
diretrizes legais.

3. Motores
A principal peça de funcionamento de um veículo é o motor. Este é um maquinário que possui
como função a conversão de combustível em energia para que a movimentação do veículo
aconteça. Existem inúmeros tipos de motores disponíveis no mercado atual, sendo que cada um
deles é escolhido segundo o projeto de veículo almejado.

Isto acontece, pois cada motor possui uma vantagem e desvantagem. Afinal, você já parou para
imaginar como seria um carro de fórmula 1 operando com um motor 1.0? Seria como levar uma
pessoa doente para a guerra. Por tratar-se de um veículo que necessita de uma maior potência
para exercer o seu objetivo, um motor mais fraco como o 1.0 não pode ser utilizado, mesmo que
este seja mais económico.

Devido à grande importância deste componente na mecânica automotiva, este módulo terá um
capítulo específico para a maior elucidação de motores, seus tipos e aplicações.

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Rodas e Pneus
Apesar de ser um assunto comummente negligenciado pela grande maioria dos utilizadores de
veículos, as rodas e pneus são componentes extremamente importantes para o funcionamento de
um automóvel.
A construção dessas peças envolve uma série de estudos e é um dos setores da mecânica
automotiva que mais conseguem aplicar inovação e lucratividade nos seus processos.

Pneus
O pneu, por exemplo, passou por inúmeras mudanças de composição e arranjo físico para tornar-
se o tipo de borracha que utilizamos atualmente. Este componente é o único vínculo existente
entre o veículo e o solo, sendo assim, é através dele que o torque do motor do veículo consegue
chegar ao solo, exercendo uma força de tração com sentido oposto ao veículo, permitindo
aceleração e frenagem.
Além disso, esta peça também é responsável pela direção e estabilidade do veículo, com o
sistema de suspensão. Isto acontece, pois os pneus e as rodas são os primeiros componentes a
receber e amortecer os impactos e vibrações ocasionados por obstáculos, acidentes ou mudanças
bruscas no solo.
A importância do pneu para a automotiva é tão relevante que pequenos erros na engenharia da
peça podem acarretar consequências estrondosas. O motivo para estas consequências está no fato
de o pneu e as rodas serem peças que podem comprometer ou garantir diretamente a segurança
dos passageiros.
Dessa forma, e entendendo o impacto desses componentes para a construção geral de um
veículo, os estados passaram a cobrar através dos seus órgãos competentes, o cumprimento de
requisitos de qualidade, desempenho e segurança para a liberação de pneus no mercado. O
primeiro estado a realizar esta conduta, foi os Estados Unidos. Em seguida, outras nações
aderiram às normas impostas, agregando-as nos seus próprios países, inclusive o Brasil.
Entretanto, sabemos que atualmente todos os pneus possuem uma estrutura básica, composta por
diversas camadas, onde cada uma delas possui uma função específica.

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Fonte: Imagem 04.

Saiba como essas diferentes camadas influenciam na desenvoltura final do pneu:

1. A banda de rodagem é a única parte do pneu que fica em contacto direto com o chão. Para os
utilizadores de veículos que ainda não possuem o conhecimento sobre a tecnologia de pneus, a
peça pode parecer apenas uma única estrutura de borracha, que seria a banda de rodagem.
Esta camada tem como principais funções a resistência a atritos, bem como evitar cortes e
perfurações. Quando se acelera, freia ou direciona o veículo, a resposta é dada principalmente
pela banda de rodagem.

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Por isso é tão importante que ela esteja em boas condições de uso, para que “obedeça” aos
comandos do condutor. Dessa forma, o aspeto de “pneu careca” torna a peça inadequada para
uso, pois pode causar sérios danos à segurança dos passageiros.
Esta camada é composta ainda por elementos específicos, chamados barras, ranhuras, ombros e
sulcos. Cada um deles confere uma característica específica à banda de rodagem. Por exemplo?

● a) Sulcos: servem principalmente para evitar deslizamentos e permitir a refrigeração dos


pneus através da drenagem de água. Eles determinam ainda a aderência da peça em
diferentes superfícies e conseguem reduzir os ruídos gerados pelo movimento do veículo.
● b) Barras: são as partes do pneu que entram em contacto direto ao chão, dessa forma,
estes elementos são responsáveis por conferir a tração que permitirá o movimento do
veículo.
● c) Ranhuras: apesar de serem comummente confundidas com o design das peças, as
ranhuras também exercem o papel de drenar água e permitir o resfriamento dos pneus.
Dessa forma, a importância deste elemento ultrapassa os parâmetros estéticos.
● d) Ombros: possui como principal função resistir a transferência de peso existente no
momento da realização de curvas. Eles estão dispostos desde a extremidade da banda de
rodagem, até a parede lateral do pneu. Para conseguir aguentar os desgastes promovidos
pelo processo de movimento, os ombros possuem uma camada extra de borracha e são
elementos essenciais para a estabilização do veículo na pista.

2. A Parede Lateral é outro elemento composto por borracha. Ela tem como função resistir e
amortecer as irregularidades presentes no solo, portanto o seu papel na estabilidade do veículo é
de alta relevância. Além disso, por se tratar de uma área que necessita de maior flexibilidade
atrelada à resistência, a parede lateral dos pneus possuem composição utilizando borrachas
específicas para este tipo de demanda.

3. As Cintas Estabilizadoras são componentes formados por fios de aço sobrepostos que se
localizam abaixo da camada de borracha presente nos pneus. Para quem nunca teve contacto com
este tipo de conteúdo, é comum idealizar um pneu como se fosse apenas uma grande roda de
borracha. Entretanto, hoje sabemos que isto não é verdade e que estes fios de aço possuem papéis
específicos a serem exercidos na desenvoltura da peça. A sua função chave é garantir que o pneu
tenha o maior contacto possível com o solo, conferindo-lhe estabilidade. Além disso, as cintas
estabilizadoras também possuem a demanda de restringir o diâmetro de cada peça, bem como
proteger a camada de carcaça de danos externos, como as perfurações.

4. A terceira camada do pneu se chama Carcaça e está localizada logo abaixo das cintas
estabilizadoras. É importante ressaltar que esta é uma camada composta por diferentes materiais
sobrepostos, como fios de poliéster, nylon ou aço. Este é o componente responsável por resistir a

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impactos de pressão, choques e até ao próprio peso do veículo. Além disso, a carcaça também é o
principal indicador para os índices de carga e velocidade suportados pelo pneu.

5. Já o Estanque, também conhecido como Liner, é a peça responsável por realizar o
revestimento interno do pneu. A sua função é proteger a carcaça do pneu contra humidade.
Quando nos referimos a pneus com câmara de ar, a borracha de revestimento é macia, para evitar
danos à câmara. Já em pneus radiais, a borracha é impermeável. Dessa forma, é possível evitar a
perda de pressão do pneu devido a vazamentos de ar comprimido, já que estes componentes
permitem a vedação da peça.

6. Por último, o Talão é uma estrutura composta por fios de aço revestidos por cobre e borracha
antioxidantes, que será responsável por impermeabilizar o componente. A sua principal função
está atrelada a permitir que o pneu fique fixo na roda, impedindo o escapamento de ar. Logo, esta
peça trata-se de um componente altamente resistente, localizado nas duas extremidades da
carcaça dos pneus.

Rodas
As rodas já possuem estruturas e papéis diferentes, sendo que, juntamente ao pneu, essas
estruturas são uns dos maiores responsáveis pela estabilidade do veículo. 

Além disso, apesar de ser vista como uma peça única, a roda é, na verdade, um conjunto de aro e
disco, e está localizada entre o pneu e o veículo, atuando assim como elemento intermediário.
Dessa forma, quando analisamos a estrutura da roda é possível entender que o aro é o objeto de
suporte para o pneu, que se encontra em formato anelar. Já o disco é a peça que permite a
conexão da roda com o cubo do veículo.

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A roda é considerada um item de segurança nos automóveis. Logo, elas precisam de
manutenções preventivas para a possível identificação de danos que podem prejudicar a
desenvoltura do veículo, por defeitos nas suas estruturas, como o pneu.

É necessário ter em vista, ainda, que a depender do tipo de defeito existente na roda, ela deve ser
totalmente descartada. Por exemplo, caso ocorra algum desgaste nas bordas do aro, a
recomendação é que as protuberâncias agudas e afiadas sejam retiradas para evitar problemas
com o pneu. Entretanto, quando nos referimos a rodas que se encontram deterioradas, amassadas,
deformadas ou apresentando saliências dos furos de fixação trincados, a peça deverá ser
descartada.

Além deste ponto é relevante entendermos que as dimensões das rodas devem estar adequadas
com as especificações do veículo. Isto acontece, pois peças que tiverem a suas dimensões
danificadas pelo uso ou fora dos parâmetros de referência podem comprometer seriamente a
segurança do veículo, e como consequência, dos seus passageiros. 

Isto vale também para as ferramentas e peças secundárias utilizadas. Por exemplo, para que a
roda seja fixada de forma correta ao cubo do veículo, é necessário que as dimensões das porcas e
parafusos sejam coerentes com os furos de fixação do disco.

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UNIDADE 2

 LUZES INDICADORES DO PAINEL


Um dos componentes mais importantes dos carros são as luzes indicadoras que se localizam no
painel. Elas são as nossas principais referências quando buscamos por possíveis danos ou
problemas no veículo.
Entretanto, mesmo com a sua alta relevância, sabemos que grande parte dos motoristas ainda não
sabem o que significam as luzes indicadoras. De acordo com um estudo realizado na Revista
abril, em 2013, mais de 90% dos motoristas moçambicanos não reconhecem ou não sabem o
significado dos indicadores que aparecem no seu veículo.
As luzes são mecanismos de segurança e manutenção instalados pelos fabricantes no momento
da construção do veículo e possuem como principal demanda sinalizar que algo anormal
acontece e necessita ser avaliado.
A gravidade do problema inclusive também é algo que pode ser medido através destes
indicadores. Isto acontece, pois as lâmpadas instaladas possuem cores diferentes e funcionam de
forma semelhante a um semáforo. Elas podem ser vermelhas, amarelas, verdes ou azuis,
indicando o grau do perigo da anormalidade.
Dessa forma, quando uma luz vermelha acende no seu painel, você deve ter ciência de que este
se trata de um problema grave que necessita da sua atenção imediata. O mais indicado quando
você encontrar este tipo de indicador é que o motorista pare o carro e ele seja encaminhado para
a oficina. Logo, quando comparamos esta luz àquelas encontradas em semáforos, sabemos que o
vermelho significa “PARE”.
Agora, caso o indicador esteja na cor amarela, isto significa que algo funciona de forma precária
no veículo e precisa ser reparado antes que danos maiores aconteçam. Ela funciona como um
sinal de advertência, assim como a luz amarela do semáforo.
É importante salientar, que mesmo não sendo um problema gravíssimo, o indicado é que o carro
seja encaminhado à oficina e o problema, seja identificado e solucionado o quanto antes.
Por fim, as luzes verde e azul são indicadores informativos. Isto significa que a intenção destas
luzes não é apontar um problema, e sim informar que algo acontece, como, por exemplo, para
mostrar que a seta do veículo foi acionada, ou ainda, para informar que o farol alto está aceso. 
Mas calma! Não precisa entrar em pânico ao ligar o carro e perceber que as luzes indicadoras
estão ligadas. Esta situação é normal e acontece para que o motorista ou o seu mecânico possa
averiguar se todos os indicadores funcionam da maneira correta. 
Aqui estão as principais lâmpadas indicadoras de painel:

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1. Luz de Travão
Indicada pela cor vermelha, a luz de travão de mão é acionada quando este encontra-se acionado,
ou ainda, quando há o baixo nível do fluido de travão. Dessa forma, ao notar esta lâmpada no
painel, o primeiro passo a ser realizado é ver se o travão está acionado ou não. Se este não for o
caso, provavelmente o fluido de travão precisa ser substituído ou adicionado no reservatório.

2. Luz de Injeção Eletrónica


Esta lâmpada de cor amarela pode indicar inúmeras anormalidades nos veículos e por isto é o
indicador mais reconhecido pelos mecânicos. Ela deve ser apagada toda vez que o motorista der
partida no carro. 
Caso contrário, significa que algum componente deste amplo sistema se encontra em mau
funcionamento, resultando em problemas no motor, como a perda de potência, por exemplo. 
Dessa forma, podemos perceber que mesmo que o carro não fique comprometido de forma
imediata, este não é um tipo de indicador que deva ser negligenciado. 

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3. Luz da Bateria
Indicada pela luz vermelha, esta lâmpada está comummente associada a falta de carregamento da
bateria pelo alternador. Dessa forma, existirá uma perda de tensão no veículo e como
consequência o carro irá desligar e o motorista não conseguirá ligá-lo novamente.
Dessa forma, um problema de bateria pode ocasionar um dano iminente à segurança dos
passageiros, caso o veículo pare num local inadequado.

4. Luz do pré-aquecimento das velas


Indica a necessidade de troca das velas por algum dano ocasionado a elas, seja por desgaste, pela
corrosão dos elétrodos, ou até mesmo pela quebra do isolador. Infelizmente este indicador de cor
amarela não está presente em todos os modelos fabricados no Brasil, principalmente naqueles
mais antigos. 

5. Luz do controlo de Tração


Indicado pela luz amarela, pretende indicar que este sistema foi acionado, equilibrando a
distribuição da força exercida pelo motor, gerando assim uma maior estabilidade para o veículo.
É importante ressaltar que este indicador está presente em veículos com tração 4x4, ou seja, que
possuem este sistema.

6. Luz de Combustível
Esta lâmpada está presente na cor amarela e serve para indicar que a quantidade de combustível
disponível no reservatório está a chegar ao fim. Dessa forma, ao perceber que este indicador se
encontra ligado, o ideal é parar num posto de gasolina e realizar o abastecimento do veículo,
visto que, caso o carro pare num local inadequado, isto provocará uma situação de perigo para os
passageiros.

7. Luz de pedal do travão


Apesar de não estar presente na grande maioria dos veículos de passeio existentes no Brasil, este
indicador existe e visa indicar que o pedal de travão foi acionado. Esta lâmpada está presente na
cor verde e é um indicador informativo, assim como as setas.

8. Luz da Temperatura do líquido de refrigeração, ou ainda, luz de arrefecimento


Este indicador é representado pela cor vermelha. O seu papel é mostrar que alguma
anormalidade acontece com o sistema de arrefecimento e pode gerar falhas críticas e onerosas ao

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motor, e consequentemente ao veículo. Algumas das falhas apontadas são a falta de líquido de
arrefecimento ou falhas no sistema de ventilação do carro, problemas estes que levam ao
superaquecimento do motor.

9. Luz do Pisca Alerta


Apesar da sua representação na cor vermelha, este ícone não indica um perigo iminente. Além
disso, a luz de pisca alerta não é automática, o que significa que ela somente acenderá no painel
caso o comando seja acionado. É importante ressaltar ainda, que mesmo que a luz de pisca alerta
não seja um indicador grave, a sua utilização é extremamente relevante ao trânsito, conseguindo
evitar inúmeros acidentes graves. 

10. Luz do Desembaçador de Para-brisas


Apesar de ser um indicador representado pela lâmpada amarela, este só aparecerá no seu painel
caso você acione o sistema do desembaçador. Dessa forma, esta lâmpada funciona como
indicador informativo, que só funcionará em veículos que tiverem este tipo de mecanismo
equipado.

11. Luz do Airbag


Este é um indicador representado pela cor vermelha. O seu papel é sinalizar que algo incomum
causa problemas no sistema de airbags. Dessa forma, este ícone funciona com o intuito de
advertir o motorista para um processo de falha de segurança que pode colocar a vida dos
passageiros em perigo, caso ocorra algum tipo de acidente.

12. Luz de Baixa Pressão do Pneu


Este é um indicador de advertência que, apesar de ser representado na cor amarela, pode salvar o
dono do veículo de diversos problemas relacionados a uma calibragem incorreta, ou ainda,
algum outro fator que tenha ocasionado a perda ou o excesso de pressão nos pneus. 
Ele é representado pela cor amarela, e infelizmente está disponível apenas em veículos equipados
com sensores de pressão nas peças dos pneus.

13. Luz do Farol Auxiliar ou Farol de Neblina

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Esta luz amarela é um indicador informativo de que os faróis auxiliares ou de neblina do carro
foram ativados. Entretanto, em alguns carros nacionais ela também pode ser representada pela
cor verde ou azul.

14. Luz de Pressão do Óleo do Motor


Este é um sinalizador de anormalidade no sistema de lubrificação do motor, ou ainda da falta de
óleo no reservatório do sistema. Por se tratar de um problema que pode gerar danos seríssimos ao
motor do veículo, é imprescindível que o motorista pare o carro e encaminhe-o para a oficina.
Caso contrário, a falta de lubrificação pode levar o motor a fundir, gerando altos custos para a
realização da retífica.

15. Luz do ABS

Representada pela cor amarela, o indicador de ABS deve aparecer no seu painel apenas no
momento de ligar o veículo. Numa situação onde este indicador acende mesmo após a partida, ou
durante o trajeto do veículo, pode significar algum problema no sistema ABS de frenagem. Seja
em qualquer uma das ocasiões citadas anteriormente, o ideal é que o motorista encaminhe o carro
à oficina para que a anormalidade seja investigada.

16. Luz do Cinto de Segurança


Alguns carros, principalmente os mais novos, possuem sensores indicadores do cinto de
segurança. Esta luz poderá acender caso o motorista ou algum passageiro não esteja a utilizar o
sistema de segurança, ou até mesmo desafiante a peça com o carro em movimento. Esta luz é
representada na cor vermelha e pode vir com som de alerta em alguns modelos automobilísticos
de Moçambique.

17. Luz Sinalizadora de Portas Abertas


Trata-se de um indicador representado pela cor vermelha e que possui como objetivo informar ao
motorista que uma das portas do veículo se encontram abertas. Numa situação como esta, o ideal
é que o carro seja parado num local seguro e seja realizada a verificação das portas. Isto
acontece, pois as portas podem se abrir com o carro em movimento, gerando assim um grave
acidente de trânsito.

Existem inúmeros tipos de luzes sinalizadoras presentes nos veículos moçambicanos. Nesta
secção abordamos as principais lâmpadas que podem auxiliar o profissional mecânico e até o

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motorista a entender quando alguma anormalidade ocorre com o veículo. Dessa forma, medidas
investigativas podem ser tomadas para ocorrer a resolução do problema sem maiores desgastes
de tempo, dinheiro e do próprio veículo.
Sistema de Direção
O sistema de direção tem como principal objetivo transmitir os movimentos realizados no
volante aos pneus, possibilitando assim o direcionamento do veículo na pista.
Há alguns anos, o sistema de direção era totalmente manual, o que exigia uma certa força para a
realização dos movimentos. Isto acontece, pois no carro manual, não existe nenhum tipo de
mecanismo de auxílio para facilitar o funcionamento do sistema de direção.
Entretanto, com o passar dos anos, os veículos começaram a aumentar o seu peso e a sua
capacidade de ganhar velocidade. Dessa forma, foi necessário o desenvolvimento de novas
tecnologias que permitissem a aplicação de mecanismos auxiliares no sistema de direção. Logo,
foi possível equilibrar a força necessária a ser aplicada pelo motorista para a realização dos
movimentos.

Composição dos sistemas de direção


Todo sistema de direção é constituído por peças estruturais base. São elas a caixa de direção, a
coluna de direção, as barras de direção e os cardans, que visam promover as articulações, os
braços da direção e por último, mas não menos importante, o volante (BARRETO, 2021).
Entenda um pouco mais sobre estes componentes:

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Fonte: BARRETO, Flávio. 2021. Volante

● Volante

Este é o primeiro sistema de direção e o único que entra em contacto direto com o motorista. É o
volante que permite a realização dos movimentos para a mudança de direção realizados pelo
condutor, saindo da peça até a caixa de direção.

● Coluna de Direção

É a peça responsável por transmitir os movimentos realizados no volante até a caixa de direção.
Ela pode ser inteiriça ou bipartida, dependendo do ângulo ao qual o volante foi posicionado e da
caixa de direção. Em alguns modelos de carros brasileiros, a coluna de direção pode ser ajustada
segundo a necessidade do motorista, de forma que a parte superior, onde se encontra o volante,
pode ser deslocada telescopicamente para cima e para baixo, a coluna também pode ser inclinada
para o mesmo objetivo.

● Caixa de Direção

Esta peça é responsável por receber a rotação de giro do volante através da coluna de direção,
transformando este movimento em no direcionamento linear das rodas. Além disso, é importante
destacar que a caixa de direção é formada por um conjunto de elementos, ou seja, não é uma
única peça que realiza esta tarefa.

● Barras de Direção

Estes são componentes articuláveis que saem da caixa de direção em direção as rodas. Esta
característica articulável serve para acompanhar a suspensão e são envoltas por uma coifa de
proteção para evitar contaminantes que ataquem as superfícies e elementos internos da caixa de
direção, causando danos.

● Eixo Cardan

É a peça responsável por transmitir a energia gerada pelo motor para o eixo diferencial, e, no que
lhe concerne, o eixo diferencial irá transferir esta energia recebida do eixo cardan para as rodas.

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Dessa forma, o eixo cardan dá mais liberdade de movimento durante a variação de velocidade ao
fazer a ligação da força gerada às rodas.

Existem alguns tipos de mecanismos de direção mais comummente utilizados nos veículos
moçambicanos. Há um tempo, o tipo de direção mais utilizado em carros populares era a manual.
Entretanto, com o passar dos anos e o desenvolvimento tecnológico, atualmente o modelo mais
utilizado em carros populares é o hidráulico. Além disso, em carros mais novos também é
possível ver o sistema de direção elétrico, mesmo que estes acrescentem maior valor ao preço
final do automóvel. 

Dessa forma, já é possível perceber uma onda de uso obsoleto do mecanismo de direção manual,
que atualmente encontra-se presente apenas em carros mais antigos.

Direção Manual
No sistema mecânico podemos distinguir caixas de direção formada por um setor de direção e
uma rosca sem-fim. Ele é denominado sistema manual, pois a força exercida para a
movimentação das rodas é puramente exercida pelo motorista. 

Já quando falamos dos mecanismos presentes neste tipo de sistema, temos o pinhão e a
cremalheira como os componentes responsáveis por transformar o giro do volante no movimento
angular das rodas do veículo.

    Fonte: Imagem 06. 

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Direção Hidráulica
De forma geral, o sistema hidráulico é bem-parecido com o manual. A sua principal diferença
está na existência de uma bomba hidráulica que permite uma maior leveza nos movimentos de
direção. 

Ela foi inventada nos Estados Unidos e utilizada pela primeira vez pela montadora Chrysler, em
1951, com o nome original de Hydra Guide. A bomba é o coração do sistema e a sua função é
gerar uma vazão controlada do óleo para o mecanismo de direção, e também controlar a pressão
no sistema. 

Fonte: Imagem 07.
 

Sistema de Direção Elétrico


Este sistema conseguiu trazer consigo uma opção mais económica e confortável para a direção
de automóveis. Isto acontece, pois o seu funcionamento dispensa a bomba hidráulica. Dessa
forma, o mecanismo de auxílio à movimentação das rodas acontece eletronicamente,
promovendo um sistema mais inteligente e confiável. 
Em resumo, a direção elétrica é totalmente independente do motor, dispensando bomba
hidráulica, fluido e todas as correias que fazem a bomba de óleo entrar em funcionamento, o que
é mais comum nos carros com direção assistida hidraulicamente. Ainda é visto como
ecologicamente correto, pois não utiliza o óleo, minimiza os ruídos e permite uma menor
emissão de gases poluentes na atmosfera. 

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Sistema de Travões
O sistema de travões é um dos mais importantes conjuntos de um veículo. Não somente para
permitir uma direção coerente, como também para assegurar que os passageiros estejam seguros
caso seja necessária uma parada brusca do veículo.
Entretanto, o que muitos utilizadores ainda não sabem é que o sistema de travões não é
construído para parar o carro necessariamente. Na verdade, os travões são projetados para
diminuir a rotação das rodas, até que a peça pare de girar. O processo de frenagem do veículo,
dessa forma, depende de fatores que vão além do sistema de travões.
Isto acontece, pois o travão para a roda, e o chão para o carro. É por isso que os pneus são tão
importantes para a segurança dos passageiros. Pois é através do atrito que conseguimos obter
uma frenagem mais rápida do veículo, utilizando o contacto dos pneus com o chão. Atualmente,
existem 02 tipos de travões principais utilizados nos modelos de carros brasileiros. São eles: o
disco e o travão a tambor. Além destes existe também um modelo obsoleto de travão mecânico.
Atualmente, o travão mecânico é uma tecnologia pouco utilizada no sistema de serviço dos
carros, pois está mais sujeita a desajustes. Sem contar que o seu acionamento é mais pesado, ou
seja, menos confortável para quem dirige, dessa forma, este sistema não será abordado nesta
secção.

Travão a disco:
Atualmente, este é o tipo de sistema mais utilizado em Moçambique. Consiste na utilização de
discos de travão e pinças deslizantes que se acomodam como “sanduíches”.
Segundo o Manual Nakata, quando o pedal do travão é pressionado, a força hidráulica do fluido
empurra o êmbolo das pinças contra as pastilhas pressionadas contra uma secção do disco
envolvida por esse “sanduíche”, criando o atrito necessário para frenar o seu movimento.
E você deve estar se perguntando: então por que conseguimos acionar o travão sem ocasionar a
parada completa do veículo?
Isto acontece, pois quando a pressão no pedal é aliviada, os êmbolos retraem-se com a ajuda do
anel de vedação do êmbolo, que vai atuar no mecanismo como uma espécie de mola, soltando
assim a folga original entre as pastilhas e o disco, que volta a girar livremente. É por este motivo
que conseguimos diminuir a velocidade do veículo sem ocasionar a sua parada completa.

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Fonte: Imagem 09.

Fonte: Imagem 10.
Travão a tambor:
O sistema do travão a tambor possui bastante similaridade com o mecanismo a disco. O tambor
de travão é uma peça de formato cilíndrico, fabricada em ferro fundido, com a superfície interna,
que fica em contacto com as lonas de travão. A manutenção dos tambores é um pouco mais
complexa que as pastilhas, dessa forma, a utilização do travão a disco é muito mais comum em
Moçambique.
O processo de frenagem do travão a tambor acontece da seguinte forma: quando o pedal do
travão permanece sem acionamento, uma válvula do diafragma encontra-se aberta, isso vai
permitir que o vácuo gerado pelo motor preencha as duas câmaras.
Entretanto, quando pisamos no travão, a válvula do diafragma se fecha separando as duas
câmaras. Enquanto este processo acontece, outra válvula localizada na câmara do lado do pedal
do travão se abre e permite a entrada do ar atmosférico, multiplicando assim a força aplicada no
pedal pelo motorista.

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Fonte: Imagem 11.

Travão ABS:
Além dos mecanismos citados anteriormente, existe ainda o travão ABS que significa “Antilock
Brake System”. Este é um complemento de segurança para os sistemas de frenagens que está
presente principalmente nos carros de passeio mais novos.

Durante uma frenagem brusca de um veículo, os pneus podem perder a sua capacidade de tração
e como consequência teremos a redução do atrito do pneu com o sol. Nessa situação os pneus
começam a escorregar, aumentando a distância de frenagem, principalmente em pisos molhados
ou com pouca aderência.
É neste momento que o sistema complementar do ABS entra em ação, funcionando como um
auxílio de segurança ao sistema de travão convencional. Entretanto, é importante salientar que o
sistema antibloqueio só atua quando este consegue detetar o início do travamento de uma ou
mais rodas durante uma frenagem de emergência.
Dessa forma, o sistema ABS funciona de modo que: quando o excesso de pressão que poderia
travar determinada roda ou rodas é detetado, um modulador entra em ação, controlando o
excesso de pressão. Além disso, é importante ressaltar que este sistema só funciona se os

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sensores instalados nas rodas estiverem em perfeitas condições, para que assim, possam
transmitir as informações para o módulo de controle.

Fonte: Imagem 12.

Agora, você já deve ter percebido que estes tipos de travões apenas podem ser utilizados com o
carro em movimento, dependendo diretamente do acionamento dos pedais. É por este motivo que
são necessários os travões de mão.

Travões de Mão
O travão de mão é um sistema de segurança acionado por alavancas e cabos de aço, para que
assim, seja possível manter o carro estável e parado mesmo desligado e com os pedais de travão
livres. 
É este sistema que permite que os veículos fiquem estacionados em ladeiras e aclives sem o risco
de causarem acidentes. Dessa forma, quando a alavanca é acionada, os cabos de aço puxam os
travões, que ficam pressionados contra as rodas traseiras.

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Suspensão
O sistema de suspensão é o principal mecanismo responsável pela estabilidade do veículo no
processo de movimento. Seja ela traseira ou dianteira, ambas possuem como premissa a
sustentação de toda a carga do carro, de modo a amortecer os impactos originados das
imperfeições do solo.
O primeiro sistema de suspensão foi desenvolvido no início do século XVIII, bem antes dos
automóveis. Entretanto, o objetivo do mecanismo era o mesmo: diminuir os efeitos de trepidação
nas carruagens e carroças. Dessa forma, quando os automóveis passaram a ser construídos, eles
possuíam o sistema de amortecimento.
Como a velocidade dos carros era muito maior do que as atingidas pelas carroças, foi necessário
investir em novas tecnologias para que o objetivo das suspensões fosse alcançado, chegando
assim, aos modelos disponíveis no mercado atual.
O sistema de suspensão é um conjunto de elementos que acopla os chassis às rodas, garantindo
que elas estejam sempre em contacto com o solo. Alguns dos componentes que fazem parte da
suspensão são as molas, as barras estabilizadoras, as bandejas e os amortecedores.
Existem inúmeros tipos de suspensões disponíveis no mercado, elas devem ser aplicadas
conforme o tipo de veículo a ser projetado, respeitando as especificações legais de cada
mecanismo. Entretanto, de forma geral, um dos modelos mais utilizados atualmente nos veículos
brasileiros é a suspensão Mac Pherson telescópica.

Macpherson:
Este modelo foi inicialmente projetado por Earle Steele MacPherson na década de 1940. A
suspensão MacPherson é largamente utilizada na indústria automotiva e, embora possa ser
instalada tanto no eixo dianteiro como no traseiro, é mais comum encontrá-la apenas na dianteira
dos veículos.
O seu mecanismo é basicamente composto por mola, braço oscilante, amortecedor e manga de
eixo. Além disso, é importante salientar que a parte superior da mola se apoia no chassi do
veículo, enquanto a parte inferior no prato do amortecedor e a base do amortecedor se conecta à
manga de eixo que também é responsável por se conectar ao braço oscilante — esta peça tem a
demanda desse ligar a parte inferior da suspensão ao chassi.
Para que ela conseguisse suportar maiores cargas, essa suspensão precisou passar por um
aprimoramento do sistema de barras de torção, formada por lâminas sobrepostas que deslizam
uma sobre a outra. Estas lâminas retornam à sua posição original logo após a retirada do peso ou
absorção do impacto.

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Fonte: Imagem 14.

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Agora que você já sabe um pouco mais o que é a suspensão e entendeu como funciona o modelo
de Mac Pherson, chegou a hora de ganhar um pouco mais de conhecimento acerca das peças que
constituem as diversas suspensões disponíveis no mercado:

Amortecedor
O amortecedor é um dos principais componentes da suspensão. Ele é uma peça de aço,
geralmente formada por duas partes, que se movimentam lentamente. A peça foi desenvolvida
nos anos 1930, ainda para a aplicação em carruagens. Os amortecedores possuem como objetivo
atuar em conjunto com as molas para absorver os impactos recebidos pelo veículo ao trafegar
pelas ruas.
A ação do amortecedor é diminuir o tempo de oscilação da mola, controlando o seu movimento.
Sem ele, o carro ficaria a oscilar continuamente enquanto estivesse em circulação. Além disso, é
importante salientar que os amortecedores podem ser tanto hidráulicos, como hidráulicos-
pneumáticos.

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Mola
Na suspensão, a mola pode ser de dois tipos: feixe de mola ou helicoidal. Ela é feita de aço e é
muito flexível. Assim como o amortecedor, a mola possui como papel garantir a sustentação do
veículo, mantendo-o assim na sua altura correta, e distante das rodas, para que o pneu não
arranhe a caixa de rodas e sofra danos no processo.

Entretanto, isto só é possível pela suspensão, pois as molas possuem a capacidade de absorver as
irregularidades do solo e proporcionando assim, o conforto para os passageiros.

Fonte: Imagem 16.

Braço oscilante
O braço oscilante, ou como também conhecido: bandeja de suspensão, é o mecanismo
responsável por ligar a coluna (onde se encontram o amortecedor, a mola e outras peças) ao
chassi do veículo. Ele é o ponto de apoio inferior para a suspensão executar o seu movimento
oscilatório de subida e descida.
Além disso, a bandeja de suspensão também consegue manter e determinar o alinhamento das
rodas do veículo, garantir que as rodas se movimentem apenas verticalmente, suportar as forças
laterais geradas nas curvas, bem como limitar o movimento das rodas nos arranques e frenagens.

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Buchas de borracha
As buchas são responsáveis por impedir o atrito de ferro com ferro, além disso, ela permite que o
chassi se conecte à manga do eixo. Entretanto, por se tratar de um componente de borracha, é
comum o seu desgaste, principalmente se o motor tiver algum vazamento de óleo que passe por
elas.
Como consequência, o aumento de ruídos no veículo passará a ser muito maior, principalmente
quando o veículo passar por obstáculos no chão. Isto acontece, pois uma das funções da borracha
é permitir que o braço oscilante realize o seu movimento sem gerar ruído.

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Fonte: Imagem 18.

Pivô
O pivô, que também é conhecido pelo nome de pino esférico ou articulação, é responsável por
fazer com que a coluna da suspensão gire no seu próprio eixo, permitindo assim que a caixa de
direção empurre as rodas e execute as manobras de direção. Dessa forma, quando as rodas
sobem, descem ou viram, o pivô permite que esse movimento seja realizado sem o desgaste de
nenhuma outra peça do veículo.
Este componente é constituído principalmente por ligas metálicas e borracha. O defeito mais
comum do pivô é a folga, que pode ser identificada no alinhamento. Nesse caso, é preciso
realizar a substituição, pois um pivô com folga não deixa o carro segurar o alinhamento por
muito tempo.

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Coxim
O coxim do amortecedor é uma peça de metal revestida por uma borracha, onde a sua principal
função é fixar o amortecedor no monobloco. Além disso, é importante ressaltar que esta é a peça
responsável por receber os impactos do amortecedor, bem como de permitir que a coluna da
suspensão rotacione com o movimento do volante.

Assim como o pivô, ao passar pelo processo de desgastes, o coxim apresentará principalmente o
aumento de ruídos ao passar por irregularidades ou obstáculos no solo. Isto acontece, pois o seu
revestimento em borracha é o primeiro aspeto a ser danificado. Dessa forma, quando o coxim
está desgastado, teremos como consequência o atrito de metal com metal, resultando nos altos
ruídos no interior do veículo.

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Fonte: Imagem 20.

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Barra estabilizadora
Como o próprio nome sugere, a barra estabilizadora liga as duas colunas de suspensão,
permitindo maior estabilidade ao carro, transmitindo igualmente a força entre as rodas. Dessa
forma, ao realizar movimentos bruscos com o veículo, a barra estabilizadora tem o papel de
manter a dinâmica do automóvel, gerando assim uma maior aderência ao solo, bem como
permite um maior controle da direção e da capacidade de frenagem do carro.

Essa barra é constituída principalmente por ligas metálicas, a sua fixação é realizada na
carroceria com o auxílio de buchas e as colunas são-lhe ligadas por meio de bieletas.

Fonte: Imagem 21.

Como é possível perceber, a todo momento o sistema de suspensão está atuando com as rodas e
pneus para garantir a maior estabilidade do veículo. É por este motivo que alguns autores
consideram o sistema de rodas e pneus como um dos componentes do sistema de suspensão.

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Além disso, podemos perceber que a engenharia por trás de todas essas peças, deve ser projetada
nos mínimos detalhes. Isto acontece, pois um pequeno defeito em peças como pivô, ou na
formulação incorreta da borracha que reveste os pneus, podem gerar graves problemas ao veículo
e consequentemente à segurança dos passageiros.

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UNIDADE 3

SISTEMA DE EMBRAIAGEM E TRANSMISSÃO


O sistema de transmissão visa comunicar às rodas a potência transformada no motor em energia
mecânica. O tipo de mecanismo utilizado no sistema de transmissão depende diretamente do tipo
de tração do veículo. Dessa forma temos que:
Num automóvel moçambicano convencional, com motor localizado na parte dianteira, a
transmissão se inicia no volante do motor, sendo prolongada através da embreagem, do eixo de
transmissão, da caixa de câmbio e do diferencial até as rodas de trás.
Já quando nos referimos a automóveis com motor à frente e com tração dianteira ou com o motor
atrás e tração nas rodas de trás, temos então um sistema que dispensa o eixo transmissão sendo,
neste caso, o movimento transmitido por meio de eixos curtos.
Quando pensamos no sistema de transmissão, de maneira geral temos que este é composto por
um conjunto de 6 partes principais, são elas: a embreagem, a caixa de mudanças, a transmissão
articulada e a semi-árvore. Cada um desses componentes será respetivamente elucidado a seguir:

1. Embreagem
 Este é um componente que se situa entre o volante do motor e a caixa de câmbio. Uma das suas
funções é permitir o desligamento da energia motriz da parte restante da transmissão para serível
libertá-la do torque quando as marchas são engrenadas ou mudadas.
Dessa forma, podemos dizer que a engrenagem é um conjunto de peças, que, quando articuladas,
conseguem acoplar e desacoplar o motor do restante do sistema de transmissão. Para que isso
aconteça, o motorista necessita acionar o pedal de embreagem do veículo.

2. Caixa de mudanças
Conhecida ainda como caixa de câmbio, este é um elemento do comboio de força do veículo
entre o motor e as rodas motrizes. Também denominado caixa de marcha, trata-se de um
conjunto de elementos que permite variar, convenientemente, a relação entre o número de
rotações do motor, assim como o número de giros das rodas motrizes do veículo.

3. Transmissão articulada
É um conjunto de engrenagens de aço, responsável por transmitir o movimento de rotação da
árvore secundária, da caixa de mudanças, ao diferencial, permitindo assim a variação de ângulo e
de comprimento da transmissão, através das juntas universais e elásticas.

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4. Diferencial
É a peça responsável por transformar a velocidade originada pelo eixo, em duas velocidades
distintas. De forma resumida, isto significa que essas engrenagens se combinam, para permitir
rotações diferentes das rodas motrizes do veículo, quando esse se desloca nas curvas.

5. Semi-árvore
Também conhecida como semi-eixo, esta peça tem como principal função transmitir a rotação e
o torque do diferencial às rodas motrizes.

Funcionamento do sistema de transmissão


Agora que você já conseguiu entender quais são os principais componentes de transmissão tão
importantes para os veículos, chegou a hora de conhecer como funciona este sistema a fundo, a
partir do detalhamento do seu mecanismo de funcionamento.
Primeiro, é importante que você saiba que um sistema de transmissão pode ser tanto mecânico,
quanto automático ou automatizado. São eles que garantem estes mesmos nomes aos veículos, e
agora, você poderá entender o porquê.
De forma geral, quando o pedal de embreagem está livre, sem ser acionada pelo motorista, a
embreagem faz a conexão do motor com a caixa de mudanças. Entretanto, quando acionamos o
pedal, a embreagem acopla o motor com a caixa de mudanças.
Sendo assim, quando o motor está em movimento, para engatar as engrenagens de uma marcha, é
necessário que a caixa de mudanças esteja desacoplada do motor. Após engrenada a marcha, a
embreagem acopla lentamente a caixa de mudanças ao motor, sem causar trancos. É por este
motivo que no momento de “passar a marcha” precisamos pisar na embreagem, e ao soltá-la
devemos ter o cuidado de não realizar a conexão do motor com a caixa de mudanças de forma
brusca.
Desse modo, a caixa de mudanças recebe o movimento de rotação do motor e consegue
transmiti-lo por meio da transmissão articulada, ao diferencial na relação de velocidade que
corresponde à marcha engrenada, transmite-o às semi-árvores e as suas respetivas rodas.
Logo, se conseguíssemos resumir a sequência de transmissão do mecanismo de rotação do
motor, teríamos portanto a seguinte ordem de acionamento: primeiramente o motor, em seguida
a embreagem acopla a caixa de mudanças, passando pela transmissão articulada, que transfere
para o diferencial, finalizando o processo na semi-árvores e nas rodas motrizes.
Transmissão Mecânica
Nesse sistema a embreagem e a caixa de marcha, para transmitirem os movimentos de rotação do
motor, às rodas motrizes, são operadas pelo motorista, por meio de comandos que conjugam o
acionamento das duas.

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Transmissão mecânica convencional. 

No sistema mecânico, convencional, a transmissão dos movimentos de rotação do motor tem


início na embreagem, e continuidade através da caixa de mudanças, da transmissão articulada, do
diferencial e das semi-árvores, até às rodas motrizes 

Existe ainda o sistema de transmissão mecânico compacto, onde a embreagem e a caixa de


mudanças, para transmitirem os movimentos de rotação do motor, às rodas motrizes, também são
operadas pelo motorista, por meio de comandos que conjugam o acionamento das duas A
transmissão dos movimentos de rotação do motor, quando instalados na dianteira ou na traseira
do veículo, dispensa a utilização da transmissão articulada, sendo, neste caso, transmitidos os
movimentos por meio de árvores 

Automática 
Nesse sistema, a embreagem e a caixa de mudanças realizam automaticamente as suas funções,
sempre que se fizerem necessárias. O sistema de transmissão automática, consoante a velocidade
do veículo e o número de rotações do motor, seleciona as marchas compatíveis ao deslocamento
do veículo. Nesse sistema, o conversor de torque substitui a embreagem. A caixa de mudanças é
comandada por pressões hidráulicas. Além desse tipo de transmissão automática hidráulica,
existem outras, porém pouco usados, sendo: transmissão automática eletromagnética, por
correias e hidrostática. 

Automatizada
Uma nova alternativa em termos de caixa é a automatização (robotização) de caixas mecânicas,
trata-se de um sistema que possui uma gestão eletrónica da embreagem, permitindo que se faça
mudanças de marcha no câmbio sem acionamento de um pedal. Ex; Fiat dualogic e GM
easytronic.

Motores
Os motores são as peças-chave para o funcionamento de qualquer maquinário. Eles são os
responsáveis por acessar uma fonte de energia e convertê-las em outro tipo de meio energético
desejável. Estas peças tão vastas atualmente, já conseguiram revolucionar o comportamento da
sociedade através dos seus antepassados.
Estamos a falar da I Revolução Industrial. Foi através do desenvolvimento de motores a vapor
que o homem conseguiu realizar grandes atividades em pequenos períodos. No início do século
XVII, os cientistas Thomas Savery e Denis Papin descobriram que o calor poderia ser utilizado

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como uma fonte de energia, e construíram os motores a vapor, que funcionavam a partir do
processo de combustão externa.

A partir desta realização, novas tecnologias foram sendo desenvolvidas e aprimoradas, gerando
assim os motores automobilísticos de combustão interna. Mas antes de entrarmos nas
especificidades desta grande máquina... Você sabe o que é combustão?

A combustão, ou queima, é um processo químico que exige três componentes que se combinam.
São eles o calor, o oxigénio e o combustível.

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Para que você possa entender melhor este sistema, vai aí uma dica experimental: quando
acendemos uma vela, adicionamos uma fonte de ignição num material combustível. A fonte de
oxigénio desta combustão vem do próprio ar atmosférico, gerando assim a chama da vela.

Agora, quando utilizamos um objeto para tapar a vela, confinamos aquela combustão num
ambiente com fonte finita de oxigénio. Dessa forma, em poucos segundos, a chama da vela se
acaba, dando fim ao processo de combustão.

Com os motores de combustão interna, não é diferente. Estas máquinas são uns conjuntos de
peças mecânicas e elétricas, cuja finalidade é produzir trabalho pela força de expansão resultante
da queima da mistura de ar com combustível, no interior de cilindros fechados.

Atualmente, o mercado possui inúmeros tipos de motores de combustão interna: a gás, gasolina,
óleo diesel, querosene, álcool e movidos com outras misturas dos vários combustíveis existentes.
Eles são construídos a partir de um ou mais cilindros, sendo que os monocilíndricos estão
normalmente destinados a máquinas como motonetas, pequenas lanchas e utensílios agrícolas. Já
os policilíndricos são destinados aos automóveis.

Existem diversas classificações para os motores, inclusive a partir da sua disposição num
maquinário. Entretanto, este não é um tipo de classificação largamente utilizado para o
entendimento dos motores veiculares.

Constituição do motor de combustão interna


Nos motores de combustão interna, a transformação de energia calorífera como produto da
queima ou da explosão de uma mistura de ar e combustível é feita no interior de um dos órgãos

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da máquina. O motor de combustão interna produz movimentos de rotação por meio
de combustões dentro de cilindros fechados. As suas partes principais são:

1. Cabeçote
2. Bloco do motor
3. Conjunto móvel ou cárter

No cabeçote podemos encontrar as câmaras de combustão, onde é feita a queima da mistura de ar


e combustível. Já no bloco temos a estrutura principal do motor, onde estão agregados, entre
outros elementos, os cilindros e êmbolos; a árvore de manivelas e o Cabeçote. 

Por último, mas não menos importante, o conjunto móvel é constituído pelas bielas, êmbolos,
anéis e árvores de manivelas e pode transformar os movimentos retilíneos alternados produzidos
pelos êmbolos em rotação da própria árvore de manivelas.

Para que você consiga entender como funciona um motor, primeiro devemos elucidar como um
cilindro funciona. Logo:

A primeira coisa que você precisa ter em mente é que um cilindro precisa operar com no mínimo
duas válvulas: 1° de admissão; 2° de escapamento. 

A abertura e o fechamento dessas válvulas são feitos de forma sincronizada com os movimentos
dos êmbolos, que se repetem numa ordem determinada. Além disso, é importante que
entendamos que cada movimento do êmbolo é chamado de tempo na mecânica. 

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Atualmente, temos motores de diversos tamanhos, disposições, quantidades de cilindro e tempos.
Entretanto, neste módulo utilizaremos o motor de 4 tempos para a elucidação do funcionamento
dos motores de combustão interna. 

Cada tempo equivale a meia volta da árvore de manivela, dessa forma, um motor de 4 tempos
realiza 2 voltas completas da árvore de manivela. 

Motor de 4 tempos – Ciclo Otto


Este tipo de motor opera a partir da repetição ordenada de quatro movimentos, sendo que dos
quatro, apenas o de combustão consegue produzir trabalho. Confira:

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No primeiro tempo, denominado como Admissão, a válvula de escapamento encontra-se
fechada, enquanto a de admissão se abre progressivamente. Dessa forma, o êmbolo desloca-se do
ponto morto superior (PMS) ao ponto morto inferior (PMI), aspirando a mistura ar/combustível.
Já no segundo tempo, denominado Compressão, a válvula de admissão se fecha e a de
escapamento continua fechada. Além disso, o êmbolo inverte o seu movimento do PMS ao PMI,
comprimindo a mistura na câmara de combustão. 

Chegando no movimento responsável pelo trabalho, o de combustão, temos que as válvulas


continuam fechadas. Em adição, é neste tempo que a mistura comprimida é inflamada por uma
centelha que salta da vela de ignição. Dessa forma, é através da queima que ocorre a formação de
gases que se expandem, impulsionando o êmbolo de volta para o PMI.

Como o próprio nome sugere, o tempo de escapamento é justamente o movimento realizado


para a liberação dos gases produzidos pelo motor. Logo, a válvula de admissão fica fechada e a
de escapamento se abre, progressivamente, à medida que o êmbolo vai do PMI ao PMS,
expelindo os gases resultantes da combustão.

Esse ciclo de quatro tempos, com a combustão provocada pela centelha na vela de ignição, é
chamado Ciclo Otto e é um dos mecanismos mais utilizados nos veículos automobilísticos, tanto
em Moçambique, quanto no Mundo. 

É através de um volante localizado atrás da árvore de manivelas, que é realizada a regulagem do


funcionamento do motor. É importante ressaltar que os cilindros trabalham numa ordem de
combustão específica e o volante, por ter movimentos de inércia, vai realizar a transformação dos
impulsos que recebe num movimento contínuo. Existem inúmeros outros tipos de motores,
como, por exemplo, o ciclo diesel e os motores de dois tempos. 

Sistema de Lubrificação
Para que o motor consiga produzir, ele necessita realizar inúmeros movimentos que
proporcionam, simultaneamente, um desgaste acentuado e uma alta produção de calor. Dessa
forma, com o intuito de reduzir os danos causados pelo atrito e pela alta temperatura, os veículos
são equipados com um sistema de lubrificação do motor. É através deste sistema que
conseguimos aumentar o tempo de vida útil do maquinário, e, consequentemente, do próprio
automóvel.
Para isso, os mecânicos utilizam um óleo lubrificante que, através deste sistema, é mantido em
circulação forçada sob todos os componentes que realizam os movimentos e, como
consequência, a produção de calor e atrito. Além disso, não podemos esquecer que o sistema de

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lubrificação também auxilia outro sistema através da troca de calor: o sistema de arrefecimento.
Ele será abordado ainda neste módulo de estudo nos capítulos posteriores.
O sistema de lubrificação é composto por 6 partes principais, que possuem papéis distintos no
processo de redução do desgaste do motor. São eles:

1. Bomba de óleo
2. Filtro de óleo
3. Galerias de óleo
4. Interruptor de óleo
5. Cárter
6. Óleo lubrificante

Estes componentes serão elucidados a seguir de forma respetiva.

1. Bomba de óleo
Trata-se do componente responsável por manter a circulação forçada do óleo nas partes do motor
responsáveis pelo movimento, atingindo assim, todas as peças produtoras de atrito e calor.
Atualmente existem dois tipos de bomba de óleo: a bomba de óleo de engrenagens e a bomba de
óleo de rotor.

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A primeira delas, a bomba de engrenagens, tem o seu acionamento a partir da árvore de
manivelas, pelo comando de válvulas ou por um comando auxiliar. Nesta bomba, encontraremos
uma engrenagem fixa a um eixo, que será responsável por conferir o movimento, e outra
engrenagem móvel que causará uma depressão na entrada da bomba, bem como uma pressão na
saída. Dessa forma, o mecanismo consegue enviar o óleo sob pressão, que passará pelos
componentes e retornará através da atuação da gravidade.

Já a segunda bomba, a de óleo rotor, como o próprio nome sugere, consiste na utilização de um
rotor que deve ser instalado na parte frontal do motor, acoplado ao flange. Dessa forma, um rotor
externo deverá deslizar livremente, acionado pelo rotor interno com o giro da árvore de
manivelas.
Para isto acontecer, o rotor interno deverá possuir um dente a menos que o rotor externo, dessa
forma então, será criado um espaço, por onde o óleo é comprimido e enviado para as galerias do
motor.

Além disso, seja na bomba de óleo, rotor ou engrenagem, existem ainda dois componentes
acoplados a estes mecanismos e que funcionam como auxiliares de segurança. São eles o
manómetro e a válvula reguladora de pressão.
O manómetro é acoplado para verificar se existe algum problema com a bomba no momento de
manutenção. Enquanto a válvula é um componente fixo que controla a pressão máxima de óleo
que o motor pode suportar em segurança.

1.1. Filtro de óleo


Como qualquer filtro, a função deste componente é realizar a retenção de impurezas do óleo
lubrificante que se encontra em circulação. Este componente é normalmente instalado na lateral
do motor por um suporte, ou até mesmo no monobloco.
Ele possui 5 elementos básicos, são eles: a carcaça, a válvula de retenção, a grade metálica, o
elemento filtrante e a válvula de segurança.

A carcaça é o componente que dará o formato do filtro, são as paredes da peça que realizam o
processo de delimitação. Já a válvula de retenção do filtro é um disco e uma mola que se
encontram montados inclinados com a função de garantir que, quando o motor for desligado, o
filtro de óleo se mantenha cheio, facilitando a lubrificação para nova partida.

48
Além disso, quando falamos do seu funcionamento, assim como nos outros componentes do
motor, o óleo irá fluir da periferia para o centro do filtro através da ação da bomba de óleo. Em
seguida ele passará pelo elemento filtrante, sendo um componente fabricado com papel
impregnado de resina ou com tela, onde as partículas de sujeira ficam retidas. Dessa forma, o
óleo sai do filtro pela parte central e vai para as galerias lubrificar os componentes móveis do
motor.
Já a válvula de segurança é um componente que se encontra instalado no fundo do filtro e cuja
função é liberar a passagem de óleo para o motor, caso o elemento filtrante esteja saturado.

2. Galerias de óleo
Este é um dos componentes mais simples do sistema de lubrificação. Dessa forma, as galerias de
óleo são canais que estão presentes no bloco e cabeçote, elas visam guiar o óleo para que o
mesmo chegue aos elementos móveis do motor.

3. Interruptor de óleo 
Este componente pode ser instalado em diferentes partes do motor, como na saída da bomba de
óleo, no cabeçote ou no bloco. Além disso, ele possui a função de controlar a luz espia de
pressão de óleo no quadro de instrumentos. 

É importante salientar ainda que ele contém no seu interior um êmbolo e uma mola calibrada,
estas peças são as responsáveis por abrir um contacto elétrico quando a pressão de óleo for maior
que a força da mola. 
Além disso, para realizar o auxílio de arrefecimento do êmbolo e melhorar a lubrificação dos
cilindros, existem ainda pequenos injetores de óleo em alguns motores, que estão direcionados
para a parte inferior destes componentes. Em adição, também podemos encontrar peças como o
radiador de óleo, acoplado junto ao filtro. Ele é utilizado para realizar a circulação do fluido
refrigerante e do óleo lubrificante, por canais distintos. Estes mecanismos são utilizados para
auxiliar o sistema de arrefecimento dos motores, equilibrando a alta taxa de ar quente do sistema.

4. Cárter
O cárter é um dos componentes mais importantes do motor, pois consegue proteger os órgãos do
motor e serve como reservatório de óleo lubrificante. Ele pode ser encontrado em dois tipos, a
partir de material de aço, ou ainda, a partir de material de alumínio. O tamanho desta peça é
diretamente variável ao tamanho do motor aplicado ao veículo.

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Em alguns tipos de cárter podemos encontrar uma placa de aço interna cujo objetivo é atenuar
movimentos bruscos do óleo dentro do componente. Dessa forma, através desta peça extra, o
processo de lubrificação pode acontecer evitando a ocorrência de anormalidades no processo.

A sua fixação é realizada através do bloco do motor. A sua vedação acontece entre esses dois
componentes usando juntas de cortiça ou silicone que é um material que resiste a altas
temperaturas.

Outro ponto importante a ser entendido para o cárter é que este componente precisa ter uma
pressão uniforme do óleo no seu interior. Além disso, o cárter deve ainda eliminar vapores de
combustível, água e óleo causados devido ao funcionamento do motor. Isto é realizado por um
mecanismo denominado ventilação do cárter. 

O mecanismo de ventilação do cárter pode ocorrer tanto de maneira direta, como através da
ventilação positiva. No primeiro caso, os gases produzidos através do cárter são liberados para a
atmosfera. Esta é a opção menos sustentável do processo de ventilação.

Já o mecanismo positivo, o ar em movimento tem como função arrastar os vapores para dentro
dos cilindros, onde eles poderão ser queimados com a mistura.  Dessa forma, todos os vapores
produzidos pelo motor, que estão dentro do cárter, são reaproveitados e queimados. Esta ação
visa diminuir o índice de poluentes do motor e por este motivo é o mecanismo mais viável em
termos ambientais.

5. Óleo lubrificante
Tendo como objetivo a minimização dos danos causados pelos movimentos do motor, como o
atrito e o calor, o sistema de lubrificação tem como peça principal o material lubrificante
utilizado.

Este material é o que chamamos óleo lubrificante. Ele consiste num componente de característica
viscosa que possui a finalidade de eliminar o contacto direto entre as superfícies. 

Como você pode perceber, este material necessita de uma constituição específica para que assim,
possa cumprir com as suas demandas. Quando nos referimos às suas origens, estes materiais
podem ser: minerais, provenientes das fontes de petróleo; graxos, obtidos de fontes naturais
como animais e plantas; e por último, sintéticos, obtidos por formulações químicas realizadas em
laboratório.

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Entretanto, apesar de parecer algo simples, existem inúmeros padrões de qualidade a serem
cumpridos para o óleo no sistema de lubrificação de automóveis. 

5.1. Processos regulamentadores

Em primeiro lugar, todo óleo utilizado para lubrificar os motores automobilísticos precisam
corresponder com os requisitos estabelecidos pelas normas vigentes. 

Atualmente, existem três normas em curso no mundo que realizam este tipo de regulação e
fiscalização dos óleos lubrificantes. São elas a Society of Automotive Engineers (SAE), a
American Petroleum Institute (API), e por fim a American Society for Testing Materials
(ASTM). Elas compõem o grupo normativo americano. 

Quando um novo produto é requerido ou lançado no mercado, para que estes sejam aceites pela
indústria, primeiramente, as suas especificações técnicas e controles de qualidade devem passar
por uma avaliação rigorosa através dos comités da SAE, API e ASTM.

5.2. Classificações dos óleos lubrificantes


Além da questão normativa, os óleos lubrificantes devem ser utilizados consoante as suas
classificações. São elas as classificações referentes aos serviços destinados, e as classificações
referentes à viscosidade. 

Isto acontece, pois os motores automotivos possuem características singulares entre si. Dessa
forma, quando pensamos em utilizar um óleo lubrificante, o primeiro ponto a ser avaliado é se a
viscosidade daquele material é condizente para a função que será exercida. 

A viscosidade é a medida de resistência que um fluido possui em movimento, após sair do seu
estado de repouso. Para realizar esta medição podem ser aplicadas diversas técnicas. Entretanto,
agora o nosso foco será identificar os óleos já disponíveis no mercado. 
Segundo a SAE, a classificação dos lubrificantes para motores movidos a combustão acontece da
seguinte maneira: o óleo precisa obter a sigla SAE seguido por números com dois algarismos.
Quanto maior for o número presente no sufixo, mais viscoso será o óleo lubrificante. Por
exemplo:

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Num catálogo de óleos lubrificantes contendo SAE 10, SAE 20, SAE 30, SAE 40; o material
mais viscoso será o último da lista, pois ele apresenta o sufixo mais alto da classificação.

Agora, quando nos referimos à classificação por serviço, utilizamos a norma API. Atualmente,
em Moçambique, este é o método mais utilizado pelos mecânicos e montadoras, devido a sua
fácil compreensão.

A sua classificação se dá sempre pela sigla API seguida da letra S (que significa “service”) e
outra que vai de A até L (atualmente este é o último tipo de lubrificante apresentado ao
mercado). Quanto mais avançada for a segunda letra, melhor é o lubrificante em termos de
serviço, ou seja, atende a todos os motores fabricados até hoje. 

Dessa forma, quando pensamos num óleo de sigla API SA, sabemos que estes são produtos que
atendem a motores muito antigos e que são dificilmente encontrados no mercado. Em
contrapartida, os óleos SL possuem grande disponibilidade mercadológica e podem ser
encontrados em qualquer loja de serviços automotivos. 

Podemos relacionar estas classificações consoante os anos de produção dos motores. Confira
algumas destas classificações abaixo:
SF: de 1980 a 1989; 
SG: de 1989 a 1994; 
SH: de 1994 a 1996; 
SI: de 1996 a 1998; 
SJ: de 1998 a 2000; 
SL: de 2000 aos dias atuais

Para descobrir qual tipo de óleo utilizar no motor de um veículo, basta você acessar a
classificação presente nos seus motores. Elas podem ser encontradas nas tabelas de classificação
disponibilizadas pelo fabricante, ou até mesmo no manual do seu carro.

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UNIDADE 4

Sistema de Arrefecimento
Enquanto o sistema de lubrificação possui como demanda o controlo do atrito formado durante a
movimentação do motor, o sistema de arrefecimento tem como objetivo o controlo da
temperatura do sistema. Como você já pôde perceber, no processo de funcionamento do motor,
existe uma larga produção de calor, formada pelo sistema de combustão.
Caso esta alta temperatura não seja controlada, existirá o processo de superaquecimento no
motor com danos irreversíveis. Desta forma, o sistema de arrefecimento funciona através de dois
princípios: o primeiro, através do arrefecimento a ar, e o segundo, através do arrefecimento por
fluido. Ambos são utilizados nos automóveis brasileiros.

1. Sistema de arrefecimento a ar
Consiste na troca de calor realizado por uma válvula termostática. Para isso, o sistema de
arrefecimento precisará realizar a circulação de ar forçado no seu sistema.
Para isso, são necessários o sistema de arrefecimento a ar é composto pelos componentes:

1. Aletas
2. Tubulação
3. Turbina
4. Válvula termostática

Com o funcionamento do motor, a turbina que força o ar a circular pelo sistema é acionada,
removendo assim o excesso de calor gerado pelo seu funcionamento.
Dessa forma, neste sistema encontraremos instaladas, ao redor de todo o motor, algumas chapas
metálicas que serão responsáveis por direcionar o ar forçado a passar por todos os componentes.
De modo que, o ar é direcionado a passar pelas aletas, saliências fundidas na própria carcaça do
motor, que proporcionarão o aumento da área de contacto com o ar.
Logo, podemos perceber que a partir deste mecanismo conseguimos maior dissipação do calor.
Então, quando o motor está frio, a válvula termostática, que controla a troca de calor do motor,
permanece fechada. Já numa situação de aquecimento do motor, esta válvula causa uma abertura
para que a alta temperatura saia e o ar menos aquecido entre e circule. Assim, ocorre a circulação
para o arrefecimento do motor.
O óleo, neste sistema, possui função muito importante, devido à existência de um radiador, por
onde este circula para fazer a troca de calor 
dos componentes internos do motor. Por possuir poucos componentes, este sistema praticamente
não requer manutenção, a não ser o cuidado com a correia da turbina.
2. Sistema de Arrefecimento a Fluído

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Como o próprio nome sugere, o sistema de arrefecimento a fluído consiste na troca termostática
a partir da circulação de um fluído de arrefecimento entre o motor e o radiador.
Para isso, o controlo de temperatura é realizado por uma válvula termostática. Na fase fria do
motor, este componente tem a função de ficar fechado para facilitar o aquecimento rápido do
motor. Enquanto isso, na fase quente, a válvula termostática possui a função de permitir que o
fluído circule livremente do motor para o radiador e vice-versa. Esta abertura na válvula é gerada
pela temperatura e é extremamente importante para o bom funcionamento do motor.

Além disso, para ocorrer a circulação do fluído, é necessária a presença de uma bomba d’água.
Este componente tem a função de manter o fluido em circulação forçada pelos ductos do motor,
mangueira e radiador. É importante ressaltar que esta peça é fixada ao motor em qualquer
circunstância, seja na frente ou na lateral do maquinário.
A bomba de água é sempre acionada por uma correia, que pode ser tanto a V, a Poly V, ou a
correia dentada. 
Com o giro do eixo da bomba d’água, o rotor interno impulsiona o fluido de arrefecimento para
que ele circule e remova parte do calor do motor e se desloque para o radiador. Dessa forma, o
calor poderá ser dissipado pelo ar, proveniente do deslocamento do veículo e, também, pelo
acionamento da ventoinha.
É importante ressaltar que este componente praticamente não possui manutenção. Logo, caso
ocorra algum tipo de dano a este equipamento, como vazamento, folga dos rolamentos, barulhos
nos rolamentos, desgaste das pás do rotor e entre outros, a solução é a troca da peça.

Mecânica Preventiva
Quando falamos de mecânica, antes mesmo de entendermos a importância de cada componente,
precisamos ter em mente que é melhor “prevenir que remediar”. E este não é apenas um ditado
popular sem fundos.
Na verdade, quando nos referimos a automóveis, é sempre importante realizarmos as revisões e o
acompanhamento dos constituintes dos nossos veículos. Através deste curso, você conseguiu
perceber que os sistemas automotivos naturalmente passam por um processo de desgaste e que
isto nem sempre está relacionado com o mau uso do maquinário.
As buchas e molas têm prazo de validade, os óleos precisam ser verificados e preenchidos, os
nossos pneus precisam estar em boas condições de uso e os sensores do nosso carro devem atuar
no momento que precisarmos.
Dessa forma, conseguimos não só conservar o nosso automóvel, como garantir a nossa segurança
e a dos nossos passageiros. Antes de mais nada, devemos lembrar que um carro é uma máquina,
portanto, a sua utilização de forma incorreta pode ser perigosa.
Além disso, como futuros mecânicos devemos treinar os nossos olhos e ouvidos para
conseguirmos diagnosticar o problema na sua fase inicial. Um dos maiores percalços no setor

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automotivo, é que uma vez que identificamos um problema de forma tardia, este pode se tornar
irreversível.
Como resultado teremos uma carga de estresse grande para o dono do veículo, bem como
consequências onerosas para quem perde um constituinte do carro, ou até mesmo ele próprio
Cada sistema possui os seus pontos de sensibilidade que devem ser verificados de forma regular.
São estes pontos também que apresentam maior probabilidade de defeito, visto que, um pequeno
deslize do motorista, pode gerar grandes danos ao veículo. É o caso, por exemplo, das folgas nas
borrachas da suspensão ou dos vazamentos da caixa de mudança do sistema de embreagem.

Relacionamento com o cliente


Além das questões técnicas, um bom mecânico é, antes de mais nada, um bom empreendedor.
Isto significa que para obter uma trajetória de sucesso você deve entender os seus clientes e
fornecer um serviço de valor para eles.
Atualmente, os negócios mais rentáveis são baseados numa perspetiva de client experience, ou
seja, experiência do cliente. Esta teoria tem como premissa a ideia de que é muito mais rentável
trabalhar para manter um cliente assíduo do que implementar recursos para garantir novos
consumidores.
Dessa forma, entenda qual é o seu público alvo, quais os tipos de veículo que mais aparecem na
sua oficina? Como você, mecânico, pode oferecer um serviço de qualidade para esses clientes?
Quais aprendizados precisam ser aprimorados?
Todas essas questões podem ser elucidadas através de um diagnóstico de negócio. Para oferecer
um serviço, você precisa assegurar que os materiais necessários estão disponíveis para uso. Que
como profissional, você consegue lidar com o problema trazido a você, e além de tudo que o seu
cliente está ciente do que acontece.
De acordo com uma pesquisa realizada pela revista EXAME, cerca de 90% dos clientes de
oficinas mecânicas saem insatisfeitos com o serviço, por não entender o que acontece com o seu
veículo. Ou seja, a perspetiva daquele serviço tornou-se negativa, pois a experiência obtida pelo
cliente não foi boa.
Este problema poderia ser resolvido de maneira simples: através da transparência e da
comunicação assertiva. Isto requer paciência e empatia, portanto, são características que vão
além do seu nível de conhecimento técnico.
Como mecânico, antes mesmo de vender o seu serviço, você precisa promover a sua trajetória
profissional, suas vivências, cursos, a sua capacidade de diagnóstico e de lidar com outro
indivíduo que está-lhe a trazer um problema.
Esperamos que através deste curso, você tenha conseguido dar o primeiro passo da sua grande
caminhada. Lembre que este é apenas o começo, e que ainda existem inúmeros conhecimentos a
serem obtidos para que você possa se tornar um mecânico profissional.
Ah, e não esqueça de realizar a sua avaliação para ser possível adquirir o seu diploma. Ele é um
documento de grande valia para o seu estabelecimento no mercado de trabalho.

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CONCLUSÃO

Parabéns, aluno!
Chegamos ao final deste curso, esperamos que através dos conhecimentos compartilhados, você
tenha conseguido aprender um pouco mais sobre a mecânica automotiva e os seus principais
componentes.
Através deste módulo você conseguiu aprender um pouco mais sobre a importância da mecânica
preventiva e como ela está presente de forma efetiva nas nossas, seja como mecânico ao fornecer
um serviço, ou como motorista, ao pagar por ele. Ser um motorista consciente não é uma tarefa
fácil, mas você tomou o primeiro passo rumo ao perfil de um cidadão(à) de autoconhecimento e
responsabilidade no trânsito e nos empreendimentos.
Através deste módulo, conseguimos entender ainda como está a nossa relação com os nossos
veículos e as oportunidades geradas por ele quando o tornamos um recurso bem administrado e
cuidado.
Como profissional mecânico, você encontrará inúmeros desafios ao longo da sua trajetória.
Existirão problemas em que a resposta não estará tão clara quanto imaginávamos. Além disso,
por tratar-se de uma tecnologia em constantes mudanças, os veículos estão sempre trazendo
novas demandas para o mercado.
Portanto, a partir de agora, o seu papel é estar preparado para atender os seus clientes de forma
clara, justa e com muito conhecimento. Serão estes princípios que permitirão o seu destaque no
mercado de trabalho. E jamais esqueça: um bom empreendedor necessita adquirir a capacidade
de empatia, comunicação e estratégia de negócios, e com você isto não seria diferente.
Seja através da mecânica ou de outro setor de empreendimento, o segredo para o sucesso está
principalmente na sua capacidade de satisfazer a demanda dos seus consumidores. Dessa forma,
é do nosso mais alto desejo que você tenha finalizado este módulo com o sentimento de ser um
pouco mais sábio em relação ao seu papel como mecânico automotivo.
E caso algumas dúvidas tenham surgido durante o seu percurso, não se preocupe! Lembre-se que
este é apenas um curso básico de mecânica de automóveis, e logo você poderá obter mais
conhecimento acerca desse mundo tão vasto que são os veículos.
Mas lembre-se: este é apenas o início da sua jornada. Este módulo tem a perspetiva de te oferecer
o pontapé inicial para a busca das suas habilidades no grande universo da mecânica automotiva.
Dessa forma, para tornar-se um excelente mecânico, você deverá passar por algumas outras
experiências além das adquiridas ao longo deste curso.
Além disso, ao estudar os componentes deste módulo, você conseguiu aprender um pouco mais
sobre os seus direitos e obrigações como profissional da indústria automobilística. Logo, agora
você está mais preparado para avançar nas próximas etapas dessa formação que vai abrir
inúmeras portas na sua trajetória pessoal.
Como você já sabe, todos os nossos cursos são gratuitos e possuem certificado de conclusão. No
entanto, é necessário que você realize os exercícios dispostos neste módulo, para estar preparado
para realizar a sua avaliação final. A solicitação do certificado é permitida mediante a aprovação
dela. Não perca essa oportunidade e nem se esqueça: esse curso foi só uma etapa e você ainda
pode concluir outras com outros cursos!

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