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FACULDADE DE ENSINO REGIONAL ALTERNATIVA -

FERA EDUCAÇÃO FÍSICA - BACHAREL

CELINA MARIA PEREIRA SIMPLÍCIO

A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA COMO UM DOS ESFORÇOS PARA


GERENCIAR A ATUAL CRISE DE SAÚDE PÚBLICA MUNDIAL, COVID-19

ARAPIRACA

2021
Celina Maria Pereira Simplício

A importância da atividade física como um dos esforços para gerenciar a atual crise
de saúde pública mundial, Covid-19.
Trabalho de Conclusão de Curso (Artigo Científico)
apresentado a Faculdade de Ensino Regional Alternativa –
FERA como requisito parcial para obtenção do grau de
Educação Física – Bacharel

Orientador(a): Prof: Cristiane Kelly Aquino dos Santos

Arapiraca

2021
Celina Maria Pereira Simplício

A importância da atividade física como um dos esforços para gerenciar a atual crise
de saúde pública mundial, Covid-19.

Trabalho de Conclusão de Curso (modalidade artigo


científico) apresentado a Faculdade de Ensino
Regional Alternativa – FERA como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel Educação Física

Data da Aprovação: / /

Banca Examinadora

____________________________________________
Prof. Ma. Cristiane Kelly Aquino dos Santos
Faculdade de Ensino Regional Alternativa – FERA
(Orientadora)

____________________________________________
Prof. Ma.Douglas Henrique Bezerra Santos
Faculdade de Ensino Regional Alternativa – FERA
(Examinador)

____________________________________________
Prof. Dr. Adilson de Oliveira Silva
Faculdade de Ensino Regional Alternativa-FERA
(Examinador)
3
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA COMO UM DOS ESFORÇOS PARA
GERENCIAR A ATUAL CRISE DE SAÚDE PÚBLICA MUNDIAL, COVID-19

THE IMPORTANCE OF PHYSICAL ACTIVITY AS ONE OF THE EFFORTS TO


MANAGE THE CURRENT WORLD PUBLIC HEALTH CRISIS, COVID-19

Celina Maria Pereira Simplício1 Cristiane Kelly Aquino dos Santos2

RESUMO:

O presente trabalho teve como objetivo estabelecer seguramente a influência


benéfica da atividade física em face da atual crise de saúde pública mundial, a
pandemia do novo Coronavirus. Diante da conjuntura pandêmica a atividade física
tornou-se pauta relevante como um dos esforços para o combate do SARS-CoV-2,
tendo em vista a relação da prática regular de atividade física com o agravamento da
doença. É de senso comum os inúmeros benefícios da prática regular ao combate as
diversas comorbidades que se enquandram como fatores de risco para o
desencadeamento do estado de gravidade do novo Coronavirus, diante dessa
questão é de suma importância definirmos a relação que a atividade física tem sobre
o contexto da pandemia do Covid-19. Esta pesquisa sustenta-se em uma revisão
narrativa, na análise da literatura publicada até o momento, artigos eletrônicos e
livros, utilizando como fonte o Google acadêmico e Scielo. Buscamos enfatizar,
elucidar e atentar para a importância em manter-se ativo durante o período da
pandemia, culminando no levantamento de estudos que nos baseiam para propogar
ainda mais a importância que atividade física possui para a saúde do sujeito.

Palavras-chave: Atividade Física. Pandemia. Covid-19.

ABSTRACT:

The present study aimed to safely establish a beneficial benefit of physical


activity in the face of the current worldwide public health crisis, a pandemic of the new
Coronavirus. In view of the pandemic situation, physical activity has become a
relevant issue as one of the efforts to combat SARS-CoV-2, in view of the relationship
between regular practice of physical activity and worsening of the disease. It is
common sense to countless benefits of regular combat practice as several
comorbidities that fit as risk factors for the triggering of the new Coronavirus' state of
gravity. the context of the Covid-19 pandemic. This research is based on a narrative
review, in the analysis of the published literature so far, electronic articles and books,
using the academic Google and Scielo as a source. We seek to emphasize, clarify
and pay attention to the importance of staying active during the period of the
pandemic, culminating in the survey of studies that base us to further promote the
importance that physical activity has for the subject's health .
Keywords: Physical activity. Pandemic. Covid-19
1. INTRODUÇÃO

O coronavírus (COVID-19) teve origem na cidade de Wuhan na China no final


de dezembro de 2019 como a principal causa de pneumonia viral e se alastrou
celeremente pelo país e por todos os continentes do mundo. A Organização Mundial
da Saúde (OMS), em março de 2020, declarou o vírus SARS-CoV-2 uma pandemia
global.

A transmissão do SARS-CoV-2 ocorre principalmente a partir da disseminação


respiratória de pessoa para pessoa (pessoas em contato próximo ou através de
gotículas respiratórias produzidas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra) e,
em menor nível, do contato com pessoas contaminadas, superfícies ou objetos.
(NOGUEIRA et. al, 2018)

Segundo Nogueira et al. (2020), elucida sobre a questão das condições


clínicas como hipertensão, doenças respiratórias, cardiovasculares e metabólicas,
sendo estes fatores importantes de risco para o agravamento da covid-19.
Analisando os fatores de riscos, as pessoas com comorbidades possuem maiores
chances de risco ao óbito. Entende-se então a necessidade da propagação da
prática regular de atividade física no combate ao agravamento da doença.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou o isolamento social


como estratégia mais eficiente para evitar contaminação e mortes, visto que ainda
não se conseguiu vacinar o suficiente para contenção destes. Tornou-se necessário
medidas como o lockdown para tentar conter a curva de contaminação e com isso as
pessoas passaram a ter restrições de circulação, as atividades foram suspensas e
consequentemente tivemos a paralisação dos centros de atividades físicas, como
clubes e academias, fechados.

Tendo em vista a necessidade de isolamento a pauta dos benefícios da


prática regular de atividade física tornou-se mais enfática dentro desse contexto. Já
se é de senso comum os inúmeros benefícios que a atividade física regular traz para
a saúde de uma forma geral. Segundo Paes et. al (2017) A prática regular atribui-se
a vários mecanismos, que incluem redução da inflamação sistêmica, atividade imune
e hormonal, redução da adiposidade, ganho de massa muscular isenta de gordura,
aumento da aptidão cardiorrespiratória através da melhora do VO2 (taxa de consumo
de oxigênio) máximo, entre diversos outros.

Por outro lado, a inatividade física gera uma desorganização da homeostase


metabólica, muito por causar disfunções hormonais como a diminuição da
sensibilidade à insulina, redução da lipólise e beta oxidação muscular, sarcopenia,
osteopenia, elevação da adiposidade visceral, entre outros efeitos. (PAES et. al,
2017)

Para Ciolac e Guimarães (2004, p. 320) é preciso estabelecer a importância


da prática regular de atividades físicas nos casos de pessoas que se enquadram no
grupo de risco e que apresentam algumas patologias, como por exemplo a diabetes,
os exercícios são essenciais para estes pacientes controlarem a glicemia, pois
quando elevadas aumentam os riscos de agravamento do Covid-19, geralmente são
pacientes que apresentam comorbidades como obesidade, que também se
enquadram como fatores de riscos para agravamento do quadro.

É preciso também estabelecer a relação da prática regular de atividade física


a saúde mental. O isolamento social nos trouxe uma mudança brusca de rotina, isso
acarretou impactos na esfera da saúde mental das pessoas, de acordo com estudos
recentes houve aumento no índice de ansiedade e depressão no período da
pandemia, problemas com o sono e elevados níveis de estresse, tendo em vista o
vigente quadro social as pessoas procuraram formas para se exercitar em casa no
intuito de reestabelecer o equilíbrio do corpo e da mente.

Entende-se que a atividade física realizada de forma constante e moderada


está associada há um dos fatores basilares da saúde mental. Para a OMS
(Organização Mundial de Saúde) saúde é caracterizada como um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, não sendo apenas a ausência de doença.
Dentro desse contexto podemos caracterizar a atividade física como um condutor
não só de melhora nos aspectos fisiológicos como também nos aspectos mentais,
sendo necessário enfatizar que corpo e mente estão interligados.

Para combater o sedentarismo e melhorar a saúde física e mental o ACSM


divulgou recentemente um guia em que sugere que a atividade física (AF) de
intensidade moderada deva ser mantida no período de quarentena em função do
COVID-19, enfatizando a importância para a saúde de cada minuto fisicamente ativo.
As diretrizes, diante da situação atual, sugerem 150 a 300 minutos por semana de
atividade física aeróbica de intensidade moderada e duas sessões por semana de
treinamento de força muscular. (NOGUEIRA et. al, 2020)

2. OBJETIVO GERAL E METODOLOGIA

Esta revisão teve como intuito analisar e sintetizar evidências científicas


acerca dos efeitos da atividade física sobre a pandemia do Covid-19, relacionando a
prática regular como um dos esforços para a contenção do agravamento da doença e
como forma de prevenção e contenção das comorbidades e patologias dos grupos de
risco. Foi realizada buscas na base de dados do Google Acadêmico, Scielo, Pubmed,
periódicos e referências dos estudos selecionados. Após a análise dos dados, as
evidências foram categorizadas de acordo com: efeitos dos exercícios físico sobre o
Covid-19, efeitos dos exercícios físicos sobre as doenças no trato respiratório, o
impacto do Covid-19 em relação à inatividade física, saúde física e mental, exercícios
físicos e imunidade e recomendações de atividade física duranta a pandemia. Os
estudos apontam efeitos extremamente significativos no combate ao agravamento da
doença e na contenção das comorbidades enquadradas no grupo de risco, sendo
recomendado prática regular de forma moderada.
3. EXERCÍCIO FÍSICO X COMORBIDADES

De acordo com um estudo de Grazelli (2020) que avaliou os fatores de risco


independentes associados à mortalidade de pacientes com COVID-19 e que
necessitaram de tratamento em UTIs na região da Lombardia, Itália, verificou entre
os 3.988 pacientes analisados o que aumentava o risco de desenvolver formas mais
graves da doença. O que perceberam é que 60,5% das pessoas que morriam em
decorrência do COVID-19 tinham, pelo menos, uma comorbidade, dentre isso
isolaram fatores que tinham aumento ou diminuição do risco de morrer da doença,
constataram que caso não se tenha nenhuma comorbidade o risco de morte cai 45%,
caso possua diabetes o risco aumenta 66%, hipertensão arterial aumenta 68%,
histórico de doença pulmonar aumenta 68%, hipercolesterolemia aumenta 90%.

A maioria dos pacientes eram homens (3.188 [79,9%; IC de 95%,


78,7% -81,1%]), com uma idade mediana de 63 (IC de 95%, 62-63;
IQR, 55-69) anos. Oitocentos pacientes eram mulheres (20,1%; IC de
95%, 18,9% -21,3%]), com uma idade mediana de 64 (IC de 95%, 63-
65; IQR, 57-70) anos. O tempo médio desde o início dos sintomas até
a admissão na UTI foi de 10 (95% CI, 9-10; IQR, 6-14) dias. Mil
novecentos e noventa e oito de 3300 pacientes (60,5%; IC de 95%,
58,9% -62,2%) tinham pelo menos 1 comorbidade. A hipertensão foi a
comorbidade mais comum (1.643 [42,1%; IC de 95%, 40,5% -43,6%]),
seguida por hipercolesterolemia (545 [16,5%; IC de 95%, 15,3% -
17,8%]) e doença cardíaca (533 [ 16,2%; IC 95%, 14,9% -17,4%]).
Grazelli (2020, tradução nossa)

Um estudo de revisão da literatura que analisou os fatores de riscos


associados a mortalidade por COVID-19, constatou que o fato de se ter uma idade
avançada o risco de morrer em decorrência da doença aumentava 21%, histórico de
tabagismo aumentava 70%, diabetes tipo 2 aumentava 142%, hipertensão
aumentava 154%, doença renal aumentava 161% e o fato de ser ter doenças
cardíacas aumentava 337%. Como aponta Sepandi et al. (2020, tradução nossa)

O efeito das comorbidades no prognóstico de COVID-19 é


semelhante ao relatado para outras doenças infecciosas respiratórias,
como MERS. Hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e
doenças do sistema respiratório estavam entre as comorbidades mais
comuns em pacientes com COVID-19. As doenças como hipertensão,
diabetes, doenças do aparelho respiratório, doenças
cardiovasculares, podem estar ligadas à patogênese da COVID-19 .
Diante disso, entende-se que caso a pessoa tenha alguma doença prévia ou
comorbidades o risco de morrer pode aumentar drasticamente. Podemos então fazer
associação dessas diversas condições a fatores comportamentais, como por
exemplo, maus hábitos, alimentação ruim e sedentarismo.

No tocante aos pacientes que possuem diabetes é importante nos atermos a


questão da glicemia; de antemão é importante salientar que a questão está
relacionada ao problema que altos níveis de glicose no sangue podem acarretar, o
fato de estar elevada pode comprometer a imunidade, atuar na questão inflamatória
dentre outros efeitos. Podemos então compreender que o principal problema está no
descontrole da glicemia e não o fato em si de ser diabético.

Segundo Sánchez (2021), ao verificarem a glicemia de 11.312 pacientes ao


serem admitidos no hospital, perceberam que se tratava de um fator de risco para
óbito, sendo não necessário o paciente ser diabético, mas ser internado com a
glicemia alta, sendo constatado que o risco de ventilação mecânica e internação na
UTI se fazia maior dentro desse contexto.
Fonte: Sánchez, 2021

De acordo com o estudo de Krogan-Madsen et al (2010) que analisou pessoas


altamente ativas, que andavam cerca de 10.500 passos por dia, ao restringirem
essas pessoas a andaram apenas 1.344 passos por dia durante duas semanas,
constatou-se uma perda significante de massa muscular e a sinalização de dentro da
célula para a insulina foi prejudicada, levando a uma redução de 17% na captação de
glicose. O gráfico abaixo nos mostra o antes e depois durante essas duas semanas
de inatividade.

Fonte: Krogan-Madsen, 2010.

Se a recomendação para praticar exercícios físicos já fazia parte do


tratamento de diabéticos antes da pandemia de Covid-19, agora, com as chances de
complicações em pacientes com hiperglicemia, além do confinamento, que pode
prejudicar a manutenção de um estilo de vida mais ativo, ganha uma importância
especial. Não somente a ênfase da continuidade da prática regular de exercícios
físicos é direcionada aos diabéticos, mas também às pessoas sem patologias e
fisicamente ativas, pois o controle da glicemia está diretamente ligado ao
agravamento do covid-19. Tendo em vista os dados levantados acima podemos
depreender a problemática da inatividade física, sendo assim o exercício físico torna-
se remédio no combate ao agravamento da doença.

Outro fator de risco que é associado com a maior taxa de mortalidade devido
ao covid-19 é a hipertensão, como nos aponta os estudos acima, a chance de óbito
chega a 154%. A hipertensão está associada a diversos distúrbios, que agravam
consideravelmente o quadro de covid-19. De acordo com Tavares (2020)
Mecanismos putativos que ligam a hipertensão e a gravidade do
COVID-19. Pacientes com hipertensão são mais propensos a uma
interação viciosa entre desequilíbrio RAS, inflamação crônica de baixo
grau e atividade e expressão elevadas de DPP4. A desregulação
desses processos biológicos pode ser agravada pela infecção por
SARS-CoV-2, dando origem a uma resposta imune exacerbada que
culmina em dano / disfunção tecidual. Além disso, o dano ao órgão
final causado pela hipertensão crônica diminui a reserva
cardiovascular, à medida que surge o enrijecimento arterial, a
disfunção endotelial e a hipertrofia ventricular esquerda, levando a
processos sinérgicos que aumentam a suscetibilidade a complicações
conhecidas de COVID-19, incluindo lesão miocárdica e isquemia,
lesão pulmonar aguda

Fonte: Tavares, 2020.

4. EXERCÍCIO FÍSICO E IMUNIDADE

Além dos benefícios fisiológicos e mentais, a prática regular de exercício físico


também interfere nos parâmetros imunológicos. Porém dentro desse contexto é
necessário elucidar sobre a intensidade da prática do exercício, que influencia a
resposta imune gerada. De acordo com Lopes et al. (2016)

O exercício físico possui algumas variáveis, dentre elas a frequência do


exercício e a intensidade do mesmo. As variáveis nesse âmbito têm sido
relacionadas a diferentes efeitos na modulação da resposta desenvolvida em
diferentes sistemas e por vezes pode estar associada ao aumento da
suscetibilidade a infecções ou ao aumento da resistência a infecções. O
sistema respiratório representa uma das maiores portas de entrada para
microrganismos patogênicos apresentando grande incidência de doenças
infecciosas em atletas de elite. O exercício moderado tem sido associado a
uma proteção contra infecções respiratórias causadas por vírus e por
bactérias quando comparado ao exercício intenso, que de forma contrária,
tem sido relacionado ao aumento da suscetibilidade a essas infecções
principalmente em atletas praticantes de atividade física intensa.

Essa revisão nos apresenta os aspectos importantes sobre os efeitos


imunodulatórios do exercício físico e suas implicações em infecções do sistema
respiratório, como ilustra a figura abaixo

Fonte:Lopes; Silva; Muniz, 2016.

Mudanças geradas pelo exercício moderado, de modo geral, incluem aumento


na produção de hormônios, gerados em condições de estresse, aumento da resposta
Th2 e diminuição na resposta Th1, o que diminui a inflamação local exacerbada.
Essa resposta tem sido descrita como eficiente no controle de infecções virais no
trato respiratório superior, ao contrário do que acontece na resposta gerada pelo
exercício intenso. (LOPES; SILVA; MUNIZ; 2016)

De acordo com Guimarães; Santos; Sancto (2020, p. 379, tradução nossa)

Doses controladas de estímulos físicos, químicos ou


ambientais, com potencial para causar danos em quantidades
maiores, parecem induzir efeitos crônicos positivos em células,
tecidos, órgãos e sistemas fisiológicos. O exercício físico está
incluído neste contexto. Um dos vários argumentos para
estimular o exercício moderado e periódico refere-se à proteção
das células contra infecções causadas por microrganismos
intracelulares (por exemplo, vírus), com base no equilíbrio entre
as respostas imunes celular e humoral, com discreta prontidão
para o perfil Th1.

Outro parâmetro imunológico ligado ao exercício moderado é a lactoferrina


salivar, uma proteína importante na absorção do ferro pelo organismo que é
secretada juntamente com fluidos biológicos, como saliva, sangue, leite materno e
lágrimas. A taxa de secreção desta proteína demonstrou aumento por até 2 horas
após o exercício moderado. A lactoferrina tem um papel importante porque pode
impedir que vírus de DNA e RNA, assim como o coronavírus, formem células
infectantes, ligando e bloqueando os receptores (Gleeson et al.,2013).

5. EXERCÍCIO FÍSICO E SAÚDE MENTAL

O exercício físico tem a capacidade de reduzir de maneira similar aos


medicamentos, a depressão, a ansiedade e transtornos de humor, como nos aponta
vários estudos. Diante da conjuntura atual a questão de saúde mental se tornou
ainda mais evidente, de acordo com Barros et. al (2020)

Diante de contextos como o presente, é compreensível que os esforços


práticos e científicos estejam focados nos aspectos biológicos da doença em
questão. Todavia, o contexto pandêmico e as medidas de controle
preconizadas afetam a população em muitas dimensões das condições de
vida e de saúde e, entre elas, de forma significativa, o componente de saúde
mental. A presença de transtornos mentais, sofrimento psíquico e alterações
do sono exerce reconhecidos efeitos negativos no cotidiano e na qualidade
de saúde e de vida das pessoas, contribuindo com percentual relevante de
anos vividos com incapacidades. Transtornos mentais podem se agravar ou
constituir fatores de risco para doenças crônicas e doenças virais, além de
influenciar a adoção de comportamentos relacionados à saúde. Em períodos
de epidemias e isolamento social, a incidência ou agravamento desses
quadros tende a aumentar.

O exercício físico como um dos pilares para se manter mentalmente saudável


veio ganhando mais evidência com o passar dos anos. Embora Hipócrates, o pai da
medicina ocidental, já compreendia a inseparabilidade de corpo e mente, via o
homem como uma unidade organizada e entendia a doença como uma
desorganização deste estado, por muito tempo fomos influenciados pela medicina
cartesiana, que pautava seus estudos na dicotomia, nos levando a nos distanciarmos
dessa relação intrínseca da mente e do corpo como uma unidade. Partindo desse
pressuposto, não podemos entender o estado de saúde mental sem nos atentarmos
ao corpo e sua saúde.
Robert Whitker em seu livro Anatomia de uma Epidemia: pílulas mágicas,
drogas psiquiátricas e o aumento assombroso da doença mental, refere-se ao
exercício físico como um antidepressivo natural, além de ser uma ótima intervenção
não medicamentosa para pacientes portadores de alguns transtornos, sendo
colocado como mais efetivo até mesmo que as medicações. Whitker (2017, p. 352)

Em termos de sua eficácia a curto prazo como antidepressivo, os


estudos mostraram que o exercício físico produz uma “melhora
substancial” em seis semanas, que o tamanho do seu efeito é
“grande” e que 70% de todos os pacientes deprimidos respondem a
um programa de exercícios. “Esses índices de sucesso são realmente
notáveis”, escreveram alguns investigadores alemães em 2008. Com
o tempo, além disso, o exercício produz uma multiplicidade de
“benefícios colaterais”. Melhora a função a função cardiovascular,
aumenta a força muscular, reduz a hipertensão e aprimora o
funcionamento cognitivo. As pessoas dormem melhor, funcionam
melhor sexualmente e também tendem a se tornar mais engajadas no
plano social.

Outro fator importante são os níveis de cortisol produzidos pelo estresse


psicológico, uma forma de resposta do corpo, que dentro desse contexto pandêmico
estão sendo elevados. Uma das melhores estratégias para controle do cortisol é o
exercício físico. De acordo com Sallis; Pratt (2020)

The body’s response to psychological stress creates imbalances


between cortisol and other hor-mones that negatively affect the
immune system and inflammation. Thus, psychological stress
affects the underlying biological processes of COVID-19, and re-
storing cortisol balance is another mechanism by which physical
activity benefits immunity and inflammation.

Um estudo publicado pelo jornal de psiquiatria Frontiers, Silva et al (2020),


realizou um questionário de 12 a 14 de maio de 2020, este foi respondido por 1.154
pessoas jovens, com uma média de idade de 25 anos; perceberam um aumento de
80% na quantidade de pessoas que não faziam atividade física e nesse questionário
54% das pessoas estavam sem praticar exercícios, ao compararem os que se
mantinham ativos com os inativos, no geral, 46% das mulheres e 29% dos homens
estavam com níveis elevados de ansiedade, 60% das mulheres estavam depressivas
e 41% dos homens; o estresse estava presente em 52% das mulheres e 32% dos
homens. Ao comprarem os dois grupos perceberam que o risco de desenvolver
ansiedade era dua vezes maior para aqueles que não praticavam exercício físico.

O risco de depressão para esse grupo aumentou 2,5 vezes e o de estresse


1,75 vezes. Esse estudo apresentou que a ansiedade estava presente em 49% no
grupo dos inativos contra 32% do grupo dos que se mantinham ativos, o estresse
estava presente em 51% para os inativos contra 39% dos ativos, a depressão estava
presente em 65% no grupo dos inativos contra 43% dos que se mantinham em
atividade.

Os estudos apontam a importância em manter-se ativo durante a pandemia,


mostrando sua influência sob nosso bem-estar físico e mental, diante dessas
afirmativas podemos enaltecer a importância da atividade principalmente para os
grupos de risco, levando em conta os perigos da interrupção das práticas de
exercício físico para o desencadeamento dos transtornos de humor como também
para o agravamento das comorbidades.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto as evidências apontam a importância do incentivo e


da manutenção da prática regular de atividade física como um dos esforços
para a contenção de algumas comorbidades que se enquadram no grupo de
risco, além dos benefícios voltados para a resposta imune e saúde mental do
sujeito.

É necessário enfatizarmos o papel importante de manter-se ativo, como


nos apontam os resultados dos estudos sobre o fato do sedentarismo
acarretar maiores chances de desenvolvimento de quadros complicados
devido ao agravamento do Covid-19. Visto que a mudança do comportamento
sedentário possua influencia sobre o estado mental, torna-se importante
desenvolver métodos eficientes para a propagação do incentivo a prática
regular de atividade física, sendo este uma atuação necessária para o controle
na curva de contaminados e de quadros graves de Covid-19.

7. REFERÊNCIAS

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