Você está na página 1de 74

TÂNIA AUGUSTO NASCIMENTO

A INFLUÊNCIA DA IDADE, DA ESCOLARIDADE E


DOS HÁBITOS DE LEITURA E ESCRITA NO
DESEMPENHO DE ADULTOS E IDOSOS
SAUDÁVEIS EM TAREFAS LINGUÍSTICAS

Tese apresentada à
Universidade Federal de
São Paulo para a obtenção do
Título de Mestre em Ciências
Pelo programa de pós-graduação
em distúrbios da comunicação Humana

São Paulo
2014
TÂNIA AUGUSTO NASCIMENTO

A INFLUÊNCIA DA IDADE, DA ESCOLARIDADE E


DOS HÁBITOS DE LEITURA E ESCRITA NO
DESEMPENHO DE ADULTOS E IDOSOS
SAUDÁVEIS EM TAREFAS LINGUÍSTICAS

Tese apresentada à
Universidade Federal de
São Paulo para a obtenção do
Título de Mestre em Ciências
Pelo programa de pós-graduação
em distúrbios da comunicação Humana

Orientadora: Profa. Dra. Karin Zazo Ortiz

São Paulo
2014
Nascimento, Tânia Augusto

A influência da idade, da escolaridade e dos hábitos de leitura e escrita no


desempenho de adultos e idosos saudáveis em tarefas linguísticas/ Tânia Augusto
Nascimento -- São Paulo, 2014.
x, 63f

Tese de Mestrado - Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina.


Distúrbios da Comunicação Humana

Influence of schooling, age and reading and writing habits on langague abilities of
adults and elderly without linguistic disorders.

1. Lingaugem 2. Efeito idade 3. Esolaridade 4. Leitura

.
Universidade Federal de São Paulo
Escola Paulista de Medicina
Departamento de Fonoaudiologia

Chefe do departamento:
Profa. Dra. Maria Cecília Martinelli Iorio

Coordenadora do curso de pós-graduação:


Profa. Dra. Brasília Maria Chiari

iii
TÂNIA AUGUSTO NASCIMENTO

A INFLUÊNCIA DA IDADE, DA ESCOLARIDADE E


DOS HÁBITOS DE LEITURA E ESCRITA NO
DESEMPENHO DE ADULTOS E IDOSOS
SAUDÁVEIS EM TAREFAS LINGUÍSTICAS

Presidente da Banca:
Profa. Dra. Karin Zazo Ortiz

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Letícia Lessa Mansur

Profa. Dra. Maria Alice de Mattos Pimenta Parente

Profa. Dra. Rochele de Paz Fonseca

Profa. Dra. Gisele Sampaio Silva

iv
Dedicatória

À minha mãe, minha maior força, meu aprendizado, minha paz, que me
ensinou a sonhar o sonho sem duvidar.

Ao meu pai, meu maior carinho e semelhança, que me ensinou a ter


calma e paciência.

Ao meu irmão Marcílio, minha segurança. Que me ensinou que sonhos


existem para serem realizados.

Ao Caio e à Vitória, meus amores mais puros e sinceros, que seguem


iluminando meus caminhos com sorrisos cada vez maiores.

À fantástica Renata Alonso, uma inspiração. Um exemplo de vida a ser


seguido.

v
Agradecimentos

À Profª. Drª.Karin Zazo Ortiz pela orientação, dedicação e auxílio na realização


deste trabalho. Pelas contribuições imensuráveis na minha formação pessoal e
profissional. Por ser um exemplo. Agradeço pela confiança, por acreditar e
permitir o meu crescimento.

À equipe do Núcleo de Investigação Fonoaudiológica em Neuropsicolinguísitca


e à toda a equipe que participou da coleta da Bateria MTL-Brasil. Às
fonoaudiólogas e pesquisadoras que ao longo destes anos contribuíram tanto
com a realização desta pesquisa quanto com o meu crescimento pessoal e
profissional, em especial às fonoaudiólogas Ellen Soares Ishigaki, Juliana Lira
e Simone Barreto e também, às fonoaudiólogas Aline Fiori e Larissa Zanichelli,
agradeço pelas oportunidades de aprendizado e crescimento.

Às amigas e parceiras de trabalho, pesquisa e estudo Fernanda Chequer e


Sarah Cueva que partilharam bons momentos, dúvidas, certezas e incertezas
pessoais e profissionais. Agradeço pela amizade construída e consolidada.

Aos voluntários e participantes desta pesquisa. Obrigada por permitiram o


crescimento de profissionais e da fonoaudiologia.

Aos professores do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal


de São Paulo. Pela constante presença ao longo da minha formação. Por
terem me ensinado a praticar a profissão com amor, dedicação e ética.

Ao Paulo Gustavo, pela presença. Pela ajuda na construção das tabelas. Por
trazer racionalidade nos momentos difíceis e por simplifica-los com bom humor
e amor.

À amiga Nathália Alonso, pela parceria e amizade incontestáveis, por além de


tudo, ter contribuído com a estruturação da análise estatística.

vi
Aos amigos Cinthya Kawano e Luiz Fernando Barros, pelo apoio e auxílio na
construção do Abstract.

Às indispensáveis fonoaudiólogas e amigas Ana Laura M. Nascimento e Luana


Curti. Fontes inesgotáveis de incentivo, amor e amizade sincera. Dizer
Obrigada jamais será suficiente.

Aos amigos Ana Carolina Ximenes, César Barrera, Mariana Andrade, Daiane
Pereira, Gabriela Bueno, Gabriela Cezimbra, Gabriela Marques, Priscila
Santos, Maria Elisa Castela e Juliana Nogueira pelo apoio, incentivo, por
perdoarem distâncias e valorizarem este trabalho.

Aos meus pais, às “minhas” crianças e à minha família, pelo amor transmitido
em todos os momentos. Por permitirem e contribuírem com a minha formação.
Obrigada pela presença, mesmo durante as minhas ausências.

Aos funcionários, em especial à equipe de fonoaudiologia, pais e


principalmente às crianças do Projeto Amplitude. Sou uma pessoa e uma
profissional melhor por ter conhecido vocês.

À CAPES, pelo incentivo e apoio financeiro que tornaram possível esta


pesquisa.

vii
"O meu olhar é nítido como um girassol
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando pra direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança, se ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo... "

Alberto Caeiro

viii
Sumário

Dedicatória........................................................................................................v
Agradecimentos................................................................................................vi
Resumo...............................................................................................................x
1.INTRODUÇÃO..................................................................................................1
1.1 Justificativa..................................................................................................5
1.2.Objetivo.........................................................................................................5
2.LITERATURA...................................................................................................6
2.1 A idade, a escolaridade e os hábitos de leitura e escrita........................6
2.2 A linguagem, os processos linguísticos e a afasia..................................9
2.3 A importância do uso de instrumentos de avaliação padronizados para
avaliar indivíduos com lesão cerebral...........................................................11
3.MÉTODOS......................................................................................................14
3.1 Casuística...................................................................................................14
3.1.1 Seleção da amostra................................................................................14
3.1.2 Procedimentos........................................................................................15
3.2 Método estatístico.....................................................................................20
4.RESULTADOS...............................................................................................22
5.DISCUSSÃO...................................................................................................27
6.CONCLUSÕES...............................................................................................35
7.ANEXOS.........................................................................................................36
8.REFERÊNCIAS..............................................................................................51
Abstract
Bibliografia consultada

ix
Resumo

Objetivo: Verificar a influência das variáveis socioculturais e demográficas:


idade, escolaridade e hábitos de leitura e escrita, em adultos e idosos nos
processos linguísticos compreensão oral, emissão oral, compreensão escrita e
emissão escrita avaliados a partir de tarefas da bateria MTL-Brasil. Método:
Trata-se de um estudo retrospectivo em que foram analisados dados
originários da aplicação da bateria MTL-Brasil por este ser um instrumento
atual e com dados normativos para a população brasileira. A amostra foi
constituída por 464 indivíduos saudáveis, divididos em dois grupos de acordo
com a idade: adultos (19-59 anos) e idosos (60-75 anos); em três grupos de
acordo com a faixa de escolaridade: 5-8 anos, 9-11 anos, 12 ou mais anos de
escolaridade e em dois grupos de acordo com a pontuação obtida em um
questionário específico para verificar os hábitos de leitura e escrita: 0-13: baixa
frequência de hábitos de leitura e escrita e 14 ou mais: alta frequência de
hábitos de leitura e escrita. Resultados: Indivíduos com maior escolaridade e
maiores hábitos de leitura e escrita apresentaram melhor desempenho nas
tarefas que envolvem a compreensão oral e escrita e a emissão oral e escrita.
Como variável independente, a idade influenciou a compreensão oral. Quando
analisou-se a idade como covariante, ela mostrou-se significativa para os
processos compreensão oral e emissão escrita e não influenciou o
desempenho nos demais processos avaliados. Não foi verificada interação
entre as variáveis. Assim como a escolaridade, o aumento dos hábitos de
leitura e escrita influenciou positivamente o desempenho dos indivíduos
avaliados e hipotetizamos que ela pode exercer função neuroprotetora para o
envelhecimento. Conclusões: Foi verificada influência da idade, da
escolaridade e dos hábitos de leitura e escrita nos processos linguísticos
compreensão oral, emissão oral, compreensão escrita e emissão escrita.

x
1. INTRODUÇÃO

A linguagem é um sistema dinâmico e complexo de símbolos


convencionais utilizado de maneiras diferentes para a comunicação e para o
pensamento (Cecatto et al., 2006). É uma função cerebral complexa que
compreende diversos processos linguísticos. Os vários componentes
funcionais da linguagem interagem para constituir a função final da
comunicação verbal.
Sabe-se que os processos linguísticos envolvem ao menos
cinco parâmetros: fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático e
envolvem contextos históricos, sociais e culturais específicos. É possível
especificar tais processos, considerando na emissão oral, os níveis fonético-
fonológico/sintático-semântico e pragmático/discursivo. Enquanto que na
emissão gráfica devem ser considerados os níveis grafêmico/silábico,
lexical/sintático-semântico e pragmático/discursivo. O aprendizado e o uso da
linguagem são determinados pela interação de fatores biológicos, cognitivos,
psicossociais e ambientais.
A afasia é um quadro neurológico caracterizado por um
prejuízo adquirido da compreensão e da expressão linguísticas. Conforme
revisto e reafirmado por Fonseca (2006), Saygin (2004), Howard et al. (2010) e
Ortiz (2010) é definida como alteração adquirida da comunicação, causada por
lesão neurológica, acometendo as modalidades de produção e compreensão
da linguagem oral e escrita. Também pode ser descrita como uma alteração no
conteúdo, na forma e no uso da linguagem e de seus processos cognitivos
subjacentes. Mais especificamente, os sintomas podem incluir dificuldades de
fluência, nomeação, repetição, produção e compreensão de estruturas
gramaticais complexas tanto relacionadas à parte oral quanto escrita da
comunicação (Dronkers et al., 2007).
As afasias podem ser encontradas entre 21 a 38% dos
pacientes que sofreram Acidentes Vasculares Encefálicos (AVE), sendo mais
raramente encontradas nos pacientes pós Traumatismo Cranioencefálico
2

(TCE), em que ocorrem em cerca de 2 a 32% dos casos (Berthier, 2005; Kang
et al., 2010).
Devido à complexidade da linguagem, o termo afasia
envolve distúrbios heterogêneos, que podem ter vários ou poucos fatores em
comum (Basso et al., 2011). Desta forma, pesquisadores como Bertthier et al.
(2014), reforçam a importância não só de descrever, mas especificar os tipos
de déficits que cada indivíduo afásico pode apresentar, pois isso permitiria que
profissionais, pacientes e familiares tenham maior entendimento sobre as
dificuldades de cada indivíduo afásico.
Assim, como revisto por Soares, Ortiz (2008; 2009), faz-se
necessário especificar os prejuízos linguísticos, nos casos de lesão cerebral, e
para tanto, é essencial realizar uma avaliação capaz de verificar aspectos da
emissão e compreensão oral e escrita, incluindo em todos os parâmetros e
também funções pragmáticas e discursivas da linguagem.
Os estudos mostram que a avaliação é um importante
procedimento clínico inicial necessário para que a atuação fonoaudiológica
tenha êxito. Somente a partir de uma avaliação clínica pautada no
conhecimento e uso de uma série de ferramentas técnicas, especificamente
ligadas à comunicação humana, é possível realizar um diagnóstico funcional
referente à comunicação e seus distúrbios e elaborar um plano de tratamento
adequado (Goulart, Chiari, 2007).
Sendo assim, para garantir os achados da avaliação, o
investigador pode desenvolver seus próprios testes ou utilizar instrumentos
formais padronizados. Pagliarin et al. (2013), em sua revisão de literatura,
destacaram a importância da avaliação padronizada da linguagem em
pacientes com lesão cerebrovascular, pois ela é consideravelmente
influenciada pela idade, escolaridade e outras características socioculturais
(Radanovic, Mansur, 2002; Soares, 2007; Soares, Ortiz, 2008, Ortiz, Costa,
2011). A avaliação quantitativa e qualitativa da linguagem é essencial em
indivíduos cerebrolesados, pois auxilia no diagnóstico e principalmente no
delineamento terapêutico, além de possibilitar a compreensão de como outros
processos cognitivos podem estar alterados devido aos déficits de linguagem.
3

A influência das variáveis socioculturais e demográficas,


principalmente em um país como o Brasil, onde estas diferenças são
marcantes e podem interferir no desempenho linguístico de indivíduos com e
sem queixas linguísticas devem ser consideradas para que seja possível
analisar o comportamento da população e consequentemente, definir
parâmetros que possam ser usado na avaliação clínica de pacientes com lesão
cerebral (Soares, Ortiz, 2009).
Radanovic et al. (2004) e Mansur et al. (2006), reforçam que
para garantir a interpretação correta dos dados obtidos na avaliação clínica e
minimizar as possibilidades de resultados falso-positivos, é de extrema
importância conhecer o desempenho de indivíduos brasileiros nos testes
capazes de identificar alterações em diversos processamentos linguísticos,
obtendo-se assim, valores de referência para a população brasileira
A escolaridade vem sendo apontada como uma variável
sociodemográfica de grande importância no processamento neuropsicológico
(Parente et al., 2009) e uma das variáveis que mais influencia o desempenho
de pacientes com lesão cerebral em testes de linguagem. Portanto, torna-se
imprescindível que, diante da opção pela aplicação de testes, haja ajustes de
escores de acordo com o nível de escolaridade, principalmente quando
indivíduos com acesso limitado à escola se fazem presentes na população
(Radanovic et al., 2004). Em nosso país, caso não sejam utilizados dados
normativos adequados, corre-se o risco de considerar déficit o que na realidade
é desconhecimento ou privação cultural (Mansur et al., 2006).
Uma das principais dificuldades no uso de instrumentos de
avaliação padronizados no Brasil é que a maioria deles é composta de dados
normativos para populações de países classificados como desenvolvidos e não
abrangem as variáveis de nível educacional existentes na nossa população.
Assim, ressalta-se a importância do uso de instrumentos que verifiquem o
impacto da escolaridade em tarefas linguísticas na população brasileira.
Além da escolaridade, destaca-se que a variável idade
também pode influenciar o desempenho de indivíduos em diversos testes
(Steiner et al., 2008). Estudos indicam que há uma diferença entre o
desempenho de adultos e idosos em tarefas linguísticas, como as tarefas de
4

fluência (Silva et al., 2011; Brucki, Rocha, 2004; Acevedo et al., 2000).
Observa-se que com o avanço da idade, há um declínio nas respostas obtidas
e na pontuação dos testes que avaliam a linguagem e a cognição (Silva et al.,
2011; Wood et al., 2001), inclusive nos testes de rastreio cognitivo (Brucki et
al., 2003). A modificação no desempenho cognitivo deve ser descrita para
impedir conclusões inadequadas na avaliação, principalmente, de idosos
saudáveis.
Um maior número de estudos foi realizado para verificar a
influência da idade e da escolaridade em tarefas linguístico-cognitivas na
população brasileira (Brucki, Rocha, 2004; Brito-Marques, Cabral-Filho, 2005;
Miotto et al., 2010), porém, acredita-se que, além destas variáveis, outras
condições socioculturais também influenciam o desempenho de indivíduos em
tais tarefas. A frequência de hábitos de leitura e escrita pode ter maior
influência no desempenho cognitivo do que os anos de estudo formal (Manly et.
al., 1999; Manly et al., 2003; Pagliarin, 2013).
O estudo de Parente et al. (2012) destaca que variações nos
resultados observados em testes que avaliam o desempenho dos indivíduos,
principalmente de baixa escolaridade, em tarefas linguísticas podem estar
relacionadas aos hábitos de leitura e escrita adquiridos na vida adulta. Da
mesma forma, o estudo de Pawlowski et al. (2012) corrobora com estes
achados e reafirma que a estimulação cognitiva após o período de educação
formal é essencial, principalmente para os indivíduos com menor grau de
escolaridade e o aumento da frequência dos hábitos de leitura e escrita pode
promover uma melhora no desempenho linguístico-cognitivo tanto desta
população quanto daquela com maior grau de escolaridade (Moraes et al.,
2013).

Neste contexto, ressalta-se que o aprimoramento dos


conhecimentos sobre a interferência da idade, da escolaridade e dos hábitos
de leitura e escrita em tarefas cognitivas e em especial em tarefas linguísticas,
busca garantir o uso correto dos instrumentos de avaliação,
consequentemente, a precisão do diagnóstico e a adequação da proposta
terapêutica.
5

1.1.Justificativa

Apesar de observarmos estudos direcionados para a


população brasileira que buscaram analisar o desempenho de indivíduos
saudáveis em tarefas específicas em diferentes testes que avaliam a
linguagem e a cognição considerando a interferência da idade e da
escolaridade, há uma escassez de estudos que também verificassem a
influência dos hábitos de leitura e escrita no desempenho linguístico dos
indivíduos. Além disso, em relação à linguagem, estudos foram baseados em
tarefas e não nos processos, o que justifica este estudo.
Portanto, o presente estudo buscou analisar se as variáveis
idade, escolaridade e hábitos de leitura e escrita interferem nos processos de
compreensão e emissão oral e escrita.
Acreditamos que tal investigação também contribuirá para a
reflexão clínica e interpretação de dados de avaliação de linguagem em adultos
cerebrolesados.

1.2. Objetivo

O objetivo deste estudo foi o de verificar a influência da


idade, da escolaridade e dos hábitos de leitura e escrita, em adultos e idosos
nos processos linguísticos: compreensão oral, emissão oral, compreensão
escrita e emissão escrita avaliados a partir de tarefas da Bateria MTL-Brasil
6

2.LITERATURA

Este estudo aborda a temática da linguagem em indivíduos


adultos e idosos saudáveis, mais especificamente a caracterização do
desempenho destes indivíduos em tarefas que envolvem alguns processos
linguísticos, buscando identificar se as variáveis sociodemográficas e culturais
aqui estudadas influenciam no desempenho.
Neste capítulo desenvolveu-se o enquadramento teórico
deste estudo e analisa-se a literatura disponível para o tema. Apresenta-se
organizado em três vertentes, sendo que a primeira refere-se às três variáveis
que permeiam este trabalho: a interferência da idade, da escolaridade e dos
hábitos de leitura e de escrita no processamento cognitivo, a segunda refere-se
à linguagem, aos processos linguísticos e a afasia e a terceira à importância do
uso de instrumentos padronizados para avaliar déficits linguísticos em
indivíduos com lesão cerebral.

2.1 A idade, a escolaridade e os hábitos de leitura e escrita.

Sabe-se que efeitos cognitivos relacionados às variáveis


sóciodemográficas, como o nível educacional, são estudados em diversos
países, principalmente em locais com populações que sofrem inúmeras
desvantagens. Esta disparidade se reflete em testes de linguagem e de outras
funções cognitivas (Mansur et al., 2005).
Sabendo que o Brasil é um país com uma ampla variedade
sociocultural e demográfica, é imprescindível investigar as possíveis diferenças
linguísticas que esta variedade pode causar entre sujeitos normais para em
seguida poder utilizar tais dados na avaliação de pacientes com lesão cerebral
(Soares, Ortiz, 2009).
O Indicador Nacional de Alfabetismo (INAF), em 2011,
revelou que cerca de 6% dos brasileiros ainda estão em condição de
7

analfabetismo. Este dado reforça a importância de verificar o desempenho de


indivíduos saudáveis em tarefas linguístico-cognitivas, para além de
caracterizar o desempenho da população, evitar avaliações falso-positivas de
sujeitos cerebrolesados.
Considerando, inicialmente, a idade, na busca para verificar
a diferença de desempenho entre adultos jovens, adultos e idosos em tarefas
que avaliam a linguagem e a cognição, alguns pesquisadores desenvolveram
estudos com diferentes protocolos, baterias e testes de avaliação É possível
destacar: Rosseli, et al. (1990); Brucki, Rocha, (2004); Brito-Marques, Cabral-
Filho (2004, 2005); Van der Elst et al. (2005); Mansur et al. (2006); Rodrigues
et al. (2008); Steiner et al. (2008); Miotto et al. (2010); Salgado et al. (2011);
Silva et al. (2011); Venegas, Mansur (2011).
Ressaltando os estudos relacionados à investigação da
influência da escolaridade em tarefas que avaliam os processos linguístico-
cognitivos, é possível citar: Bertolucci et al. (1994); Brucki et al. (1997); Salazar
et al. (1998); Ardila (2000); Radanovic, Mansur (2002); Radanovic, et al. (2004);
Foss et al. (2005); Ortiz et al. (2006), Fonseca et al. (2007); Machado et al.
(2007); Soares, Ortiz (2008, 2009); Machado et al. (2009); Ortiz, Costa (2011).
Associada às variáveis já citadas, a influência dos hábitos de
leitura e escrita nas habilidades linguístico-cognitivas dos indivíduos saudáveis
também deve ser considerada, porém, os contrastes socioculturais e
demográficos encontrados na população brasileira tornam este tipo de estudo
mais complexo e escasso na literatura, conforme comentado por Mansur et al.
(2005), Parente et al. (2012) e Pawlowski et al. (2012).
A seguir, são destacados alguns estudos com forte impacto
para a clínica e para a pesquisa relacionados, principalmente, à população
brasileira.
Uma relação consistente entre baixo nível de leitura e
dificuldades de compreensão auditiva foi observada no estudo de Moreira
(2003). Esta dificuldade é agravada em situações que exigem operações
metacognitivas e metaliguísticas, como as encontradas em testes de
linguagem, que excluem a informação contextual e exigem o uso de inferências
para compreensão (Mansur et al., 2005). Neste estudo, as autoras ressaltaram
8

a necessidade de estabelecer dados normativos para grupos de idade,


escolaridade e diferentes hábitos culturais em testes linguísticos, o que foi
reforçado nos estudos de Soares, Ortiz (2008); Machado et al. (2007), Ortiz,
Costa (2011); os autores verificaram que a escolaridade interfere no
desempenho linguístico de sujeitos normais.
Em seu estudo, Parente et al. (2009) também descreveram
que os testes que avaliam os processos linguísticos são compostos por
estímulos que podem ser processados com dificuldade pela população de
baixo letramento.
As pesquisas de Mansur et al. (2006) e Miotto et al. (2010),
também avaliaram o desempenho de indivíduos da população brasileira em um
teste específico de linguagem. Seus achados vão ao encontro dos já descritos:
a idade e a escolaridade influenciam desempenho dos sujeitos. Os autores
destacaram que pode haver diferenças de resultados quando são utilizados
testes somente traduzidos ou testes traduzidos e adaptados para dada
população e que para cada versão devem ser considerados os dados
normativos adequados, o que também é ressaltado pelos estudos de Wood et
al. (2001) e Fonseca et al. (2007).
Estudos realizados com o Teste de Boston para o
Diagnóstico da Afasia (BDAE), também destacam a diferença entre a tradução
e adaptação de um instrumento de avaliação e já demonstraram que indivíduos
com baixo nível educacional apresentam diferenças de performance na maioria
das tarefas, quando comparados com sujeitos com maior acesso à educação
formal (Radanovic et al., 2002; Mansur, Radanovic, 2004; Mansur et al., 2005).
Alem das considerações acerca da escolaridade,
considerando a melhora na qualidade de vida da população e o aumento da
expectativa de vida, cada vez mais, faz-se necessário também o estudo
específico do perfil linguístico da população idosa. Com base nesta premissa e
com o objetivo de traçar o perfil linguístico-cognitivo desta população, estudos
como o de Ardila et al. (2000), Foss et al. (2005), Argimon, Stein (2005) e o de
Brito-Marques, Cabral-Filho (2005), que verificaram o desempenho desta
população em testes neuropsicológicos, e em teste de rastreio linguístico-
cognitivo, respectivamente, também tornam-se importantes. A caracterização
9

do desempenho da população idosa nessas tarefas possibilita a realização de


diagnósticos cada vez mais precoces e específicos Nitrini et al. (2005).
Considerando-se a idade e a escolaridade em adulto e
idosos, os estudos de Bertolucci et al. (1994) e Brucki et al. (2003) verificaram
maior influência da escolaridade do que do fator idade na aplicação de um
instrumento de rastreio cognitivo, o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) em
um grupo de sujeitos saudáveis da população brasileira.
O estudo de Brucki, Rocha (2004) investigou o desempenho
de adultos e idosos em tarefas de fluência. Neste estudo verificou-se a
influência da idade, da escolaridade e do gênero nesta tarefa. Neste caso,
assim como nos estudos de Machado et al. (2009) e Rodrigues et al. (2008),
que avaliaram a mesma habilidade, a escolaridade também foi a variável com
maior influência, sendo que os participantes mais jovens e mais escolarizados
apresentaram melhor desempenho na tarefa proposta. O estudo de Silva et al.
(2011), corrobora com esses trabalhos, entretanto, hipotetiza que a variável
renda também deve influenciar o desempenho dos sujeitos e deve ser
considerada em estudos futuros.
Os estudos de Lachan et al. (2010), Parente et al. (2012) e
Moraes et al. (2013), pontuam que além da idade e da escolaridade, o
desenvolvimento de hábitos de leitura e escrita na vida adulta pode influenciar
positivamente o desempenho dos indivíduos em tarefas cognitivas e
descrevem que estes fatores podem interferir principalmente na performance
dos sujeitos com baixo nível educacional. Pawlowski et al. (2012) reafirmam
estes aspectos, e ressaltam a importância de programas sociais de incentivo à
leitura e a escrita, com a expectativa de aprimorar o desempenho de indivíduos
de baixo letramento em tarefas linguístico-cognitivas. Além disso, sugerem
também que a prática de leitura e escrita pode ser adotada para sujeitos em
reabilitação cognitiva.

2.2 A linguagem, os processos linguísticos e a afasia.


10

A linguagem é um sistema complexo de símbolos e regras


que permite a comunicação, com o envolvimento de habilidades de
compreensão e expressão e, além de ser uma das funções mais complexas do
ser humano, foi alvo dos primeiros estudos da história da neuropsicologia,
sendo considerada uma função de grande importância na avaliação
neurocognitiva e que serve de intermediária para avaliar outras funções
cognitivas (Pagliarin, 2013).
Fonseca et al. (2007) e Berthier et al. (2014), em trabalhos
de revisão, descrevem que a afasia é um distúrbio de linguagem que ocorre
com maior frequência após lesão no hemisfério esquerdo; Basso, et al. (2011),
pontuam que o termo afasia está relacionado a uma prejuízo, maior ou menor,
na habilidade de utilizar a linguagem e que isto ocorre, principalmente, após
lesões cerebrais, mais comumente localizadas no hemisfério esquerdo; Soares,
Ortiz (2008), também referem que uma lesão no Sistema Nervoso Central, em
regiões específicas, pode levar a um conjunto de manifestações referentes à
linguagem que são relacionadas a um determinado quadro afásico, no entanto,
Bhogal et al. (2003), sugere que a caracterização da afasia deve ser mais
específica, e sua complexidade deve ser descrita e assim, destaca que a afasia
é um distúrbio neurológico, caracterizado por anomias, parafasias e
dificuldades de compreensão, leitura e escrita, em níveis variados.
Recentemente, Berthier et al. (2014), reforçam que alguns
pesquisadores descrevem a afasia como uma dificuldade multimodal que
envolve prejuízos nos diversos subsistemas da linguagem, mas este transtorno
não deve ser considerado somente um distúrbio específico da linguagem
porque outras habilidades cognitivas, por exemplo, atenção, memória e
funções executivas, que são essenciais para o processamento da linguagem,
também podem estar afetadas. Estudos clínicos indicam que o bom
funcionamento destas habilidades é crucial para a recuperação das habilidades
linguísticas de sujeitos afásicos.
De acordo com dados de janeiro/2012 da Associação
Nacional de Afasia/EUA, este transtorno é um dos mais incapacitantes que
podem acometer indivíduos com lesão neurológica porque pode causar uma
11

dificuldade ou ausência de habilidade comunicativa funcional e alto nível de


estresse.
Ainda considerando dados de países denominados
desenvolvidos, como os Estados Unidos da América, há números mais
específicos sobre a incidência de Afasia nos indivíduos que sofrem AVE: cerca
de 75% permanecem com sequelas de todas as naturezas (física, cognitiva,
emocional, entre outras), e, destes, 25% apresentam comprometimento
somente da comunicação (Knolmmann-Porter, 2008). No Brasil, não são
encontrados dados recentes referentes à incidência de sequelas, incluindo a
afasia pós AVE. Os achados encontrados referem-se ao perfil de pacientes
neurológicos atendidos e centros de reabilitação, como é descrito nos estudos
de Mansur et al. (2002), Ribeiro, Ortiz (2009) e Talarico et al. (2011).

2.3 A importância do uso de instrumentos de avaliação padronizados para


avaliar indivíduos com lesão cerebral.

Sendo a linguagem uma função cerebral complexa, alguns


estudos (Coltheart, 2004; Kay, Terry, 2004; Bruce, Edmundson, 2010),
questionam como avaliar e classificar os prejuízos das habilidades linguísticas
de uma pessoa com lesão cerebral, com suspeita de afasia, considerando-se
que raramente é possível comparar o desempenho do indivíduo pré e pós
lesão cerebrovascular.
A forma mais indicada de investigar as habilidades
linguistico-cognitivas é por meio de testes neuropsicológicos. Observa-se que
para a prática clínica, existe um número limitado de protocolos e testes
direcionados para a avaliação e tratamento de sujeitos afásicos (Cole-Virtue,
Nickels, 2004), principalmente no Brasil e em outros países em
desenvolvimento. Tais testes caracterizam-se pela composição de tarefas que
se propõem a mensurar um ou mais processos cognitivos (Fonseca et al.,
2011) e diferenciam-se de outras formas de avaliação, pois os testes são
capazes de distinguir habilidades linguísticas preservadas e deficitárias após
acometimento neurológico (Serafini et al., 2008).
12

No estudo de Ostrosky-Solís et al. (1999), ressalta-se a


importância de utilizar testes e procedimentos de avaliação adequados à
realidade de cada população. Os autores destacam que o uso de testes com
padrões e parâmetros elaborados para uma população diferente da avaliada
pode trazer resultados duvidosos e até falso-positivos.
As provas que, em geral, avaliam as habilidades linguísticas
realizadas predominantemente pelo hemisfério esquerdo, verificam a produção
oral e escrita e a compreensão de linguagem, falada ou lida, em vários níveis:
palavras, frases e textos (Fonseca et al., 2007; Fonseca et al., 2011).
A avaliação dos déficits de comunicação nos pacientes
portadores de lesões cerebrais é bastante complexa, envolvendo os já
mencionados aspectos de linguagem, como semântica, sintaxe e morfologia e
a interrelação com outras alterações cognitivas, como atenção e memória
(Cecatto et al., 2006).
Em seu estudo, Ortiz (1991), verificou o desempenho de
adultos no teste M1-Alpha. Neste estudo, a autora ressaltou os testes de
linguagem existentes na época. Na revisão observou-se que mesmo
considerando a especificidade de cada teste, todos buscam formas para avaliar
dos processos linguísticos: Compreensão e emissão, dividindo-os em oral e
escrita.
Azcoaga (1977), Luria (1978), já apresentavam um método
de investigação das funções linguísticas baseado, principalmente na avaliação
dos domínios linguísticos. Basso et al. (2011), realizou uma revisão para
verificar a eficácia dos tratamentos de indivíduos com a afasia e outros
distúrbios neurológicos. A revisão referente à reabilitação de pacientes afásicos
foi pautada na verificação do desempenho dos sujeitos nos testes,
considerando os processos linguísticos compreensão e emissão oral e escrita.
O estudo de Soares, Ortiz (2008), corrobora com os já
descritos, evidenciando que o uso de instrumentos padronizados pode ser de
grande auxílio para pesquisadores e clínicos. Ressalta que os testes de
avaliação de linguagem, pelo conjunto de tarefas que os compõem, permitem
identificar falhas em diversas etapas do processamento linguístico.
13

A escassez de instrumentos adaptados para realidade


linguística do Brasil, tanto para fins clínicos quanto para fins de pesquisa, torna
necessária a realização de estudos que avaliem a influência destas variáveis
na população brasileira saudável (Mansur et al., 2005; Fonseca et al., 2011).
Assim, reafirma-se que para uma avaliação eficaz é
necessário o uso de testes padronizados, que considerem as variáveis
linguísticas, sociais e culturais de cada população (Soares, Ortiz, 2009), isto
porque, estudos indicam que as habilidades linguísticas e cognitivas da
população normal sofrem influência de variáveis sociais, culturais e
demográficas (Ortiz, Costa, 2011). Desta forma, somente a partir destes testes
é possível identificar e especificar possíveis déficits nos processos linguístico-
cognitivos nos indivíduos que sofreram lesão cerebral.
Os protocolos existentes que podem ser usados para a
avaliação de sujeitos afásicos, variam de medidas funcionais da comunicação à
baterias de avaliação das habilidades linguísticas (Bruce, Edmundson, 2010). É
importante que os protocolos sejam amplamente conhecidos, especialmente
quando são usados em países com diversidades socioculturais e demográficas
(Soares, Ortiz, 2009), incluindo a relação entre idade, o número de anos de
escolaridade, com diferentes níveis de ensino atingidos e variações
importantes no uso da linguagem escrita.
14

3. MÉTODO

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa


da Universidade Federal de São Paulo (CEP número 2114/08) e da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (CEP número 09/04908) e iniciou-
se após aprovação deste e assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido pelos participantes.
Trate-se de um estudo retrospectivo em que foram
analisados dados originários da aplicação da Bateria MTL-Brasil (Parente,
Ortiz, Soares-Ishigaki, Scherer, Fonseca, Joanette, Lecours & Nespoulous, in
press) em indivíduos saudáveis. Optou-se pela utilização de dados oriundos da
aplicação desta Bateria devido a sua adaptação atual e a existência de dados
normativos para a população brasileira.

3.1 Casuística

3.1.1 Seleção da amostra

Foram selecionados para este estudo 464 indivíduos


saudáveis com idade entre 19-75 anos, denominados adultos e idosos,
seguindo os critérios da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) /
Organização Mundial da Saúde (OMS), (2013), que classifica a população com
60 anos ou mais em países em desenvolvimento como idosa.
Ainda seguindo critérios da OMS, e de estudos relacionados
(Bäckman et al., 2000), não foram selecionados para este estudo indivíduos
com mais de 75 anos devido a maior probabilidade destes indivíduos
apresentarem declínio cognitivo.
Os participantes foram distribuídos em 2 subgrupos e
divididos a partir de três níveis de escolaridade (conforme o sistema
educacional brasileiro):
15

1) 371 adultos de 19-59 anos de idade, subdivididos em 3 grupos:


1) 124 com 5-8 anos de estudo formal;
2)123 com 9-11 anos de estudo formal;
3) 124 com 12 ou mais anos de estudo formal.
2) 93 idosos com 60 anos de idade ou mais, subdivididos em 3 grupos:
1) 32 com 5-8 anos de estudo formal.
2) 30 com 9-11 anos de estudo formal;
3) 31 com 12 ou mais anos de estudo formal.
Os participantes foram selecionados em instituições
educacionais, empresas, centros de convivência e entre acompanhantes de
pacientes dos diversos ambulatórios da UNIFESP e foram avaliados
individualmente, em sala silenciosa, sem a presença de estímulos distratores e
em sessões que não ultrapassaram uma hora. Toda a avaliação foi gravada e
posteriormente transcrita para análise das respostas obtidas.
Neste estudo foram considerados critérios de inclusão:
- escolaridade mínima de 5 anos de estudo formal, sendo considerados
anos de estudo formal a soma dos anos de estudo completos. Os indivíduos
que referiram mais de 2 anos de repetência foram excluídos do estudo.
- conhecimento prévio da leitura e da escrita e ausência de distúrbios
neurológicos, psiquiátricos, cognitivos e/ou sensoriais identificados através de
questionário prévio e testes de rastreio cognitivo.
- ausência de sinais sugestivos de depressão, identificados através de
instrumento específico.

3.1.2 Procedimentos

Inicialmente, para garantir os critérios de inclusão, foi


aplicado o Questionário de dados sociodemográficos e de condições de saúde
(Fonseca et al., (2012) – (Anexo-3) que possui questões referentes aos dados
de identificação, antecedentes e hábitos de leitura e escrita. As questões
referentes aos hábitos de leitura e escrita foram classificadas e pontuadas da
seguinte forma:
16

Hábitos de leitura: divididos em 4 subitens – tipos de materiais utilizados


para leitura: revistas, jornais, livros e outros (emails, listas e chats de conversa
virtual) sendo que cada subitem recebeu pontuação 0, quando o voluntário
referiu que nunca lia, 1 quando a leitura ocorria raramente, 2, quando era
realizada uma vez por semana, 3, alguns dias da semana e 4, todos os dias,
sendo o escore máximo 16.
Hábitos de escrita: divididos em 3 subitens – tipos de materiais escritos:
textos, recados e outros (emails, listas e chats de conversa virtual), sendo cada
subitem pontuado da mesma forma como descrito para os hábitos de leitura,
com o escore máximo 12.
Para os indivíduos com escore total (soma dos escores
individuais dos hábitos de leitura e escrita) entre 1-13, adotou-se a
classificação: 1- baixa frequência de hábitos de leitura e escrita e para
indivíduos com escore acima de 14, adotou-se a classificação: 2- alta
frequência de hábitos de leitura e escrita.
O questionário foi aplicado pelo avaliador que descrevia e
assinalava as respostas dadas pelo participante, seguindo a folha de marcação
do questionário.
Para realizar o rastreio cognitivo dos sujeitos foram
aplicados os seguintes testes:
Mini Exame do Estado Mental (Folstein, 1975), seguindo o
critério estabelecido por Brucki et al, (2003), sendo utilizado os parâmetros:
Para sujeitos com escolaridade entre 5 a 8 anos – escore mínimo: 26,5;
Para sujeitos com escolaridade entre 9 a 11 anos – escore mínimo: 28;
Para sujeitos com escolaridade superior a 11 anos - escore mínimo: 29.
Teste do desenho do relógio (TDR) (Juby, Tench, Baker,
2002), considerando escore mínimo para pontuação na pesquisa 7 pontos.
Além disso, foi aplicada a Escala de Depressão – Back
Depression Inventory – BDI – versão revisada - (Beck et al., 1979; 1982);
buscando identificar sinais sugestivos de depressão, sendo o escore máximo
permitido, 18.
Os sujeitos que preencheram os critérios de inclusão,
apresentando resultados dentro da normalidade nos testes selecionados foram
17

submetidos à Bateria de Avaliação de Linguagem MTL – Brasil (Parente, Ortiz,


Soares-Ishigaki, Scherer, Fonseca, Joanette, Lecours & Nespoulous, in press)
adaptada no Brasil. Esta bateria compreende a avaliação da compreensão e
emissão oral e gráfica e cálculo mental e gráfico e é composta de 22 tarefas.
Para este estudo, considerando-se as variáveis de interesse: idade,
escolaridade e hábitos de leitura e escrita, foram selecionadas as provas
relacionadas aos processos linguísticos escolhidos para serem analisados
neste estudo: compreensão oral, compreensão escrita, emissão oral e emissão
escrita. Assim, as tarefas: Entrevista dirigida (tarefa 1), Linguagem automática
(tarefa 2), Praxias não verbais (tarefa 11), Reconhecimento de partes do corpo
e noções de direita e esquerda (tarefa 15), além de todas as tarefas que
envolvem raciocínio matemático: Ditado de números (tarefa 18), Leitura de
números (tarefa 19) e Cálculo numérico (tarefa 22), que também compõe a
Bateria MTL- Brasil, foram excluídas desta análise por não apresentarem
escores que pudessem ser analisados e comparados entre os processos
estudados neste estudo.
As tarefas, bem como os critérios de aplicação estão
descritos a seguir de acordo com a organização dos 4 processos linguísticos
considerados para esta pesquisa. A pontuação seguiu estritamente os critérios
do teste original.
1.Compreensão oral:
Tarefa 3: Compreensão oral. Este subteste envolve a
compreensão oral de palavras, frases simples e complexas, através da tarefa
de designação. Cada item correto equivale a 1 ponto, totalizado 5 pontos para
palavras e 14 para frases.
Tarefa 13: Manipulação de objetos sob ordem verbal. Nesta
tarefa são apresentados ao avaliado 5 objetos, e este deve realizar as ordens
solicitadas. São 16 ordens, distribuídas em 7 frases. Cada acerto recebe 1
ponto sendo o escore máximo deste subteste 16.
Tarefa 17: Compreensão oral do texto. O examinador realiza
a leitura de um texto curto ao avaliado e em seguida realiza perguntas sobre
este texto. Para as três perguntas iniciais a pontuação atribuída às respostas
varia de 0 a 2 pontos, pois tais perguntas dependem da emissão oral do
18

indivíduo avaliado. É atribuído 0 ponto para ausência de resposta ou resposta


incorreta, 1 ponto para resposta parcial e 2 pontos para resposta completa e
correta. As três perguntas finais possibilitam respostas do tipo “sim” ou “não”.
Desta forma, para ausência de resposta ou resposta incorreta é atribuído 0
ponto e para resposta correta, 1 ponto, sendo escore máximo deste subteste 9.
Portanto, o escore total máximo para a compreensão oral foi
de 44.
2.Compreensão escrita:
Tarefa 5: Compreensão escrita. Este subteste envolve a
compreensão escrita de palavras, frases simples e complexas, através de uma
tarefa de designação. O indivíduo deve apontar as figuras correspondentes às
palavras ou frases lidas silenciosamente. Cada item correto equivale a 1 ponto,
totalizado 5 pontos para palavras e 8 para frases.
Tarefa 21: Compreensão escrita do texto. O indivíduo
avaliado deve ler um texto curto silenciosamente e em seguida responder
perguntas sobre este texto. Para as três perguntas/respostas iniciais, a
pontuação varia de 0 a 2 pontos, pois dependem da emissão (oral ou escrita)
do indivíduo avaliado. É atribuído 0 ponto para ausência de resposta ou
resposta incorreta, 1 ponto para resposta parcial e 2 pontos para resposta
completa e correta. As três perguntas finais possibilitam respostas do tipo “sim”
ou “não”. Desta forma, por serem mais simples, atribuiu-se 0 ponto para
ausência de resposta ou resposta incorreta e 1 ponto para resposta correta,
sendo escore máximo deste subteste 9.
Considerando-se as tarefas de compreensão escrita, a
pontuação geral foi de 22 pontos.
3.Emissão oral:
Tarefa 4: Discurso narrativo oral. O indivíduo avaliado deve
narrar uma história a partir de uma figura. Inicialmente, em estudo anterior,
todos os discursos obtidos na população de indivíduos saudáveis foram
analisados pelo Software The Vantage Point para elencar as Unidades de
Informação (U.I.) mais frequentes. O Software utiliza um mecanismo de
contagem de palavras que é capaz de elencar todos os diferentes vocábulos
que apareceram nos discursos e posteriormente unir os vocábulos
19

semelhantes semanticamente para indicar quantas vezes um determinado


vocábulo ou termos semanticamente correspondentes se fez presente nos
discursos.
A partir desta análise foram identificadas as 10 palavras de
classe aberta que mais frequentemente apareceram nos discursos analisados,
tendo-se atribuindo 1 ponto para cada unidade (palavra) presente.
Também foi analisada a presença de elementos essenciais
da cena/figura. A cena do assalto é composta por 3 principais elementos. À
cada elemento da cena atribuiu-se 1 ponto, podendo-se obter de 0 a 3 pontos
nesta parte da tarefa.
Assim, o total geral desta tarefa foi de 13 pontos.
Tarefa 9: Leitura em voz alta. O avaliador apresenta
pranchas individuais de leitura e o avaliado deve ler em voz alta os estímulos
apresentados. Entre os estímulos, são encontradas 12 palavras (regulares,
irregulares, estrangeirismos e pseudopalavras) e 3 frases que somam 21 itens
(cada palavra de cada uma das frases é marcada como um item); para a leitura
correta de cada item é atribuído 1 ponto, somando 33 pontos.
Tarefa 12: Nomeação. O indivíduo é solicitado a nomear as
figuras apresentadas pelo examinador. São 15 figuras correspondentes a 12
substantivos e 3 verbos. A pontuação depende também do tempo e varia de 0
a 2: 0 ponto equivale a ausência de resposta ou resposta incorreta, 1 ponto
quando há substituição do termo alvo por correspondente semântico ou quando
a resposta é correta, porém, o tempo de resposta excede 5 segundos e 2
pontos para resposta correta em até 5 segundos, sendo o escore total 30.
A pontuação total da compreensão escrita foi de 76 pontos.
4.Emissão escrita:
Tarefa 6: Cópia. O indivíduo é instruído a copiar uma frase
simples escrita em letra de imprensa utilizando sua própria letra. Cada palavra
da frase copiada corretamente recebe 1 ponto, totalizando o escore máximo de
8 pontos.
Tarefa 7: Escrita sob ditado. O examinador realiza um ditado
de 9 palavras (dividas em: 3 regulares, 4 irregulares, 1 pseudopalavra, 1
20

estrangeirismo) e 2 frases e o indivíduo deve escrevê-las. Cada palavra escrita


corretamente recebe 1 ponto, sendo o escore máximo deste subteste 22.
Tarefa 16: Nomeação escrita. Nesta tarefa, o indivíduo
avaliado deve escrever o nome correspondente a cada uma das figuras
apresentadas. São 12 substantivos e 3 verbos. A pontuação pode variar de 0 a
2, sendo que respostas ausentes ou com erros que impossibilitem o
reconhecimento de pelo menos metade do estímulo recebem 0 ponto;
respostas com erros que permitam a identificação de pelo menos metade do
estímulo escrito corretamente recebem 1 ponto e para cada resposta correta
são atribuídos 2 pontos. O escore total deste subteste 30.
Tarefa 20: Discurso narrativo escrito. O indivíduo avaliado
deve escrever uma história a partir de uma figura. Para esta análise foram
consideradas a presença das Unidades de Informação (UI) previstas - palavras
ícones que forma identificadas em estudo prévio – sendo no total, 10, tendo-se
atribuído 1 ponto para cada unidade presente; e o número de cenas descritas,
no total 3, tendo-se atribuído 1 ponto para cada cena presente. Assim, o escore
máximo desta tarefa foi 13.
O escore total para o processo emissão escrita foi de 73
pontes.

3.2 Método Estatístico

Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística.


Para comparação de múltiplas variáveis foi utilizado o teste
de Análise da Variância (ANOVA) que é indicado quando se quer comparar 3
ou mais grupos de informações com nível de mensuração numérica, as
amostras são independentes e/ou pareadas e é desejado saber se em médias
os grupos são diferentes. Pode-se testar mais de 1 efeito com um único
modelo. Quando houve fator significante utilizamos comparações múltiplas de
Tukey.
21

Acrescentou ao estudo estatístico inicial a análise com o uso


da covariante, que visa reduzir a influência de uma variável (idade) e verificar
seu peso nos fatores principais (escolaridade e hábitos).
O nível de significância adotado foi p < 0,05.
22

4. RESULTADOS

Neste capítulo, inicialmente, são apresentados os resultados da análise da interferência da idade, da


escolaridade e dos hábitos de leitura e escrita no desempenho linguístico dos indivíduos nos processos estudados. Tais resultados
estão expostos a seguir.
Para verificar se as variáveis interferiram no desempenho linguístico de forma associada foi realizada análise
das interações.

Tabela 1 - Associação entre as variáveis idade, escolaridade e hábitos de leitura e escrita no desempenho linguístico em relação aos processos
compreensão oral, compreensão escrita, emissão oral, emissão escrita, em adultos e idosos saudáveis. Valores do teste de ANOVA
Compreensão oral Compreensão escrita Emissão oral Emissão escrita

(p-valor) (p-valor) (p-valor) (p-valor)

Idade x Escolaridade 0,1527 0,5414 0,5304 0,8074

Idade x HLE 0,6737 0,3225 0,5781 0,9533

Escolaridade x HLE 0,4422 0,2309 0,2238 0,7780

Idade x Escolaridade x HLE 0,7192 0,5381 0,5883 0,8082

Legenda: HLE- hábitos de leitura e escrita

Os valores indicam que não houve interação estatisticamente significante entre os processos estudados para nenhuma das
interações verificadas.
23

Em relação à escolaridade para verificarmos em que faixas de escolaridade o desempenho se modificou, realizamos o teste
de Tukey.

Tabela 2 – Interferência dos anos de estudo no desempenho de tarefas linguísticas para os processos compreensão oral, compreensão escrita,
emissão oral e emissão escrita em adultos saudáveis. Valores do teste de Tukey

Compreensão oral Compreensão escrita Emissão oral Emissão escrita

(p-valor) (p-valor) (p-valor) (p-valor)

(5 a 8) x (9 a 11) <0,0001* 0,0002* <0,0001* <0,0001*

(5 a 8) x (12 ou +) <0,0001* <0,0001* <0,0001* <0,0001*

(9 a 11) x (12 ou +) 0,5207 0,003* 0,0016* 0,0017*

Para os processos compreensão oral, compreensão escrita, emissão oral e emissão escrita, foi observada
interferência para todas as faixas de escolaridade.
Apenas para a variável compreensão oral, observamos que os indivíduos com escolaridade entre 5 a 8 anos se
diferenciaram do grupo com escolaridade entre 8 a 12 e com 12 ou mais anos de escolaridade, entretanto, a partir dos 8 anos de
escolaridade, os grupos não se diferenciaram.
24

Na Tabela 3, apresentamos os valores das médias e desvios-padrão dos processos linguísticos: compreensão
oral, compreensão escrita, emissão oral e emissão escrita, segundo as variáveis: idade, escolaridade e hábitos de leitura e escrita.

Tabela 3 - Valores das médias e desvios-padrão dos processos linguísticos: compreensão oral, compreensão escrita, emissão oral e
emissão escrita, segundo as variáveis: idade, escolaridade e hábitos de leitura e escrita
Compreensão oral Compreensão escrita Emissão oral Emissão escrita

Média DP p-valor Média DP p-valor Média DP p-valor Média DP p-valor

Idade <60 41,71 2,27 0,0112* 21,09 1,41 0,1205 71,04 3,48 0,3788 65,35 6,56 0,3666

>= 60 40,96 2,48 20,76 1,64 70,33 4,29 64,38 5,69

Escolaridade 5 a 8 anos 40,51 2,65 <0,0001* 20,40 1,74 <0,0001* 68,79 4,20 <0,0001* 60,46 7,86 <0,0001*

9 a 11 anos 41,69 2,07 21,08 1,45 71,35 3,03 66,14 4,04

12 ou + 42,50 1,74 21,61 0,76 72,58 2,45 68,90 2,75

HLE 0 a 13 40,85 2,70 0,0181* 20,66 1,71 0,4541 68,71 4,02 0,0155* 62,71 7,32 0,0106*

14 ou + 42,19 1,73 21,35 1,11 71,94 2,97 67,29 4,51

Legenda: HLE – Hábitos de leitura e escrita / DP – Desvio-padrão

Observamos que todas as variáveis estudadas: idade, escolaridade e hábitos de leitura e escrita, interferiram no
desempenho linguístico de pelo menos um dos processos estudados.
É possível descrever que a variável idade interferiu somente no processo compreensão oral, já a variável
escolaridade interferiu em todos os processos estudados e a variável hábitos de leitura e escrita interferiu na compreensão e na
emissão oral e na emissão escrita, não influenciando o desempenho no processo compreensão escrita.
25

Considerando a distribuição heterogênea dos indivíduos para a variável idade e em função do número de
indivíduos que compõe este grupo, foi realizada mais uma análise estatística, desta vez, considerando esta variável como
covariante. Os resultados desta análise são apresentados na tabela 4.

Tabela 4 – Valores da análise de variância (ANOVA) para as variáveis compreensão oral, compreensão escrita, emissão oral e emissão escrita
considerando a idade como covariante

Compreensão oral Compreensão escrita Emissão oral Emissão escrita

Fatores p-Valor p-Valor p-valor p-valor

Fatores Escolaridade <0.0001* <0,0001* <0,0001* <0,0001*

Principais HLE 0,0084* 0,0962 0,0102* 0,0017*

Interações Escolaridade x HLE 0,1328 0,2498 0,02868 0,6646

Covariante – idade 0,0002* 0,0945 0,1881 0,0239*

Legenda: HLE – Hábitos de leitura e escrita

Estudando-se a idade como covariante e considerando a escolaridade e os hábitos de leitura e escrita como
variáveis principais, verificamos que a idade mostrou-se uma covariante significante.
As variáveis principais escolaridade e hábitos de leitura e escrita foram significantes para os processos
linguísticos compreensão oral e emissão escrita e a interação não foi. Para a variável escolaridade, temos que o desempenho dos
indivíduos tanto na compreensão oral quanto na emissão escrita aumentam conforme aumenta a escolaridade. Para a variável
26

hábitos de leitura e escrita temos também uma melhora nos processos compreensão oral e emissão escrita quanto maior o hábito
de leitura e escrita.
Nos Anexos 5, 6, 7 e 8 são apresentadas as médias e desvios-padrão das variáveis idade, escolaridade e
hábitos de leitura e escrita em relação a cada processo linguístico estudado. Já os valores das médias e desvios-padrão das
variáveis escolaridade e hábitos de leitura e escrita considerando-se a idade como covariante para cada um dos processos
linguísticos estudados estão apresentados nos Anexos 9, 10, 11 e 12.
27

5.DISCUSSÃO

O presente estudo buscou investigar a influência das


variáveis idade, escolaridade e hábitos de leitura e escrita nos processos
linguísticos compreensão oral e escrita e emissão oral e escrita, em indivíduos
saudáveis, a partir de tarefas da Bateria MTL-Brasil.
Ressaltamos que foram verificados estudos direcionados
para a população brasileira que buscaram analisar o desempenho de
indivíduos saudáveis em tarefas específicas de diferentes testes que avaliam a
linguagem e a cognição, entretanto, foram identificados poucos estudos que
discutissem o desempenho dos indivíduos de acordo com os processos aqui
propostos. Assim, destacamos a importância de ter verificado a influência
dessas variáveis no desempenho linguístico dos indivíduos de uma maneira
global, com a intenção de tornar possível a descrição deste desempenho
considerando não somente as tarefas, mas os processos envolvidos em cada
uma delas.
Neste capítulo apresentaremos uma análise crítica dos
resultados obtidos a partir do estudo estatístico e descritos no capítulo anterior.
Tal análise tem como objetivo uma melhor compreensão do significado e
impacto dos resultados, assim como a identificação de limitações deste estudo
e recomendações para pesquisas futuras.
Inicialmente buscou-se esclarecer se havia diferença entre
os efeitos idade, escolaridade e hábitos de leitura e escrita quando eles
interagiam. Os valores da tabela 1 indicam que não houve interação
estatisticamente significante entre nenhuma das variáveis para os processos
estudados. Assim, quando analisamos as variáveis não foram observadas
mudanças no comportamento tanto dos processos compreensão oral e escrita
quanto dos processos emissão oral e escrita. Estes resultados esclarecem que
para os processos estudados, as variáveis idade, escolaridade e hábitos de
leitura e escrita representam fatores relativamente independentes, ou seja, uma
pessoa com maior idade não necessariamente possui mais anos de estudo,
assim como, uma pessoa com menor escolaridade não necessariamente
28

apresenta menores hábitos de leitura e escrita, sendo assim, um bom


desempenho em tarefas que envolvem a compreensão oral, por exemplo,
independe destas associações. .
O estudo de Ostrosky-Sólis et al. (1999) também verificou a
interação entre variáveis idade e escolaridade em tarefas linguístico-cognitivas
e seus resultados evidenciaram pouca interação estatísticamente significante
entre as variáveis. O mesmo foi destacado no estudo de Pagliarin (2013) que
verificou a interação entre idade e escolaridade considerando 27 variáveis da
bateria MTL-Brasil e a associação só foi evidenciada em três. Os achados de
ambos os estudos reforçam a nossa hipótese de que as variáveis idade,
escolaridade e também hábitos de leitura e escrita representam melhor o
comportamento dos processos linguísticos propostos quando analisadas de
forma independente.
Bertolucci et al. (1994), Brucki et al. (1997), Salazar et al.
(1998), Ardila (2000), Radanovic, Mansur (2002), Radanovic, et al. (2004), Foss
et al. (2005) e Ortiz et al. (2006) ressaltaram a importância de estudar o perfil
linguístico da população brasileira considerando os diferentes níveis de
escolaridade dos indivíduos, destacando a grande variedade sociocultural.
As pesquisas destacam que a educação formal influência de
maneira importante o desempenho de indivíduos em tarefas linguístico-
cognitivas. Recentemente estudos como os Fonseca et al. (2007), Machado et
al. (2007), Soares, Ortiz (2008, 2009), Machado et al. (2009), Ortiz, Costa
(2011) e Pagliarin (2013) verificaram que quanto maior a quantidade de anos
de estudo formal, melhor o desempenho da população nessas tarefas.
Neste trabalho, conforme é possível observar na tabela 2, a
quantidade de anos de estudos interferiu nos processos linguísticos propostos:
compreensão oral, compreensão escrita, emissão oral e emissão escrita.
Verificou-se que o desempenho dos grupos nos processos linguísticos é
melhor ou pior de acordo com a escolaridade. Os grupos diferenciaram-se
entre si, sendo que apenas para o processo compreensão oral não foi
observada diferença estatisticamente significante entre os grupos de 9-11 anos
de escolaridade e 12 ou mais anos de escolaridade. Desta forma, é possível
levantar a hipótese que para as tarefas que envolvem a compreensão oral aqui
29

propostas e avaliadas, os indivíduos com grau de escolaridade intermediário


pouco se diferenciam dos indivíduos com alto grau de escolaridade. Isto pode
ser explicado considerando que neste trabalho, as tarefas propostas para
compor o processo compreensão oral são, em sua maior parte, mais simples
do que complexas e mesmo a tarefa de compreensão oral do texto apresenta
relações com fatos que ocorrem na sociedade e que as pessoas estão
habituadas a escutar muitas vezes (roubo de carro) o que pode ter contribuído
para um melhor desempenho dos grupos e consequentemente com a não
diferenciação entre os grupos de escolaridade intermediária e alta.
De fato, tarefas de menor complexidade podem ser
facilitadas por questões contextuais e para a realização de tarefas de maior
complexidade, a influência da escolaridade fica mais evidente. Além disso,
indivíduos que completam mais de oito anos de escolaridade apresentam um
avanço nas habilidades linguístico-cognitivas, sendo que a partir deste nível
educacional, os sujeitos apresentam maior habilidade metalinguística,
mostrando-se mais aptos a utilizar e principalmente compreender estruturas
gramaticais variadas. (Pineda et al., 2000; Radanovic et al., 2004; Ortiz et al.,
2006; Soares, Ortiz, 2008; Ortiz, Costa, 2011).
Podemos hipotetizar também que em relação aos processos
estudados a compreensão oral seria aquele com maior exposição natural nas
atividades do dia-a-dia, o que poderia favorecer o desenvolvimento das
habilidades envolvidas neste processamento.
O estudo de Pagliarin (2013) obteve resultados compatíveis
aos nossos, ao estudar o desempenho de indivíduos em diversas tarefas
linguísticas da mesma Bateria. A autora verificou maiores diferenças entre o
desempenho de sujeitos de escolaridade baixa e intermediária e baixa e alta
escolaridade, enquanto que entre a escolaridade intermediária e alta os
resultados foram semelhantes.
Os dados da tabela 3 indicam de forma mais específica a
influência de cada uma das variáveis estudadas em cada processo.
Observamos nesta tabela os valores de médias e desvios-padrão dos
processos compreensão oral, compreensão escrita, emissão oral e emissão
escrita segundo as variáveis idade, escolaridade e hábitos de leitura e escrita.
30

A partir desta análise, é possível verificar que todas as


variáveis estudadas interferiram no desempenho linguístico de pelo menos um
dos processos propostos: a variável idade interferiu somente no processo
compreensão oral, já a variável escolaridade interferiu em todos os processos
estudados e a variável hábitos de leitura e escrita interferiu na compreensão e
na emissão oral e na emissão escrita, não influenciando o desempenho no
processo compreensão escrita.
A interferência da idade restrita ao processo compreensão
oral pode ser explicada por fatores que envolvem funções cognitivas como
atenção e memória operacional. Acreditamos que os idosos possam ter
apresentado falha atencional e também de memória operacional, o que pode
ter prejudicado o seu desempenho, principalmente na tarefa que envolve a
compreensão oral de texto. Considerando as tarefas analisadas neste estudo,
as mais suscetíveis à influência destas funções cognitivas são as envolvidas no
processo compressão oral.
Além disso, a não interferência da idade nos demais
processos estudados pode ser explicada pelo fato de que algumas funções
cognitivas podem manter-se estáveis ao longo do envelhecimento (Fonseca et
al., 2009; Gramaldo et al., 2012) e alguns autores referem que efeitos
relacionados à idade são mais claramente observados em populações com
mais de 75 anos (Aranciva et al., 2011).
Em relação à escolaridade, os achados deste estudo
indicam que quanto maior a quantidade de anos de estudo dos indivíduos,
melhor o seu desempenho nos processos aqui avaliados, assim é possível
hipotetizar que a escolaridade é preditiva para um bom desempenho
linguístico-cognitivo.
Os resultados desta pesquisa são semelhantes aos dos
estudos de Pineda et al. (2000), Radanovic et al. (2004), Soares, Ortiz, (2009),
Ortiz, Costa (2011) e Pagliarin (2013) que verificaram que tarefas de maior
complexidade linguística foram mais sensíveis à influência da escolaridade,
quando comparadas à influência do fator idade, principalmente nas tarefas que
envolvem compreensão e emissão escrita.
31

A literatura destaca ainda que quanto menor a idade e maior


o tempo de exposição à educação formal, melhores são os escores dos
indivíduos em tarefas linguísticas (Snitz et at., 2009; Soares, Ortiz 2009;
Pagliarin, 2013).
Em concordância com os nossos achados, Pawlowski et al.
(2012) revisaram estudos que referem que a possibilidade de ensino formal e o
aumento da experiência educacional estão correlacionadas com melhor
desempenho dos indivíduos em testes cognitivos.
Observando que a variável hábitos de leitura e escrita
mostrou importante influência em 3 dos 4 processos estudados, é possível
levantar as hipóteses de que atividades de leitura e escrita podem modificar o
perfil linguístico dos indivíduos, que maiores hábitos de leitura e escrita
também podem melhorar as habilidades linguístico-cognitivas dos sujeitos e
que além da escolaridade, tais hábitos também podem exercer função
neuroprotetora para o envelhecimento.
O estudo de Pawlowski et al. (2012) verificou a influência da
escolaridade e dos hábitos de leitura e escrita no desempenho dos indivíduos
em tarefas cognitivas. Os resultados indicaram que indivíduos com maiores
hábitos de leitura e escrita apresentaram melhores desempenhos em tarefas
cognitivas o que vai ao encontro das hipóteses aqui levantada.
Assim, podemos inferir que oportunidades de aprendizado
no trabalho ou em ambientes informais, associadas à manutenção de
estimulação cognitiva, como uso da leitura e da escrita, podem contribuir para o
desenvolvimento e aprimoramento de habilidades cognitivas dos indivíduos,
melhorando o seu desempenho em tarefas que avaliam tais funções (Lachman
et al., 2010).
Ainda na tabela 3, é possível observar que os hábitos de
leitura e escrita não influenciaram o desempenho dos sujeitos no processo
compreensão escrita. Apesar de tal resultado não ser esperado, sabe-se que a
escolaridade mínima de cinco anos pode ser suficiente para a realização de
tarefas linguísticas de baixa complexidade, considerando que neste ano
escolar os indivíduos já são capazes de interpretar textos simples e que a
tarefa mais complexa aqui proposta foi a compreensão escrita de um texto
32

simples cujo conteúdo estava relacionado com fatores contextuais e diários da


população. Além disso, para analisar o processo compreensão escrita, foram
consideradas um menor número de tarefas do que para analisar os demais
processos. Assim, é possível hipotetizar que o número de tarefas agrupadas
para avaliar tal processo foi reduzido e mostrou-se de baixa complexidade para
diferenciar os grupos.
Os dados até então discutidos referiram se houve
interferência das variáveis idade, escolaridade e hábitos de leitura e escrita no
desempenho linguístico de indivíduos saudáveis. No entanto, observando os
grupos estudados, verificamos uma maior heterogeneidade quanto a variável
idade, sendo o grupo idoso composto por um número muito inferior de
participantes. Por este motivo, decidimos estudar a influência da escolaridade e
dos hábitos de leitura e escrita considerando a idade como uma covariante e
desta forma evitar erros na interpretação dos dados.
Observando os resultados da tabela 4, evidenciamos que a
idade mostrou-se uma covariante significante para os processos compreensão
oral e emissão escrita, para os outros processos estudados, no entanto, não
foram observados valores com significância estatística. Além disso, a ausência
de interação já verificada anteriormente manteve-se mesmo quando a idade foi
colocada como covariante, o que sustenta a hipótese de que não há
associação entre tais variáveis (tabela 1).
Quando a idade foi colocada como variável (tabela 3),
observamos a sua influência somente no processo compreensão oral. Nesta
segunda análise (tabela 4), quando a idade foi colocada como um fator
secundário, ficou claro que os processos compreensão oral e a emissão escrita
aumentam conforme a escolaridade aumenta, assim como, também aumentam
conforme o aumento dos escores de hábitos de leitura e escrita.
Os resultados reforçam que a escolaridade e os hábitos de
leitura e escrita influenciam o desempenho de indivíduos saudáveis em tarefas
que envolvem um ou mais processos linguísticos aqui estudados. Apesar de já
verificado que a linguagem possa ser menos suscetível as mudanças que
podem ocorrer no envelhecimento, principalmente considerando idosos com
menos de 75 anos (Gramaldo et al., 2012), neste estudo ficou evidente que a
33

idade pode atuar como um fator ponderador e deve ser considerada na


avaliação linguístico-cognitiva tanto de sujeitos saudáveis como
cerebrolesados.

A partir do discutido e revisado, apresentamos como


limitações da pesquisa dois itens relevantes, sendo o primeiro o estudo
envolvendo a variável escolaridade. Neste trabalho optou-se por não estudar o
desempenho dos indivíduos de escolaridade inferior a 5 anos de estudo formal
porque a população com escolaridade entre 1-4 anos, apresenta-se muito
heterogênea, o que poderia interferir nos resultados. Além disso, dois dos
quatro processos linguísticos aqui estudados (compreensão e emissão escrita)
são dependentes do mínimo de escolarização. Por fim, como a literatura
internacional considera baixa escolaridade o grupo 5-8 anos de estudo,
decidimos estudar somente a população a partir desta escolaridade para
permitir que os achados desta pesquisa fossem comparados com o verificado
por estudos internacionais.
No entanto, considerando o citado no estudo de Brucki et al. (2011),
estima-se que a população de analfabetos no Brasil seja de aproximadamente
13,6% e o número de indivíduos com escolaridade de 1-4 anos, ainda faz-se
presente na população, lembrando que a distribuição destes indivíduos mostra-
se irregular entre as regiões brasileiras. Desta forma, sugere-se que para
próximas pesquisas o desempenho de tal grupo seja considerado e ainda
levando-se em conta essa heterogeneidade e irregularidade, sugere-se ainda
que tal grupo seja estudado de forma ampla, considerando o desempenho dos
indivíduos nos processos linguísticos em cada um dos anos que compõe este
grupo.
Outro item a ser destacado é a idade. Neste estudo optou-se
por não estudar a população classificada como very very old, pois para incluí-la
seria necessário selecionar um maior número de testes de rastreio cognitivo
para garantir que os indivíduos fossem cognitivamente saudáveis e mesmo
assim, haveria grande dificuldade de encontrar voluntários dispostos a
participar de todos os testes. Contudo, sabe-se que com o avanço da medicina
e de diversas áreas da saúde, a expectativa de vida da população, mesmo a de
34

países em desenvolvimento, aumenta a cada ano, com isso, e considerando


que a literatura internacional já indica que os efeitos da idade podem ser mais
observados na população acima de 75 anos, também sugerimos que esse
grupo populacional seja incluído em pesquisas futuras.
35

6. CONCLUSÕES

Foi possível verificar a influência da idade, da escolaridade e


dos hábitos de leitura e escrita nos processos linguísticos estudados.
Observou-se que indivíduos com maior escolaridade e
maiores hábitos de leitura e escrita apresentam melhor desempenho nas
tarefas que envolvem a compreensão oral, a compreensão escrita, a emissão
oral e a emissão escrita. Além disso, observou-se também que o avanço da
idade pode determinar mudanças no perfil linguístico dos sujeitos. Por fim, não
foi observada interação entre as variáveis estudadas para nenhum dos
processos propostos, o que indica que cada uma das variáveis influência os
processos estudados de forma não-associada.
36

7. ANEXOS
Anexo 1
Carta de Aprovação do Comitê de Ética - UNIFESP
37

Anexo 2
Carta de Aprovação do Comitê de Ética – UNIFESP - inclusão de
novo pesquisador
38

Anexo 3
Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,_____________________________________________________________ estou
ciente da utilização dos dados relativos ao meu desempenho na realização de pesquisa sobre
a “Adaptação do Teste MT Beta – 86 (modificado) e Performance da População Brasileira ”,
sendo garantido que a minha identificação não será divulgada.
Ficou esclarecido para mim que devo responder as questões de forma oral e escrita.
Também ficou claro que, esta pesquisa não oferece nenhum tipo de risco moral, mental
ou físico para mim.
Foi esclarecido que o tempo gasto para responder as questões é de no máximo 1 hora
e 30 minutos em cada sessão, ocorrendo em até 3 sessões.
Todos os voluntários do estudo estão sendo selecionados em hospitais e clínicas.
Ficou claro para mim que, em qualquer etapa do estudo, eu terei acesso aos
responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas, podendo encontrá-los
no Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital São Paulo ou através dos telefones 5576-4570,
5549-4329. Além disso, se eu apresentar alguma dúvida sobre a ética da pesquisa, poderei
entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), na Rua Botucatu, 572 – 1.º
andar – cj. 14 ou através do telefone 5571-1062,
fax 5539-7162 ou e-mail cepunifesp@epm.br
Também estou ciente que tenho total liberdade para retirar meu consentimento a
qualquer momento, deixando de participar do estudo sem qualquer prejuízo à continuidade de
meu tratamento na instituição.
Foi esclarecido que as informações obtidas serão analisadas em conjunto com outros
pacientes e não será divulgada a identificação de nenhum paciente.
Ficou claro para mim quais são os propósitos desse estudo, os procedimentos a serem
realizados, as garantias de confiabilidade e de esclarecimentos permanentes, que não haverá
riscos ou desconforto para mim decorrentes desta pesquisa e que não terei despesas pessoais
em qualquer fase do estudo, mas que também não haverá compensação financeira pela minha
participação.
Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, sem penalidades ou prejuízo ou qualquer benefício que
eu possa ter adquirido.

Data: ____/____/____
Assinatura do Paciente / Representante Legal

Data: ____/____/____
Assinatura da Testemunha

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste
Paciente ou Representante Legal para a participação neste estudo.

__________________________ Data: ____/____/____

Tânia Augusto Nascimento

___________________ Data: ____/____/____


Dra. Karin Zazo Ortiz
39

Anexo 4
Questionário sobre condições de saúde e aspectos sócioculturais
40
41
42
43

Anexo 5
Valores da média e desvios-padrão referentes à compreensão oral,
considerando-se as variáveis idade, escolaridade e hábitos de leitura e
escrita

Hábitos de Escolaridade
Idade leitura e
escrita 5 a 8 anos 9 a 11 anos 12 ou mais anos

Média 40,52 41,09 42,80


0 a 13 -
Desvio-padrão 2,88 2,40 1,82
baixa freq.
N 86 64 15
< 60 anos
Média 40,95 42,46 42,73
14 ou mais -
Desvio-padrão 1,94 1,42 1,37
alta freq.
N 38 59 109

Média 39,78 41,18 40,83


0 a 13 -
Desvio-padrão 3,01 2,11 3,31
baixa freq.
N 23 22 6
>=60 anos
Média 40,33 42,25 41,68
14 ou mais -
Desvio-padrão 1,66 1,16 2,25
alta freq.
N 9 8 25
44

Anexo 6
Valores da média e desvios-padrão referentes à compreensão
escrita, considerando-se as variáveis idade, escolaridade e hábitos de
leitura e escrita

Hábitos de Escolaridade
leitura e
Idade escrita

5 a 8 anos 9 a 11 anos 12 ou mais anos

Média 20,35 20,97 21,47


0 a 13 -
Desvio-padrão 1,81 1,49 0,83
baixa freq.
N 86 64 15
< 60 anos
Média 20,63 21,47 21,66
14 ou mais -
Desvio-padrão 1,48 1,01 0,76
alta freq.
N 38 59 109

Média 20,43 20,36 21,67


0 a 13 -
Desvio-padrão 1,95 1,94 0,82
baixa freq.
N 23 22 6
>=60 anos
Média 19,89 21,00 21,44
14 ou mais -
Desvio-padrão 1,54 1,77 0,71
alta freq.
N 9 8 25
45

Anexo 7
Valores da média e desvios-padrão referentes à emissão oral,
considerando-se as variáveis idade, escolaridade e hábitos de leitura e
escrita

Hábitos de Escolaridade
Idade leitura e
escrita 5 a 8 anos 9 a 11 anos 12 ou mais anos

Média 68,55 71,11 72,27


0 a 13 -
Desvio-padrão 4,23 2,58 2,37
baixa freq.
N 86 64 15
< 60 anos
Média 69,45 72,34 72,66
14 ou mais -
Desvio-padrão 3,45 2,34 2,49
alta freq.
N 38 59 109

Média 68,35 69,14 72,50


0 a 13 -
Desvio-padrão 4,97 4,53 2,88
baixa freq.
N 23 22 6
>=60 anos
Média 69,44 72,13 72,44
14 ou mais -
Desvio-padrão 5,03 2,80 2,31
alta freq.
N 9 8 25
46

Anexo 8
Valores da média e desvios-padrão referentes à emissão escrita,
considerando-se as variáveis idade, escolaridade e hábitos de leitura e
escrita

Hábitos de Escolaridade
Idade leitura e
escrita 5 a 8 anos 9 a 11 anos 12 ou mais anos

Média 59,58 65,75 67,87


0 a 13 -
Desvio-padrão 8,79 4,31 3,64
baixa freq.
N 86 64 15
< 60 anos
Média 62,39 67,19 69,36
14 ou mais -
Desvio-padrão 6,03 3,48 2,55
alta freq.
N 38 59 109

Média 59,96 64,23 67,17


0 a 13 -
Desvio-padrão 6,72 4,44 1,60
baixa freq.
N 23 22 6
>=60 anos
Média 62,00 66,88 67,96
14 ou mais -
Desvio-padrão 7,28 2,30 2,75
alta freq.
N 9 8 25
47

Anexo 9
Valores de média e desvios-padrão referentes ao processo
compreensão oral, considerando-se as variáveis escolaridade e hábitos
de leitura e escrita e a idade como covariante

Escolaridade
Hábitos de leitura e
escrita 5 a 8 anos 9 a 11 anos 12 ou mais anos

Média 40,37 41,12 42,24

0 a 13 - baixa freq. Desvio-padrão 2,91 2,32 2,43

N 109 86 21

Média 40,83 42,43 42,54


12 ou mais - alta
Desvio-padrão 1,89 1,38 1,61
freq.
N 47 67 134
48

Anexo 10
Valores de média e desvios-padrão referentes ao processo
compreensão escrita, considerando-se as variáveis escolaridade e
hábitos de leitura e escrita e a idade como covariante

Escolaridade
Hábitos de leitura e
escrita 5 a 8 anos 9 a 11 anos 12 ou mais anos

Média 20,37 20,81 21,52

0 a 13 - baixa freq. Desvio-padrão 1,83 1,63 0,81

N 109 86 21

Média 20,49 21,42 21,62


12 ou mais - alta
Desvio-padrão 1,50 1,12 0,75
freq.
N 47 67 134
49

Anexo 11
Valores de média e desvios-padrão referentes ao processo emissão
oral, considerando-se as variáveis escolaridade e hábitos de leitura e
escrita e a idade como covariante

Escolaridade
Hábitos de leitura e
escrita 5 a 8 anos 9 a 11 anos 12 ou mais anos

Média 68,50 70,60 72,33

0 a 13 - baixa freq. Desvio-padrão 4,38 3,28 2,46

N 109 86 21

Média 69,45 72,31 72,62


12 ou mais - alta
Desvio-padrão 3,73 2,38 2,45
freq.
N 47 67 134
50

Anexo 12
Valores de média e desvios-padrão referentes ao processo emissão
escrita, considerando-se as variáveis escolaridade e hábitos de leitura e
escrita e a idade como covariante

Grupo de Anos de Estudo

Escore de hábitos 5 a 8 anos 9 a 11 anos 12 ou mais anos

Média 59,66 65,36 67,67

0 a 13 - baixa freq. Desvio-padrão 8,37 4,37 3,17

N 109 86 21

Média 62,32 67,15 69,10


12 ou mais - alta
Desvio-padrão 6,21 3,35 2,64
freq.
N 47 67 134
51

8. REFERÊNCIAS

Acevedo A, Loewenstein DA, Barker WW, Harwood DG, Luis C, Bravo M,


Hurwitz DA, Aguero H, Greenfield L & Duara R. Category fluency test:
normative data for English - and Spanish speaking elderly. Journal of the
International Neuropsychological Society, 2000; 6: 760-769.

Almeida LMS, Ortiz KZ, Oura MO, Onoda RM, Araújo AA. Afasia: correlações
entre as manifestações descritas e o diagnóstico de neuroimagem. Fono-atual.
2003; 19-28.

American Speech-Language-Hearing Association (ASHA). Definition of


Language. ASHA,1983;25(6):44.

Aranciva F, Casals-Coll M, Sánchez-Benevides G, Quintana M, Manero RM,


Rognoni T, Calvo L, Palomo R, Tamayo F, Peña-Casanova J. Spanish
normative estudies in Young adult population (neuronorma youg Project):
Norms for the Boston Naming Test and the Token Test. Neurologia, 2012;
27:394-399.

Ardila A, Cognitive evaluation in illiterate persons. Rev Neurol. 2000; 30(5):465-


468.

Ardila A, Ostrosky-Solı´s F, Rosselli M, Gomez C. Age related cognitive decline


during normal aging: The complex effect of education. Archives of Clinical
Neuropsychology, 2000; 15(6), 495–513.

Argimon IIL, Stein LM.Habilidades cognitivas em indivíduos muito idosos: um


estudo longitudinal. Cad. Saúde Pública. 2005; 21(1):64-72.
52

Basso A, Cattaneo S, Girelli L,Luzzatti C, Miozzo A, Modena L, Monti A


.Treatment efficacy ok language and calculation disorders and speech apraxia:
a review of the literature. EUR J Phys Rehabil Med. 2011; 47: 101-21.
Berthier ML. Poststroke aphasia: epidemiology, pathophysiology and treatment.
Drugs Aging. 2005; 22(2):163-82.

Berthier ML, Dávila G, García-Casares N, Moreno-Torres I. Post-Stroke


Aphasia. In: Schweizer TA, Macdonald RL. The Behavioral Consequences of
Stoke. Springer New York, 2014; 95-117. Disponível em:
http://link.springer.com/chapter/10.1007/978-1-4614-7672-6_6

Bertolucci PHF, Brucki SMD, Camacci SR, Juliano Y. O mini-exame do estado


mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arquivos de
neuropsiquiatria. 1994; 1-7.

Bhogal SK, Teasell R, Speechley M. Intensity of Aphasia therapy, impact on


recovery. Stroke. 2003; 34: 987-993.

Bramao I, Mendonça A, Faísca L, Ingvar M, Petersson KM, Reis A. The impact


of reading and writing skills on a visuo-motor integration task: A comparison
between illiterate and literate subjects. Journal of the International
Neuropsychological Society, 2007; 13(2), 359–364.

Brito-Marques PR, Cabral-Filho JE. The role of education in Mini-Mental State


Examination: a study in Brazil Northeast. Arq Neroupsiquiatr. 2004; 63(3A);
583-587.

Brito-Marques PR, Cabral-Filho JE. Influence of age and schooling on the


performance in a modified Mini-Mental State Examination Version. A study in
Brazil Northeast. Arq Neroupsiquiatr. 2005; 62(2A); 583-587.

Bruce C, Edmundson A.Letting the CAT out of the bag: A review of the
Comprehensive Aphasia Test. Commentary on Howard, Swinburn, and Porter,
53

“Putting the CAT out: What the Comprehensive Aphasia Test has to offer”,
Aphasiology, 2010; 24(1): 79-93

Brucki SMD, Malheiros SMF, Okamoto IH, Bertolucci PHF. Dados normativos
para o teste de fluência verbal categoria animais em nosso meio [Normative
data for the animals category verbal fluency test in our environment]. Arq
Neuropsiquiatr. 1997;55(1):56-61.

Brucki MDS, Nitrini R, Caramelli R, Bertolucci PH, Okamoto IH. Sugestões para
o uso do Mini-Exame do Estado Mental no Brasil. Arq neropsiquiatr.2003;
61(3b)777-781.

Brucki SMD, Rocha MSG, Category of fluency test: effects of age, gender and
education on total scores, clustering and switching in Brazilian-portuguese-
speaking subjects. Braz J Med Biol Res. 2004; 37(12):1771-1777.

Brucki SMD, Mansur, LL, Carthery, MT, NIitrini R. Formal education, health
literacy and Mini-Mental State Examination. Dementia & neuropsychologia.
2011; 5: 26-30.

Capovilla AGS. Desenvolvimento e validação de instrumentos


neuropsicológicos para avaliar funções executivas. Avaliação Psicológica 2006;
5(2): 239-341.

Cecatto RB, Jucá SH, Nacarato MI, Maeda FRG, Prieto FF. Communication
and language disorders of patients with acquired brain injuries. A retrospective
and descriptive study. ACAT FISIATR. 2006; 13(3): 136-146.

Coltheart M. PALPA: What next?, Aphasiology. 2004; 18(2): 181-183.

Cole‐Virtue J, Nickels L. Spoken word to picture matching from PALPA: A


critique and some new matched sets, Aphasiology. 2004; 18(2): 77-102
54

Di Pierro MC. Decentralization and partnership: an assessment of the education


of youngsters and adults in the Brazilian educational reform. Educação e
Pesquisa 2004; 27: 322-337.
Diniz LFM, Cruz MF, Torres VM, Cosenza RM. O teste auditivo-verbal de Rey:
normas para uma população brasileira [The Rey auditory-verbal learnig test:
norms for a braziliam sample]. Revista brasileira de neurologia 2000; 36(3): 79-
83.

Dronkers NF, Plaisant O, Iba-Zizen MT, Cabani EA. Paul Broca´s historic
cases: high resolution MIR imagingof the brains of Leborgne and Lelong.
Brain.2007;130:1432-1441.DOI: 10.1093.

Finlayson MA, Johnson KA, Reitan RM. Relationship of level of education to


neuropsychological measures in brain-damaged and non-brain damaged adults.
J Consult Clin Psychol. 1977; 45(4): 536-42.

Folstein MF, Folstein SE, McHugh PR. Mini-mental state. A practical method for
grading the cognitive state of patients for the clinician. Journal of Psychiatric
Research. 1975; 12 (3): 189–98. DOI:10.1016/0022-3956(75)90026-6.

Fonseca RP. Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação: estudos teóricos,


sócio-demográficos, psicométricos e neuropsicológicos. Tese de Doutorado,
2006; Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Instituto de
Psicologia.

Fonseca RP, Parente MAMP, Côtè H, Joanette Y. Processo de adaptação da


Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação -Bateria MAC- ao português
brasileiro.Psicologia: Reflexão e Crítica. 2007; 20(2):259-267.

Fonseca RP, Casarin FS, Oliveira CR, Gindri G, Soares-Ishigaki ECS, et al..
Adaptação de instrumentos neuropsicológicos verbais: um fluxograma de
procedimentos para além da tradução. Interação em Psicologia. 2011; 15:59-
69.
55

Foss MP, Vale FAC, Speciali JG. Influência da escolaridade na avaliação


neuropsicológica de idosos: aplicação e análise dos resultados da Escala de
Mattis para avaliação da demência (Mattis Dementia Rating Scale – MDRS).
Arq Neuropsiquiatr. 2005; 63(1): 119-126.

Gramaldo AA, An Y, Allaire JC, Kitner-Triolo MH, Zoderman AB. Variability in


performance: Identifying early signs of future cognitive impairment.
Neuropsycohlogy. 2012; 26: 534-540.

Goulart BNG, Chiari BM. Avaliação clínica fonoaudiológica, integralidade e


humanização: perspectivas gerais e contribuições para reflexão. Revista da
Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia 2007; 12(4): 335-340.

Howard D, Swinburn K, Porter G.Putting the CAT out: What the Comprehensive
Aphasia Test has to offer. Aphasiology, 2010; (24):1, 56-74.

Indicador de Alfabetismo Funcional – INAF Brasil 2011.


http://www.ipm.org.br/download/informe_resultados_inaf2011_versao%20final_
12072012b.pdf.

Juby A, Tench S, Baker V. The value of clock drawing in identifying executive


cognitive dysfunction in people with normal Mini-Mental State Examination
score. Canadian Medical Association or its licensors. 2002; 167 (8): 859-864.

Kang EK, Sohn HM, Han M-K, Kim W, Han TR, Paik N-J. Severity of post-
stroke aphasia according to aphasia type and lesion location in Koreans. J
Korean Med Sci. 2010; (25):123-7.

Kay J, Terry R.Review Ten years on: Lessons learned from published studies
that cite the PALPA. Aphasiology. 2004; 18(2): 127-151.

Kolmmann-Porter.Acquired Apraxia of speech: a review. Topics in stroke


rehabilitation. 2008; 488-493.
56

Lachman ME, Agrigoroaei S, Murphy CMA, Tun PA. Frequent cognitive activity
compensates for education differences in episodic memory. American Journal
of Geriatric Psychiatry. 2010; 18(1): 04–10.

Leccours AR, Mehler J, Parente MAMP et al.. A contribution to the study of


speech and language disorders in illiterates with unilateral damage (initial
testing). Neuropsychologia. 1988; 575-589.

Leccours AR, Mehler J, Parente MAMP et al.. Illiteracy and brain damage – 1
Aphasia testing in culturally contrasted population (control subject).
Neuropsychologia. 1987; 321-451.

Machado O, Correia SM, Mansur L L. Desempenho de adultos brasileiros na


prova semântica: efeito da escolaridade. Pró-Fono Ver de atual Científica.
2007; 19(3): 289-294.

Machado TH, Fichman HC, Santos EL, Fialho PP, Koenig AN, Fernandes CS,
Lourenço RA, Paradela EMP, Caramelli P. Normative data for healthy elderly
on the phonemic verbal fluency task-FAS. Dementia & neuropsychologia. 2009;
3(1):55-60.

Manly JJ, Jacobs DM, Sano M, Bell K, Merchant CA, Small AS et al. Effects of
literacy on neuropsychological test performance in nondemented education
matched elders. J Inter Neuropsychol Soc. 1999; 5: 191-202.

Manly JJ, Touradji P., Tang MX, Stern Y. Literacy and Memory decline among
ethnically diverse elders. J Clin Experim Neropsychol. 2003; 25:680-90.

Mansur LL, Radanovic M, Rüegg D, Mendonça LIZ, Scaff M.Descriptive study


of 192 adults with speech and language disturbances. Sao Paulo Med.
J. [online]. 2002, vol.120, n.6, pp. 170-174. ISSN 1516-3180.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-31802002000600003.
57

Mansur LL, Radanovic M. Neurolinguística: princípios para a prática clínica.


São Paulo: Edições Inteligentes, 2004.

Mansur LL, Machado TH. Afasias: uma visão multidimensional da atuação do


fonoaudiológico In.:Tratado de Fonoaudiologia, 2ª Ed.- São Paulo: Roca, 2009;
392-401.

Mansur LL, Radavovic M, Taquemori LY, Greco LL, Araújo GC. A study of the
abilities in oral language comprehension of the Boston Diagnostic Aphasia
Examination – Portuguese version: a reference guide for the Brazilian
population. Brazilian Journal of Medical and Biological Research 2005; 38 (2):
277-292.

Mansur LL, Radavovic M, Araújo GC, Taquemori LY, Greco LL. Boston naming
test: performance of Brazilian population from São Paulo. Pró-fono Revista de
Atualização Científica 2006; 18 (1): 13-20.

Miotto EC, Sato J, Lucia MCS, Camargo CHP, Scaff M. Development of an


adapted version of the Boston Naming Test for Portuguese speakers. Rev Bras
Psquiatr.2010; 32(3):279-282.

Moraes A L, Guimarães LSP, Joanette Y, Parente MAMP, Fonseca RP,


Almeida R MM. Effect of Aging, Education, Reading and Writing, Semantic
Processing and Depression Symptoms on Verbal Fluency. Psicologia: Reflexão
e Crítica 2013; 26(4): 680-690.

Moreira DA. Analfabetismo Funcional: O Mal Nosso De Cada Dia. São Paulo:
Thomson; 2003.

Nitrini R, Caramelli P, Bottino CMC, Damasceno BP, Brucki SMD, Anghinah R.


Diagnóstico da doença de Alzheimer no Brasil: avaliação cognitiva e funcional.
Recomendações do departamento científico de neurologia cognitiva e do
envelhecimento da academia brasileira de neurologia. Arq. Neuro-
Psiquiatr. 2005; 63 (3A). DOI: 10.1590/S0004-282X2005000400034
58

Ortiz KZ. Aplicação do teste M1-Alpha em 35 sujeitos: descrição e


questionamentos. Monografia de especialização, 1991; São Pauo:
Universidade Federal de São Paulo.

Ortiz KZ. Distúrbios Neurológicos Adquiridos: linguagem e cognição. 1º ed. São


Paulo: Manole, 2005.

Ortiz, KZ. Distúrbios Neurológicos Adquiridos. Linguagem e Cognição. 2ª. ed.


Barueri: Editora Manole; 2010.

Ortiz KZ, Ferreira CP, Bento ACP. Aplicação do teste Beta 86 (protocolo Mt
modificado) em analfabetos [Use of Beta 86 test in illiterate adults]. Fono Atual.
2006;8(35): 65-73.
Ortiz KZ, Costa FP. Aplicação do teste M1-Alpha em sujeitos normais com
baixa escolaridade: estudo piloto. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011; 23(3): 220-6.

Ortiz KZ, Osborn E, Chiari BM. O teste M1 Alpha como instrumento de


avaliação da afasia. Pró-Fono, 1993; 5(1): 23-9.

Ostrosky-Solís F, Ardila A, Rosselli M. NEUROPSI: A brief neropsychological


test battery in Spanish with norms by age and educational level. J Inter
Neuropsychol Soc. 1999; 5: 413-433.

Pagliarin KC, Oliveira CR, Silva BM, Calvette LF, Fonseca LP. Instrumentos
para avaliação da linguagem pós-lesão cerebrovascular esquerda. CEFAC.
2013; 15(2): 444-454.

Parente MAMP, Scherer LC, Zimmermann N, Fonseca RP. Evidências do papel


da escolaridade na organização cerebral. Revista Neuropsicologia
Latinoamericana. 2009; 1(1): 72-79.
59

Parente MAMP, Carthery-Goulart MT, Zimmermann N, Fonseca RP.


Sociocultural factors in Brazilian neuropsycholinguistic studies. Psichology &
Neroscience.2012; 5(2): 125-133.DOI:10.3922.

Pawlowski J, Remor E, Parente MAMP, Salles JF, Fonseca RP, Bandeira D.


The influence of reading and writing habits associated with education on the
neuropsychological performance of Brazilian adutls. Reading & Writing. 2012;
15: 199-210.

Radanovic M, Mansur LL, Scaff M. Normative data for the Brazilian population
in the Boston Diagnostic Aphasia Examination: influence of schooling. Brazilian
Journal of Medical and Biological Research 2004; 37: 1731-1738.

Radanovic M, Mansur LL. Performance of a Brazilian population sample in the


Boston Diagnostic Aphasia Examination. Braz J Med and Biol Researc. 2002;
35:305-317.

Ribeiro AF, Ortiz KZ. Perfil populacional de pacientes com disartria atendidos
em hospital terciário. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia. 2009;
14: 446-453.

Rodrigues AB, Yamashita ET, Chiappetta ALM. Teste de Fluència Verbal no


adulto e no idoso: verificação da aprendizagem verbal. Ver CEFAC.2008; 10(4):
443-451.

Rosselli M, Ardila A, Rosas P. Neuropsychological assessmente in illiterates.


Language and praxic abilities. Brain and Cognition. 1990; p. 281-296.

Salgado, JV, et al. Applicability of the Rey Auditory-Verbal Learning Test to an


adult sample in Brazil. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. ahead of print, pp. 0-0.
Epub Mar 18, 2011. ISSN 1516-4446. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-
44462011005000007
60

Salazar DAP, Mag SEM, Cock, MR, Ardila A., Romero MG, Pérez C.
Variabilidad em la prueba de Boston para el diagnóstico de lãs afasias em
adultos laboralmente activos. Revista de Neurologia. 1998: 962.

Santos AD, Ortiz KZ. Comparação do desempenho de pacientes afásicos em


diferentes testes de compreensão oral. Fono Atual. 2005; 26-32.

Saygin AP, Wilson SM, Dronkers NF, Bates E. Action comprehension in


aphasia: linguistic and non-linguistic deficitis and their lesion correlates.
Neuropsychologia. 2004; 42: 1788–1804

See ST, Ryan EB. Cognitive mediation of adult age differences in language
performance. Psychol Aging. 1995;10(3):458-68.

Serafini AJ, Fonseca RP, Bandeira DR, Parente MAMP. Panorama Nacional de
Pesquisa sobre avaliação Neuropsicológica de Linguagem. Psicologia, ciencia
e profissão. 2008; 28(1) : 34-49.

Silva TBL, Yassuda MS, Guimarães VV, Florindo AA. Fluência verbal e
variáveis sociodemográficas no processo de envelhecimento : um estudo
epidemiológico. Psicologia: Reflexão e Crítica. 2011 ; 24(4) : 739-746.
Snitz BE, Unverzagt FW, Chang CH, Bilt JV, Gao S, Saxton J, et al.. Effects of
age, gender, education and race on two tests of language ability in community-
based older adults. International Psychogeriatric. 2009; 21 :1051-1062.

Steiner VAG, Mansur LL, Brucki SMD, Nitrini R. Phonemic verbal Fuency and
age. A preliminary Study.Dement Neuropsychol. 2008 ; 2(4) : 328-332.

Soares ECS. Avaliação de linguagem em sujeitos adultos através do teste MT


Beta-86 modificado : estudo piloto e aplicação em sujeitos afásicos.
Dissertação de Mestrado, 2007; São Paulo : Universidade Federal de São
Paulo.
61

Soares ECS, Ortiz KZ. Influence of brain lesion and educational background on
language tests in aphasic subjects. Dementia e Neuropsycologia 2008; 2 (4):
321-327.

Soares ECS, Ortiz KZ. Influence of schooling on language abilities of adults


without linguistic disorders. São Paulo Medical Journal 2009; 127 (3): 134-139.

Talarico TR, Venegas, MJ, Ortiz KZ. Perfil populacional de pacientes com
distúrbios da comunicação humana decorrentes de lesão cerebral, assistidos
em hospital terciário. Revista CEFAC (Impresso). 2011;13: 330-339.

Van der Elst W, Van Boxtel MPJ, Van Breukelen GJP, Jolles J. Rey’s verbal
learning test: Normative data for 1855 healthy participants aged 24-81 years
and influence of age, sex, education, and mode of presentation. J Int
Neuropsychol Soc.2005; 11(3): 290-302.

Venegas MJ, Mansur, LL. Verbal fluency: Effect of time on item generation.
Dementia & neuropsychologia,. 2011; 5: 104-107.

Wood GMO, Carvalho MRS, Rothe-Neves R, Haase VG. Validação da bateria


de avaliação da memória de trabalha (BAMT-UFMG). Psicologia: Reflexão e
Critica. 2001; 14(2):325-341.
Abstract

Objective: To investigate the influence of sociocultural and demographic


variables: age, years of schooling, and reading and writing habits, on linguistic
processes: listening comprehension, oral language, reading comprehension
and writing in normal adults and elderly subject. Method: It was a retrospective
study in which data originating from the application of MTL Brazil battery. This
battery was previously study and normative data for the Brazilian population
was obtained. The sample of this study consisted of 464 healthy subjects ,
divided into two groups according to age: adults (19-59 years) and elderly (60-
75 years); into three groups according to years of schooling: 5-8 years , 9-11
years , 12 or more years of schooling and into two groups according to the
score obtained in a specific questionnaire to check the reading and writing
habits: 0-13: low frequency of reading and writing habits and 14 points or more:
High frequency of reading and writing habits. Results: Individuals with more
education and higher reading and writing habits showed better performance on
all linguistic processes (oral and written comprehension, writing and oral
language). When age was considered an independent variable, it influenced
just the oral comprehension and when it was analyzed as a covariate, it
influenced the oral comprehension and writing processes. There was no
interaction among the variables. Years of schooling and reading and writing
habits influenced positively the performance of individuals evaluated and we
can hypothesize that it may have a neuroprotective effect on aging.
Conclusions: It was observed the influence of age, years of schooling and
reading and writing habits on oral and writing comprehension, oral and reading
processes.
Bibliografia consultada

Maxwell DL, Satake E. Research and Statistical Methods in Communicattion


Disorders. EUA:William &Wilkins, 1987.

Rother ET, Braga MER. Como elaborar sua tese:estrutura e referências.2ª. ed.
rev. e ampli. São Paulo, 2005.

Você também pode gostar