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Resenha
A linguagem neotradicional se apoia num Jesus das relações que usava como
estratégia o lado afetivo e emocional das pessoas para conseguir a atenção delas, no entanto,
esse pensamento é perigoso, afinal, Jesus se mostra bem mais prático, não com essa denotação
esperta, mas usando de uma pedagogia para o anúncio. Isso revela que Ele não usava de
teorias por preferir atingir as pessoas pela confiança, afetividade, mas porque usava da
realidade para lhes falar o que era preciso e de maneira que entendessem. Essa linguagem de
Jesus comete a superficial visão de Sua pessoa de modo que ela é simplesmente o “maior
psicólogo”, enfim, uma especificação empobrecida d’Ele.
O Cap. II também aponta para o cuidado que se deve ter com a visão mágica da pessoa
de Jesus, pois ele revelaria ainda uma fé infantil. Esse olhar vê Jesus como um “mago”, seus
feitos extrapolam a natureza quebrando a sua ordem. É uma imagem superficializada, deixa
Jesus famoso, mas pouco conhecido. Do mesmo modo superficial a linguagem carismática
comete equívoco, porque foca numa espiritualidade, o importante é a vivência espiritual, seja
ela pessoal ou num grupo. Essa crítica muito revela sobre as justificações das circunstâncias
da vida do indivíduo por parte dos que tem essa visão de Jesus, quer dizer, se as coisas vão
mal se deve à espiritualidade, porque não está viva, e não uma busca mais encarnada, por
assim dizer. O autor diz que essa linguagem de Jesus o tira da história. Toma Ele como um
poderoso e fez coisas assombrosas e que opera enormes coisas sem considerar o passado nem
supor qualquer compromisso. É assim que a reflexão sobre Jesus moldada por essa linguagem
pode levar a um discurso super apocalíptico.
O mesmo caminho distorcido segue a linguagem espírita, ainda mais por estar de certa
maneira ligada a um sincretismo, ainda que o texto não sugira isso. Essa linguagem interpreta
o Evangelho na sua visão de reencarnação, espíritos que revelam coisas e etc. Essa linguagem
faz uma releitura até bem elaborada sobre a pessoa de Jesus, mas insuficiente para defender
perfeitamente sua interpretação.
Em suma, o sentido dessas leituras todas está na tentativa de, em suas perspectivas,
atender à demanda da atualidade, respondendo os anseios das pessoas que estão mergulhadas
nas ofertas apressadas e fugazes de satisfazerem seus desejos. Clara é a realidade do
consumismo: não se norteia mais no que realmente precisa, mas no que se acha necessário. O
problema das formas de se ler Jesus está na indiferença com o que já foi descoberto
verdadeiramente sobre Ele, no sentido dos estudos sérios já realizados. Jesus se torna, de
alguma maneira, pelo que se mostra nas linguagens, uma pessoa de poder que atende de
imediato as “necessidades imediatas”, e quando não, deixa uma certa motivação esperançosa
de saciedade no que se deseja. Faz-se urgente uma clareamento, pois essas visões estão
impregnadas nas pessoas, especialmente as mais simples, seduzidas pela máscara atraente que
se adequa aos seus anseios que cada uma dessas linguagens carrega.