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SEMINÁRIO PROVINCIAL SAGRAOD CORAÇÃO DE JESUS

Curso: Teologia / III


Disciplina: Cristologia
Professor: Pe. Adão Carlos
Aluno: Gesley Júnio Alves Teixeira
Data: 11/02/2023

Resenha

O Cap. III denominado “A Linguagem Neopentecostal” do livro As Linguagens Sobre


Jesus aponta as deformidades que existem nessa linguagem, não diferente das demais tratadas
nos capítulos anteriores, é uma linguagem distorcida, voltada aos moldes individuais, seja da
pessoa ou do grupo que se relaciona com as Escrituras. Nessa linguagem, a interpretação é
bem livre, ou melhor, libertinada ao ponto de ignorar demasiadamente o contexto no qual o
texto foi escrito. Ao relerem, os neopentecostais atribuem muitos imperativos acerca das
verdades bíblicas, do que é promessa de Deus, como se Ele fosse obrigado a cumpri-la, ou
como se a promessa fosse algo do qual acreditam e não um projeto diferente, mais
especificamente, como se fossem bonanças desejadas a promessa de Deus. A crítica é bem
clara e coerente ao afirmar que a fé ganha a mesma caricatura que uma varinha de condão por
meio da qual se realiza todos os desejos que o indivíduo diz ser promessa que Deus vai
cumprir, geralmente, são ligadas a bens: riqueza, bom emprego e estabilidade de vida, saúde,
milagres miraculosos, etc.

Uma observação perspicaz é feita com relação ao pentecostalismo e ao


neopentecostalismo: a importância que cada um dá ao significado da obra de Jesus, quer
dizer, no tradicional, a libertação proporcionada por Jesus é mais voltada a salvação, enquanto
a outra corrente é mais no sentido espiritual, contra os demônios. Faz sentido, já que no
neopentecostalismo, há um foco maior nos exorcismos. O problema é que a visão dos que
crescem nesse meio fica distorcida proporcionando a tendenciosa maneira de ver as coisas
negativas ou sofridas da vida como uma consequência espiritual, negando a culpabilidade ou
imprudência da pessoa e acusando um suposto espírito mau ou demônio, ou coisa do tipo.
Essa observação não é citada, mas é uma possibilidade que pode ser facilmente pensada
levando em conta o fato de o indivíduo ser muito influenciado pelos meio pelas experiências
que teve.

Outro dado importante marcado acerca do neopentecostalismo é a sua fragmentação


teológica, ou seja, eles não seguem uma linha específica, escolhem no modo como crer e,
como os líderes não tem uma relação entre si muito direta, nem segue qualquer hierarquia, são
distintas, não objetivas mesmo sendo neopentescostais, mas há uma ideia: o neopentecostal,
para ser considerado abençoado, não pode ter problemas, ou ao menos não desastrosos, deve
ter certo grau de prosperidades. Se não for assim, está sendo refém do diabo, tem pouca fé, é
infiel. E relação com Deus/Jesus, enfim, com o Senhor é um tanto interesseira de modo que o
indivíduo exige e Deus atende, ou melhor, deve atender. Outro detalhe um tanto esquisito é
que Jesus é uma espécie de bode-expiatório: ele já sofreu as nossas dores e sofrimento e as
levou com Ele, as exterminou ao ressuscitar, então, não temos mais que sofrer, se sofrermos é
maldição. Dinheiro, saúde, vida boa (sem sofrimento), bonança, são todos sinais de bênção.

A linguagem neopentescotal de Jesus é, de fato, intrigante. É retrógada com relação à


questão dos sinais de bênção como prosperidade, é muito similar ao mercado no sentido de
atração de novos fiéis, pois oferece muitas promoções fáceis, não no sentido de cargos, mas
de bens mesmo, recompensas. A tática atrativa passa pela empatia, como a estratégia das
propagandas que precisam seduzir o indivíduo pela afetividade sutil. O neopentecostalismo
acaba sendo um modo triste de se ver a relação com Deus, a pessoa de Jesus, enfim, a vida
religiosa como um todo.

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