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A noite com o clima ameno, estava agravável.

A lua tão reluzente coberta por algumas nuvens


fazia um nuance de cores despertando sentimentos de aconchego e acolhimento.

Deitada em meu futon cubro-me nas cobertas e meu corpo aos poucos relaxa enquanto
dormitava.

Mas meus olhos ainda estavam curiosos a passear pelo quarto, minha mente não parava ante
a tantos pensamentos confusos e sem uma resposta concreta, junto com um sentimento que
eu estava precisando de algo, que não estava completa.

Nesse mesmo instante me assusto com as batidas do shoji do meu quarto. O vento estava se
embravecendo rapidamente.

Isso serviu de pretexto para que eu atrapalhasse a minha tentativa de dormir para poder pelo
menos me distrair e ver como estava aquela linda noite há alguns minutos.

E assim foi, me levantei rapidamente e abri lentamente a porta indo até o jardim há poucos
passos da minha acomodação.

As pedrinhas no chão faziam bastante barulho ao pisar, por isso me certifiquei de andar
cautelosamente para não despertar a atenção dos criados que dormiam ao lado.

Em meio a belas flores que já estavam fechadas pela hora, sendo tarde na noite, me sento em
um banquinho de madeira.

O vento estava a espalhar folhas e flores secas no ambiente, trazendo visões belíssimas junto
com a coloração surpreendente do céu. Porém ele estava em uma temperatura mais baixa
deixando meu corpo arrepiado.

Me encolho abraçando minhas pernas e fecho os olhos...

Concentração... Estava tentando capturar a imagem que acabei de ver da bela paisagem.

Se concentra Juna... pensa nas folhas que dançam junto ao vento e o...

De repente atropelando todos meus pensamentos um sorrio radiante e gentil toma conta da
minha mente... Essa imagem... Ela era tão acolhedora que me despertava sentimentos
estranhos...

O que será isso? Balançava a cabeça rapidamente apertando os olhos para que aquela imagem
saísse imediatamente da minha mente, até que...

Sinto um toque gelado em meu ombro. Paro de balançar a cabeça, mas ainda continuo com os
olhos fechados.

Uma folha talvez!? Esse foi meu palpite.

-O que está a fazer nessa noite fria escondida no jardim?

Nossa... Essa voz... preenche todo meu ser me fazendo não mais ficar arrepiada pelo frio.

Abro meus olhos em direção a voz. Aquele mesmo sorriso acalorado representado em minha
mente se materializa em carne e osso na minha frente.

Arregalo meus olhos... Meu coração para pôr um minuto todo meu corpo congela.

Mas por que ele está aqui? Assim do nada!


O seu sorriso a cada vez que eu o contemplava ficava mais belo e mais apaixonante... Meu
coração dispara como um tambor de taiko japonês.

Ele se senta ao meu lado no banquinho que tinha pouco espaço livre fazendo nossos ombros
ficarem colados.

Ele quer me matar só pode! Minha respiração saia do modo automático quando contemplo
essa situação.

-Ainda não me respondeu o porquê está aqui?

Exalo o ar que estava preso dentro de mim como uma forma de retirar toda a tensão que havia
dentro de mim.

Me recomponho e me ajeito no banquinho...

-Você me assustou Yukio! Em falar nisso, o que lhe dá a vontade de estar aqui a essa hora da
noite também?

Ele sorri novamente. E eu apreensiva mordo meus lábios.

-Você não respondeu minha pergunta! Mas como conheço a senhorita, sua cabeça deve estar
provavelmente lotada de pensamentos que a impede a dormir. Estou certo!?

Com um tímido sorriso, meus olhos já dizem com todas as palavras a confirmação de sua
pergunta.

-É... podemos dizer que sim.

Ele com seu jeito desinibido se vira em minha direção e olha diretamente para meu rosto
dando um singelo sorriso.

-Vamos, me conte o que te aflige!

Diz ele se achegando mais olhando para mim a fim de uma resposta.

Não sabia por que, mas não estava conseguindo olhar em seus olhos, estava tímida diante
dele, sentimentos de amor em efervescência me consumiam. Porém o sentimento pertinaz de
relutância ainda vinha a assolar.

Respiro fundo e deixo as palavras que estavam presas dentro de mim fluírem.

-Eu vejo uma imagem em quase todo tempo...

-Imagem!? Conte-me mais.

Yukio fica intrigado com a resposta.

-Aparece sempre em momentos inoportunos me fazendo distrair e me imergir nos frutos da


minha imaginação.

Ele fica mais curioso, e eu continuo a descrever.

-Quando ela vem em minha mente é algo belíssimo e confortante, me traz sentimentos
avassaladores que me fazem rir sem tal estímulo, me faz ter reações sinceras que minha
relutância não consegue conter... meu corpo se arrepia e me faz sentir um sentimento de falta
que no final fico pensado como irei ter tal coisa em minhas mãos...
Após descrever realmente meus sentimentos ao contemplar em meus pensamentos o sorriso
de Yukio, ele parece me encarar ainda mais.

-Uau!

Ele diz suspirando.

-Da forma que você disse se torna tão real... Eu pude sentir exatamente os seus sentimentos
em meu ser.

Um pouco envergonhada e nervosa eu mexo minhas mãos, se por obséquio Yukio perguntar
sobre o que ou quem é está imagem não irei conseguir dizer nenhuma palavra em minha boca.

Ele olha para o horizonte e sorri docemente.

-Eu também vejo uma bela imagem sempre em minha mente. Da mesma forma que você, ela
vem sempre em momentos inoportunos e me dá a sensação de meu coração fumega de tanto
sentimento acumulado.

shoji (portas de correr da arquitetura tradicional japonesa)

taiko (engloba uma variedade de instrumentos japoneses de percussão. No Japão, o termo


refere-se a qualquer tipo de tambor)

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