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“ A guarda civil municipal inserida


no ambiente escolar: no controle
e prevenção da violência

Marcelo da Fonseca Ferreira da Silva

Eliaidina Wagna Oliveira da Silva

Maria José Coelho dos Santos

Dora Susane Fachetti Miotto

10.37885/201202561
RESUMO

Essa pesquisa bibliográfica analisa sob um enfoque positivo, a inserção da guarda civil
municipal no ambiente escolar destinando-se ao controle e prevenção da violência. A aná-
lise apresenta a cultura do consumismo, as disparidades sociorraciais, as políticas uni-
versalistas insatisfatórias, a urbanização acelerada com crescimento desordenado e
desorganizado, o racismo e desemprego dentre os diversos fatores que contribuem para
a insegurança e explosão da violência. Nesse cenário, a Guarda Civil Municipal apresen-
ta-se como um fator de controle e a prevenção da violência no ambiente educacional por
mio de ações preventivas e mediação de conflitos, palestras educativas relacionadas aos
direitos, deveres e consequências previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente,
visando inibir ações delituosas dos atores da comunidade escolar. O estudo expõem a
compreensão das políticas de segurança coletiva com suas normatizações e leitura de
Carvalho (2007), Bruneta (2006), Gandra (2009) e estudiosos dos impactos das deses-
truturações sociais na violência escolar.

Palavras-chave: Violência, Prevenção, Segurança.

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Políticas Públicas e Mobilidade Urbana: uma compreensão científica da atualidade
INTRODUÇÃO

A violência no ambiente escolar e em seus entornos gera insegurança e preocupação


para os atores envolvidos nesse cenário. Professores e a comunidade escolar se sentem
ameaçados pelas complexidades dos conflitos e seus resultantes atos infracionais. Essas
hostilidades nos ambientes da escola atinge o alunado de modo a tornarem a comunidade
educacional vitimada cultura do medo. Nessa dinâmica, medidas preventivas com o apoio
das instituições de segurança e seus agentes mostram sua eficiência.
A violência faz com que professores, pais, alunos e comunidade se sintam desprotegi-
dos e toma ares de complexidade na relação professor/aluno cercada por fatores de natu-
reza socioeconômica que envolvem as crianças e os adolescentes, e suas relações muitas
vezes conflitantes com própria família ou na comunidade. Frente a essa situação, a Guarda
Civil Municipal de Vitoria - Espirito Santo desenvolve na Região da Grande São Pedro, um
trabalho preventivo municiado de política de comunitarização e bases de apoio nos Direitos
Humanos. A Guarda Civil Municipal participa de maneira ativa na vida da comunidade,
interagindo com alunos, professores, diretores de escolas, pais, vigilantes, cozinheiros e
auxiliares de serviços gerais.
O fator de destaque dessa abordagem é a prevenção numa perspectiva de diálogo e
mediação de conflitos. A partir dessa dinâmica, delineia-se o seguinte problema de pesqui-
sa: De que forma a intervenção da Guarda Civil Municipal, pode contribuir de forma efetiva
para o controle da violência e mediação de conflitos no ambiente escolar e na comunidade,
na ótica dos atores sociais da comunidade?
O pesquisa aponta a Guarda Civil Municipal a exerce importante papel na prevenção
da violência e mediação de conflito no ambiente escolar, considerando os fatores de risco e
de proteção. O método escolhido para atingir os objetivos supramencionados é a pesquisa
qualitativa, na compreensão do serviço social e políticas públicas.
Feita abordagem geral de temas relacionados à violência, educação e autoridade no
ambiente escolar, a questão avalia o contexto histórico da instituição da Guarda Municipal,
distinguindo diferentes guardas em localidades diferentes no Brasil. O contexto histórico e ori-
gem dos bairros e da região interessa para compreensão da relação instituição e comunidade.

VIOLÊNCIA, EDUCAÇÃO E AUTORIDADE

A análise da cultura da violência é extraída em suas formas razões. No tocante ao


ambiente escolar, Brunetta (2006) aponta sua maior incidência a partir da década de 1990,
quando a demanda ganha contornos preocupantes com serias ameaças de comprometimento

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nos avanços das políticas de educação, sendo levados a perguntar sobre a origem e o sen-
timento em que caminha tal problema.
A violência protagonizada pelos jovens nas escolas é uma realidade inegável. A socie-
dade terá que se organizar e insurgir-se ativamente contra este fenômeno. De igual modo,
a escola terá que ajustar os seus conteúdos programáticos e acercar-se mais às crianças.
Devido às exigências, as famílias muitas vezes destituem-se da sua função educativa, dele-
gando-a à escola. No meio de toda esta confusão, estão as crianças, que, atuam conforme
aquilo que observam e agem consoante os estímulos do meio (AZEVEDO, 2004).
A violência é um problema social que está presente nas ações dentro das escolas,
manifesta-se como elemento de entrave ao processo educativo. Dentro dessas vivências,
escola tem a primícia de ser o lugar de formação da ética e da moral dos sujeitos ali inseri-
dos como alunos, professores ou demais funcionários. Diga-se que o processo de educação
é destinado e interferir nas relações do dia-a-dia para atuar na urbanização das relações
sociais em busca de harmonia e integração das pessoas (AZEVEDO, 2004).
Conforme Abramovay e Castro (2005, p. 95), “a escola tem um papel de relevada
importância na prevenção da violência e socialização do indivíduo”. As autoras destacam,
ainda, que “[...] a facilidade, por parte dos jovens, para adquirir drogas nas imediações das
escolas, é citada por todos os informantes entrevistados [...]” (ABRAMOVAY; CASTRO, 2005,
p. 96). Constata-se, entre eles, que há um claro consenso, no que toca a essa questão, que
os jovens têm fácil acesso às drogas com similar facilidade com que se compra pão ou leite,
podendo ser conseguida pelo telefone, e até por meio de um motoboy.
Rocha (2007, p. 2) aprofunda esse entendimento ao explicar que “um dos principais
motivos da violência escolar está no uso e no tráfico de drogas (ilícitas ou não). Muitos alunos
usam e comercializam drogas dentro e nas proximidades da escola. Isso também atrai maus
elementos para os arredores das instituições”. Ocorre que junto com o tráfico e o consumo
de drogas aparece a evasão escolar, a violência e a indisciplina escolares, a formação de
gangues, agressões, ameaças e mortes de alunos.
Desencadeiam desse contexto, que violência chega à escola como algo naturalizado e
popularização das drogas leva ao tráfico ilícito de substâncias entorpecentes. Rocha (2007)
defende o bom policiamento como o diferencial na busca da paz ao deduzir que a presença
de uma viatura da Guarda Civil Municipal já transmite segurança por intimidar possíveis pro-
blemas nas saídas das escolas e o comércio de drogas – pelo menos em frente aos portões.
Nessa esteira Maranhão (2007, p. 14), em artigo publicado no Jornal O Globo, sus-
tenta que no Brasil, além do reforço de policiamento no entorno, as escolas também devem
adotar medidas de segurança. Essa política deve ser efetiva para a integração famílias/
escola desde que gerida de modo democrático com espaço para que os aos alunos expres-
sem seus talentos.

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A maior faceta da violência escolar é que na maioria das vezes vem do reflexo do
cotidiano familiar e das vivências diárias dos alunos no ambiente doméstico. O traquejo
habitual de relações íntimas conflitantes desencadeada de casa e na rua não é um produto
isolado, mas consequência direta da ausência de políticas de redução das disparidades
socioeconômicas e estigmatizações do racismo nos corpos periféricos.
Quando o choque dos conflitos familiares, educacionais, ausência de lazer, racismo
estrutural, falta de perspectiva de inserção produtiva, fatores produzidos dentro de uma
ausência de políticas públicas, colidem-se no ambiente escolar, o cuidado do educador se
volta a segurança dos envolvidos no processo educativo.
Nessas circunstâncias, a presença da guarda municipal a representar uma segurança
ostensiva tende na diminuição da violência. Práticas mais enérgicas como o afastamento das
gangues e dos traficantes, o resgate da disciplina escolar, a redução de atos infracionais,
exige um apoio externo da segurança pública municipal.
Dentro da distribuição constitucional de competências, cabe a União, Estado e Município
parcelas de responsabilidade para com a educação. Ao município atribui-se de modo concor-
rente, a responsabilidade no campo da saúde, saneamento e assistência social. A criança e
do adolescente, tem especial proteção com dever de todos por força da Carta Política e do
Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1988, BRASIL, 1990)
Com essa assertiva, políticas públicas como esporte, lazer e outras ocupações saudá-
veis são diferenciativas como ferramentas de apoio ao não retorno à delinquência. Também
nesse campo, a guarda municipal pode ser se fazer presente nos ambientes de produção
dessas atividades. Com isso, o crescimento das guardas municipais cada vez maior, não
deixa de expor o grau de insegurança psicológica que está vivendo o povo [...] nas regiões
mais urbanizadas do país (PEDROSO FILHO, 1995, p. 95, apud SENASP, 2007, p. 99).
De acordo com Carvalho (2007), a criminalidade cresce e se organiza cada vez mais,
de forma tão intensa que polícia torna-se refém do medo. O violência urbana desafia a ponto
de criminosos afrontarem as próprias instituições de segurança invadidas e furtadas. Nesse
nível, a criminalidade não se resolve no contexto de instituições de segurança isoladas em
suas atribuições. A ampla defesa exige política social que envolva o punir (quando útil e
justo) e o tratamento ressocializante do criminoso e do foco social de onde emerge.
Segundo Carvalho (2007, p. 1): A Guarda Municipal pode ser mais que uma corpo-
ração. Revestida por uma atuação solidária e dinâmica, a instituição é grande prestadora
de atendimentos com excelência em várias áreas de atuação para a população, trazendo
benefícios com ideias simples e com um custo quase que inexistente.
Existem vários programas das Guardas Municipais no Brasil que estão apresentan-
do resultados positivos junto a sua localidade. Em virtude da sua atuação direta com a

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comunidade, passam a conhecer as tipicidades dos bairros. Carvalho (2007, p. 3), ainda
informa que: A Guarda Municipal como a prestadora de segurança ostensiva a representar
o Poder Público Municipal, em todos os bairros, torna-se uma das instituições mais capaci-
tadas de dar o pronto-atendimento às necessidades locais.
Por sua vez, cabe lembrar que a Guarda Municipal não está exclusivamente voltada
para a segurança pública, conforme os moldes Militar, mas sim para atuação na área de
defesa social que corresponde a uma parcela significativa da prestação de serviço à co-
munidade de maneira extensiva, que abrange segurança pública, defesa civil, entre outras
ações do poder público.

A GUARDA CIVIL MUNICIPAL NO CONTEXTO DA SEGURANÇA PÚBLICA


NO BRASIL

Todos os povos, sempre, ao se reunirem em grupo, passaram a necessitar da figura


altaneira do Guardião da Lei e da Ordem, muitas vezes representado pelo próprio chefe da
tribo, ou, então, sendo delegado este poder de polícia à determinadas pessoas do grupo.
No Brasil, a primeira instituição policial paga pelos erários foi o Regimento de Cavalaria
Regular da Capital de Minas Gerais, em 9 de junho de 1775, onde o Alferes Joaquim José
da Silva Xavier, o “Tiradentes”, tornou-se Comandante em 1780, sendo esta considerada
predecessora da Polícia Militar de Minas Gerais (GANDRA, 2009).
Com a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, foi criada em 13 de maio de
1809, a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, embrião da Polícia Militar do Estado do
Rio de Janeiro, sua missão era de policiar a cidade em tempo integral, tornando-a desde
o início mais eficaz que os antigos “Quadrilheiros”, que eram os defensores, normalmente
escolhidos pela autoridade local das vilas no Brasil 10 Colônia, entre civis de ilibada conduta
e de comprovada lealdade à coroa portuguesa (GANDRA, 2009).
Ao abdicar o trono, Dom Pedro I deixa seu filho encarregado dos destinos do
país. No contesto conturbado, a Regência Trina Provisória, em 14 de junho de 1831 é
instituida com esta denominação em cada Distrito de Paz a Guarda Municipal, dividida em
esquadras (GANDRA, 2009).
Em 18 de agosto de 1831, após a lei que tratava da tutela do imperador e de suas
augustas irmãs é publicada a lei que cria a Guarda Nacional, e extingue no mesmo ato as
Guardas Municipais, Corpos de Milícias e Serviços de Ordenanças, sendo que no mesmo
ano em 10 de outubro, foram reorganizados os corpos de municipais, agora agregados
ao Corpo de Guardas Municipais Permanentes, nova denominação da Divisão Militar da
Guarda Real de Polícia, subordinada ao Ministro da Justiça e ao Comandante da Guarda
Nacional (GANDRA, 2009).

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Políticas Públicas e Mobilidade Urbana: uma compreensão científica da atualidade
As patrulhas de permanentes deveriam circular dia e noite a pé ou a cavalo, “com o
seu dever sem exceção de pessoa alguma”, sendo “com todos prudentes, circunspectos,
guardando aquela civilidade e respeito devido aos direitos do cidadão”; estavam, porém
autorizados a usar “a força necessária” contra todos os que resistissem a “ser presos, apal-
pados e observados” (GANDRA, 2009).
De acordo com Gandra (2009, p. 2), a atuação do Corpo de Guardas Municipais
Permanentes desde a sua criação foi destaque, conforme citação do Ex-Regente Feijó, que
em 1839 dirigiu-se ao Senado, afirmando:

“Lembrarei ao Senado que, entre os poucos serviços que fiz em 1831 e 1832,
ainda hoje dou muita importância à criação do Corpo Municipal Permanente;
fui tão feliz na organização que dei, acertei tanto nas escolhas dos oficiais,
que até hoje é esse corpo o modelo da obediência e disciplina, e a quem se
deve a paz e a tranquilidade de que goza está corte” (BRASIL).

Gandra (2009) destaca A corporação a conter em seus quadros históricos, vultos na-
cionais que souberam conduzi-la honrosamente, tendo como destaque o Major Luís Alves
de Lima e Silva – “Duque de Caxias”, que foi nomeado Comandante do Corpo de Guardas
Municipais Permanentes, em 18 de outubro de 1832. Ao ser promovido a Coronel, passou
o Comando, onde ao se despedir dos seus subordinados fez a seguinte afirmação:

Camaradas! Nomeado presidente e comandantes das Armas da Província


do Maranhão, vos venho deixar, e não é sem saudades que o faço: o vosso
comandante e companheiro por mais de oito anos, eu fui testemunha de vossa
ilibada conduta e bons serviços prestados à pátria, não só mantendo o sos-
sego público desta grande capital, como voando voluntariamente a todos os
pontos do Império, onde o governo imperial tem precisado de nossos serviços
[…]. Quartel de Barbonos, 20/12/39. Luís Alves de Lima e Silva (GANDRA,
2009, p. 2).

Esse Corpo, que se desdobrava entre o policiamento da cidade e a participação em


movimentos armados ocorridos nos demais pontos do território brasileiro, a que se refere
Lima e Silva, é a atual Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, que atuava no âmbito
municipal do Município da Corte.
A história das Guardas Municipais confunde-se com a própria história da Nação, ao
longo desses últimos duzentos anos. Em diversos momentos essa força armada destacou-se
e dela se originou outras instituições integradas ao momento político.
Com a missão de promover o bem social, essa corporação esteve desde sempre, seu
vínculo com direta conexão à sua comunidade, sendo um reflexo dos anseios dessa popu-
lação citadina. Perante todo os fatos ocorrido no cotidiano brasileiro, no dia 08 de agosto
de 2014, foi sancionado a Lei n.º 13.022 de 8 de agosto de 1994, que cria o Estatuto Geral

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das Guardas Municipais (BRASIL, 1994). Dessa formar regulamentando as competências
das instituições das guardas municipais.

Art. 4º É competência geral das guardas municipais a proteção de bens, ser-


viços, logradouros públicos municipais e instalações do Município.
Parágrafo único. Os bens mencionados no caput abrangem os de uso comum,
os de uso especial e os dominiais.
Art. 5º São competências específicas das guardas municipais, respeitadas as
competências dos órgãos federais e estaduais:
I - zelar pelos bens, equipamentos e prédios públicos do Município;
II - prevenir e inibir, pela presença e vigilância, bem como coibir, infrações
penais ou administrativas e atos infracionais que atentem contra os bens,
serviços e instalações municipais;
III - atuar, preventiva e permanentemente, no território do Município, para a
proteção sistêmica da população que utiliza os bens, serviços e instalações
municipais;
IV - colaborar, de forma integrada com os órgãos de segurança pública, em
ações conjuntas que contribuam com a paz social;
V - colaborar com a pacificação de conflitos que seus integrantes presenciarem,
atentando para o respeito aos direitos fundamentais das pessoas;
VI - exercer as competências de trânsito que lhes forem conferidas, nas vias e
logradouros municipais, nos termos da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997
(Código de Trânsito Brasileiro), ou de forma concorrente, mediante convênio
celebrado com órgão de trânsito estadual ou municipal;
VII - proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural, arquitetônico e am-
biental do Município, inclusive adotando medidas educativas e preventivas;
VIII - cooperar com os demais órgãos de defesa civil em suas atividades;
IX - interagir com a sociedade civil para discussão de soluções de problemas
e projetos locais voltados à melhoria das condições de segurança das comu-
nidades;
X - estabelecer parcerias com os órgãos estaduais e da União, ou de Municí-
pios vizinhos, por meio da celebração de convênios ou consórcios, com vistas
ao desenvolvimento de ações preventivas integradas;
XI - articular-se com os órgãos municipais de políticas sociais, visando à adoção
de ações interdisciplinares de segurança no Município;
XII - integrar-se com os demais órgãos de poder de polícia administrativa,
visando a contribuir para a normatização e a fiscalização das posturas e or-
denamento urbano municipal;
XIII - garantir o atendimento de ocorrências emergenciais, ou prestá-lo direta
e imediatamente quando deparar-se com elas;
XIV - encaminhar ao delegado de polícia, diante de flagrante delito, o autor
da infração, preservando o local do crime, quando possível e sempre que
necessário;
XV - contribuir no estudo de impacto na segurança local, conforme plano diretor
municipal, por ocasião da construção de empreendimentos de grande porte;
XVI - desenvolver ações de prevenção primária à violência, isoladamente
ou em conjunto com os demais órgãos da própria municipalidade, de outros
Municípios ou das esferas estadual e federal;
XVII - auxiliar na segurança de grandes eventos e na proteção de autoridades
e dignatários; e
XVIII - atuar mediante ações preventivas na segurança escolar, zelando pelo
entorno e participando de ações educativas com o corpo discente e docente
das unidades de ensino municipal, de forma a colaborar com a implantação
da cultura de paz na comunidade local.
Parágrafo único. No exercício de suas competências, a guarda municipal po-

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derá colaborar ou atuar conjuntamente com órgãos de segurança pública da
União, dos Estados e do Distrito Federal ou de congêneres de Municípios
vizinhos e, nas hipóteses previstas nos incisos XIII e XIV deste artigo, diante
do comparecimento de órgão descrito nos incisos do caput do art. 144 da
Constituição Federal, deverá a guarda municipal prestar todo o apoio à conti-
nuidade do atendimento (BRASIL, 2014).

As Guardas Municipais apresentam-se como uma alternativa à segurança pública no


Brasil. Em outros países – a exemplo dos Países Baixos, Espanha, Bélgica, Portugal, Itália
e França, bem como nos Estados Unidos e no Reino Unido – as administrações municipais
possuem forças policiais locais que atuam na segurança de seu patrimônio.
Contudo, a definição dos bens municipais é assunto que gera grande polêmica, quando
tratamos da vida do ser humano como o seu bem de maior valor.
Desta forma a polícia e as guardas têm reconhecido de forma cada vez mais crescen-
te a necessidade de cooperação com a comunidade. No controle do crime, as instituições
de segurança têm encorajado os membros da comunidade a lhes fornecer informações
relevantes, Mais do que isso, as instituições de segurança têm sugerido aos diversos gru-
pos de bairro que participem dos acontecimentos cívicos, que cooperam com os serviços
sociais e participam de programas educacionais e recreativos para crianças nas escolas
(CERQUEIRA, 2001, p.56).
A Constituição Federal (BRASIL, 1988) preconiza no Parágrafo Oitavo do artigo 144, as
atividades dos órgãos e a atuação frente à Segurança Pública, bem como responsabilidade
das instituições estatais pela incolumidade das pessoas e do patrimônio. Estipula que a
responsabilidade é de todos, e em principal, dos Entes Federativos (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios), sendo um direito e responsabilidade de todos (CARVALHO, 2007).
A Guarda Municipal no contexto atual, já se encontra instituída na metade dos Municípios
com população superior a 100 mil habitantes: 51,7% para os Municípios com população entre
100 mil e 500 mil habitantes e 80,8% para aqueles com população superior a 500 mil habitan-
tes (BREMAEKER, 2001, p. 6). Diante do exposto a Guarda Municipal é um dos órgãos de
prestação de serviço público municipal de maior importância frente à segurança pública local.

ORGANIZAÇÃO DAS GUARDA CIVIL MUNICIPAL

As Guardas Municipais ou Guardas Civis Municipais foram reestruturadas dentro desse


espírito de responsabilidade concorrente atribuída aos Entes Federativos compreendidos a
partir da Carta Constitucional que faculta aos municípios “criar” Guardas Municipais, para
proteção dos seus bens, serviços e instalações (BRASIL, 1988).
A princípio, os membros da corporação têm poder de polícia para agirem nessas si-
tuações, mas agem também em qualquer outra situação de flagrante delito ou ameaça à

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ordem ou à vida, além de em situações de calamidade, porque nesses casos, conforme o
artigo 301, do Código de Processo Penal dispõe que “ [...] qualquer do povo poderá e as
autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
flagrante delito” (BRASIL, 1941).
Destaca-se que a competência para a criação das guardas municipais são atribuídas
as municipalidades por força do texto constitucional, de modo que sua organização admi-
nistrativa sofre as peculiaridades locais. Porém, as regras gerais são estabelecidas dentro
dos parâmetros da Lei Federal que permitiu suas instituições e devem ser obedecidas por
força da simetria (BRASIL, 1914).
A Guarda Civil Municipal (GCM) é uma agência administrativa da municipalidade que
exige lei específica da câmara dos vereadores para sua criação. Destina-se a contribuir com
a segurança pública do município e seus membros são servidores municipais.
A GCM auxilia os outros órgãos de segurança pública, tais como: a Polícia Federal,
Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícia Civil, Polícia Científica, Polícias
Militares e os Corpos de Bombeiros Militares. Gandra (2009) lembra que essa denomina-
ção, entretanto, pode variar, como por exemplo, na cidade de São Paulo recebe o nome de
Guarda Civil Metropolitana e na cidade do Rio de Janeiro, Guarda Municipal.
Tem-se convencionado o uso de uniforme azul marinho pelos guardas. No Rio de
Janeiro foi adotado o fardamento cáqui para melhor diferenciá-los dos policiais milita-
res. As Guardas Civis são organizações de natureza eminentemente civil, não se confun-
dindo com corporações militares. Quanto ao porte de arma, estão autorizadas a usá-las nos
termos da lei federal, apenas as de uso permitido, conforme autorização concedida pela
Polícia Federal. (REFERÊNCIAS)

AS GUARDAS MUNICIPAIS EM DIFERENTES ESTADOS E MUNICÍPIOS

De acordo com Gandra (2009) a Guarda Civil Municipal de Guarulhos – SP, existente
desde 1998, conta com aproximados 8800 guardas nos dias atuais. Seus servidores possuem
plano de carreira e corregedoria própría. Dentro de suas ações estão inseridas: Grupamento
de Trânsito (GTRAN), Ronda Escolar, Ronda Ostensiva, Ronda Alarme, Ronda Bike, Canil,
Banda Musical, Atendimento à Mulher vítima de violência 15 sexual, Grupo Unido na Ação
de Resistência as Drogas (GUARD), Central de Atendimento e Despacho de Viaturas a
ocorrências, Vídeo Monitoramento no Centro da Cidade, Observatório da Criminalidade –
geração de dados estatísticos do Município, Guarda Ambiental.
Granda (2009, p. 4) destaca dentre as Guardas Civis no Brasil da cidade de Sobral,
Estado do Ceará que oferece uma estrutura exemplar de vídeo monitoramento, motopatrulha-
mento e ciclopatrulhamento, além de gerar relatórios diários das ocorrências e disponibilizá-las

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on-line, informações sobre os concursos e a inclusão de jovens adolescentes através do
projeto social Guarda Mirim.
A Guarda Municipal de Barueri, localizada na região metropolitana Oeste da Grande
São Paulo, foi criada em 1994. De acordo com Granda (2009, p. 5): 16 A 1ª turma iniciou
o seu treinamento no dia 3 de março de 1995, após a conclusão de todo o processo sele-
tivo (exame escrito, físico, médico e psicológico). No dia 10 de junho de 1995 os primeiros
Guardiões começaram a patrulhar o município (eram 158 GMs com 18 viaturas).
Outra Guarda Municipal de destaque Brasil é a de Louveira, cidade do interior de
São Paulo. Segundo Gandra (2009, p. 4) foi a primeira do país a obter judicialmente o
reconhecimento da inconstitucionalidade do chamado Estatuto do Desarmamento, visto
que a cidade tem apenas 37.000 habitantes, o que, em princípio, não autorizava o uso de
arma de fogo porque o referido diploma legal a autoriza apenas para cidades com mais de
50.000 habitantes.
Assim, a Guarda Municipal de Louveira obteve a concessão de habeas corpus preven-
tivo para seus integrantes não se verem coagidos a prisão em flagrante por crime de porte
ilegal de arma de fogo, seja por autoridade estadual ou federal, nem serem processados
pelo referido delito. Conforme, Gandra (2009, p. 4-5), a Guarda Municipal de Florianópolis
instituída em 2004, é já contava com 144 guardas.
A referida instituição realiza diversas ações, dentre elas: Fiscalização de trânsito,
Ronda Bike, Projeto de Educação para o Trânsito, Vídeo Monitoramento no centro da ci-
dade para proteção do patrimônio público municipal e Central de atendimento de ocorrên-
cias (GANDRA, 2009).
Ainda sobre a Guarda Municipal de Florianópolis é importante mencionar que foi pioneira
dentro do Estado, em portar armas de fogo. Mesmo destaque se deve nesse comentário para
a Guarda Municipal de Vitória, obtendo aprovação junto à Polícia Federal para a utilização
do equipamento, conforme disposição contida na Lei 10826 de 2003, sendo a adição do
armamento efetivada em dezembro de 2008 (VITÓRIA).
Sobre essa Guarda Civil Municipal de Vitória, Estado do Espírito Santo, criada pela
Lei Municipal n° 6.033 de 19 de dezembro de 2003 (VITÓRIA, 2003), obteve junto à Polícia
Federal a permissão de empregar de armamento com respaldo na Lei nº 10.826 de 22 de
dezembro de 2003 - Estatuto do Desarmamento (BRASIL, 2003), sendo a primeira Guarda no
país a atuar legalmente armada – sem ter que recorrer ao Poder Judiciário (GANDRA, 2009).

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ASPECTOS DA FORMAÇÃO DOS GUARDAS CIVIL MUNICIPAL DE VITÓ-
RIA

Segundo parâmetros e características indispensáveis ao exercício da função e obser-


vando a Lei n° 6033/03 que criou a Guarda Civil Municipal de Vitória, o curso de Formação
do Agente Comunitário de Segurança da Guarda Civil Municipal de Vitória, capacitou todos
os agentes a seguir as prescrições legais da lei. O curso objetiva a formação de profissional
com capacidade de realizar o policiamento ostensivo, preventivo, uniformizado e armado, no
âmbito de competência do Município de Vitória, com base em técnicas modernas, científicas
e humanitárias para desenvolver a eficiência indispensável a esse tipo de intervenção social.
No entanto, o curso proporcionou aos alunos:

Experimentar técnicas que auxiliem nos procedimentos de tomada de decisão


e resoluções de conflito, auxiliando na compreensão da diversidade de cená-
rios e na atuação concernente às normas legais nacionais e internacionais,
notadamente as que se referem aos Direitos Humanos;

Conscientizar-se de seu papel de cidadão responsável pela segurança, orien-


tação e proteção dos outros cidadãos;
Desenvolver a compreensão para trabalhar em equipe, exercitando as habilida-
des de relacionamento com outros órgãos públicos nas atividades pertinentes
para ações articuladas e trabalho integrado nos limites e nas condições da
legislação vigente;

Desenvolver capacidade operacional para exercer atividades de orientação


para prevenir e inibir atos delituosos que atentem contra os bens e serviços e
instalações municipais, priorizando a segurança escolar;

Propiciar o conhecimento da estrutura organizacional, sistemas e métodos uti-


lizados pela administração da atividade de segurança, bem como os sistemas
e métodos aplicados na organização da guarda civil;

Criar condições para desenvolver, de forma contínua, contato mais direto com
a comunidade, visando compreendê-la de forma mais interativa e levando em
conta os preceitos morais e éticos (ESPÍRITO SANTO, 2003).

Neste sentido, a proposta concebeu um servidor público como sujeito do processo e


rejeitou identificá-lo como mero executor de um modelo imposto qual receituário pronto, com-
prometendo-se a reconhecê-lo como sujeito da construção coletiva e resgatar a identidade
dessa profissão. Pretendeu, ainda, propiciar atuação grupal como espaço vivo de debates
para pensar e repensar a prática, criar e recriar conhecimentos, ver e rever pressupostos,
descobrir e socializar os desafios e as perspectivas de uma atuação que não só emancipe
como também indague e inquiete.
A tarefa proposta a esses profissionais passou pela apropriação de pensar a própria
prática, teorizar sobre ela para decidir quais as atitudes mais adequadas e provocar a

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ampliação de uma atuação mais eficaz, em que as relações humanas sejam valorizadas e
respeitadas em suas diferenças.

A ATUAÇÃO DA GUARDA CIVIL MUNICIPAL DE VITÓRIA

A partir dos anos 90, intensificaram-se os investimentos em urbanização, desenvol-


vimento socioeconômico, recuperação e preservação ambiental. Nos últimos anos, foram
alocados cerca de R$ 30 milhões num programa de desenvolvimento urbano integrado. Este
programa foi um dos representantes do Brasil na Habitat e tornou-se referência no País.
Estuário onde se localiza o maior manguezal do Espírito Santo (VITÓRIA).
Quando a região da Grande São Pedro começou a ser ocupada pelos imigrantes que
vieram em busca de trabalho, por volta da década de 70 a igreja prestava auxílio às famílias
e dividiu a região entre suas Comunidades de base que foram sendo denominadas com
nomes religiosos.
A comunidade São Pedro III ficou com o nome Santo André. Quando a prefeitura inicia
o trabalho na Região, passou a incorporar os nomes dados pela Igreja e as denominações
populares, que foram anos depois, institucionalizados na Lei de Bairros (VITORIA).
Ao final da década de 1970, início da década de 1980 cerca de 90 famílias já ocupavam
um morro em frente ao Bairro São Pedro, fruto da invasão de uma propriedade particular.
Neste período, para eliminar os constantes conflitos entre os invasores e o proprietário,
e visando assentar essas famílias, o prefeito Carlito Von Schilgen libera, em 22 de dezembro
de 1980, através do PROMORAR, uma área de 150.000m² para construção de habitações
populares (COSTA, 2008).
Essa medida desencadeou a ocupação de uma área de manguezal adjacente à já
consolidada, pois a área prevista para assentarem noventa famílias recebeu trezentas outras
que vieram em busca de moradia. Estas últimas, não encontrando terra para assentamento,
iniciaram nova ocupação em manguezal, correspondendo atualmente aos Bairros Santo
André, São José e Redenção (São Pedro III) e Conquista (São Pedro IV). (COSTA, 2008).
A área transforma-se em grande depósito de lixo urbano a céu aberto e passa a atrair
ainda mais pessoas em busca de moradia. Esse processo de migração para a região ocorre
de forma muito acelerada, uma vez que a atração não era tão somente por moradia, mas
por fonte de renda nas toneladas de lixo despejadas por dia em São Pedro III.
Segundo relatório da Prefeitura Municipal de Vitória já em 1983, há uma saturação
populacional nos bairros São Pedro III e IV. A paisagem se altera profundamente, sendo o
verde da vegetação de manguezal substituído pelas cores dos barracos sobre as palafitas
e o lixo. A precária condição de vida desse assentamento humano torna-se foco principal

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Políticas Públicas e Mobilidade Urbana: uma compreensão científica da atualidade
da sociedade salientada pela repercussão do vídeo-denúncia “Lugar de Toda Pobreza”,
produzido pelo jornalista e cineasta Amylton de Almeida (VITÓRIA)
Nesta época algumas ruas já estão aterradas, mas é somente em 1986 que se inicia
o aterro em uma porção significativa da área referente ao bairro de São Pedro III. Segundo
relatos do “prefeitinho da Regional São Pedro”, Elizeu Moreira dos Santos, em 16 de ja-
neiro de 2003, dois tipos de aterros foram utilizados em São Pedro III: sanitário e hidráuli-
co (SILVA, 2020).
Ao final da década de 1980 ocupações populares a noroeste da Ilha continuam invadin-
do o manguezal, atingindo uma extensão de aproximadamente 5km² e configurando novas
áreas para intervenções com aterro. Dessas invasões surgem os Bairros Nova Palestina
e Resistência (São Pedro V e VI, respectivamente), o que contribui para um aumento das
transformações paisagísticas e físicas que a porção noroeste da cidade sofreu com as inva-
sões e posteriores aterros, tornando-se inclusive a Ilha das Caieiras parte da nova porção
continental (SILVA, 2020).
Em 1989, no governo de Vitor Buaiz, a prefeitura adota a Política de Inversão de
Prioridades, segundo relatório da Prefeitura Municipal de Vitória de 1992, com a finalidade
de oferecer melhores condições de vida à população e garantir a preservação do mangue-
zal. Conforme indica esse relatório, iniciou-se o processo de recuperação e preservação
do manguezal, urbanizando as áreas, que segundo diagnóstico da própria Prefeitura, não
dispunham mais de capacidade de auto recuperação (SILVA, 2020).
Destaca-se que esses relatórios são as primeiras fontes com informações que caracte-
rizam preocupação com a degradação ambiental que as ocupações desencadearam. A partir
desse momento os aterros já estavam efetivados, caracterizando a área como uma expansão
da capital. Contudo, somente o aterro não garantiria qualidade de vida aquela população,
tendo sido necessários elevados investimentos públicos de infraestrutura na qualificação
espacial da área surgida em meio ao mangue entre as décadas de 70 e 90.
Nesse mesmo período é implantado o Projeto São Pedro: Desenvolvimento Urbano
Integrado e Preservação do Manguezal em Vitória, caracterizado por três eixos norteadores
que englobam: a conscientização dos moradores para preservação do mangue; a participação
das comunidades na implantação dos critérios para uso e ocupação do solo na urbanização
das áreas, incluindo ainda; melhorias habitacionais para as famílias assentadas.
Como medidas para melhoria da qualidade de vida destacam-se a conclusão, em 1990,
da Usina de Lixo e a organização dos catadores em sindicatos de classe, conforme indica
o Relatório da Prefeitura de 1996. Ainda segundo mesmo relatório, ao final do período de
junho de 1991 a dezembro de 1992 já havia sido aterrado grande parte de São Pedro V e
VI, num total de 445.149,10m³ de aterro e 2.291,46m³ de enrocamento, viabilizados através

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Políticas Públicas e Mobilidade Urbana: uma compreensão científica da atualidade
de empréstimos da Caixa Econômica Federal e recursos próprios da administração mu-
nicipal (VITORIA).
Distintas tecnologias foram utilizadas nesses aterros: em Nova Palestina houve a com-
plementação com argila onde já havia lixo ou inteiramente com argila nas áreas de mangue
e no Bairro Resistência utilizou-se resíduos da Usina de Lixo e entulhos, alternadamente,
conforme informações obtidas no referido relatório da Prefeitura Municipal de Vitória de
1996. (VITORIA).
Nesse processo de urbanização vale ressaltar que alguns limites estabelecidos para
a preservação da área natural não foram mantidos, com a justificativa de que em alguns
casos tornava-se inviável a remoção das famílias. Os reassentamentos que houve visavam,
além da preservação do manguezal, a reordenação espacial das residências, em virtude do
planejamento estratégico adotado para a área.
Dentro desse projeto foi delimitado o tamanho máximo do lote – 150m² – e foram
construídas casas-modelos de 48m², a fim de orientar os moradores na utilização espacial
de seus novos terrenos. As etapas de investimento em infraestrutura na ocupação de São
Pedro IV e V, destacando a drenagem e a construção das casas-modelos. Ainda segundo
mesmo relatório, ao final do período de junho de 1991 a dezembro de 1992 já havia sido
aterrado grande parte de São Pedro V e VI, num total de 445.149,10m³ de aterro e 2.291,46m³
de enrocamento, viabilizados através de 23 empréstimos da Caixa Econômica Federal e
recursos próprios da administração municipal. Neste bairro, os agentes comunitários de
segurança da GMV desenvolveram atividades baseadas nos princípios da comunitarização
e dos Direitos Humanos.
Segundo Gasparini (2008, p. 2), “desde outubro de 2004, a Guarda Civil Municipal
promove a segurança de professores, estudantes, funcionários e comunidades do entorno
de doze unidades de ensino do sistema municipal”. A presença de agentes comunitários
de segurança coopera para a prevenção à violência, desestimula condutas agressivas ou
transgressoras, evita depredação e estimula o respeito entre os alunos e os educadores.
A Guarda Civil Municipal ampliou o atendimento do Grupamento Escolar de 12 escolas
no início de 2005 para 24 escolas e recebeu elogios da população (FERREIRA, 2005). Além
do patrulhamento na região, o atendimento inclui a realização de palestras nos estabeleci-
mentos de ensino. Inicialmente, em outubro de 2004, o Grupamento Escolar formado por
mais de vinte motociclistas, divididos em dois turnos: matutino e vespertino, atendiam doze
escolas municipais na região de São Pedro e Santo Antônio, posteriormente aumentando o
número de escolas e atendendo em todas as regiões de Vitória.
Alguns agentes, devido a interação com a comunidade local inclusive com os professo-
res das escolas, participaram da formação continuada dando orientações e esclarecimento

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Políticas Públicas e Mobilidade Urbana: uma compreensão científica da atualidade
aos professores, coordenadores, pedagogos e diretores sobre o estatuto da criança e do
adolescente, frisando os direitos e deveres dos alunos, baseado no Estatuto da Criança
e do Adolescente.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÁTICA DOS AGENTES DA


GCMV

Ao se analisar a forma de intervenção dos agentes da Guarda Civil Municipal para


o controle da violência e mediação de conflitos no ambiente escolar e na comunidade, na
ótica dos atores sociais da comunidade, fica evidente que os agentes comunitários de segu-
rança têm focado o ser humano, respeitando seus princípios e direitos, atuando na maioria
dos casos de forma preventiva e assistencial, conquistando a comunidade diariamente
presente, conhecendo-os, informando-os e até mesmo intervindo dentro dos princípios dos
Direitos Humanos.
Baseando-se nos preceitos expostos acima, na valorização do ser humano e a busca
por políticas que realmente busquem interagir e equilibrar o papel do estado e da sociedade,
a filosofia de trabalho das guardas municipais vem demonstrar a esperança quanto ao que-
sito segurança, pois uma série de fatores se convergem para uma mudança que não será
repentina, mas aos poucos a resistência diminui, novas oportunidades surgem, objetivando
um trabalho voltado para a proteção do ser humano.
Há unanimidade na fala dos entrevistados quanto à importância dos agentes da Guarda
Municipal em seu trabalho preventivo-educativo junto à comunidade, assumindo o que
Carvalho (2007, p. 1) define como um referencial da atuação da Guarda Municipal que são
a solidariedade, o dinamismo e a prestação de atendimentos com excelência à população.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A respeito da interferência dos agentes da Guarda Civil Municipal para o controle da


violência e mediação de conflitos no ambiente escolar e na comunidade, na ótica dos atores
sociais da comunidade, fica evidente uma segurança têm focada o ser humano, respeitando
seus princípios e direitos, atuando na maioria dos casos de forma preventiva e assistencial,
conquistando a comunidade diariamente presente, conhecendo-os, informando-os e até
mesmo intervindo dentro dos princípios dos Direitos Humanos.
Baseando-se nos preceitos expostos acima, na valorização do ser humano e a busca
por políticas que realmente busquem interagir e equilibrar o papel do estado e da sociedade,
a filosofia de trabalho das guardas municipais vem demonstrando uma esperança quanto
ao quesito segurança, pois uma série de fatores se convergem para uma mudança que

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Políticas Públicas e Mobilidade Urbana: uma compreensão científica da atualidade
não será repentina, mas aos poucos a resistência diminui, novas oportunidades surgiram,
objetivando um trabalho voltado para a proteção do ser humano.

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Políticas Públicas e Mobilidade Urbana: uma compreensão científica da atualidade

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