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U N I V E R S I DA D E Z A M B E Z E

FAC U L DA D E D E C I Ê N C I A S E T E C N O L O G I A S
L I C E N C I AT U R A E M E N G E N H A R I A C I V I L

INTRODUÇÃO AO CAPITULO III


DIMENSIONAMENTO DE CANAIS

DISCIPLINA: HIDRAULICA II
DOCENTE: ENG. GOLDEN GARFO
DIMENSIONAMENTO DE CANAIS
1. Tipos de canais
2. Canais não erodíveis
3. Folga
4. Secção hidráulica óptima
5. Dimensionamento de canais não erodíveis
6. Canais erodíveis
7. Método da velocidade admissível
8. Método da força de arrastamento
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9. Secção hidráulica estável
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Tipos de canais
Designa-se como CANAL (open channel) qualquer tipo de conduta em que o
escoamento se processa com superfície livre.
Os canais podem classificar-se quanto à origemem:
NATURAIS – rios e linhas de água;
ARTIFICIAIS, por exemplo:
• Canais de rega;
•Valas de drenagem;
2 •Valetas de estradas;
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Canais não erodíveis
Neste tipo de canais, o material ou materiais que compõe o leito e os taludes é
(são) capaz(es) de resistir à acção erosiva da água.
• Escavados em rocha sã
• Revestidos Finalidades do Revestimento
- Protecção contra erosão;
• Betão - Diminuição das perdas de água por
• Argamassa infiltração;
- Maior velocidade de escoamento;
• Pedra argamassada
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• Alvenaria
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Critérios Gerais de Dimensionamento
I. -Eficiência hidráulica - transportar o caudal de dimensionamento com área
mínima de secção;
II.- Praticabilidade e facilidade da construção e manutenção;
III.- Economia da construção;
• Escavação;
• Remoção do material escavado;
• Revestimento;
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Factores a considerar no dimensionamento de canais
não erodíveis
I. - Velocidade mínima ou velocidade de não-arrastamento;
• Quanto maior a velocidade do escoamento, maior é a capacidade de erosão e
de transporte de sedimentos;
• Quando a velocidade do escoamento se torna baixa, reduz a capacidade de
transporte de sedimentos e estes depositam-se causando o assoreamento do
canal.
Exemplo: rio que entra numa albufeira)

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Cont.
II. - Inclinação do canal
Condicionada pela topografia, não se pode afastar muito da inclinação média
do terreno natural

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Cont.
III. - Inclinação dos taludes
- Dependem principalmente do tipo de material;
- Os taludes devem aproximar-se da vertical tanto quanto possível;
◦ Rocha – quase vertical
◦ Argila dura, terra com revestimentode betão – (V:H) (1:1) a (1:0.5)
◦ Terra com revestimento de pedra – (1:1)
◦ Argila média – (1:1.5) se não forem revestidas,
7 ◦ Silte, areia – (1:2 a 1:3) considerar como erodíveis
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Folga
Folga é a distância na vertical entre a superfície da água e o topo do canal nas
condições do projecto.
Objectivo:
Evitar que o canal seja galgado (o que poderia provocar erosões) devido a ondas e
flutuações provocados por:
• Vento,
• Ressalto hidráulico,
• Assoreamento,
• Aumento de altura em curvas,
f – folga– distância vertical entre o topo do canal e a superfície de água;
8 • Aumento de rugosidade f´- altura do revestimento acimada superfície da água;
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Cont.
Valores sugeridos pelo U.S. Bureau of Reclamation para as folgas f e f’em
função do caudal Q

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Secção hidráulica óptima
Secção hidráulica óptima (para dada forma) é aquela cujas dimensões minimizam o
perímetro molhado P para uma certa área A

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Cont.
A secção óptima entre todas seria o semicírculo. Por razões construtivas, é
mais usual usar-se uma secção trapezoidal
• O princípio da secção hidráulica óptima só se aplica a canais não erodíveis.
• A área mínima pode não corresponder ao custo mínimo.

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Dimensionamento de canais não erodíveis
Dados: Q, Jo, forma da secção, tipo de revestimento
1. Estima-se Cou n
2. Calcula-se

3. Obtém-se y para a secção hidráulica óptima e define-se a secção;


4. Se necessário por razões construtivas, modifica-se as dimensões, fazendo sempre a verificação
pelas fórmulas deManning-Strickler ou de Chézy;
5. Verificar se se tem regime lento;
6. Verificar Umin, se Qminfor dado;
7. Estimar as folgas f e f ’;
12 8. Desenha-se a secção transversal obtida.

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Canais erodíveis
Os canais erodíveis são compostos por material incoerente (areia, silte)cujas
partículas podem ser arrastadas pelo escoamento;
Dimensionamento
• Evitar a existência de erosão;
• Garantir a capacidade de vazão necessária;
Métodos de dimensionamento
• Método da velocidade admissível;

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• Método da força de arrastamento.

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Método da velocidade admissível
Velocidade admissível é a máxima velocidade média (Umáx) do
escoamento que não provoca erosão no canal.
A velocidade admissível:
• Aumenta com o diâmetro (silte, areia, cascalho, calhau)
• Aumenta com a compactação (argila)
• Diminui com a sinuosidade do canal
(ver Tabela 119 e gráfico 120 – Lencastre).

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Método da velocidade admissível– Passos de
dimensionamento
1. Para o material do canal, tem que se definir:
• n;
• Inclinação dos taludes;
•Velocidade admissível U;

2. Calcular a área mínima (para que a velocidade admissível não seja


excedida) necessária Amin

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Cont.
3. Calcular o raio hidráulico máximo Rmax (se for excedido, a velocidade de
escoamento será superior a U )

4. Determinar as dimensões da secção que satisfazem Amin e Rmax

5. Incluir a folga f

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Método da força de arrastamento
Quando a água se escoa num canal, há uma força que actua sobre o leito na
direcção do escoamento. Esta força é a impulsão sobre a área molhada e é
chamada FORÇA DE ARRASTAMENTO
- componente do peso paralela ao leito

- tensão tangencial média

Em canais rectangulares de grande largura, R ≈y


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Distribuição das tensões tangenciais ao longo
do perímetro molhado não é uniforme

Secções trapezoidais

Para 1 : 1 Para 1 : 1,5


a = 0.75* γ*y *Jo a = 0,75 . γ.y .J0
b = 0.97* γ*y *Jo b = 0,97 . γ.y .J0
c = 0.43 * γ*y *Jo c = 0,43 . γ.y .J0

Quanto maior a relação b/y, mais as tensões máximas se aproximam de


23 γ*y*Jo no fundo e0.76*γ*y*Jonos taludes.
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Estabilidade duma partícula de material
não coerente situada no talude
Uma partícula situada no talude é menos estável do que uma partícula situada
no leito devido à componente do seu peso paralela ao talude que tende a
deslocá-la
τl – tensão de arrastamento no leito
τs – tensão de arrastamento no talude
∅– ângulo do talude com a horizontal
Ψ– ângulo de repouso do material

25 A resultante destas forças é:


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Cont.
Força estabilizante Para uma partícula situada no leito: Ψ= 0º

relacionando τs com τl
Na situação limite, Fe = Fr

∅ tem de ser inferior a Ψ


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Cont.
Se ∅ = Ψ, K= 0 → a partícula é instável

A tensão de arrastamento
admissível no talude é então:

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Tensões de arrastamento admissíveis

a) Critério de Shields (1933)

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Cont.
Quando γs=2650 kg/m3, D em cm, τadmem N/m2, a fórmula simplifica-
se:

Ver tabela 123 – Lencastre


Materiais incoerentes grosseiros (fórmula de Lane)
Materiais incoerentes finos (valores da URSS)
32 Materiais coerentes (valores da URSS)

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Método da força de arrastamento – passos
de dimensionamento
Dados: Q, Jo, D
1. Definir a forma da secção e o valor de n;
2. Obter o valor de Ψ;
3. Arbitrar dimensões para a secção, incluindo a inclinação dos taludes ∅ < Ψ;
4. A partir de D, obter τadm pelos critérios de Shields ou de Lane
5. Obter τl adm= τadme τs adm= K*τadm
6. Obter ymax comparando:

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Cont.
7. Com o valor de ymax, calcular A, R e determinar Qmax
8. Modificar se necessário as dimensões da secção e repetir a partir do ponto
3. Qmax deve ser ligeiramente superior a Q.
9. Incluir a folga fe desenhar a secção.

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Próxima aula

EXERCICIOS

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Obrigado pela atenção!

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