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1. Introdução
Adotamos um muro de gravidade de alvenaria de pedra à vista com junta argamassada, para
melhor integração paisagística e também por se tratar de uma estrutura rígida corrente,
constituída por elementos rigidamente interligados e assim absorver as solicitações com
apreciáveis componentes horizontais de um talude consolidado e com altura máxima de 3,5m.
Esta estrutura monolítica foi concebida para funcionar por simples ação do peso próprio,
garantindo desta forma o efeito estabilizador necessário na base do talude.
O muro de gravidade será executado numa zona de aterro (junto à EN101-3, na freguesia de Sto.
Adrião – Vizela) de contenção de um talude estável, embora obrigue à execução de uma escavação
prévia para execução da fundação do muro, havendo um posterior aterro no tardoz do muro
compactado e com características granulares. Com efeito esta medida é altamente favorável, já
que os solos com estas características, por terem o comportamento praticamente independente
do teor em água, garantindo assim, a constância do impulso, logo do comportamento da própria
obra.
Este muro de suporte, constituído por alvenaria de pedra de granito com junta argamassada, como
se referiu anteriormente, exigem um bom terreno de fundação dado ser ele próprio muito rígido e
como tal, não suportarem grandes deformações da fundação. Não se realizaram ensaios
geológicos/geotécnicos ao terreno de fundação, mas numa análise “in loco” e “à vista” no local,
verifica-se que o terreno de fundação aparenta ser constituído por um estrato com características
adequadas, uma vez que existe um muro de espera na base do talude, estável e sem deformações,
há muito tempo executado.
Pretende-se agora executar um muro de suporte de gravidade em alvenaria de pedra à vista que
dê apoio a um passeio e que suporte os impulsos ativos do talude. Adotamos um muro em degraus
para o seu tardoz, sem impulsos hidrostáticos uma vez que a camada superficial é impermeável,
constituída por passeio e arruamento com drenagem superficial das águas pluviais.
Os muros de alvenaria de pedra argamassada são, naturalmente pela sua facilidade e baixa
tecnologia de construção, os mais fáceis de executar e esteticamente mais belos, integrando-se
melhor nesta zona rústica e histórica (junto ao pelourinho e à igreja da Freguesia).
As técnicas usadas para a construção deste muro de suporte em alvenaria de pedra, seguem em
quase tudo as técnicas de construção de paredes divisórias com os mesmos materiais. Para a
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Caso não se verifique qualquer uma das condições referidas anteriormente deve-se aumentar
sucessivamente as dimensões do muro.
As dimensões e condições iniciais do muro são as representadas na figura seguinte:
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Para o muro de gravidade em questão, podemos dizer que as forças atuantes sobre o mesmo são:
Separamos o peso próprio do muro, bem como o peso do solo sobre o mesmo, em várias parcelas
para facilitar o seu cálculo e os seus pontos de aplicação.
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Para o cálculo do peso próprio, tanto do solo como do muro, basta calcular o volume do material
e multiplicar pelo seu peso específico.
Vamos calcular todas as ações atuantes sobre o muro, para cada metro de largura do mesmo, ou
seja, vamos considerar a largura de um metro de muro no cálculo.
Vamos calcular os impulsos ativo e passivo atuantes sobre o muro de gravidade. Iniciamos com
o cálculo dos coeficientes de impulso (ativo e passivo) para estas situações, tanto de muro como
de talude e segundo a teoria de Rankine (terrapleno horizontal, muro de paramento vertical e
desprezando-se também o atrito interno entre o terreno e o muro) temos:
1−𝑠𝑒𝑛 𝜙 1
𝐾𝑎 = 1+𝑠𝑒𝑛 𝜙
; 𝐾𝑝 = 𝐾𝑎
1−𝑠𝑒𝑛 35º
𝐾𝑎 = 1+𝑠𝑒𝑛 35º = 0,271
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1
𝐾𝑝 = 0,271 = 3,69 (em que Kp é o coeficiente de impulso passivo)
Do solo (ativo):
σha= Ka . ɣ . H
σha= 0,271 x 18 x 4 = 19,312 KN/m²
Da sobrecarga:
σhq= Ka . q
σhq= 0,271 x 5 = 1,355 KN/m²
Por fim, determinamos os impulsos ativos e passivo e os seus pontos de aplicação no muro, que
são o centroide dos respetivos prismas de tensões:
𝜎ℎ𝑎 .𝐻 19,312 𝑥 4
𝐼𝑎1 = = = 38,624KN/m
2 2
𝐻 4
𝑌𝑎2 = = = 2,00𝑚
2 2
Impulso passivo:
𝐻1 0,5
𝑌𝑝 = = = 0,167𝑚
3 3
As cotas de aplicação das cargas são calculadas em relação ao ponto A (ver figura abaixo) que é
o ponto de derrube da estrutura.
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Gi = ɣi * bi * Hi
Para o cálculo do peso do solo acima do muro, utilizamos o mesmo raciocínio do peso do muro:
𝑀𝑒
FS = ≥ 1,5
𝑀𝑑
Apresentamos a seguir o esquema de todas as forças e seus pontos de aplicação (já calculados),
para verificação da estabilidade ao derrube:
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𝑀𝑒 259,44
FS = 𝑀𝑑 = 62,326
= 4,16 ≥ 1.5 OK!
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𝐹𝑅
FS = ≥ 1,5
𝐹𝐷
Em que:
FR = Ip + Fat ; Fat = N x µ ; N= GT + WT
FD = Ia1 + Ia2
83,592
𝐹𝑆 = 44,044
= 1,9 ≥ 1,5 OK!
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Vamos considerar o ponto C na figura abaixo, como o centro da base, ou seja, encontra-se a 1,25m
do ponto A (extremidade esquerda da sapata), já demarcado anteriormente.
188,23 6∗38,202
σmax = 2,5∗1
+ 2,5² = 75,29 + 36,67 = 111,96𝐾𝑁/𝑚²≤150KN/m² OK!
N 6 ∗ 𝑀𝑇
𝜎𝑚𝑖𝑛 = −
𝐴 𝑏²
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𝜎𝑚𝑖𝑛=75,29-36,67 = 38,62KN/m²
Podemos concluir então que a tensão máxima é menor que a tensão admissível do solo, 𝜎𝑎𝑑𝑚 =
150𝐾𝑛/𝑚² (atribuída no início do cálculo), ou seja, podemos garantir também a estabilidade do
muro à capacidade de carga do solo na zona da base.
Além disso, visto que não ocorreram tensões negativas ao longo da base, podemos garantir que o
solo está sofrendo compressão em toda a fundação do muro, o que é o indicado para este tipo de
estruturas.
2.8. Conclusão
Como se verificam todas as condições de segurança (ao derrube, ao deslizamento e a capacidade
de carga na base da fundação) podemos concluir que as dimensões do muro de suporte gravítico
de alvenaria de pedra estão bem atribuídas, garantindo assim a sua estabilidade interna e externa,
se forem cumpridas as regras de construção e os dados atribuídos inicialmente.
O Técnico,
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