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As Árvores Sagradas e sua Importância para o

Candomblé.

A natureza é maior representação de todos os òrìṣàs. Quando olhamos para a


natureza podemos sentir as divindades e os espíritos ancestrais entrando em contato
conosco. Em nações como a Jeje Mahi, às árvores são o altar das divindades, são
essenciais para se manter presente a espiritualidade de cada òrìṣà.

Existe a divindade específica na qual está associada uma árvore sagrada


chamada Gameleira Branca, essa divindade chama-se Iroko. Os mais antigos no àṣẹ
dizem que está divindade foi a primeira a se fazer presente no Ayié por ter se
transformando em uma arvore. Era muito comum que as mulheres estivessem em busca
de fertilidade e fossem ao pé da árvore Iroko para fazer seus pedidos.

Conta um itan, que durante uma briga entre as divindades para tomar decisões
sobre o Ayié, Èṣù com sua sabedoria e no intuito de acabar com a discussão, retirou da
sua cabaça um pouco de pó e soprou sobre as divindades. Mas, a discussão era tão
grande, que ao jogar o pó um raio se formou e acabou causando a morte te de dois
homens.

Os humanos passaram a dizer que seria magia negra e as divindades, chateadas


com o que ouviam tiraram toda a prosperidade da terra. Para mudar a situação, Oṣáàlà
pediu ajuda a Ọlọrun, então o grande òrìṣà Yorùbá diy que pegassem o seu Efuru (pó
branco) e soprou sobre Iroko fazendo dele uma grande árvore, a maior de todas da terra.

A Gameleira Branca não é a única árvore sagrada conhecida no candomblé. A


Jaqueira é muito conhecida pelo culto dedicado às Ìyàmis. Está árvore representa a
morada das grandes mães ancestrais, as senhoras dos destinos e do mundo sendo
representadas como as primeiras feiticeiras da terra.

As grandes mães são cultuadas por mulheres. Tidas como senhoras de grande
perigo, com muita magia e ligação com as florestas noturnas. Senhoras da escuridão. As
jaqueiras que possuem o seu culto costumam ter bichos encantados como Dan e
Aranhas.
Além da Gameleira e da Jaqueira, o Baobá, árvore frutífera que quase não se
encontra mais no Brasil é a representação do àṣẹ africano aqui no Brasil. Dizem os mais
antigos que sua primeira muda chegou ao Brasil com um grupo de africanos
escravizados e se tornou a demonstração do sagrado e da ligação do homem com a
espiritualidade. Árvore centenária que possui apenas 4 exemplares no Brasil. Uma delas
se encontra aqui na Bahia, em um bairro chamado Engenho Velho de Brotas, em um
dos terreiros centenários da Bahia, tido como um dos primeiros a se formar tendo como
origem a nação Jeje, conhecido atualmente como Bogun.

O Lírio Branco também é tida como árvore sagrada. É uma árvore ligada a
Oṣagian, sendo a única referência de árvore ligada a esta divindade. Está árvore também
é utilizada para abrigo de Ọmọ Odu daqueles que possuem Oṣagian como seu caminho
ou Ori.

Todas as árvores sagradas costumam ser cobertas com ojás. Panos brancos que
são envoltas nos troncos para mostrar a sacralidade daquela árvores, o seu sagrado. Uma
árvore com ojá é a demonstração de que alguma divindade está sendo cultuada
especificamente nela e por isso é extremamente respeitada.

As árvores em si costumam ser sempre vistas de forma sagrada. É a


representação maior da natureza espiritual que nos cerca e nos toma. É a força do
sagrado se comunicando com o ser humano.

Quando se cultua uma árvore, fazendo dela a natureza espiritual que.nos guia e
nos cerca, estamos trazendo à tona a valorização de nossos ancestrais, a confirmação da
existência de espíritos da natureza que se fazem presentes em todas as formas. Mas a
espiritualidade utilizando a árvore sagrada vem muito antes da criação do candomblé.

A cultura pagã utilizava as árvores como forma para se conectar com os espíritos
da terra, para se conectar com as mães ancestrais e por em prática o culto as grandes
mães. A figura feminina representada em uma grande árvore era para os pagãos a
demonstração do poder criador feminino e por isso rituais eram praticados defronte a
elas.

Cultura milenar que não pode ser deixada de lado, não pode ser esquecida. Deve
sim fazer parte de nossos cultos e tradições. Pois é a maior representação da
espiritualidade e da ligação entre nós, humanos, e os espíritos.

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