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CABOCLOS

O LEGADO INDÍGENA JUNTO A MATRIZ AFRICANA

Quando se pesquisa e estuda a história da formação da sociedade brasileira, os


indígenas estão presente com suas tradições e traços físicos. Espiritualmente, pode-se afirmar
que a contribuição foi intensa. Quando se analisa os cultos espirituais indígenas, é possível
perceber quantas coisas em comum existe entre os indígenas e o culto de matriz africana.
A valorização da natureza e de seus elementos ligados a divindades espirituais. A
seriedade com que se trabalha e se trata as divindades da natureza. Isso é visto em ambos.
Dizem alguns historiadores que os indígenas e os africanos se misturaram nos quilombos na
época do Brasil Colonial, pois o local onde os africanos escravizados se escondiam quando
conseguiam fugir era no meio da mata, onde muito indígenas também se encontravam com
suas famílias e tradições.
Na Bahia, o dia 2 de julho é dedicado aos caboclos de pena. Nos terreiros de Angola,
reza-se e toca-se para estas divindades. Pois são reconhecidos como espíritos importantes para
a casa, muitas vezes sendo o guia espiritual de muitos terreiros.
Muitas coisas se questiona nos cultos aos caboclos. A postura dessas entidades reflete
seres que já tiveram vida, com costumes indígenas que muitas vezes nem nós sabemos. Com
tratamentos de cura através de folhas, fumaça de charuto e outros elementos que são extraídos
da natureza a qual eles estão ligados.
A Jurema ou Aruá são as bebidas ligadas a eles. O vinho é a base, as folhas fazem
parte do processo, o mel ou o melaço, gengibre, bebida do mato, é assim que eles chamam. A
bebida fica em fusão com raízes e frutas para a hora de se cortar ou rezar para os caboclos.
Existe a Jurema que é feita sem vinho, conhecida como Jurema Preta, onde as raízes de
Jurema e outras ervas ficam em fusão, causando a fermentação das raízes.
Esta fermentação é o que causa a sensação de embriaguez. Os indígenas possuem uma
bebida ritualística parecida com a Jurema chamada Cauim. Esta bebida é feita à base de
mandioca ou milho.
Estas raízes são cozinhadas, mastigadas e recozida para que possa ocorrer a
fermentação e assim ser considerada alcoólica. Os caboclos existentes nos candomblés trazem
a relação e troca de informações entre africanos e indígenas, onde ambos passaram o seu
conhecimento.
Quando se analisa a formação cultural do país, principalmente onde se teve um grande
contingente de africanos e território indígena, fica claro o quanto os brasileiros possuem em
suas características as ações tanto dos povos africanos quanto do indígena brasileiro.
É que se vê essa ligação mais de perto. As festas dedicadas aos caboclos, traz a
história do povo negro, dos povos mais antigos que quase tiveram as suas tradições e
costumes sucumbidas pelo autoritarismo e domínio europeu. O àse é um exemplo de
resistência, de luta e de permanência das tradições africanas e indígenas. A Umbanda possui
uma ligação intensa com essas entidades, é muito comum a presença deles como mentores da
casa.
Xetuá!

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