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ISSN: 2525-8761
RESUMO
Os agravos psicossociais entre os profissionais da saúde estão atualmente na agenda de
discussão mundial, principalmente, em função da pandemia de Covid-19. Este artigo,
pautado em um estudo descritivo-bibliográfico, objetiva discutir essa temática, à luz da
biossegurança em saúde. Para tanto, aborda, de forma clara e direta, o momento atual que
assola a humanidade, trata às questões ocupacionais vivenciadas por profissionais da
saúde e sugere ações educativas visando uma formação abrangente em biossegurança
para àqueles que atuam nessa área.
ABSTRACT
Psychosocial problems among health professionals are currently on the global discussion
agenda, mainly due to the Covid-19 pandemic. This article, based on a descriptive-
bibliographic study, aims to discuss this theme, in the light of health biosafety. To this
end, it addresses, in a clear and direct way, the current moment that plagues humanity,
deals with occupational issues experienced by health professionals and suggests
educational actions aimed at comprehensive training in biosafety for those who work in
this area.
1 INTRODUÇÃO
A pandemia causada pelo novo coronavírus (SARS-COV-2), cuja doença
recebeu, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o nome de Covid-19, é uma
crise de saúde global determinante da nossa época. O vírus surgiu no fim de 2019, na
China, na cidade de Wuhan. Em 7 de janeiro de 2020, o novo vírus já estava isolado e
identificado e dois dias depois seu genoma estava sequenciado. Em 30 de janeiro de 2020
a OMS emitiu o alerta de Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional. Nos
Estados Unidos, 21 dias após o primeiro caso na China, o vírus já estava circulando, e
três dias depois, na Europa. Na África e na América Latina, especificamente no Brasil, o
primeiro caso foi relatado em 26 de fevereiro de 2020 (THEY, 2020). Essa pandemia de
Covid-19 está afetando toda a sociedade, sendo que àqueles mais vulneráveis tanto
socialmente, como financeiramente, são os que estão com maior intensidade de agravos
(CID et al., 2020).
Nesse contexto, com o crescimento de casos de Covid-19, em escala exponencial,
um grupo, os profissionais da saúde, não apenas os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas,
mas todos que atuam em ambientes da saúde, incluindo os estudantes da área,
profissionais de cozinha, limpeza, maqueiros, laboratoristas, motoristas de ambulâncias,
vigilantes, entre outros, que diariamente, cuidam silenciosamente da saúde de todos, vem
se defrontando com informações, muitas vezes falsas e mutáveis, e com lacunas de
conhecimento, característica da atual pandemia (SIM, 2020; ITODO et al., 2020).
Os desafios enfrentados por esses profissionais podem ser um gatilho para o
desencadeamento ou a intensificação de sintomas de ansiedade, depressão e estresse
(BAO et al., 2020), e que podem ter consequências até em longos prazos (SANGHERA
et al., 2020).
Esses agentes de risco estão atrelados ao campo da biossegurança em saúde,
especificamente em relação a segurança e saúde ocupacional dos profissionais que
transitam nesses ambientes, e que se caracteriza por posicionamentos conflitantes, em
função, principalmente, da falta de informações confiáveis e abrangentes e da ainda
tímida produção de pesquisas nessa área. Esse é ainda um tema não contemplado na
agenda política de discussões, diferentemente da biossegurança de organismos
geneticamente modificados (OGMs), que em função do seu forte apelo econômico,
consegue atrair, com intensidade os holofotes da mídia (COSTA.; COSTA, 2021a,
2021b).
Portanto, esse ensaio busca realizar uma discussão sobre essa temática, ou seja, a
biossegurrança em saúde, especificamente sobre os agravos psicossociais no contexto da
pandemia de Covid-19, em profissionais da saúde.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pandemia de Covid-19 explicitou a precarização do processo de trabalho em
saúde de nosso país, colocando em debate os inúmeros problemas existentes no sistema
de saúde, principalmente no que concerne às fragilidades do mundo do trabalho, como
falta de pessoal, falta de Equipamentos de Proteção Individual, falta de estratégias para
momentos críticos, como o que vivenciamos, falta de capacitação continuada, que deve
incluir conteúdos de biossegurança, entre outros.
Nessa linha, a difusão e popularização da biossegurança em saúde, pelo exposto,
se constitui em um instrumento fundamental para a identificação de um eixo condutor
que direcione estas discussões, de tal forma, que os objetivos demandados pela sociedade
sejam alcançados e suportados pela ciência, pela técnica, e principalmente pela ética.
AGRADECIMENTO
Ao CNPq, pelo apoio financeiro em vários projetos sobre educação em biossegurança.
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