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ÉPOCA: Até que ponto a qualidade do professor impacta o desempenho dos alunos?
Barbara Bruns: Muitas pesquisas educacionais mostram que o aprendizado – as notas
dos alunos, seu sucesso na trajetória escolar e depois na faculdade – está muito ligado à
condição socioeconômica da família. Essas pesquisas eram valiosas porque foram feitas
em uma época em que tínhamos pouca capacidade de medir o que acontecia dentro da
escola. Agora, nós temos muitos dados que analisam o desempenho do professor na sala
de aula e descobrimos que o impacto do professor é muito maior do que poderíamos
imaginar. Pesquisas atuais e reconhecidas nos permitem saber que alunos com o mesmo
nível socioeconômico podem aprender mais ou menos, de acordo com o professor.
ÉPOCA: Há uma forte discussão nos EUA e em outros países sobre a estabilidade
de emprego dos professores. Ela dificultaria o sistema a se livrar dos professores
ruins. O que a senhora acha?
Barbara: É preciso demitir quem não tem bom desempenho. Todos os professores, sem
exceção, precisam de retorno, de apoio, de condições adequadas de trabalho para
melhorar e se desenvolverem. Ser professor não é tarefa fácil. O interessante é que nos
EUA e na América Latina estão passando leis que dizem o seguinte: os professores
precisam ser avaliados periodicamente, ter a oportunidade de melhorar, mas se isso não
acontecer, eles podem ser demitidos. Chile, Colômbia e México estão nesse caminho.
Boa parte dos distritos americanos também. Isso afeta a atratividade da carreira. Manter
os professores ruins e tratá-los como os bons espanta os jovens talentos.
Fonte: <https://epoca.globo.com/vida/noticia/2014/11/barbara-bruns-o-brasil-nao-atrai-
talentos-para-carreira-de-professor.html>. Acesso em 05 de março de 2019.