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Aluno: Patrick Matsubara Fugarino RA: 12212124-4

Curso: Medicina 1° Termo B

RODA DE CONVERSA COM RICHARD, FÁBIO E FLÁVIO

Professora: Elaine Fernanda Dornelas de Souza

Presidente Prudente - SP
2021
No dia 11 de novembro, durante a aula de Comunicação em Saúde, tivemos a
oportunidade de assistir ao relato de Fábio, um homem que superou o câncer e,
entretanto nessa luta ocorreu à perda da visão por conta de um aneurisma cerebral.
Ouvir o relato de Fábio sobre o modo e muitas vezes foi injustiçado e tratado
desrespeitosamente ou de forma irresponsável nos atendimentos médicos foi muito
esclarecedor e proporcionou uma perspectiva diferente da relação médico-paciente para
melhor entender o como um profissional da área deve se portar. Deste modo me ajudou
a desenvolver um olhar empático e com uma postura mais ética.
Além disso, pudemos ver como Fábio preza por futuros profissionais que
entendam como o paciente que possui deficiência física deve ser tratado, seja na
comunicação direta com ele e não com seu acompanhante, seja na forma de conduzir a
consulta, ou ate mesmo em questão da estrutura física onde ocorrerá a consulta, tendo
meios de fornecer acessibilidade ao deficiente.
A história de Fábio chamou-me a atenção para pequenos detalhes acerca da vida,
e o como um pensamento positivo permitiu que alguém como ele se permanecesse de
cabeça erguida e superasse esse grande obstáculo que apareceu em sua vida. Tambem
percebi a importância da empatia que se deve ter na relação médico-paciente, ao
contexto biopsicossocial dos pacientes e sobre o cuidado que se deve ter em relação à
manutenção do respeito na comunicação com pessoas portadoras de qualquer
deficiência.
No dia 18 de novembro, durante uma aula extra de Comunicação em Saúde, estivemos
em uma roda de conversa online com o Richard, um homem portador de deficiência auditiva e
sua esposa, que é intérprete.
Richard é uma pessoa que teve meningite enquanto ainda muito jovem e isso causou a
perda da audição. Ate os 16 ele não havia tido contato com libras, então ele fez uso apenas de
gestos ate essa idade. Durante sua juventude encontrou dificuldades na falta de acessibilidade
ate mesmo para realizar tarefas básicas, como ter aulas, ou realizar as provas para tirar a carteira
de habilitação, isso por conta da falta de interpretes capacitados para realizar a comunicação
com pessoas deficientes auditivos.
Ele é casado e tem dois filhos. Mesmo adulto e tendo conhecimento de libras ele ainda
enfrenta obstáculos em diversas situações, como por exemplo ir ao médico ou ir doar sangue,
pois a falta de preparo para se comunicar com as pessoas deficientes auditivas no sistema de
saúde ainda é deficitário, levando a situações desconfortáveis e burocracias desnecessárias
Porém foi muito interessante ver o como é possível que as pessoas com uma deficiência
superem os obstáculos que a vida os impôs e nesse caso formem uma falilia normal e saudável.
Entretanto, ainda enfrentam muitos desafios no que diz respeito à ignorância que a
sociedade possui em relação à surdez. Este seu relato permitiu que nos alunos pudéssemos
refletir o modo ético de se portar e fornecer acessibilidade ao paciente portador de deficiência
auditiva, e essa foi a principal contribuição da roda de conversa com o Richard para a minha
formação, ver a importância de conhecer as necessidades da pessoa surda e atender às leis que
dizem respeito a essas necessidades, além de reconhecer também a crucialidade da empatia e do
respeito a essas pessoas.
A roda de me ensinou bastante sobre a comunicação na relação médico-paciente com o
Surdo, e sobre as posturas de um médico que podem ser desrespeitosas e desconfortáveis para
esse indivíduo, bem como a sua falta de interesse na busca por uma comunicação efetiva, ou
pelo menos uma boa comunicação com um paciente surdo, para que não ocorram equívocos no
que se pretendia dizer.
Para mim, esse momento de conversa fez enxergar muito além do campo de visão que
me é comum acerca da relação com os pacientes, notando a necessidade de prever o encontro
com uma pessoa surda no consultório, o que exigirá muita competência para ser um médico que
marque positivamente aquele paciente, realizando um diagnóstico sem erros provenientes da má
comunicação e deixando-o confortável.
No dia 19 de novembro, durante a aula de comunicação e saúde tivemos acesso a
mais uma entrevista com uma pessoa deficiente auditiva chamada Flávio. Durante sua
gestação sua mãe foi acometida por rubeula, o que causou que Flávio nascesse surdo e
com craniostenose.
Ele relatou que durante sua infância as escolas não proporcionaram um ensino
integrado que permitisse que as pessaoas que tem a deficiência auditiva acompanhassem
as aulas de forma eficiente, causando um efeito muito negativo em seu aprendizado.
Hoje ele é professor, formado em pedagogia e está fazendo seu mestrado. O
dialogo foi muito complementares à ideia da empatia.
O que me chamou atenção é que o Flávio tem bastante independência e nos
mostrou seu esforço para superar os limites impostos pela sociedade, a qual não tem o
hábito da inclusão, mas são plenamente superáveis.
Flávio tem grande apreço pela música e por outras línguas e culturas diferentes,
além de possuir uma vida profissional normal, uma família e amigos, força de vontade
dele dele no que diz respeito à superação agregou muito para o meu entendimento do
quem é e como vive uma pessoa portadora de deficiência auditiva.
Ele também nos mostrou a importância da forma como me comunicarei no
consultório, porque é preciso me certificar de que não passei uma mensagem com
sentido distorcido, visto que como Flavio nos mostrou, vários sinais na Libras tem
significados contraintuitivos, e portanto uma mímica pode gerar um desentendimento
desnecessario, aprendi que caso não domine a comunicação, devo demonstrar empatia
na forma de gesticular, olhar nos olhos e até mesmo na forma de pronunciar, para
facilitar a leitura labial. Além disso há a possibilidade de tentar a escrita, posso procurar
alguém que saiba libras, devo ter cuidado com sinais negativos, não posso fazer sinais
sem entender o que estou dizendo, assegurar o sigilo, e fazer o possível para que a
comunicação seja mais clara possível. É importante ressaltar o quanto o momento de
diálogo aguçou ainda mais meu olhar de empatia em relação às pessoas com
necessidades especiais.
Ao final da entrevista, que foi uma experiência riquissima de conhecimento
proporcionada a nós, ainda tivemos a oportunidade de apreciar a habilidade de Flávio
com a musica, ele nos mostrou a música “Vagalumes” na libras e isso foi algo que
realmente me tocou, senti toda a positividade e força de vontade com a qual Flávio luta
para superar os obstáculos que são impostos a ele e manter um sorriso no rosto.

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