Você está na página 1de 26

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DA AERONÁUTICA

DIVISÃO DE ENSINO
CURSO DE COMANDO E ESTADO-MAIOR

ÁLVARO ESCOBAR VERÍSSIMO, Ten Cel Av

A atividade do Esquadrão de Demonstração Aérea na motivação dos jovens ao


ingresso na carreira de Oficial Aviador da Força Aérea Brasileira

Rio de Janeiro
2017
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DA AERONÁUTICA
DIVISÃO DE ENSINO
CURSO DE COMANDO E ESTADO-MAIOR

ÁLVARO ESCOBAR VERÍSSIMO, Ten Cel Av

A atividade do Esquadrão de Demonstração Aérea na motivação dos jovens ao


ingresso na carreira de Oficial Aviador da Força Aérea Brasileira

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Curso de Comando e
Estado-Maior da Escola de Comando e
Estado-Maior da Aeronáutica.
Linha de Pesquisa: Administração.
Orientador: Alexandro Pereira de Oliveira,
Ten Cel Av.

Rio de Janeiro
2017
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 7

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 10

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ....................................................... 14


4.1 Apresentação dos dados .................................................................................. 14
4.2 Análise dos dados ............................................................................................. 19
4.3 Interpretação da análise dos dados ................................................................ 23

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 23

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 25
RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo identificar a influência da atividade do Esquadrão


de Demonstração Aérea na motivação dos jovens à carreira de Oficial Aviador da
Força Aérea Brasileira. A metodologia utilizada constituiu de entrevista com a
Divisão de Relações Públicas do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica,
que verificou como o órgão central de Comunicação Social da Força explora a
capacidade de comunicação visual do Esquadrão, e de questionário aplicado aos
Cadetes do 1º Ano do Curso de Formação de Oficiais Aviadores da Academia da
Força Aérea, que averiguou se o Esquadrão exerceu influência na decisão desses
jovens pela carreira na Força Aérea, tudo isso apoiado na corrente teórica de
referência. Os dados coletados apontaram que a atividade do Esquadrão inspirou os
Cadetes, à época jovens em fase de seleção de metas, a acompanhar as atividades
da Força Aérea Brasileira, motivando-os à carreira na Força, mas indicou também
que o potencial da Unidade pode ser mais utilizado. Concluiu-se, baseado na análise
dos dados obtidos, que a atividade do Esquadrão de Demonstração Aérea exerce
influência positiva na escolha dos potenciais candidatos pela carreira de Oficial
Aviador da Força Aérea Brasileira, mas que é possível uma maior exploração do
potencial da Unidade pelo órgão central de Comunicação Social da Força, para que
a influência observada seja ainda mais abrangente.

Palavras-chave: Demonstração Aérea, Comunicação Visual, Motivação, Carreira.


ABSTRACT

This research aimed to identify the influence of the activity of the Aerial
Demonstration Squadron in the motivation of the young people to the career of
Aviator Officer of the Brazilian Air Force. The methodology used consisted of an
interview with the Public Relations Division of the Aeronautical Social Communication
Center, which verified how Public Affairs' central entity of the Air Force explores the
Squadron's visual communication capacity, and a questionnaire applied to the
Cadets of the 1st Year of the Training Airmen Course of the Air Force Academy, that
found out what influence the Squadron's activity exerted in the youngsters' decision
for the Air Force career, all that supported by the current theoretical reference. The
collected data indicated that the Squadron activity inspired the Cadets, at that time in
the targeting phase, to following the Air Force activities, motivating them to the
career in the Air Force, but also indicated that the potential of the Squadron could be
more used. It was concluded, based on the analysis of the data obtained, that the
activity of the Aerial Demonstration Squadron exerts a positive influence in the
selection of potential candidates for the career of Aviator Officer of the Brazilian Air
Force, but it's possible to further explore the potential of the Squadron by the Public
Affairs' central entity, in order to make that influence more embracing.

Keywords: Aerial Demonstration, Visual Communication, Motivation, Career.


5

1 INTRODUÇÃO

Dos instrumentos de CS (Comunicação Social) utilizados pela Força Aérea


Brasileira (FAB), o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) tem como finalidade
"Realizar demonstrações aéreas a fim de difundir, em âmbito nacional e
internacional, a imagem institucional da Força Aérea Brasileira" (BRASIL, 2014),
sendo investido de dez competências. A primeira delas, intitulada "Estimular e
desenvolver a vocação e a mentalidade aeronáuticas", é cumprida pela Unidade
primordialmente mediante a atividade de demonstração aérea em localidades de
interesse do Comando da Aeronáutica, entre outras tarefas de caráter institucional.
Tal atividade vem sendo realizada desde 1952, quando foi criada a então
Esquadrilha da Fumaça - denominação popular do que mais tarde viria a ser o EDA,
sendo reconhecida oficialmente como unidade oficial de demonstração aérea da
FAB em 1963 e ganhando o status de esquadrão no início da década de 1980.
Desde então, passou a voar aeronaves fabricadas no país, de modo a reforçar sua
identidade nacional, pois pela primeira vez tinha-se um esquadrão de demonstração
com pilotos brasileiros treinados no Brasil, voando aeronaves brasileiras.
Esse instrumento é utilizado pela FAB por meio do CECOMSAER (Centro de
Comunicação Social da Aeronáutica), órgão central de CS da FAB, que coordena a
agenda de demonstrações aéreas do EDA durante todo o ano, de modo a atender o
que for possível das diversas solicitações de voos do Esquadrão feitas pelas mais
variadas entidades. Conforme previsto em regimento interno desse Centro, compete
à sua Subdivisão de Relações Públicas (SDRP):
Art. 20. À SDRP compete: (...) V - coordenar a confecção da agenda de
apresentações do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) junto ao
Gabinete do Comandante da Aeronáutica (GABAER), ao Estado-Maior da
Aeronáutica (EMAER) e outros órgãos envolvidos; (...) Art. 21. À RPCA
compete: I - receber, analisar e cadastrar as solicitações de demonstração
do EDA; II - planejar a agenda de demonstrações do EDA (nacional e
internacional) junto ao GABAER, EMAER e outros órgãos de interesse; (...)
(BRASIL, 2015, p. 7 e 8)

A utilização do EDA para cumprir demandas de Comunicação Social da FAB


é sempre em atendimento a pelo menos uma de suas atribuições. Considerando a
primeira, que trata de estimulação e desenvolvimento de mentalidade, a Unidade é
empregada tanto em atividades de solo, tais como realização de palestras
institucionais, visitas às instituições de ensino fundamental e médio, distribuição de
material institucional da FAB e outras, quanto desempenhando sua atividade
6

principal: o voo de demonstração. Por meio dessas atividades, o público tem a


oportunidade de se inteirar do trabalho realizado pela FAB e, algumas vezes, faz
contato pela primeira vez com a Força, conforme observado por este autor durante o
tempo em que serviu na Unidade. Essa percepção foi nítida em diversas ocasiões, e
mais ainda após declarações carregadas de emoção de pessoas que nunca sequer
tinham visto um avião até terem presenciado uma demonstração aérea do EDA, em
algumas localidades mais remotas do território nacional.
As Organizações Militares de ensino da FAB admitem candidatos
periodicamente, e o CECOMSAER utiliza meios de divulgação para fomentar o
interesse dos jovens em prestar exame de admissão para ingressar nas fileiras da
Força. Dentre os meios, o EDA é, indubitavelmente, o que demanda maior custo
para a administração. Seu emprego, por conseguinte, deve ser judicioso, de forma
que se tenha o máximo retorno de sua atividade. Esse retorno, de natureza
intangível, foi verificado pelo autor por meio de conversas informais e procuras por
informações de ingresso na FAB por jovens brasileiros das mais diversas classes
sociais, principalmente logo após assistirem uma demonstração aérea da
Esquadrilha da Fumaça.
Tal comportamento levou a crer que a atividade desempenhada pelo EDA,
mais especificamente a atividade aérea, exerce influência na decisão de
determinados candidatos de prestar exame de admissão à FAB. Porém, nunca
houve pesquisa para verificar se o emprego do Esquadrão estava surtindo o efeito
desejado, com relação ao fomento da vontade do jovem de ingressar na Força. Essa
situação gerou inquietação neste pesquisador, que decidiu realizar este trabalho
com o objetivo de verificar qual é a influência da utilização do EDA na motivação dos
jovens em ingressar na carreira de Oficial Aviador da FAB, sendo a variável
independente a utilização do EDA, e a variável dependente a motivação dos jovens
em ingressar na carreira supracitada. Como fator de delimitação do tema, foram
considerados todos os Cadetes do 1º Ano do CFOAv (Curso de Formação de
Oficiais Aviadores) da AFA (Academia da Força Aérea), que ingressaram na FAB em
2014 e em 2017.
A diferença no ano de ingresso, mencionada na delimitação do tema, se dá
pelo motivo de haver dois caminhos para admissão: um por meio de exame de
admissão ao Curso Preparatório de Cadetes do Ar (CPCAr), com matrícula na
Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAr) – instituição de ensino médio; e o
7

outro diretamente por meio de exame de admissão ao CFOAv, com matrícula na


Academia da AFA – instituição de ensino superior. Nos dois casos, ao final da sua
formação (7 anos, no caso de ingresso pela EPCAr, e 4 anos, no caso de ingresso
diretamente pela AFA), o jovem é declarado Aspirante a Oficial Aviador da FAB.
Assim sendo, o 1º Ano do CFOAv da AFA em 2017 é composto por jovens
que prestaram exame de admissão para a FAB em 2013 (ingresso na EPCAr em
2014) e em 2016 (ingresso direto na AFA em 2017). Foi escolhido esse universo
para a pesquisa porque, nos dois casos, tinham-se condições opostas de operação
da Esquadrilha da Fumaça, a saber:
- Nos dois anos que antecederam o exame de admissão em 2013, o EDA
quebrou o recorde de demonstrações aéreas por dois anos consecutivos, projetando
ao máximo a imagem da FAB, de acordo com a maneira que foi empregado;
- Nos dois anos que antecederam o exame de admissão em 2016, o EDA
realizou o seu menor número de demonstrações aéreas em uma década e até
mesmo esteve, durante certo período, sem realizar voos de demonstração, por se
encontrar em atividade de implantação de novo modelo de aeronave.
Nesse contexto, pôde-se pesquisar a influência de uma coisa sobre a outra em
condições extremas e opostas, resultando em uma maior confiabilidade da pesquisa.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A corrente teórica utilizada englobou as duas variáveis apresentadas neste


trabalho: linguagem visual e motivação.
Em sua obra "Sintaxe da Linguagem Visual", Dondis (2015) diz que a
experiência visual é fundamental no aprendizado para que possamos compreender
o meio ambiente e reagir a ele; a informação visual é o mais antigo registro da
história humana.
Essa perspectiva é utilizada para clarificar a visão do autor sobre a variável
dependente: a atividade do EDA. A despeito da experiência verbal / auditiva,
também presente nas demonstrações aéreas do Esquadrão - locução, trilha sonora
e som emitido das próprias aeronaves, tanto no solo quanto em voo, a experiência
da linguagem visual é a predominante, conforme corroborado pelo autor como
apresentado abaixo:
8

O visual predomina, o verbal tem a função de acréscimo. A impressão ainda


não morreu, e com linguagem já se deslocou sensivelmente para o nível
icônico. Quase tudo em que acreditamos, e a maior parte das coisas que
sabemos, aprendemos ou compramos, reconhecemos e desejamos, vem
determinado pelo domínio que a fotografia exerce sobre nossa psique. E
esse fenômeno tende a intensificar-se. (DONDIS, 2015, p. 6)

A fotografia, nesse caso, não se dá apenas durante o tempo de voo, mas


também nos momentos que antecedem e que sucedem o voo em si, proporcionando
ao espectador um enorme número de quadros visualizados, totalmente integrados
pela sequência de eventos em uma apresentação. E não obstante as cores das
aeronaves (cores da bandeira nacional) e o próprio pavilhão nacional presente na
cauda, a imagem dos pilotos e mecânicos desenvolvendo sua atividade, antes,
durante e após o voo, fornece ainda mais estímulos visuais para a impressão e a
compreensão do trabalho desenvolvido.
Mas não se trata apenas de contar com o instrumento de comunicação visual,
mas também de como empregá-lo. O emprego judicioso, como comentado na
introdução do trabalho, deve ser feito com o objetivo tanto de informar o público
sobre o trabalho da FAB, nesse caso por meio da atividade do EDA, quanto de fazer
com que a Força seja vista como atrativa dentre as muitas opções profissionais para
o jovem. É essa estratégia que torna possível a associação da atividade do EDA
com a atividade da FAB, afinal o principal conectivo entre o Esquadrão e a Força é a
atividade aérea. Em "Princípios de Marketing", além do desenvolvimento do produto,
é necessária uma comunicação efetiva sobre ele, como segue:
Se uma empresa desenvolveu um bom produto, [...] esse produto ainda
pode fracassar porque os consumidores não foram informados sobre seus
valores e disponibilidade. Mas as questões ligadas à comunicação e à
promoção vão muito além de informar os consumidores. As comunicações
de marketing prestam-se a duas finalidades: informativa e competitiva. Os
consumidores precisam ser informados, porém precisam também ser
persuadidos de que uma determinada marca atende melhor a suas
necessidades do que qualquer outra. As comunicações de marketing são
também usadas para ajudar a desenvolver uma imagem para o produto, o
que é essencial para o processo de diferenciação. (SEMENIK E BAMOSSY,
1995, p.402)

Analogamente à visão dos autores acima, é necessário persuadir os


consumidores, que no caso são os jovens, à tentativa de ingresso na Força,
mostrando o EDA como Unidade de alto valor moral agregado e que faz parte da
FAB, uma das instituições responsáveis pela defesa do Brasil. Também se faz
necessário reforçar continuamente essas informações, para que um número cada
9

vez maior de pessoas tome conhecimento da associação entre o EDA e a FAB e


sempre se lembre disso.
Com relação à motivação, que foi a variável independente desta pesquisa,
utilizou-se a obra de Edward J. Murray "Motivação e Emoção". Em seu trabalho,
Murray (1978) diz que as emoções são despertadas por uma grande variedade de
estímulos inatos, de estímulos aprendidos e de situações sociais.
Com relação aos estímulos e situações sociais, foi percebido que os valores
transmitidos pela atividade do EDA, tais como disciplina, patriotismo, espírito de
corpo e comprometimento, estão alinhados com o que é visto como valoroso pelo
grande público, gerando inúmeras apreciações positivas por parte dos espectadores
após uma demonstração aérea, ou após qualquer outra atividade divulgada do
Esquadrão. Essas apreciações acontecem mesmo dias após uma determinada
atividade, principalmente por meio de redes sociais e mensagens de correio
eletrônico, por pessoas de todas as idades e classes sociais. Outro indicador do
retorno positivo da atividade do Esquadrão é o número de seguidores na principal
rede social utilizada – o Facebook, com mais de 850.000, em sua maioria jovens, e
aumentando a cada dia, segundo informações constantes no próprio perfil do
Esquadrão nessa rede.
"Um dos principais efeitos do impulso sobre o comportamento é influenciar a
seleção de objetivos ou metas." (MURRAY, 1978, p. 24). O público jovem, público
alvo desta pesquisa, está em fase de construção de metas, e cada indivíduo recebe
estímulos diários que influenciam direta ou indiretamente o seu grau de motivação
para atingir uma ou outra meta. Um aspecto observado, durante o tempo em que
este autor integrou a Unidade, foi que, de uma maneira geral, havia interesse dos
jovens em saber mais sobre o EDA e a FAB sempre logo após o pouso de voos de
demonstração que, por sua natureza, emocionam o público. Trata-se de estímulo,
por vezes o estímulo necessário para direcionar esforços em determinado sentido. E
como, também segundo Murray (1978), as emoções são reações fisiológicas que
influem na percepção, aprendizagem e desempenho, a atividade do EDA, e
consequentemente da FAB é percebida, nesses casos, por meio da emoção
acarretada pelo voo do Esquadrão.
Dos motivos sociais listados por Murray (1978), dois foram estudados em
maior detalhe que os outros e ganham considerável interesse em si mesmos:
10

Filiação - Acercar-se e cooperar de bom grado com um aliado (...). Aderir e


manter-se leal a um amigo. Realização - Efetuar uma coisa difícil. Dominar,
manipular ou organizar ideias ou objetos físicos, seres humanos ou ideias.
Fazer isso de modo tão independente quanto possível. Vencer obstáculos e
atingir um padrão alto. Superar a si mesmo. Enfrentar e superar outras
pessoas. Aumentar o amor próprio por meio da execução de tarefas que
dependem da capacidade intelectual. (MURRAY, 1978, p. 153 e 154)

Com relação a esses motivos sociais, o jovem que ingressa em uma Força
Aérea com o objetivo de ser piloto está motivado a executar uma tarefa complexa - a
pilotagem militar, bem como a fazer parte da Força Aérea como militar de carreira, o
que pressupõe manter-se fiel à instituição durante anos. Não há como saber se
prosseguirá na carreira, o que depende de uma série de acontecimentos, os quais
não constituem objeto desta análise, mas o fato de ter prestado exame de admissão
à FAB pode remeter aos motivos sociais supramencionados.
O motivo social "Filiação" foi abordado no questionário como indicador da
vontade do jovem de fazer parte da FAB por ter se inspirado na atividade do EDA,
mesmo que no futuro ele não venha a fazer parte do Esquadrão. Foi observado que
vários Oficiais da FAB ingressaram na Força motivados também pela Esquadrilha da
Fumaça, sendo que alguns até mesmo ingressaram com o objetivo de fazer parte
dela em tempo futuro.
O motivo social "Realização" foi abordado no questionário como possível fator
que fez parte do conjunto de estímulos que levaram ao estado de motivação à
escolha pela carreira de Oficial Aviador da FAB, talvez pela vontade de se superar,
ou de mostrar suas qualidades, como consta na citação anterior. Mais uma vez,
segundo Murray (1978), também é muito possível que exista uma relação entre
esses motivos individuais e os valores sociais. Ou seja, um dos motivos que levam
as pessoas a seguirem certos caminhos pode ser a busca por reconhecimento, pelo
alinhamento dos valores do indivíduo com os da sociedade.
Com o esclarecimento das variáveis no contexto apresentado, reforça-se a
corrente que serviu de embasamento teórico para esta pesquisa.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa foi classificada, quanto ao Objetivo Geral, como descritiva, pois
estabeleceu a relação entre variáveis dependente e independente, por meio de
raciocínio dedutivo. A variável independente é a atividade do EDA, empregada de
11

acordo com o discernimento do CECOMSAER, como já foi descrito. A variável


dependente é a motivação dos jovens em ingressar na carreira de Oficial Aviador da
FAB, que varia de acordo com diversos fatores.
Para balizar a busca de informações na pesquisa, foram considerados como
indicadores a capacidade de projeção de imagem institucional do EDA e a
motivação provocada pelo próprio Esquadrão para a escolha pela carreira de Oficial
Aviador da FAB. Dessa forma, para que o Objetivo Geral fosse alcançado, quatro
OE (Objetivos Específicos) foram propostos, sendo enunciados a seguir:
OE1: Relacionar a linguagem visual apresentada pelo EDA com a sua
capacidade de comunicação com o público;
OE2: Identificar os alunos de acordo com o seu conhecimento sobre o EDA
previamente à realização do exame de admissão;
OE3: Verificar se houve o interesse dos jovens em acompanhar as atividades
do EDA e da FAB após terem tomado contato com o Esquadrão;
OE4: Averiguar como a meta de se tornar Oficial Aviador da FAB foi
influenciada pela projeção da imagem institucional da Força mediante a atividade do
EDA.
O universo e a amostra se apresentaram em mesmo número, num total de
134 Cadetes do 1º Ano do CFOAv 2017 da AFA, sendo que 115 prestaram o exame
de admissão à FAB em 2013 e 19 em 2016 - sendo esses dois caminhos já
elucidados na seção anterior deste trabalho.
Este pesquisador entendeu que os matriculados no 1º Ano do CFOAv da AFA
constituem universo e amostra suficientes para a pesquisa. Entretanto, o ideal seria
coletar dados a partir de todos os candidatos inscritos nos exames de admissão
para a EPCAr em 2013 e AFA em 2016, mas isso não se fez possível devido ao
tempo e à provável dispersão geográfica atual dos indivíduos. Ademais, considerou-
se que o público de interesse foi constituído de candidatos que foram matriculados
no CFOAv do ano vigente, por se tratarem dos candidatos considerados aptos a
iniciar o curso dentro do número de vagas disponíveis.
O tratamento e análise dos dados coletados foram realizados de maneira que
se pudesse atingir cada um dos objetivos específicos. Segue a dinâmica
empregada:
OE1: Foi realizada revisão das obras "Sintaxe da Linguagem Visual",
"Princípios de Marketing" e "Motivação e Emoção", bem como realizada entrevista
12

com o CECOMSAER para que fossem obtidas informações sobre como é explorada
a atividade do EDA pelo órgão central de CS da FAB.
A entrevista tratou dos seguintes pontos: o EDA entre os demais meios de
difusão da imagem institucional da FAB; a percepção da projeção da imagem
institucional da FAB pelo EDA em comparação aos demais meios utilizados;
prioridades para utilização do EDA em atendimento aos pedidos de demonstração
que chegam ao CECOMSAER; a exploração da capacidade do EDA para inspirar o
público jovem, mediante sua atividade principal.
Para os OE2, OE3 e OE4, foi aplicado questionário de dez questões dividido
em três partes, cada uma delas relacionada com os respectivos OE, como segue:
OE2: Questões binárias de 1 a 3, que averiguaram se os Cadetes conheciam
a FAB e o EDA antes de realizarem os respectivos exames de admissão, bem como
se sabiam que o Esquadrão é Unidade Aérea da Força.
As questões abordaram: qual dos exames de admissão foi realizado (2013 ou
2016); o conhecimento da existência do EDA, previamente à realização dos
respectivos exames de admissão; o conhecimento que o EDA é uma Unidade da
FAB, previamente à realização dos respectivos exames de admissão.
As questões de 4 a 10 verificaram como foi a influência da atividade do EDA
na maneira de pensar do aluno, à época potencial candidato, com relação ao
impulso produzido pela motivação obtida, aspectos do comportamento que refletiram
motivos e motivos sociais principais. As questões foram apoiadas nas obras “Sintaxe
da Linguagem Visual” e “Motivação e Emoção”.
OE3: Questões escalonadas de 4 a 6, que verificaram se houve o
acompanhamento das atividades do EDA e das atividades da FAB pelos
respondentes que tinham o conhecimento descrito no OE2.
As questões abordaram: o acompanhamento das atividades do Esquadrão; a
interação sobre as atividades da FAB; o interesse pelas atividades do EDA e as
atividades da FAB.
OE4: Questões escalonadas de 7 a 10, que verificaram se a influência da
atividade do EDA levou os jovens em questão a quererem fazer parte da FAB como
pilotos, motivando-os à carreira na Força.
As questões abordaram: a maneira de preferência do acompanhamento da
atividade principal do EDA; a imaginação de si próprios participando da atividade
principal do EDA; o reconhecimento perante círculos sociais; a associação com as
13

qualidades dos profissionais da FAB e a decisão de prestarem exame de admissão


à Força.
Para as respostas das questões escalonadas, foi utilizada a Escala de Likert
de 5 pontos, que teve como objetivo mensurar a frequência que os respondentes
aderiram ao enunciado de cada questão. As possíveis respostas foram, em ordem
crescente de medida de frequência: "Nunca", "Raramente", "Algumas vezes",
"Muitas vezes" e "Frequentemente".
Com relação à análise de dados gerados pelas questões binárias, foram
considerados apenas aqueles que, independente do seu meio de ingresso,
possuíam conhecimento do EDA previamente ao exame de admissão, por razão
óbvia: não há influência de algo do qual não se tinha conhecimento. Essas questões
serviram para discriminar aqueles Cadetes que sabiam que o EDA pertence à FAB
e, principalmente, que conheciam o EDA. Os Cadetes que assinalaram que não
conheciam o EDA previamente à realização do exame de admissão foram
orientados a assinalar "Nunca" em todas as questões escalonadas.
Para fins de validação das respostas, com relação à amostra, este autor
considerou um erro permissível de 0.05, o que resultou em uma confiabilidade de
95% para a pesquisa. Em outras palavras, a pesquisa somente foi considerada
válida uma vez que ao menos 95% dos Cadetes assinalaram que conheciam o EDA
previamente à realização do exame de admissão à FAB.
Com relação à análise das respostas da entrevista, foram confrontados os
dados obtidos a partir das respostas apresentadas pelo órgão central de CS da FAB
com os dados selecionados a partir das ideias centrais das citações de interesse
contidas na corrente teórica de apoio, com a posterior apreciação deste autor, de
modo que se pôde formar opinião sobre como a FAB explora a linguagem visual
apresentada pelo EDA em suas atividades.
Com relação à análise de dados gerados pelas questões escalonadas, foi
feita análise preliminar dos percentis obtidos e uma posterior abordagem quantitativa
que estabeleceu o RM (Ranking Médio) das respostas. Para isso, foi feita correlação
entre frequência e concordância. Segundo Oliveira (2005), pode-se realizar a
verificação quanto à concordância e discordância das questões avaliadas, por meio
da obtenção do RM da pontuação atribuída às respostas, relacionando à frequência
das respostas dos respondentes que fizeram tal atribuição, onde os valores menores
que 3 são considerados como discordantes e, maiores que 3 como concordantes,
14

considerando uma escala de 5 pontos. O valor exatamente 3 seria considerado


indiferente, sendo o ponto neutro.
Foram consideradas como constituintes de frequência negativa as respostas
"Nunca" e "Raramente", e foram consideradas como constituintes de frequência
positiva as respostas "Muitas vezes" e "Frequentemente". A resposta "Algumas
vezes" foi considerada neutra, tendo em vista a correspondência com a escala de
concordância. A equivalência é apresentada abaixo:

Tabela 1 - Equivalência entre frequência e concordância.


Frequência Concordância e grau de concordância

Nunca Discordo totalmente - 1


Raramente Discordo - 2
Algumas vezes Indiferente - 3
Muitas vezes Concordo - 4
Frequentemente Concordo totalmente - 5
Fonte: o autor.

Para cálculo do RM para cada resposta, foi utilizada a opinião dos


respondentes em um dos graus disponíveis em cada questão escalonada, sendo
feita média ponderada composta dos graus correspondentes e do número de
sujeitos que selecionaram uma das 5 opções, da seguinte forma:

Ranking Médio:
1)
RM = (N1x1)+(N2x2)+(N3x3)+(N4x4)+(N5x5)
N1+N2+N3+N4+N5

Onde os número de 1 a 5 representaram os graus de concordância


correspondentes às frequências assinaladas, e os N1, N2, N3, N4 e N5
representaram a quantidade de respondentes para cada grau de concordância.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 Apresentação dos Dados

Para uma melhor organização dos dados apresentados, foram separados os


OE e tratados individualmente.
15

A amostra selecionada contou com os 134 Cadetes do 1º Ano do CFOAv,


sendo que desses, 128 responderam que conheciam o EDA previamente à
realização do exame de admissão à FAB. Dessa forma, foi possível pesquisar o que
se pretendia com 95,5% dos respondentes, atendendo o requisito mínimo de
confiabilidade da pesquisa (95%).
Com relação às respostas das questões escalonadas do questionário -
questões de 4 a 10, foram apresentados os números em percentil seguido do
respectivo valor absoluto para cada um deles.

4.1.1 OE1: Dados Coletados - Revisão de Literatura e Entrevista:

Da bibliografia utilizada, tem-se:


 Reação ao meio ambiente a partir da experiência visual;
 O domínio da fotografia sobre a psique humana;
 Desenvolvimento da imagem do produto;
 Informações sobre valores e disponibilidade do produto;
 Persuasão dos consumidores para aderirem à marca;
 Estímulos para despertar emoções;
 Percepção mediante emoção;
 Influência do impulso na seleção de metas;
 Aderência e manutenção de lealdade;
 Superação de obstáculos e consecução de metas;
 Motivos individuais e valores sociais.

Entrevista com a SDRP do CECOMSAER:

1) Quais são os meios de propaganda institucional utilizados pela FAB junto


ao público externo, mais especificamente o público jovem?

R: Portais de Internet (o www.fab.mil.br é a principal); Páginas Especiais


(conteúdo disponível dentro do Portal da FAB); Agência Força Aérea (atua dentro do
Portal FAB - notícias sobre a instituição todos os dias); TV FAB (formato web com
programas disponibilizados no canal da FAB via YouTube); Rádio Força Aérea FM
16

(91,1 FM em Brasília e pela Internet); Mídias Sociais oficiais (Twitter, Facebook,


Instagram, YouTube e Flickr, além de um blog – o FABlog – via provedor Joomla);
App FAB (IOS e Android); EDA.

2) Qual a diferença percebida pelos profissionais do CECOMSAER, com


relação à projeção da imagem institucional da FAB, entre a atividade do EDA e os
demais meios de propaganda institucional da FAB utilizados? Quais são os meios de
propaganda institucional utilizados pela FAB junto ao público externo, mais
especificamente o público jovem?

R: Certamente, não se deve haver uma comparação entre ferramentas, pois


cada uma cumpre um papel diferente no processo de comunicação. Entretanto, o
EDA é a única ferramenta que possui genuíno propósito de fazer o mais claro
relacionamento e a mais provável das comunicações, sem qualquer intermediário e
sem necessidade de mediação por computador. Vale sublinhar que o EDA é uma
ferramenta completa que engloba a maioria das demais em uma única, agindo com
bastante independência e respaldo. Uma vez bem aplicada, com critérios e
profissionalismo, sugere o melhor retorno de todas as demais.

3) Com relação às atribuições da Unidade Aérea em questão, no


cumprimento da sua missão, quais são as prioridades de utilização do EDA no
atendimento dos pedidos de demonstração aérea que chegam ao CECOMSAER?

R: O planejamento na confecção da agenda do EDA contempla diversos


critérios, quais sejam: estar onde nunca estiveram e cumprir a missão a eles
designada em rincões sempre diferentes; estar em locais que ofereçam uma
audiência mínima que justifique o gasto público, embora haja vontade do COMAER
de atender em menor escala às demandas provenientes de municípios com menor
número de habitantes; em parceria com outros órgãos, alavancar campanhas de
interesse mútuo, despertando a vocação pela carreira militar, bem como atenção
para temas considerados relevantes na área da saúde, como campanhas de doação
de sangue, câncer e doação de cabelo e outras ações; prestigiar os eventos Portões
Abertos, dentro do COMAER, de maneira a alavancar a melhor atividade de
relacionamento das OM com suas respectivas comunidades de entorno;
17

4) Como o CECOMSAER tem explorado a capacidade do EDA de inspirar o


público jovem antes, durante e após as demonstrações aéreas nas quais existe uma
equipe do Centro engajada?

R: O CECOMSAER possui um plano de comunicação para ser utilizado em


cada demonstração do EDA. Esse plano consiste em explorar ao máximo as mídias
de cada cidade em que a demonstração será realizada, divulgando a demonstração
e transmitindo mensagens de interesse da FAB, entre elas a de ingresso às
carreiras militares.

5) Existe incentivo para outras formas de emprego do EDA além das atuais,
com o objetivo de se explorar mais a capacidade de comunicação visual do
Esquadrão?

R: A presença do EDA em alguma localidade por ocasião de demonstração é


aproveitada para participar de eventos sociais, interagindo com formadores de
opinião e autoridades locais.

4.1.2 OE2: Dados Coletados - Questionário (Questões de 1 a 3):

Questão 1: Você ingressou no CFOAv em 2017 após ter concluído o curso


preparatório na EPCAr ou após ter sido aprovado no exame de admissão para a
AFA?

Após ter concluído o curso preparatório na EPCAr: 85,8% - 115;


Após ter sido aprovado no exame de admissão para a AFA: 14,2% - 19;

Questão 2: Você sabia da existência da Esquadrilha da Fumaça, por qualquer


meio, antes de realizar o exame de admissão às fileiras da FAB?

Sim: 95,5% - 128; Não: 4,5% - 6;


18

Questão 3: Uma vez que a resposta da pergunta 2 tenha sido “Sim”, você
tinha conhecimento, àquela época, que a Esquadrilha da Fumaça pertence à Força
Aérea Brasileira?

Sim: 85,8% - 115; Não: 14,2% - 19;

4.1.3 OE3: Dados Coletados - Questionário (Questões de 4 a 6):

Questão 4: Após ter tomado conhecimento da existência da Esquadrilha da


Fumaça, passei a acompanhar suas atividades.

Nunca: 11,9% - 16; Raramente: 23,9% - 32; Algumas vezes: 42,5% - 57;
Diversas vezes: 13,4% - 18; Frequentemente: 8,2% - 11;

Questão 5: Após ter tomado conhecimento da existência da Esquadrilha da


Fumaça, passei a me interessar pelas atividades desempenhadas pela FAB.

Nunca: 8,2% - 11; Raramente: 11,9% - 16; Algumas vezes: 33,6% - 45;
Diversas vezes: 29,9% - 40; Frequentemente: 16,4% - 22;

Questão 6: Acompanhar o trabalho da Esquadrilha da Fumaça era mais


interessante do que acompanhar os demais trabalhos realizados pela FAB.

Nunca: 15,7% - 21; Raramente: 14,9% - 20; Algumas vezes: 41,0% - 55;
Diversas vezes: 18,7% - 25; Frequentemente: 9,7% - 13;

4.1.4 OE4: Dados Coletados - Questionário (Questões de 7 a 10):

Questão 7: Eu gostava mais de assistir ao vivo a Esquadrilha da Fumaça


voando, sempre que possível, do que acompanhar a Esquadrilha nas redes sociais e
canais de vídeo.
19

Nunca: 13,4% - 18; Raramente: 9,0% - 12; Algumas vezes: 17,9% - 24;
Diversas vezes: 20,1% - 27; Frequentemente: 39,6% - 53;

Questão 8: Quando assistia a uma demonstração aérea da Esquadrilha da


Fumaça, eu me imaginava dentro daquelas aeronaves fazendo acrobacias para o
público.

Nunca: 9,7% - 13; Raramente: 7,5% - 10; Algumas vezes: 24,6% - 33;
Diversas vezes: 23,1% - 31; Frequentemente: 35,1% - 47;

Questão 9: Ter a oportunidade de fazer parte da Esquadrilha da Fumaça


significava, para mim, uma chance de mostrar o meu valor para minha família e
amigos, bem como reconhecimento perante a sociedade.

Nunca: 15,7% - 21; Raramente: 11,9% - 16; Algumas vezes: 22,4% - 30;
Diversas vezes: 22,4% - 30; Frequentemente: 27,6% - 37;

Questão 10: As qualidades dos profissionais da FAB, demonstradas pela


atividade da Esquadrilha da Fumaça, exerceram influência na minha escolha pela
carreira de Oficial Aviador da Força.

Nunca: 9,7% - 13; Raramente: 6,7% - 9; Algumas vezes: 20,1% - 27;


Diversas vezes: 20,9% - 28; Frequentemente: 42,5% - 57;

4.2 Análise dos Dados

4.2.1 OE1:

Segundo os dados apresentados na entrevista, das diversas ferramentas de


comunicação utilizadas com o público, o CECOMSAER entende que o EDA é
completo, agregando capacidade clara de comunicação e promovendo o
relacionamento entre a FAB e o público, englobando características das demais
ferramentas, como consta nas respostas das questões 1 e 2.
20

Tal visão se enquadra nos conceitos apresentados na corrente teórica de


referência, no que diz respeito ao desenvolvimento da imagem do produto (que
nesse caso não se limita apenas ao EDA, mas abrange toda a FAB), à experiência
visual e à percepção a partir de estímulos. Esses estímulos são acompanhados de
informações sobre a disponibilidade da Força em admitir novos integrantes,
evidenciando seus valores e, por meio do EDA, fazendo com que o público possa
compreender o resultado prático do trabalho em equipe da FAB pelas impressões
passadas durante a demonstração aérea, através das imagens captadas pelos olhos
de cada um dos presentes.
Essa divulgação institucional tem como uma de suas finalidades persuadir os
jovens, que estão em fase de seleção de metas, a aderirem à FAB. Porém, como foi
verificado na resposta da questão 3, a atividade é limitada por fatores de
planejamento, não sendo possível o atendimento a todas as localidades que
solicitam demonstração do EDA, sua atividade principal.
De acordo com as respostas das questões 4 e 5, a exploração da capacidade
de comunicação visual do Esquadrão é feita apenas em aproveitamento da
presença do EDA em alguma localidade, por ocasião de uma demonstração aérea.
Nesse sentido, poderia haver uma maior exploração da imagem do Esquadrão em
atividades que não a principal, de maneira presencial, para que cada vez mais e
mais jovens tomem contato com a Unidade, não apenas por meio da internet e
outros veículos de comunicação, mas também por meio da interação com o recurso
humano da Força, para que a experiência seja a mais marcante possível. Esse tipo
de atividade poderia ser objeto de análise e, uma vez que verificada sua viabilidade,
constar nos planos de comunicação em vigor.

4.2.2 OE2:

Os alunos foram identificados de acordo com o seu conhecimento a respeito


do EDA, por meio das questões 2 e 3, nos seguintes pontos: se conheciam o EDA e
se sabiam que o EDA pertence à FAB. Como já mencionado, 128 alunos
assinalaram que já conheciam o EDA antes da realização do exame de admissão.
Num total de 134, isso representou 95,5%, o que indica que a quase totalidade dos
Cadetes do 1º Ano do CFOAv de 2017 já tinham conhecimento do Esquadrão, por
qualquer meio. Já com relação à associação do EDA com a FAB, 85,8% sabiam que
21

o Esquadrão é Unidade da Força, o que sugere uma necessidade de que se reforce


tal vínculo. Para total eficácia da projeção da imagem institucional da FAB, nesse
caso, o objetivo é que todo cidadão brasileiro tenha conhecimento a respeito do EDA
e de seu vínculo com a Força, o mais cedo possível.
A questão 1 teve como objetivo identificar o meio de ingresso no CFOAv em
2017, sendo que a 85,8% ingressaram após terem concluído o curso preparatório na
EPCAr e 14,2% após terem sido aprovados no exame de admissão para a AFA.
Porém, a questão 2 mostrou que 95,5% conheciam o EDA antes do exame de
admissão - nesse caso, considerou-se os dois ano de ingresso: 2014 (EPCAr) e
2017 (AFA). Esses números indicam que tanto uma parcela dos oriundos da EPCAr,
quanto uma parcela dos que ingressaram diretamente na AFA conheciam o EDA,
apesar de que não houve uma separação nas respostas para verificar a proporção
dos dois grupos.

4.2.3 OE3:

A verificação do interesse dos jovens em acompanhar as atividades do EDA e


da FAB, realizada mediante as questões 4, 5 e 6, mostrou que apenas 21,6% dos
respondentes assinalaram que acompanharam as atividades do EDA (questão 4)
diversas vezes ou frequentemente. Já sobre o interesse pelas atividades da FAB em
geral (questão 5), essa parcela subiu para 46,3%. Na comparação do que era mais
interessante de se acompanhar para os respondentes (questão 6), nota-se um certo
balanceamento entre aqueles que se interessavam mais por acompanhar o EDA e
aqueles que se interessavam mais por acompanhar as demais atividades da FAB,
numa proporção aproximada de 30%, 30% e 40%, esse último percentual
correspondente ao meio termo (indiferença) entre as duas opções na escala de
equivalência.
No cálculo do RM para as questões 4, 5 e 6, temos:
Questão 4: RM=2,82 / Questão 5: RM=3,34 / Questão 6: RM=2,92;
Ou seja, houve certa discordância com relação ao desejo de acompanhar as
atividades do EDA, no universo pesquisado, bem como certa concordância em
acompanhar as atividades da FAB em geral. Nota-se que a proximidade do RM da
questão 6 com a medida central (3), sugere neutralidade na comparação da
preferência. Ou seja, a aderência dos jovens à carreira foi motivada mais pela
22

divulgação das atividades da Força, sendo que o EDA não se destacou perante as
demais atividades da FAB, embora tenha contribuído para motivar a juventude.

4.2.4 OE4:

Para este objetivo, a medida da influência da atividade do EDA foi


primeiramente verificada pela questão 7, que tratou da vontade do jovem em estar
perto da Esquadrilha da Fumaça sempre que possível, de maneira presencial. Sobre
esse ponto, quase 60% dos respondentes assinalaram que preferiam assistir o EDA
ao vivo do que acompanhar o Esquadrão pelos meios de comunicação disponíveis,
o que indica que queriam, de certa forma, fazer parte da atividade, no momento
como espectadores. O RM calculado é de 3,63 - já se distanciando da neutralidade e
assumindo tendência concordante. Observa-se, no entanto, posição conflitante com
a média de respostas da questão 4, onde observou-se uma tendência discordante
do grupo no acompanhamento das atividades do EDA. É o domínio da fotografia
causando tendências à aderência, de alguma forma: mesmo não querendo
acompanhar tanto o Esquadrão pelos meios disponíveis, os jovens, de maneira
geral, preferem uma experiência ao vivo quando possível.
Para as questões 8 e 9, também se chegou a valores de RM que indicam
concordância, respectivamente 3,66 e 3,34. Também quase 60% dos Cadetes
assinalaram já ter imaginado a si próprios realizando aquela tarefa complexa com
proficiência, remetendo ao motivo social "Realização". Sobre a busca por
reconhecimento pela atividade do EDA, apesar da tendência à concordância
verificada, houve uma distribuição mais uniforme das respostas.
Como questão final - questão 10, foi verificado se a impressão passada pelo
EDA influenciou a escolha pela carreira de Oficial Aviador da FAB. Dos
respondentes, 42,5% assinalaram o mais alto grau de concordância sobre a
efetividade dessa influência, chegando-se a um RM de 3,80. Observa-se, com isso,
a projeção da imagem da FAB pelo EDA inspirando e ajudando a persuadir os
jovens ao ingresso na Força.
23

4.3 Interpretação da Análise dos Dados

A análise dos dados apresentados foi conduzida com vistas à consecução


dos 4 OE elencados, discorrendo sobre as duas variáveis da pesquisa. O primeiro
tratou da exploração da imagem do EDA pelo órgão central de CS da FAB, no
sentido de fornecer estímulos componentes de motivação ao ingresso na Força, e os
demais trataram de como os jovens, público alvo da primeira atribuição do
Esquadrão, foram afetados por essa imagem.
Sendo assim, após a consecução dos 4 OE, à luz do referencial teórico
apresentado, pode-se dizer que a influência da utilização do EDA na motivação dos
jovens em ingressar na carreira de Oficial Aviador da FAB foi significativamente
positiva, pois inspirou grande parte dos jovens a acompanhar as atividades da FAB,
motivando-os à carreira na Força; todavia, podem ser tomadas mais medidas para
que tal influência faça cada vez mais o efeito desejado, possibilitando a total
expansão da potencialidade de CS da Unidade com relação à atribuição de
estimular e desenvolver a vocação e a mentalidade aeronáuticas.

5 CONCLUSÃO

Para a consecução de sua missão, o EDA, instrumento de CS da FAB, tem


como primeira atribuição "Estimular e desenvolver a vocação e a mentalidade
aeronáuticas". No entanto, nunca tinha havido pesquisa para constatar se o
Esquadrão realmente estava sendo eficaz com relação a essa prática, e este
trabalho teve como objetivo verificar qual é a influência da utilização do EDA na
motivação dos jovens em ingressar na carreira de Oficial Aviador da FAB.
A corrente teórica utilizada abordou as duas variáveis da pesquisa: a
linguagem visual apresentada por meio da utilização do EDA, e a motivação do
jovem para ingresso nas fileiras da Força. Segundo Dondis (2015), a experiência
visual é fundamental no aprendizado, e o visual predomina sobre o verbal. De fato, o
forte apelo visual contido na atividade do Esquadrão é evidenciado principalmente
em experiências presenciais. E essa propriedade tem como uma de suas finalidades
produzir impulso motivacional nos jovens para o ingresso nas fileiras da FAB pois,
de acordo com Murray (1975), um dos principais efeitos do impulso sobre o
comportamento é influenciar a seleção de objetivos ou metas.
24

Para a coleta de dados, foi realizada entrevista com o CECOMSAER, bem


como aplicado questionário nos Cadetes do 1º Ano do CFOAv de 2017. Este autor
entendeu que os Cadetes em questão constituíram universo e amostra adequada
para a pesquisa, apesar da limitação de não ter sido possível aplicar o questionário
em todos os candidatos dos exames de admissão de 2013 e de 2016.
Em seguida, foram analisadas as respostas à luz do referencial teórico
apresentado, chegando-se ao parecer que a atividade do EDA exerce influência
significativamente positiva na escolha dos potenciais candidatos pela carreira de
Oficial Aviador da FAB, uma vez que contribui para uma proximidade de grande
parte dos jovens com a Força, motivando-os à carreira escolhida. Entretanto,
verificou-se que é possível uma maior exploração do potencial do EDA pelo órgão
central de CS da FAB, para que a influência observada seja ainda mais abrangente.
Como sugestão, uma futura pesquisa que verifique a efetividade das
atividades de CS da FAB por meio do EDA, em cada uma das 5 regiões do país,
certamente seria valiosa para a instituição. Uma outra possibilidade de pesquisa
seria a investigação da relação custo e benefício dos meios de CS da FAB
existentes.
Assim sendo, este trabalho constitui base fundamentada para o
assessoramento do CECOMSAER com relação à atividade do EDA. Com isso, a
Força terá mais uma ferramenta para, uma vez que seja de seu interesse, ajustar o
emprego do Esquadrão de acordo com os critérios estabelecidos por ela própria.
25

REFERÊNCIAS

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Gabinete do Comandante da Aeronáutica.


ROCA 21-44 Regulamento do Esquadrão de Demonstração Aérea da Força
Aérea Brasileira, Brasília, DF, set. 2014

BRASIL. Comando da Aeronáutica. Centro de Comunicação Social da Aeronáutica.


RICA 21-180 Regimento Interno do Centro de Comunicação Social da
Aeronáutica, Brasília, DF, nov. 2015

DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. 3ª ed. São Paulo: Martins


Fontes, 2015.

MURRAY, Edward J. Motivação e Emoção.4ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

SEMENIK, Richard J.; BAMOSSY, Gary J. Princípios de Marketing: uma


perspectiva global. 6ª ed. São Paulo: Makron Books, 1995.

OLIVEIRA, Luciel H. de. Exemplo de Cálculo de Ranking Médio para Likert.


Notas de Aula. Metodologia Científica e Técnicas de Pesquisa em Administração.
Mestrado em Administração e Desenvolvimento Organizacional. PPGA
CNEC/FACECA: Varginha, 2005. Disponível em:
<http://www.administradores.com.br/producao-academica/ranking-medio-para-
escala-de-likert/28/download/>. Acessado em: 25 maio 2017.

Você também pode gostar