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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA........................................................................ 11
CAPÍTULO 1
A IMPORTÂNCIA DA FISIOLOGIA DE VOO E SUA RELAÇÃO COM AS CAMADAS
DA ATMOSFERA ...................................................................................................................... 11
CAPÍTULO 2
LEI DOS GASES E SUAS APLICAÇÕES À FISIOLOGIA DO VOO .................................................. 18
CAPÍTULO 3
EFEITOS DA ALTITUDE SOBRE EQUIPAMENTOS, DISPOSITIVOS E NA DISPONIBILIDADE
DE OXIGÊNIO......................................................................................................................... 27
UNIDADE II
EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO................................................................. 30
CAPÍTULO 1
ASPECTOS GERAIS DA VISÃO NA ATIVIDADE AÉREA ................................................................. 30
CAPÍTULO 2
A ATIVIDADE AÉREA E A VIBRAÇÃO/PRESSÃO BAROMÉTRICA.................................................... 37
UNIDADE III
EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO
DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA............................................................................................................ 49
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
SUBSTÂNCIAS LÍCITAS, ILÍCITAS E A ATIVIDADE AÉREA................................................................ 64
UNIDADE IV
FADIGA, CINETOSE E AS ALTERAÇÕES NA TEMPERATURA, UMIDADE, LUMINOSIDADE E
INCIDÊNCIA DE RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE................................................. 71
CAPÍTULO 1
INFLUÊNCIA DA ALTITUDE NA TEMPERATURA, NA UMIDADE, NA LUMINOSIDADE E
A FADIGA E CINETOSE NA ATIVIDADE AÉREA ........................................................................... 71
CAPÍTULO 2
A RADIAÇÃO NA ATIVIDADE AEROESPACIAL............................................................................. 80
CAPÍTULO 3
DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS NO VOO COM AERONAVE DE ASA ROTATIVA E ASA FIXA E
AERONAVE PRESSURIZADA E DESPRESSURIZADA AERONAVE DE ASA FIXA E ASA ROTATIVA......... 84
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 97
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
A indústria da aviação tem sido explosiva no desenvolvimento desde o início dos anos
1900, e os rápidos avanços no voo motorizado na aviação civil e militar exigiram o
desenvolvimento de sistemas médicos paralelos para atender aqueles que voam.
Os avanços tecnológicos que ocorreram e continuam ocorrendo tornam possível
transportar tripulações, passageiros, tropas, pacientes e carga muito além de todas as
expectativas anteriores de tempo, tamanho, peso e distância. Embora a aviação tenha
provado ser um meio de transporte importante e cada vez mais rápido, ela também
forneceu novos métodos de guerra e exploração tripulada além do nosso planeta (DAVIS
et al., 2008).
Atualmente não só aviadores e tripulantes, mas também todos aqueles que fazem uso
de aeronaves em algum momento na vida, têm seus comportamentos influenciados
devido aos vários conhecimentos difundidos sobre a resposta do corpo humano
quando exposto a grandes altitudes.
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Objetivos
»» Descrever aspectos gerais da fisiologia do voo e a conexão com aspectos
operacionais da atividade aérea.
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CAMADAS DA
ATMOSFERA, LEIS DOS UNIDADE I
GASES E HIPÓXIA
CAPÍTULO 1
A importância da fisiologia de voo
e sua relação com as camadas da
atmosfera
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UNIDADE I │ CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA
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CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA │ UNIDADE I
Esses relatos estimularam o fisiologista Paul Bert, em suas experiências sobre os feitos
da pressão barométrica. Em 1877, Paul publicou suas conclusões em seu famoso livro: “
La Pression barometrique”, Pesquisa em fisiologia experimental, onde ele concluiu que:
Quase 60 anos depois, dois ingleses subiram a 31.000 pés (9.450 metros) em um balão.
Durante esta subida, numerosas mudanças fisiológicas foram observadas. Em 19.000
pés (5.640 metros), o pulso aumentou para 100 batimentos por minuto; a 19.500 pés
(5.850 metros), a respiração era afetada, palpitações foram percebidas, mãos e lábios
ficaram cianóticos, e a tripulação teve dificuldade em ler os instrumentos. A 28.500 pés
(8.700 metros), havia fadiga muscular extrema e um período de insensibilidade com
duração de sete minutos. (BLUMEN; RINNERT, 1995).
Entendendo a atmosfera
Os seres humanos têm a notável capacidade de se adaptar ao seu ambiente. O corpo
humano faz ajustes para mudanças na temperatura externa, adapta-se às variações
da pressão barométrica de um habitat para outro, compensa o movimento no espaço
e as mudanças posturais em relação à gravidade. O corpo humano pode ajustar-se
a reduções agudas e crônicas no suprimento de oxigênio, aumentando a frequência
respiratória, realizando mudanças químicas no sangue e aumentando a produção de
glóbulos vermelhos. Por mais eficiente que seja, no entanto, uma ausência completa de
oxigênio causará a morte em aproximadamente cinco a oito minutos (FAA).
Para uma melhor compressão dos efeitos da altitude sobre o organismo humano é
importante conhecermos também a composição da atmosfera e de suas camadas. Com
essas informações prévias, certamente se torna mais fácil entender as leis dos gases que
serão detalhadas na sequência do texto.
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CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA │ UNIDADE I
Altitude
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UNIDADE I │ CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA
A pressão atmosférica é a força que a coluna de ar exerce sobre os corpos que estão
situados na superfície terrestre e pode variar de acordo com a altitude do local onde é
medida.
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CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 2
Lei dos gases e suas aplicações à
fisiologia do voo
As leis dos gases estão fortemente relacionadas quando o assunto é a fisiologia do voo.
Vale lembrar que o comportamento dos gases é fortemente influenciado pelas variações
de temperatura, pressão, volume e massa do gás (HOLLERAN; JUNIOR; FRAKES,
2018).
Lei de Boyle
Robert Boyle, em 1662 escreveu que a uma constante temperatura o volume do gás
é inversamente proporcional à pressão. Essa lei é também conhecida como “Lei de
Boyle-Mariotte”
P1 x V1 = P2 x V2 ou P1/P2 = V2/V1
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CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA │ UNIDADE I
Tabela 1. Relação entre altitude, pressão barométrica, temperatura e fator de expansão dos gases.
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UNIDADE I │ CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA
Lei de Dalton
Dalton, em 1803, descreveu a lei da pressão parcial dos gases. A pressão total de uma
mistura de gases é decorrente da soma das pressões parciais dos gases que formam a
mistura.
P = P1 + P2 + P3 + ...Pn
P é o total da mistura dos gases e P1, P2 e P3 são as pressões parciais dos gases que
compõem a mistura.
Cada gás pode ter sua pressão parcial mensurada. Como exemplo podemos ver a
equação abaixo e o cálculo da pressão do oxigênio ao nível do mar.
P1 = F1 x P
A Lei de Dalton pode ser aplicada para realizar a equação de predição de oxigênio para
viagens aéreas, como descrito por MACHADO (1999). Segue a equação abaixo:
PaO2 predita na altitude de 8000 pés = 0,519 x PaO2 + 11.855 x VEF1 – 1760, onde
VEF1 é o volume expiratório forçado no primeiro segundo obtido pela espirometria.
Lei de Charles
Jacques Charles concluiu que, quando a pressão é constante, o volume do gás é
proporcional à temperatura absoluta. Essa é uma transformação isobárica
Essa lei deixa claro como pode haver variação no desempenho da aeronave,
principalmente nas aeronaves de asas rotativas – helicópteros. Em meses frios as
aeronaves de asas rotativas precisam utilizar menos potência para ter o mesmo
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CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA │ UNIDADE I
Lei de Gay-Lussac
“Sob volume constante, a pressão de uma quantidade constante de gás aumenta
proporcionalmente com a temperatura”. Essa é uma transformação isovolumétrica.
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UNIDADE I │ CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA
Lei de Henry
A quantidade de gás dissolvida no liquido é proporcional à pressão parcial do gás em
contato com o líquido. Os gases são forçados a dissolverem nos líquidos de acordo com
o aumento da pressão. Quando a pressão é removida, o gás tende a sair do líquido.
Os sintomas podem ocorrer em altitudes muito mais baixas devido a voo após
atividade de mergulho ou mergulho em altitude seguida por deslocamento para maior
altitude (mergulho em lagos de montanhas). Muitos casos de doença descompressiva
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CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA │ UNIDADE I
Obesidade
A lógica por trás da sabedoria convencional de que indivíduos com maior gordura
corporal são mais suscetíveis aos sintomas da DCS (doença da descompressão) é
baseada, em parte, no fato de que “... na temperatura corporal, a gordura dos mamíferos
dissolve pelo menos cinco vezes mais nitrogênio do que a água ou o sangue e o plasma
sanguíneo”. Evidências pontuais e alguns estudos retrospectivos têm apoiado essa
visão. Um estudo recente relatou que indivíduos do sexo feminino com maior gordura
corporal tiveram maior incidência de doença descompressiva do que aqueles com
menor gordura corporal.
Idade
O aumento da idade tem sido citado várias vezes como contribuição para a
susceptibilidade para a doença descompressiva. O aumento da idade está relacionado
a taxas metabólicas mais baixas e, geralmente, menor capacidade física, possivelmente
influenciando negativamente a taxa de desnitrogenação.
Gênero
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CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA │ UNIDADE I
Desidratação
Embora a desidratação tenha sido sugerida como contribuinte para o risco de doença
descompressiva, não foram realizados estudos definitivos que abordem essa variável.
O consumo de álcool frequentemente resulta em algum grau de desidratação, o que
complica a relação do risco de doença descompressiva com o álcool.
Lei de Fick
Essa é outra lei de difusão, e diz que a difusão do gás é proporcional à pressão parcial
do gás e à superfície da membrana celular com alteração estrutural. Aumentando a
quantidade ofertada do gás, haverá aumento da difusão desse gás através da membrana.
Em situações onde a membrana alveolar sofre interferência para ter contato com o gás,
pode ser necessário ofertar o gás e ainda aumentar a pressão para possibilitar uma
melhor superfície para a troca gasosa (HOLLERAN; JUNIOR; FRAKES, 2018).
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UNIDADE I │ CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA
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CAPÍTULO 3
Efeitos da altitude sobre equipamentos,
dispositivos e na disponibilidade de
oxigênio
Diferentes tipos de hipóxia podem ser encontrados no ambiente aéreo, com isso faz-se
necessário entender as diferenças entre a hipóxia, a hipoxemia e a hipercapnia, além dos
efeitos da redução parcial da pressão de oxigênio, e os sintomas pertinentes a essa situação.
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UNIDADE I │ CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA
Hipóxia
»» Anemia.
»» Altitude.
»» Hipovolemia.
»» Uso de álcool.
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CAMADAS DA ATMOSFERA, LEIS DOS GASES E HIPÓXIA │ UNIDADE I
»» Quarto estágio: Nesse estágio, entre 20.000 e 30.000 pés (6.100 e 9.150
metros), a confusão mental piora e pode evoluir para inconsciência dentro
de poucos minutos. Acima de 7.010 metros, na pessoa não aclimatada
ocorre pode entrar em estado de coma seguido logo por morte.
Sinais Sintomas
Confusão Inconsciência Confusão Tontura
Taquipneia Convulsões Cefaléia Formigamento
Dispneia Cianose (tardia) Estupor Dormência
Hipertensão Euforia Insônia Náusea
Hipotensão (tardia) Taquicardia Dificuldade de julgamento Euforia
Beligerância Bradicardia (tardia) Sensação de calor ou frio Raiva
Inquietação Arritmias Visão borrada Visão em túnel
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EFEITOS DA
ALTITUDE E DA UNIDADE II
VIBRAÇÃO NO
CORPO HUMANO
CAPÍTULO 1
Aspectos gerais da visão na atividade
aérea
A visão sempre ocupou um lugar dominante nos atributos necessário para voar. Isto foi
reconhecido pelos pioneiros, como Drs. William Wilmer e Conrad Berens, que, em 1918,
prepararam o primeiro laboratório para estudar os problemas visuais em aviadores.
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EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO │ UNIDADE II
Ambiente visual
O ambiente visual do aviador está mudando constantemente devido às viagens da
noite para o dia e da luz do sol para a noite. Felizmente, o olho é bastante adaptável,
funcionando em diferentes níveis de luz. À medida que maiores altitudes são alcançadas,
o céu escurece, sendo mais claro no horizonte e mais escuro no zênite (ponto da esfera
celeste diretamente oposto ao nadir, que se situa na vertical do observador, sobre a
sua cabeça). Isso reverte o que é considerado distribuição de luz normal, criando uma
visão brilhante abaixo e escuridão acima.
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UNIDADE II │ EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO
Nas altas altitudes, menos partículas suspensas são evidentes e os raios do sol são
muito mais intensos. Para cada quilômetro (3.300 pés) de aumento de altitude, a
radiação ultravioleta aumenta em aproximadamente 6%. Lentes de óculos de sol
diminuem a intensidade da luz e protegem contra a radiação ultravioleta também.
Lentes de óculos de plástico devem ter atenuadores no plástico para filtrar a radiação
ultravioleta. Materiais mais novos, no entanto, como o policarbonato, usado nas
aeronaves modernas, reduzem substancialmente a quantidade de radiação ultravioleta
que entra na cabine. Este material filtra a maior parte da luz ultravioleta abaixo de 380
nm. A visão do aviador também é afetada pela falta de detalhes no céu em altitude. Este
campo vazio provoca um decréscimo em suas capacidades visuais.
Visão noturna
A visão noturna é extremamente importante na aviação. É bastante diferente da
visão diurna. Os olhos devem ser usados de forma diferente à noite para que o aviador
ganhe ao máximo as utilidades da visão. A tripulação deve entender os princípios
da visão noturna e deve praticar o uso dos olhos para obter uma visão eficiente à noite.
Nem todas as partes da retina são semelhantes em sua reação à luz. Uma pequena área
central contendo apenas cones é responsável pela máxima acuidade visual e para a
discriminação de cores, mas falha em operar sob baixas intensidades de iluminação.
Trata-se da fóvea, a área com a qual se lê e se focaliza objetos na linha direta de visão.
Ela nos dá a visão central, que é útil em iluminação alta e moderada.
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EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO │ UNIDADE II
A visão pode ser gravemente prejudicada em voos por alguns objetos, dentre eles
estão os apontadores laser (amplificação da luz por emissão estimulada de radiação),
facilmente adquiridos, que emitem luz intensa. As canetas/apontadores a laser mais
comuns são as de luzes vermelha ou verde, sendo a caneta de luz verde a causadora
de mais danos à visão. Existem relatos de tripulantes que ficaram com a visão
comprometida parcialmente durante voos noturnos, após terem sidos atingidos por
tais luzes. Infelizmente, apontar tais luzes a laser para os aviõesé um comportamento
de alguns cidadãos que pode gerar incidentes ou até mesmo acidentes.
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UNIDADE II │ EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO
Essa agressão à visão pode ser sofrida principalmente por tripulantes de asa rotativa,
devido à baixa altitude de operação e pela exposição desses profissionais, visto a
necessidade de avaliação de terreno/área para pouso da aeronave, principalmente
em áreas de pouso consideradas restritas devido à proximidade de obstáculos. Existem
também relatos de uso de canetas laser contra pilotos de voos comerciais, principalmente
durante aproximações para o pouso.
No estado do Maranhão foram registrados onze casos no ano de 2015. Desses casos, dez
aconteceram no aeroporto de São Luís. As informações foram fornecidas pelo Centro
de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). Em Araçatuba (SP)
uma pessoa foi detida pelo uso de laser contra um helicóptero da Polícia Militar em
2013. Certamente vários outros casos já ocorreram, porém, nem sempre é possível
responsabilizar alguém para a aplicação das devidas penas.
No Brasil, essa brincadeira de mau gosto é crime tipificado no artigo 261 do Código
Penal, que prevê reclusão de dois a cinco anos. De 1o a 26 de junho de 2015, o
Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) recebeu
41 notificações de usos do laser contra tripulações de aeronaves. Os reportes são
realizados voluntariamente no site do CENIPA e indicam uma alta incidência da
prática no país.
Em 2013 uma parceria com a Fundação Maurício de Souza lançou uma revista da
Turma da Mônica alertando para o perigo de apontar os feixes de luz a cabines de
aeronaves (FAB, 2015).
A FAA diz que os lasers têm muitas aplicações de interesse para os usuários do
Sistema Nacional de Espaço Aéreo.
Existe uma preocupação com aqueles eventos que podem afetar os pilotos, por
exemplo, o laser de shows ou demonstrações para entretenimento e anúncios em
eventos especiais e parques temáticos. Geralmente, os feixes desses eventos aparecem
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EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO │ UNIDADE II
como cor azul esverdeado brilhante; no entanto, eles podem ser vermelhos, amarelos
ou brancos.
Os pilotos devem estar cientes de que a iluminação a laser é capaz de criar prejuízo
temporário à visão mesmo a grandes distâncias entre a fonte da luz e a aeronave.
O uso indevido das ponteiras de raio laser contra cabines de aeronaves é risco
potencial para as operações aéreas.
O risco pode levar à situação extrema de perda de controle em voo, em especial, nos
casos de aeronaves tripuladas por um único piloto.
A prevenção de acidentes propiciados pelo uso de raio laser requer mobilização geral
e integrada de diversas instituições governamentais: ensino, saúde, comunicação,
segurança e defesa pública.
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UNIDADE II │ EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO
<http://sistema.cenipa.aer.mil.br/cenipa/raio_laser/pesquisa>.
<http://sistema.cenipa.aer.mil.br/cenipa/raio_laser/index>.
É evidente que o laser pode causar problemas na visão não só ao piloto, mas
também nos demais tripulantes, principalmente em voos a baixa altitude, entretanto,
a ficha eletrônica de notificação do CENIPA dá espaço para notificação apenas aos
efeitos sofridos pelos pilotos.
<https://youtu.be/D67nLAHv_lg>.
<https://youtu.be/4vMSYJz0_1g>.
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CAPÍTULO 2
A atividade aérea e a vibração/pressão
barométrica
O corpo humano possui uma vibração natural. Se uma frequência externa coincide
com a frequência natural do sistema, ocorre a ressonância, que implica a amplificação
do movimento. A energia vibratória é absorvida pelo corpo, como consequência da
atenuação promovida pelos tecidos e órgãos.
Essas vibrações, também podem ser vistas como fatores físicos,, e que além do
funcionamento dos motores, as turbulências também produzem as vibrações.
Este autor enfatiza que os grandes jatos parecem sofrer uma influência menor do
funcionamento dos motores e das turbulências.
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UNIDADE II │ EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO
As atividades aeroespaciais geram algumas das vibrações que mais afetam os seres
humanos. Esses ambientes dinâmicos, isoladamente ou em combinação, ameaçam o
conforto, o desempenho e o bem-estar psicológico das pessoas expostas às operações
aeroespaciais.
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EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO │ UNIDADE II
A vibração pode ser apenas irritante para o passageiro normal, mas pode ser
perigosa para o paciente gravemente doente. As frequências mais prejudiciais
para a homeostase situam-se entre 0.1Hz e 40Hz. Diferentes partes do corpo têm
frequências naturais, por exemplo, cabeça ressoa em cerca de 6Hz e o antebraço em
torno de 40Hz.
Em baixa frequência a vibração dos olhos pode resultar em visão embaçada. Ela
pode interferir na termorregulação do corpo, e seus efeitos podem ser agravados
por temperaturas altas ou baixas. No paciente hipotérmico, a vibração pode piorar
a sua condição. Em um paciente com hipertermia, a vibração da aeronave pode
causar vasoconstrição circulatória. Isso pode anular o mecanismo de perda de calor
compensatória – a capacidade de transpirar.
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UNIDADE II │ EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO
Pouco pode ser feito por pilotos ou tripulantes para eliminar ou diminuir a quantidade
de vibração na aeronave. Para minimizar os efeitos da vibração, os esforços devem ser
feitos para evitar ou reduzir o contato direto com a fuselagem da aeronave.
O contato direto com a fuselagem da aeronave deve ser evitado colocando cobertores
ou outras almofadas de forma adequada. Pacientes e membros da tripulação devem ser
contidos corretamente em todos os momentos para minimizar os efeitos da vibração.
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EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO │ UNIDADE II
pacientes obesos devido à pequena área entre os encostos dos assentos dos pilotos e
os assentos da tripulação que presta assistência.
É importante verificar o peso do paciente pois o transporte de paciente obeso pode ser
contraindicado devido a questões de segurança de voo.
Outra limitação no item peso é relacionada ao piso da aeronave, visto que algumas
aeronaves têm sua capacidade limitada em 120 Kg, exatamente na área do piso onde o
paciente é embarcado na posição transversal.
Além do peso do paciente, a capacidade de voo da aeronave também tem relação com
o local de atuação. O mesmo tipo de aeronave apresenta desempenhos diferentes
em diferentes situações, conforme densidade do ar. Por exemplo, em locais de baixa
umidade do ar, a aeronave precisa de mais potência para cumprir a mesma função se
comparado a uma aeronave idêntica utilizada em local com alta umidade do ar, como
no litoral.
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UNIDADE II │ EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO
A avaliação do paciente deve ser bastante criteriosa, visto que existe uma
grande pressão sobre a equipe, durante a avaliação do paciente em ambiente
pré-hospitalar, para que o paciente seja transportado da cena para a unidade de
saúde pela unidade aérea. Em algumas situações, o transporte terrestre pode ser
o meio de transporte adequado.
Fonte: <http://www.jornalrondonia.com.br/lerConteudo.php?id=4661>.
Fonte: <https://www.pilotopolicial.com.br/gavopcbmdf-atua-em-acidente-com-11-vitimas-a-150km-de-brasilia/>.
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UNIDADE II │ EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO
Fonte: <https://www.pilotopolicial.com.br/aviao-uti-transporta-paciente-de-apucarana-para-hospital-na-regiao-metropolitana-
de-curitiba/kingair200-5-hq/>.
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EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO │ UNIDADE II
Os gases estão sempre presentes no corpo humano. Esses gases agem de acordo com
as leis da física que os governam. Permitir que o gás escape e se equalize com o
ambiente circundante é uma forma de reduzir potencial para esses problemas.
O Nitrogênio é o gás que está sempre dissolvido em uma solução corporal e depende
diretamente da pressão exercida sobre essa solução. Se essa pressão for reduzida, o
excesso de nitrogênio tende a formar bolhas. Essas bolhas podem ser extremamente
prejudiciais ao organismo, pois podem obstruir a circulação em órgãos vitais, tais como:
cérebro, coração, pulmões e rins.
Por outro lado, se esse gás permanecer preso, mesmo em baixa pressão, e a via de
escape (abertura individual para cada área) for bloqueada, a reação resultante tende
a ser dor nas articulações. (FAA, 2013).
Relembrando a Lei de Boyle, vimos que sob temperatura constante o volume do gás
é inversamente proporcional à pressão. Diante disso não podemos esquecer que
outros gases estão dispersos nas cavidades corporais. O volume desses gases sofre
influência da variação de altitude. Aqui explanaremos sobre a alteração dos volumes
dos gases contidos no sistema digestório, nas vias aéreas e no crânio (orelha média,
tuba auditiva, seios frontais, maxilar, esfenoidal e etmoidal).
Sistema digestório
No sistema digestório a quantidade de gás sofre constante variação. Com o aumento
da altitude ocorrerá a expansão dos gases contidos no interior desse sistema, porém
ocorre eliminação por meio de flatos e/ou eructação. Antes que ocorra eliminação
parcial dos gases decorrentes do aumento de volume, ocorre dor e desconforto, devido
a distensão das alças intestinais e estômago, comprimindo o diafragma. Isso pode
gerar alterações do padrão respiratório e até síncope.
Dor severa pode gerar reação vasovagal e, como consequência, pode haver
hipotensão, taquicardia, sudorese, palidez cutânea e síncope. Dependendo dos
sinais e sintomas, pode ser necessário reduzir a altitude de voo para amenizar o
45
UNIDADE II │ EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO
efeito da expansão dos gases. Algumas medidas são necessárias para a prevenção
dos problemas relacionados à expansão dos gases no sistema digestório.
Faz-se necessário evitar refeições fartas antes do voo, principalmente alimentos que
produzem muitos gases durante o processo de digestão. Evitar bebidas gaseificadas
e outros alimentos que não sejam de fácil digestão. Normalmente a média de volume
de gás é de 1 litro no sistema digestórioA expansão desses gases é mais evidente a
partir de 9.000 pés de altitude. Em pacientes pediátricos a distensão abdominal e as
respectivas alterações decorrentes dessa expansão são mais evidentes.
Orelha média
A orelha e a faringe contêm várias estruturas que devem estar funcionando
corretamente para o desempenho seguro das atividades de voo. É seguro dizer que,
quando essas funções são prejudicadas, como quando a tuba auditiva está bloqueada
ou o labirinto está enviando sinais conflitantes para o Sistema Nervoso Central (SNC),
um membro da tripulação aérea pode tornar-se subitamente incapacitado para as
atividades de voo.
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EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO │ UNIDADE II
A tuba auditiva é um tubo orgânico fechado que une a rinofaringe à orelha média.
É constituída de uma parte óssea, mais curta, com 12 milímetros de comprimento,
correspondendo ao semicanal da tuba auditiva; e uma cartilagínea, com 24 milímetros
de comprimento, cuja base é inserida sob a mucosa da parede lateral da rinofaringe.
A junção das porções óssea e cartilagínea forma o istmo da tuba auditiva que,
semelhante a uma válvula, controla a entrada de ar. A tuba auditiva encontra-se
fechada no repouso e, pela ação dos músculos tensor do véu palatino e levantador
do véu palatino que são acionados na deglutição e/ou no bocejo, há passagem de ar
da parte nasal da faringe para a orelha média. Isso permite a equalização da pressão
do ar externo com a pressão da cavidade timpânica e, ainda, o arejamento da orelha
média. Esse mecanismo protege a orelha de mudanças rápidas de pressão, mantém
a mucosa conservada e permite que a unidade tímpano-ossicular possa vibrar sem
intercorrências.
A tuba auditiva é a única rota para o ar entrar e sair da orelha média quando a
membrana timpânica está intacta. A tuba auditiva também fornece uma rota de
drenagem para o muco secretado pela mucosa da orelha média, e é normalmente
fechada em repouso, pois protege a orelha média das secreções faríngeas e amortece
a percepção da própria voz.
A tuba auditiva permite a passagem de ar mais facilmente para fora do que para dentro
das referidas estruturas. Durante o aumento da altitude o ar na cavidade tem o volume
aumentado e se desloca em direção à nasofaringe quando a diferença de pressão atinge
aproximadamente 15mmHg. Esse ar, geralmente, começa a escapar através da tuba
auditiva a cada 500 - 1000 pés de altitude Contudo, durante a descida, quando a
pressão atmosférica aumenta e empurra a membrana timpânica para dentro, a tuba
auditiva deve ser ativamente aberta, realizando algum tipo de manobra. Caso não haja
47
UNIDADE II │ EFEITOS DA ALTITUDE E DA VIBRAÇÃO NO CORPO HUMANO
Com base no que foi teorizado até aqui, ficam evidentes os motivos pelos quais o
desempenho de atividades aéreas deve ser restrito em casos de infecções das vias aéreas
superiores. Recomenda-se que a atividade de voo não continue até que sinais e sintomas
sejam resolvidos, porém, se for inevitável voar antes da recuperação completa, uso
de medicamentos descongestionantes auxiliam a reduzir a chance de barosinusite e
barotrauma de ouvido. Esteróides nasais também podem ajudar na redução do edema
da mucosa nasal, mas são lentos para agir e não são úteis em situações agudas.
A tripulação deve passar por avaliação de saúde antes de retornar às funções de voo.
Problemas que surgem relacionados aos seios da face, também são relatados com
frequência. O barotrauma dos seios da face, também conhecido como barosinusite,
são mais comuns em pessoas que voam com infecções das vias aéreas superiores..
Uma lesão pode ser causada pelo aumento da pressão negativa dentro do seio afetado
durante a descida. Esse vácuo relativo causa congestão rápida da mucosa, muitas vezes
com a formação de um hematoma submucoso que resulta em dor extremamente aguda
e intensamente perturbadora, de início súbito.
Só por esta razão, ela representa um perigo para a segurança de voo. Barosinusite
isolada que acontece no curso de uma infecção de vias aéreas superiores não precisa de
uma avaliação profunda, então as atividades de voo podem ser retomadas assim que os
sintomas do resfriado desaparecem.
CAPÍTULO 1
Os efeitos da aceleração no corpo
humano e o estado de saúde na
atividade aérea
O envoltório gravitacional da Terra nos expõe a uma aceleração voltada para o centro
do planeta com uma magnitude de 32pés/s2 (9.8m/s2), ou seja, o ambiente de 1G
(a força que conhecemos como peso), os meios de transporte modernos, nos expõe a
acelerações que podem ter efeitos fisiológicos profundos (MARTIN, 2003).
Aceleração sustentada
Aceleraçao sustentada é a aceleração de baixa magnitude e de longa duração. Essa
é a situação dos profissionais da aviação que experimentam a força G em diferentes
intensidades, de acordo com o tipo de atividade e o tipo da aeronave.
49
UNIDADE III │ EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA
G = a/g
Onde “a” e “g” são unidades em m/s2 e G é o coeficiente. Por exemplo, um piloto com
70kg sujeito a uma aceleração de 3G, experimentará uma força que fará com que seu
peso seja de 210kg.
Davis et al. (2008) dizem que a aceleração deve ser considerada em situações de
transporte de pacientes devido aos efeitos fisiológicos.
Aceleração transitória
Essa aceleração ocorre em situações de emergência. Também é descrita nas situações
de impacto, onde ocorre a perda do movimento de forma súbita. Lesões traumáticas e
mudanças da homeostase estão sempre associadas com a aceleração transitória.
Aceleração linear
Martin (2003) diz que a aceleração linear resulta de um aumento ou diminuição
da taxa de movimento ao longo de uma linha reta. Não ocorrem consequências
fisiológicas no indivíduo sentado normalmente quando a força é aplicada através do
eixo aanteroposterior do corpo (a real direção depende da posição do ocupante) mas,
pacientes em maca paralela ao piso da aeronave e ao longo do eixo da aeronave estão
em risco de deslocamento de órgãos do corpo e volumes de fluidos em resposta às forças
inerciais da aceleração linear.
50
EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA │ UNIDADE III
fixa adota-se a posição dos pés para a frente, com o argumento de que é mais seguro
de um ponto de vista de uso de dispositivos de contenção e em casos de colisão.
Beard, Lax e Tindall (2016) teorizam sobre a Terceira Lei de Newton para explicar as
repercussões fisiológicas da aceleração e da desaceleração. A Terceira Lei de Newton
afirma que, para cada ação há uma reação de igual intensidade e oposta. Os autores
dizem que, quando o paciente é acelerado devido à aplicação de uma força externa,
haverá uma força contrária de mesma intensidade, chamada inércia.
Vejam abaixo a exemplificação de Beard, Lax e Tindall (2016) para a aceleração e para
a desaceleração:
»» a desaceleração tem um efeito oposto, desta vez a força externa que causa
a desaceleração aponta em direção aos pés do paciente e o deslocamento
de sangue será em direção à cabeça. A força de frenagem da ambulância é
maior que a força de aceleração, consequentemente a primeira tem maior
impacto no paciente que a segunda.
Aceleração radial
Devido a uma mudança na direção do movimento, uma força age para fora do
centro de um caminho circular, mas é percebida como um aumento no peso pelo
ocupante da aeronave.
51
UNIDADE III │ EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA
A aceleração positiva com a cabeça dirigido para o centro de rotação (+Gz) é a força
mais comumente experimentada. Se +Gz for sustentada, a pressão hidrostática nos
vasos sanguíneos abaixo do nível do coração estará aumentada e o retorno venoso
será comprometido.
Lathrop e Lentz (2001) enfatizam que a tripulação de voos civis e militares que
transportam pacientes ao longo de zonas de diferentes fusos horários, têm uma
responsabilidade com seus pacientes e devem entender o jet lag. Os efeitos do jet lag são
importantes para o paciente e para a tripulação, sendo este mais um significativo fator
de estresse na atividade aérea. Por razões de segurança, a tripulação deve permanecer
alerta durante o transporte.
O paciente, já estressado por doença ou lesão, pode ser mais suscetível ao jet lag do
que o viajante saudável. Percebendo que o jet lag altera a fisiologia e é um estressor
adicional importante, faz-se necessário que a tripulação conheça os efeitos e saiba se
comportar perante tal situação (LATHROP; LENTZ, 2001)
O jet lag é composto por uma série de sintomas desagradáveis que variam com o
número de fusos horários cruzados. Os sintomas mais típicos são sonolência diurna,
52
EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA │ UNIDADE III
fadiga, falta de atenção e dificuldade para iniciar e manter o sono, insônia, queixas
gastrointestinais, apatia, fraqueza, irritabilidade, mal-estar e perda de apetite. Viagens
através de fusos horários também tâm sido associadas a cetoacidose diabética,
depressão e alterações cognitivas em indivíduos de risco (LATHROP; LENTZ, 2001).
Além de fatores ambientais e sociais, fatores físicos, tais como idade, estado de
hidratação e doença prévia podem afetar a capacidade de adaptação. Os estressores
de voo (ruído, vibração, diminuição da umidade, mudanças da pressão barométrica e
diminuição da pressão parcial de oxigênio) contribuem para o surgimento de problemas
na saúde da tripulação e do paciente no destino (LATHROP; LENTZ, 2001).
Ritmo cicardiano
O ciclo circadiano é um ritmo biológico controlado pelo núcleo supraquiasmático
presente no hipotálamo e regula, de uma forma rítmica ao longo de vinte e quatro
horas, todos os processos homeostáticos dos seres vivos. Cada célula apresenta
individualmente o seu próprio relógio ou ritmo que deve estar sincronizado com o das
outras células do mesmo tecido e também com o de outros órgãos para que o organismo
funcione como um todo. Os estímulos que chegam ao núcleo supraquiasmático são
designados por sinais input e, uma vez recebida a informação, o núcleo a interpreta
e a transmite a todas as células através de sinais output (ALBRECHT, 2012 apud
MARCOS, 2012).
Palma (2002) descreve que viver em diferentes locais e fusos horários representa uma
fragmentação da vida cotidiana. Um bom exemplo é a situação do aeronauta que parte
do Rio de Janeiro sob um sol forte e chega a Paris sob neve, e que ainda está confuso
sobre as horas locais. Este fato engendra, também, alterações nos ritmos biológicos,
horários e hábitos alimentares, que, dentre outros, pode provocar a desregulação dos
controles hormonais.
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UNIDADE III │ EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA
Martin (2003) diz que as consequências da viagem para o paciente (não apenas o voo,
mas também as transferências terrestres) devem ser consideradas. Os menos ameaçados
serão aqueles sedados e transferidos em macas. Paradoxalmente, geralmente é o
paciente com nível de consciência preservado que sofre mais.
Um profissional com piores condições físicas terá mais dificuldade de adaptação aos
fatores estressantes que existem no ambiente aeroespacial, e também em ambiente
terrestre nas atividades relacionadas ao voo, tanto no pré-voo quanto no pós-voo.
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EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA │ UNIDADE III
A gestante
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UNIDADE III │ EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA
Outras alterações fisiológicas na gestante são descritas pelos autores, porém com
mínima ou até sem repercussão para o estudo da fisiologia do voo.
Criança
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EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA │ UNIDADE III
Prehn (2014) enfatiza que mesmo quando as equipes tentam minimizar, através
da modificação de colchões, a vibração e o som durante o transporte infantil, esses
permanecem excessivos e estão associados a hemorragia intracraniana em lactentes
nascidos prematuramente com baixo peso. Veículos, equipamentos e métodos usados
para transportar adultos não são adequados para o transporte de bebês prematuros,
especialmente aqueles com baixo peso.
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UNIDADE III │ EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA
Idoso
Alguns fatores operacionais da atividade aérea incidem sobre a fisiologia dos idosos de
forma mais impactante, se comparada à fisiologia do adulto jovem. Com isso, faz-se
necessário dar maior atenção às possíveis necessidades do idoso, seja na condição de
paciente aerorremovido, seja na condição de passageiro.
Os efeitos da altitude sobre os idosos podem não ser efetivamente compensados, por
exemplo, o aumento da frequência cardíaca decorrente da redução da pressão parcial
de oxigênio pode não ser efetiva devido à fragilidade da função cardíaca e até mesmo
decorrente do efeito de medicamentos antiarrítmicos, como podemos ver no manual do
Pré-Hospital Trauma Life Support (2017), que cita que os betabloqueadores podem ser
responsáveis pela bradicardia absoluta ou relativa do paciente. Bloqueadores de canais
de cálcio podem impedir a vasoconstrição periférica.
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EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA │ UNIDADE III
provocada pela hipóxia agrava condições prévias como insuficiência cardíaca. O estudo
desses autores mostra claramente o maior impacto negativo da hipóxia no idoso.
Atualmente, 10% das emergências durante os voos são causadas por doenças
pulmonares, na sua maioria decorrentes de hipoxemia durante o voo. Existe um
consenso de que indivíduos com pressão parcial de oxigênio arterial (PaO2) maior
que 70 mmHg ao nível do mar não necessitam de oxigênio suplementar durante
viagens aéreas, a menos que a capacidade vital forcada (CVF) na espirometria seja
menor que 50% do valor predito, ou que sua capacidade de exercício esteja muito
limitada (incapacidade de andar 50 metros no plano ou de subir as escadas do avião).
Indivíduos com PaO2 <70mmHg ao nível do mar, com pouca mobilidade ou com CVF
<50% do predito devem ser avaliados quanto à necessidade de oxigênio suplementar
durante os voos (MACHADO, 1999).
Longos voos de avião ou múltiplos voos em um curto período podem causar trombose
venosa profunda e embolia pulmonar. Qualquer situação em que o joelho fique
flexionado por períodos prolongados sem muito movimento ativo pode levar a uma
redução do fluxo sanguíneo e aumentar o risco de formação de coágulos sanguíneos.
Outros fatores podem aumentar esse risco, como cirurgia recente, uso de contraceptivos
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UNIDADE III │ EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA
Obesidade
Devido a tais particularidades, a equipe deve estar apta para a assistência. A maior
preocupação está no manejo da via área, na ventilação e na circulação. O excesso de
tecido adiposo no tórax, abdômen e região cervical dificulta o manejo das vias aéreas e
da função pulmonar.
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EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA │ UNIDADE III
O paciente cardiopata
Como toda operação aérea, o planejamento deve envolver toda a tripulação. Pode
ser necessário ajustar a pressão de cabine e/ou voar a altitudes menores, com
isso o tempo de viagem pode ser mais longo e o consumo de combustível também
será maior.
A tolerância dos pacientes é bastante variável, mas pacientes com doença cardíaca
usualmente correm risco quando a pressão de cabine corresponde a pressões superiores
a 6000 pés (1829 metros).
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UNIDADE III │ EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA
Assim como o aviador deve conhecer o funcionamento da aeronave, deve também estar
ciente das limitações do seu corpo e das variações da fisiologia humana, em resposta
aos estímulos externos.
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EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA │ UNIDADE III
63
CAPÍTULO 2
Substâncias lícitas, ilícitas e a atividade
aérea
Automedicação
A disponibilidade cada vez maior de medicamentos de todos os tipos cria um ambiente
de risco para nossas tripulações. A medicina aeroespacial deve ter conhecimento
sobre os medicamentos de venda livre aprovados para uso da tripulação. As listas de
medicamentos são úteis, mas o princípio norteador de qualquer uso de medicamentos é
o potencial de comprometimento da função psicomotora e da vigilância ou de distúrbio
dos sentidos especiais. Além disso, a condição subjacente para a qual a medicação é
solicitada deve ser menor e não interferir com as obrigações de voo ou com o uso de
equipamentos de suporte à vida.
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EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA │ UNIDADE III
Segundo a ANAC, o exame de saúde pericial tem o objetivo de certificar a aptidão física
e mental de tripulantes, considerando o exercício de cada função. A certificação médica
busca limitar o risco à segurança do voo decorrente de problemas de saúde, tendo
validade específica de acordo com a classe, função, idade e outras possíveis condições
médicas.
Um ponto que deve ser observado por pilotos e comissários antes da automedicação
é que boa parte dos efeitos colaterais das drogas químicas podem ser acentuados
pela altitude e muitos ainda são desconhecidos. Pouco se sabe sobre a relação dos
medicamentos com a desorientação espacial e a redução da tolerância à força G, por
exemplo.
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UNIDADE III │ EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA
Santi (2009) diz que existem casos de acidentes aeronáuticos em que a causa básica
foi uma performance deficiente do piloto que fazia uso de algum medicamento
potencialmente perigoso. Existem listas de medicamentos autorizados e proibidos
para o voo que são do conhecimento dos médicos de aviação, que devem ser sempre
procurados antes de se usar qualquer medicamento.
Os autores citados até aqui fazem menção aos problemas do uso de medicamentos
e de álcool que comprometem o desempenho humano em atividades complexas.
Evidentemente, o álcool pode ser ainda mais perigoso para a segurança de voo do que
muitas medicações, e mais grave poderá ser a situação em caso de associação entre
determinados medicamentos e o álcool. Contudo, é fundamental citar que não só o
aviador, mas também todas pessoas envolvidas em alguma fase do voo, deve ser avisada
quando o assunto é o comprometimento do funcionamento de quaisquer funções
orgânicas.
Álcool
Do ponto de vista epidemiológico, e do trabalhador, o álcool continua sendo a droga
que causa maior impacto no Brasil, principalmente sob o enfoque da perturbação do
comportamento (MARTINS, 2004 apud SPEZZIA; VICENTE; JUNIOR, 2013).
Enquanto seu uso é predominante e aceitável em nossa sociedade, não deveria ser
uma surpresa quando surgem problemas com o uso do álcool e no desempenho de
atividades relacionadas a segurança, como dirigir um automóvel ou pilotar uma
aeronave. Esses problemas são agravados pela crença comum de que acidentes
acontecem “com outras pessoas, mas não comigo”. Há uma tendência em esquecer
que pilotar uma aeronave é uma tarefa cognitiva e psicomotora altamente exigente
que ocorre em um ambiente inóspito onde os pilotos são expostos a várias fontes de
estresse (FAA).
O alcoolismo tem sido reportado como um problema sério que afeta a saúde dos
aeronautas, a ponto de ser um dos principais motivos de afastamento do trabalho no
Brasil ou ser atribuído como um fator encontrado em 10% dos acidentes aéreos fatais.
A ingestão de bebida alcoólica durante o voo é sempre negado pelos pilotos. Mesmo
66
EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA │ UNIDADE III
que a vigilância seja intensa, vários casos são relatados e associados a insidentes
aeronáuticos. (PALMA, 2002).
Abaixo podemos ver uma lista sintetizada pela FAA (Federal Aviation Administration)
sobre os efeitos do álcool:
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UNIDADE III │ EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA
Fumo
O uso de tabaco precisa ser reposto a cada 1 ou 2 horas, o que provoca ausência do
trabalho. O problema relacionado é melhor caracterizado quando o indivíduo está em
uma atividade em equipe que não permite que ele se afaste, passando a sofrer com a
falta do tabaco, levando a queda no seu nível de atenção.
Alagha (2012) em seu estudo sobre a suscetibilidade de pilotos iranianos, diz que
os tabagistas apresentam uma menor capacidade de resposta frente às situações
provocadas pela hipóxia.
Tripulantes fumantes voando em uma altitude de cabine de 7.000 pés com níveis
de carboxihemoglobina (COHb) de 5% e 10% terão uma altitude fisiológica de
aproximadamente 11.000 pés e 13.500 pés, respectivamente.
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EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA │ UNIDADE III
Uso de drogas
O uso de drogas tem crescido de forma bastante expressiva ao longo do século e as
consequências para a sociedade têm sido devastadores. Spezzia, Vicente e Junior (2013)
dizem que o problema tem uma dimensão considerada assombrosa nos dias atuais
quando se observa que a maioria dos usuários de drogas está no mercado de trabalho
formal, como órgãos públicos, empresas de transporte, companhias aéreas e hospitais,
exercendo cargos de aviadores, portuários, estivadores, médicos e enfermeiros. Ocorre
que, em contrapartida, nesses ambientes a necessidade intrínseca de profissionais
que precisam ficar acordados por longos períodos em trabalhos estressantes e
competitivos é eminente, e forma-se, portanto, um considerável grupo de risco.
Efeitos danosos causados pela utilização das drogas lícitas e/ou ilícitas no local de
trabalho se estendem muito além das consequências nocivas para a saúde. Os acidentes
de trabalho tornam-se mais prováveis, a produtividade do trabalhador diminui e
o desempenho do funcionário tende a se tornar inconstante. Dados divulgados pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que o funcionário sob efeito da droga
utiliza, em média, 67% da capacidade de trabalho e ainda tem o triplo da probabilidade
de chegar atrasado ou faltar ao serviço (SPEZZIA; VICENTE; JUNIOR, 2013).
69
UNIDADE III │ EFEITOS DA ACELERAÇÃO, SUBSTÂNCIAS LÍCITAS E ILÍCITAS E O ESTADO DE SAÚDE NA ATIVIDADE AÉREA
70
FADIGA, CINETOSE E
AS ALTERAÇÕES NA
TEMPERATURA, UMIDADE,
LUMINOSIDADE E UNIDADE IV
INCIDÊNCIA DE RADIAÇÃO
DECORRENTES DO AUMENTO
DE ALTITUDE
CAPÍTULO 1
Influência da altitude na temperatura,
na umidade, na luminosidade e a
fadiga e cinetose na atividade aérea
Fadiga de voo
A fadiga é uma condição restritiva para a continuidade de trabalho e, embora a fisiologia
apresente variadas hipóteses para explicá-la, ainda não existe um conhecimento
consolidado, uma vez que a fadiga parece sofrer interferências, basicamente, de
duas frentes, uma física e outra mental, ou psicológica (ASTRAND et al, 2006 apud
KUBE, 2010).
Limongi França e Rodrigues (1996, apud KUBE, 2010) entendem a fadiga como um
estado físico e mental, resultante de um esforço prolongado ou repetido, repercutindo
sobre vários sistemas do organismo e provocando múltiplas alterações de funções.
Invariavelmente essas alterações levam a uma diminuição do desempenho laboral de
forma qualitativa e quantitativa. Em seu ápice, contribui para o absenteísmo no trabalho
e vários distúrbios psicológicos, que afetam a vida pessoal, familiar e social.
A fadiga de voo deve ser considerada na assistência ao paciente visto que o responsável
pela assistência também vivencia situações que levam à fadiga. Logicamente, ocorre
em menor frequência se comparada à fadiga sofrida pelo aviador, pois o aviador está
exposto aos fatores causadores de fadiga em momentos diversos àqueles de transporte
71
FADIGA, CINETOSE E AS ALTERAÇÕES NA TEMPERATURA, UMIDADE, LUMINOSIDADE E INCIDÊNCIA DE
UNIDADE IV │RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE
de pacientes. Entre as atividades do aviador, além dos voo de resgate, estão as atividades
de instrução de voo e o combate a incêndio em algumas regiões do país, principalmente
nos períodos do ano em que a vegetação está mais suscetível incêndios, devido à
escassez de chuvas.
72
FADIGA, CINETOSE E AS ALTERAÇÕES NA TEMPERATURA, UMIDADE, LUMINOSIDADE E INCIDÊNCIA DE
RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE│ UNIDADE IV
De acordo com Kanashiro (2016), os fatores causadores de fadiga podem ser divididos
em fatores operacionais e/ou individuais:
Fatores Operacionais
Hipóxia Ciclo sono-vigília
Aerodilatação Meteorologia
Descompressão Comunicações
Radiações Falhas materiais/operacionais
Acelerações Decolagem e pouso
Ruídos Quantidade de tarefas
Vibrações Quantidade de escalas
Estresse térmico Tráfego aéreo
Umidade do ar Peculiaridades do aeródromo
Ergonomia Duração e horário do voo
Fonte: Kanashiro, 2016.
Fatores Individuais
Fisiológicos Psicológicos
Estado geral de saúde Estrutura psicológica
Tabagismo Motivação para o voo
Bebidas alcoólicas Problemas familiares, sociais e econômicos
Drogas
Alimentação
Descanso prévio
Idade
Fonte: Kanashiro, 2016.
Os ruídos são um dos fatores que levam à fadiga. Palma (2002) diz que o ruído, como
um som desagradável ou indesejável, pode ser prejudicial tanto à audição, quanto a
uma série de outros fenômenos, e levam a taquicardia, elevação da pressão arterial,
cefaleia, ansiedade, redução da libido, entre outros. Ele destaca que o ruído parece ter
uma influência maior em problemas como insônia e irritabilidade.
73
FADIGA, CINETOSE E AS ALTERAÇÕES NA TEMPERATURA, UMIDADE, LUMINOSIDADE E INCIDÊNCIA DE
UNIDADE IV │RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE
A fadiga certamente não afeta apenas a segurança de voo, afeta também a qualidade
da assistência prestada aos enfermos que dependem da assistência em todas as fases
do voo: pré-voo, trans e pós-voo. Frente a essa afirmação, faz-se necessário prevenir a
fadiga de voo.
74
FADIGA, CINETOSE E AS ALTERAÇÕES NA TEMPERATURA, UMIDADE, LUMINOSIDADE E INCIDÊNCIA DE
RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE│ UNIDADE IV
Cinetose
Outro problema que pode se somar à fadiga é a cinetose, também conhecida como
doença do movimento. Caracteristicamente, a doença do movimento começa com o
desconforto epigástrico, muitas vezes descrito como “consciência estomacal”, que
geralmente é acompanhada por aumento da salivação, eructação e sensação de calor
corporal. Os sinais mais comumente relatados são náusea, palidez, sudorese fria e
vômito. A ansiedade pode estar ligada a uma maior incidência de náusea no voo e pode
estar relacionada a fatores motivacionais.
75
FADIGA, CINETOSE E AS ALTERAÇÕES NA TEMPERATURA, UMIDADE, LUMINOSIDADE E INCIDÊNCIA DE
UNIDADE IV │RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE
Suscetibilidade a cinetose
Enjoo decorrente do movimento não é exclusivo para humanos e tem sido
documentado em numerosas espécies. Enquanto quase todo mundo é suscetível
a enjoo, sua suscetibilidade é influenciada pelo nível relativo de estimulação,
sensibilidade e variabilidade individuais e experiência anterior. Já foi demonstrado
que indivíduos cegos são suscetíveis a enjoo quando expostos a movimentos físicos
provocativos.
Apenas aqueles indivíduos com perda total da função vestibular parecem ser
imunes a enjoos, embora haja alguma evidência de que mesmo eles possam
ser suscetíveis a estímulos visuais projetados para induzir a sensação de
movimento próprio. A suscetibilidade à doença de movimento varia à medida que
envelhecemos. Crianças com menos de 2 anos de idade raramente são afetadas,
mas a suscetibilidade aumenta rapidamente com a idade, atingindo o pico em
torno de 12 anos e depois declinando gradualmente até os 21 anos. Um declínio
adicional na suscetibilidade a enjoo é visto com a idade, provavelmente como
resultado do declínio da informação aferente vestibular, e é raro na aviação civil
após os 50 anos.
As mulheres tendem a ser mais suscetíveis ao enjoo do que os homens, com maior
suscetibilidade perto do início da menstruação e durante a gravidez. Nos homens, o
aumento da aptidão aeróbica parece aumentar essa suscetibilidade. A localização de
um indivíduo dentro do veículo em movimento, seja ele um carro ou uma aeronave,
mostrou ter uma grande influência na suscetibilidade ao enjoo, assim como a posição
do corpo de um indivíduo em relação ao movimento.
76
FADIGA, CINETOSE E AS ALTERAÇÕES NA TEMPERATURA, UMIDADE, LUMINOSIDADE E INCIDÊNCIA DE
RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE│ UNIDADE IV
Temperatura e umidade
O modo de transporte pode afetar a termorregulação do paciente. Por exemplo,
exposição a vibração moderada resulta em um aumento na taxa metabólica,
vasoconstrição e uma diminuição da capacidade de transpirar.
A umidade diminui cerca de 6% a 1.000 metros até a altitude de 12 km, o que também
contribui para a diminuição do já baixo teor higroscópico do ar no interior das aeronaves.
77
FADIGA, CINETOSE E AS ALTERAÇÕES NA TEMPERATURA, UMIDADE, LUMINOSIDADE E INCIDÊNCIA DE
UNIDADE IV │RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE
A umidade da cabine pode chegar a 5%, então os pacientes devem receber oxigênio
umidificado para compensar o gás seco nesse tipo de atmosfera. Os efeitos da
altitude no transporte por aeronaves de asas rotativas são mínimos, mas a umidade
no transporte em aeronaves de asas fixas deve ser considerada no planejamento da
operação. É necessário um incremento na infusão de soluções para manter o paciente
adequadamente hidratado em um ambiente de tão baixa umidade.
Os mesmos autores, Beard, Lax e Tindall, enfatizam que a redução de umidade pode
levar a secreções espessas e risco de obstrução mucosa, portanto, deve-se usar um
filtro de troca de calor e umidade ou oxigênio umidificado através de uma máscara
facial. Para transferências prolongadas, os olhos do paciente devem ser lubrificados
com lágrimas artificiais e um tratamento bucal frequente é importante.
Balanço hídrico
A manutenção de um nível confortável de umidade em um ambiente de baixa pressão,
por exemplo, 40% de umidade relativa e uma temperatura de 20 °C (68 °F) pode
ajudar a reduzir as perdas respiratórias de água. Este nível de umidade com roupas de
cobertura relativamente completa também ajudam a reduzir as perdas insensíveis de
água (DAVIS, 2008).
Luminosidade
A luminosidade aumenta com a altitude. Voos sobre camadas de nuvens, bem como
sobre água podem provocar ofuscamento e é aconselhável o uso de óculos escuros com
filtro, nessas condições.
devido a uma fonte de luz brilhante fora do eixo. Em altitudes acima de 40.000 pés, o
brilho pode ocorrer a partir da camada de nuvens abaixo da aeronave.
O contorno facial humano não é moldado para proteger do brilho abaixo dos olhos
como a região frontal faz para o brilho acima dos olhos. Um efeito semelhante ocorre
quando se está em superfícies com neve ou areia. Foi teorizado que o embaçamento
subjetivo é uma persistente pós-imagem positiva do piso de nuvem brilhante. Outras
causas sugerem a fluorescência do cristalino causada pela energia ultravioleta ou pelo
espalhamento intraocular da luz. Embora a causa real não tenha sido claramente
estabelecida, algumas soluções estão no uso de filtros para eliminar ou minimizar o
brilho transmitido.
No Brasil, os voos pela manhã para o leste e os voos da tarde para o oeste expõe ainda
mais a tripulação ao excesso de luminosidade devido a luz do sol na proa. Certamente
há uma maior preocupação com a proteção da visão nessas situações.
79
CAPÍTULO 2
A radiação na atividade aeroespacial
O avanço da tecnologia aeroespacial tornou a aviação mais segura e cada dia mais
acessível a todos, porém novos desafios surgiram junto com este progresso. Um destes
desafios é a exposição à radiação ionizante em altitude, que pode gerar efeitos somáticos
e genéticos no ser humano.
Radiação ionizante
Na maioria das atividades sujeitas a exposição à radiação ionizante, o nível de exposição
do trabalhador tende a diminuir com a adoção de novos equipamentos e medidas de
prevenção. Porém, para o tripulante de aeronaves a tendência é inversa, pois com os
avanços da tecnologia aeroespacial, as aeronaves estão voando cada vez mais alto e por
mais tempo, potencializando a exposição à radiação ionizante.
80
FADIGA, CINETOSE E AS ALTERAÇÕES NA TEMPERATURA, UMIDADE, LUMINOSIDADE E INCIDÊNCIA DE
RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE│ UNIDADE IV
A exposição aos diversos tipos de radiação pode comprometer a saúde como podemos
ver na explicação de Maresh; Woodrow; Webb (2016), que diz que as células do nosso
corpo são formada por um complexo sistema de moléculas compostas de átomos que
são quimicamente ligados em proporções e sequências específicas. Os elétrons são a
própria natureza das ligações químicas e responsáveis por unir os átomos para formar
moléculas.
Para garantir sua sobrevivência, cada nova célula deve possuir uma cópia completa e
precisa do DNA. Danos causados pela radiação podem fragmentar o cromossomo e
destruir o DNA.
Normalmente, aceita-se que a fita de DNA é o alvo mais crítico na célula, embora possa
haver outras.
Uma vez que o filamento se rompe, há uma probabilidade de 95% de que o DNA se
conserte e continue a funcionar. Isso deixa uma probabilidade de 5% de que o DNA
não conserte normalmente e morra na próxima fase de reprodução ou sobreviva com
um código genético incorreto que poderia, em teoria, causar um câncer em uma data
futura.
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UNIDADE IV │RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE
A ionização por radiação cósmica aumenta com a altitude de voo e com a proximidade
aos polos.
O campo magnético terrestre oferece uma certa proteção ou “blindagem” aos raios
cósmicos, desviando e atenuando parte dos raios. Por este motivo, nos polos, a dose de
radiação recebida é máxima e no Equador, mínima. Basicamente, a dose recebida nos
polos é o dobro do Equador.
Doses anuais efetivas absorvidas por tripulantes não gestantes estão bem dentro desses
limites, variando de 2 mSv para as rotas menos expostas, a 5 mSv para aquelas mais
expostas. Tripulantes do sexo feminino terão de limitar o seu tempo de voo se voarem
durante a gravidez. Voo em altitude durante o aumento da atividade de flare solar
(tempestade solar) pode expor a tripulação a doses aumentadas.
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RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE│ UNIDADE IV
Na obra de Ruas (2017) podemos ver outros dados importantes sobre a exposição à
radiação cósmica:
»» o voo sobre o território brasileiro entre 30.000 e 40.000 pés, pode gerar
uma dose efetiva entre 0,9 3 3,36 mSv/ano. O acréscimo de jornadas
internacionais e rotas polares poderá aumentar esses valores.
Um tripulante com 45 anos de voo poderá estar exposto a uma dose efetiva de radiação
ionizante entre 90 mSv a 225 mSv, e comparativamente é a dose aproximada de 9.000
a 22.500 de raio-x dental ou 900 a 2.250 de tórax. Certamente são valores bem elevados
e o risco de danos à saúde é bem plausível.
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CAPÍTULO 3
Diferenças fisiológicas no voo com
aeronave de asa rotativa e asa
fixa e aeronave pressurizada e
despressurizada aeronave de asa fixa e
asa rotativa
Antes de comentar sobre as diferenças fisiológicas entre as aeronaves de asa fixa e asa
rotativa é importante falar de algumas diferenças operacionais, pois essas diferenças
impactam diretamente na fisiologia do paciente aerotransportado.
Kilian (1986) diz que é importante que a equipe de transporte aéreo reconheça as
diferenças operacionais entre as aeronaves de asa fixa e de asa rotativa e associe esse
conhecimento à necessidade clínica do paciente. O autor ainda diz que reconhecer
essas diferenças leva a equipe a entender que o helicóptero se assemelha a uma sala de
emergência, enquanto um avião se assemelha a uma unidade de tratamento intensivo.
Além das questões operacionais descritas acima, existem várias outras diferenças
operacionais entre as aeronaves de asa fixa e de asa rotativa e essas diferenças têm
relação direta com as respostas fisiológicas do corpo humano. Entre as diferenças
podemos destacar a aceleração, a vibração, o tempo de operação e também as
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RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE│ UNIDADE IV
É fundamenta lembrar que, para a decolagem de uma aeronave de asa fixa, a proa da
aeronave fica mais alta que a cauda. A aeronave fica nessa posição, com a proa mais alta
que a cauda, durante alguns minutos. Essa posição da aeronave implicará no aumento
da pressão intracraniana do paciente aerotransportado, principalmente se a cabeça
do paciente estiver posicionada em direção à cauda da aeronave, e se a condição do
paciente não permitir que seja feita a elevação da cabeceira, como nos casos de trauma
raquimedular. A elevação da cabeceira da maca do paciente contribui para que a sua
cabeça fique adequadamente posicionada para as medidas de neuroproteção.
Outro fator que deve ser considerado é a piora da pressão intracraniana decorrente
do uso de colar cervical, principalmente se este dispositivo de imobilização estiver
mal posicionado, como podemos ver no manual do PHTLS (2017), que diz que um
colar muito frouxo não conseguirá limitar o movimentos da cabeça e pode cobrir
acidentalmente o queixo, a boca e o nariz, obstruindo a via aérea do paciente. Um colar
muito apertado pode comprimir as veias do pescoço, causando aumento de pressão
intracraniana.
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UNIDADE IV │RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE
Nesse contexto, se não podemos evitar que ocorra a lesão primária, pois essa
já ocorreu antes do atendimento à vítima, a preocupação com a qualidade da
assistência evitará a instalação de lesões secundárias decorrentes do aumento da
pressão intracraniana.
Outra diferença que precisa ser pontuada que relaciona o tipo de operação aérea com
a fisiologia humana é a operação em pistas improvisadas não pavimentadas, como
aquelas que existem em áreas isoladas em algumas regiões do país, como as regiões de
comunidades ribeirinhas e/ou comunidades indígenas. Os pousos e decolagens nesse
tipo de pista produzem vibrações que podem repercutir no quadro clínico do paciente
embarcado.
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RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE│ UNIDADE IV
Ainda sobre o uso de oxigênio, agora falando do uso pela tripulação, vemos que a
regulamentação a ser seguida pelos pilotos para a operação de aeronaves pressurizadas
e não pressurizadas está descrita na RBAC no 135 (Regulamento Brasileiro da Aviação
Civil no 135). Cada piloto de uma aeronave não pressurizada deve usar oxigênio
continuamente quando em voo:
1. em altitudes acima de 10.000 pés e até 12.000 pés MSL (Mean Sea Level
– Nível Médio do Mar), por toda a parte do voo a essas altitudes que
tenham mais de 30 minutos de duração;
1. sempre que uma aeronave pressurizada for operada com uma altitude
pressão de cabine maior que 10.000 pés MSL, cada piloto deve atender
as mesmas exigências descritas acima;
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UNIDADE IV │RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE
Espera-se, idealmente, que uma cabine de aeronave tenha uma pressão definida para
1atm (760mmHg), mas são previsíveis consequências tais como: aumento de peso da
cabine, equipamentos de pressurização, fontes de energia e riscos de grandes diferenciais
de pressão na parede da cabine. Uma pressão de cabine entre 6.000 e 8.000 pés de
altitude (1.829 m – 2.438m) permite que os ocupantes respirem com conforto e com
risco mínimo de descompressão explosiva devido a falha estrutural. A pressurização é
possível graças à captação de ar externo. O funcionamento dos compressores ocorre por
acionamento de motores que entregam a pressão na cabine, e esta pressão é mantida
pelo controle do fluxo da aeronave (MARTIN, 2003).
Martin (2003) diz que um nível de ruído significativo em segundo plano torna o
estetoscópio inútil e outros meios são necessários para monitorar pacientes. O ruído
também produz outros desafios para a equipe temática: comunicação com um paciente
acordado se torna difícil, alarmes audíveis podem não ser ouvidos, alterações no tom do
oxímetro de pulso não serão aparentes, funcionamento normal do ventilador mecânico
pode não ser ouvido, bem como seus alarmes sonoros.
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RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE│ UNIDADE IV
Em voos longos, o desgaste físico e emocional será mais evidente. Entre outros fatores,
as vibrações e o ruído das aeronaves contribuem para a fadiga.
A maioria dos pilotos tem um estilo de vida sedentário que pode levar ao ganho de
peso, ao desenvolvimento de resistência à insulina, hiperlipidemia, hipertensão e,
eventualmente, diabetes e complicações cardiovasculares, incluindo doenças cardíacas
e doença cerebrovascular.
Apesar da rotina aérea ser uma atividade física leve, a aptidão física é uma questão de
prontidão para a tripulação militar.
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UNIDADE IV │RADIAÇÃO DECORRENTES DO AUMENTO DE ALTITUDE
Cada indivíduo se comporta de uma maneira diferente frente aos problemas que
geram alguma limitação, temporária ou permanente, na vida pessoal e/ou no
ambiente de trabalho.
A segurança de voo e o desempenho são mais propensos a serem afetados por doenças
agudas, como dores cervicais, lombares ou outras doenças osteomusculares, infecções
do trato respiratório e gastroenterite.
O barotrauma da orelha e dos seios da face podem ser resultado de voar com a mucosa
respiratória inflamada, e a tolerância a +Gz (aceleração vertical positiva) é reduzida
devido a desidratação, enquanto a função cognitiva pode ser prejudicada como resultado
de uma gastroenterite. Certas doenças subagudas ou crônicas recorrentes, tais como
enxaqueca, são um desafio para o diagnóstico e o tratamento.
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Para (não) Finalizar
É fato o grande crescimento do transporte aéreo no Brasil nas últimas décadas, o que
mostra a importância desse setor para a economia, tanto no transporte de passageiros
quanto no transporte de mercadorias.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
O maior impulso foi com o desenvolvimento e difusão dos jatos nos anos 70. No Brasil,
pode-se verificar que as melhorias nos equipamentos possibilitaram também um
aumento de 30% na velocidade média dos equipamentos, na década de noventa.
A frota brasileira da aviação civil, por exemplo, mudou em menos de vinte anos. Se no
início da década de oitenta, a frota era de turboélice, em 1986, contava ainda com 10%
dela, e nos anos noventa ela é toda composta por jatos, conforme dados do Anuário
Estatístico do DAC.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
Isso possibilita também a redução do custo da passagem por passageiro, tanto nas
rotas nacionais quanto nas internacionais. As aeronaves McDougall, o modelo MD-11
chegavam a transportar 300 passageiros, e, com o equipamento da Boeing, o modelo B
747-400, são 400 passageiros em média.
Essas formas revelam a organização do trabalho tal como está estruturado nos espaços
de trabalho e afetam a qualidade de vida e, por conseguinte, a saúde do trabalhador.
O corpo do(a) trabalhador(a) pode revelar essas práticas por meio dos danos e dos
riscos nessas condições dos locais e espaços de trabalho.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
Nesse sentido, compreende-se que a saúde pode ser verificada pela inscrição da ordem
social no corpo dos indivíduos. Isto é, a saúde pode ser analisada pela experiência de
trabalho, e, por conseguinte, pelas perdas e pelas doenças que são produzidas pelos
organismos no espaço de trabalho.
A saúde revela as práticas no trabalho ou, mesmo, uma ação do poder das instituições
na gestão dos espaços de trabalho.
As políticas de saúde, desse modo, podem ser analisadas pelas ações e práticas, tanto
das instituições públicas responsáveis pela atenção, cuidado e preservação da saúde,
como das empresas em relação a seus trabalhadores, e das instituições privadas de
saúde. Nesse entendimento, estiveram em foco desde os aspectos físicos ambientais até
organizacionais, passando pelas condições pelas quais essas condições são vividas por
essa categoria de trabalhadores em seus cotidianos de vida e trabalho.
Estamos vivendo numa época em que a tecnologia ganha maior espaço a cada dia;
inovações surgem a todo instante e devemos nos atualizar instantaneamente. Porém,
essas atualizações repentinas trazem uma desorganização no espaço de trabalho
atingindo diretamente o trabalhador no seu cotidiano.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
As razões para explicar o elevado número de ocorrências dos acidentes são as mais
diversas, envolvendo falhas nos projetos dos sistemas de trabalho, dos equipamentos,
das ferramentas, deficiência nos processos de manutenção dos diversos elementos
componentes do trabalho.
A consideração de fatores humanos nos acidentes de trabalho não é um fato novo. Antes
de tudo, o trabalho é próprio do homem, um ser capaz de agir confrontando a natureza.
No curso desta ação, ocorrem vicissitudes e intercorrências, cujas interpretações
possíveis dependem de uma visão de mundo.
Neste fascículo, pode-se ter uma base das dificuldades e alternativas realizadas por
cada profissional para sanar tais dificuldades relatadas.
O estudo sobre fatores de risco é importante para uma maior prevenção de futuros
acometimentos à saúde dos trabalhadores.
Trata-se de uma profissão na qual seus profissionais relatam ser solitários sendo este
um agravante para a pré-disposição a apresentar interferências na sua saúde. A troca
de informações com profissionais da mesma área é uma alternativa para que assim,
juntos, possam buscar alternativas cabíveis a sua ocupação.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
Esperamos que essa breve descrição sobre Fisiologia do Voo tenha contribuído para
aumentar a curiosidade sobre o assunto, pois aproveitamos para pontuar algumas
questões relacionadas à operacionalidade da assistência em saúde na atividade aérea.
Desejamos a todos uma ótima continuidade nos estudos sobre o assunto. Será
trabalhoso, porém, extremamente gratificante ver o reconhecimento de um trabalho
executado com qualidade.
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Referências
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<http://www.anac.gov.br/assuntos/setor-regulado/profissionais-da-aviacao-civil/
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