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Universidade Federal de Minas Gerais - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas

Departamento de História
História da Educação
Prof. Cynthia Greive Veiga
Aluno: Pedro Henrique Pereira Aguiar (2022062145)

Síntese temática do seminário 1: Movimentos Sociais e Educação

Pelas apresentações dos grupos conseguimos ter um panorama geral do que, e o


quão importante foram os Movimentos Sociais no Brasil e a participação da Educação neles.
Podemos notar que tiveram vários (Movimento negro, operário, feminista, do campo e
estudantil), aqui vou abordar pontos de cada movimento com base nos seminários de cada
grupo.
Texto corrido sobre os movimentos.
Ao falar dos Movimentos ao todo, é importante se atentar a um viés revolucionário
neste âmbito, como os movimentos estudantis que são compostos por estudantes do ensino
médio e superior e que tem vontade de mudanças em vários aspectos da nossa sociedade, e
tiveram um papel importante em várias lutas na história do país. No brasil o que pode ser visto
como um movimento estudantil se iniciou no século XVIII, com jovens brasileiros tendo contato
com as ideias iluministas na Universidade de Coimbra (Portugal). O princípio revolucionário
no Brasil pode se dizer que teve seu início durante a Inconfidência Mineira, com os
movimentos separatistas. Esses movimentos não poderiam ser chamados de Movimentos
Estudantis:
“No período anterior à consolidação da UNE, a participação dos estudantes na vida
nacional não pode ser caracterizada como um movimento propriamente dito. Os jovens que
tiveram acesso à educação, condição rara no Brasil, individualmente, inseriram-se nos debates
políticos vigentes, defendendo, na maioria das vezes, uma posição de vanguarda, devido ao
contato com as novas ideias transmitidas através dos centros de ensino – o que gerou a
“identidade histórica” rebelde da juventude” (Mendes Jr., 1981; Poerner, 2004).

A UNE (União Nacional dos Estudantes) foi fundada no dia 11 de agosto de 1937,
desde sua fundação a UNE se organizou em congressos e buscar articulações com demais
forças progressivas da sociedade. O movimento teve grande papel na segunda Guerra
Mundial (1939-1945), em lutar contra o nazi-fascismo em território nacional. Em 1942 Getúlio
Vargas concederia o prédio do Clube Germânia para ser a sede da UNE, e também seria
determinado o decreto-lei n. 4080, que oficializou a UNE como a entidade representativa de
todos os universitários brasileiros.
Ao decorrer dos anos a UNE se consolidou uma forte participação e posicionamento
sobre os assuntos que tinham na sociedade, fortalecendo o movimento. Na Ditadura Militar
1964-1985 UNE foi severamente caçada, o movimento se tornou ilegal e os estudantes
passaram a atuar na “ilegalidade”, resistindo contra a ditadura e fazendo grande oposição ao
regime. Mais tarde a UNE foi oposição do governo Collor, os escândalos de corrupção do
governo geraram, o movimento “caras pintadas” que teve grande apoio dos estudantes pelo
Brasil. Atualmente a UNE continua mostrando interesses nas pautas da sociedade e lutando
cada vez mais e os estudantes continuam reivindicando seus direitos como aconteceu em
2015 quando o governo de Geraldo Alckmin (São Paulo) a fim de reorganizar a rede de
escolas, fechando 94 unidades e remanejando alunos de outras 754, gerando uma grande
bagunça na rede pública de ensino revoltando os estudantes.
Como dito acima os movimentos tiveram um viés revolucionário, e no Movimento
Operário não foi diferente. A origem do sindicalismo revolucionário, que teve influências
diretas pelo anarquismo. Se originou na França em meados do século XIX, mas se espalhou
rapidamente pelo mundo ganhando força em conjunto com o socialismo, cujo objetivo era
combater a exploração capitalista. A educação do trabalhador pretendida pelos militantes do
sindicalismo revolucionário, e sua influência no Movimento Operário do Rio de Janeiro cujo
anarquismo teve grande papel no começo foram fundamentais para os operários criar noção
dos seus direitos e conseguir questionar eles.
O sindicalismo revolucionário é apresentado como um sistema direcionado para a
emancipação dos trabalhadores, os trabalhadores insatisfeitos com a educação oferecida pelo
Governo, criaram escolas de educação popular no Rio de Janeiro que ofereciam um ensino
de qualidade, libertador e emancipatório.
Ressalto que o movimento em si foi visto como uma afronta pelas elites brasileiras, os
operários criaram forças com ajuda da população, ao longo do século XX tiveram várias
revoltas e greves como a dos sapateiros em 1906. Os jornais operários foram essenciais para
a divulgação do movimento na época.
O movimento feminismo obteve uma luta organizada só na segunda metade do século
XIX e nas primeiras décadas do século XX, antes disso, desde da Revolução Francesa, as
mulheres cada vez mais estavam reivindicando os seus direitos dentro da sociedade, um dos
primeiros objetivos destas mulheres era o direito ao voto. Em 1910 ocorreu a fundação do
Partido republicano Feminino, sendo revolucionário, pois mulheres não podiam votar e nem
se candidatar, elas ocuparam um local que era inacessível até então. Infelizmente o partido,
em 1910 no mesmo ano de sua fundação desaparece, mas no mesmo período ocorre a maior
expressão do feminismo da época; a Federação Brasileira para o Progresso Feminino.
A FBPF (Federação Brasileira para o Progresso Feminino), é fundada 1922 se
espalhando por todo país, o direito de voto para mulheres foi concedido só 10 anos depois do
seu fundamento. Depois de alguns anos o movimento perde força em decorrência do golpe
de 1937.
Mulheres só tiveram acesso à educação em meado de 1827 - logico fazendo um
recorte. Que mulheres? Negras? Pobres? - A sociedade enxergava desnecessária qualquer
instrução para mulheres que não fosse para cuidados do lar. A ideia de mulher sempre foi
associada à maternidade e a um papel baseado em estereótipos, isso ocorre nas professoras
em salas de aulas que são consideradas “tias”, uma segunda mãe dos alunos, mesmo
exercendo um trabalho de ensino elas ainda são vistas com uma imagem de maternidade.
Sobretudo, o movimento negro tem início depois da abolição da escravatura no brasil
(1888), os ex-escravizados que foram jogados as margens da sociedade, sem direitos, ensino,
trabalho e moradia, buscaram superar essas problemáticas, criando movimentos de
mobilização racial negra no Brasil.
Na década de 1930, com os movimentos negros com mais voz, foi criado em São
Paulo a Frente Negra Brasileira (FNB), em 1936 se tornando um partido político ao fim de
buscar visibilidade para pessoas negras. Em 1937, a FNB e diversas outras organizações
políticas, foram extintas. Ao fim da ditadura, e ao decorrer dos anos foram criados várias
organizações e movimentos negros, como; a União dos Homens de Cor (UHC), O Teatro
Experimental do Negro (TEN), o Movimento Negro Unificado (MNU), todos tiveram impacto
na sociedade e no movimento negro.
A história do povo negro e afrodescendentes foram apagadas e silenciadas ao longo
da história do país, com isso a lei 10.639, é uma lei do Brasil que estabelece a obrigatoriedade
do ensino de "história e cultura afro-brasileira" dentro das disciplinas que já fazem parte das
grades curriculares dos ensinos fundamental e médio. Também estabelece o dia 20 de
novembro como o Dia da Consciência Negra no calendário escolar. Lei que não ouve sucesso
em sua implantação em escolas de redes públicas.
A educação do campo, se origina em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores
Sem Terra (MST), a educação também era uma pauta viva no movimento e foi primeiramente
documentada durante o Primeiro ENERA (Encontro Nacional das Educadoras e Educadores
na Reforma Agrária). Os moradores do campo tinham o objetivo uma educação volta para a
realidade dos moradores das regiões rurais. Sempre com uma perspectiva das lutas dos
movimentos sociais das comunidades rurais. Os trabalhadores se organizam e exigem do
estado seu direito de ter uma educação de qualidade.
O termo educação no campo, nasce em 1997 no setor de educação do MST, no 1º
Encontro Nacional de Educadores e Educadoras nas Áreas de Reforma Agrária. Sendo um
dos principais pilares da luta de todos povos do campo, sem uma Educação do Campo de
qualidade, sem uma escola qualificada, é impossível a vida no campo, pois se as futuras
gerações não obtiverem uma educação de qualidade, a tendência é abandonarem o território
rural.
Outros movimentos como a CNECs (1998,2004) = Campanha Nacional das escolas
nas comunidades, fundada pelo professor Felipe Tiago Gomes em 1943, em Recife (PE), para
atender crianças e jovens que não foram amparadas pelo poder público e não tinham
condições de financiar um estudo privado. E o FONECs (2012, 2018) = Fóruns que se
organizaram, na busca de demonstrar resistência a uma tentativa de desmonte e
desvalorização das conquistas alcançadas na virada do milênio. Que tinha como lutar pela
educação dos povos do campo foram bastantes importantes.
Esses não são os únicos movimentos sociais no Brasil, porém são os que mais tiveram
importância e apagamento na sociedade (outro movimento que teve um grande papel de luta
no Brasil e no mundo, é o LGBTQIAP+ igualmente foi importante), lutas que não são recentes
e que vão durar por anos em busca de uma sociedade mais equalitária, livre de preconceitos
e que todos cidadãos possam usufruir dos mesmos direitos, não sendo diminuído e vítimas
de preconceito por cor de pele, gênero, sexualidade e classe. Buscamos um mundo melhor,
e a educação é a chave para esta porta que está fechada desde a colonização do território
brasileiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PINTO, Céli Regina Jardim. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo.Editora
Fundação Perseu Abramo, 2003

REVISTA MOVIMENTO, Especial 80 anos, São Paulo, 2017. História, UNIÃO -


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