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Resenha do Capítulo 1 A Política no Antigo Oriente Próximo, do livro Tópicos de

História Antiga Oriental editora Intersaberes, data de publicação 2013

Maria Thereza David João, tem como objetivo clarear aspectos relativos à história
política das sociedades antigas. Para desfazer possíveis enganos e esclarecer de
forma mais adequada o funcionamento da história desses povos.
Separo está resenha em tópicos começando com um resumo de cada parte do
capitulo a seguir a crítica geral.
Resumo:
1. O conceito de burocracia nas sociedades antigas
Na primeira parte a autora aborda aspectos do conceito de burocracia nas
sociedades antigas, se podemos ou não falar da existência deste conceito na política
antiga. Maria Thereza, define a burocracia como a existência de funcionários
hierarquicamente organizados que servem ao estado, essa definição sendo para o
estado moderno.
A autora deixa a seguinte indagação para desenvolver no texto, “[...] podemos,
então, atribuir esse mesmo significado de burocracia às sociedades próximo-
orientais?”
Em seguida trabalha com pensamentos de três autores, o primeiro sendo o
Historiador Fábio Faversani (2004), que generaliza as sociedades antigas, em seu
estudo ele afirma que tais sociedades em vez de relações racional e públicas, a
relação dominante era a de patronato. Em outras palavras, não havia democracia, já
que, o estado era regulado por relações pessoais, baseados na obediência a um
senhor. Maria Thereza afirma, que, quando se analisa sociedades do passado o
melhor a se fazer, não é rejeitar a ideia de burocracia, e sim entender como o estado
funcionava naquela época, e se tem semelhanças com o estado moderno.
Maria também usa o conceito de Burocracia patrimonial, formulado pelo
sociólogo Max Weber com fins para desvendar os fenômenos burocráticos na
antiguidade. Ela usa o conceito para entender as diferenças do Estado moderno e
antigo. A burocracia moderna tem princípios em racionalidade, que pode ser entendia
como o exercício de tarefas objetivas pelos funcionários, que tem regras predefinidas,
possíveis de aprender racionalmente. Isso se opõe a administração pautada na
obediência ao senhor, marcada pelo seu livre-arbítrio, comum em sociedades no
antigo-Egito.
J. David Schloem (2001), que é o terceiro autor abordado no capitulo, trabalha
com o fundamento Patrimonial Household Model (PHM), o autor afirma que, valia nas
sociedades antigas eram os laços pessoais do patronato e sua dependência deles, e
não de uma democracia dita impessoal.
Ao fim do capitulo Maria Thereza sinaliza que é preciso ponderar essa
afirmação pois mesmo que as sociedades próximo-orientais eram realmente
dependentes de relações com a do patronato, isso não exclui a existência de um
Estado burocrático.

1.2. A monarquia faraônica


A autora vai desenvolver nesta parte a monarquia faraônica e a ideia de figura
divina que era como os faraós eram vistos na época.
O faraó era visto como uma figura divina, o representante dos deuses, e o
encarregado de manter a maat no mundo visível. Além disso, ele era o detentor do
poder máximo. Ele poderia ao mesmo tempo ser chefe do exército, chefe do executivo
e sumo sacerdote de todos os deuses.
O maat citado acima era um princípio que regia todo o mundo egípcio, o termo
pode ser traduzido como “verdade”, “justiça” e “ordem”, mas comporta uma série de
princípios éticos, religiosos e filosóficos tornando-se assim complexo e sem paralelos
no mundo contemporâneo, dificultando achar um significado claro para a palavra. A
maat é o oposto de isfet, quer seria caos. Essa dualidade regia o mundo egípcio. Pela
mitologia antiga, maat tinha que ser regulamente assegurada, era uma rede de forças
que segurava o mundo, a continuidade ordenada do mundo, entendido como a
manutenção dos ciclos diários da natureza, a exemplos dos movimentos sazonais.
Os faraós, não eram apenas um representante humano dos deuses e sim,
considerado uma divindade encarnada, o que ajuda a manter o status quo, e a
obediência a sua pessoa.
A autora novamente trabalha com uma indagação para elaborar a segunda
parte do capítulo, “[...] será que os egípcios não se davam contam da natureza
humana do seu governante? Afinal, o faraó era, antes de tudo, um homem, sujeito às
necessidades de qualquer ser humano [...] diferentemente dos deuses.”
Nem mesmo a egiptologia procurou questionar esses aspectos da monarquia
faraônica, focando somente na figura divina do soberano, como se ela fosse aceita, e
na obediência, que cegamente seria devotada a ele. Analise feita, nas interpretações
históricas que privilegiavam os grandes feitos e os grandes homens, em detrimento
da “história vista de baixo”. Os documentos feito pela elite faraônica passavam, a
mensagem do engrandecimento da instituição monárquica e a legitimação das
hierarquias existentes.
Maria Thereza, busca os estudos de alguns egiptólogos, como o George
Poserner foi o primeiro egiptólogo a aprofundar nos estudos da natureza humana e
na monarquia faraônica, cujo tinha um aspecto dual: humano e divino. David O’Connor
e David Silvermann, egiptólogos ingleses, resumem esse aspecto dual de uma forma
bem interessante
“a monarquia é uma instituição divina, de certo modo, ela
mesma um deus, ou pelo menos a imagem do divino é capaz de se
transformar em sua manifestação: cada incumbido, cada faraó é
fundamentalmente um ser humano, sujeito às limitações humanas.
Quando o rei tomava parte dos papeis de seu oficio, especialmente
em rituais e cerimonias, o seu ser enchia-se da mesma divindade
manifesta em seu oficio e nos próprios deuses.” (O’Connor;
Silvermann, 1995, p. XXV)

Ao longo da segunda parte do capitulo a autora vai trabalhando com outros


egiptólogos, como Jan Assmann, por exemplo, afirma que a administração egípcia era
polarizada em duas esferas, de um lado o faraó que mandava e do outro os súditos.
Christopher Eyre, tem outra interpretação, o qual postula a existências de esferas
intermediarias do poder, e não uma centralização absoluta por parte do Estado
faraônico. Esses são só alguns teóricos nos estudos egiptólogos e não são nem de
longe os únicos.

1.3 A história política da Mesopotâmia


Nessa terceira e última parte, a autora pincela alguns tópicos da Mesopotâmia, uma
análise superficial comparada com a Egípcia.
A história política da Mesopotâmia é diferente da do Egito antigo, caraterizada
por cidades-estados independentes, devemos nos atentar ao tipo, que seria diferente
das cidades-estados Gregas.
As fundações das primeiras cidades-estados acontecem no primeiro período
mesopotâmico, que é chamado de Período Sumério Antigo, estas cidades tinham no
centro um templo que futuramente na história seria substituído por um palácio. O
templo constituía um dos dois níveis existentes na sociedade, o outro era a
comunidade formada por alguns cidadãos livres.
Havia um soberano divinizado em cada cidade, cujo acreditava ser o dono e
possuidor de todas a terras. Para os mesopotâmicos, a realeza era vista como uma
forma natural de governo, no documento Lista Real Suméria, tem uma passagem no
qual diz que “a realeza desceu do céu” confirmando essa forma natural de governo.
Para a fase da Mesopotâmia que corresponde ao terceiro milênio a.c., Ciro
Flamarion Cardoso, historiador brasileiro, verifica duas tendencias de evolução
“1) [...] com o surgimento do palácio como instituição
independente que acabou por superar os templos no seu grau de
controle sobre recursos e pessoas; 2) a alternância de fases de
afirmação da independência política das cidades-estados com outras
que se deram tentativas, cada vez mais consistentes, de formação de
unidades políticas mais amplas. (Cardoso. 1994, p 65)”

Ao decorrer da história Mesopotâmia Antiga, ela foi uma civilização composta por
diversos povos, várias conquistas e períodos até que chega ao seu fim com as
invasões de Ciro, o Grande, da Pérsia, em 539 a.C. e, por fim, de Alexandre Magno,
em 311 a.C.
Critica geral:
O capitulo resenhado de Maria Thereza David João, cumpre seu objetivo de clarear a
história política das sociedades antigas (Egito e Mesopotâmia), focando mais no Egito
antigo. O capitulo não busca demonstrar estudos aprofundados sobre o tema e sim
pavimentar para um estudo posterior do leitor, a autora trabalha com especialistas
renomados na pesquisa e com especialistas de outras áreas a fim de desvendar a
burocracia das sociedades antigas, como Max Weber tratado na parte 1. O conceito
de burocracia nas sociedades antigas, que foi bastante pertinente o uso da autora
em cima de sua obra e do conceito Burocracia patrimonial, para entender o sistema
burocrático nos povos egípcios e não cair em anacronismo ao analisar a dita
burocracia antiga com a contemporânea. Contudo na segunda parte Maria, dá uma
explana maior na história do Egito

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