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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
HISTÓRIA DAS SOCIEDADES DA ANTIGUIDADE ORIENTAL
PROFESSOR: UIRAN GEBARA

GRUPO:

HELENA GOMES DA SILVA


JOÃO VICTOR CRUZ CUNHA
PAULO MATHEUS BEZERRA VIANA DE AZEVEDO
PEDRO IVO BASÍLIO BANDEIRA DA SILVA
WALTER LOPES BEZERRA DA SILVA

ESTUDOS DE EGIPTOLOGIA - I SEMANA DE EGIPTOLOGIA DO MUSEU


NACIONAL - UFRJ

Maria Thereza David João


FICHAMENTO

Recife
2019
IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS DOS TEMPLOS EGÍPCIOS E A
CONSTITUIÇÃO DE PODERES LOCAIS: UM ESTUDO SOBRE O REINO
ANTIGO - FICHAMENTO

Tema: O texto de Maria Tereza discorre sobre as relações existentes entre os líderes e
governantes, e a população egípcia, afirmando que esta relação não pode ser vista
apenas como uma relação faraó-povo, pois passa por diversas etapas e pessoas de
grandes títulos políticos. O texto fala também como se deu a descentralização do poder
no reino antigo, em virtude da distribuição de títulos, formando nomos autônomos.

Problema ou Questão: A autora do artigo, Maria Thereza David João, expõe em seu
trabalho a problemática que abrange grande parte dos estudos históricos acerca do Egito
Antigo, comumente classificando essa sociedade antiga num modelo essencialmente
centralizado, onde o Faraó era o governador absoluto e interferia diretamente na vida de
seu povo. João, em seu artigo irá explorar outros aspectos da sociedade egípcia antiga e
expor, com o auxílio das obras de outros egiptólogos proeminentes, os aspectos
intermediários que existiam entre o Faraó e o povo e desmistificar a visão vertical entre
faraó-população.

Argumentação: Maria Thereza, para dar base a sua argumentação, inicialmente destaca
a importância de um Estado sólido para construções e mudanças - de grande maioria
política - significativas para o egito. Ao idealizar a figura do faraó, afirma-se que esse
indivíduo funcionava como uma coesão social , de acordo com a religião egípcia e o
contato que o faraó teria com essas divindades - maat e isfet - e, ressalta a importante do
faraó de manter a harmonia e a justiça.
A partir daí, questiona-se o tamanho do desempenho estatal. A autora afirma que
o que a organização faraônica não alcançava a todos. Utilizando-se de Juan Carlos
Moreno García, frisa que “o Estado só se ocupava das atividades produtivas ou
daquelas manifestações culturais que serviam aos interesses da Coroa” e que outras
áreas de interesses ficariam a mercê da atitude dos habitantes.
Mais adiante, ela compreende que a organização do Estado não poderia ser
diminuída a faraó-população. Afirma-se também que existia intermediários entre essas
duas figuras, que serviram como complementares contribuindo para a tomadas de
decisões que fossem atingir a todos os habitantes do egito. Aqui, Maria Thereza
desenvolve toda sua ideia central, ao afirmar que o poder não era centralizado em uma
única figura considerando a existência de outras esferas administrativas. Logo, a autora
critica egiptólogos e autores que pensaram o total diferente de dela como Jan Assmann
e Christopher Eyre.
Inicia-se aí argumentação da autora, começando por estabelecer uma linha
cronológica das dinastias do Egito, desde o Reino antigo (2686-2610 a.C.) até o
concluindo ao falar do 1º período intermediário e, a partir daí, argumenta que o faraó
necessitou de outros agentes políticos para uma maior unificação dos habitantes do nilo
Destaca também acontecimentos que marcaram a descentralização ao longo história das
dinastias egípcias.
No Reino Antigo, João explica que estrutura política aparece de forma tripartite -
resumia-se na atuação de departamentos e funcionários dirigidos pelo vizir - segundo
homem mais importante do egito -. Além dessa estrutura existia uma outra mais
informal, formada por cortesãos próximos ao rei e pelos chefes de aldeia; embora estes
não fizessem parte da burocracia do Estado, eram importantes para o cumprimento local
das ordens advindas do palácio. Então a autora mostra que o interesse dela não é na
administração palatina e sim como era organizada a administração das províncias
egípcias.
A autora nos diz que no período que antecede a Dinastia VI pouco se sabe sobre a
organização política das províncias, a maioria não tem informações sobre como se dava
a política, cabendo a Marcelo Campagno deduzir que ou eram administradas por
parentesco ou patronato.
Já na VI dinastia, houve um importante progresso. A autora afirma ter existido
reformas administrativas onde emerge-se o que chama-se de governos provinciais -
serviam, inicialmente, como auxiliares do faraó na coleta de impostos e funções
administrativas em lugares distantes do faraó - e a partir daí, a autora ratifica a
importância desses governantes e como passaram a ter mais prestígio social, um ponto
importante a ser destacado é que o faraó ainda detinha de controle sobre esses
governantes. Já no período intermediário defende-se que houve uma descentralização
sem controle do faraó, já que nesse período houveram inúmeras crises sócio-políticas,
uma vez que a influência desses governantes se tornou algo maior e incontrolável para o
chefe de político. É importante ressaltar também que a autora utiliza-se de
autobiografias de funcionários das províncias (p. 105) para formar sua tese ao longo do
texto.
Ao decorrer do texto a autora utiliza-se de conceitos importantes para a
compreensão do texto, por exemplo:
● Egiptologia: é o estudo da cultura egípcia. É uma área da arqueologia e da
história antiga. Ainda que comumente associada ao período faraônico, a
Egiptologia também se estende para as origens pré-dinásticas até períodos mais
recentes da história do Egito.
● Nécropole: é o conjunto de sepultamentos, também denominado cemitério.
Normalmente a palavra necrópole está associada a "campos santos" (locais de
enterramentos) anexos a centros de grandes civilizações.
● Nomarcas: eram funcionários da administração egípcia antiga, responsáveis
pelos nomos.
● Período Tinita: época Tinita, também chamada de Período Dinástico Precoce e
Período Arcaico, é a era imediatamente posterior à unificação do Alto e do
Baixo Egito c. 3 100 a.C.
● Titulaturas: Conjunto de nomes que os povos do Antigo Egito usavam para
denominar o rei.

Maria Thereza utiliza-se de alguns autores como para dar base a suas opiniões,
tais como:
Juan Carlos Moreno García, que acredita que o Estado egípcio só se interessava em
atividades produtivas e cerimônias importantes (p. 103), para dar base a sua opinião na
qual consiste em provar que o Estado não estava presente em todos os aspectos da
política do Reino Egípcio. Além disso, Moreno García também é apontado no texto pela
autora (p. 105) quando ela destaca que o governo egípcio cooptava os filhos de
importantes famílias locais para serem levados para a Mênfis para então serem
designados funcionários integrados da administração do governo. Ela ainda utiliza o
autor para demonstrar uma das características da decaída do poder centralizante que foi
a hereditariedade do poder dos nomarcas, que levou-se a ter mobilidade social e
alterações nas relações de poder (p. 107).
Maria Thereza ainda apresenta ideias não só do egiptólogo Jan Assmann (p. 103),
na qual critica seu estudo que diz que as relações políticas do Egito eram baseadas em
relações binômicas (faraó-população), mas também do autor Christopher Eyre(p. 104)
na qual ela também critica a ideia dele de que o Egito funcionava da mesma forma que
as burocracias atuais.
Ela aponta a ideia, e integra ela a seu texto, de Marcelo Campagno (p.104) que
acreditava que a estrutura administrativa dos nomos quando eram precárias, poderiam
seguir duas lógicas: a do parentesco e a do patronato.
Valérie Sèlve (p. 106) é usada para mostrar que cada nomarca correspondia a seu
título, logo, para fazer alguns ritos específicos aquele monarca deveria ter o título em
específico.
Jorgen Podemann Sorensen (p. 108) é também destacado pela autora, assim como
sua ideia de que as elites nomarcais conseguiam a imortalidade, que antes era uma
privilégio real, por 3 vias: a) oficiando em um ritual no templo; b) imitando papéis
míticos ou por identificação a um deus; c) por conhecimento religioso.
William Kelly Simpson é mencionado pela autora (p. 109) para realçar a ideia de
um nomarca benevolente, com o poder central desestabilizado, o nomarca ganhou
prestígio social e com isso ganhou uma identidade social para a população a qual ser
relacionava, e com isso as relações de patronato foram crescendo.

Conclusão: A autora, a partir da sua argumentação, consegue responder seus


questionamentos sobre as estruturas administrativas do Egito Antigo. Ela conclui que,
além do Faraó, as elites nomarcas tiveram grande importância no funcionamento
administrativo egípcio; os governos provinciais, muitas vezes, substituíram o faraó em
algumas atividades a qual davam a esses governos maior prestígio social,
desmistificando a ideia de um governo extremamente centralizado na figura faraônica.
Em sua síntese final, Maria Thereza também destaca a grande importância do
templo na economia egípcia, ressaltando a participação do nomarca nessa instância,
bem como na administração de terras, trabalhadores e recursos, dando a essas elites um
poder consolidado entre o Reino Antigo e uma maior afirmação no primeiro período
intermediário.

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