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LABORATÓRIO DE SOLDAGEM

TESTE DE PARTÍCULAS MAGNÉTICAS

TESTE DE PARTÍCULAS MAGNÉTICAS

Neste material será abordada a teoria necessária para a compreensão teórica e


prática da correta aplicação do ensaio não destrutivo de partículas magnéticas. O
ensaio pode ser executado tanto antes quanto após o processo de soldagem, para
identificar continuidades nas peças e nas uniões soldadas. De acordo com a Highway
Materials Engineering Course (HMEC), canhões eram magnetizados durante a Primeira
Guerra Mundial (1914 até 1918), a fim de detectar rachaduras ao longo de seu
comprimento por meio do emprego de bússolas.

Através de um campo magnético, aliado à aplicação de pó óxido, que também


pode ser líquido, caso haja uma fissura na peça ou artefato investigado, haverá um
acúmulo na sua superfície, revelando a existência de uma trinca. Na Figura 1 é
apresentado o esquema de como o campo magnético revela a descontinuidade.

Figura 1 - União soldada contendo uma trinca superficial com campo de fuga. Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

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No dia a dia, o ensaio é mais utilizado para a definição de fissuras, ou mesmo


descontinuidades, nas zonas termicamente afetadas (ZTAs) de soldas em materiais
ferromagnéticos (ferro, níquel, cobalto e as ligas constituídas por esses metais). Para
metais não ferrosos, como cobre, latão, zinco e alumínio, esse ensaio não é aplicável
(GEARY, 2013). Uma boa solda, entre o material-base e o material de adição, requer a
fusão do metal em ambos os lados da junta. Por consequência, o cordão formado deve
ser uma união entre esses dois materiais, e a escória deve proporcionar o tempo
adequado de resfriamento para a poça de fusão, reduzindo a possibilidade de
contaminação do metal de solda (NORTON, 2013). Na Figura 2 é demonstrada uma
trinca em uma junta soldada.

Figura 2 - Trinca em uma junta soldada. Fonte: Norton (2013).

O código ASME para caldeiras e vasos de pressão, seção V, artigo 7, reconhece


alguns métodos diferentes de magnetização, entre os quais será encontrado o yoke,
que será realizado nesta prática. Os demais métodos incluem a magnetização
longitudinal, a magnetização circular e a magnetização multidirecional (ANDREUCCI,
2018).

A HMEC, entre outras referências, indica que o método yoke é um bom ensaio
para a detecção de trincas superficiais, tanto na solda-base quanto na adjacente,
subsuperficiais, fusão incompleta e penetração inadequada. Conforme a Figura 3, é
possível verificar um técnico de campo realizando o ensaio em uma união soldada.

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Figura 3 - Aplicação do ensaio de partículas magnéticas em uma junta soldada.

As descontinuidades são reveladas por meio de pó de ferro (óxido de ferro),


com propriedades de ser visível (seco) ou fluorescente, em pó seco ou diluído em
soluções (úmido fluorescente ou úmido visível). O método seco é mais utilizado para
peças pesadas, enquanto o método úmido é mais empregado em componentes
críticos. Os pós secos estão disponíveis nas mais variadas tonalidades de cores para
facilitar a visualização. Já no método úmido, as partículas empregadas têm,
geralmente, características fluorescentes.

No ensaio de partículas magnéticas são utilizados basicamente três itens:

● Yoke eletromagnético.
● Óxido ferroso (opção a seco).
● Soprador manual ou automático.

O yoke é uma ferramenta utilizada no ensaio de partículas magnéticas, tendo


uma bobina elétrica que gera um campo magnético, passando pelo meio de suas
“pernas” articuláveis. Na Figura 4 estão identificadas as principais partes de um yoke.

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Figura 4 - Principais partes do yoke eletromagnético.

O comprimento das peças deve ser, ao menos, três vezes maior que sua largura
(comprimento = 3x > largura) (O QUE..., [20--?]). O código ASME para caldeiras e vasos
de pressão, seção V, artigo 7, proíbe a verificação do campo magnético produzido pelo
yoke, como requerido pela norma N-1598 da Petrobras, pois o campo magnético não é
proveniente da peça magnetizada, mas sim do campo magnético na superfície pelo
próprio aparelho, de modo que somente técnicas que injetam corrente elétrica na
peça são passíveis de medição de corrente (ANDREUCCI, 2018). Na Figura 5 é
demonstrado o caminho percorrido pelo campo magnético por meio da união soldada.

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Figura 5 - Direção do campo magnético gerado pelo yoke. Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

Como todo ensaio, o método apresenta vantagens e desvantagens em relação


a outros métodos, como o ensaio por ultrassom e o ensaio por radiografia. A HMEC
indica que o ensaio de partículas magnéticas não serve como substituto para os
ensaios por radiografia ou ultrassom, mas pode servir como precedente de ambos.

Há alguns cuidados a serem tomados durante a realização do procedimento:

1. Pressione as “pernas” flexíveis do yoke firmemente na superfície, a fim de


evitar arcos.
2. Mantenha a corrente fluindo até que o excesso de pó tenha sido retirado.
3. Sobreponha as áreas inspecionadas.
4. Reduza as forças do campo caso as partículas comecem a acumular
excessivamente em pontos da peça. E aumente a intensidade do campo se
não houver sinal magnético perceptível influenciando as partículas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREUCCI, R. Partículas magnéticas. São Paulo: Abendi, 2018. Disponível em:


http://www.abendi.org.br/abendi/Upload/file/biblioteca/apostila_pm_18.pdf. Acesso
em: 9 fev. 2022.

GEARY, D. Soldagem. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.

NORTON, R. L. Projeto de máquinas: uma abordagem integrada. 4. ed. Porto Alegre:


Bookman, 2013.

O QUE é ensaio por partícula magnética? Magnaflux, [20--?]. Disponível em:

https://magnaflux.com.br/ensaios-nao-destrutivos/o-que-e-ensaio-por-particula-
magnetica/#:~:text=Um%20m%C3%A9todo%20de%20Ensaio%20N%C3%A3o,o%20mat
erial%20pode%20ser%20magnetizado. Acesso em: 8 fev. 2022.

PETROBRAS. Norma N-1598. Revisão E. Ensaio não destrutivo: partículas magnéticas.


Rio de Janeiro: Petrobras, 2003.

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