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Resumo
Figuras da participação
Participantes - envolvem-se na prática de um facto ilícito mas o “se, quando e como”
não depende deles; têm domínio negativo
Temos os:
— Instigadores (parte final do artigo 26º do CP)
— Cumplicidade (art 27º do CP)
- Material
- Moral
Instigação
É punido como autor, por isso se encontra no artigo 26º CP
O instigador é aquele que determina outra pessoa à prática do facto = cria naquele que
executa o facto, uma vontade de o praticar, vontade essa que o autor material não teria se não
fosse convencido a tal
“quem, dolosamente, ...” o instigador tem que ter dolo; o autor também tem que ter
dolo, não pode ser negligente
O instigador não domina a vontade do autor, só coloca esse pensamento na cabeça do
autor material
Cumplicidade
Surge no art 27º do CP
Auxílio/apoio material - cumplicidade material
Auxílio/apoio moral - cumplicidade moral
O cúmplice tem que ter o conhecimento do apoio que está a dar, que este apoio pode
levar à prática de um crime
Existe uma obrigatoriedade na atenuação da pena (n. 2 do Art 27º CP)
Arts 72º e 73º do CP
O autor já está convencido a cumprir o crime, o cúmplice dá-lhe uma mera ajuda
Preterintenção
“Além da intenção”
Crime preterintencional, segundo Manuel Cavaleiro de Ferreira, pressupõe a intenção
de cometer um crime distinto do cometido, sendo o crime objeto da intenção menos grave
que o crime cometido (exemplo: A grávida está a impedir a passagem, B empurra-a só para
poder passar, A cai devido ao empurrão e acaba por sofrer um aborto).
Princípio da ofensividade
Quanto mais longe tiver os artigos mais difícil sabemos qual o bem jurídico
danificado/violado
Pa
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or
A maior parte dos crimes são unipessoais, ou seja, basta a presença de um agente para
serem consumados.
• Autor mediato
Aquele que pratica o facto por intermédio de outrem. Não domina a execução do facto,
mas exerce um domínio sobre a vontade daquele que realiza o facto (executor material).
ti
ti
• Coautoria
Aquele que conjuntamente com outro concorre para a execução de um crime. Tem de
haver um acordo de vontades.
- dependente: os contributos dos vários coautores não são de tal forma relacionados que
sem um o contributo de um os outros não possam consumar o crime.
- complementar: os contributos estão de tal forma relacionados que sem o contributo de
um dos coautores não é possível se consumar o ilícito.
Aqueles que se envolvem na prática de um facto ilícito, mas não têm o domínio positivo
desse facto ilícito. Não é deles que depende o “se”, “quando” e “como” da realização do
facto. Não têm, ao contrário dos autores, a possibilidade de fazer evoluir o facto para a
consumação – têm o domínio negativo.
Significa isto que como a culpa é um juízo pessoal, individual e intransmissível, cada
comparticipante é punido segundo o grau da sua culpa, independentemente da culpa do autor.
Ex: A com 15 anos de idade pede a B, com 20 que lhe empreste a arma de fogo para
com ela matar X. B empresa-lhe mesmo assim. Temos uma situação de comparticipação
criminosa no homicídio de X. B é assim um cúmplice material. O facto é típico e ilícito, mas
quanto à culpa A é menor de idade, logo não é um facto culposo. Mas, como em sede de
culpa, B (cúmplice) é maior de idade é imputável, vai ser punido como cúmplice do crime de
homicídio praticado em autoria material por A, pela pessoa de X.
Se a culpa é individual e intransmissível, já a ilicitude não é. É possível transmitir entre
participantes a ilicitude ou o grau da ilicitude (art. 28º CP).
Ex: Crime de recusa de médico – para que alguém esteja numa situação de necessidade
chama um médico e esse médico recusa auxílio, esse médico recorre em um crime. A é
casada com um médico. A está já deitada com o seu marido e toca o telemóvel dele com a D.
Luísa a chamar o médico pois estava-se a sentir mal e quem atende é a A, dizendo ao seu
marido que a chamada tinha sido engano. No dia a seguir D. Luísa morre. A como não é
médica não incorre no crime de recusa de médico, mas incorre nesse crime pois induz o
marido em erro relevante, bastando que um dos participantes tenha a qualidade de que
depende a ilicitude.
Direito à vida está presente no artigo 24º da CRP; no seu número 2 refere que “em caso
algum haverá pena de morte” — existe aqui presente o princípio da humanidade das penas
I. Generalidades
O bem jurídico é a vida humana. A partir daqui não falta quem defenda que o bem
jurídico protegido por este preceito é exatamente o mesmo que se encontra tutelado pela
incriminação do aborto. Conduz à discussão sobre se a vida intra-uterina é a mesma vida que
o crime de homicídio protege. Acentue que a distinção entre homicídio e aborto se não pode
fazer ao nível do bem jurídico, mas só deve fazer-se ao nível do objeto do facto: este seria, no
crime de homicídio a pessoa já nascida, no crime de aborto a pessoa ainda não nascida.
A precisão a que poderá então ser-se convidado é à de que o bem jurídico protegido
pelo homicídio não é simplesmente a vida humana, mas, mais rigorosamente, a vida de
pessoa já nascida (diversamente no caso do aborto).
1. O início da vida
O momento em que começa a vida para efeitos de delimitação do âmbito de proteção da
norma relativa ao homicídio. Duas teses: segundo uma delas a vida começaria, tal como para
o direito civil é prescrito pelo artigo 66º n.1 CC, com a completação do processo de
nascimento, tal como releva Maia Gonçalves, autor do código anotado de 1992; segundo a
outra tese a proteção dispensada pelo crime de homicídio iniciar-se-ia não com a conclusão,
mas pelo contrário, com o início do ato de nascimento.
Esta segunda tese é de sufragar. Em favor da primeira não é lícito esgrimir com
necessidades ou conveniências de unidade da ordem jurídica — por um lado, que um tal
unidade não é de nenhum modo posta em causa pela diversidade de determinações
conceituais e materiais operadas em diferentes domínios ou ramos de uma mesma ordem
jurídica; e por funcionalidade e uma racionalidade próprias, que conduziram justamente
àquilo que Bruns (doutrina alemã) chamou de “libertação do direito penal relativamente ao
pensamento civilístico” — e nisto reside o essencial e decisivo — é que o fim da proteção da
norma do homicídio impõe que a morte dada durante o parto, seja qual for a via pela qual este
se opere, se considere já um verdadeiro homicídio, antes que um mero aborto.
Argumento textual: o de que, por um lado, o art 136º pune como homicídio privilegiado
a morte dada pela mão ao seu filho durante o parto e, por conseguinte, num momento em que
o processo de nascimento não se completou ainda; e o de que, por outro lado, o crime de
aborto é expressamente considerado como crime contra a vida intra-uterina. Doutrinas e
jurisprudências absolutamente dominantes no direito alemão.
O momento verifica-se quando se iniciam contrações ritmadas, intensas e frequentes
que previsivelmente conduzirão à expulsão do feto — tanto faz serem naturais ou induzidas
de forma artificial. Mesmo que as contrações não se verifiquem e tiverem lugar o processo
cirúrgico (cesariana), será o momento em que este processo se inicia a marcar o início da
possibilidade de realização do tipo de ilícito objetivo do homicídio.
A capacidade de vida autónoma do feto não é pressuposto da qualidade de pessoa para
efeito da integração do tipo objetivo de ilícito.
Questões de resolução extremamente difícil são hoje colocadas pelas chamadas
condutas médicas pré-natais, isto é, por aquelas condutas que têm efeitos verificáveis já
depois de iniciado o ato de nascimento, mas foram levadas a cabo em momento anterior.
Artigo 3º, decisivo apenas pode ser o momento da conduta. O problema aqui em questão não
pode ser corretamente resolvido em função nem do momento da conduta nem da verificação
do resultado.
Correta parece só poder ser a solução segundo a qual decisivo é o momento em que a
atuação começa a produzir efeitos sobre o nascituro.
2. Termo da vida
Determinação do momento da morte, momento a partir do qual cessa a tutela jurídico-
penal dispensada por aquele tipo. A qualidade de pessoa para efeito do tipo ilícito objetivo do
homicídio termina com a morte: o cadáver não é mais pessoa para este efeito. O problema
tornou-se um dos mais debatidos na doutrina jurídico-penal por efeito da descoberta médico-
científica das técnicas de reanimação; e exasperou-se nos últimos anos pela necessidade de
obter órgãos do cadáver que permitam a transplantação.
O CP não contém preceitos que direta ou indiretamente acorram à resolução do
problema. Em Portugal todavia a ciência médica e a doutrina jurídico-penal foram
progressivamente convergindo na necessidade de substituir o critério tradicional pelo critério
da morte cerebral.
Não parece lícito, se é que é possível, distinguir a vida biológica e a vida humana
segundo um critério de relevância biológica. Deve concluir-se pelo bom fundamento, para
efeito em causa, do critério da morte cerebral: é esta que, segundo o estado atual dos
conhecimentos, define a irreversível ausência da vida. Morte é assim a destruição anatómica
estrutural do cérebro na sua totalidade; nunca uma mera lesão cerebral.
Comprovação da morte cerebral — além do EEG, têm sido apontados outros critérios
nomeadamente o que deriva da diferença de oxigenação do sistema venoso-arterial cerebral;
este critério depara com altas probabilidades de erro.
A solução jurídico-penal mais razoável pareceria ser a de exigir em todos os casos o
exame clínico-neurológico, complementando-o pelo critério das linhas isoelétricas do EEG.
3. Eutanásia
O moriturus constitui objeto possível do crime de homicídio: até à ocorrência da morte
cerebral, matar outra pessoa conforma sempre uma conduta objetivamente integrante do tipo
de ilícito do homicídio. Eutanásia — auxílio médico à morte.
No conceito de eutanásia vieram a ser enxertadas doutrinalmente as situações que
ficaram conhecidas como das “vidas indignas de serem vividas”. O aniquilamento de doentes
mentais ou semelhantes, mesmo que incuráveis, preenche sempre o tipo objetivo de ilícito do
homicídio e relativamente a ele só podem intervir as causas de justificação ou de exclusão da
culpa, rigorosamente, nos termos gerais; e isto ainda mesmo nos casos em que a doença e a
4. Suicídio
O tipo objetivo do ilícito do homicídio exige que se mate outra pessoa, é o mesmo que
dizer, pessoa diferente do agente. O suicídio não é punível; e não é logo porque a conduta
respetiva não integra o tipo objetivo do ilícito do homicídio. Isto não significa que o suicídio
não apresente interesse e relevância para o direito penal; mas justifica que a problemática
respetiva seja afastada do tratamento do crime de homicídio e remetida, na parte relevante,
para o do crime de ajuda ao suicídio.
5. Conclusão
O tipo objetivo de ilícito do homicídio deve pois dizer-se que ele se realiza com a morte
de outra pessoa, isto é, com o causar a morte de pessoa diferente do agente; põe-se fim a uma
estéril e ultrapassado querela entre finalistas e causalidade aceita do sentido do elemento
típico “matar”. “Causar a morte” significa que tem de estabelecer o indispensável nexo de
imputação objetiva do resultado à conduta. Com absoluta irrelevância dos meios e do modo
através dos quais a morte é provocadora (direta ou indiretamente, por conduta ativa ou
omissiva, sejam utilizados meios físicos ou psíquicos, resulte aquela do encurtamento do
período de vida de uma pessoa são ou do apressado momento da morte de um moribundo,
ocorra ela imediatamente ou após um período longo relativamente à ação ou omissão).
O tipo subjetivo de ilícito do homicídio exige o dolo em qualquer das suas formas
contempladas no art 14º: direto, necessário ou eventual. Trata-se por isso de um tipo
relativamente ao qual se verifica aquilo que a doutrina chama de total congruência entre a sua
parte objetiva e a parte subjetiva. Importa sublinhar que, para se verificar dolo eventual
relativamente a condutas objetivamente e mesmo extremamente perigosas, não basta que o
agente preveja o perigo de resultado e se conforme com ele, tornando-se antes sempre
necessário quer aquele preveja e se conforme com o próprio resultado; e o mesmo se dirá
para ações cometidas em estado de afeto, por mais que as regras da experiência mostrem que
a ações como a levada a cabo se segue normalmente o resultado morte.
Em matéria de erro sobre o tipo, artigo 16º n.1, será em princípio, irrelevante o erro
sobre o decurso da causalidade (caso de escola: A com dolo homicida, dá um tiro a B e,
erroneamente convencido que o matou, enterra-o para ocultar o crime; B vem a falecer por
asfixia).
V. Causas de justificação
A doutrina geral das causas de justificação, quando conexionada com o tipo de ilícito do
homicídio, conduz a que devam acentuar-se sobretudo os pontos seguintes:
Consentimento (efetivo - art 38º; presumido - art 39º) não exclui a ilicitude do
homicídio doloso.
Em matéria de legítima defesa revela-se hoje alguma tendência para denegar a
justificação do homicídio nos casos em que a agressão se dirigia à ofensa de bens jurídicos
diferentes da vida e da integridade física “essencial”. Esta doutrina não parece dever merecer
acolhimento. O que tem particular relevo são ideias comuns a todo o instituto como a de que
a legítima defesa não deve ser admitida perante agressão a bens jurídicos de valor
insignificante; e também a de que, em certos casos, onde falte algum dos pressupostos da
legítima defesa, deverá porventura aceitar-se a existência de uma causa supra-legal de
justificação do tipo das chamadas “situações de quase legítima defesa” ou do “estado de
necessidade defensivo”.
Exigindo o artigo 34º alínea b), para a justificação por direito de necessidade, uma
“sensível superioridade do interesse a salvaguardar”, bem se compreende que não haja casos
em que o tipo de ilícito do homicídio possa ser justificado por essa via. Um critério
quantitativo não deve relevar quando está em jogo o bem jurídico “vida humana”. Já são
pensáveis hipóteses de justificação através do conflito de deveres ou de ordem legítima da
autoridade.
Um problema especial é o da já mencionada perfuração. Fica afastada a possibilidade
de configurar a situação como de conflito de deveres justificaste porque a situação se traduz
sempre em matar uma pessoa para salvar outra. Apela-se ao estado de necessidade defensivo;
uma situação de que a “perfuração”, por mais trágica que seja, como na verdade é, constitui
na doutrina, desde há muito, um casado paradigmático: a via de resolução do problema seria
a de advogar uma intervenção legislativa no sentido de submeter a perfuração ao regime da
interrupção da gravidez por indicação terapêutica estrita.
Outro problema específico é o do homicídio derivado da utilização de uma arma de
fogo por autoridade. Não deve defender-se que a atuação da autoridade seria aqui fortemente
condicionada do que a comandita do particular, por obediência a um estrito princípio de
proporcionalidade dos bens jurídicos, mesmo em matéria de legítima defesa de terceiros.
Deve afirmar-se que para as autoridades policiais valem os princípios gerais da justificação
do homicídio sem quaisquer especialidades. Com as consequências que daí advêm em
matéria de “legitimidade da ordem da autoridade” para efeito do artigo 36º.
Homicídio cometido na guerra. Os homicídios cometidos na guerra encontram-se a
coberto da justificação oferecida pela ideia de adequação social. Esta fundamentação revelar-
se-á em muitos casos insuficiente, tornando-se necessária a análise do caso concreto. Para
determinar se o caso concreto do homicídio se encontra ou não coberto pelo direito
internacional da guerra e pelas suas normas específicas. Deve ter-se em atenção finalmente
que esta matéria apresenta estreitíssima conexão com a relativa aos chamados crimes contra a
paz e humanidade.
2. Comparticipação
E matéria de autoria e de cumplicidade valem completamente as regras gerais. Questões
relativamente a um mesmo crime de homicídio, pode um comparticipaste ser punido por
homicídio simples e outro por homicídio qualificado ou privilegiado. O problema de
determinar se se está perante uma comparticipação no crime de homicídio ou antes perante
uma autoria do crime de incitamento ou ajuda ao suicídio.
3. Concurso
O crime de homicídio do artigo 131º cede sempre relativamente à sua qualificação
como homicídio privilegiado ou qualificado. Salvo se, este último não tiver passado do
estado de tentativa.
Uma tentativa de homicídio (tentativa impossível, art 23º n.3) pode porém já concorrer,
em concurso efetivo, com um homicídio por negligência nos termos do artigo 137º. Já porém
relativamente ao homicídio doloso consumado, o crime do artigo 137º só aparentemente pode
concorrer com o artigo 131º.
O problema sem dúvida mais complexo é o do concurso entre os crimes de homicídio e
de ofensa à integridade física.
VIII. A pena
A pena cominada pelo homicídio simples é a de 8 a 16 anos de prisão.
antes ele é mediado sempre por um mais acentuado desvalor da atitude: a especial
censurabilidade ou perversidade do agente, é dizer, o especial tipo de culpa do homicídio
agravado. Não há objeções de princípio a que se defenda que a gravação da culpa é em todos
os casos suportada por uma correspondente gravação do conteúdo do ilícito.
O método utilizado revela-se incensurável à luz do princípio da legalidade. Teresa Serra
refere “na medida em que a enumeração exemplificativa concretiza e determina o critério
generalizador e o critério generalizador delimita a enumeração exemplificativa, numa
interação decisiva estabelecida entre as duas partes do preceito do artigo 132º, a técnica dos
exemplos-padrão conduz a um resultado qualitativamente novo (…). Daí que deva afirmar-se
a inteira compatibilidade dos exemplos-padrão com o princípio da legalidade e a função de
garantia da lei penal, designadamente com a exigência da máxima determinação da lei penal
e da proibição da analogia em direito penal”. Fernanda Palma releva “que deve por isso
considerar-se a interpretação restritiva ou até corretiva de todo o conteúdo” do artigo 132º e
tendente, em definitivo, a fazer das circunstâncias constantes das alíneas do artigo 132º n.2
elementos constitutivos de um especial tipo objetivo e/ou subjetivo de ilícito.
Violador da legalidade se revelará já o procedimento traduzido em fazer um apelo
direto à cláusula da especial censurabilidade ou perversidade, sem primeiramente a fazer
passar pelo crivo dos exemplos-padrão e de por isso comprovar a existência de um caso
expressamente previsto no artigo 132º ou de uma situação valorativamente análoga.
O método qualificados do homicídio acabador de expor foi integralmente respeitado
pela diferente redação do artigo 132º constante das alterações do CP de 1998, de acordo com
a Proposta de Lei 160/VII. A nova redação deixa intocados, com efeito, o n.1 e o proémio do
n.2 do artigo 132º, limitando-se a acrescentar e a alargar o catálogo dos exemplos-padrão.
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II. O tipo de culpa.
O homicídio doloso é através da verificação da “especial censurabilidade ou
perversidade do agente”. Todavia, o pensamento da lei e o de pretender imputar à “especial
censurabilidade” aquelas condutas em que o juízo de culpa se fundamenta na refração, ao
nível da atitude do agente, de formas de realização do facto especialmente desvaliosas e à
“especial perversidade” aquelas em que o especial juízo de culpa se fundamenta diretamente
Pode ter ocorrido tortura, mas a qualificação não ter lugar porque o agente foi
dominado de emoção violenta. Por outro lado, a morte pode ser causada por ato que, não
devendo qualificar-se de tortura ou cruel, constitua em todo o caso um tratamento degradante
ou desumano que permite verificar uma especial censurabilidade ou perversidade do agente.
4. Artigo 132 nº2 alínea d).
Ser determinado a matar por “avidez” significa a pulsão para satisfazer um desejo
ilimitado de lucro à custa de uma desconsideração brutal da vida de outrem.; pelo “prazer de
matar” significa o gosto do aniquilamento da vida humana sem que tenha de se reconduzir
para anomalia psíquica (artigo 20). Para “excitação ou para satisfação do instinto sexual”
significa que a motivação requerida se verifica não apenas quando a morte da vitima visa
determinar a libertação do agente da pulsão sexual mas também sempre que aquela serve a
prática de atos necrófilos ou para despertar o instinto sexual; por “qualquer motivo torpe ou
fútil” significa que o motivo de atuação avaliado segundo as conceções éticas e morais
ancoradas na comunidade deve ser considerado pesadamente repugnante ou baixo que não é
ou nem sequer chega a ser um motivo.
atos praticados post mortem sobre o cadáver ou para impedir ou dificultar a prova do crime;
existe uma perversidade por parte do autor do crime;
N.2 al. e):
O agente do crime é determinado por avidez quando movido por ganância, ou seja, pelo
desejo de obter vantagens de ordem material com a realização do crime; é determinado pelo
prazer de matar quando atua para realização de um gosto ou de uma satisfação pessoal,
revelando insensibilidade moral e personalidade mal formada; o homicídio é consentido por
excitação quando o arguido procede por mero exibicionismo e é comido para satisfação do
instinto sexual quando o agente o pratica cisando a realização de desejos ou instinto dessa
natureza — aqui o homicídio é crime-meio; motivo torpe é aquele que, pela baixeza de
caráter que revela, ofende em grau elevado a moralidade média das pessoas e torna o agente
mais censurável; motivo fútil é aquele que não tem qualquer relevo, que não chega a ser
motivo, que não pode sequer razoavelmente explicar a conduta, trata-se de um motivo
notoriamente desaproporcionado para ser sequer um começo de explicação da conduta.
N.2 al. f):
Existe uma proibição da discriminação em função dos conceitos mencionados nessa
alínea.
n.2 al. g):
Embora se trata de circunstância essencialmente relativa à culpa, que não opera
automaticamente, deve ponderar-se que neste caso existirá em regra aquela especial
censurabilidade que está na base da agravação, já que o dolo específico assim o inculca.
Frieza de ânimo consiste em a vontade se formar de modo frio, lento, reflexivo,
cauteloso, deliberado, calmo na preparação e execução e persistente na resolução
pena. O princípio geral de proibição de dupla valoração. Proíbe que o mesmo substrato
considerado pelo artigo 133 seja de novo valorado para efeito de atenuação especial da pena.
Mas é evidente que para alem dos elementos descritos no mesmo artigo, podem convergir
outros e diferentes para efeito dos artigos 71 e 72.
II. Os elementos privilegiadores.
Compreensível emoção violenta é um forte estado de afeto emocional provocado por
uma situação pela qual o agente não pode ser censurado e à qual também o homem
normalmente “fiel ao direito” não deixaria de ser sensível. Não se trata aqui de qualquer
valoração social ou moral de estado de afeto, mas apenas da sua verificação nos termos
preditos. Pode assim, deste ponto de vista, retificar-se um certo paralelo entre esta situação e
a que, para diversos efeitos, o direito penal português conhecia sob da provocação.
Provocação suficiente, iste é, aquela que atingiu “uma tal intensidade tal que, face a ela, seria
razoavelmente de esperar que o provocado reagisse através de uma agressão”. Tal como na
provocação suficiente, também na emoção violenta compreensível o que está em questão não
é uma inimputabilidade.
O requisito da compreensibilidade de emoção representa ainda uma exigência adicional
relativamente ao puro critério de menor exigibilidade subjacente a todo o preceito. Sem
deverem ser omitidas as dificuldades desta conceção. Que se exija da emoção violenta que
seja compreensível, mas já não da compaixão ou desespero, é coisa que se aceita quando se
considere aquela exigência adicional vale para estados de afeto.
A jurisdição portuguesa interpreta a exigência de que a emoção seja compreensível no
sentido da necessária exigência de uma adequada relação de proporcionalidade entre o facto
que desencadeia e o facto provocado.
Por se exigir da emoção que diminua sensivelmente a culpa é que não assume relevo a
questão de saber se ma origem do estado emocional esteve um qualquer comportamento
ilícito ou injusto do próprio agente.
Costa Pinto- Critica a jurisprudência dominante por negar o privilegiamento do
homicídio, em nome de falta de nexo de causalidade entre o motivo e a prática do crime,
quando a vítima seja pessoa estranha ao desencadeamento da situação: pois, como não trata
aqui de provocação da vítima, mas de diminuição da culpa do agente. Restando porem saber
se a emoção violenta neste caso diminui a culpa do agente. O que revelará também por aqui
como a exigência autónoma de diminuição sensível da culpa tem sentido mesmo perante uma
compreensível emoção violenta.
Para a compaixão (estado de afeto ligado à solidariedade) e o desespero (estado de afeto
ligado à angústia, depressão e revolta) ligam aos casos de humilhação prolongada. O efeito
de menor exigibilidade suscetível de diminuir sensivelmente a culpa do agente: não se torna
necessário suceder com a emoção, que eles devam ter-se também como compreensíveis.
Motivo de relevante valor social ou moral em caso algum se poderão avaliar como tais
motivos de pureza rácica, de superioridade política ou desta casta, ou de necessidade de
extermínio de infiéis, de opositores ou de dissidentes. Só isto porém deverá fazer o aplicador,
não distinguir entre motivos de relevante valor social ou moral adequados ou inadequados às
conceções sociais e morais do próprio aplicador ou mesmo prevalentes na comunidade num
dado momento.
III. As formas especiais do crime.
2. Comparticipação.
A tentativa é punível. É perfeitamente compreensível que um comparticipante deva ser
punido por homicídio privilegiado e outro por homicídio simples ou qualificado (alguém
movido por avidez que, todavia, dissimula, instiga ou auxilia outrem, desesperado pelos
sofrimentos de que padece o seu pai moribundo).
3. Concurso e Pena
O concurso, todavia, só pode dar-se entre os elementos objetivos de uma e outra
hipótese, nunca entre os tipos de culpa respetivos. No mesmo caso concreto jamais pode
coincidir uma especial censurabilidade ou perversidade da sua culpa. Assim é perfeitamente
possível que uma mãe solteira, dominada por compreensível emoção violenta, mate o seu
filho depois de refletir sobre os meios ou mesmo de ter persistido por mais de 24 horas. Mas
uma das duas: ou a emoção violenta compreensível determina a premeditação, a diminuição
da culpa e o agente devem ser punidos pelo artigo 133. A pena é de 1 a 5 anos.
I. Generalidades
O Homicídio a pedido da vítima é uma forma que configura uma forma privilegiada do
crime fundamental de homicídio. O homicídio a pedido da vítima reproduz o núcleo essencial
do ilícito típico de crime de homicídio. Deve, por outro lado, precisar-se que esta arrumação
classificatória e sistemática pode ter reflexos a nível de comparticipação.
O regime de privilégio radica no “pedido sério, instante e expresso” da vítima que
determina tanto a redução do ilícito como da culpa do agente. No pedido atualiza-se a
autonomia e a autodeterminação da vítima bem como a sua renúncia à tutela do bem jurídico
com a consequente redução do conteúdo do ilícito.
II. A controvérsia sobre a legitimação politico-criminal da infração.
Compreensão teológica prevalece a ideia de interesse ou domínio. Em segundo lugar a
propensão da autolesão e heterolesão consentida. A lesão consentida de bens jurídicos alheios
não é mais do que uma forma mediata de autolesão. A autoleão e a heterolesão consentida são
apenas formas diferentes de expressão da autonomia do portador do bem jurídicos.
Costa Andrade- admite a isenção de pena nos casos em casos em que, pressuposto o
pedido instante, sério e expresso, se trata de “pôr termo a um estado de sofrimento, o mais
doloroso e já não suportável pelo paciente, e que não pode ser evitado ou mitigado de outro
modo”.
III. O tipo objetivo.
1. Remissão
Para se verificar a infração agente tem de “matar outra pessoa”. Isto é, tem de se
verificar aqui todos os pressupostos do tipo objetivo do crime de homicídio. O que vale
sobretudo para as matérias atinentes ao bem jurídico, objeto da ação, conduta típica,
causalidade, imputação objetivo. A exigência da realização do ilícito típico homicídio
determina a exclusão do âmbito do homicídio a pedido da vítima dos factos que possam
levar-se à conta de suicídio, auxilio ao suicídio ou mesmo à eutanásia indireta.
determinado o quem, o quando e aforma de ação da produção da morte. O pedido tem de ser
feito diretamente ao agente e não por um intermediário.
A seriedade que aponta para a vontade verdadeira desempenha um papel de travão ou
inibição. Visa impedir a atuação apressada ou precipitada. A seriedade está excluída sempre
que o pedido assenta em vicio de vontade onde se possa determinar a invalidade do
consentimento.
A capacidade, a vítima deve, pelo menos satisfazer as exigências de que a lei faz
depender a validade e eficácia do consentimento. Por vias disso, não será pedido sério feito
por menor de 16 anos.
O pedido tem de ser instante, seguramente a qualificação que, marca a diferença entre
o pedido relevante para efeitos de homicídio a pedido da vítima e o normal consentimento.
O pedido tem de ser expresso, não tem de ser feito por palavras. Não basta um pedido
meramente presumido ou deduzido pelas circunstâncias e comportamentos da vítima.
Só pode beneficiar do 134 o agente que tiver praticado o facto determinado pelo agente
da vítima. Entre o pedido da vítima e a decisão do agente tem de haver um nexo de
causalidade.
4. Omissão.
Situações frequentes são aquelas que alguém é investido de posição de garante
(médicos) e correspondendo um pedido sério e instante de um doente para o médico deixar de
lavar a cabo os tratamentos que poderiam impedir a morte da vítima.
Exemplo: A médico da família de B, doente grave e dolorosa. A dirigiu a casa de B e
encontrou no chão com um papel a pedir para não intervir no seu suicido e não a salvar. A foi
punido por homicídio a pedido da vítima por omissão.
A doutrina maioritária denega a punibilidade do homicídio a pedido da vítima por
omissão. A punição da omissão está afastada porquanto a oposição do agente faz cessar o
dever de garante. Contra a oposição d paciente deve estar excluído o dever de ação. Saber se
é médico não interfere em qualquer diferença essencial se a interrupção do tratamento é feita
pelo médico ou qualquer terceiro.
IV. O tipo subjetivo.
Pressupõe dolo do agente podendo ser este direto ou eventual (o agente que não confia
na eficácia letal do método escolhido pela vítima e apesar disso prossegue com a ação). Se o
agente atua sem saber do pedido, ele será punido pelos restantes artigos não beneficiando do
134. Se o agente atua convencido da verificação dos pressupostos não deixa de beneficiar do
artigo 134. O homicídio a pedido da vítima não conhece forma negligente.
O consentimento nunca será causa justificativa para o homicídio e o homicídio a pedido
da vítima não é justificado com legitima defesa.
VI. Culpa.
O regime do 134 releva uma redução da culpa que configura uma manifestação de
exigibilidade diminuída. O legislador considera que o pedido sério, instante e expresso
configura uma circunstância exterior que diminui as inibições da vida alheia.
VII. As formas especiais do crime.
1. Tentativa e comparticipação
A tentativa é punível nos termos do nº2. Contudo em caso de desistência da tentativa se,
entretanto, se tiverem verificado ofensas corporais é chamado a tentativa qualificada.
O autor pode ser qualquer pessoa desde que destinatária do pedido. Se o pedido foi
dirigido ao médico, a enfermeira que com ele colaborar responderá (como co-autora ou
cúmplice consoante os casos) pelo crime de homicídio. O mesmo vale na hipótese inversa de
apenas o cúmplice e não o autor ter sido determinado pelo pedido. Quem fica impune é
sempre a vítima, não podendo esta ser punida por instigar outrem.
O homicídio a pedido da vítima afastará as demais formas de homicídio.
também, o particular rigor da lei, à semelhança do que se verifica nas disposições de direito
comparado, nas exigências que faz quanto aos requisitos do pedido da vítima.
A provocação é mais ampla quando a efeito atentivo, sendo também o seu campo de
aplicação limitado pelas coordenadas fácticas aí descritas, sem esquecer a necessária relação
de causa para o efeito entre o pedido instante, sério e expresso da vítima e o autor da morte.
Sendo a vítima menor, e verificando-se todos os pressupostos deste artigo, o agente é
punido pelo artigo 133º; o menor tem que ser imputável, por um inimputável não poderá
formular um pedido sério e digno de aceitação; por esta razão o pedido feito por um
inimputável maior nunca poderá estar abrangido pela previsão desde artigo.
I. Generalidades
O código penal português incrimina o auxílio ao suicídio. A incriminação da
participação do suicídio de outrem é uma decisão político criminal de fundo de primeiro
plano. Não parece que a consagração positiva da incriminação resulte na redução da
complexidade que dele se poderia esperar. Descontando o caso obvio da participação ativa no
suicídio, onde as águas se separam, já o mesmo não se verifica em áreas como a omissão, a
negligencia ou o erro. E face às quais o interprete e aplicador do direito dispõe da
incriminação.
O incitamento ou ajuda ao suicídio é um delito independente e não uma forma
privilegiada do homicídio.
II. O bem jurídico.
O bem jurídico típico é a vida humana e, mais precisamente a vida de outra pessoa. O
que está em causa na incriminação do incitamento ou ajuda ao suicídio é ainda o propósito de
densificar e reforçar com que a ordem jurídica que rodear a vida humana, protegendo-a de
todas as formas de desrespeito.
É precisamente a identificação da vida humana como bem jurídico tutelado que
empresta à incriminação do incitamento ou ajuda ao suicídio a indispensável legitimação
material.
Se o homicídio a pedido da vítima é punido então o auxílio ao suicídio também deve sê-
lo pois ambas configuram pelo seu conteúdo diferentes formas de participação num suicídio.
Para o homicídio a pedido da vítima é determinante a morte de outra pessoa, para o auxílio ao
suicídio é o suicídio por mão própria.
III. O tipo objetivo.
2. Fronteira entre o suicídio e o homicídio (autoria mediata).
O critério essencial deve ser o do domínio do facto sobre o momento que traz a morte
com ele.
Ajudar é toda a forma de cooperação que é causal e relação à conduta do suicida na sua
conformação. Pode ser ajuda material ou moral. A faculdade de B pedir um produto que o
mate de forma rápida e A der-lhe um produto que o mata de forma lenta terá de responder por
homicídio. Tem de haver nexo de causalidade entre ajuda e suicídio.
IV. O tipo subjetivo.
A infração só é punível a nível de dolo, sendo suficiente o dolo eventual. O dolo tem de
abranger o suicídio: para além de compreender o incitamento ou ajuda, tem de abarcar
também a realização do suicídio. Se o agente sabe que a vítima não conhece o carácter letal
da sua conduta ou que a sua decisão não é livre e responsável então ele quer cometer
homicídio, devendo ser punido como tal. Já se o agente pensa, erradamente, que a decisão da
vítima é livre e responsável então ele tenta cometer incitamento ou ajuda ao suicídio quando
está a praticar homicídio. A negligência não é punível (não é punível o polícia que deixa a sua
arma em cima da mesa que a companheira usa para se suicidar).
VI. As formas especiais do Crime: Tentativa, concurso, a pena e agravação.
Só é punível se o suicídio vier a ser tentado ou a consumar-se. A partir daqui questionar
se a tentativa é ou não punível converter-se em boa medida num problema dogmático.
Alcance da consumação pode: a) a tentativa não é punível a entender-se que o tipo de ilícito
se esgota no incitamento ou ajuda independentemente de o suicídio ser consumado ou
No n.1 pressupõe que o suicida agiu com discernimento e por sua livre vontade. Se há
atuação de outrem com incitamento ou ajuda por tal forma intensos que forma determinantes
do suicídio, haverá uma forma subtil de homicídio, incriminada pelo artigo 26º CP, não
obstando a isso a interposição da vontade do suicida, ja que ela fora violentada. O homicídio
poderá mesmo ser agravado.
Incrimina-se não só a prestação de ajuda ao suicídio mas também o incitamento ao
mesmo.
Prestar ajuda significa fornecer meios ou qualquer outro género de cooperação que
facilite o suicídio. A omissão pura pode integrar este conceito. Aqui a doutrina diverge, pois,
Pacheco refere que “prestar auxilia é algo mais do que silêncio, omissão; isto é abster-se, não
fazer nada, e quem faz nada, quem se abstém, não presta auxílio a nenhum intento”. A
distinção entre omissão pura e ação é aqui por vezes difícil. Assim, Cuello Calón entende que
quem comete este crime aquele que, de acordo com outra pessoa, presenciou impassível que
o suicida escrevia uma carta, despedindo-se dos seus pais, e como permitia que ele se
suicidasse sem tratar de impedir o ato homicida, pois que isto constitui um ato de auxílio
moral e mesmo material, ativo e passivo.
Incitar ao suicídio significa exercitar, instigar, dar força de ânimo para que outrem se
suicide. Os autores expendem que o incitamento dever ser direto e eficaz, podendo apontar-
se, neste sentido, Cuello Calón e outros autores. Cremos que deve aqui fazer-se a restrição
que resulta do que já foi exposto; se a atuação foi determinante ao suicídio verificar-se-á
antes tipicidade do crime de homicídio.
É elemento subjetivo deste crime a intenção de incitar outrem a suicidar-se ou de lhe
prestar ajuda para esse efeito. Trata-se de um crime essencialmente doloso; para além disto
não se exige qualquer dolo específico, sendo indiferente para a existência do crime (não para
a graduação da culpa) que o agente vise fins altruístas ou, segundo o seu entendimento,
humanitários.
Artigo 136º CP Infanticídio (no antigo fala tmb para ocultar desonra !!!)
Dever objetivo de cuidado — simples indicio que efetivamente podemos estar perante o
crime cometido com negligencia
Pegar em uma arma carregada por si próprio há poucas horas e apontá-la à cabeça de
outrem, a escassos centímetro, constitui falta de cuidado em que o homem médio não incorre,
integrando o conceito de negligência grosseira do n.2 deste preceito legal.
Notas da aula
Se não houver crime concreto, exige-se que haja perigo (perigo esse que tem que ser
provado).
No número 2 deste preceito legal, existe um aumento do limite mínimo da moldura
penal caso seja realizado por pai/filho/adotado/adotante.
No número 3 esta em causa dois crimes agravados pelo resultado — crimes
preterintencionais.
Aqui esta em causa um omissão de auxílio muito especial porque só pode ser praticada
por algumas pessoas.
Na alínea a) do n.1 está em causa retirar a vítima dum lugar onde não está a correr
perigo (de um lugar onde esta está segura) para um lugar onde a vítima passar a estar em
perigo de vida; pressupõe-se que a vítima não se pode deslocar para um local seguro e, por
conseguinte, não se pode defender (aqui tem que se ter em conta as características da vítima,
por exemplo: se é uma pessoa que tem alguma dificuldade motora)
Na alínea b) do n.1 só cabe lugar a quem tem o cuidado de vigiar, guardar, assistir
enquanto que na alínea a) pode ser realizada por qualquer pessoa.
Na alínea b) existe um perigo de vida; tem que se ver o que é que este abandono
significa; existe um sentido de omitir/não levar a cabo os deveres que são impostos à pessoa
que tem o dever de guardar, vigiar, assistir a vítima.
O agente tem conhecimento que tem que vigiar a vítima e que a vida da vítima depende
da sua atitude.
O dolo tem que se estender a todos os elementos do tipo.
——
Violação do dever vigiar; a morte resulta da falta de cuidado. O agente expõe a vítima a
uma situação de perigo ou abandona a vítima numa situação de perigo. A exposição ao
abandono exige dolo não sendo punível por negligencia. Crime de dolo: há conhecimento de
filho está morto. Há a existência de um crime fundamental doloso que leva a um evento
agravante, com consequência de morte, ligado a título de negligencia
Crimes preterintencionais – é constituído pela prática de um crime fundamental doloso,
a consequência deste crime é a morte; o agente não tem dolo de morte, mas fruto da prática
de um crime fundamental por parte do agente, este posiciona-se de forma negligente face ao
evento agravante morte, esta morte é consequência da prática do crime doloso; entre o crime
fundamental doloso e o evento agravante gera-se uma fusão íntima.
No n.1 trata-se de simples crimes de perigo, pelo que houve muita cautela na fixação da
moldura penal, evitando-se penas excessivamente pesadas
No n.1 e respetivas alíneas prevêem crimes de perigo, que se consumam com a
exposição ou o abandono.
Tornou-se mais claro que o crime por ser praticado tanto por ação como por omissão,
mas que no caso da alínea b) é ainda necessário que exista um deves específico de educar,
vigiar ou assistir, dever esse que terá de radicar na lei.
O elemento subjetivo da infração consiste no dolo quanto à situação de exposição ou
abandono, isto é quanto à verificação da tipicidade do n.1, e de negligência ou mera culpa
quanto ao resultado, tal como resulta, da problemática dos crimes preterintencionais.
Põem-se aqui as questões que decorrem da delimitação entre culpa consciente e dolo
eventual. Se o agente, podendo prever o resultado, atuou com inconsideração, confiando em
que ele se não verificava, ou se não se conformou com a sua verificação, terá praticado este
crime. Se, pelo contrário, ele atuou conformando-se com o resultado, que previra, haverá
dolo eventual e, consequentemente, não se verificará este crime, mas o de homicídio
voluntário.
Notas da aula
No caso em que:
o aborto é realizado com o consentimento da mulher grávida: são punidos a mulher
grávida e a pessoa que a fez abortar.
o aborto é realizado sem o consentimento da mulher grávida: somente é punida a
pessoa que a fez abortar.
O artigo 140º n.3 tem presente 3 situações: i) a do consentimento; ii) abortar por si
própria; iii) abortar por facto alheio
Número 1
trata-se do caso mais gravoso;
sem consentimento da mulher;
crime comum (pode ser cometido por qualquer outra pessoa).
Número 2
moldura penal abstrata atenuada;
Notas da aula
Número 1
o evento agravante é a morte ou a ofensa à integridade física grave da mulher grávida;
é do aborto que surge ou a morte ou a ofensa à integridade física grave da mulher
grávida.
Notas da aula
Número 1
a) vida contra vida (mulher vs feto); pode ser realizada em qualquer momento.
b) visa proteger a mulher, a sua saúde ou até mesmo a sua vida, mas tem que ser feita
nos primeiros 3 meses;
c) 1ª parte: tem que haver motivos seguros para prever que o nascituro irá sofrer
doença grave ou malformação congénita e tem que ser realizada nos primeiros 6 meses da
gravidez; 2ª parte: é a exceção, realizada em todo o tempo;
d) há suspeita de que a mulher engravidou, por exemplo, na sequência de uma
violação, só se se poder comprovar isso; tem que ser feita nos primeiros 4 meses da gravidez;
e) …
——
Deixa de ser crime e passa a ser uma interrupção de gravidez não punível apenas nos
termos das alíneas. Requisitos de observação obrigatória: 1 requisito – nº 1, não é punível a
interrupção feita por medico ou sob a sua direção, com o consentimento da mulher gravida,
em estabelecimento de saúde oficial ou oficialmente reconhecido. 2 requisito (depende da
alínea):
Alínea a) - situação de vida da mulher contra a vida intrauterina (vida contra vida), ou
que se mostre que mulher irá ficar com lesões graves e irreversíveis (pressupostos
cumulativos) para o corpo, saúde física ou psíquica. A interrupção pode ser feita a qualquer
momento da gravidez e que o perigo não possa ser removível de outro modo. O perigo tem de
ser atual e não meramente potencial. – Indicação medica ou terapêutica em sentido estrito
Alínea b) - proteger a mulher, a sua saúde ou a sua vida, mas o perigo de morte já não é
certo, é provável; aqui não se exige o carácter irreversível da lesão do corpo ou da saúde mas
sim que seja duradoura (dois requisitos cumulativos); a interrupção só pode ser feita nas
primeiras 12 semanas de gravidez – indicação medica ou terapêutica em sentido lapso
Alínea c) - 1ª parte: o feto sofre de uma doença incurável ou de uma má formação
congénita, neste caso a mulher pode abortar até às 24 semanas; 2ª parte: no caso de feto
inviável (não sobrevive fora do ventre materno ou não terão qualquer esperança de vida fora
dele), a interrupção pode ser feita a qualquer momento – indicação embriopática.
Alínea d) - há suspeita de que a mulher engravidou na sequência de um crime contra a
sua liberdade ou a sua autodeterminação sexual; a interrupção é feita nas primeiras 16
semanas – indicação criminal.
Alínea e) – veio a ser decidida mais tarde que as outras alíneas; a mulher pode abortar
livremente, sem ter de se justificar, até às 10 semanas.
Modelo das indicações nas alíneas a), b), c) e d) – vida intrauterina por um lado e
alguns interesses da gravida de outro lado (a sua vida, a sua saúde física e psíquica, a sua
integridade física e a sua liberdade e autodeterminação sexual).
Nº 2 – a verificação das circunstâncias é certificada em atestado medico escrito e
assinado antes da interrupção, e tem de ser feito por médico daquele que irá fazer a
interrupção.
Nº 4 – como é prestado o consentimento: a) quando é exigido observação de prazo; b)
quando a mulher decide abortar livremente
Nº 5 – caso a mulher gravida seja menor de 16 anos ou psiquicamente incapaz
Há um prazo máximo porque quanto mais avançada for a gravidez mais riscos pode vir
a trazer para a gravida. Nunca chega a ser um facto típico; é muito mais que uma causa de
exclusão da ilicitude, é juridicamente relevante, mas não tem relevância penal desde que siga
o art.142 (fazer uma coisa que é permitida pelo código penal).
Não é possível obter consentimento a mulher com idade inferior a 16 anos. O médico
decide unicamente em função daquilo que considerar que é a solução mais correta e razoável
estava gravida, existe uma especial censurabilidade e perversidade, podendo vir a ser
responsabilizado pelo art.132.