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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCar)

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA (CCET)


Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP)
Disciplina: Melhoria Contínua
Docente: Prof. Dr. José Carlos de Toledo
Discente: Thaís Moreira Tavares

Resumo do artigo: What motivates employees to participate in continuous improvement


activities?

O principal objetivo do artigo em estudo é identificar um conjunto de elementos


críticos que são relevantes para promover a intenção dos colaboradores em participar
nas atividades de Melhoria Contínua (MC) definidas pela sua empresa. O estudo busca
um modelo teórico estrutural que mostre uma possível relação entre esses elementos. A
motivação ou justificativa para o estudo advém da dificuldade existente em incentivar
funcionários a participar de sistemas de melhoria contínua e alcançar níveis mais altos
de participação nas organizações. Isto é, ainda é muito difícil implementar e sustentar
sistemas de melhoria contínua, principalmente pela dificuldade de engajar as pessoas
nessas atividades. O alcance de altos níveis de participação dos funcionários é
considerado um fator-chave para o sucesso e a sustentabilidade de um sistema de MC.
O artigo dedica uma seção a explanação do conceito de Melhoria Contínua
(MC); e a outra à teorização do processo de participação dos funcionários. Nestas
seções vemos que uma característica chave da MC é que ela deve ser um sistema focado
nas pessoas, cujo principal objetivo é engajar todos na participação contínua em
atividades relativamente pequenas do projeto de melhoria. Para que isso aconteça, é
preciso entender os motivos pelos quais as pessoas decidem participar, principalmente
de atividades relacionadas a projetos de mudança organizacional. Curiosamente, pouca
pesquisa é encontrada nesta área em particular. Dessa forma, mais pesquisas são
necessárioas, pois entender as razões pelas quais as pessoas decidem participar das
diferentes atividades organizacionais é essencial para o bem-estar dos funcionários e das
próprias organizações.
Para preencher essa lacuna de pesquisa, uma metodologia de pesquisa de três
fases foi desenvolvida com base em uma revisão de literatura, um estudo Delphi e uma
abordagem ISM. Primeiramente, foi feita uma revisão geral com os principais objetivos
de identificar as principais questões e preocupações em relação ao sucesso dos sistemas
de MC, bem como identificar uma série de elementos relevantes relacionados à intenção
do funcionário em participar da MC. Essas informações foram utilizadas para construir
os documentos iniciais do Estudo Delphi.
Um estudo Delphi de três rodadas foi realizado com um grupo de especialistas
em aplicação de MC na Espanha de outubro a dezembro de 2014, com o objetivo
de construir e acordar uma lista de todos os elementos relevantes relacionados aos
sistemas de melhoria contínua que poderiam motivar os funcionários a participar nas
atividades do MC. A técnica ISM foi usada para desenvolver um modelo que estrutura
as relações de todos os fatores encontrados durante o Delphi e três fatores denominados
“Intenção de participação dos funcionários”.
Na primeira rodada do Delphi, os participantes pontuaram todos os 10 fatores
iniciais e decidiram sobre possíveis eliminações, inclusões e comentários. Após as três
rodadas, 44 elementos agrupados em 10 fatores foram identificados pelos especialistas
como importantes para promover a intenção dos funcionários em participar das
atividades de MC. A abordagem de Interpretive Structural Modelling (ISM) foi então
usada para mapear a relação estrutural entre os diferentes elementos. Um total de 13
fatores foram levados em consideração para formar o modelo de relacionamento: os 10
fatores discutidos durante o estudo Delphi; o Fator 11 (Facilidade de participar do
sistema de MC); o Fator 12 (Utilidade de participar do sistema de IC) e o Fator 13
(Intenção dos funcionários em participar), adaptado do modelo TAM.
Todos os 21 especialistas do estudo Delphi foram consultados para identificar a
relação contextual entre os 13 fatores. Após remover os links indiretos e substituir os
nós pelos nomes dos fatores, o dígrafo é convertido no modelo ISM final. O fator de
nível superior está posicionado no topo do modelo, os fatores de segundo nível estão na
segunda posição e assim por diante. Neste caso, existiam cinco níveis distintos, sendo a
intenção de participação dos Colaboradores o fator mais dependente, e a Formação e
Apoio Organizacional os fatores com maior poder motriz.
Os resultados da pesquisa mostraram que o treinamento e o Apoio
Organizacional são os fatores com maior força motriz, o que significa que estes devem
ser alguns dos fatores mais importantes a serem levados em consideração quando da
concepção dos sistemas de MC. A sensação de bem-estar no local de trabalho
(autoeficácia, empoderamento, satisfação no trabalho aliada a uma boa comunicação)
contribui para ter funcionários mais comprometidos e preparados, dispostos a participar
das atividades de MC.
Outro aspecto interessante do modelo apresentado é o conceito de utilidade de
participar do sistema de MC e facilidade de participação no sistema de MC, e sua
relação direta com a intenção de participação dos funcionários. Assim como no modelo
TAM, se os funcionários sentirem que a participação nas diferentes atividades de MC é
fácil (sem esforço extra) e útil para melhorar a eficácia de seu trabalho diário, eles
apoiarão mais esses tipos de atividades.
Por fim, o modelo também mostra a influência e importância de outras
variáveis, como alinhamento do MC, influência social, recompensas e metodologia do
MC. O modelo também corrobora os argumentos apresentados em outros trabalhos
sobre o impacto das recompensas e o uso de uma metodologia adequada para
desenvolver atividades de MC e motivar as pessoas a se comprometerem com a MC. O
modelo de relacionamento representa uma ferramenta muito importante para os
gestores, pois fornece insights sobre para onde devem ir os recursos limitados que uma
empresa aloca em seu sistema de MC para ter funcionários mais engajados. É
importante que os gerentes se lembrem de manter uma perspectiva mais ampla,
prestando atenção não apenas aos aspectos técnicos de um sistema de MC, mas também
ao componente comportamental do MC.

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