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Psicóloga, Mestre em Administração de Empresas, Especialista em Psicopedagogia e em Avaliação
Institucional, Professora e Supervisora de Estágio do Curso de Psicologia e Coordenadora do Curso de Pós
Graduação Lato Sensu em Gestão Estratégica de Pessoas e Psicologia Organizacional – modalidade
presencial - da Universidade Metodista de São Paulo - UMESP.
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Para que um programa de treinamento tenha o resultado esperado, temos que ajustar
as ações da área de treinamento com as necessidades da organização. Para Borges-Andrade,
Abbad e Mourão (2006, p.163), a avaliação de necessidades pode ser definida como “o
levantamento sistemático de conhecimentos, habilidades e atitudes nos níveis organizacional,
das tarefas e individual”.
Logo, é por meio da análise (diagnóstico), que conseguimos identificar, de fato, o que
impede o comportamento esperado e necessário ao atingimento dos resultados e, ao mesmo
tempo, conseguimos identificar os problemas tratáveis por treinamento e aqueles que
dependerão de outras ações para sua solução.
Além destes aspectos mencionados, a área de RH, por meio de um trabalho integrado,
considerando os aspectos identificados pelos seus subsistemas, deve atentar-se para a
identificação dos funcionários e setores que mais carecem de treinamento, quais os focos de
baixa produtividade, qual o número e a essência das reclamações dos clientes, bem como a
forma de treinamento mais adequada a ser empregada.
Traçado o perfil dos principais problemas, pode-se apresentar as propostas de intervenção, que
segundo Felippe (in BOOG, et al. 2006), poderá refletir as fontes geradoras de treinamentos
relacionados à:
Um bom planejamento de treinamento deve trazer a seguinte relação de respostas sobre a ação
proposta:
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Para maior compreensão, vamos explicitar cada uma destas ações necessárias ao planejamento
de TD&E:
Participantes: Identificar e analisar prévia e corretamente a população que será atingida pelo
programa garantirá um maior percentual do sucesso do treinamento. É necessário clareza
quanto aos cargos, tempo de casa, escolarização, e às vezes naturalidade e a idade dos
“treinandos”. A composição do grupo, interfere na própria dinâmica grupal e,
consequentemente, no resultado do treinamento ou desenvolvimento proposto. Por esta razão,
conhecer o perfil do grupo, antecipadamente, auxilia na busca de métodos ou estratégias e
técnicas que possam favorecer a aprendizagem, gerando melhores resultados.
Escolha do(s) instrutor(es) ou educador(es): Identificar o perfil mais adequado de quem irá
conduzir o processo de ensino-aprendizagem se faz necessário para o sucesso do programa. No
texto anterior, discutimos sobre a importância da formação do instrutor-condutor deste
processo e as habilidades que este deve ter para a condução mais eficaz e efetiva. Dominar o
conteúdo é importante, porém, saber realizar a leitura do grupo e utilizar, com adequação, o
continuo pedagógico-andragógico é fundamental, além de ter uma experiência prática na área
do tema à ser abordado e conhecimento dos negócios da empresa, entre outros. Para que um
programa de treinamento tenha sucesso, o instrutor-condutor deverá estar preparado para
atuar como um verdadeiro agente de mudança. A atuação deste, terá grande influência no
alcance dos objetivos estabelecidos e no sucesso do treinamento.
Métodos e Técnicas – A palavra método provém do termo grego methodos - composta de meta:
através de, por meio de, e de hodos: via, caminho, e se refere ao meio utilizado para chegar a
um fim. O seu significado original aponta para o caminho que conduz a algures. Servir-se de um
método é, antes de tudo, tentar ordenar o trajeto através do qual se possa alcançar os objetivos
projetados. Neste contexto, é a forma utilizada para o desenvolvimento do programa de
treinamento. Levando em consideração as necessidades estabelecidas no LAN, será possível
escolher o método ou os métodos a serem utilizados, bem como as técnicas correspondentes a
estes métodos. Vários fatores do treinamento podem influir na escolha da técnica, tais como
nível do treinando, forma do treinamento, tipo de necessidades, duração dos cursos, recursos
humanos e materiais, condições físicas e ambientais, entre outros. Para que a técnica utilizada
seja de grande proveito, deverá ser criativamente adaptada para a realidade local.
Datas e horários: estabelecer o melhor período e horário para a aplicação do(s) treinamento(s)
também auxilia no sucesso do mesmo.
Não podemos deixar de levar em consideração o custo, e este deve ser confrontado com
os benefícios que o treinamento irá proporcionar à organização (relação custo x benefícios).
Podemos identificar como custo os seguintes pontos: salários dos instrutores ou consultores
internos ou despesas com consultores externos, despesa com local, refeições, passagens,
estadias, materiais, entre outros.
Não há rigor de classificação dos métodos. Muitos estudiosos utilizam a classificação dos
métodos de treinamento em três categorias: treinamento no próprio trabalho, treinamento
conceitual/informativo e treinamento por meio de jogos e simulações. Enquanto Auren Uris
(apud BÍSCARO, 1999) classifica-os em quatro categorias metodológicas: método prático,
método conceitual, método simulado e método comportamental.
• Os conceitos e palavras;
Provavelmente, o método “aprender fazendo” deva ser considerado o mais antigo dos
métodos, pelo menos em sua forma não-sistematizada. Já na idade Média, havia todo um ritual
destinado à formação dos aprendizes de ofício, desde seu ingresso na oficina até atingir o posto
oficial.
Além das formas não metódicas de aprendizagem, que não suportariam uma classificação,
podemos arrolar as seguintes técnicas:
Este modo de aprendizagem deve contar com um agente que estabeleça e ordene as fases do
trabalho, visando facilitar sua assimilação pelo aprendiz.
RODÍZIO
Trata-se de uma das formas mais eficazes de formação profissional. No início, o rodízio era
empregado apenas em tarefas simples e repetitivas; hoje cada vez mais empresas usam esse
esquema para informar profissionais polivalentes em todos os níveis.
O ESTÁGIO
Ainda que em sua conceituação oficial e mais generalizada, o estágio destina-se ao jovem
profissional que necessita passar da teoria para a situação prática empresarial, esse conceito
pode e deve ser estendido a profissionais veteranos especialmente nos casos de assimilação de
novas tecnologias. Nesse caso, o estágio pode dar-se tanto dentro da própria organização
quanto em outra, por meio de convênios entre empresas fornecedoras e empresas-clientes, por
exemplo.
A DELEGAÇÃO
Talvez soe estranho para alguns arrolar a delegação como mais uma técnica de aprendizagem.
Acontece que ela é uma prática administrativa muito generalizada e destinada à aprendizagem
de comportamentos de supervisão ou de gerência.
PARTICIPAÇÕES DIVERSAS
Alcances e vantagens
Limitações e riscos
O método não permite uma visão global dos trabalhos, pois não fornece conceitos gerais. Ele
atua diretamente sobre o comportamento, sobre a conduta externa do sujeito, especialmente
no treino operacional.
DEBATE CRUZADO
A técnica consiste em separar artificialmente o grupo em dois subgrupos; cada subgrupo deverá
defender determinada tese que se contraponha à do outro subgrupo. O monitor-instrutor –
educador institui os dois grupos separadamente. Após alguns minutos de embate, as teses
podem ser invertidas. Na atualidade, onde o tema inclusão deve ser fortemente trabalhado nas
organizações, esta técnica pode auxiliar no levantamento e identificação de crenças e valores
dos treinandos em relação ao tema e, ao mesmo tempo, refletir sobre a necessidade e
importância da inclusão, nos dias atuais, bem como sobre os elementos que viabilizam ou
dificultam a sua efetivação no mundo do trabalho e na organização em questão. Além deste
tema, a técnica pode favorecer a identificação de valores e crenças que dirigem o
comportamento humano e, neste sentido, ao explicitá-las, pode-se trabalhar no sentido de rever
aspectos que necessitam de mudanças estruturais e comportamentais para a implantação do
“novo” na organização.
ESTUDO DIRIGIDO
Durante a vigência da pedagogia clássica, esta modalidade de aprendizagem reinou como uma
das mais eficazes para a fixação de conhecimentos e motivação dos aprendizes. Muito do que
se faz hoje nas escolas e nos treinamentos deriva desta técnica: a leitura prévia de textos e
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INSTRUÇÃO PROGRAMADA
PAINEL
Trata-se de uma forma de preleção mais sofisticada que envolve mais de um expositor. Diante
de um auditório, um tema é tratado sob diferentes pontos de vista. Três ou no máximo quatro
especialistas colocam para os ouvintes seus pontos de vista, confrontando-os entre si.
SIMPÓSIO
Quase do mesmo formato que o painel e, às vezes, na prática confundindo- se com este, o
simpósio é outra forma de preleção, em que não está prevista a polêmica entre os expositores.
Em um simpósio sobre treinamento, por exemplo, teríamos expositores relatando diferentes
experiências. Nesse caso, o número de expositores é mais flexível que nos do painel.
UNIVERSIDADE ABERTA
O sistema conhecido como open universty não é propriamente uma técnica isolada; na
realidade, ele utiliza diversas modalidades de comunicação para repassar conhecimentos e
obter um retorno ou avaliação do aprendido.
Vantagens e alcances
Limitações e riscos
DRAMATIZAÇÕES
ROLE – PLAYING
É técnica de amplo uso no treinamento de relações interpessoais. A essência desta técnica está
no revezamento de papéis. Pertence ao mesmo grupo das dramatizações ou jogos dramáticos.
JOGOS DE EMPRESAS
De todas as modalidades de simulação em sala de aula, com certeza o jogo de empresa é o mais
sofisticado pela soma de recursos que usa, além de mais envolvente.
ESTUDOS DE CASO
Hoje, encontram-se montagens de caso que são um verdadeiro quebra- cabeça (aliás muito mais
próximo da realidade), em que cada treinando dispõe de algumas informações diferentes das
de outros participantes. Em geral, recomendam-se casos verídicos acompanhados do máximo
de informações não apenas atinentes ao caso em si, mas também ao contexto externo ou ao
cenário real em que se deu a ocorrência. No entanto, permitem-se elaborar casos fictícios ou
adaptados a uma realidade.
PROJETO
Vantagens e alcances
Limitações e riscos
A primeira limitação é de ordem orçamentária. Em geral, este método é o que implica maiores
custos, especialmente quando são empregadas simulações de recursos de produção como:
oficinas-escola, agências-escola ou simuladores sofisticados. Treinadores especializados; risco
de criar comportamentos somente no período de treinamento; não garante envolvimento mais
profundo, pois não atinge áreas de atitudes; permite a participação somente de um grupo
reduzido.
Este método está mais voltado para a busca de solução de problemas ou melhoria de
relacionamento, atitude ou postura de modo geral, diante de situações de trabalho.
DINÂMICA DE GRUPO
No início, o nome “dinâmico de grupo” aplicava-se com exclusividade à técnica desenvolvida por
k.Lewin. A partir das diversas experiências derivadas da Teoria de Campo, combinadas com
linhas de terapias de grupo, foram surgindo outras técnicas, todas tendo em comum o emprego
das forças do grupo para desenvolvimento individual ou simplesmente o desenvolvimento do
próprio grupo – neste caso, quando se tratava de grupos naturais.
Esta técnica, ramo de conhecimento específico sobre o comportamento humano em grupo, tem
com objetivo entender/ saber como lidar com os processos grupais (como os membros do grupo
funcionam na medida em que se relacionam) – foco no modelo de aprendizagem vivencial
(comportamental).
PSICODRAMA
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Esta técnica tem por objetivo promover uma consciência social profunda, onde o indivíduo não
apenas entenda o conceito de igualdade, mas viva essa igualdade. Como adaptação do
psicodrama, surgiu o sociodrama, em que o foco está no desenvolvimento grupal.
COACHING (COACH)
Pode ser realizado para apenas uma pessoa ou pode ser feito para um grupo de pessoas
envolvidas com um propósito comum; pode ser conduzido pelo próprio superior imediato, por
técnicos de RH da empresa ou por Consultores Externos.
Vantagens e alcances
Limitações e riscos
Conforme DeAquino (2010, p.18), “os estilos de aprendizagem dos alunos ou aprendizes
representam seus modos preferidos de aprender”. É importante dizer que a diversidade existe
em qualquer tipo de organização, não só no ambiente educacional. As pessoas são naturalmente
diferentes, em valores, crenças, na maneira de vislumbrar e entender o mundo à sua volta, na
forma de coletar e processar informações, de construir a sua representação pessoal do mundo
que as cerca. Assim, cada pessoa, como indivíduo, tem uma forma singular de aprender. Neste
sentido, busca-se identificar não só o ambiente educacional como os modos de ofertar o
conhecimento na organização, considerando entre outros aspectos, o estilo de aprendizagem
do aprendiz.
Nos tempos atuais, muitas organizações buscam como estratégia de TD&E, a oferta de
cursos, palestras e até Programas, na modalidade à distância. Esta busca se dá em função da
grande demanda para o auto aprendizado, gerado tanto pelas mudanças nos padrões do
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trabalho de profissionais com habilidades técnicas e físicas para posições que se baseiam no
conhecimento, bem como pela concentração das atividades econômicas do setor industrial para
a área de serviços. Mas, em especial, é também atrativo às organizações, em função de que a
modalidade à distância possibilita atingir um grande público, com baixo custo.
Um novo termo - Heutagogia - foi recentemente criado para representar esta abordagem
de aprendizagem, na qual o aprendiz está sozinho no processo, ou seja, não existe a figura do
professor ou treinador. Em alguns processos de educação à distância pode-se até ter a figura do
monitor, tutor ou do mediador, mas é o aprendiz quem deve ter uma participação ativa no seu
aprendizado, o que exigirá dele, disciplina e comprometimento, pois é ele o agente responsável
pelo seu próprio aprendizado.
Segundo Hase e Kenyon (apud DeAquino, 2010) que cunharam o termo em 2000, a
heutagogia seria a abordagem ideal para as necessidades de aprendizagem das pessoas no
século XXI, pois estaria plenamente alinhada com as novas tecnologias de educação, como a
internet, as aplicações multimídia e os ambientes virtuais, que estimulam o desenvolvimento
individualizado de competências.
Vimos que um programa de treinamento envolve algumas etapas que devem ser seguidas
para garantir seu sucesso. Elas não funcionam isoladas, mas sim em conjunto umas com as
outras, a falha em qualquer etapa pode pôr a perder todo Programa. Assim, temos que
considerar cada parte como sendo de vital importância para o sucesso do treinamento e para
pleno alcance dos objetivos estabelecidos.
Este entendimento faz com que a área de RH, e o profissional de TD&E, possa dar à empresa
o que ela espera - força capaz de ajudá-la na árdua tarefa de maximizar resultados, minimizando
os custos, retendo seus talentos por sentirem-se reconhecidos pelas oportunidades de
aprendizagem.
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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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treinamento e desenvolvimento. 3 ed. São Paulo: Makron Books, 1999.
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Cengage Learning, 2009.
BORGES-ANDRADE, Jairo E.; ABBAD, Gardênia S.; MOURÃO, Luciana (Eds.). Treinamento,
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MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento Interpessoal. 3 ed. Rio de Janeiro: LTC, Livros Técnicos e
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REGO Jr, L. C. M. e-Learning. In: BOOG, G. Manual de treinamento e Desenvolvimento: um guia
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Acesso em: 22 de maio, 2017.
WICK C.; Pollock R.; Jefferson A. 6 Ds: as seis disciplinas que transformam educação em
resultados para o negócio. São Paulo: Évora, 2011.