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IBFC

QUESTÕES GABARITADAS

QUESTÕES GABARITADAS
EXERCÍCIOS...........................................................................................................................01
GABARITO...............................................................................................................................44

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


LÍNGUA PORTUGUESA

1. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Ortografia - Casos Gerais e Emprego das Letras
O Sueco mudará para uma nova residência no próximo mês. Ele elaborou uma lista com algumas pendências
a serem solucionadas antes de sua mudança. Leia atentamente as alternativas abaixo e assinale, dentre as
palavras em destaque, a única que apresenta uma palavra contendo desvio ortográfico.
(A) Reivindicar a alteração do endereço residencial junto ao banco.
(B) Solicitar a compania elétrica o religamento da energia.
(C) Pintar a fachada.
(D) Retirar o enxame de abelhas da varanda.
(E) Verificar o funcionamento de registro de água.

2. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022


Assunto: Fatos da Língua Portuguesa (porque, por que, porquê e por quê; onde, aonde e donde; há e a, etc)
A Lição da Borboleta
Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um homem sentou e observou a borboleta por várias
horas, enquanto ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então, pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que
podia e não conseguia ir além.
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então
saiu facilmente. Mas seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O homem continuou a
observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem
para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. Nada aconteceu!
Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela
nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia, era que
o casulo apertado e o esforço da borboleta para passar através da pequena abertura eram necessários para
que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que ela estaria pronta para voar, uma vez que
estivesse livre do casulo.
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida. Se vivêssemos sem quaisquer obs-
táculos, não seriamos tão fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno desafio, pois só assim
voar será realmente possível.
Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido.
No que tange a norma culta da língua portuguesa, existem quatro tipos de porquês (por que, porque, por quê
e porquê). Analise cuidadosamente o trecho a seguir. (...) “O homem continuou a observar a borboleta porque
ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem (...)”. Assinale a alternativa que justifica o uso
do porquê em destaque.
(A) Ele está exercendo a função de uma conjunção coordenativa.
(B) Ele está desempenhando a função de um pronome relativo.
(C) Justifica-se devido ao fato de preceder um pronome pessoal.
(D) Ele apresenta o valor de um substantivo.

3. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022


Assunto: Acentuação
A Lição da Borboleta
Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um homem sentou e observou a borboleta por várias
horas, enquanto ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então, pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que
podia e não conseguia ir além.
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então
saiu facilmente. Mas seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O homem continuou a

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem
para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. Nada aconteceu!
Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela
nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia, era que
o casulo apertado e o esforço da borboleta para passar através da pequena abertura eram necessários para
que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que ela estaria pronta para voar, uma vez que
estivesse livre do casulo.
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida. Se vivêssemos sem quaisquer obs-
táculos, não seriamos tão fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno desafio, pois só assim
voar será realmente possível.
Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido.
Segundo as regras de acentuação, todas as palavras proparoxítonas são acentuadas, entretanto, essa regra
não se aplica as palavras paroxítonas. Atente ao trecho (...) “uma pequena abertura apareceu num casulo” (...).
A palavra casulo é uma paroxítona não acentuada. Assinale, dentre as palavras abaixo, a paroxítona que foi
acentuada incorretamente.
(A) amigável.
(B) Assembléia.
(C) repórter.
(D) Abdômen.

4. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Acentuação
Observe atentamente os hábitos do Sueco. Considerando-se a norma culta da Língua Portuguesa e o uso dos
acentos ortográficos, assinale a alternativa em que há desvio a essas normas.
(A) O Sueco está tranqüilo, pois contratou uma empresa de mudanças.
(B) A empresa de mudanças teve dificuldade em embalar o micro-ondas.
(C) Como consequência, quebraram o eletrodoméstico.
(D) O Sueco reclamou sobre a infraestrutura da empresa de mudanças.
(E) A empresa marcou ao meio-dia, mas chegou quase duas horas depois.

5. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022


Assunto: Acentuação
Texto I
A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da casa de madeira. No quintal havia um lago de águas
represadas que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por sua vez desaguava no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazônicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e
guardava no armário de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refeições familiares.
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno por-
to da frente da casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao longo do rio, à espera de
carregamento. Ali ela se imaginava viajando num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores passantes em seus barquinhos motorizados
movidos à gasolina, pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas até o barulho delas
lhe encantava.
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar o jantar, antes que os carapanãs que costuma-
vam aparecer subitamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria logo com cachos de açaí
para serem debulhados e preparados no acompanhamento da refeição do dia seguinte.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento mais isso todo dia.
A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua natureza. E fazia massagem na barriga, no peito e
na boca da menina com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia e expelia pela boca dezenas de peixes sobre
o jirau. A mãe escolhia os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os restantes eram
jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam
rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pescadores da área. [...]

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(Fernando Canto)
No terceiro parágrafo, há algumas ocorrências do sinal indicativo de crase. De acordo com a Gramática Tradi-
cional, o “a” é sempre acentuado nas locuções de natureza adverbial formadas com palavra feminina, motivo
pelo qual a construção “à tarde” recebe o acento grave. Assinale a alternativa em que esse acento é empregado
por essa mesma razão.
(A) Todos passearam à vontade por toda a região.
(B) Entregou o material à recepcionista da empresa.
(C) Gosta de usar calça larga e chapéu à Napoleão.
(D) Normalmente, prestam obediência às leis.
(E) Você fez jus à nota da sua última avaliação.

6. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGURANÇA DO TRABALHO/2022


Assunto: Acentuação
Texto I
O conto do vigário (Joseli Dias)
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pe-
dro Lulu, boa vida cuja única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era tocar viola para
garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória
que fizesse, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qualquer para comprar alguma coisa.
Sempre vinha com uma conversa maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o que queria,
deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida,
para fazer uma nova por cima.
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas, ganhava roupas usadas dos amigos e juras de
amor de moças solteironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando o Padre Bastião chegou
por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo,
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimento e assentando tijolos da igreja em constru-
ção. Quando deu com Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verdadeira campanha con-
tra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo. Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis.
“Não tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar e a mendigar comida na mesa alheia”,
pregava o padre, diante do rebanho.
Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os almoços oferecidos foram escasseando e até mes-
mo nas rodas de cantoria era olhado de lado por alguns.
“Isso tem que acabar”, disse consigo.
Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessionário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre
o mais absoluto segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que não faria o mesmo diante
das maiores dificuldades, mas que vê-lo em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o
segredo adiante.
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa
figura contou que Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta que fez, não podia usufruir
de seus bens na capital, que somavam milhares de contos de réis. [...]
O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa alterou a acentuação de algumas palavras. No entanto, “réis”
conserva o acento que recebia em função de seu ditongo aberto. Dentre as palavras abaixo, assinale a que
apresenta, INDEVIDAMENTE, o acento gráfico.
(A) herói.
(B) céu.
(C) dói.
(D) véu.
(E) jibóia.

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7. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
Assunto: Acentuação
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson percebe ao longe a carcaça de um animal. Segue pela
estrada de terra batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como atalho pelos motoristas que
conhecem bem as imediações. Edgard fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto
ele se valem dos próprios sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem desses restos
não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu algumas criaturas nascerem mortas, outras, mor-
rerem horas depois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o
gado e principalmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr do
sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo.
De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que
faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros em outra direção, para a caveira de uma vaca
atirada no meio da estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura.
O couro foi levemente oxidado, consumido pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o corpo ao perceber uma colmeia presa às cos-
telas da vaca. Apanha um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sabendo que é perigoso.
Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua. Diferente do que
imaginou, não está podre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões do favo rompendo em
sua boca, algumas lascas muito finas que se prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel
nos dedos e os limpa no macacão.
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 71-72)
Alguns vocábulos deixaram de ser acentuados a partir do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
“Voo” e “colmeia” ilustram essa afirmação. Dentre as palavras abaixo, assinale a alternativa que apresenta a
única que ainda deve receber acento gráfico.
(A) leem.
(B) jiboia.
(C) feiura.
(D) herói.

8. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATIVO/2022


Assunto: Acentuação
É proibido chorar
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de
suportar as dores diárias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta.
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite,
o choro, já era o nosso grito de que não aceitaríamos tudo calados.
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva
de quem faz sofrer. Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito: são os quixotes da
periferia.
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no centro do esquecimento da humanidade, quer
seja artista (?), ou não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um castigo, não sei por que tem
tanta gente metida a besta só por conta disso.
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo atrás de sonhos e também me vejo neles, sou
um deles também, nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio quimeras. Vejo e me identi-
fico com a luta, outras vezes, observo-os em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos devem ter. E a única coisa da qual tenho
certeza e sei é sobre o que eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no centro da cidade, um
CD demo debaixo do braço, uns poemas numas folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de
pedreiro, boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa com as portas pesadas que cada
vez se fecham mais para a nossa gente, que nasce sem as chaves certas e programadas.
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a ousadia, a perseverança e a teimosia. [...]

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020,
p. 39-40)
Todos os vocábulos abaixo, retirados do texto, recebem o acento gráfico em razão da mesma regra de acentu-
ação, exceto.
(A) diárias.
(B) sobrevivência.
(C) geográfica.
(D) privilégio.

9. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Substantivo
Texto I
A Mulher do Vizinho
Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército morava
(ou mora), também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes
acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado
do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.
O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia.
O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de
grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a ordem recebida, compare-
ceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado
tinha a dizer-lhe o seguinte.
- O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu
falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país?
Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negó-
cio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui
fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro. dura lex! Seus filhos são uns moleques
e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar
gringos feito o senhor.
Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco
pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio.
- Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
- Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não e gringo nem meus
filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também
está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um
coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente.
- Da ativa, minha senhora?
E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado.
- Da ativa, Motinha! Sai dessa…
Fernando Sabino
Utilize o texto acima para responder a questão
As classes de palavras possuem formações sufixais. Retorne ao texto “A Mulher do vizinho” e observe a lista
das palavras abaixo em seu contexto. Assinale a alternativa que apresenta a única em que o sufixo “-ADO” é
formador de um substantivo.
(A) Reclinado.
(B) Delegado.
(C) Espantado.
(D) Desalentado.
(E) Descuidado.

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10. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022
Assunto: Substantivo
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Texto I
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que restavam na favela havia muito tempo já es-
tavam de pé. Era difícil continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam bem cedo para a
lavagem das roupas, para o apanho da água, para o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns
saíam para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no balcão do armazém de sô Ladislau,
[...]. As crianças maiores acordavam cedo também, trazendo nos
olhos e no estômago a desesperada expectativa. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns brigando
com a vida, dando socos no ar exigindo o peito da mãe ou a mamadeira completada com mais água sempre.
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168)
No contexto em que se encontram, os vocábulos destacados em “para a lavagem das roupas, para o apanho
da água, para o preparo das pobres marmitas” devem ser classificados, morfologicamente, como.
(A) verbos.
(B) adjetivos.
(C) pronomes.
(D) substantivos.
(E) advérbios.

11. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022


Assunto: Substantivo
Texto I
Inverno
A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas,
as coxas servindo de travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o resto do corpo le-
vantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.
Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho
do rio era como um trovão distante.
Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cin-
za caiu, um círculo de luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamente os pés do vaqueiro,
os joelhos da mulher e os meninos deitados. De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco
e apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam recebendo o ar que entrava pela rachadura das
paredes e pelas e gretas da janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono, arrepiavam-se,
tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente con-
versa eram frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As vezes uma interjeição gutural dava
energia ao discurso ambíguo. Na verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam exibindo
as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens sucediam-se, deformavam-se, se não havia meio de
dominá-las. Como os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência falando alto. [...]
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p. 63-64)
Em “Fabiano esfregou as mãos satisfeito” (3º§), o vocábulo destacado ilustra o seguinte emprego das classes
de palavras.
(A) a indicação do modo de realizar uma ação feita pelo advérbio.
(B) a representação de uma ideia abstrata feita pelo substantivo.
(C) a caracterização de um estado provisório feita por um adjetivo.
(D) uma qualidade própria às mãos atribuída pelo adjetivo.
(E) a nomeação de uma qualidade feita por um substantivo.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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12. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
Assunto: Adjetivo
Texto
Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me
acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de
dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe estendida no
chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gente toda que estava ali olhava para o quadro como se
estivesse em um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em sangue, e corri para beijá-la,
quando me pegaram pelo braço com força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fazer
nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então que todos saíssem, que só podia ficar ali a
polícia e mais ninguém.
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados. O criado, pálido,
contava que ainda dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para cima, vira meu pai com
o revólver na mão e minha mãe ensanguentada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
compreender.
(REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora, 2020.)
Na passagem “O criado, pálido, contava” (2º§), as vírgulas cumprem um papel importante em relação ao adje-
tivo “pálido” porque.
(A) indicam tratar-se de uma característica momentânea.
(B) revelam um traço intrínseco do personagem apresentado.
(C) expressam uma interlocução, um modo de chamar o outro.
(D) mostram o modo como a ação seria desenvolvida.
(E) indicam a reação do sujeito depois da ação de “contar”.

13. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais
O Sueco morou com os parentes desde pequeno. Entretanto passou a morar com a esposa. Há um padrão de
tempo verbal (pretérito perfeito) nessas duas orações.
Assinale a alternativa em que esse padrão se repete.
(A) O Sueco passava horas lendo.
(B) O Sueco estudou e lecionou português.
(C) O Sueco assistia vídeos em português.
(D) A casa do Sueco estava muito bem conservada.
(E) Na casa havia lustres de cristal.

14. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022


Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Texto I
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que restavam na favela havia muito tempo já es-
tavam de pé. Era difícil continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam bem cedo para a
lavagem das roupas, para o apanho da água, para o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns
saíam para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no balcão do armazém de sô Ladislau,
[...]. As crianças maiores acordavam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desesperada expecta-
tiva. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito
da mãe ou a mamadeira completada com mais água sempre.
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168)
Na última frase do texto, destaca-se a presença de verbos no gerúndio. Esse emprego indica ações que.
(A) se apresentam como possibilidades futuras.
(B) ocorreram, pontualmente, uma só vez no passado.
(C) foram interrompidas antes de serem concluídas.
(D) denotam o sentido imperativo comum aos pedidos.
(E) expressam continuidade em um período de tempo

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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15. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022
Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Texto II
ciclo vicioso
minha namorada sempre sonha que namora seu namorado antigo minha ex-namorada
sempre sonha que me namora e eu, desconfiado, tenho feito tudo para não sonhar...
(Cacaso, Poesia Completa, p.126) 8)
No poema, o emprego do verbo “sonha”, flexionado no presente do indicativo, expressa uma ação.
(A) de caráter repetitivo, habitual.
(B) que se refere a um fato futuro.
(C) ocorrida apenas no momento da fala.
(D) com sentido de possibilidade.
(E) de sentido imperativo, mas atenuada.

16. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022


Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais
Texto I
A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da casa de madeira. No quintal havia um lago de águas
represadas que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por sua vez desaguava no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazônicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e
guardava no armário de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refeições familiares.
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno por-
to da frente da casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao longo do rio, à espera de
carregamento. Ali ela se imaginava viajando num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores passantes em seus barquinhos motorizados
movidos à gasolina, pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas até o barulho delas
lhe encantava.
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar o jantar, antes que os carapanãs que costuma-
vam aparecer subitamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria logo com cachos de açaí
para serem debulhados e preparados no acompanhamento da refeição do dia seguinte.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento mais isso todo dia.
A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua natureza. E fazia massagem na barriga, no peito e
na boca da menina com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia e expelia pela boca dezenas de peixes sobre
o jirau. A mãe escolhia os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os restantes eram
jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam
rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pescadores da área. [...]
(Fernando Canto)
Ao longo do texto, é recorrente o emprego de verbos flexionados no pretérito imperfeito do modo Indicativo.
Considerando o contexto, pode-se compreender que esse emprego revela ações que.
(A) se limitam a uma ocorrência única num momento passado.
(B) marcadas pela incompletude, não foram plenamente realizadas.
(C) ocorrerão no futuro em diálogo com fatos ocorridos no passado.
(D) se repetem, sendo apresentadas como rotineiras ou habituais.
(E) remetem a fatos do universo fantástico, com caráter fabuloso.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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17. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson percebe ao longe a carcaça de um animal. Segue pela
estrada de terra batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como atalho pelos motoristas que
conhecem bem as imediações. Edgard fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto
ele se valem dos próprios sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem desses restos
não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu algumas criaturas nascerem mortas, outras, mor-
rerem horas depois. Sua consciência sobre o fim de todas
as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o gado e principalmente agora, ao recolher todas as espécies
em qualquer parte. Assim como não teme o pôr do sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Am-
bos ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo. De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível
de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros em outra direção, para a caveira de uma vaca
atirada no meio da estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura.
O couro foi levemente oxidado, consumido pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o corpo ao perceber uma colmeia presa às cos-
telas da vaca. Apanha um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sabendo que é perigoso.
Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua. Diferente do que
imaginou, não está podre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões do favo rompendo em
sua boca, algumas lascas muito finas que se prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel
nos dedos e os limpa no macacão.
Na oração “Edgard fora atraído para esse trecho”(1º§), a forma verbal destacada está flexionada no pretérito
mais-que-perfeito do modo indicativo. No contexto em que se encontra, constata-se que ela expressa uma
ação.
(A) futura que se relaciona com um fato do passado.
(B) hipotética que poderia ter ocorrido no passado.
(C) passada e anterior a outra ação também passada.
(D) incompleta porque interrompida num momento passado.

18. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022


Assunto: Conjugação. Reconhecimento e emprego dos modos e tempos verbais
Texto
Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me
acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de
dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe estendida no
chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gente toda que estava ali olhava para o quadro como se
estivesse em um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em sangue, e corri para beijá-la,
quando me pegaram pelo braço com força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fazer
nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então que todos saíssem, que só podia ficar ali a
polícia e mais ninguém.
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados. O criado, pálido,
contava que ainda dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para cima, vira meu pai com
o revólver na mão e minha mãe ensanguentada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
compreender.
(REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora, 2020.)
Em “como se estivesse em um espetáculo” (1º§), a ideia de incerteza, de possibilidade pode ser percebida pelo
emprego do verbo no modo subjuntivo. Assinale a alternativa em que se observa outro exemplo desse modo
verbal.
(A) Realmente faríamos o evento ontem à noite.
(B) É importante que eu esteja pronto para o projeto.
(C) Não era verdade o que ele acreditara.
(D) Leremos o documento, na reunião, ou não?

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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(E) Ficávamos atentos à mensagem transmitida.

19. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022


Assunto: Pronomes pessoais
Texto
Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me
acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de
dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe estendida no
chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gente toda que estava ali olhava para o quadro como se
estivesse em um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em sangue, e corri para beijá-la,
quando me pegaram pelo braço com força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fazer
nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então que todos saíssem, que só podia ficar ali a
polícia e mais ninguém.
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados. O criado, pálido,
contava que ainda dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para cima, vira meu pai com
o revólver na mão e minha mãe ensanguentada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
Em “quando pela manhã me acordei com um enorme barulho na casa toda.” (1º§), o pronome destacado faz
parte de uma construção que provoca certo estranhamento no leitor. Seu uso sugere um sentido.
(A) passivo.
(B) recíproco.
(C) reflexivo.
(D) indeterminado.
(E) interrogativo.

20. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGURANÇA DO TRABALHO/2022


Assunto: Pronomes demonstrativos
Texto I
O conto do vigário (Joseli Dias)
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pe-
dro Lulu, boa vida cuja única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era tocar viola para
garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória
que fizesse, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qualquer para comprar alguma coisa.
Sempre vinha com uma conversa maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o que queria,
deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida,
para fazer uma nova por cima.
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas, ganhava roupas usadas dos amigos e juras de
amor de moças solteironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando o Padre Bastião chegou
por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo,
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimento e assentando tijolos da igreja em constru-
ção. Quando deu com Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verdadeira campanha con-
tra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo. Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis.
“Não tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar e a mendigar comida na mesa alheia”,
pregava o padre, diante do rebanho.
Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os almoços oferecidos foram escasseando e até mes-
mo nas rodas de cantoria era olhado de lado por alguns.
“Isso tem que acabar”, disse consigo.
Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessionário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre
o mais absoluto segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que não faria o mesmo diante
das maiores dificuldades, mas que vê-lo em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o
segredo adiante.
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa
figura contou que Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta que fez, não podia usufruir
de seus bens na capital, que somavam milhares de contos de réis. [...]
Considere a passagem abaixo para responder à questão.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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“Ele mesmo dava exemplo, pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimento e assentando
tijolos da igreja em construção.”
Destaca-se, na passagem, o vocábulo “mesmo” que cumpre um papel de reforço em relação ao pronome “Ele”.
Entendendo “mesmo” também como pronome, deve ser classificado morfologicamente como.
(A) relativo.
(B) indefinido.
(C) demonstrativo.
(D) possessivo.
(E) interrogativo.

21. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022


Assunto: Pronomes demonstrativos
Texto I
Inverno
A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas,
as coxas servindo de travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o resto do corpo le-
vantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.
Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho
do rio era como um trovão distante.
Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cin-
za caiu, um círculo de luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamente os pés do vaqueiro,
os joelhos da mulher e os meninos deitados. De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco
e apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam recebendo o ar que entrava pela rachadura das
paredes e pelas e gretas da janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono, arrepiavam-se,
tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente con-
versa eram frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As vezes uma interjeição gutural dava
energia ao discurso ambíguo. Na verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam exibindo
as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens sucediam-se, deformavam-se, se não havia meio de
dominá-las. Como os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência falando alto. [...]
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p. 63-64)
Considerando-se o contexto, verifica-se que o pronome demonstrativo destacado em “De quando em quando
estes se mexiam, porque o lume era fraco e apenas aquecia pedaços deles.” (3º§), foi empregado em uma
referência.
(A) espacial, indicando a proximidade entre os personagens.
(B) espacial, indicando a proximidade do narrador.
(C) temporal, aproximando o leitor da ação descrita.
(D) textual, apontando uma ideia que ainda será apresentada.
(E) textual, retomando o último elemento de uma sequência.

22. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022


Assunto: Pronomes relativos
Texto
Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me
acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de
dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe estendida no
chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gente toda que estava ali olhava para o quadro como se
estivesse em um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em sangue, e corri para beijá-la,
quando me pegaram pelo braço com força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fazer
nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então que todos saíssem, que só podia ficar ali a
polícia e mais ninguém.
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados. O criado, pálido,
contava que ainda dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para cima, vira meu pai com
o revólver na mão e minha mãe ensanguentada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
compreender.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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(REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora, 2020.)
O pronome relativo destacado, em “Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre o fato eram
os mais variados.” (2º§), tem seu emprego em conformidade com a Norma Padrão. No entanto, comumente,
esse pronome é empregado de modo equivocado nos mais variados textos. Assinale a alternativa que apresen-
ta um exemplo desse equívoco.
(A) A adolescência é sempre aquela fase onde mudanças destacam-se.
(B) Levou-me até uma região onde todos se sentiam um pouco mais seguros.
(C) Faltam medidas suficientes para os moradores do bairro onde resido.
(D) Custaram a se lembrar da casa onde ficavam nas férias anuais.
(E) Deixaram as ferramentas na sala onde estávamos anteriormente.

23. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022


Assunto: Questões mescladas sobre pronomes
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson percebe ao longe a carcaça de um animal. Segue pela
estrada de terra batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como atalho pelos motoristas que
conhecem bem as imediações. Edgard fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto
ele se valem dos próprios sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem desses restos
não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu algumas criaturas nascerem mortas, outras, mor-
rerem horas depois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o
gado e principalmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr do
sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo.
De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que
faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros em outra direção, para a caveira de uma vaca
atirada no meio da estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura.
O couro foi levemente oxidado, consumido pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o corpo ao perceber uma colmeia presa às cos-
telas da vaca. Apanha um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sabendo que é perigoso.
Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua. Diferente do que
imaginou, não está podre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões do favo rompendo em
sua boca, algumas lascas muito finas que se prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel
nos dedos e os limpa no macacão.
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 71-72)
Sabendo que a classe gramatical de uma palavra deve considerar o contexto em que ela se encontra, na frase
“Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard.”(1º§), os vocábulos destacados são
classificados, respectivamente, como.
(A) pronome oblíquo e pronome oblíquo.
(B) pronome oblíquo e pronome demonstrativo.
(C) pronome demonstrativo e artigo definido.
(D) artigo definido e pronome oblíquo.

24. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022


Assunto: Questões mescladas sobre pronomes
Considere o texto a seguir para responder a questão.
Texto II
Assunto: Debates sobre o Plano Nacional da Pessoa com Deficiência.
Senhor Ministro,
Tenho a honra de convidar Vossa Excelência a participar do lançamento do Ciclo de Debates sobre a Execução
do Plano Nacional da Pessoa com Deficiência, a ser realizado em 15 de março de 2018, às 9 horas, no Auditório
da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), no Setor de Áreas Isoladas Sul, em Brasília. O debate
inicial faz parte de uma sequência de cinco encontros, com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento das

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diversas ações contidas no referido Plano.
Atenciosamente, (espaço para assinatura)
[NOME DO SIGNATÁRIO]
[Ministro de Estado]
Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/centrodeestudos/assuntos/manual-de-redacao-da-presidencia-da-
-republica/manual-de-redacao.pdf.Adaptado Acesso em 14/05/2022)
O texto anterior é parte de um ofício, um dos exemplos de correspondência oficiais. Trata-se de um documento
enviado a um Ministro de Estado. Em relação aos pronomes de tratamento empregados, é correto afirmar que.
(A) as formas de tratamento diferenciadas relacionam-se com os momentos distintos em que foram emprega-
das no texto.
(B) o uso da forma “Senhor Ministro” é equivocada, pois indica um registro bastante informal para referir-se a
um ministro.
(C) o pronome “Vossa Excelência” poderia ser substituído por “Sua Excelência” a fim de reforçar a impessoa-
lidade.
(D) o redator poderia ter empregado “Vossa Excelência” no vocativo e a forma abreviada deste pronome no
corpo do texto.
(E) a substituição, no vocativo, de “Senhor” por “Excelentíssimo” é uma escolha estilística possível ao redator.

25. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022


Assunto: Advérbio
Utilize o texto abaixo para responder a questão
Texto III
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que inclui a proteção de dados pessoais como direito fundamental
do cidadão, aprovada pelo Senado nesta semana, é extremamente relevante para os dias de hoje, de acordo
com o professor da Singularity University e especialista em digital, Ricardo Cavallini.
Em entrevista à CNN, ele afirmou que o conceito de privacidade mudou muito. “No mundo conectado, tudo é
gravado, ninguém mais será anônimo, não tem mais escolha, a cada milissegundo tem alguém capturando
dados sobre a gente, com quem fala, onde está, por onde passa”, explicou.
(Matéria publicada em 22/10/2021. Disponível em. https.//www.cnnbrasil. com.br/business/privacidade-e-prote-
cao-de-dados-hoje-sao-sinonimo-deliberdade- diz-especialista/Acesso em 07/12/2021)
Em todas as passagens abaixo, retiradas do texto, destacam-se termos ou expressões de caráter adverbial,
EXCETO em.
(A) “aprovada pelo Senado nesta semana” .
(B) “é extremamente relevante para os dias de hoje” .
(C) “o conceito de privacidade mudou muito” .
(D) “No mundo conectado, tudo é gravado” .
(E) “com quem fala, onde está,” .

26. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022


Assunto: Preposição
Texto I
A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da casa de madeiraa. No quintal havia um lago de
águas represadas que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por sua vezb desaguava
no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazônicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e
guardava no armário de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refeições familiares.
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno por-
to da frente da casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao longo do rio, à espera de
carregamento. Ali ela se imaginava viajando num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores passantes em seus barquinhos motorizados
movidos à gasolina, pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas até o barulho delas
lhe encantava.
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar o jantarc, antes que os carapanãs que costu-

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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mavam aparecer subitamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria logo com cachos de
açaí para serem debulhadosd e preparados no acompanhamento da refeição do dia seguinte.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento mais isso todo dia.
A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua natureza. E fazia massagem na barriga, no peito e
na boca da menina com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia e expelia pela boca dezenas de peixes sobre
o jirau. A mãe escolhia os maiores, descamava-os com rapidez e os fritavae para o jantar. Os restantes eram
jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam
rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pescadores da área. [...]
(Fernando Canto)
As preposições, ainda que contraídas, podem introduzir locuções que conferem características a um substan-
tivo, delimitando-o. Assinale a alternativa que apresenta o fragmento em que se destaca uma preposição ou
contração que cumpra essa função.
(A) “para o fundo da casa de madeira”.
(B) “formando um córrego que por sua vez” .
(C) “Era hora de preparar o jantar”.
(D) “cachos de açaí para serem debulhados”
(E) “descamava-os com rapidez e os fritava” .

27. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022


Assunto: Conjunção
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson percebe ao longe a carcaça de um animal. Segue pela
estrada de terra batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como atalho pelos motoristas que
conhecem bem as imediações. Edgard fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto
ele se valem dos próprios sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem desses restos
não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu algumas criaturas nascerem mortas, outras, mor-
rerem horas depois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o
gado e principalmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr do
sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo.
De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que
faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros em outra direção, para a caveira de uma vaca
atirada no meio da estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura.
O couro foi levemente oxidado, consumido pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o corpo ao perceber uma colmeia presa às cos-
telas da vaca. Apanha um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sabendo que é perigoso.
Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua. Diferente do que
imaginou, não está podre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões do favo rompendo em
sua boca, algumas lascas muito finas que se prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel
nos dedos e os limpa no macacão.
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 71-72)
Em “Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o gado”(2º§), o conec-
tivo destacado possui um valor semântico. Assinale a alternativa em que foi empregado com sentido diferente
desse identificado no trecho.
(A) O evento ocorrerá desde que todos ajudem.
(B) Desde que você saiu, comecei a estudar.
(C) Moro na mesma casa desde que nasci.
(D) Desde que acordei, não levantei da cama.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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28. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATIVO/2022
Assunto: Conjunção
É proibido chorar
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de
suportar as dores diárias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta.
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite,
o choro, já era o nosso grito de que não aceitaríamos tudo calados.
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva
de quem faz sofrer. Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito: são os quixotes da
periferia.
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no centro do esquecimento da humanidade, quer
seja artista (?), ou não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um castigo, não sei por que tem
tanta gente metida a besta só por conta disso.
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo atrás de sonhos e também me vejo neles, sou
um deles também, nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio quimeras. Vejo e me identi-
fico com a luta, outras vezes, observo-os em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos devem ter. E a única coisa da qual tenho
certeza e sei é sobre o que eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no centro da cidade, um
CD demo debaixo do braço, uns poemas numas folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de
pedreiro, boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa com as portas pesadas que cada
vez se fecham mais para a nossa gente, que nasce sem as chaves certas e programadas.
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a ousadia, a perseverança e a teimosia. [...]
Em “Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva de quem faz sofrer.” (4º§), a vírgula separa duas ideias que se
relacionam sem uma conjunção explícita. Caso fosse explicitada, não haveria alteração de sentido com a pre-
sença do seguinte conectivo.
(A) mas também.
(B) portanto.
(C) porque.
(D) mas.

29. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022


Assunto: Conjunção
Texto I
Inverno
A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas,
as coxas servindo de travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o resto do corpo le-
vantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.
Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho
do rio era como um trovão distante.
Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cin-
za caiu, um círculo de luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamente os pés do vaqueiro,
os joelhos da mulher e os meninos deitados. De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco
e apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam recebendo o ar que entrava pela rachadura das
paredes e pelas e gretas da janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono, arrepiavam-se,
tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente con-
versa eram frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As vezes uma interjeição gutural dava
energia ao discurso ambíguo. Na verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam exibindo
as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens sucediam-se, deformavam-se, se não havia meio de
dominá-las. Como os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência falando alto. [...]
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p. 63-64)
No período composto “Como recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência falando
alto.” (3º8), a conjunção que o introduz é essencial para a produção de sentido. Considerando seu emprego
contextual, percebe-se que apresenta valor.
(A) causal.
(B) conformativo.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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(C) consecutivo.
(D) comparativo.
(E) condicional.

30. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022


Assunto: Questões Variadas de Classe de Palavras
A Lição da Borboleta
Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um homem sentou e observou a borboleta por várias
horas, enquanto ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então, pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que
podia e não conseguia ir além.
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então
saiu facilmente. Mas seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O homem continuou a
observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem
para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. Nada aconteceu!
Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela
nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia, era que
o casulo apertado e o esforço da borboleta para passar através da pequena abertura eram necessários para
que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que ela estaria pronta para voar, uma vez que
estivesse livre do casulo. Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida. Se vivêsse-
mos sem quaisquer obstáculos, não seriamos tão fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno
desafio, pois só assim voar será realmente possível.
Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido.
Pode-se afirmar que as palavras são categorizadas em classes (classes de palavras ou classes gramaticais).
Essa categorização depende da sua natureza e da sua função gramatical. Existem dez classes de palavras em
português. substantivos, adjetivos, artigos, numerais, pronomes e etc. Considerando-se o trecho. “ele pegou
uma tesoura e cortou o (...) casulo”. Leia atentamente as assercões abaixo e assinale a única aternativa em que
todas as classificações estão corretas.
I. A palavra “ele” é um pronome, mais especificamente, corresponde a terceira pessoa do singular.
II. “pegou” é um verbo e está conjugado no pretérito imperfeito.
III. Pode-se classificar “uma” como um artigo indefinido.
IV. A palavra “tesoura” é um substantivo abstrato.
V. Pode-se afirmar que “e” é uma conjunção.
VI. “cortou’ também é um verbo e também está conjugado no pretérito imperfeito.
VII. Pode-se afirmar que “o” é um artigo definido masculino.
VIII. A palavra “casulo” é um advérbio de modo.
(A) As asserções I, III, V e VII apenas.
(B) As asserções II, IV, VI e VIII apenas.
(C) As asserções I, II, III e IV apenas.
(D) As asserções V, VI, VII e VIII apenas.

31. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Sinônimos e Antônimos
Texto I
A Mulher do Vizinho
Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército morava
(ou mora), também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes
acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado
do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.
O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia.
O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de
grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a ordem recebida, compare-
ceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado
tinha a dizer-lhe o seguinte.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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- O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu
falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país?
Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negó-
cio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui
fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro. dura lex! Seus filhos são uns moleques
e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar
gringos feito o senhor.
Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco
pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio.
- Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
- Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não e gringo nem meus
filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também
está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um
coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente.
- Da ativa, minha senhora?
E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado.
- Da ativa, Motinha! Sai dessa…
Fernando Sabino
Utilize o texto acima para responder a questão
Sabe-se que a língua é viva, frequentemente, palavras são incorporadas a ela e, consequentemente, outras
caem em desuso. No trecho “(...) outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai todo mun-
do em cana. Morou?” Assinale a alternatia correta que apresenta o sinônimo da expressão morou .
(A) Desconheceu.
(B) Despercebeu.
(C) Ignorou.
(D) Compreendeu.
(E) Viveu.

32. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022


Assunto: Frase, oração e período
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson percebe ao longe a carcaça de um animal. Segue pela
estrada de terra batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como atalho pelos motoristas que
conhecem bem as imediações. Edgard fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto
ele se valem dos próprios sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem desses restos
não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu algumas criaturas nascerem mortas, outras, mor-
rerem horas depois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o
gado e principalmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr do
sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo.
De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que
faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros em outra direção, para a caveira de uma vaca
atirada no meio da estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura.
O couro foi levemente oxidado, consumido pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o corpo ao perceber uma colmeia presa às cos-
telas da vaca. Apanha um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sabendo que é perigoso.
Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua. Diferente do que
imaginou, não está podre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões do favo rompendo em
sua boca, algumas lascas muito finas que se prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel
nos dedos e os limpa no macacão.
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 71-72)

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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“Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua.”(3º§)
O ritmo de um texto é construído também por meio de sua estrutura sintática. Na passagem acima, percebe-se
que o dinamismo com que os fatos foram apresentados deve-se.
(A) à recorrência de orações subordinadas substantivas e adjetivas.
(B) ao excesso de orações coordenadas sindéticas e assindéticas.
(C) ao predomínio de períodos simples e presença de orações coordenadas.
(D) à presença reiterada de orações subordinadas adverbiais.

33. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Sujeito
Texto I
A Mulher do Vizinho
Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército morava
(ou mora), também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes
acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado
do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.
O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia.
O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de
grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a ordem recebida, compare-
ceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado
tinha a dizer-lhe o seguinte.
- O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu
falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país?
Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negó-
cio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui
fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro. dura lex! Seus filhos são uns moleques
e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar
gringos feito o senhor.
Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco
pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio.
- Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
- Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não e gringo nem meus
filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também
está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um
coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente.
- Da ativa, minha senhora?
E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado.
- Da ativa, Motinha! Sai dessa…
Fernando Sabino
Utilize o texto acima para responder a questão
Atente-se ao início do texto, mais especificamente, à expressão. “Contaram-me que na rua onde mora (...)”,
nessa passagem manifesta-se um sentido indeterminado do agente. Assinale a alternativa que apresenta esse
agente indeterminante.
(A) na rua.
(B) onde.
(C) Contaram-me.
(D) mora.
(E) me.

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34. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022
Assunto: Sujeito
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Texto I
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que restavam na favela havia muito tempo já es-
tavam de pé. Era difícil continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam bem cedo para a
lavagem das roupas, para o apanho da água, para o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns
saíam para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no balcão do armazém de sô Ladislau,
[...]. As crianças maiores acordavam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desesperada expecta-
tiva. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito
da mãe ou a mamadeira completada com mais água sempre.
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168)
No texto, os vocábulos “Uns” e “Outros” relacionam-se entre si por meio de uma estrutura de paralelismo. Po-
de-se afirmar que, sintaticamente, exercem a função de.
(A) objeto direto.
(B) sujeito simples.
(C) adjunto adnominal.
(D) objeto indireto.
(E) predicativo do sujeito.

35. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022


Assunto: Sujeito
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson percebe ao longe a carcaça de um animal. Segue pela
estrada de terra batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como atalho pelos motoristas que
conhecem bem as imediações. Edgard fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto
ele se valem dos próprios sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem desses restos
não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu algumas criaturas nascerem mortas, outras, mor-
rerem horas depois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o
gado e principalmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr do
sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo.
De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que
faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros em outra direção, para a caveira de uma vaca
atirada no meio da estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura.
O couro foi levemente oxidado, consumido pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o corpo ao perceber uma colmeia presa às cos-
telas da vaca. Apanha um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sabendo que é perigoso.
Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua. Diferente do que
imaginou, não está podre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões do favo rompendo em
sua boca, algumas lascas muito finas que se prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel
nos dedos e os limpa no macacão.
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 71-72)
“Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua.”(3º§)
Considerando a transitividade dos verbos presentes na passagem acima, é correto afirmar que todos os termos
abaixo exercem a função de complemento verbal, exceto.
(A) “Nada”.
(B) “abelhas”.
(C) “a mão”.
(D) “um favo de mel”.

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36. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATIVO/2022
Assunto: Sujeito
É proibido chorar
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de
suportar as dores diárias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta.
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite,
o choro, já era o nosso grito de que não aceitaríamos tudo calados.
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva
de quem faz sofrer. Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito: são os quixotes da
periferia.
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no centro do esquecimento da humanidade, quer
seja artista (?), ou não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um castigo, não sei por que tem
tanta gente metida a besta só por conta disso.
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo atrás de sonhos e também me vejo neles, sou
um deles também, nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio quimeras. Vejo e me identi-
fico com a luta, outras vezes, observo-os em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos devem ter. E a única coisa da qual tenho
certeza e sei é sobre o que eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no centro da cidade, um
CD demo debaixo do braço, uns poemas numas folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de
pedreiro, boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa com as portas pesadas que cada
vez se fecham mais para a nossa gente, que nasce sem as chaves certas e programadas.
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a ousadia, a perseverança e a teimosia. [...]
(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020,
p. 39-40)
Na seguinte sequência de orações “Vejo e me identifico com a luta, outras vezes, observo-os em silêncio e
penso”(7º§), repete-se um tipo de sujeito que.
(A) possui um caráter de indeterminação do agente.
(B) deve ser identificado pela desinência verbal.
(C) sofre as ações e classifica-se como passivo.
(D) pode ser entendido como inexistente.

37. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGURANÇA DO TRABALHO/2022


Assunto: Predicado
Texto I
O conto do vigário (Joseli Dias)
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pe-
dro Lulu, boa vida cuja única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era tocar viola para
garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória
que fizesse, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qualquer para comprar alguma coisa.
Sempre vinha com uma conversa maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o que queria,
deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida,
para fazer uma nova por cima.
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas, ganhava roupas usadas dos amigos e juras de
amor de moças solteironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando o Padre Bastião chegou
por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo,
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimento e assentando tijolos da igreja em constru-
ção. Quando deu com Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verdadeira campanha con-
tra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo. Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis.
“Não tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar e a mendigar comida na mesa alheia”,
pregava o padre, diante do rebanho.
Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os almoços oferecidos foram escasseando e até mes-
mo nas rodas de cantoria era olhado de lado por alguns.
“Isso tem que acabar”, disse consigo.
Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessionário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre
o mais absoluto segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que não faria o mesmo diante

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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das maiores dificuldades, mas que vê-lo em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o
segredo adiante.
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa
figura contou que Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta que fez, não podia usufruir
de seus bens na capital, que somavam milhares de contos de réis. [...]
O adjunto adverbial “relativamente” reposiciona a caracterização da vida de Pedro Lulu visto que está, direta e
sintaticamente, relacionado com o seguinte elemento.
(A) verbo de ligação.
(B) sujeito simples.
(C) predicativo do sujeito.
(D) adjunto adnominal.
(E) objeto direto.

38. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022


Assunto: Termos acessórios (adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto). Vocativo
Texto
Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me
acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de
dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe estendida no
chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gente toda que estava ali olhava para o quadro como se
estivesse em um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em sangue, e corri para beijá-la,
quando me pegaram pelo braço com força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fazer
nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então que todos saíssem, que só podia ficar ali a
polícia e mais ninguém.
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados. O criado, pálido,
contava que ainda dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para cima, vira meu pai com
o revólver na mão e minha mãe ensanguentada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
compreender.
(REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora, 2020.)
O vocábulo “todo”, flexionado ou não, é empregado de forma recorrente no primeiro parágrafo do texto. Assina-
le a alternativa em que ele possui um caráter adverbial.
(A) “com um enorme barulho na casa toda”.
(B) “gente correndo para todos os cantos”.
(C) “a gente toda que estava ali”.
(D) “minha mãe estava toda banhada em sangue”.
(E) “mandou então que todos saíssem”.

39. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022


Assunto: Orações subordinadas substantivas
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Texto II
ciclo vicioso
minha namorada sempre sonha que namora seu namorado antigo minha ex-namorada
sempre sonha que me namora e eu, desconfiado, tenho feito tudo para não sonhar...
(Cacaso, Poesia Completa, p.126) 8)
O “ciclo vicioso”, indicado no título, é estruturado, nos três primeiros versos, por meio do encadeamento de
orações principais e.
(A) coordenadas sindéticas.
(B) subordinadas adverbiais.
(C) subordinadas substantivas.
(D) subordinadas adjetivas.
(E) coordenadas assindéticas.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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40. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022
Assunto: Orações subordinadas adjetivas
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Texto I
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que restavam na favela havia muito tempo já es-
tavam de pé. Era difícil continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam bem cedo para a
lavagem das roupas, para o apanho da água, para o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns
saíam para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no balcão do armazém de sô Ladislau,
[...]. As crianças maiores acordavam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desesperada expecta-
tiva. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito
da mãe ou a mamadeira completada com mais água sempre.
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168)
Em “todas as famílias que restavam na favela”, a oração destacada caracteriza o substantivo “família” cumprin-
do um papel.
(A) restritivo.
(B) elogioso.
(C) ofensivo.
(D) aumentativo.
(E) irônico.

41. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022


Assunto: Orações subordinadas adjetivas
Texto I
A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da casa de madeira. No quintal havia um lago de águas
represadas que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por sua vez desaguava no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazônicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e
guardava no armário de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refeições familiares.
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno por-
to da frente da casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao longo do rio, à espera de
carregamento. Ali ela se imaginava viajando num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores passantes em seus barquinhos motorizados
movidos à gasolina, pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas até o barulho delas
lhe encantava.
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar o jantar, antes que os carapanãs que costuma-
vam aparecer subitamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria logo com cachos de açaí
para serem debulhados e preparados no acompanhamento da refeição do dia seguinte.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento mais isso todo dia.
A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua natureza. E fazia massagem na barriga, no peito e
na boca da menina com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia e expelia pela boca dezenas de peixes sobre
o jirau. A mãe escolhia os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os restantes eram
jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam
rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pescadores da área. [...]
(Fernando Canto)
A estrutura oracional presente no título é reiterada duas vezes no primeiro parágrafo do texto. Trata-se de um
tipo de oração que cumpre o papel de.
(A) explicitar uma circunstância em relação ao verbo.
(B) complementar o verbo da oração principal.
(C) caracterizar o substantivo a que se refere.
(D) indicar uma concessão em relação ao referente.
(E) reiterar o significado introduzido pela conjunção.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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42. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGURANÇA DO TRABALHO/2022
Assunto: Orações reduzidas
Texto I
O conto do vigário (Joseli Dias)
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pe-
dro Lulu, boa vida cuja única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era tocar viola para
garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória
que fizesse, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qualquer para comprar alguma coisa.
Sempre vinha com uma conversa maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o que queria,
deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida,
para fazer uma nova por cima.
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas, ganhava roupas usadas dos amigos e juras de
amor de moças solteironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando o Padre Bastião chegou
por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo,
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimento e assentando tijolos da igreja em constru-
ção. Quando deu com Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verdadeira campanha con-
tra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo. Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis.
“Não tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar e a mendigar comida na mesa alheia”,
pregava o padre, diante do rebanho.
Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os almoços oferecidos foram escasseando e até mes-
mo nas rodas de cantoria era olhado de lado por alguns.
“Isso tem que acabar”, disse consigo.
Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessionário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre
o mais absoluto segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que não faria o mesmo diante
das maiores dificuldades, mas que vê-lo em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o
segredo adiante.
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa
figura contou que Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta que fez, não podia usufruir
de seus bens na capital, que somavam milhares de contos de réis. [...]
Considere a passagem abaixo para responder à questão.
“Ele mesmo dava exemplo, pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimento e assentando
tijolos da igreja em construção.”
As três últimas orações do período composto acima conservam, em sua estrutura, um traço comum que nos
permite classificá-las como.
(A) reduzidas.
(B) substantivas.
(C) adjetivas.
(D) assindéticas.
(E) justapostas.

43. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATIVO/2022


Assunto: Função sintática dos pronomes pessoais átonos
Separação (fragmento)
Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável.
No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela
cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso,
onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não
deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.
(MORAES, Vinicius de. Para viver um grande amor. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 24)
Os pronomes oblíquos átonos são largamente empregado no texto em análise. Considerando o contexto em
que se encontram e a prescrição gramatical, indique, dentre as alternativas abaixo, um exemplo desse tipo de
pronome na função de objeto indireto.
(A) “mirou-a”.
(B) “como a pedir-lhe”.
(C) “preferia não tê-lo”.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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(D) “Ela o olhava”.

44. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022


Assunto: Questões mescladas de sintaxe
A Lição da Borboleta
Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um homem sentou e observou a borboleta por várias
horas, enquanto ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então, pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que
podia e não conseguia ir além.
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então
saiu facilmente. Mas seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O homem continuou a
observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem
para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. Nada aconteceu!
Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela
nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia, era que
o casulo apertado e o esforço da borboleta para passar através da pequena abertura eram necessários para
que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que ela estaria pronta para voar, uma vez que
estivesse livre do casulo.
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida. Se vivêssemos sem quaisquer obs-
táculos, não seriamos tão fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno desafio, pois só assim
voar será realmente possível.
Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido.
Analise atentamente a seguinte estrutura. (...) “Ela nunca foi capaz de voar” (...). Efetue a análise sintática da
estrutura mencionada e assinale a alternativa correta.
(A) O pronome “ela” é o sujeito da oração e está se referindo a borboleta.
(B) “foi” é o verbo da estrutura e está conjugado no pretérito mais-que-perfeito.
(C) “capaz de voar” é o predicado.
(D) “de voar” é o objeto direto.

45. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022


Assunto: Questões mescladas de sintaxe
Texto I
A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da casa de madeira. No quintal havia um lago de águas
represadas que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por sua vez desaguava no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazônicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e
guardava no armário de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refeições familiares.
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno por-
to da frente da casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao longo do rio, à espera de
carregamento. Ali ela se imaginava viajando num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores passantes em seus barquinhos motorizados
movidos à gasolina, pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas até o barulho delas
lhe encantava.
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar o jantar, antes que os carapanãs que costuma-
vam aparecer subitamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria logo com cachos de açaí
para serem debulhados e preparados no acompanhamento da refeição do dia seguinte.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento mais isso todo dia.
A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua natureza. E fazia massagem na barriga, no peito e
na boca da menina com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia e expelia pela boca dezenas de peixes sobre
o jirau. A mãe escolhia os maioresa, descamava-os com rapidezb e os fritava para o jantarc. Os restantes eram
jogadosd ainda vivos no pequeno igarapé atrás da casa. Eram de várias espéciese e se reproduziam e cres-
ciam rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pescadores da área. [...]
(Fernando Canto)

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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Para construir as relações sintáticas e de sentido no último parágrafo, o vocábulo “peixes” foi empregado várias
vezes de modo implícito. Caso fosse explicitado nas passagens abaixo, assinale a alternativa em que se aponta
sua classificação sintática correta.
(A) “A mãe escolhia os maiores” – predicativo do objeto.
(B) “descamava-os com rapidez” – objeto indireto.
(C) “e os fritava para o jantar” – complemento nominal.
(D) “Os restantes eram jogados” – predicativo do sujeito.
(E) “Eram de várias espécies” –núcleo do sujeito.

46. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATIVO/2022


Assunto: Questões mescladas de sintaxe
É proibido chorar
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de
suportar as dores diárias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta.
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite,
o choro, já era o nosso grito de que não aceitaríamos tudo calados.
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva
de quem faz sofrer. Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito: são os quixotes da
periferia.
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no centro do esquecimento da humanidade, quer
seja artista (?), ou não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um castigo, não sei por que tem
tanta gente metida a besta só por conta disso.
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo atrás de sonhos e também me vejo neles, sou
um deles também, nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio quimeras. Vejo e me identi-
fico com a luta, outras vezes, observo-os em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos devem ter. E a única coisa da qual tenho
certeza e sei é sobre o que eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no centro da cidade, um
CD demo debaixo do braço, uns poemas numas folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de
pedreiro, boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa com as portas pesadas que cada
vez se fecham mais para a nossa gente, que nasce sem as chaves certas e programadas.
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a ousadia, a perseverança e a teimosia. [...]
(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020,
p. 39-40)
O título do texto possui um caráter imperativo. Considerando sua estrutura sintática, pode-se afirmar que.
(A) a primeira oração apresenta um verbo transitivo.
(B) o sentido impositivo é apresentado por um substantivo.
(C) a segunda oração exerce a função de sujeito da primeira.
(D) o verbo da primeira oração não está flexionado.

47. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
De acordo com as regras normativas pertinentes à Língua Portuguesa do Brasil, observe a explicação dada
sobre uma das pontuações utilizadas na representação do discurso.
_________representa uma maior pausa do que a marcada pela vírgula, comumente utilizada. Seu uso ocorre
para separar orações coordenadas quanto muito longas. Sua função é a de conceder clareza em uma frase,
principalmente a fim de organizar os itens apresentados.
Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
(A) Ponto e vírgula.
(B) Ponto final.
(C) Trema.
(D) Dois pontos.
(E) Hífen.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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48. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Texto I
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que restavam na favela havia muito tempo já es-
tavam de pé. Era difícil continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam bem cedo para a
lavagem das roupas, para o apanho da água, para o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns
saíam para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no balcão do armazém de sô Ladislau,
[...]. As crianças maiores acordavam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desesperada expecta-
tiva. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito
da mãe ou a mamadeira completada com mais água sempre.
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168)
Na passagem “Outros, em busca do primeiro gole de cachaça”, o emprego da vírgula é justificado em função.
(A) da presença de uma enumeração.
(B) de isolar um aposto explicativo.
(C) da elipse de um termo.
(D) de acompanhar um vocativo.
(E) da presença de um termo no plural.

49. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022


Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Texto I
Inverno
A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas,
as coxas servindo de travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o resto do corpo le-
vantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.
Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho
do rio era como um trovão distante.
Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cin-
za caiu, um círculo de luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamente os pés do vaqueiro,
os joelhos da mulher e os meninos deitados. De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco
e apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam recebendo o ar que entrava pela rachadura das
paredes e pelas e gretas da janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono, arrepiavam-se,
tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente con-
versa eram frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As vezes uma interjeição gutural dava
energia ao discurso ambíguo. Na verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam exibindo
as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens sucediam-se, deformavam-se, se não havia meio de
dominá-las. Como os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência falando alto. [...]
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p. 63-64)
No último parágrafo do texto, ao observar o emprego de dois-pontos, percebe-se que esse sinal de pontuação
foi usado para.
(A) mostrar a consequência do que se afirmou.
(B) marcar enunciados de diálogo.
(C) representar a reprodução de citações.
(D) Indicar um esclarecimento.
(E) sinalizar a omissão de termos.

50. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022


Assunto: Regência Nominal e Verbal (casos gerais)
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson percebe ao longe a carcaça de um animal. Segue pela
estrada de terra batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como atalho pelos motoristas que
conhecem bem as imediações. Edgard fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto
ele se valem dos próprios sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem desses restos

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu algumas criaturas nascerem mortas, outras, mor-
rerem horas depois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o
gado e principalmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr do
sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo.
De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que
faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros em outra direção, para a caveira de uma vaca
atirada no meio da estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura.
O couro foi levemente oxidado, consumido pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o corpo ao perceber uma colmeia presa às cos-
telas da vaca. Apanha um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sabendo que é perigoso.
Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua. Diferente do que
imaginou, não está podre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões do favo rompendo em
sua boca, algumas lascas muito finas que se prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel
nos dedos e os limpa no macacão.
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 71-72)
No terceiro parágrafo, há uma construção linguística incomum em “Distrai-se dos voos dos abutres”. Tal estra-
nhamento deve-se a uma alteração de regência e sugere o sentido de que Edgar Wilson.
(A) deixou de prestar atenção nos voos dos abutres.
(B) continuou encantado com os voos dos abutres.
(C) passou a seguir, com cautela, os voos dos abutres.
(D) comprometeu-se com os voos dos abutres.

51. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATIVO/2022


Assunto: Regência Nominal e Verbal (casos gerais)
É proibido chorar
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de
suportar as dores diárias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta.
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite,
o choro, já era o nosso grito de que não aceitaríamos tudo calados.
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva
de quem faz sofrer. Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito: são os quixotes da
periferia.
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no centro do esquecimento da humanidade, quer
seja artista (?), ou não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um castigo, não sei por que tem
tanta gente metida a besta só por conta disso.
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo atrás de sonhos e também me vejo neles, sou
um deles também, nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio quimeras. Vejo e me identi-
fico com a luta, outras vezes, observo-os em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos devem ter. E a única coisa da qual tenho
certeza e sei é sobre o que eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no centro da cidade, um
CD demo debaixo do braço, uns poemas numas folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de
pedreiro, boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa com as portas pesadas que cada
vez se fecham mais para a nossa gente, que nasce sem as chaves certas e programadas.
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a ousadia, a perseverança e a teimosia. [...]
(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020,
p. 39-40)
Na construção “Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades” (1º§), a preposição destacada
precede o pronome relativo por uma questão de regência. Assinale a alternativa em que há o emprego incorreto
da preposição nesse contexto.
(A) Encontrei o ingrediente de que falara.
(B) O apartamento em que moro foi reformado.
(C) O material de que precisamos esgotou-se.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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(D) Vejamos o aluno em quem dei o livro.

52. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Concordância (Verbal e Nominal)
A concordância nominal estabelece uma relação entre o gênero e número do substantivo com os demais ele-
mentos da sentença. Observe o fragmento do texto a seguir.
A esposa do Sueco_________havia saído do salão de beleza com_________dores de cabeça._________, já
as tivera anteriormente.
Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas. Atente ao uso da concordância no-
minal.
(A) mal – bastante – As mesmas.
(B) mal – bastantes – Às mesmas.
(C) mal – bastantes – As mesmas.
(D) mau – bastante – As mesmas.
(E) mau – bastantes – A mesma.

53. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022


Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
Texto I
A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da casa de madeira. No quintal havia um lago de águas
represadas que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por sua vez desaguava no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazônicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e
guardava no armário de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refeições familiares.
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno por-
to da frente da casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao longo do rio, à espera de
carregamento. Ali ela se imaginava viajando num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores passantes em seus barquinhos motorizados
movidos à gasolina, pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas até o barulho delas
lhe encantava.
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar o jantar, antes que os carapanãs que costuma-
vam aparecer subitamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria logo com cachos de açaí
para serem debulhados e preparados no acompanhamento da refeição do dia seguinte.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento mais isso todo dia.
A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua natureza. E fazia massagem na barriga, no peito e
na boca da menina com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia e expelia pela boca dezenas de peixes sobre
o jirau. A mãe escolhia os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os restantes eram
jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam
rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pescadores da área. [...]
(Fernando Canto)
A palavra “barrigudinha”, que introduz o segundo parágrafo, refere-se não só a personagem, mas a tantas ou-
tras crianças da região. Essa interpretação é possível, no texto, em função do emprego de uma estrutura.
(A) concessiva.
(B) conformativa.
(C) conclusiva.
(D) explicativa.
(E) comparativa.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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54. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson percebe ao longe a carcaça de um animal. Segue pela
estrada de terra batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como atalho pelos motoristas que
conhecem bem as imediações. Edgard fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto
ele se valem dos próprios sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem desses restos
não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu algumas criaturas nascerem mortas, outras, mor-
rerem horas depois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o
gado e principalmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr do
sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo.
De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que
faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros em outra direção, para a caveira de uma vaca
atirada no meio da estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura.
O couro foi levemente oxidado, consumido pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o corpo ao perceber uma colmeia presa às cos-
telas da vaca. Apanha um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sabendo que é perigoso.
Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua. Diferente do que
imaginou, não está podre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões do favo rompendo em
sua boca, algumas lascas muito finas que se prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel
nos dedos e os limpa no macacão.
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 71-72)
Em “Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura.”(3º§), há dois períodos que
se relacionam, semanticamente, uma vez que o segundo expressa, em relação ao primeiro, um sentido de.
(A) finalidade.
(B) causa.
(C) consequência.
(D) alternância.

55. IBFC - ASC (CBM AC)/CBM AC/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
A Lição da Borboleta
Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um homem sentou e observou a borboleta por várias
horas, enquanto ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.
Então, pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso. Parecia que ela tinha ido o mais longe que
podia e não conseguia ir além.
O homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então
saiu facilmente. Mas seu pequeno corpo estava murcho e tinha as asas amassadas. O homem continuou a
observar a borboleta porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se esticassem
para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. Nada aconteceu!
Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela
nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia, era que
o casulo apertado e o esforço da borboleta para passar através da pequena abertura eram necessários para
que o fluido do corpo da borboleta fosse para as asas, de modo que ela estaria pronta para voar, uma vez que
estivesse livre do casulo.
Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida. Se vivêssemos sem quaisquer obs-
táculos, não seriamos tão fortes e nunca poderiamos voar... Que a vida seja um eterno desafio, pois só assim
voar será realmente possível.
Adaptado de “A Lição da Borboleta” – Autor desconhecido.
Leia atentamente o texto “A Lição da Borboleta”. A primeira vista, textos enquadrados no gênero textual crôni-
ca são aparentemente simples, mas podem apresentar severas críticas sociais. Nesse caso específico, há a
famosa “moral da história”. Assinale dentre as alternativas abaixo a que apresenta a moral da história do texto.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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(A) Os homens são providos de gentileza e de vontade de ajudar.
(B) A natureza é sábia, assim sendo, a interferência do homem é desnecessária.
(C) Se vivêssemos sem quaisquer obstáculos, seriamos ainda mais fortes, pois poderiamos desenvolver habi-
lidades que não desenvolvemos até agora.
(D) Não se pode desanimar frente aos obstáculos da vida, muitas vezes, eles são necessários para o seu de-
senvolvimento.

56. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto II
Amanhã eu faço!
Ano novo, vida nova, novos planos para a futuro. cuidar melhor da saúde, aprender ou melhorar os conheci-
mentos de uma língua estrangeira, arrumar aquela peça quebrada do carro ou da casa e por aí vai. Mas, como
bem sabemos, para a maioria das pessoas poucos desses planos terão realmente se concretizado ao final
deste ano.
Dentro de todos nós (com variações, é claro) existe uma forte tendência ao adiamento, à ‘enrolação”, ao “ama-
nhã eu começo”. Talvez não devesse haver qualquer surpresa nisso.
Mas não é só no país de Macunaíma ou dos nossos irmãos latino-americanos que viceja o “mañana”(= ama-
nhã). Antes de ser um problema cultural regional, esse é um problema do ser humano.
A procrastinação, que é como se chama esse adiamento das tarefas ou das realizações, é, já há algum tempo,
objeto de estudo da psicologia. Também, diversos desses livros de autoajuda ou guias de eficiência no trabalho
ensinam como enfrentar e vencer a procrastinação. As estimativas disponíveis sugerem que entre 15% e 25%
das pessoas adultas são, foram ou serão procrastinadoras em algum momento de suas vidas.
Nos Estados Unidos, berço da cultura antiprocrastinação, um estudo recente sugeriu que “a procrastinação se
situa no núcleo de comportamentos, como o abuso de drogas, marcados por impulsividade e baixa capacidade
de autocontrole”.
Nesse estudo, publicado na revista “Psychological Science” (novembro de 1997), Dianne Tice e Roy Baumeis-
ter compararam dados de estudantes universitários referentes ao estresse e aos sintomas gerais de saúde em
relação às tarefas escolares daquele período. Os estudantes que se diziam procrastinadores tiveram notas
piores e também relataram um maior estresse e uma frequência de gripes e resfriados. Na verdade, os procras-
tinadores se deram melhor no começo do ano, mas acabaram levando a pior no cômputo geral. Uma versão
da fábula da cigarra e da formiga sob uma outra óptica. Assim, se, ao iniciar um trabalho, você precisa antes
apontar todos os lápis, arrumar todos os papéis, tomar o último gole de água e resolver quaisquer outras coisas,
cuidado (...).
Utilize o texto acima para responder às questão
Leia atentamente o fragmento do texto “Amanhã eu faço!”, como é comum em produções textuais, vários as-
pectos são abordados no seu desenvolvimento. Assim, dentre as alternativas abaixo, a que expõe o assunto
geral tratado no texto.
(A) A falta de tempo.
(B) A falha nos hábitos humanos.
(C) A procrastinação.
(D) A hereditariedade da preguiça.
(E) A proatividade.

57. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto II Amanhã eu faço!
Ano novo, vida nova, novos planos para a futuro. cuidar melhor da saúde, aprender ou melhorar os conheci-
mentos de uma língua estrangeira, arrumar aquela peça quebrada do carro ou da casa e por aí vai. Mas, como
bem sabemos, para a maioria das pessoas poucos desses planos terão realmente se concretizado ao final
deste ano.
Dentro de todos nós (com variações, é claro) existe uma forte tendência ao adiamento, à ‘enrolação”, ao “ama-
nhã eu começo”. Talvez não devesse haver qualquer surpresa nisso.
Mas não é só no país de Macunaíma ou dos nossos irmãos latino-americanos que viceja o “mañana”(= ama-

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


30
nhã). Antes de ser um problema cultural regional, esse é um problema do ser humano.
A procrastinação, que é como se chama esse adiamento das tarefas ou das realizações, é, já há algum tempo,
objeto de estudo da psicologia. Também, diversos desses livros de autoajuda ou guias de eficiência no trabalho
ensinam como enfrentar e vencer a procrastinação. As estimativas disponíveis sugerem que entre 15% e 25%
das pessoas adultas são, foram ou serão procrastinadoras em algum momento de suas vidas.
Nos Estados Unidos, berço da cultura antiprocrastinação, um estudo recente sugeriu que “a procrastinação se
situa no núcleo de comportamentos, como o abuso de drogas, marcados por impulsividade e baixa capacidade
de autocontrole”.
Nesse estudo, publicado na revista “Psychological Science” (novembro de 1997), Dianne Tice e Roy Baumeis-
ter compararam dados de estudantes universitários referentes ao estresse e aos sintomas gerais de saúde em
relação às tarefas escolares daquele período. Os estudantes que se diziam procrastinadores tiveram notas
piores e também relataram um maior estresse e uma frequência de gripes e resfriados. Na verdade, os procras-
tinadores se deram melhor no começo do ano, mas acabaram
levando a pior no cômputo geral. Uma versão da fábula da cigarra e da formiga sob uma outra óptica. Assim,
se, ao iniciar um trabalho, você precisa antes apontar todos os lápis, arrumar todos os papéis, tomar o último
gole de água e resolver quaisquer outras coisas, cuidado (...).
Utilize o texto acima para responder às questão
Segundo o dicionário Oxford Languages, procrastinar é um verbo transitivo direto e intransitivo que significa
transferir para outro dia ou deixar para depois; adiar, delongar, postergar, protrair. Tendo como base a definição
do dicionário e o desenvolvimento do fragmento do texto, assinale a alteranativa que melhor define procrasti-
nação.
(A) O excesso de afazeres no século XXI.
(B) A falta de tempo que assola os seres humanos.
(C) A falta de organização do tempo para os afazeres.
(D) O excesso de organização atemporal.
(E) A falta de responsabilidade dos jovens.

58. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto II Amanhã eu faço!
Ano novo, vida nova, novos planos para a futuro. cuidar melhor da saúde, aprender ou melhorar os conheci-
mentos de uma língua estrangeira, arrumar aquela peça quebrada do carro ou da casa e por aí vai. Mas, como
bem sabemos, para a maioria das pessoas poucos desses planos terão realmente se concretizado ao final
deste ano.
Dentro de todos nós (com variações, é claro) existe uma forte tendência ao adiamento, à ‘enrolação”, ao “ama-
nhã eu começo”. Talvez não devesse haver qualquer surpresa nisso.
Mas não é só no país de Macunaíma ou dos nossos irmãos latino-americanos que viceja o “mañana”(= ama-
nhã). Antes de ser um problema cultural regional, esse é um problema do ser humano.
A procrastinação, que é como se chama esse adiamento das tarefas ou das realizações, é, já há algum tempo,
objeto de estudo da psicologia. Também, diversos desses livros de autoajuda ou guias de eficiência no trabalho
ensinam como enfrentar e vencer a procrastinação. As estimativas disponíveis sugerem que entre 15% e 25%
das pessoas adultas são, foram ou serão procrastinadoras em algum momento de suas vidas.
Nos Estados Unidos, berço da cultura antiprocrastinação, um estudo recente sugeriu que “a procrastinação se
situa no núcleo de comportamentos, como o abuso de drogas, marcados por impulsividade e baixa capacidade
de autocontrole”.
Nesse estudo, publicado na revista “Psychological Science” (novembro de 1997), Dianne Tice e Roy Baumeis-
ter compararam dados de estudantes universitários referentes ao estresse e aos sintomas gerais de saúde em
relação às tarefas escolares daquele período. Os estudantes que se diziam procrastinadores tiveram notas
piores e também relataram um maior estresse e uma frequência de gripes e resfriados. Na verdade, os procras-
tinadores se deram melhor no começo do ano, mas acabaram levando a pior no cômputo geral. Uma versão
da fábula da cigarra e da formiga sob uma outra óptica. Assim, se, ao iniciar um trabalho, você precisa antes
apontar todos os lápis, arrumar todos os papéis, tomar o último gole de água e resolver quaisquer outras coisas,
cuidado (...).
Utilize o texto acima para responder às questão
A partir da leitura do fragmento do texto “Amanhã eu faço!”, identifique, dentre as afirmativas abaixo, aquelas

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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que estão em congruência com o assunto e com os fatos sobre a procrastinação.
I. Para a maioria das pessoas, pouco do que foi planejado será efetivamente concretizado.
II. A procrastinação é objeto de estudo da psicologia, entretanto não é aceita em livros de autoajuda ou guias
de eficiência no trabalho.
III. A América do Norte é o berço da cultura de procrastinação.
IV. A procrastinação ocorre devido ao uso de substância ilícitas.
V. Estudos realizados indicam que os procrastinadores têm um nível maior de estresse, gripes e resfriados
frequentes.
(A) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
(B) Apenas as afirmativas II e V estão corretas.
(C) Apenas a afirmativa IV está correta.
(D) Apenas as afirmativas I e V estão corretas.
(E) Apenas a afirmativa III está correta.

59. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Texto I
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que restavam na favela havia muito tempo já es-
tavam de pé. Era difícil continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam bem cedo para a
lavagem das roupas, para o apanho da água, para o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns
saíam para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no balcão do armazém de sô Ladislau,
[...]. As crianças maiores acordavam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desesperada expecta-
tiva. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito
da mãe ou a mamadeira completada com mais água sempre.
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168)
Na passagem acima, o narrador relaciona o tempo e o espaço, indicando que, na favela, acordava-se cedo,
sobretudo, em função.
(A) do costume individual cultivado por poucos moradores da favela.
(B) de necessidades distintas de grupos diversos de moradores.
(C) do olhar idealizado que os moradores lançavam sobre o trabalho.
(D) da presença de um número muito grande de crianças na favela.
(E) dos homens serem acordados por suas mulheres bem cedo.

60. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Texto I
Os caminhões chegaram às sete e meia e todas as famílias que restavam na favela havia muito tempo já es-
tavam de pé. Era difícil continuar na cama. Desde os bons tempos, as mulheres levantavam bem cedo para a
lavagem das roupas, para o apanho da água, para o preparo das pobres marmitas. Os homens também. Uns
saíam para o trabalho. Outros, em busca do primeiro gole de cachaça no balcão do armazém de sô Ladislau,
[...]. As crianças maiores acordavam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a desesperada expecta-
tiva. Será que hoje tem pão? Os menores, os nenéns brigando com a vida, dando socos no ar exigindo o peito
da mãe ou a mamadeira completada com mais água sempre.
(Conceição Evaristo, Becos da Memória, p.168)
No texto literário, a expressividade no emprego da linguagem é uma importante ferramenta na construção de
sentido. Na passagem “As crianças maiores acordavam cedo também, trazendo nos olhos e no estômago a
desesperada expectativa”, considerando-se o contexto, realça-se.
(A) a responsabilidade das crianças.
(B) a caracterização da fome.
(C) a passagem do tempo.
(D) o desejo de transformação.
(E) a doença que atingia o corpo.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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61. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Utilize o texto abaixo para responder a questão.
Texto II
ciclo vicioso
minha namorada sempre sonha que namora seu namorado antigo minha ex-namorada
sempre sonha que me namora e eu, desconfiado, tenho feito tudo para não sonhar...
(Cacaso, Poesia Completa, p.126) 8)
O sentido do texto constrói-se por meio de sua organização interna. Desse modo, de acordo com o poema, o
esforço do enunciador por “não sonhar” deve-se ao fato de.
(A) sentir muito ciúme de sua atual namorada.
(B) desejar ocupar o sonho de sua ex-namorada.
(C) não acreditar em sonhos de amores antigos.
(D) querer que sua atual namorada sonhe com ele.
(E) não querer sonhar com sua ex-namorada.

62. IBFC - AG CEN (IBGE)/IBGE/ADMINISTRAÇÃO E INFORMÁTICA/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Utilize o texto abaixo para responder a questão
Texto III
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que inclui a proteção de dados pessoais como direito fundamental
do cidadão, aprovada pelo Senado nesta semana, é extremamente relevante para os dias de hoje, de acordo
com o professor da Singularity University e especialista em digital, Ricardo Cavallini.
Em entrevista à CNN, ele afirmou que o conceito de privacidade mudou muito. “No mundo conectado, tudo é
gravado, ninguém mais será anônimo, não tem mais escolha, a cada milissegundo tem alguém capturando
dados sobre a gente, com quem fala, onde está, por onde passa”, explicou.
(Matéria publicada em 22/10/2021. Disponível em. https.//www.cnnbrasil. com.br/business/privacidade-e-prote-
cao-de-dados-hoje-sao-sinonimo-deliberdade- diz-especialista/Acesso em 07/12/2021)
A citação presente no segundo parágrafo do texto revela a percepção do professor Ricardo Cavalinni, princi-
palmente, acerca.
(A) do trabalho do Senado.
(B) da legalidade de gravações.
(C) da técnica de capturar dados.
(D) do conceito de privacidade.
(E) das experiências pessoais.

63. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto I
A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da casa de madeira. No quintal havia um lago de águas
represadas que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por sua vez desaguava no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazônicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e
guardava no armário de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refeições familiares.
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno por-
to da frente da casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao longo do rio, à espera de
carregamento. Ali ela se imaginava viajando num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores passantes em seus barquinhos motorizados
movidos à gasolina, pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas até o barulho delas
lhe encantava.
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar o jantar, antes que os carapanãs que costuma-
vam aparecer subitamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria logo com cachos de açaí
para serem debulhados e preparados no acompanhamento da refeição do dia seguinte.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento mais isso todo dia.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua natureza. E fazia massagem na barriga, no peito e
na boca da menina com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia e expelia pela boca dezenas de peixes sobre
o jirau. A mãe escolhia os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os restantes eram
jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam
rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pescadores da área. [...]
(Fernando Canto)
De acordo com a leitura atenta do texto, no sexto parágrafo, ao afirmar “É da tua natureza.”, pode-se inferir que
a mãe transmite à filha.
(A) a esperança de que a condição atual será alterada.
(B) o desejo de que a menina não continue com dores.
(C) um sentimento de indignação em função do desconforto.
(D) a necessidade de resignar-se diante da situação.
(E) a certeza de que o incômodo relatado é falso.

64. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto I
A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da casa de madeira. No quintal havia um lago de águas
represadas que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por sua vez desaguava no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazônicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e
guardava no armário de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refeições familiares.
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto
da frente da casae para olhar os navios transportadores de minériosa, parados ao longo do rio, à espera de
carregamento. Ali ela se imaginava viajando num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagemb e
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores passantes em seus barquinhos motorizados
movidos à gasolinac, pois as velhas montarias a remod agora davam lugar às rabetas. Mas até o barulho delas
lhe encantava.
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar o jantar, antes que os carapanãs que costuma-
vam aparecer subitamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria logo com cachos de açaí
para serem debulhados e preparados no acompanhamento da refeição do dia seguinte.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento mais isso todo dia.
A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua natureza. E fazia massagem na barriga, no peito e
na boca da menina com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia e expelia pela boca dezenas de peixes sobre
o jirau. A mãe escolhia os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os restantes eram
jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam
rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pescadores da área. [...]
(Fernando Canto)
A significação de uma palavra, às vezes, pode ser compreendida por meio de elementos que a circundam num
texto. Considerando o vocábulo “rabeta”, presente no terceiro parágrafo, pode-se afirmar que seu significado
está apontado no seguinte fragmento do mesmo parágrafo.
(A) “navios transportadores de minérios”.
(B) “monstros de ferros que povoavam a paisagem”.
(C) “barquinhos motorizados movidos à gasolina”.
(D) “velhas montarias a remo”.
(E) “pequeno porto da frente da casa”.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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65. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto II
O texto abaixo é um fragmento da obra Amapá: a terra onde o Brasil começa (1999).
Tem, pois, o Amapá, uma vocação natural para a produção de proteína muito superior à capacidade interna de
consumo, o que faz deste cenário norte-hemisférico um caso excepcional no contexto brasileiro.
Além desta excelência, detém o Amapá reservas incalculáveis de minérios, primeiro deles o manganês, explo-
rado incessantemente há 40 anos sem grandes contribuições à diversificação da economia local e à elevação
de seu nível de capitalização interna. Dentro de pouco tempo, porém, toda esta riqueza de reservas minerais
estará revelada e se constituirá contribuição decisiva à produção nacional.
Enfim, entre as aguadas litorâneas de rara apropriação à cultura do búfalo e as surpresas escondidas sob a
serra de Tumucumaque, estende-se, ainda, uma faixa de cerrados por onde se iniciou a ocupação do território,
pobre, porém suficiente para abrigar um processo de substituição de importações de víveres, hoje, vocacionada
para o reflorestamento.
(Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/1029/000773424.pdf?sequence=4&i-
sAllowed=y. Acesso em: 15/02/2022)
De acordo com o texto, a excepcionalidade do Amapá estaria relacionada com.
(A) um destaque da vocação natural para a produção de proteína.
(B) a superioridade de produção em relação ao consumo interno.
(C) a particularidade de compor o cenário norte- hemisférico no país.
(D) o fato de deter reservas incalculáveis de minérios.
(E) o potencial incessante de exploração do manganês.

66. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGURANÇA DO TRABALHO/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto I
O conto do vigário (Joseli Dias)
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pe-
dro Lulu, boa vida cuja única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era tocar viola para
garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória
que fizesse, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qualquer para comprar alguma coisa.
Sempre vinha com uma conversa maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o que queria,
deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida,
para fazer uma nova por cima.
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas, ganhava roupas usadas dos amigos e juras de
amor de moças solteironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando o Padre Bastião chegou
por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo,
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimento e assentando tijolos da igreja em constru-
ção. Quando deu com Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verdadeira campanha con-
tra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo. Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis.
“Não tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar e a mendigar comida na mesa alheia”,
pregava o padre, diante do rebanho.
Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os almoços oferecidos foram escasseando e até mes-
mo nas rodas de cantoria era olhado de lado por alguns.
“Isso tem que acabar”, disse consigo.
Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessionário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre
o mais absoluto segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que não faria o mesmo diante
das maiores dificuldades, mas que vê-lo em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o
segredo adiante.
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa
figura contou que Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta que fez, não podia usufruir
de seus bens na capital, que somavam milhares de contos de réis. [...]
De acordo com o texto, pode-se afirmar que a opinião de moradores acerca de Pedro Lulu.
(A) era resultado da identificação com um comportamento típico.
(B) foi alterada em função da avaliação feita pelo padre.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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(C) dependia da qualidade com que ele tocava a viola.
(D) era marcada por vínculos sólidos de longas amizades.
(E) jamais considerou as atitudes cotidianas por ele realizadas.

67. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson percebe ao longe a carcaça de um animal. Segue pela
estrada de terra batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como atalho pelos motoristas que
conhecem bem as imediações. Edgard fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto
ele se valem dos próprios sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem desses restos
não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu algumas criaturas nascerem mortas, outras, mor-
rerem horas depois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o
gado e principalmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr do
sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo.
De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que
faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros em outra direção, para a caveira de uma vaca
atirada no meio da estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura.
O couro foi levemente oxidado, consumido pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o corpo ao perceber uma colmeia presa às cos-
telas da vaca. Apanha um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sabendo que é perigoso.
Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua. Diferente do que
imaginou, não está podre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões do favo rompendo em
sua boca, algumas lascas muito finas que se prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel
nos dedos e os limpa no macacão.
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 71-72)
O texto transmite ao leitor um ponto de vista em relação à morte que é apresentada como algo.
(A) involuntário e temível.
(B) contínuo e lamentável.
(C) inconsciente e perverso.
(D) inevitável e recorrente.

68. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATIVO/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
É proibido chorar
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de
suportar as dores diárias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta.
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras espreitam nosso caminho. E a briga pelo leite,
o choro, já era o nosso grito de que não aceitaríamos tudo calados.
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva
de quem faz sofrer. Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito: são os quixotes da
periferia.
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no centro do esquecimento da humanidade, quer
seja artista (?), ou não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um castigo, não sei por que tem
tanta gente metida a besta só por conta disso.
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo atrás de sonhos e também me vejo neles, sou
um deles também, nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio quimeras. Vejo e me identi-
fico com a luta, outras vezes, observo-os em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos devem ter. E a única coisa da qual tenho
certeza e sei é sobre o que eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no centro da cidade, um
CD demo debaixo do braço, uns poemas numas folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de

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pedreiro, boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa com as portas pesadas que cada
vez se fecham mais para a nossa gente, que nasce sem as chaves certas e programadas.
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a ousadia, a perseverança e a teimosia. [...]
(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020,
p. 39-40)
O texto apresenta um posicionamento sobre o trabalho artístico. A esse respeito, é correto afirmar que o autor.
(A) detalha as particularidades dessa categoria exigindo privilégios que cabem só a ela.
(B) parte de uma experiência pessoal para denunciar uma desvalorização coletiva da profissão.
(C) defende que as dificuldades dos artistas contribuem como inspiração para os trabalhos.
(D) aceita as lutas da profissão, com passividade, ciente de que o reconhecimento será obtido.

69. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATIVO/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Ao afirmar que “desde que nascemos as pedras espreitam nosso caminho” (2º§), o autor.
(A) faz uso da linguagem simbólica para indicar as dificuldades da vida.
(B) defende que as dificuldades limitam-se a um só período da vida.
(C) sugere que as dificuldades da vida devem ser combatidas como as pedras.
(D) detalha quais são as dificuldades enfrentadas no momento do nascimento.

70. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATIVO/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
É proibido chorar
Em um dos meus textos em que eu falava sobre as dificuldades de lançar meu livro e, ao mesmo tempo, de
suportar as dores diárias da sobrevivência, muita gente se identificou com a minha luta.
Nenhuma surpresa nisso, pois desde que nascemos as pedras espreitam nosso caminho.
E a briga pelo leite, o choro, já era o nosso grito de que não aceitaríamos tudo calados.
Infelizmente, alguns deixaram de gritar, por isso, choram até hoje. Não tenho dó de quem sofre, tenho raiva
de quem faz sofrer. Sei de vários que estão na luta e merecem o meu e o nosso respeito: são os quixotes da
periferia.
Não só os da periferia geográfica, mas todos os que vivem no centro do esquecimento da humanidade, quer
seja artista (?), ou não. Aliás, ser artista neste país não é um privilégio, e sim um castigo, não sei por que tem
tanta gente metida a besta só por conta disso.
Tristes figuras. Às vezes, os vejo por aí, os guerreiros, correndo atrás de sonhos e também me vejo neles, sou
um deles também, nunca deixei de sonhar, coleciono pedras, mas também semeio quimeras. Vejo e me identi-
fico com a luta, outras vezes, observo-os em silêncio e penso no que será que eles estão pensando, ou como
deve ser a casa deles, e, na maioria das vezes, quantos inimigos devem ter. E a única coisa da qual tenho
certeza e sei é sobre o que eles comem: poeira e lama. Seja procurando um emprego no centro da cidade, um
CD demo debaixo do braço, uns poemas numas folhas de sulfite amareladas e sujas ou um simples bico de
pedreiro, boa parte desses guerreiros passa a vida lutando e não se importa com as portas pesadas que cada
vez se fecham mais para a nossa gente, que nasce sem as chaves certas e programadas.
A chave de tudo é não desistir, não há outra saída que não a ousadia, a perseverança e a teimosia. [...]
(VAZ, Sérgio. Literatura, pão e poesia: histórias de um povo lindo e inteligente. São Paulo: Global Editora, 2020,
p. 39-40)
O enunciado “Tristes figuras.”, que inicia o 7º parágrafo, ilustra um uso expressivo da linguagem uma vez que.
(A) se aproxima da oralidade devido à ausência de concordância nominal.
(B) reforça o sentido atribuído pelo adjetivo em função de sua anteposição.
(C) aponta uma caracterização objetiva e sem juízo de valor para o substantivo.
(D) emprega o substantivo “figuras” sem um referente textual claro.

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71. IBFC - TEC (DETRAN AM)/DETRAN AM/ADMINISTRATIVO/2022
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Separação (fragmento)
Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável.
No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela
cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso,
onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não
deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.
(MORAES, Vinicius de. Para viver um grande amor. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 24)
O texto aborda o tema da separação. Na perspectiva do enunciador, trata-se de algo que.
(A) limita-se à experiência do casal apresentado na narrativa.
(B) resulta de uma sequência de cenas pouco complexas.
(C) não envolve conflitos em função de ser algo habitual.
(D) é corriqueiro na história do amor e do mundo.

72. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto
Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me
acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de
dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe estendida no
chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gente toda que estava ali olhava para o quadro como se
estivesse em um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em sangue, e corri para beijá-la,
quando me pegaram pelo braço com força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fazer
nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então que todos saíssem, que só podia ficar ali a
polícia e mais ninguém.
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados. O criado, pálido,
contava que ainda dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para cima, vira meu pai com
o revólver na mão e minha mãe ensanguentada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
compreender.
A cena do feminicídio introduz este romance de José Lins do Rego e é marcada.
(A) pela caracterização da precariedade da casa em que se passou o crime e que remete à ideia de abandono.
(B) por uma descrição detalhada do comportamento violento do pai que antecedeu o assassinato.
(C) pela busca incessante de motivos que justificassem a violência do episódio descrito.
(D) pela revolta dos espectadores da cena mostrando a reação da sociedade diante da violência apresentada.
(E) por uma sequência de ações do filho reforçando sua incompreensão do que era por ele observado.

73. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022


Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto I
Inverno
A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas,
as coxas servindo de travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o resto do corpo le-
vantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.
Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho
do rio era como um trovão distante.
Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os lições com a ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cin-
za caiu, um círculo de luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamente os pés do vaqueiro,
os joelhos da mulher e os meninos deitados. De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco
e apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam recebendo o ar que entrava pela rachadura das
paredes e pelas e gretas da janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono, arrepiavam-se,
tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente con-
versa eram frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. As vezes uma interjeição gutural dava
energia ao discurso ambíguo. Na verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam exibindo

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens sucediam-se, deformavam-se, se não havia meio de
dominá-las. Como os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência falando alto. [...]
(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro; Record, 2009, p. 63-64)
O texto apresenta um expressivo caráter descritivo e faz uso das caracterizações de modo a.
(A) apontara ausência de relação entre o espaço físico descrito e os personagens que o ocupam.
(B) realçar a vulnerabilidade dos personagens diante da condição em que se encontram.
(C) retratar, de forma generalizada, a reação de todos os seres humanos diante do clima frio por meio da ação
dos personagens.
(D) indicar os efeitos positivos que a natureza exerce nas reflexões dos personagens independente de sua
condição física.
(E) representar, simbolicamente, o papel acolhedor da natureza em meio a situações de dificuldade material.

74. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Tipologia e Gênero Textual
Texto I
A Mulher do Vizinho
Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército morava
(ou mora), também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes
acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado
do bairro para dar um jeito nos filhos do sueco.
O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia.
O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de
grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a ordem recebida, compare-
ceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado
tinha a dizer-lhe o seguinte.
- O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu
falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país?
Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negó-
cio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui
fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro. dura lex! Seus filhos são uns moleques
e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar
gringos feito o senhor.
Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco
pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio.
- Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
- Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não e gringo nem meus
filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também
está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um
coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente.
- Da ativa, minha senhora?
E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado.
- Da ativa, Motinha! Sai dessa…
Fernando Sabino
Utilize o texto acima para responder a questão
Retorne ao texto “A Mulher do Vizinho” e observe que ele apresenta uma estrutura fixa e objetivos bem defini-
dos. A partir dessa afirmativa, identifique as tipologias textuais, considerando que se trata do texto em gênero
crônica.
I. Tipologia textual injuntiva.
II. Tipologia textual narrativa.
III. Tipologia textual dissertativa.
IV. Tipologia textual descritiva.
(A) As tipologias II e IV estão corretas.
(B) As tipologias I e II estão corretas.

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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(C) As tipologias II e III estão corretas.
(D) As tipologias I e III estão corretas.
(E) As tipologias III e IV estão corretas.

75. IBFC - CCA (IBGE)/IBGE/2022


Assunto: Tipologia e Gênero Textual
Texto I
A Mulher do Vizinho
Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército morava
(ou mora), também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes
acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado
do bairro
para dar um jeito nos filhos do sueco.
O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia.
O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de
grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a ordem recebida, compare-
ceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado
tinha a dizer-lhe o seguinte.
- O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu
falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país?
Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negó-
cio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui
fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro. dura lex! Seus filhos são uns moleques
e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar
gringos feito o senhor.
Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco
pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio.
- Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
- Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não e gringo nem meus
filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também
está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um
coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?
Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente.
- Da ativa, minha senhora?
E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado.
- Da ativa, Motinha! Sai dessa…
Fernando Sabino
Utilize o texto acima para responder a questão
Sabe-se que um narrador relata uma situação ou acontecimento, seja ela real ou fictícia. Em síntese, o narrador
é aquele que conta uma história. Considerando-se que há diferentes tipos de narradores, leia atentamente a
crônica “A Mulher do Vizinho” e assinale a alternativa que identifica corretamente o estilo do narrador.
(A) Narrador personagem.
(B) Narrador testemunha.
(C) Narrador onisciente intruso.
(D) Narrador presente e ativo.
(E) Narrador onisciente neutro.

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76. IBFC - ANA (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/ADMINISTRATIVO/ADMINISTRAÇÃO/2022
Assunto: Tipologia e Gênero Textual
Texto I
A menina que criava peixes na barriga (fragmento)
A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da casa de madeira. No quintal havia um lago de águas
represadas que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por sua vez desaguava no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazônicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e
guardava no armário de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refeições familiares.
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno por-
to da frente da casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao longo do rio, à espera de
carregamento. Ali ela se imaginava viajando num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e
alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores passantes em seus barquinhos motorizados
movidos à gasolina, pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas até o barulho delas
lhe encantava.
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar o jantar, antes que os carapanãs que costuma-
vam aparecer subitamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria logo com cachos de açaí
para serem debulhados e preparados no acompanhamento da refeição do dia seguinte.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento mais isso todo dia.
A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua natureza. E fazia massagem na barriga, no peito e
na boca da menina com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia e expelia pela boca dezenas de peixes sobre
o jirau. A mãe escolhia os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os restantes eram
jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam
rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pescadores da área. [...]
(Fernando Canto)
Quanto à tipologia, o texto é predominantemente narrativo. No entanto, destacam-se também exemplos de
passagens que apresentam caráter.
(A) injuntivo.
(B) descritivo.
(C) preditivo.
(D) dissertativo.
(E) jornalístico.

77. IBFC - TEC (EBSERH UNIFAP)/EBSERH HU-UNIFAP/SEGURANÇA DO TRABALHO/2022


Assunto: Tipologia e Gênero Textual
Texto I
O conto do vigário (Joseli Dias)
Um conto de réis. Foi esta quantia, enorme para a época, que o velho pároco de Cantanzal perdeu para Pe-
dro Lulu, boa vida cuja única ocupação, além de levar à perdição as mocinhas do lugar, era tocar viola para
garantir, de uma casa em outra, o almoço de todos os dias. Nenhum vendeiro, por maior esforço de memória
que fizesse, lembraria o dia em que Pedro Lulu tirou do bolso uma nota qualquer para comprar alguma coisa.
Sempre vinha com uma conversa maneira, uma lábia enroladora e no final terminava por comprar o que queria,
deixando fiado e desaparecendo por vários meses, até achar que o dono do boteco tinha esquecido a dívida,
para fazer uma nova por cima.
A vida de Pedro Lulu era relativamente boa. Tocava nas festas, ganhava roupas usadas dos amigos e juras de
amor de moças solteironas de Cantanzal. A vida mansa, no entanto, terminou quando o Padre Bastião chegou
por ali. Homem sisudo, pregava o trabalho como meio único para progredir na vida. Ele mesmo dava exemplo,
pegando no batente de manhã cedo, preparando massa de cimento e assentando tijolos da igreja em constru-
ção. Quando deu com Pedro Lulu, que só queria sombra e água fresca, iniciou uma verdadeira campanha con-
tra ele. Nos sermões, pregava o trabalho árduo. Pedro Lulu era o exemplo mais formidável que dava aos fiéis.
“Não tem família, não tem dinheiro, veste o que lhe dão, vive a cantar e a mendigar comida na mesa alheia”,
pregava o padre, diante do rebanho.
Aos poucos Pedro Lulu foi perdendo amizades valiosas, os almoços oferecidos foram escasseando e até mes-
mo nas rodas de cantoria era olhado de lado por alguns. “Isso tem que acabar”, disse consigo.
Naquele dia foi até a igreja e prostou-se diante do confessionário. Fingindo ser outra pessoa, pediu ao padre

Apostila gerada especialmente para: JAIR MARCELINO DE ALMEIDA 769.887.832-53


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o mais absoluto segredo do que iria contar, porque havia prometido a um amigo que não faria o mesmo diante
das maiores dificuldades, mas que vê-lo em tamanha necessidade, tinha resolvido confessar-se passando o
segredo adiante.
O Padre, cujo único defeito era interessar-se pela vida alheia, ficou todo ouvidos. E foi assim que a misteriosa
figura contou que Pedro Lulu era, na verdade, riquíssimo, mas que por uma aposta que fez, não podia usufruir
de seus bens na capital, que somavam milhares de contos de réis. [...]
A leitura atenta do texto permite-nos classificá-lo como pertencente à tipologia narrativa. A respeito dos elemen-
tos que o caracterizam, é correto afirmar que.
(A) a apresentação idealizada atribuída ao personagem Pedro Lulu reforça a indiferença dos demais persona-
gens por ele.
(B) a ausência de uma delimitação do espaço em que se passa a história permite, ao leitor, situá-la em qualquer
região do país.
(C) a longa descrição apresentada pelo narrador acerca do personagem Pedro Lulu revela a posição isenta do
foco narrativo selecionado.
(D) o texto concentra-se na caracterização dos traços físicos do personagem Pedro Lulu em detrimento de suas
atitudes.
(E) a situação apresentada logo no início do texto revela um recorte temporal da história que ainda será expli-
cado posteriormente.

78. IBFC - ADM (DETRAN AM)/DETRAN AM/2022


Assunto: Tipologia e Gênero Textual
Depois de caminhar por alguns metros, Edgar Wilson percebe ao longe a carcaça de um animal. Segue pela
estrada de terra batida, que fica deserta a maior parte do tempo e é usada como atalho pelos motoristas que
conhecem bem as imediações. Edgard fora atraído para esse trecho por causa de uma revoada de abutres.
Assim como a podridão os atrai, os que se alimentam dela atraem Edgard. Tanto as aves carniceiras quanto
ele se valem dos próprios sentidos para encontrar os mortos, e ambas as espécies sobrevivem desses restos
não reclamados.
Todo nascimento é também um pouco de morte. Edgar já viu algumas criaturas nascerem mortas, outras, mor-
rerem horas depois. Sua consciência sobre o fim de todas as coisas tornou-se aguçada desde que abatia o
gado e principalmente agora, ao recolher todas as espécies em qualquer parte. Assim como não teme o pôr do
sol, Edgar Wilson entende que não deve temer a morte. Ambos ocorrem involuntariamente num fluxo contínuo.
De certa forma, o inevitável lhe agrada. Sentir-se passível de morrer fortalece suas decisões. Não importa o que
faça, seja o bem, seja o mal, ele deixará de existir.
Distrai-se dos voos dos abutres e caminha mais alguns metros em outra direção, para a caveira de uma vaca
atirada no meio da estrada. Nota que não foi atropelada. Os ossos estão intactos, nenhum sinal de fratura.
O couro foi levemente oxidado, consumido pela exposição climática. Não há sinal de vermes necrófagos ou
pequenos insetos a devorá-la. Edgar Wilson inclina ainda mais o corpo ao perceber uma colmeia presa às cos-
telas da vaca. Apanha um galho de árvore caído no chão e cutuca a colmeia, mesmo sabendo que é perigoso.
Nada acontece. Cutuca-a com mais força e a colmeia se parte. Não há abelhas. Percebe algo pastoso e bri-
lhante. Leva a mão até a colmeia e arranca um favo de mel. Cheira-o. Toca a ponta da língua. Diferente do que
imaginou, não está podre. Come um pouco do mel. Agradam-lhe as pequenas explosões do favo rompendo em
sua boca, algumas lascas muito finas que se prendem entre os molares superiores. Lambe o excesso de mel
nos dedos e os limpa no macacão.
(MAIA, Ana Paula. Enterre seus mortos. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 71-72)
O texto ilustra a tipologia narrativa e sobre ele pode-se afirmar que.
(A) Edgar Wilson é o narrador personagem que conduz o leitor no percurso apresentado.
(B) há um privilégio da perspectiva de Edgar Wilson em razão da alternância de foco narrativo.
(C) Edgar Wilson apresenta-se ao leitor, exclusivamente, por meio de atributos físicos.
(D) um narrador observador apresenta ao leitor pensamentos e ações de Edgar Wilson.

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79. IBFC - DELEG (PC BA)/PC BA/2022
Assunto: Tipologia e Gênero Textual
Texto
Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me
acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de
dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe estendida no
chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gente toda que estava ali olhava para o quadro como se
estivesse em um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em sangue, e corri para beijá-la,
quando me pegaram pelo braço com força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fazer
nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então que todos saíssem, que só podia ficar ali a
polícia e mais ninguém.
Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados. O criado, pálido,
contava que ainda dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para cima, vira meu pai com
o revólver na mão e minha mãe ensanguentada. “O doutor matou a dona Clarisse!” Por quê? Ninguém sabia
compreender.
(REGO, José Lins do. Menino de Engenho. São Paulo: Global Editora, 2020.)
O texto é uma narrativa em primeira pessoa que possui um caráter memorialístico. Fica explicitada, linguistica-
mente, certa imprecisão do que é recordado quando o narrador faz a caracterização.
(A) dos seus pais.
(B) do criado de sua casa.
(C) da localização espacial.
(D) de sua própria idade.
(E) da polícia.

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GABARITO

1 B 41 C
2 A 42 A
3 B 43 B
4 A 44 A
5 A 45 E
6 E 46 C
7 D 47 A
8 C 48 C
9 B 49 B
10 D 50 A
11 A 51 D
12 A 52 C
13 B 53 E
14 E 54 B
15 A 55 D
16 D 56 C
17 C 57 C
18 B 58 D
19 C 59 B
20 C 60 B
21 A 61 E
22 A 62 D
23 B 63 D
24 C 64 C
25 E 65 B
26 A 66 B
27 A 67 D
28 D 68 B
29 C 69 A
30 A 70 B
31 D 71 D
32 C 72 E
33 C 73 D
34 B 74 A
35 A 75 E
36 B 76 B
37 C 77 E
38 D 78 D
39 C 79 D
40 A

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