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Acta Biomed 2021; Vol. 93, nº 1: e2022159 DOI: 10.23750/abm.v93i1.11237 Mattioli 1885

Análise

Suplementos dietéticos para o tratamento da endometriose:

Uma revisão

Pinar Yalcin Bahat1 , Isil Ayhan 2 , Eda Ureyen Ozdemir 3, Umit Inceboz4 , Não Oral5
1
Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Universidade de Ciências da Saúde, Kanuni Sultan Suleyman Treinamento e Pesquisa
2
Hospital, Istambul, Turquia; Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Universidade de Ciências da Saúde, Hospital de Pesquisa e
3
Treinamento em Doenças Femininas e Infantis Zeynep Kamil; Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Ankara City Hospital,
4 5
Ancara, Turquia; Centro de Obstetrícia e Ginecologia e FIV IRENBE, Izmir, Turquia; Endometriose e Adenomiose Turca
Sociedade, Presidente Fundador, Istambul, Turquia

Abstrato. À medida que a busca pela terapia ideal para a endometriose continua, a ajuda de suplementos dietéticos está
ganhando atenção. Os suplementos podem ser usados por suas características antiinflamatórias, antioxidantes,
antiproliferativas e imunomoduladoras. Revisamos a literatura, avaliamos e sintetizamos os efeitos da vitamina D, zinco,
magnésio, ômega 3, própolis, quercetina, curcumina, N-acetilcisteína, probióticos, resveratrol, ácido alfa lipóico, vitamina
C, vitamina E, selênio e epigalocatequina-3- galate. Com base nos resultados de estudos in vitro, em animais e em
humanos, pode ser seguro dizer que os suplementos dietéticos podem ser usados como tratamento complementar para
a endometriose. (www.actabiomedica.it)

Palavras-chave: suplementos dietéticos, terapias complementares, endometriose

Introdução A fisiopatologia da endometriose ainda não está

A patogênese da endometriose envolve a interação
de processos endócrinos, imunológicos, pró-inflamatórios e
pró-angiogênicos, todos discutidos em detalhes na literatura
(1). Existem novas teorias na endometriose sobre essas
questões, as células imunes, moléculas de adesão,
metaloproteinases da matriz extracelular e citocinas pró-
inflamatórias ativam/alteram o microambiente peritonal,
criando as condições para diferenciação, adesão, proliferação
e sobrevivência das células endometriais ectópicas (2 -5).
Se esses fatores são causais ou apenas representam uma
característica do processo fisiopatológico medido anos
após o início dos sintomas, permanece incerto. Ao escolher
o tratamento para endometriose, é crucial considerar os
sintomas e preferências predominantes da paciente, idade,
perfil de efeitos colaterais dos medicamentos e resultados
de uma possível cirurgia; bem como a extensão e localização
da doença, tratamento anterior e custo-benefício (6,7).
esclarecida e a busca pelo tratamento ideal continua. Anti-
inflamatórios não esteroidais, terapia combinada de
estrogênio-progestágeno, inibidores da aromatase,
progestágenos e moduladores seletivos dos receptores de
progesterona são as principais opções de tratamento na
prática atual.
Os mecanismos patogenéticos elaborados da
endometriose desafiam os médicos a abordar cada um deles
quando se trata de tratamento. Embora as terapias médicas
e cirúrgicas convencionais sejam essenciais, o auxílio de
suplementos dietéticos pode resultar em um efeito sinérgico
por suas características antiinflamatórias, antioxidantes,
antiproliferativas e imunomoduladoras. As abordagens
cirúrgicas e médicas atuais para a endometriose são
ineficazes para uma proporção considerável de mulheres,
além disso, o tratamento pode estar associado a
complicações e morbidade (8). Embora as lesões superficiais
peritoneais e os endometriomas ovarianos representem a
maioria dos implantes endometrióticos dentro do
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pelve, endometriose infiltrativa profunda e endometriose
extrapélvica são as condições mais difíceis de enfrentar.
Apesar de algumas vezes a terapia médica ser suficiente
para reduzir os sintomas e sinais (9,10), em um grande
número de pacientes uma erradicação completa, com
abordagem poupadora de nervos e vasculares (11,12) é
necessária para restaurar a anatomia pélvica normal e sua funções.diminuição do risco (18). Uma meta-análise recente sobre o
Considerando isso, enquanto a busca por novas opções de
tratamento continua, os benefícios terapêuticos dos
suplementos alimentares com ou sem tratamento convencional
estão sendo investigados. Diferentes tipos de suplementos
podem ser eficazes de várias maneiras. Nesta revisão,
objetivamos avaliar a eficácia do uso de suplementos para o
tratamento da endometriose, compilando os suplementos
mais utilizados e estudados.
Vitamina D
A vitamina D é uma vitamina solúvel em gordura que
está naturalmente presente em peixes gordurosos (salmão,
atum e cavala), fígado, gema de ovo e queijo (13). A vitamina
D nesses alimentos está principalmente na forma de vitamina
D3 e seu metabólito
25(OH)D3. A 1,25-diidroxivitamina-D3 (vitamina D) tem
efeitos imunomoduladores na diferenciação e proliferação
celular em todos os tipos de células. A deficiência de vitamina
D e a endometriose têm sido associadas a doenças
autoimunes (14). Além disso, receptores de vitamina D e
enzimas metabolizadoras de vitamina D são encontrados nos
ovários e endométrio de mulheres com e sem endometriose,
além das diferentes células imunes e é provável que a
vitamina D atue em um ambiente imunológico local (15). A
vitamina D aumenta as citocinas anti-inflamatórias (fator de
crescimento transformador (TGF-), interleucina (IL)-4) e
diminui as citocinas pró-inflamatórias (fator de necrose
tumoral (TNF)-, IL-2, IL-6), sugerindo que a vitamina D pode
ajudar a melhorar doenças inflamatórias e autoimunes
crônicas (16).
Embora os efeitos fisiológicos da vitamina D indiquem
provável relevância no tratamento da endometriose, a
literatura é amedrontadora. Estudos em modelos animais
experimentais mostraram níveis decrescentes de IL-6 no
fluido peritoneal após a suplementação de vitamina D (17).
Um ensaio clínico duplo-cego de Almassinokiani et al. não encontreidisso, um estudo sugeriu que os níveis de zinco no ovário
efeito significativo da suplementação de vitamina D na
dismenorréia e/ou dor pélvica de pacientes submetidas a
tratamento cirúrgico para endometriose (15). Além disso,
estudos retrospectivos de pacientes com endometriose
confirmada cirurgicamente mostraram que uma maior
ingestão dietética de vitamina D está correlacionada com a
status de vitamina D de pacientes com endometriose mostrou
que mulheres com endometriose tinham níveis mais baixos
de vitamina D em comparação aos controles, e uma relação
negativa entre os níveis de vitamina D e a gravidade da
endometriose foi observada, no entanto, este estudo foi
focado no status da vitamina D, não nos efeitos da suplementação de vitam
Zinco
O zinco é um mineral essencial que está naturalmente
presente em alguns alimentos, como ostras, caranguejos,
lagostas, carnes vermelhas, aves, feijões, nozes e laticínios (20).
Acúmulo excessivo, deficiência ou desequilíbrio de metais
traço podem interferir nas funções celulares, degeneração
celular e apoptose ou resultar em proliferação celular anormal
e transformação maligna (21).
As enzimas antioxidantes geralmente precisam de vários
metais-traço para catálise, de modo que os metais-traço
essenciais no corpo humano desempenham um papel tanto
nas reações imunes quanto na proteção contra danos
oxidativos (22). O zinco é uma molécula sinalizadora
intracelular e um agente antiinflamatório que tem papel
essencial no estresse oxidativo e nas funções imunológicas;
inibe a produção de radicais livres (23). A deficiência de
zinco pode complicar o quadro clínico de muitas doenças,
afetar o estado imunológico, aumentar a geração de citocinas
inflamatórias e aumentar o estresse oxidativo.
Essas propriedades do zinco podem ter alguns efeitos
curativos. Não há estudos in vitro ou em animais na literatura,
em relação aos níveis de zinco ou suplementação na
endometriose. Estudos realizados em pacientes com artrite
reumatóide mostraram que o baixo teor de zinco plasmático
se correlaciona negativamente com os níveis de TNF-ÿ e
IL-1 (24), um resultado que também é importante quando se
considera a fisiopatologia da endometriose. Muitos estudos
argumentaram essa relação, encontrando níveis mais baixos
de zinco em mulheres com endometriose (25,26). Além
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fluido folicular de mulheres inférteis com endometriose foram
menores, em comparação com a infertilidade tubária (27). O
estudo também indicou que os níveis de zinco no fluido
folicular foram maiores em mulheres com endometriose que
conceberam após fertilização in vitro (FIV).
Embora não haja estudos sobre a suplementação de
zinco e seus efeitos em mulheres com endometriose até
onde sabemos, os pesquisadores descobriram que a ingestão
dietética de zinco em mulheres sem endometriose era maior
em comparação com mulheres com endometriose (28).
Também não há metanálise sobre a suplementação de
zinco na endometriose.
Magnésio
O magnésio é um dos eletrólitos mais abundantes no
corpo humano e é bem conhecido por estar envolvido em
várias funções importantes, como síntese de proteínas e
ácido desoxirribonucléico (DNA), atividade enzimática e
excitabilidade neuromuscular. Aproximadamente 99% do
magnésio corporal total é armazenado intracelularmente,
predominantemente nos músculos, ossos e tecidos moles
(29). Fontes alimentares de magnésio incluem nozes, grãos,
espinafre, legumes, abacate e batatas (30).
O magnésio tem sido usado na prática ginecológica há
séculos. A deficiência de magnésio foi observada na
síndrome pré-menstrual (31). Mathias et ai. (32) observaram
que as trompas de falópio de mulheres com endometriose
contraem de forma irregular e mais espasmódica. O magnésio
também relaxa os músculos lisos (33) e, como resultado,
pode afetar a menstruação retrógrada, considerada a principal
causa da endometriose. Como resultado desses achados,
pode-se discutir uma diminuição do risco de endometriose
com o aumento da ingestão de magnésio, com forte
associação com a ingestão oral de magnésio por meio de alimentos
de(18).
Hosgorler et al, estudando alterações do fator de
crescimento endotelial vascular (VEGF) no tecido uterino
com base na suplementação de magnésio em modelo animal,
constataram que o VEGF diminui após o uso de magnésio,
concluindo que pode ser útil em doenças ginecológicas que
têm angiogênese em seu processo patofisiológico, como a
endometriose (34). Estudos humanos sobre o uso
complementar de magnésio na endometriose são raros, o
que indica um assunto a ser abordado em estudos futuros.
3
Ômega-3
Os ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs) são ricos em
ácidos graxos ômega-3 (FAs). Nos últimos anos, os efeitos
tipproliferativos, antiangiogênicos, antiinflamatórios e
antiapoptóticos dos PUFAs ômega-3 foram demonstrados
em vários estudos (35).
Uma associação entre a diminuição da circulação de
citocinas inflamatórias e a ingestão de PUFA na dieta foi
relatada pela primeira vez por Pischon e colegas em 2003 (36).
O ácido araquidônico (AA) é um ácido graxo poliinsaturado
ômega-6 (PUFA) sintetizado a partir do ácido linoleico,
encontrado em óleos derivados de plantas. É um substrato
usado para a síntese de prostaglandinas (PGE2) e
leucotrienos (LTB4), que são considerados relacionados à
dor pélvica na endometriose. Por outro lado, o ácido
eicosapentaenóico (EPA) é um PUFA ômega-3, encontrado
no óleo de peixe, também serve como substrato para a produção de PGE3
PGE3 e LTB5 têm atividade inflamatória menos potente em
comparação com aqueles sintetizados a partir do AA.
Além disso, o EPA inibe a conversão de AA em PGE2 e
LTB4 (37). Como resultado, os PUFAs ômega-3, como EPA
e ácido docosahexaenóico (DHA), podem inibir a inflamação
(38). O efeito anti-inflamatório do PUFA ômega-3 foi
comprovado por estudos que mostram melhora após a
ingestão dietética, em doenças como aterosclerose, artrite
reumatóide e asma (39).
Os PUFAs são provavelmente o suplemento mais
extensivamente estudado na patogênese, sintomas e
resultados da endometriose. Um estudo in vitro de Gazvani
et al mostrou que a sobrevivência de células endometriais de
mulheres com e sem endometriose foi significativamente
reduzida na presença de altas proporções de PUFA
ômega-3:ômega-6 em comparação com células incubadas
na ausência de ácidos graxos, em proporções equilibradas
PUFA ômega-3:ômega-6 e altas proporções de PUFA
ômega-6:ômega-3 (40). Estudos em animais relataram
diminuição da dor associada à endometriose após a
suplementação de ômega 3 (41). Além do alívio dos sintomas,
os PUFAs têm um papel na prevenção da patogênese da
doença (42). Além disso, a adição de óleo de peixe à dieta
de modelos de endometriose diminuiu o tamanho das lesões
causadas pela endometriose (43,44).
Estudos em humanos variam entre questionários de
frequência alimentar e ensaios de suplementação. Uma
coorte de pacientes com endometriose recebeu vários suplementos
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incluindo ômega 3, e os escores da escala visual analógica
(VAS) foram melhorados em comparação aos controles (45).
Foi relatado que adolescentes suplementadas com óleo de
peixe com endometriose tiveram uma queda de 50% nos
escores VAS (46). As mulheres com níveis circulantes mais
elevados de EPA são menos propensas a ter endometriose
(47). As revisões relataram resultados semelhantes, sublinhando
a heterogeneidade e a natureza geralmente experimental dos estudosangiogênese
(48,49).
Própolis
A própolis tem uma longa história de uso devido às suas
características terapêuticas. Na medicina experimental, foi
usado para tratar tumores malignos, feridas locais e úlceras.
Os compostos de própolis incluem terpenos, flavonóides, ácidos
fenólicos, bem como açúcar, proteínas, vitaminas e minerais
abundantes. Os flavonóides têm uma extensa gama de
comportamento biológico, incluindo propriedades anti-
inflamatórias, antioxidantes, antibacterianas e antivirais (50).
A crisina é um flavonoide natural encontrado principalmente
em extratos de plantas, própolis e mel. Estudos in vitro
demonstraram que a crisina estimula o aumento da apoptose
e a diminuição da proliferação em células endometrióticas
humanas; para suprimir a via de sinalização fosfatidilinositol 3-
quinase (PI3K)/AKT relacionada com a proliferação de células
endometrióticas (51). Até onde sabemos, não há estudos em
animais ou humanos sobre os efeitos da própolis na endometriose.
curcumina
A curcumina é o principal polifenol isolado da cúrcuma. As
propriedades antiinflamatórias, antimetastáticas, antioxidantes,
cicatrizantes, hipoglicemiantes, antiangiogênicas,
antimicrobianas, antitumorais, antimutagênicas e regulatórias
hormonais da curcumina foram relatadas por numerosos estudos
in vitro e vivo (52-54 ).
A curcumina pareceu melhorar a foliculogênese na
endometriose, relatou um estudo in vitro (55). Além disso, a
curcumina leva à redução da produção de estrogênio, inibindo
assim o desenvolvimento da endometriose (56). Um estudo in
vivo em modelos de camundongos projetou um sistema de
entrega de curcumina ao peritônio e mostrou uma redução
nas glândulas endometriais e no estroma, juntamente com a
diminuição significativa das células inflamatórias infiltrantes (57).
Muitos estudos em animais relataram diminuição do tamanho
do implante endometriótico ou atraso no desenvolvimento após
a suplementação de curcumina (58-60). O tratamento com
curcumina reduz a inflamação diminuindo a expressão de
citocinas pró-inflamatórias, também inibe a invasão, fixação e
de lesões endometriais (56,61).
Estudos em humanos que investigaram o efeito da
suplementação de cur cominho relataram diminuição da via de
sinalização do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF)
e diminuição dos níveis séricos de CA 125 e PGE2 (45,62).
Assim, pode ter benefícios potenciais como suplemento dietético
e agente farmacológico para prevenção e como parte do
tratamento da endometriose (63).
quercetina
A quercetina (3,3',4',5,7-pentahidroxiflavona) é um
importante flavonol dietético encontrado em vegetais e frutas
como cebola, couve-flor, alface, casca de maçã e pimenta. A
quercetina inibe a proliferação e induz a parada do ciclo celular
em células endometrióticas. Além disso, demonstrou induzir a
apoptose por causar a produção de espécies reativas de
oxigênio, fragmentação do DNA, perda do potencial de
membrana mitocondrial, com estudos in vitro e in vivo (64). Em
um estudo com animais, também foi demonstrado que possui
efeitos anti-estrogênicos e pró-gestogênicos (65). Portanto, a
quercetina pode ter um papel potencial como terapia natural
para melhorar e tratar a endometriose.
N-acetilcisteína
N-acetilcisteína (NAC), é a forma acetilada do aminoácido
cisteína. Está naturalmente presente em alguns vegetais como
cebola e alho e mostra uma ação antiproliferativa marcante in
vitro em células cancerígenas de origem epitelial – também a
origem de células endometriais (66). Estudos in vitro mostraram
que a ação da NAC não envolve indução de morte celular nem
se deve a um efeito tóxico específico; em vez disso, ele constrói
uma via de diferenciação, incluindo a ativação de mecanismos
moleculares específicos
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todos convergem para o interruptor de proliferação, eventualmente
causando diminuição da proliferação celular e uma diminuição no
comportamento locomotor das células, especialmente relevante
na endometriose (67). Além disso, o NAC regula negativamente a
atividade da proteína inflamatória (67).
Estudos em animais demonstraram que a NAC causa
reduções significativas nas áreas médias das lesões, nos níveis
séricos e peritoneais de TNF-alfa, nos níveis da enzima inflamatória
ciclooxigenase (COX) -2; esta poderia ser uma possível explicação
para a redução observada nas dimensões do endometrioma (68,69).
De fato, a diminuição da expressão de COX-2 reduz o estrogênio
disponível no tecido endometrial ectópico por meio da diminuição
da produção de PGE2 - um poderoso estimulador de aro matase.
Considerando a ação do NAC na sinalização celular e na atividade
da proteína, causando uma proliferação desordenada em geral, os
pesquisadores relataram tamanho reduzido do endometrioma em
mulheres suplementadas com NAC e argumentaram que ele pode
ajudar efetivamente no tratamento médico da endometriose
ovariana e prevenir a recorrência (70). Também o efeito combinado
de NAC, ácido alfa-lipóico e bromelaína diminuiu significativamente
a dor em mulheres com endometriose (70).
Probióticos
Probióticos, prebióticos ou simbióticos na dieta são favoráveis
para a microbiota intestinal. Estes podem ser consumidos na forma
de produtos lácteos, vegetais crus e frutas. Outra fonte pode ser
fórmulas farmacêuticas e alimentos funcionais (71). Um dos
principais efeitos positivos dos probióticos na saúde humana é a
melhoria da imunidade (72). Em 2007, os especialistas da
Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveram os prebióticos
como um componente alimentar não viável que é benéfico quando
consumido, pela modulação da microbiota (73).
Microorganismos probióticos como Lactobacil lus Plantarum,
Lactobacillus reuteri, Bifidobacterium teenis e Bifidobacterium
pseudocatenulatum são produtores naturais de vitamina B (71).
Particularmente em pacientes que sofrem de endometriose, os
probióticos são importantes a esse respeito, porque os níveis de
vitamina B são geralmente mais baixos do que na população
normal. Eles também aumentam a eficiência do sistema imunológico,
aumentam a absorção de vitaminas e minerais e estimulam a
síntese de ácidos orgânicos e aminoácidos.
5
Microrganismos probióticos também podem produzir certos tipos de
enzimas, como esterase, lipase e coenzimas A, Q, NAD e NADP
(71).
O uso de prebióticos é benéfico em pacientes com
endometriose, especialmente em pacientes com endometriose em
estágio avançado, devido à disbiose comum (72).
Resveratrol
O resveratrol tem altos níveis em alimentos como uva, vinho,
morango, chá Itadori, nozes; e é uma fitoalexina natural (trans-3,5,40-
trihidroxiestilbeno) sintetizada pelas plantas sob a influência da
radiação ultravioleta e infecções fúngicas (74,75). Existem muitos
estudos mostrando que o resveratrol tem efeitos antineoplásicos,
antiinflamatórios, antioxidantes, antiaterogênicos e antiangiogênicos
(75,76). Sabe-se que a presença de um processo inflamatório
crônico afeta o desenvolvimento da endometriose (77). Muitos
estudos foram conduzidos sobre o efeito do resveratrol na doença
da endometriose, que é conhecida por ter efeitos antioxidantes,
anti-inflamatórios e antiangiogênicos em pacientes com endometriose.
Em um estudo in vitro de Taguchi et al, o resveratrol mostrou
induzir apoptose aumentando o ligante indutor de apoptose
relacionado ao TNF-ÿ (TRAIL) em células endometrióticas do
estroma (78). Em um estudo em modelos animais, o resveratrol
demonstrou reduzir a metaloproteinase de matriz (MMP)-2 e MMP-9
em pacientes com endometriose e, em outro estudo, demonstrou
ter atividade antiinflamatória e tiangiogênica em além de diminuir os
níveis do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) além de
MMP-2 e MMP-9 (79,80). Em um modelo experimental de
endometriose feito por Cenksoy et al, o efeito anti-angiogênico e
anti-inflamatório do resveratrol foi relatado mostrando diminuição
dos níveis séricos de VEGF e MCP1 e coloração de VEGF em
implantes endometrióticos (81). Em outro modelo experimental de
endometriose, o resveratrol demonstrou reduzir a microvascularização
e a proliferação celular ao reduzir as células endometriais positivas
para CD 31 no tecido endometriótico (82). Em contraste, um
estudo randomizado controlado falhou em mostrar a superioridade
do resveratrol em mulheres com dor devido à endometriose (83).
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Com base em seus efeitos pró-apoptóticos,
antiinflamatórios, antioxidantes e antiangiogênicos, o
resveratrol pode ser um tratamento complementar à terapia
médica em pacientes com endometriose.
Ácido alfa-lipóico
O ácido alfa-lipóico (ÿ-LA) é uma substância encontrada
naturalmente no espinafre, brócolis e tomate, e também é
sintetizado no corpo humano. Possui duas isoformas: ácido
lipóico oxidado e ácido diidrolipóico reduzido.
-LA é hidrofílico e lipofílico. Quando tomado por via oral, é
absorvido pelas vilosidades intestinais e reduzido a ácido
diidrolipóico (DHLA) nos hepatócitos. É um alto redutor, um
poderoso antioxidante. Em um estudo baseado no efeito anti-
inflamatório e antioxidante do -LA em um modelo experimental
de endometriose, o estado oxidante e o índice de estresse
oxidativo, os volumes de implantes endometriais e os escores
histopatológicos mostraram-se menores no grupo de estudo
em comparação com o grupo controle (84). Outros estudos
in vivo mostraram que o uso regular de -LA causa uma
melhora significativa nos sintomas de dor associados à
endometriose, como dispareunia, dismenorréia e dor pélvica
crônica, bem como diminuição da qualidade de vida e das
funções sexuais (70,85,86) .
Além do tratamento médico, o uso de -LA pode ser uma
opção adequada para diminuir os sintomas e melhorar a
qualidade de vida, especialmente em pacientes com dor
predominante.
Vitamina C
A vitamina C é uma vitamina solúvel em água que é natural
rali presente em frutas cítricas, tomate, batata, pimentão
vermelho e verde, kiwi, brócolis e morango.
Os seres humanos, ao contrário da maioria dos animais, são incapazes
de sintetizar a vitamina C endogenamente, por isso é um componente
dietético essencial.
Formulada como dois grupos hidroxila fenólicos
contendo lactona de ácido glucônico 2-3 endiol-L, a vitamina
C é um poderoso redutor e é um dos antioxidantes mais
importantes do corpo humano (87). Os antioxidantes inibem
a peroxidação lipídica, inibindo a peroxidação
reação em cadeia ou pela desativação de espécies reativas
de oxigênio (88,89). Tem sido argumentado que o tratamento
intravenoso com vitamina C pode facilitar a prevenção da
indução de implantes endometrióticos e a regressão dos
volumes de implantes endometrióticos, e isso foi explicado
pelos efeitos anti-inflamatórios e antiangiogênicos da vitamina
C. A suplementação de vitamina C também reduziu
significativamente a volume e peso dos cistos endometrióticos
de maneira dependente da dose (90). Em um modelo
experimental de Erten et al., os volumes de implantes
endometrióticos do grupo que recebeu vitamina C foram
significativamente menores do que o grupo controle (91).
Outro estudo animal relatou volumes de cisto endometriótico
significativamente reduzidos em modelos suplementados
com vitamina C de maneira dependente da dose (90).
Embora sejam raros os estudos em humanos sobre os efeitos
da vitamina C na endometriose, um estudo controlado
randomizado mostrou que a suplementação de vitamina C
aumentou os níveis de vitamina C no fluido folicular, no
entanto, não teve efeito nos marcadores de estresse oxidativo (92).
A suplementação de vitamina C pode ser considerada
devido aos seus efeitos anti-inflamatórios e antiangiogênicos,
além do tratamento médico para prevenir o crescimento de
implantes endometrióticos, especialmente para pacientes
com alto estresse oxidativo.
Vitamina E
A vitamina E, encontrada em óleos vegetais, nozes,
sementes, frutas e vegetais, consiste em tocoferóis e
tocotrienóis. As membranas celulares e as lipoproteínas
plasmáticas contêm alfa-tocoferol. Após a ingestão oral, a
vitamina E é absorvida pelas vilosidades intestinais e
transportada para o fígado pelos quilomícrons. Os alfa
tocoferóis se ligam a proteínas específicas e são transferidos
para a circulação. Alfa-tocoferol (vitamina E) inibe a
peroxidação lipídica e inibe o estresse oxidativo (93). Estudos
in vivo relataram níveis de vitamina E mais baixos em
pacientes com endometriose (94,95). Pacientes com
endometriose parecem ter níveis mais altos de peroxidase
lipídica e níveis mais baixos de selênio, superóxido dismutase
e vitamina E em comparação com controles saudáveis (96).
Os níveis de vitamina E e glutationa foram menores em
pacientes com endometriose moderada a grave em
comparação com pacientes com endometriose mínima a leve; portanto
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a redução do sistema antioxidante pode ser um dos mecanismos
subjacentes e correlacionar-se com a gravidade da doença (97).
Santanam N et al., encontrou uma redução significativa
na dor pélvica crônica, dismenorréia, dispareunia e marcadores
inflamatórios no líquido peritoneal (IL-6, MCP-1) em pacientes
com endometriose que receberam terapia antioxidante com
vitamina C combinada (98). Em outro estudo, após terapia de
seis meses com vitamina C e E combinadas, os níveis de
malondialdeído (MDA) e hidroperóxidos lipídicos (LOOHs) foram
significativamente mais baixos como um indicador de estresse
oxidativo no plasma e fluido peritoneal (99).
A vitamina E tem um efeito antioxidante, especialmente
na peroxidação lipídica. Para pacientes com endometriose
grave e infertilidade associada, a suplementação pode ser útil
como tratamento complementar. No entanto, pode ser mais
apropriado usar suplementos combinados de vitamina E e
vitamina C para o controle da dor.
Selênio
O selênio é um oligoelemento essencial com nu
propriedades tricionais e farmacológicas (100). Grãos integrais
e laticínios, algumas frutas e vegetais, carne branca e vermelha,
frutos do mar e ovos são boas fontes
de selênio.
Estudos in vitro e in vivo mostram que o selênio modula
as funções de muitas proteínas reguladoras na transdução de
sinal, conferindo benefícios em doenças inflamatórias (101).
Níveis reduzidos de selênio foram observados em estados
inflamatórios agudos e crônicos. Em um estudo realizado em
pacientes com endometriose, quando a vitamina E, C, selênio
e zinco foram administrados simultaneamente, houve uma
correlação inversa com a intensidade da doença. Com a menor
ingestão oral de nutrientes antioxidantes, a doença mais grave
foi observada. Parece haver uma associação positiva entre o
desenvolvimento patológico e o estado de lipoperoxidação (102).
Epigalocatequina-3-galato (EGCG)
O EGCG é um composto à base de plantas, especialmente
encontrado no chá verde. EGCG foi encontrado para suprimir
7
ativação relacionada ao estrogênio, proliferação e expressão
de VEGF de células endometriais in vitro (103,104). Também
reduziu significativamente o número médio e o volume de
implantes endometrióticos, inibiu a proliferação celular, reduziu
a vascularização e aumentou a apoptose (105). A prevenção
da fibrose foi outro achado dos estudos in vitro (106).
Um estudo in vivo realizado em modelos de endometriose
em camundongos mostrou que o EGCG diminuiu
significativamente o crescimento dos implantes endometriais,
diminuiu o tamanho e o peso da lesão, inibiu a angiogênese e
causou apoptose da lesão (107). Outro estudo em animais
relatou que o EGCG leva à regulação negativa da via de
sinalização do VEGF e diminuição da expressão do VEGF,
inibindo assim a angiogênese em implantes endometrióticos (108).
Não há estudos em humanos sobre os efeitos do EGCG na
endometriose.
Conclusão
Como em muitas doenças e condições, os efeitos
positivos dos suplementos dietéticos foram demonstrados na
endometriose. Certos tipos de suplementos podem ser
administrados como tratamento complementar para os sintomas,
e alguns são benéficos na prevenção da doença.
Após uma revisão cuidadosa da literatura, podemos relatar
com confiança que níveis mais baixos de vitamina D, zinco e
vitamina E acarretam maior risco de endometriose.
Magnésio, curcumina, resveratrol e ECGC foram benéficos em
estudos com animais devido aos seus efeitos antiangiogênicos.
Omega 3 e ácido alfa-lipóico melhoraram a dor associada à
endometriose em estudos humanos. A suplementação com
curcumina, ômega 3, NAC, vitamina C e ECGC diminuiu o
tamanho da lesão endometriótica em estudos com animais e
humanos. Curcumina, ômega 3 e NAC foram encontrados para
prevenir a patogênese da doença ou recorrência em estudos
com animais. Os estudos realizados estão resumidos na Tabela
1.
É importante observar que os estudos sobre esse tema
geralmente apresentam limitações, como tamanho amostral
baixo e desenho de estudo experimental. Além disso, deve-se
ter em mente que os recursos alimentares e as fórmulas
farmacológicas dos suplementos podem ter diferentes
mecanismos de ação, também não havendo um consenso
sobre posologia e diretrizes de recomendação. No entanto, à medida que ma
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8 Acta Biomed 2021; Vol. 93, nº 1: e2022159

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+ +
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