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NUTRIENTES IMUNOMODULADORES E SUAS Prof.

Cristina Fajardo Diestel


APLICAÇÕES cristinadiestel@nutmed.com.br

INTRODUÇÃO  Nas funções dos macrófagos, ação dos linfócitos


T e na produção de IL-1;
Os nutrientes farmacológicos são caracterizados  No timo – deficiência das células T;
não só por prevenirem e/ou corrigirem deficiências  Nas células T auxiliares e aumento nas T
nutricionais, mas também por produzirem efeitos supressoras;
farmacológicos. (Chemin)  Do epitélio intestinal.

As recomendações diárias diferem das usuais, de A deficiência de piridoxina, ácido pantotênico, ácido
forma que os objetivos nutricionais e farmacológicos sejam glutâmico bem como as demais vitaminas do complexo B
atingidos. As pesquisas põem em evidência alguns acarreta na supressão da formação de anticorpos. Há
nutrientes, como: (Chemin) concordância que a desnutrição grave resulta em prejuízos
tanto nas respostas imunológicas mediadas pelas células
 Proteínas: arginina, glutamina, aminoácidos como nas humorais.
ramificados e ácidos nucléicos;
 Lipídeos: gorduras da série ômega-3 e 6,
triacilgliceróis de cadeia curta;
 Vitaminas A, C, E e os elementos-traço zinco e
selênio.

Apesar disso, os nutrientes terapêuticos mais


comumente utilizados são os ácidos graxos ômega 3,
(EPA, DHA), antioxidantes, glutamina, arginina e
nucleotídeos. (Dan, 2009)

Esses nutrientes através da terapia nutricional


parecem atuar farmacologicamente tanto na gênese como
no tratamento clínico de algumas situações clínicas, de
forma a: (Chemin)
 Potencializar ou minimizar a produção de radicais
livres;
 Corrigir o perfil aminoacídico em doenças como
as hepáticas e no trauma;
 Modular a resposta inflamatória no câncer,
doenças auto-imunes e nos transplantes;
 Auxiliar na manutenção da integridade da mucosa
intestinal e consequentemente prevenir a sepse
de origem intestinal.

Os nutrientes imunomoduladores atuam na resposta


imunológica, estimulando-a ou suprimindo-a, dependendo
da quantidade ingerida e/ou administrada desses
nutrientes. Entretanto, a imunosupressão é de origem
multifatorial, e diversas situações como desnutrição,
infecção, cirurgias, tumores e etc. promovem
imunosupressão. (Chemin)

A maioria dos estudos com terapia nutricional NUTRIENTES IMUNOMODULADORES


imunomoduladora é heterogênea, mas mesmo assim
evidenciou benefícios claros em termos de redução do A imunossupressão é multifatorial, sendo a
tratamento intensivo e do tempo de internação hospitalar, desnutrição um dos fatores. A reversão da
diminuição de antibióticos e redução da freqüência de imunossupressão pode ocorrer com a melhora do estado
infecções. Os resultados tendem a ser positivos em nutricional, geralmente às custas de dietas hipercalóricas e
pacientes cirúrgicos, pacientes de UTI e clínicos. (Dan, hiperprotéicas. (Chemin)
2009)
O fornecimento de calorias não protéicas em
ESTADO NUTRICIONAL E RESPOSTA IMUNOLÓGICA quantidades suficientes, em geral 35 a 55 kcal/kg de peso
(Chemin) atual/dia e proteínas de 1,5 a 2g/kg de peso atual/dia
tem sido suficientes para reverter a imunocompetência
O estado nutricional pode influenciar na resposta causada pela desnutrição. Porém, na prática clínica nem
imunológica. A deficiência protéica por si só pode acarretar sempre correção da deficiência nutricional é suficiente para
na redução: reverter o quadro de imunossupressão. Tem sido proposto
também o uso de nutrientes de ação farmacológica para
 Na formação de anticorpos; auxiliar na resposta imunológica. (Chemin)
 Na responsividade das células T, na mitogênese
e identificação de antígenos específicos; 1 – GLUTAMINA
 Na resposta do Teste de hipersensibilidade tardia;

1
- aminoácido condicionalmente essencial – torna-se  Não usar em alimentos ou bebidas quentes;
essencial em situações de estresse (hipercatabolismo,  Nas fórmulas enterais que já possuírem,
câncer, politraumatismos, queimaduras) devido a sua suplementar apenas se não tiver atingido o
grande utilização. recomendado;
No estresse prolongado, o intestino exige maiores  Preferencialmente infundir a glutamina em bollus;
quantidades deste aa, que não conseguem ser atendidas,  Atenção, pois dietas enterais com glutamina
acarretando queda de substrato energético e morte das possuem uma vida útil menor.
células intestinais. A falência da barreira intestinal então
favorece a translocação bacteriana, quem tem sido Doses recomendadas: (Chemin)
considerada a causa número 1 de infecções hospitalares. Suplementação com finalidade imunoestimulante, tem
No jejum digestivo alterações semelhantes são sido recomendada:
observadas. (Chemin)  Adultos: 0,2 a 0,57g/kg peso atual/dia
 Crianças: 0,5g/kg peso atual
- aminoácido mais abundante no organismo (60% dos
aminoácidos intracelulares). Em 24h as quantidades indicadas variam entre 12 e 40g
- combustível primário para muitas células de replicação de glutamina/dia.
rápida – mucosa do intestino, linfócitos e macrófagos. ATENÇÃO: Para pacientes com problemas renais e/ou
- age mantendo o equilíbrio ácido-básico, é precursora de hepáticos a suplementação não deve ultrapassar 15g/dia
amônia urinária e também de nucletídeos, arginina, (Recomendação somente para ADULTOS)
glutationa (substrato para síntese da enzima antioxidante
glutationa peroxidase) e glicosamina. 2 – ARGININA
- estimula e regula a síntese protéica, colaborando para a
retenção nitrogenada. - aminoácido condicionalmente essencial – tem um papel
- pode fornecer esqueleto de carbono para a importante no metabolismo intermediário de pacientes
gliconeogênese e é substrato básico para a críticos,
gliconeogênese renal. - suas fontes alimentares são: carnes em geral,
leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, soja e grão-de-bico),
Suplementação: (Dan, 2009 e Cuppari 2014) oleaginosas (nozes, castanha e amendoim) e chocolate;
(Chemin)
- a maior parte da glutamina administrada por via enteral, - a L-arginina está disponível ao hospedeiro por síntese
estimada em 70-80%, é metabolizada nas vísceras, com endógena (por conversão da citrulina no rim), por
apenas uma fração dela chegando a circulação sistêmica. decomposição de proteínas e a partir de fontes alimentares
Alguns estudos optam por fazer glutamina parenteral, (a dieta contribui com 20-25% do suprimento total de
porém existe efetividade de sua suplementação por via arginina).
enteral. - a ingestão normal de arginina para uma dieta ocidental
- Vantagens da suplementação: está entre 5 e 7 g ao dia, enquanto a produção endógena é
- parece ajudar a manter a espessura da mucosa estimada como sendo 15 a 20 g.
do TGI.
- manter o conteúdo de DNA e de proteínas. - Funções:
- reduzir a bacteremia e a mortalidade após a - intermediário proeminente na síntese de
quimioterapia e após a sepse e a endotoxemia. poliaminas (crescimento e proliferação celular)
- aumenta a síntese de glutationa, o principal - participa na síntese de prolina (consolidação de
antioxidante produzido endogenamente. feridas e síntese de colágeno)
- expressão induzida de proteínas de choque - é o único substrato biossintético para a produção
térmico (HSP) que são envolvidas na proteção celular de óxido nítrico
durante diversos estresses celulares. - é um modulador potente da função imune
- reduz a gravidade da estomatite em pacientes (efeitos sobre a proliferação e diferenciação dos linfócitos)
submetidos a transplante de medula óssea. - aumenta a liberação de hormônios – prolactina,
insulina e hormônio do crescimento, insuline growth fator 1
Na prática, a suplementação deste aa está indicada: (IGF-1). Além de glucagon, segundo a Cuppari 2014.
(Chemin e Cuppari, 2014) - favorece o balanço nitrogenado em pacientes
 Jejum digestivo – Suplementação via parenteral; com câncer gastrointestinal e aumenta o número de
 Doenças inflamatórias intestinais e fases adaptativas linfócitos T-CD4 (Cuppari, 2014)
pós-ressecções maciças;
 Hipercatabolismo: Câncer, choque, sepse, - a demanda aumentada da arginina em pacientes graves
queimaduras severas; ocorre por suprarregulação da arginase produzindo uréia e
 Transplantes, em especial, no de medula óssea; ornitina e pelo óxido nítrico induzida (iNOS) produzindo
óxido nítrico e citrulina. (a suprarregulação da arginase
O uso da glutamina parenteral tem se mostrado eficaz reduz potencialmente os níveis de ON) (Dan, 2009 e
na redução da translocação bacteriana como no aumento Cuppari, 2014)
dos níveis de Ig A. Entretanto, resultados são - o conceito teórico de que a arginina pode constituir um
contraditórios em relação a melhora da sua absorção risco para pacientes em estado crítico se baseia
intestinal e alertam para a hepatotoxicidade desse principalmente na percepção de que pacientes em estado
aminoácido. (Chemin) crítico e encontram freqüentemente hemodinamicamente
instáveis, com a atividade da enzima iNOS suprarregulada.
Alguns cuidados devem ser tomados para não inativar – em conseqüência disso vai haver um aumento do óxido
a glutamina: (Chemin) nítrico à administração de arginina suplementar em
 Administrar como medicamento; estados metabólicos de suprarregulação de iNOS. Esse
 10g em 3 vezes; aumento do ON pode induzir então vasodilatação e
 Diluir em 30 ml de água ou em fluido isotônico; hipotensão, ocasionando uma instabilidade hemodinâmica
 Misturar, apenas, em alimentos que não sofreram ainda maior. Isso ainda é controverso. (Dan, 2009)
cocção;
2
- uso de 15-30g de arginina ao dia é segura e com poucos e diferenciação celular. Como resultado estimula a
efeitos colaterais GI. (>30g ao dia pode causar diarréia) cicatrização e diminui o risco de úlceras de pressão;
(Dan, 2009)  Enzima Óxido nítrico sintetase: A suplementação em
- é muito complicado determinar o nível apropriado e doses favoráveis (4 a 6% do VET) permite sua ação
seguro em pacientes críticos e hipermetabólicos, como como antibacteriano e melhorando a microcirculação.
colocado acima. (Dan, 2009)  Estimula o síntese protéica: Favorece a síntese de
- A arginina parece ser segura e potencialmente benéfica proteínas de fase aguda e de enzimas para melhor
nas doses administradas em formulações defesa do organismo e resposta imunológica;
imunomoduladoras a muitas populações de UTI  Estímulo hormonal: Por estimular a secreção de
hemodinamicamente estáveis e capazes de tolerar insulina parece melhorar o controle glicêmico,
alimentação enteral. Isto incluiria pacientes clínicos e reduzindo as taxas de complicações.
cirúrgicos, pacientes submetidos a grandes cirurgias,
pacientes pós-infarto do miocárdio e aqueles apresentando Doses recomendadas: (Chemin)
hipertensão pulmonar. (Dan, 2009)
 300 a 500mg/kg/dia ou;
Segundo a Chemin, apesar dos possíveis problemas  Acima de 4 a 6% do VET ou;
com a suplementação de arginina em paciente críticos, a  Acima de 10 a 12g/dia tolerando até 30 a 60g/dia;
grande preocupação deve ser com a dose utilizada e deve- ATENÇÃO: Cautela em pacientes com insuficiência renal e
se ter em consideração que a situação de deficiência em hepática.
arginina desencadeia a resposta inflamatória e imunológica
perniciosa ao organismo aumentando o risco de Veja no quadro abaixo do Dan (2009), as
complicações infecciosas. vantagens e desvantagens do uso da arginina:

Benefícios da suplementação da arginina na sepse:


(Chemin)

 Enzima Arginase: Estimulada pela suplementação de


arginina disponibilizando substrato para o crescimento
Efeitos citotóxicos de NO e arginina Efeitos protetores de NO e arginina
- Inativação de vias metabólicas - Efeitos protetores notados em:
- Lesão de estruturas celulares  Danos hepáticos após lesões sépticas
 Peroxidação lipídica  Lesões GI e permeabilidade esplâncnica
 Nitração de tirosina  HTN pulmonar
 Oxidação de grupos sulfidrila  Infiltração de neutrófilos no pulmão
 Mutações do DNA  Isquemia miocárdica
 Ruptura da hélice de DNA  Infecções secundárias dos seios da face
 Ativa PARP - Inibe a apoptose
 Alterações na expressão de genes - Mediador anti-inflamatório
- Potencializa possivelmente a hipotensão na sepse e em  Sub-regulador de ICAM
estados inflamatórios  Diminui a aderência de neutrófilos
 Inibe a ativação de NFҡB
 Impede danos endoteliais
 Agregação plaquetária
 Aderência de leucócitos
 Removedor de radicais livres
- Estimula a consolidação de anastomoses
- Inibição de iNOS na sepse é prejudicial

3 – NUCLEOTÍDEOS DNA e RNA

Os nucleotídeos estão presentes na nossa São polímeros lineares formados por quatro diferentes
alimentação através de boas fontes protéicas, como nucleotídeos ligados por cadeias de 5-3 fosfodiester.
carnes e derivados, leguminosas, leite, principalmente o Esses nucleotídeos compõe o material genético que
materno, e outros alimentos. Sua importância está indicam síntese protéica e controla atividades celulares. O
relacionada ao amadurecimento do sistema imune das DNA serve de modelo para formação do RNA.
crianças e na homeostasia nos adultos.
Os precursores do RNA são:
Definições:  ATP (adenosina trifosfato);
 Nucleotídeo dietético: Adição de fontes pré-formadas  CTP (citosina trifosfato);
de purinas e/ou pirimidinas a uma dieta, que  GTP (guanina trifosfato) e;
participarão da produção endógena de DNA e RNA;  UTP (uracil trifosfato).
 Nucleotídeo (NT): Uma base nitrogenada (purina e/ou Os precursores do DNA são:
pirimidina) + um açúcar (pentose) + um ou mais  dATP (desoxirribose adenina trifosfato);
 Grupos fosfato. O nucleotídeo pode então ocorrer na  dCTP (desoxirribose citosina trifosfato);
forma de mono, di ou trifostato.  dGTP (desoxirribose guanna trifosfato);
 Nucleosídeo (NS): Purina ou pirimidina ligada ao  dTTP (desoxirribose timina trifosfato).
açúcar (pentose).
Os nucleotídeos além de servirem de unidade
estrutural do DNA e RNA, participam de várias reações
metabólicas:
3
 Aumento da atividade de células natural killer e
- ATP, maior substância de transferência química é uma produção de IL-2 em bebês alimentados com fórmulas
adenina nucleotídeo, contendo NT ou leite humano;
- a adenina também está presente em coezimas como:  Aumento de IgG em bebês com fórmulas infantis com
nicotinamida-adenina dinucleotídeo (NAD), flavina-adenina NT;
dinucleotídeo (FAD) e coenzima-A (CoA) - essas  Os NT compõem cerca de 5% do total de nitrogênio
coenzimas são importantes na síntese de carboidratos, do LH, ajudando no desenvolvimento e maturação do
proteínas e lipídeos. intestino humano e sistema imune;
- mediadores fisiológicos: adenosina é um vasodilatador e  Aumentam o crescimento das bifidobactérias no
ADP (adenosina difosfato) é crítica para agregação normal intestino.
de plaquetas;
- intermediário ativo para inúmeras reações – parte de Dan e Cuppari, 2014
coenzimas envolvidas na síntese de glicogênio e
glicoproteínas;  melhoram a imunidade humoral mediada por células T
- regulação de várias vias metabólicas auxiliares.
- combatente celular - disparando sinal intracelular de  melhoram a capacidade de dos macrófagos em matar
transdução em cascata incluindo a via do AMP cíclico e as bactérias englobadas pela produção de superóxido
cálcio-inositol;  aumento da espessura e do conteúdo de proteínas no
intestino
Os nucleotídeos são sintetizados  transdução de sinais a nível do sistema de sinalização
endogenamente, podem se tornar essenciais quando o purinérgico regulando a hemodinâmica em diversos
suprimento endógeno não é suficiente, porém a ausência leitos teciduais.
na dieta não leva a uma síndrome de deficiência  Atua na recuperação de hepatócitos em pacientes
específica. São classificados em condicionalmente com esteatose hepática ou decorrentes de outros
essenciais, portanto podem tornar-se essenciais em: comprometimentos hepáticos. (Cuppari, 2014)
certos estágios de doenças, períodos de ingestão limitada
de nutrientes ou rápido crescimento e a presença de A maioria das fórmulas enterais e parenterais são
fatores de desenvolvimento ou regulatório que interfiram desprovidas de NT. Alguns estudos utilizando fórmulas
na capacidade de síntese endógena. acrescidas de NT demonstraram: melhora da resposta
imune e úlcera de pressão e diminuição da permanência
ABSORÇÃO E METABOLISMO hospitalar. Um estudo experimental também concluiu que a
suplementação dietética com RNA ou uracil mostra o
Existem duas vias de biossíntese para o metabolismo aumento da resistência e que sua adição a dieta pode ter
dos nucleotídeos: de novo e a via de recuperação. aplicação terapêutica em pacientes no desenvolvimento de
- A síntese de novo - Utiliza pequenos precursores para a complicações infecciosas seguidas de adaptação a dieta
síntese de nucleotídeos; é um processo de alto custo enteral ou parenteral que são livres de NT. (Chemin)
metabólico.
- Via de recuperação- Utiliza bases pré-formadas de purina Os NT tem sido incorporados em fórmulas com 2
e pirimidina e nucleosídeos para formação de outros substratos imunopotente (óleo de peixe e arginina).
nucleotídeos; os nucleotídeos dietéticos contribuem para Nas comparações da melhora dos efeitos imunológicos, o
esta via; óleo de peixe e RNA dietético parecem ser equivalentes na
manutenção da resposta proliferativa. No entanto quando
Os adultos ingerem em torno de 1 a 2g de NT/dia. combinados com arginina parecem ser aditivos benéficos
Alguns autores sugerem que a suplementação exógena de para o sistema imune. (Chemin)
NT tem importante papel na resposta imunológica.
Verificaram ainda que dietas com baixo teor de NT oprime Fontes naturais de nucleotídeos: (Chemin)
o sistema imune, entretanto esse déficit pode ser revertido Os NT são componentes da fração de nitrogênio não
pela suplementação com NT, mais especificamente com protéico do LH. Essa fração equivale a 25% do total do
RNA de levedura purificada e uracil. Logo, o RNA de nitrogênio no LH e inclui compostos como aminoaçúcares
levedura e nucleosídeos (pirimidinas) podem ter um papel e carnitina. Já o leite de vaca possui apenas 2% do total de
importante na manutenção e restauração da resposta nitrogênio não protéico e menos de 20% na maioria das
celular imune. (Chemin) fórmulas infantis baseadas em leite de vaca. Os NT
contêm de 2 a 5% do nitrogênio não protéico do LH.
O leite humano (LH) é a única fonte de NT para os
neonatos durantes os primeiros meses de vida, estima-se 4 – LIPÍDEOS
que o LH forneça 1/3 do requerimento de NT do neonato.
Já o leite de vaca possui um perfil de NT diferente do LH e Os lipídeos foram citados por muito tempo apenas
específico para cada espécie. Diante da impossibilidade de como fornecedores de energia, e os ácidos graxos
alguns neonatos receberem o LH, a União européia essenciais deveriam representar no mínimo de 3 a 4% do
reconhece os NT como componentes semi-essenciais em VET. (Chemin)
fórmulas iniciais e específicas e estabeleceu normas para
suplementação desse nutriente em fórmulas infantis. Recentemente, pesquisas têm demonstrado que as
(Chemin) gorduras dietéticas têm participação ativa na resposta
imunológica por serem precursores das prostaglandinas. O
Efeitos benéficos dos nucleotídeos DIETÉTICOS: ácido graxo ômega-6 é precursor do ácido araquidônico,
que por sua vez é metabolizado pela via da ciclooxigenase
Chemin produzindo prostaglandinas do tipo E2 com ação
imunossupressora e que causam agregação plaquetária e
 Influencia a resposta imune e o reparo intestinal após vasoconstrição. Já as citoquinas produzidas pelo ácido
lesão, diarréia crônica e radiação; graxo ômega-3 são da série E3 e I3, imunoestimuladoras.
A presença do ômega-3 pode modular a resposta
imunológica. (Chemin)
4
(DHA), respectivamente que tem efeitos diretos sobre a
fluidez, estrutura e a função das membranas celulares. O
ser humano adulto converte apenas 8-13% dos AG ômega
Fontes alimentares de Ômega-3 e Ômega-6 (Chemin) 3 de 18 carbonos ao EPA de 20 carbonos.

A composição de AG da membrana celular é afetada Um aumento na disponibilidade do EPA age como um


pela composição da dieta, portanto a quantidade de  - 3 e inibidor competitivo, impedindo que o ácido araquidônico
 -6 ingerida modula suas quantidades na parece celular. entre na cascata e produza produtos finais pró-
O óleo de peixe apresenta 22 a 35% de seu lipídeos inflamatórios.
na forma de  - 3, o de canola 10% e o de soja 8%. Como
fontes de  -6: óleo de açafrão, o de soja (54%), milho Alterando-se a proporção de lipídios de ômega 6 para
(61%) e girassol (69%). ômega 3 na dieta pode-se otimizar a provisão destes
Os peixes também são fonte de  - 3, incluindo os produtos pró-inflamatórios para a resposta imune e de
peixes equatoriais de água doce e salgada. consolidação necessária e atenuar-se ao mesmo tempo o
estado inflamatório.
Doses recomendadas:
Além de influenciar o estado inflamatório pela
Chemin regulação de genes e a disponibilidade de substratos ao
 Relação entre  -3 e  -6: razão de 50/50; nível da ciclooxigenase, o produto final da cascata do EPA
 Cotas de 10 a 18g de óleo de peixe são necessárias inibe o precursor do ácido araquidônico liberado pelos
para ter alteração na resposta imunológica; fosfolipídeos da membrana, num mecanismo clássico de
inibição por feedback.
 Quantidade de  -6 e  -3 para pacientes críticos: 1:1
a 1:4.
O EPA estimula o sistema do receptor Ativado pelo
Proliferador de Peroxissoma (PPAR), que é um substrato
Cuppari, 2014:
molecular anti-inflamatório. Os ácidos graxos ômega 3
 Obtenção de benefício clínico com 1,5 a 3 g/dia de EPA
também estabilizam o sistema NFkB, que age basicamente
e DHA.
como interruptor “liga/desliga” para a célula gerar
mediadores inflamatórios como o TNF, IL-6 e interferon-
Ácidos graxos ômega 3 (Dan, 2009)
gama. Ao ser estabilizado no citoplasma com seu
complexo inibidor, limita a quantidade de NFkB livre que é
O óleo de menhaden (peixe semelhante ao arenque)
translocada ao núcleo e inicia a cascata inflamatória. Os
constitui a mais concentrada fonte comercialmente
outros mecanismos de ação anti-inflamatória do EPA
disponível de EPA e DHA.
podem ser observadas no quadro abaixo.
Os ácidos ômega 3 de 18 carbonos são alongados
aos ácidos graxos ômega 3 de 20 e 22 carbonos, ácido
eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico

Quadro 119.1 – MECANISMOS GERAIS DE AÇÃO DO EPA SOBRE A INFLAMAÇÃO

- Alterações nos fosfolipídios da membrana


 Diminuição nos metabólitos pró-inflamatórios do AA
 Inibidor da liberação de AA pelos fosfolipídios da membrana
 Age como substrato para COX/LOX e inibe competitivamente a oxigenação do AA por COX
- Alterações na expressão de genes
 Estimula PPAR
 Estabiliza NFҡB
- Diminuição da resposta dos linfócitos Th1
- Diminuição de ICAM-1, Selectina-E e CD54
 Diminuição da fixação e da migração transepitelial de neutrófilos
- Nova série de compostos anti-inflamatórios
 Resolvinas, Neuroprotexinas, Docosatrienos
Abreviações: AA, ácido araquidônico; COX, ciclo-oxigenase; LOX, lipo-oxigenase; PPAR, receptores peroxissômico proliferativo ativado;
NFҡB, fator nuclear kappa B.

Parece que são necessários 3-5 dias de terapia trânsito intestinal. Em geral recomenda-se o uso de fibras
nutricional enteral com DHA e EPA numa quantidade solúveis (goma guar hidrolisada, pectina) ou então
adequada e um aporte calórico para se observar uma insolúvel (da soja).
resposta clínica ao EPA e ao DHA. Quando eles são
administrados por via intravenosa, essa resposta benéfica As fibras possuem 2 tipos de ação:
pode ser vista em até 3 horas.  Local: Decorrente da presença da fibra no tubo
digestivo e de suas características como: tamanho de
A quantidade total de lipídios ômega 3 fornecidos suas partículas, capacidade de fixação de água e sais
como EPA e DHA que é necessária para a obtenção de biliares, viscosidade; influencia o tempo de
um benefício clínico em geral fica entre 1,5-3 g/dia. esvaziamento gástrico, intestinal e a velocidade de
absorção dos nutrientes.
5 – FIBRAS (Chemin)  Sistêmica: Decorrente da fermentação das fibras pelas
bactérias colônicas e pela produção dos ânions
O uso das fibras pode ser tanto na presença de acetato, butirato e propionato. Estes depois de
diarréia como na obstipação, visando a normalização do absorvidos serão metabolizados no fígado, entram na
5
circulação atuando sobre a integridade dos Sua absorção varia entre 10 e 40% do ingerido, esta
colonócitos, evitando a translocação bacteriana, absorção ocorre principalmente no duodeno e jejuno
principalmente em situações de queimaduras, proximal, mas também pode acontecer no estômago e em
radioterapia na região abdominal e estresse outros locais do intestino delgado. Influenciam nessa
metabólico. Os subprodutos das fibras colaboram na absorção:
resposta imunológica, garantindo a integridade da
barreira intestinal.  Certos aminoácidos das carnes, ovos e frutos do
mar – Melhoram a solubilidade do zinco e sua
Doses recomendadas: absorção;
 Indivíduos sadios: 10g/1000kcal;  Cisteína e Histidina formam complexos estáveis
 Terapia enteral não tem recomendação; com zinco facilitando sua absorção;
 Grãos integrais e outro vegetais por conterem
6 – VITAMINAS E MINERAIS (Chemin) ácido fítico diminuem a absorção do zinco.
Também a fermentação de pães produz este
O quadro abaixo sumariza os principais efeitos ácido e os cereais matinais, alimentos
das carências vitamínicas sobre a resposta imunológica. industrializados pelo processo de extrusão,
diminui a degradação do ácido fítico levando a
menor biodisponibilidade deste metal;
 A ingestão desarmônica de cobre, ferro e cádmio
diminui a biodisponibilidade de zinco por
competirem pela mesma proteína carreadora;
 A vitamina D aumenta a biodisponibilidade do
zinco;
 As prostaglandinas PGE2 favorecem a absorção
do zinco, enquanto as do tipo PGF2 diminuem.

Doses recomendadas
 Adulto: 15mg zinco/dia procedente da
alimentação;
 Maiores fontes: produtos animais, em especial,
carne vermelha, fígado, miúdos de vaca e de
aves, ostra, vegetais integrais. EX: Ovo – 0,02mg
zinco/100g, ostras – 75mg/100g;
 O zinco circula ligado a albumina, transferrina,
ceruloplasmina e gamaglobulina;
 Presença de fístulas no TGI inferior e diarréias –
Perdas acima de 25% sobre as perda diárias;
 Deficiência pode ocasionar: atrofia do tecido
linfóide e produzir anormalidades tanto na
resposta imunológica celular como na humoral.

O zinco também tem função:


 Estabilizar os grupos tióis e fosfolipídios da
membrana;
 Ocupar locais na membrana que poderiam ser
ocupados por metais com potencial redox (ferro);
 Evitar a produção de radicais livres;
 Auxiliar na estabilização de estruturas do DNA,
RNA e ribossomos.

9- ANTIOXIDANTES (Dan, 2009)


7 – SELÊNIO (Chemin)
A capacidade dos mecanismos endógenos do
Sua absorção varia de 35 a 85% do total ingerido. organismo em desintoxicar as espécies de oxigênio
Essa absorção ocorre no duodeno sendo dependente da reativas produzidas pela exposição aos elevados níveis de
solubilidade deste elemento-traço. Circula ligado a proteína oxigênio é sobrepujada durante o aporte de uma elevada
plasmática, sua concentração varia de 100 a 130 ng/ml e FiO2 ventilatória, a reperfusão de uma isquemia, estados
sua excreção é feita principalmente pela urina, embora de baixo fluxo, e alguns estados hiperdinâmicos. Espécies
também seja observada nas fezes. reativas de oxigênio não eliminadas e outras radicais livres
de oxigênio podem produzir danos oxidativos a
A função do selênio na resposta imunológica não está praticamente todos os componentes celulares, incluindo
esclarecida, porém alguns estudos observaram melhora da proteínas, ácidos graxos poliinsaturados, polissacarídeos e
resposta imunológica em animais com aumento as sua ácidos nucléicos, causando a morte celular e danos
ingestão. subseqüentes aos órgãos. Os danos celulares foram
demonstrados como ativando o NFkB, causando a
O selênio é um componente importante da enzima expressão de produtos genéticos e exacerbando o
glutationa peroxidade, potente antioxidante. É possível que desencadeamento e a perpetuação da resposta
na deficiência de selênio haja uma dificuldade das células inflamatória sistêmica.
de se protegerem contra os elementos oxidantes,
decorrente da disfunção desta enzima. Com a suplementação de antioxidantes é
demonstrado nos estudos uma tendência a diminuição na
8 – ZINCO (Chemin)
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mortalidade, uma diminuição na ventilação mecânica e  Em terapia intensiva, apenas para acompanhamento e
uma diminuição nos dias de permanência na UTI. estabilização;
 Com obstrução intestinal distal;
O foco dos estudos é em 3 antioxidantes-chave:  Com ressuscitação incompleta ou hiperfusão
selênio, vitamina C e vitamina E. O selênio é um esplâncnica;
oligoelemento essencial que serve como co-fator para a  Com hemorragia digestiva alta causada por varizes ou
glutationa peroxidase, um importante removedor úlceras pépticas.
enzimático endógeno de resíduos. Quando Iniciar a Terapia de Nutrição com Fórmula
Imunomoduladora?
A literatura médica atua varia muito quanto á
combinação de antioxidantes administrada, a dose, os Sempre que possível iniciar antes da lesão ou do evento
níveis usados, a via de administração e o momento do desencadeador da resposta imunossupressora. Sugere-se:
aporte da suplementação. Não há, no momento, um
consenso em relação à combinação e dose ótima de  Em cirurgias eletivas de grande porte: preparo
antioxidantes.Uma variável chave na suplementação é o nutricional imunomodulador iniciando 5 a 7 dias antes
momento da intervenção – deve ser iniciada logo de início da cirurgia; (Chemin e Cuppari, 2014)
antes da lesão oxidativa estabelecida.  No seguimento pós-operatório: jejunostomia intra-
operatória para TNE precoce imunomoduladora no
PERSPECTIVAS DA TERAPIA NUTRICIONAL pós-operatório; (Chemin)
ENTERAL A BASE DE NUTRIENTES - deve-se iniciar nutrição enteral imediatamente após a
IMUNOMODULADORES internação na UTI (primeiras 24-48 horas), usando-se
fórmula imunomoduladora por 7-10 dias. (Dan, 2009)
Que doentes se beneficiam? - parece que a combinação de nutrientes (fórmula
imunomoduladora) e não um imunonutriente isolado é
que é responsável pelos resultados. (Dan, 2009)
- Doentes submetidos a cirurgia GI eletiva
Qual a Dose, Duração e Forma de Administração de
Dan(2009)
Fórmula Imunomoduladora? (Chemin e Cuppari, 2014)
 Cirurgia esofágica, pancreática, gástrica,
hepatobiliares maiores.
 Dose: 1200 a 1500ml ao dia ou até atingir 50 a 60%
das necessidades nutricionais;
Chemin – seguir critérios abaixo
 Duração: sugere-se no mínimo 05 dias e no máximo
 Com desnutrição moderada ou severa e submetidos a
10 dias ou até a saída da UTI ou até redução significativa
grandes cirurgias eletivas do trato digestório alto;
do risco ou da complicação infecciosa;
 Com desnutrição severa submetidos a cirurgias do
 Forma de administração: infusão gástrica deve ser a
trato digestório baixo.
1ª escolha, o volume gástrico pode ser aumentado em
25ml/hora a cada a 12h até atingir a taxa ideal. A
- Doentes com trauma abdominal pérfuro-penetrante: (Dan
administração deve ser diminuída ou suspensa se o
e Chemin)
resíduo gástrico for > que 200ml.
 Portadores de trauma com escore de severidade
maior ou igual a 18; índice de trauma abdominal maior
Que resultados esperar com o uso de dietas
ou igual a 20; ou combinação de ferimentos graves e
imunomoduladoras? (Chemin)
não graves em múltiplos órgãos;

Doentes que podem se beneficiar com terapia nutricional  Redução de complicações infecciosas;
 Menor utilização de recursos de pessoal e financeiros;
imunomoduladora enteral:
 Redução no tempo de internação;
 Menor tempo de ventilação mecânica;
 Cirurgia eletiva de grande porte (Dan, 2009)
 Menor risco para falência de múltiplos órgãos;
 Cirurgia eletiva de reconstrução aórtica com doença
 Menor duração de antibióticoterapia.
pulmonar obstrutiva crônica à ventilação mecânica
prolongada.
Como acompanhar a Tolerância à Terapia Precoce
 Ventilação pós-operatória esperada (Dan, 2009)
Imunomoduladora: (Chemin)
 Grandes cirurgias de cabeça e pescoço, com
desnutrição preexistente;
 Os sintomas de intolerância são: náuseas, cólicas,
 Traumatismo craniano grave;
distensão abdominal ou diarréia. Esses sintomas não
 Queimados – terceiro grau (superior a 30%);
são específicos das fórmulas imunomoduladoras, mas
 Pacientes de UTI sépticos não dependentes do
comumente acompanham o paciente grave.
aparelho ventilação (Dan, 2009)
 Doentes com perfusão marginal devem ter
 Dependentes de ventilação mecânica, clínicos não
alimentação em posição jejunal iniciada com
sépticos ou cirúrgicos com risco de morbidade
15ml/hora até a ressuscitação completa;
infecciosa; (Chemin)
 Diarréia no paciente grave, por si, não tem correlação
 Doentes com sepse grave  < taxa de ventilação
direta com intolerância à fórmula. Investigar: possível
mecânica, < tempo de CTI, melhora da taxa de
colite pseudomembranosa induzida por antibióticos,
morbidade e < custo. (Chemin)
uso de agentes ativadores da motilidade (sorbitol),
medicamentos contendo magnésio ou uso abusivo de
Os seguintes doentes não são considerados candidatos
agentes pró-motilidade.
para uso imediato de terapia nutricional com ou sem
fórmula imunomoduladora:
Condutas sugeridas: (Chemin)
 Aqueles em que se espera o uso de alimentação via
 Para casos de diarréia, considerar o uso de fibras;
oral no prazo de até 05 dias após o evento agressor;
 Evitar medicamentos que retardam o esvaziamento
gástrico;
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 Elevação da cabeceira a 30-40°; - Pacientes clínicos – grau de recomendação B
 Agentes estimuladores da motilidade podem ser - Pacientes com lesão pulmonar aguda e com síndrome
adotados já no início da terapia; da angústia respiratória devem receber dietas
 Administrar preferencialmente por infusão contínua. suplementadas com óleo de peixe, óleo de borragem e
antioxidantes – grau de recomendação A
- Dieta suplementada com glutamina deve ser utilizada em
pacientes queimados, trauma e outros pacientes
Cuppari, 2014 criticamente enfermos – grau de recomendação B

Recomendações de alguns guias internacionais a Associação Médica Brasileira – Projeto Diretrizes


respeito do uso de imunomoduladores
- Há subgrupos de pacientes graves que se beneficiam do
Guia Canadense para Nutrição em Pacientes Criticamente uso de soluções enriquecidas com arginina glutamina,
Enfermos ácido nucleico, ácidos graxos ômega 3 e antioxidantes.
Dentre eles, estão os pacientes em pós-operatórios de
- Dieta suplementada com arginina não deve ser utilizada grandes cirurgias abdominais eletivas, trauma abdominal
por pacientes críticos. com trauma índex (escore>20), queimados com superfície
- Dieta suplementada com óleo de peixe, óleo de borragem corporal>30%, pós-operatório de câncer de cabeça e
e antioxidantes deve ser usada para pacientes com lesão pescoço e pacientes graves sob ventilação mecânica,
pulmonar aguda e com síndrome da angústia respiratória desde que não estejam sépticos.
do adulto. - Em pacientes com lesão pulmonar aguda ou síndrome do
- Dietas suplementadas com glutamina devem ser usadas desconforto respiratório agudo, sob ventilação mecânica, o
em pacientes com trauma e queimados. Não há dados tempo de internação na UTI, tempo de ventilação
suficientes que suportam o uso rotineiro de glutamina mecânica e a ocorrência de novas disfunções orgânicas
enteral em outros pacientes criticamente enfermos. estão reduzidas com a utilização de dietas enriquecidas
com ácidos graxos ômega 3 e antioxidantes. Ainda é
Guia da Associação Dietética Americana (ADA) necessária a determinação de dose e do tempo de
utilização ótimos para essas dietas – grau de
- Dieta imunomoudladora não é recomendada para uso recomendação A
rotineiro em pacientes criticamente enfermos de UTI. Seu - Os benefícios clínicos da farmaconutrição são maiores
uso pode estar associado com aumento de mortalidade quando 50% ou mais das metas nutricionais são
nesse grupo de pacientes. alcançadas
- Pacientes queimados, traumatizados e pacientes graves
Guia da Sociedade Americana de Nutrição Parenteral e sob ventilação mecânica podem beneficiar-se de doses
Enteral (ASPEN) e da Sociedade Médica de Pacientes maiores de vitaminas antioxidantes (C e E) e elementos-
Críticos (SCCM) traço (zinco, selênio e cobre). Ainda são necessários
estudos para determinar doses e períodos de tratamento,
- Dieta imunomoduladora suplementada com arginina, além de combinações adequadas. Recomenda-se evitar
glutamina, nucleotídeos, ácidos graxos ômega 3 e reposições maiores em pacientes com insuficiência renal –
antioxidantes deve ser usado para pacientes com cirurgia grau de recomendação A
eletiva, trauma, queimados, câncer de cabeça e pescoço, - Pacientes queimados ou vítimas de trauma devem ter
pacientes criticamente enfermos sob ventilação mecânica. associados ao regime de TNE 0,3 a 0,5g/kg/dia de
Precaução para pacientes com sepse severa. glutamina suplementar divididos em 2-3 doses.
- Pacientes cirúrgicos – grau de recomendação A

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