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Psicose da ação

Pensamento advindo da psicanálise, é a substituição do pensar pelo agir irrefletido. Se


arrouba de pura eficacia, não compreende conexões racionais, decreta a morte do
pensamento produtor de diferenças. Sua ação é delirante por se embasar em
representações fixas e certeza inabalável. Na psicose da ação, o delírio torna-se ato, pois
as representações e trabalho de organizá-las se perdem, restando ao sujeito reconhecer-
se só nos atos que executa, ou seja, nos efeitos que esses atos produzem. É na
prevalência dos meios sobre os fins que se constitui socialmente a psicose da ação. Nela,
a ordem geral está na ênfase para a produção de melhores meios de produzir novos
meios. A vida passa a ser vivida como uma máquina em funcionamento que promove
ações encadeadas numa espécie de carreira em que uma conquista só vale como meio
para alcançar a conquista seguinte.
Essa postura acaba por causar um adoecimento da sociedade. Os pacientes desta nova
patologia se tornam máquinas com sintomas também maquínicos: ansiedade nos
períodos sem ação; ideias hipocondríacas de suspeita de falha de funcionamento; alta
impulsividade e busca de contenção de intensidade. Prevalência de fantasias recorrentes
de perseguição, ruína ou êxito. O ritmo vital se acelera continuamente em mais ação.
Com a decadência física e a impossibilidade de manter a aceleração do ritmo da vida, o
discurso de perseguição em relação a ações passadas atormentam o indivíduo, que usa
de narrativas delirantes ao descrever as oportunidades que lhe escaparam por um triz,
nas perseguições sem motivos que o mesmo sofreu.

“Enquanto o tempo acelera e pede pressa /Eu me recuso faço hora vou na valsa /A vida é tão rara”
“E a loucura finge que isso tudo é normal/ Até quando o corpo pede um pouco mais de alma/E
quem quer saber”

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