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A APLICABILIDADE DE JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE

GEOGRAFIA

Alison Diego Leajanski1 - UEPG


Luiz Felipe Przybyloviecz2 - UEPG
Jaine de Lima3 - UEPG

Eixo– Ensino e práticas nas licenciaturas


Agência Financiadora: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo relatar os pontos positivos e negativos da aplicação do
jogo “Super Trunfo Geográfico” com alunos do ensino fundamental, no Colégio Estadual
Meneleu de Almeida Torres, com alunos de 8º ano do ensino fundamental. O jogo é composto
de 193 cartas. Cada carta do jogo traz os dados referentes à população absoluta, área,
densidade demográfica, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Produto Interno Bruto
(PIB), PIB per capita, expectativa de vida e a bandeira, de cada país do mundo. Tais dados
foram consultados no sítio eletrônico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O jogo
foi aplicado com 77 estudantes de 3 turmas de 8° anos do ensino fundamental, com faixa
etária entre 12 e 14 anos. A realização desta atividade propiciou o contato com outro
procedimento didático-pedagógico e o contato com o conteúdo referente à organização do
espaço mundial, das regionalizações dos continentes e de suas condições socioeconômicas.
Após a aplicação do jogo, foi realizado um questionário para 10 alunos de cada turma, para
que respondessem algumas questões referentes à proposta desenvolvida. As respostas dos
alunos foram positivas em relação a todas as questões, demonstrando assim que o jogo
despertou interesse dos mesmos em relação à Geografia. A aplicação do jogo em turmas de 8º
ano propiciou a dinamização das aulas, contribuindo assim para o processo ensino-
aprendizagem. Dessa forma, os aspectos positivos se sobrepuseram aos negativos, onde se
destacou o interesse dos alunos em relação ao jogo, bem como às informações geográficas
presentes nas cartas.

Palavras-chave: Jogos geográficos. Ensino. Geografia.

1
Graduando no curso de Licenciatura em Geografia - Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Bolsista
do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). E-mail: alisondiego3@gmail.com
2
Graduando no curso de Licenciatura em Geografia - Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Bolsista
do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). E-mail: przybylowiecz@gmail.com
3
Graduanda no curso de Licenciatura em Geografia - Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Bolsista
do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). E-mail: jainelima_@live.com

ISSN 2176-1396
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Introdução

As mudanças na sociedade atual produzidas pelas tecnologias estão cada vez mais
rápidas e intensas, repercutindo assim, nas instituições de ensino, em que os educandos têm
acesso à informação em tempo praticamente concomitante a grandes acontecimentos, sejam
eles históricos ou geopolíticos, por exemplo. Diante deste contexto tem sido difícil para os
professores despertar o interesse para o ensino, seja através de aulas expositivas ou com o uso
do livro didático. Para que o processo ensino-aprendizagem seja eficaz, o docente deve propor
um ensino que valorize o lugar de vivência cotidiana do aluno. Além disso, é necessária uma
reflexão sobre o uso de técnicas e metodologias que possam diversificar e complementar suas
aulas, de modo que os estudantes compreendam os conteúdos a partir de novas experiências e
percepções.
Sobre as mudanças nas escolas Bettio e Martins (2003, p. 2) afirmam que “até o
momento atual, a própria escola não mudou, os modelos didáticos evoluíram, porém a
maneira como o aluno era impulsionado para um novo estágio continuou a mesma”, ou seja, é
preciso romper com a concepção de que os alunos sejam apenas meros espectadores no
processo ensino-aprendizagem. As formas de avaliação privilegiam a memorização de
conteúdos e por vezes, desconsidera as particularidades e tempos de aprendizagem diferentes
de cada aluno. Cabe ao professor buscar metodologias que permitam avaliar melhor e de
forma significativa o processo de aprendizagem de seu aluno.
De acordo com Libâneo (2002) o processo didático é o conjunto de atividades que o
professor realiza com seus alunos visando uma verdadeira assimilação dos conteúdos e que
desenvolva as suas habilidades e capacidades de compreensão dos mesmos. Também enfatiza
que um aluno que teve uma aprendizagem de qualidade é aquele que compreende os conceitos
relacionando-os com situações de vivência e consegue desenvolver um raciocínio próprio
sabendo explicar uma ideia com suas próprias palavras.
Através disso, consideramos que os conteúdos devem desenvolver a capacidade de
pensamento e raciocínio do aluno, oferecendo condições para que ele relacione o que é
trabalhado em classe com seu cotidiano dentro e fora da sala de aula.
No processo ensino-aprendizagem o professor se torna parte fundamental durante o
processo, desempenhando o papel de:

planejar, selecionar e organizar os conteúdos, programar tarefas, criar condições de


estudo dentro da classe, incentivar os alunos, ou seja, o professor dirige as atividades
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de aprendizagem dos alunos a fim de que estes se tornem sujeitos ativos da própria
aprendizagem. Não há ensino verdadeiro se os alunos não desenvolvem suas
capacidades e habilidades mentais, se não assimilam pessoal e ativamente os
conhecimentos ou se não dão conta de aplicá-los, seja nos exercícios e verificações
feitos em classe, seja na prática da vida. (LIBÂNEO, 2002, p. 6).

Atingir esses objetivos acaba se tornando um grande desafio na carreira docente, uma
vez que o professor deve buscar a todo o momento se moldar à medida que o ensino vem
passando por transformações. Contudo, nem sempre conta com políticas de formação
continuada que o auxiliaria em seu aprimoramento profissional. Alguns autores acreditam
que é fundamental a formação continuada para docentes e também programas que inserem os
acadêmicos dos cursos de licenciatura no cotidiano das escolas:

as propostas de estágio, atualmente, buscam a articulação direta da formação inicial


com as demandas práticas das escolas, de modo que os critérios de elaboração do
currículo de formação inicial sejam buscados nas experiências de formação
continuada, ou seja, nos contextos de trabalho. (LIBÂNEO, 2002, p. 23).

Dentre as propostas de inserção dos acadêmicos dos cursos de licenciatura no contexto


escolar, é possível destacar o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência –
PIBID, criado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,
através de sua Portaria Normativa nº 122, de 16 de setembro de 2009 (BRASIL, 2009), o
PIBID:

tem por finalidade apoiar a iniciação à docência de estudantes de licenciatura plena


das instituições federais e estaduais de educação superior, visando aprimorar a
formação dos docentes, valorizar o magistério e contribuir para a elevação do padrão
de qualidade da educação básica. (BRASIL, 2009, p. 47).

Além disso, o PIBID oferece oportunidade para os acadêmicos conhecerem a realidade


da educação pública no Brasil, a partir do desenvolvimento de propostas e metodologias mais
dinâmicas que aliam teoria e prática.
Ao se propor tais metodologias no ambiente escolar, esperamos que as aulas se tornem
mais atrativas e interessantes, possibilitando aos alunos uma forma mais dinâmica de se
adquirir conhecimentos a partir de novas experiências e percepções.
A partir disso, surgiu o interesse em se propor a utilização de jogos como ferramenta
de ensino-aprendizagem, pois esta estimula o interesse do aluno. Conforme afirma Grubel
(2006, p. 3) “Jogos educativos podem facilitar o processo de ensino aprendizagem e ainda
serem prazerosos, interessantes e desafiantes.” Sobre os objetivos de se utilizar os jogos,
Grubel (2006, p. 3) completa afirmando que “o jogo pode ser um ótimo recurso didático ou
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estratégia de ensino para os educadores e também ser um rico instrumento para a construção
do conhecimento”.
A criança se encontra em constante contato com os jogos e brincadeiras desde muito
cedo, por isso ao trabalharmos essa metodologia no ambiente escolar foi possível perceber
que os alunos têm certa familiaridade com este tipo de proposta. Isso constitui fator positivo
na medida em que a aula se torna mais dinâmica e deixa de seguir o modelo tradicional de
ensino.
Castellar e Vilhena (2010) destacam o papel dos jogos no processo de aprendizagem
dos estudantes, pois proporcionam uma interação entre aluno e professor, e também entre os
próprios alunos, que acabam sendo estimulados a trabalhar em equipe e cooperarem entre si.
Além disso, os jogos contribuem positivamente na formação de conceitos e do entendimento
dos conteúdos de forma descontraída, diferente da forma tradicional, que é na maioria das
vezes trabalhada em sala de aula.
A aplicação de jogos permite um novo tipo de abordagem do professor com seus
alunos. Nesta perspectiva, Tardif (2002, p. 49) afirma que: “O docente raramente atua
sozinho. Ele se encontra em interação com outras pessoas, a começar pelos alunos”. Por isso,
a importância de se construir uma proposta que vise à integração e que estimule o respeito
entre os participantes.
Além disso, o docente deve ter bem claro os objetivos que deseja alcançar, pois de
acordo com Grubel (2006, p. 5) “o jogo na sala de aula pode ser um rico recurso de
aprendizagem, explorado de maneiras diferenciadas de acordo com as situações e objetivos
almejados, favorecendo os processos de ensino aprendizagem”.
O processo ensino-aprendizagem através dos jogos permite que o aluno se interesse
pelas aulas, adquirindo conhecimentos através de procedimentos dinâmicos e divertidos.
Diante disso, enfatizamos ainda que:

os jogos favorecem o domínio das habilidades de comunicação, nas suas várias


formas, facilitando a auto-expressão. Encorajam o desenvolvimento intelectual por
meio do exercício da atenção, e também pelo uso progressivo de processos mentais
mais complexos, como comparação e discriminação. (GIOCA, 2001, p. 22).

Sobre o papel do professor na aplicação dos jogos, observamos que é de fundamental


importância o planejamento, ou seja, o docente deve preparar um jogo que seja adequado aos
conteúdos trabalhados em sala de aula. É preciso também que se tenham objetivos para que
esta atividade não seja algo sem fins pedagógicos. O papel do professor na aplicação de jogos
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é destacado por Brougère (1997, p. 57) quando afirma que o educador deve “controlar o
conteúdo do jogo de modo que permita à criança adquirir conhecimentos relevantes neste ou
naquele momento”. É importante esclarecer que o jogo não substitui o papel do professor,
como é relatado por Verri e Endlich (2009, p. 68) quando afirmam que “o jogo apenas tem o
papel de auxiliar o professor, instrumentalizando-o, no processo de ensino como um exercício
de apreensão e fixação do conteúdo passado pelo professor”, ou seja, é sempre indispensável
à presença do docente para esclarecer as dúvidas dos alunos durante a aplicação desta
proposta.
Muitas vezes os alunos acabam desinteressados pelas aulas de Geografia,
principalmente quando são trabalhados dados de caráter quantitativos e descritivos, que se
encontram longe de suas realidades.
Segundo Vesentini (2009), o ensino de Geografia, deve perseguir vários objetivos,
entre eles, deve deixar o aluno descobrir e refletir sobre o mundo em que vive, com atenção
especial para a globalização e para a escala local, isto é, do lugar da sua vivência. Por isso, a
importância de se buscar a todo o momento metodologias que valorizem a realidade dos
estudantes e que influenciem positivamente o processo de ensino-aprendizagem.
Porém, alguns assuntos tratados pela Geografia, não são possíveis de serem abordados
a partir do lugar vivenciado pelo aluno. Apenas explicando o conteúdo em sala de aula, o
entendimento sobre um determinado assunto, pode não acontecer, e por isso, devido à
dificuldade de trabalhar algo mais abstrato com os educandos, optamos por aplicar um jogo
didático, tornando mais inteligível o tema “indicadores socioeconômicos”, aos alunos.
Portanto, o uso dos jogos serve, tanto para descobrir e refletir, sobre elementos que
fazem parte da realidade em que o aluno está inserido, quanto para elucidar aqueles temas
mais complexos, que não estão muito próximos à realidade dos educandos.

Objetivo

A busca constante pela inovação no ensino e por metodologias mais dinâmicas que
despertem o interesse dos alunos é fundamental na carreira docente. Cabe ao professor
escolher as possibilidades que melhor se encaixam ao contexto que está sendo trabalhado em
sala de aula. Dentre estas propostas que podem ser desenvolvidas no âmbito escolar,
especialmente para o ensino de Geografia, surgiu o interesse na pesquisa sobre a utilização de
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jogos, portanto, o objetivo deste trabalho é relatar os pontos positivos e negativos da aplicação
do jogo “Super Trunfo Geográfico” com alunos de 8º ano do ensino fundamental do Colégio
Estadual Meneleu de Almeida Torres, Ponta Grossa, Paraná.

Procedimentos metodológicos para a confecção do jogo geográfico

A maioria dos jogos não estão preparados para serem utilizados como ferramenta
pedagógica no ambiente escolar, pois são desenvolvidos com objetivo de servirem apenas ao
entretenimento e distração para as crianças. A partir disso, surgiu o interesse em se
confeccionar um jogo que atendesse as necessidades e principalmente o contexto dos
conteúdos que estavam sendo trabalhados em sala de aula. Com isso, espera-se um
aprimoramento deste procedimento que muitas vezes é utilizado no ensino.
Os acadêmicos participantes do PIBID ficaram responsáveis pela confecção do jogo,
sob a supervisão do professor da disciplina de Geografia. Tal atividade foi desenvolvida na
Universidade Estadual de Ponta Grossa, em uma sala designada para as ações do projeto. A
referência utilizada para a elaboração do jogo foi o já existente Super Trunfo, que pode ser
praticado a partir de dois adversários, que tem a finalidade de tomar todas as cartas do outro
participante, mediante a comparação de dados que estão presentes nas cartas, sendo que em
cada rodada vence o jogador que possuir o maior valor do indicador confrontado.
A partir disso, a proposta da confecção de um jogo, teve como objetivo trabalhar
indicadores econômicos, sociais e demográficos através de um jogo de cartas, que
possibilitasse aos alunos não só a memorização de dados, mas também a comparação das
realidades de diferentes nações do mundo.
Como resultado desta etapa do trabalho obtivemos um jogo composto de 193 cartas.
Cada carta traz os dados referentes à população absoluta, área, densidade demográfica, Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH), Produto Interno Bruto (PIB), PIB per capita,
expectativa de vida e a bandeira, de cada país do mundo. Tais dados foram consultados no
sítio eletrônico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Figura 1 - Exemplo das cartas do Super Trunfo Geográfico

Fonte: Os autores.

A Aplicação do jogo “Super Trunfo Geográfico”

O jogo foi aplicado ao fim do primeiro bimestre, com setenta e sete estudantes de três
turmas de 8° anos do ensino fundamental com faixa etária entre doze e quatorze anos, no
Colégio Estadual Meneleu de Almeida Torres. Dessa forma, a aplicação do jogo propiciou o
contato com outro procedimento didático-pedagógico, com outras formas de se pensar a
organização do espaço mundial, das regionalizações dos continentes, das suas condições
socioeconômicas, levando em consideração, que esses alunos possuem pouco contato com
tais assuntos, distantes das suas respectivas vivências cotidianas.
Antecedendo a aplicação do jogo, primeiramente foi realizada uma aula expositiva, na
qual foram relembrados alguns assuntos já trabalhados anteriormente na disciplina de
Geografia, no que se referem aos indicadores sociais, econômicos e demográficos dos países,
revisando os conceitos de PIB (Produto Interno Bruto), IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) e densidade demográfica. Foi explicado como se dá a interpretação dos dados
quantitativos, relacionados à renda per capita, área, conceitos que ainda não haviam sido bem
trabalhados e que os alunos muitas vezes têm dificuldade em apreender.
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Figura 2 –Ministração da aula pré-jogo pelos acadêmicos do PIBID

Fonte: Os autores.

Num segundo momento foi realizada a aplicação do jogo em questão, com duração de
uma aula. Inicialmente, foram explicadas as regras do “Super Trunfo Geográfico”, que
consiste em:

a) Para ser jogado, são necessários no mínimo dois jogadores;

b) O objetivo do jogo é ficar com todas as cartas do adversário, ou seja, quem fica sem
cartas, é eliminado da partida;

c) Como jogar: A ordem de quem começa a jogar será decidida pela carta com o maior
valor do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Se você é o primeiro a jogar,
escolha, dentre as informações contidas em sua carta, aquela que você julga ser capaz
de superar a que se encontra nas cartas que seus adversários têm em mãos. Por
exemplo, se o jogador A, escolher o indicador PIB (Produto Interno Bruto), e esse,
possuir valor maior que o PIB da carta do jogador B, o jogador A ficará com a carta
do seu adversário;
d) A rodada seguinte iniciará com o vencedor da rodada anterior escolhendo o indicador
que julgue ser mais forte, de sua respectiva carta.
Após a explicação das regras os estudantes foram divididos em grupos, sob a
orientação dos acadêmicos do PIBID.
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Figura 3 - Alunos divididos em grupos.

Fonte: Os autores.

Logo, com os grupos formados, foram distribuídas para cada aluno, cinco cartas, de
diferentes países, dos continentes do planeta (exceto Antártida), e assim, se iniciou o jogo.

Figura 4 -Alunos jogando.

Fonte: Os autores.

Resultados e Discussões

Os alunos jogaram durante aproximadamente 35 minutos, e em média, cada grupo


jogou cerca de três partidas.
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Após a aplicação do jogo, escolhemos aleatoriamente, dez alunos de cada turma, para
que respondessem algumas questões referentes à proposta desenvolvida, logo, as questões
eram:
a) Gostaram do jogo Super Trunfo Geográfico?

b) Aprenderam algo que não sabiam? O que aprenderam?

c) Quais as dificuldades encontradas ao jogar?

d) Jogariam novamente?

Quanto à popularidade do jogo entre os entrevistados: Dos trinta alunos que


participaram dos questionamentos, vinte e oito gostaram da proposta, por conta de ser uma
maneira de se aprender Geografia, diferente da metodologia tradicional. Portanto, a proposta
do jogo foi bem recebida por parte dos alunos.
Quanto ao aprendizado: Dezoito alunos responderam que aprenderam algo novo,
principalmente, o entendimento sobre o conceito de IDH, que mesmo com as explicações em
sala, ainda não era compreendido, e foi novamente retomado e esclarecido durante a aplicação
do jogo. Os doze alunos restantes, afirmaram já ter conhecimento dos conteúdos do qual se
tratava o jogo.
Quanto às dificuldades: Segundo relato dos entrevistados, a maior dificuldade
enfrentada, foi a de leitura dos dados, principalmente relacionados à: Densidade demográfica,
população e PIB.
Jogariam novamente: Houve unanimidade nas respostas e todos afirmaram que
jogariam novamente, inclusive, com conteúdos de outras disciplinas.
Sobre as turmas em geral, antes do início das explicações percebemos conversas
paralelas e agitação dos alunos com a atividade diferente, mas nada que pudesse comprometer
o andamento da aula.
Na primeira turma em que a proposta foi aplicada, os alunos foram divididos em
grupos de quatro a seis integrantes. Neste caso, foi possível observar que cada jogo demorava
muito tempo para terminar. Em média, os alunos jogaram uma partida durante a aula toda, e
os que eram prematuramente eliminados, ficavam dispersos, tendo de esperar muito tempo
para retornar ao jogo, um aspecto negativo que posteriormente foi corrigido, com a
diminuição do número de alunos por grupo.
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Nas duas turmas restantes, os alunos foram divididos em duplas, ou trios. Dessa
forma, o jogo se desenvolveu mais rapidamente e os alunos puderam jogar em média quatro
partidas. O jogo se tornou mais competitivo, e instigou os alunos a participarem mais do jogo.
Sobre a aplicação do jogo afirmamos que o objetivo foi alcançado, pois através do
jogo “Super Trunfo Geográfico”, identificamos grande interesse por parte dos alunos. Foi
possível notar que com o decorrer do jogo foram abertos vários questionamentos,
demonstrando o interesse sobre o tema tratado, enfatizando que os jogos em sala de aula
trazem um modo de contato com conteúdos geográficos diferentes do que se
convencionalmente trabalha.
Também foi possível verificar a interação do aluno com o professor em sala de aula
durante a aplicação do jogo, contribuindo assim para o processo ensino-aprendizagem.

Considerações Finais

A partir da ideia de se pensar sobre novas formas de se ensino no âmbito escolar,


buscamos a elaboração do jogo "Super Trunfo Geográfico". A aplicação do jogo em turmas
de 8º ano propiciou a dinamização das aulas, contribuindo assim para o processo ensino-
aprendizagem da Geografia escolar. Portanto, os aspectos positivos se sobrepuseram aos
negativos, onde se destacou o interesse dos alunos em relação ao jogo, bem como às
informações geográficas presentes nas cartas, constituindo assim uma forma diferente de se
aprender.
Os jogos didáticos podem servir como ferramenta metodológica não apenas no ensino
da Geografia, mas também para outras disciplinas. Cabe aos professores, ter a percepção e a
vontade de sempre inovar nas práticas de ensino, pois o processo educacional sempre deve se
atualizar, de novos conceitos e metodologias.
Por fim, ressaltamos a importância de se repensar sobre os procedimentos utilizados
no ambiente escolar, pois tais propostas devem buscar atingir um ensino eficaz e de
qualidade, onde o processo ensino-aprendizagem se apresente de diferentes maneiras a fim de
valorizar as particularidades de cada aluno.
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REFERÊNCIAS

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de Pessoal de Nível Superior (CAPES) nº 122, de 16 de setembro de 2009. Cria o Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Diário Oficial da União. Brasília, n.
179, p. 47, 18 de setembro de 2009. Disponível em:
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LIBÂNEO, José Carlos. Didática: velhos e novos temas. [S.l : s.n], 2002. p. 134. Disponível
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Geografia. Revista Percurso, v. 1, n. 1, p. 65-83, 2009.

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