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Democracia 4.

0 e risco informacional

DEMOCRACIA 4.0 E RISCO INFORMACIONAL


Democracy 4.0 and informational risk
Revista de Direito Constitucional e Internacional | vol. 131/2022 | p. 363 - 376 | Maio - Jun / 2022
DTR\2022\9484

Júlio Ferreira de Andrade


Mestrando em Direito, Justiça e Desenvolvimento pelo Instituto de Direito Público de São Paulo
(2021-). Pós-graduado em Gestão com Ênfase em Negócios pela Fundação Dom Cabral (2020). Foi
Juiz Auxiliar no Supremo Tribunal Federal (2012). Foi Secretário-Geral do Conselho Nacional de
Justiça (2016-2018). Juiz de Direito no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. j19fa@icloud.com

Felipe Bizinoto Soares de Pádua


Mestrando em Direito, Justiça e Desenvolvimento pelo Instituto de Direito Público de São Paulo
(IDPSP) (2021-). Pós-graduado em Direito Constitucional e Processo Constitucional, em Direito
Registral e Notarial, em Direito Ambiental, Processo Ambiental e Sustentabilidade, tudo pelo Instituto
de Direito Público de São Paulo/Escola de Direito do Brasil (IDPSP/EDB) (2019). Graduado em
Direito pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (FDSBC) (2017). É monitor voluntário
nas disciplinas Direito Constitucional I e Prática Constitucional, ministradas pela Profª. Dra.
Denise Auad, bem como na disciplina Direito Civil II, ministradas pelo Prof. Marcel Edvar Simões,
todas na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. É monitor voluntário do grupo de
estudos Cidadania Plena da Criança e do Adolescente, bem como monitor voluntário do grupo de
estudos Contratos & Responsabilidade Civil, ambos da Faculdade de Direito de São Bernardo do
Campo. É membro do grupo de pesquisa Hermenêutica e Justiça Constitucional: STF, da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), do grupo de pesquisa Direito Privado no Século XXI,
do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), e do grupo de pesquisa Responsabilidade Civil em
Perspectiva Comparada, do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro (UERJ). Foi auxiliar de coordenação no Núcleo de Estudos Permanentes em
Arbitragem (NEPA), da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo (2018). Foi articulista da
edição eletrônica do Jornal Estado de Direito (2020-2021). Advogado e consultor jurídico. E-mail:
bizinoto.felipe@hotmail.com

Área do Direito: Constitucional


Resumo: O discurso democrático remete, minimamente, aos gregos clássicos e persiste no
presente. Diversos Estados incluem em suas Constituições a adjetivo democrático para justificar que
a soberania é do povo. Apesar da pluralidade cultural – e, portanto, política – de cada sociedade
política, a democracia tem alguns denominadores comuns, todos conectados à informação. Ocorre
que o panorama contemporâneo mostra um novo desafio à democracia: a 4ª Revolução Industrial,
que afeta a informação tanto na sua fonte quanto na sua substância. A ideia de sociedade de risco
resulta em uma democracia em risco, porque há crises nas fontes, na idoneidade e no teor da
informação. A reflexão a seguir identifica alguns riscos informacionais que afetam um modelo
democrático e gera diálogo sobre a (in)viabilidade de uma democracia 4.0.

Palavras-chave: Democracia – Informação – Escolha – Participação – Quarta Revolução Industrial


Abstract: The democratic discourse remits, minimally, to the classical greeks and persists in the
presente. Several States include in their Constitutions the democratic adjective to justify that
sovereignty belongs to the people. Despite the cultural plurality – and therefore political – of each
political Society, the democracy has some commom denominators, all connected to information.
Occurs that the contemporary panorama shows a new challenge to democracy: the 4th Industrial
Revolution, which affects information both in its source and in its substance. The idea of risk society
results in a democracy at risk, because there are crises in the the sources, the idoneity and contente
of the information. The following reflection identifies some informational risks that affect a democratic
model and generates a dialogue about (in)viability of a 4.0 democracy.

Keywords: Democracy – Information – Choice – Participation – Fourth Industrial Revolution


Para citar este artigo: ANDRADE, Júlio Ferreira de; PÁDUA, Felipe Bizinoto Soares de. Democracia
4.0 e risco informacional. Revista de Direito Constitucional e Internacional. vol. 131. ano 30. p.
363-376. São Paulo: Ed. RT, maio/jun. 2022. Disponível em:
<http://revistadostribunais.com.br/maf/app/document?stid=st-rql&marg=DTR-2022-9484>. Acesso
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em: DD.MM.AAAA.

Sumário:

1. Considerações iniciais. - 2. O piso democrático. - 3. Sociedade da (des)informação e o risco


democrático - 4. Conclusões - 5. Referências

1. Considerações iniciais.

Em seu famoso discurso na região de Gettysburg (1863), Abraham Lincoln evocou a igualdade entre
os cidadãos e expôs que a estrutura estatal tem como essência a democracia, um governo do povo,
pelo povo e para o povo. É com essa ideia de que o povo é o fundamento e o fim do Estado que se
desenvolveu, por exemplo, a teoria do Poder Constituinte, que mostra um movimento descendente,
saindo de Deus e culminando no povo1.

Segundo André Ramos Tavares2, o povo como centro do Estado remete à ideia de Estado
Democrático, sendo que a Constituição brasileira reconhece o chamado Estado Democrático de
Direito, o qual, por sua vez, remete à ideia de que a fonte autorizadora das emanações políticas e
jurídicas é o povo, que detém o poder soberano. Segundo José Joaquim Gomes Canotilho3, o
Estado de Direito tem diversos aspectos, cabendo aqui destacar o aspecto democrático, que orienta
a ideia do próprio Estado ser ou não de Direito.

É com base em Antônio Junqueira de Azevedo4 que se frisa que a humanidade contemporânea tem
diversas características (líquida, tecnológica, hedonista, tecnocrática etc.), mas aquela que importa
para este artigo é a sociedade ser hipercomplexa. A hipercomplexidade muitas vezes carrega em si
detalhes plurais e que costumam escapar da tentativa humana de sistematização, abstração por
meio de categorias gerais5. É em meio a esse caldeirão plúrimo que se vê a dificultosa concepção do
que é uma democracia e, portanto, um Estado Democrático (de Direito). A síntese está na seguinte
pergunta: o que é democracia?

O que se vê na doutrina6 é uma dificuldade terminológica diante do reconhecimento de diversas


espécies de democracias, ainda mais diante do advento do século XXI, que é marcado pelo
reconhecimento de novos rumos da humanidade com a 4ª Revolução Industrial, caracterizada pela
interação intensa entre desenvolvimento tecnológico com os meios de comunicação7. Klaus Schwab8
expõe que tal revolução implica em mudanças sistêmicas, com efeitos que saem da área da
tecnologia e espraiam efeitos em todos os subsistemas sociais: nunca se vira uma relação tão forte
entre os planos físico, biológico e digital quanto a que os dias atuais mostram. Ditos efeitos são
evidentes no âmbito democrático brasileiro, que é objeto das constatações de Sérgio Henrique
Abranches9 e Christian Ingo Lenz Dunker10 , que mostram o papel fundamental da internet e das
suas ferramentas comunicativas na composição da mentalidade das massas digitais e a
consequente eleição de Jair Messias Bolsonaro, o que também acontecera nos EUA, com a eleição
de Donald Trump.

Apesar dos grandes benefícios trazidos pelo enlace tecnológico com a comunicação, a conjuntura
mostra que no subsistema social político, especialmente no Brasil e nos EUA, houve grande choque
de discursos para o exercício do munus público presidencial, com a instauração de uma genuína
previsão de Carl von Clausewitz no sentido de ser a guerra uma continuidade da política através de
outras formas, mas com um conflito ainda não organizado e belicoso, bem como não entre Estados,
mas entre membros de uma mesma sociedade. Os discursos incitaram em muitos dos seus
destinatários uma ideia de “nós’’ contra “eles’’, os “heróis da nação’’ contra, principalmente, “a
esquerda’’11 .

Apesar de tratarem de toda a conjuntura estadunidense, cabível a constatação de Steven Levitsky e


Daniel Ziblatt12 de que o conjunto de regras do jogo democrático, e, portanto, a própria democracia,
sofreu com a subversão adotada nas experiências brasileira e estadunidense recentes: o uso da
rede mundial de computadores como base para não só dialogar com o eleitorado, mas atacar os
concorrentes à presidência, os discursos contrários às instituições democráticas, a não participação
em debates eleitorais etc. E vê-se o suporte das massas digitais a tais modos comportamentais dos
então presidenciáveis com o resultado, a eleição das chapas bolsonarista no Brasil e trumpista nos
EUA.
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Todas as ideias acima que mostram certos atentados às grades democráticas podem ser reduzidas
à ideia de risco às instituições vigentes. É justamente sobre o risco democrático que este artigo
tratará, mas não de todos (se é que podem ser listados de forma exauriente), e sim de um muito
especial e que tem sua intimidade com tudo o que se disse: a informação. É dizer: tratar-se-á do
risco informacional na democracia 4.0.

Para tratamento do tema acima será necessária uma breve passagem pelos denominadores comuns
do processo democrático. Como afirmado anteriormente, há dificuldades hercúleas na definição, mas
do todo se depreende um mínimo ou um piso sobre o qual as mais divergentes teorizações são
construídas. Adotando-se uma terminologia de Thomas Samuel Khun13 , existe um standard do qual
parte a comunidade de cientistas políticos, juristas e outras espécies de estudiosos da democracia.
O paradigma da democracia tem elementos comuns e que aparecem com mais ou menos
intensidade nos Estados, elementos esses que serão objeto do segundo item deste artigo.

O item subsequente é o ponto cerne do desenvolvimento e diz respeito aos riscos que o mundo
contemporâneo, sobre o qual recai a impressão 4.0, reflete sobre a informação e,
consequentemente, sobre a forma democrática.

2. O piso democrático.

Como premissa basilar inicial da democracia há o povo como fundamento governamental, ou seja, a
summa potestas é exercida em nome e em benefício do povo. Sinteticamente, democracia é o
governo do povo14 . Importante constatação feita por Pedro Salvetti Netto15 é de que houve
simultaneidade de adventos teóricos políticos: no mesmo século XVIII germinou a ideia de que o
Poder Constituinte é titularizado pelo povo, assim como se instaurou um discurso universal de que o
governo é do povo. Teoria do Poder Constituinte, cujas primeiras linhas sistematizadoras são
reputadas a Emmanuel Joseph Sieyès, e teoria da Democracia, essa baseada principalmente em
Jean Jacques Rousseau, convergiram em um ambiente francês que guilhotinou a monarquia e
estabeleceu um governo do povo.

Com os desenvolvimentos posteriores é que se identificou a figura do Estado Democrático de Direito


como ponto de convergência dos dois marcos teóricos que envolvem o chamado Terceiro Estado.
Sob a óptica contemporânea, os modelos de sociedades políticas democráticas são enunciados em
textos constitucionais, que, inclusive, destinam um texto preambular exortando a figura do povo por
meio do uso da palavra “Nós’’: na Constituição do Brasil consta “Nós, representantes do povo
brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático’’; na
Constituição dos EUA consta “We The People of United States, in Order to forma a perfect Union’’
(Nós, O Povo dos Estados Unidos, para formar uma União perfeita).

É a partir dessa ideia de que o povo é o ponto de partida (e o fim) democrático que os demais
denominadores comuns se desenvolvem. O primeiro ponto de convergência diz respeito à igualdade.
Tal denominador é tratado por Norberto Bobbio16 sob uma óptica que envolve dois marcos teóricos:
o contratualismo e o liberalismo, sendo que a relação com a igualdade democrática está na premissa
de que a sociedade é uma coletividade composta por indivíduos, esses considerados em si e per si
expressões da soberania, são partículas que compõem igualitariamente a molécula soberana
rousseauniana.

Duas categorias irradiam da isonomia. A primeira é tratada em monografia de Paulo Bonavides17 , a


saber, a participação, que consiste em um poder relacionado ao ouvir e ser ouvido, bem como
participar na definição e na composição das decisões do Poder Público. Também, segundo o jurista
paraibano18 , a participação e a possibilidade de participar na composição das decisões
governamentais são providas de mecanismos através dos quais certos grupos podem resistir às
classes dominantes, exigindo especialmente dos representantes políticos a adoção de decisões que
se adequem à chamada democracia jurídica ou constitucional, na qual o governo da maioria deve
respeitar os interesses jurídicos fundamentais de todos, sobretudo das minorias.

A segunda categoria é a igualdade. Humberto Ávila19 constata que isonomia tem como ideia central
a comparação entre dois ou mais elementos a partir de determinado critério. Aplicando-se tal
premissa ao ambiente democrático, a igualdade está no fato de que todos e todas têm em si uma
parcela igual do poder e, também, ostentam poderes e deveres jurídicos20 . Apesar da dúvida sobre
sua definição, a ideia do povo como um conjunto de indivíduos ligados jurídico e politicamente ao
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Estado mostra a igualdade, ainda mais sob a óptica dos chamados direitos políticos, que fazem a
interface entre igualdade de participação política21 .

Importante destacar a interface entre a Filosofia e o Direito a partir das ideias que são enfatizadas
por Friedrich Nietzsche e Francesco Carnelutti. O primeiro é um filósofo alemão muito controverso
para sua época, mas que destacou nas suas lições desestruturalistas que há um conflito entre
racionalidade e necessidade, o que foi expresso em diálogo da personagem (e astrólogo) Zaratustra
em um dos diversos momentos que vislumbra a águia e a serpente, concluindo que o ser humano
naturalmente opta pelo que necessita, mesmo que de forma contraposta à razão22 . O segundo
pensador é um jurista italiano e que desenvolveu no âmbito da teoria geral do Direito a juridicização
do interesse, uma propensão a realizar necessidade própria ou alheia, bem como a de que a função
primordial do Direito é a de, tal qual a Economia, equacionar os interesses mediante atribuição de
predomínio a um e subordinação a outro, cabendo ao primeiro a tutela jurídica sobre determinados
bens ou interesses finitos, enquanto ao segundo há a incumbência de respeitar as decisões jurídicas
23
.

É por meio do Direito que a democracia busca conciliar as diversas necessidades (e interesses) dos
seres humanos, mas com o diferencial de reconhecer em todos os que se vinculam ao Estado têm
seus interesses considerados igualmente legítimos e dignos, e, por conseguinte, igualmente
suscetíveis de tutela institucional. O ponto fundamental aqui é destacar a igualdade na proteção de
propensões humanas levadas ao plano jurídico, bem como que a democracia faz com que diversas
necessidades humanas que são relevantes juridicamente sejam tratadas para que os indivíduos
consigam ser iguais para fins de participação democrática.

Outro elemento democrático fundamental é a informação. Isso parte de expresso enfrentamento feito
por Norberto Bobbio24 e Robert Dahl25 , para os quais o governo do povo exige que as decisões
sejam amplas e relacionadas a diversos temas que muitas vezes se conectam, por exemplo,
orçamento, políticas públicas, tributação, acessibilidade, infância e juventude, pobreza etc. Em razão
dessa amplitude e multiplicidade temática, necessário que as decisões políticas sejam tomadas de
acordo com informações do que debatido, informações tais que devem ser colhidas e distribuídas
tanto aos representantes quanto ao povo.

A informação é de tamanha importância que a Constituição do Brasil a enuncia em diversos


momentos, por exemplo, como um direito fundamental (art. 5º, XIV, XXXIII, XXXIV, b, LXXII), como
imposição às funções estatais (arts. 37, 93, IX) e como fundamento do exercício comunicativo (art.
220).

Merece destaque a história distópica de Eric Arthur Blair, mais conhecido como George Orwell26 . Em
1984 fica claro o controle que a estrutura governamental tem sobre as pessoas, bem como o papel
fundamental que as informações têm para a manutenção da ignorância e alienação dos indivíduos.
Duplipensar é uma ideia (ou até um método) em que duas ou mais crenças são aceitas
simultaneamente, sendo que a narrativa mostra que tal crença decorre da forma como a informação
é entregue aos seus destinatários: há manipulações da sua elaboração pelo Ministério da Verdade
até sua transmissão nas telas que estampam o rosto do Big Brother.

Além de base para o devido exercício da cidadania – e, portanto, do papel democrático –, a


informação é considerada a mercadoria da 4ª Revolução Industrial27 . Sob a ótica histórica do habeas
data é possível depreender que as sociedades políticas que se autodenominam democráticas
discursam tanto de uma forma mercadológica-informacional quanto político-informacional, com uma
crescente publicização de dados que chega a ampliar tantos os “horizontes do informar’’ que alguns
dados pessoais sensíveis precisam ser objeto de tutela com intuito de assegurar o sigilo ou a não
publicização28 . Em suma, a informação é uma base multifundamental para a democracia hodierna,
eis que serve para as relações econômicas e jurídicas.

Sobre a informação desponta o papel educacional no governo do povo, o que é expressamente


levado em conta pela Constituição brasileira de 1988, que enuncia que a educação é “direito de
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparopara o exercício da cidadania
e sua qualificação para o trabalho’’ (grifo feito no art. 205). Do texto se extrai que figura íntima à
informação, a educação, é meio de preparo para a cidadania, essa uma figura valiosa para a
democracia.
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Democracia 4.0 e risco informacional

Em síntese, com as informações existe o entendimento esclarecido sobre as questões a serem


debatidas no âmbito democrático, o que demonstra que a base das bases da democracia é a
informação29 .

3. Sociedade da (des)informação e o risco democrático

Preceitua Robert Dahl30 que para haver igualdade entre os membros de uma sociedade democrática
se “pressupõe que os (...) estejam todos igualmente qualificados para participar das decisões, desde
que tenham iguais oportunidades de aprender sobre as questões’’. Tal trecho faz a ponte entre o que
foi denominado piso e a perspectiva contemporânea da democracia, instituindo-se como ponto de
debate o fato de que a informação é protagonista nas deliberações.

Sob a óptica comparativa, um fenômeno macroscópico social é constatado por John Gray31 , que vê
no pós-Guerra Fria a multipolarização e a descentralização dos polos decisórios (políticos, jurídicos,
culturais, econômicos etc.). De tais circunstâncias se extrai um fenômeno microscópico social, qual
seja, o tecnológico, o qual mostra uma profusão descentralizada, especialmente com a expansão da
rede mundial de computadores, blockchain e outros instrumentos que deixam evidente a ruptura com
um modelo decisório tecnológico centralizador e centralizado32 .

Com relação ao advento do fenômeno tecnológico, é importante salientar a lição de Fernanda Bruno
33
, que expõe em obra monográfica que as pessoas cada vez mais transportam sua subjetividade (o
“eu’’) para o mundo digital, em que as fronteiras não são delineadas (vide deep web e dark web) e
escapam da proteção estatal. Além da ausência estatal nesse admirável mundo novo digital, há
outros dois destaques a serem feitos, que são o da vigilância constante que os agentes digitais –
especialmente os diversos tipos de provedores – exercem entre si e o da determinação
informacional.

Apesar de não poder ser reduzida a tal figura, impactante o papel da 4ª Revolução Industrial na
democracia, citando-se como caso exemplar o caso da Islândia, que em 2011 testou os limites da
Política ao receber em seu Parlamento sugestões para uma Constituição (a primeira do mundo) a ser
formulada mediante participação popular através de redes sociais34 . Sobressai nessa Constituinte
digital islandesa a participação dos que vivem naquele país europeu, uma atividade que é íntima à
democracia.

Essa forte mistura entre aspectos físico, biológico e digital leva à alcunha da democracia 4.0, ao
menos como um projeto idealizado e cuja elaboração depende da superação do risco informacional,
um gênero que se desdobra em duas ordens. A primeira ordem é de cunho administrativo, muito
bem identificado no filme O Dilema das Redes, feito pela plataforma Netflix, e que detalha as
estratégias adotadas por certas entidades privadas na determinação dos conteúdos do mundo
digital, traçando perfis dos usuários da internet, concluindo-se até que certas organizações mundiais
sabem mais da pessoa do que ela própria.

O primeiro desdobramento do risco informacional envolve pensamentos de Norberto Bobbio35 , Klaus


Schwab36 e Fernanda Bruno37 , que retratam o panoptismo de Jeremy Bentham e Michel Foucault,
expondo que o mundo digital consagra uma pseudoliberdade, eis que a todo momento o sujeito é
bombardeado por conteúdos intencionalmente direcionados ao acessar a internet, só que os
remetentes de tais conteúdos não são tão visíveis.

O panóptico digital envolve um paradoxo no qual os poderosos (os vigilantes) levam a e se ocultam
de um público gigante, e tais vigias compreendem, principal e notoriamente, complexos empresariais
cuja atividade tem como escopo central a informação, particularmente aquela que circula na rede
mundial de computadores. O que se extrai na relação da interação entre as ideias colocadas
anteriormente é que a democracia tem como fundação a informação, a qual é determinada e
controlada na contemporaneidade de forma predominantemente privada-empresarial.

A ideia de controle por entidades privadas suscita diversos problemas, sendo dois arbitrariamente
destacados neste texto e que mostram o reflexo no plano jurídico. O primeiro problema da ordem
administrativa do risco informacional envolve a transposição das soberanias, eis que por mais
importante que seja o papel brasileiro no campo tecnológico, os vigilantes do panóptico digital estão
distribuídos em grandes polos econômicos mundiais, por exemplo, no Vale do Silício (EUA), Pequim
(China), Tel Aviv (Israel), Estocolmo (Suécia), consoante exemplos trazidos pelo canal informacional
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Democracia 4.0 e risco informacional

Comece com o Pé Direito38 . Aqui há o problema da efetividade da proteção das posições jurídicas
subjetivas por meio da tutela institucional máxima, que seria o Estado-Juiz no caso brasileiro.

O segundo problema envolve a identidade dos vigilantes. Com certo apego às estruturas jurídicas e
políticas científicas clássicas, que envolvem o predomínio do Estado no papel jurislativo relacionado
a interesses mais amplos e que extrapolem qualificações econômicas, culturais39 . De forma
reducionista e muito ampla, a estrutura democrática tem seu prédio construído sobre terreno privado,
não estatal e com certa distância das amarras jurídicas tradicionais. Isso acarreta certa preocupação
pelo fato de que a fundação democrática40 , mais íntima ao público, particulariza-se, cientes os
juristas de que o controle informacional por conglomerados empresariais remete à ideia legislada no
Brasil de que empresa é atividade econômica e que decorre da união de interesses para a obtenção
do lucro41 . Juridicamente, identifica-se uma mescla na tradicional divisão sistemática entre público e
privado no Direito, ou, no mínimo, uma privatização do público.

Os dois problemas não são causas propriamente ditas, mas consequências de um fenômeno maior
pelo qual passa o Direito: com base em Carlos María Cárcova e Boaventura de Sousa Santos é que
foi publicado artigo no qual contrastaram dois fenômenos oriundos da hipercomplexidade social, a
saber, a opacidade e a hipertrofia jurídica, características do Direito de hoje e que englobam a
chamada crise das fontes e uma certa fuga das instituições estatais com consequente adoção de
meios paralelos42 . O que foi denominado neste texto como o risco democrático informacional é um
dos resultados do fenômeno social de ruptura de paradigmas, descentralização e privatização.

Rumo à segunda ordem do risco informacional, esta pode ser denominada como de caráter inaugural
e que trata de um tema cujo debate é renovado no Direito de tempos em tempos, qual seja, o das
fontes. Com a descentralização, a multipolarização e a interatividade (quase imediata) causadas pela
4ª Revolução Industrial43 , as fontes até então consolidadas sofrem um processo de erosão: no
âmbito informacional, a sociedade 4.0 carrega o paradoxo de ser, simultaneamente, a sociedade da
informação e da desinformação, eis que as fontes tradicionais (os veículos de comunicação, os
livros, as opiniões especializadas etc.) começam a ser substituídas por, praticamente, toda e
qualquer informação na internet (inclusive substituídas pelas famigeradas fake news); no âmbito
jurídico, as fontes que são predominantemente estatais também sofrem erosão, eis que o
ordenamento estatal é insuficiente para atender o mundo fenomênico com tantas matizes, a
instituição – jurídica ou antijurídica – de instituições paralelas ocorre em escala progressiva.

Interface entre o ambiente social e o sistema jurídico é feita a partir da análise da psicanálise e da
psicologia trazida por Christian Ingo Lenz Dunker44 , que desenvolve ensaio sobre a democracia
relacionado às massas digitais, as quais têm como um dos seus orientadores um discurso inflamado,
apelativo e emotivo, sendo a rede mundial de computadores o principal catalizador da instituição,
modificação e permanência de tal massa, e tal situação disruptiva mostra que o uso da palavra na
internet causa tamanha repercussão que as grades democráticas começam também a erodir, o que
fica claro nos citados episódios eleitorais recentes, visto que o papel da (des)informação constituída
e lançada para os usuários da internet teve e ainda tem papel essencial para a manutenção
discursiva que carrega autoritarismos e até contradições, por exemplo, evocar o preâmbulo da
Constituição brasileira que determina a proteção das instituições estatais para exigir intervenção
militar, ainda mais após um traumático episódio ditatorial entre as décadas de 1960 a 1980.

Em resumo, o segundo desdobramento do risco informacional diz respeito à dissipação das fontes
informacionais e à potencialidade que tal fenômeno tem ao permitir o manejo de dados para atentar
contra a democracia, rompendo com as regras do jogo a partir do concreto que serve para erigir as
pilastras fundantes democráticas45 .

Retomando o plano geral, mas em guisa de arremate parcial deste texto, remete-se à provocação
que permeia a obra de Antonio Negri e Michael Hardt46 sobre a (in)efetividade das estruturas
imperialistas na contemporaneidade, qual seja: até onde a democracia é sustentável no transcurso
da história; e, mais ainda, se as estruturas democráticas são compatíveis com a humanidade 4.0.

4. Conclusões

Em meio à complexidade social e aos impulsos inovadores causados pela 4ª Revolução Industrial
que surgem novos riscos às pilastras do edifício democrático, especificamente a pilastra da
informação como base decisória.
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Democracia 4.0 e risco informacional

Antes de adentrar ao risco propriamente dito, o risco informacional, identificam-se como


denominadores comuns do discurso democrático suscitado pela pluralidade estatal (i) pela própria
etimologia, que se trata, essencialmente, de um governo do povo, povo esse que serve de
fundamento e fim do Estado; (ii) a participação, um poder de ouvir e ser ouvido, bem como participar
na definição das decisões do Poder Público; (iii) a igualdade, que se liga à existência de igual parcela
no poder nos indivíduos que compõem o povo, bem de que todos e todas ostentam poderes e
deveres jurídicos; e (iv) a informação, o denominador basilar diante do fato de que as decisões
políticas precisam ser tomadas mediante prévio esclarecimento sobre os assuntos debatidos.

Como prenunciado, o risco a ser destacado está na informação, vez que as estruturas em voga são
produto da 4ª Revolução Industrial, cuja interação entre tecnologia e meios de comunicação resulta
em mudanças sociais, no próprio ambiente, e, por conseguinte, nos próprios sistemas sociais, por
exemplo, Direito, Política, Economia, Cultura. Tal marco revolucionário mostra uma propensão à
descentralização, à multipolarização e à imediatidade interativa, o que suscita dois problemas no
campo informacional: suas fontes são dissipadas e os polos identificáveis envolvem problemas
transfronteiriços e de controle essencialmente por entidades privadas, decorrente dessa
dissipação-privatização viabiliza-se que, praticamente, qualquer um que tenha acesso ao mundo
digital produza o conteúdo informacional. Em suma, a velha pergunta é retomada com novos
contrastes: como decidir na democracia se os esclarecimentos são colhidos de um mundo digital?

Dos diversos desafios pelos quais a democracia passou, passa e passará está o de que suas
pilastras estão em constante risco. Diante de uma sociedade cujos discursos político, econômico,
jurídico e cultural, por exemplo, mostram sinais de que a informação é central, a fundação
democrática informacional corre o risco de acompanhar a refeudalização (ou privatização) do Direito,
com o privado sobre (e não em igualdade com) o público. Entidades cujos interesses são
evidentemente parciais – especialmente aqueles convergentes economicamente – e que são
agentes digitais têm protagonismo democrático, porquanto eles que transmitirão os esclarecimentos
sobre os assuntos pautados ao cidadão e ao seu representante político.

Diante dos riscos informacionais trazidos pela 4ª Revolução Industrial é que se finda este artigo com
algumas indagações sem respostas (pois o tempo as dará): será que o discurso democrático
persiste? Será que o presente e o futuro da humanidade terão nas suas listas discursivas uma
democracia 4.0?

Como exposto em guisa introdutória, o que se vê ao menos em relação ao presente (mas já com
olhar para o futuro) é que a democracia sofre alguns atentados, eis que suas grades de proteção não
estão adaptadas ao uso do mundo digital – ainda mais quando as vias digitais foram utilizadas para
canalizar discursos de teor autoritário – e que notoriamente exerceu papel fundamental na eleição
em duas grandes potências: EUA e Brasil.

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1 FACHIN, Zulmar. Curso de direito constitucional. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 50-51.

2 TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 814.

3 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 6. ed. Coimbra:
Almedina, 1993. p. 369.

4 AZEVEDO, Antônio Junqueira de. O direito pós-moderno e a codificação. Revista da Faculdade de


Direitoda Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 94, p. 3-12, 1999.

5 Idem.

6 DAHL, Robert Alan. Sobre a democracia. Trad. Beatriz Sidou. Brasília: Universidade de Brasília,
2001. p. 47 e ss.; TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional, cit., p. 814-829;
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição, cit., p. 137 e ss.;
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. Trad. Marco Aurélio
Nogueira. 16. ed. São Paulo: Paz & Terra, 2019. pp. 35-39; MIRANDA, Jorge. Constituição e
democracia. In: MIRANDA, Jorge; MENEZES, Fernando Antônio Dias; SILVEIRA, João José
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Democracia 4.0 e risco informacional

Custódio da. Justiça constitucional. São Paulo: Almedina, 2018. p. 19-21.

7 SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial. Trad. Daniel Moreira Miranda. São Paulo: Edipro,
2016. p. 11-17.

8 Ibidem, p. 17-22.

9 BRANCHES, Sérgio Henrique A Polarização radicalizada e ruptura eleitoral. In: ABRANCHES,


Sérgio Henrique et al. Democracia em risco? 22 ensaios sobre o Brasil hoje. Rio de Janeiro:
Companhia das Letras, 2019. p. 11-34.

10 DUNKER, Christian Ingo Lenz. Psicologia das massas digitais e análise do sujeito democrático.
In: ABRANCHES, Sérgio Henrique et al. Democracia em risco? 22 ensaios sobre o Brasil hoje. Rio
de Janeiro: Companhia das Letras, 2019. p. 116-135.

11 Idem.

12 Como as democracias morrem. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar, 2018. p. 76 e ss.

13 KHUN, Thomas Samuel. A estrutura das revoluções científicas. 8. ed. Trad. Beatriz Vianna Boeira
e Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva, 2003. p. 57 e ss.

14 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 32. ed. São Paulo: Saraiva,
2013. p. 145; MIRANDA, Jorge. Constituição e democracia, cit., p. 17; DAHL, Robert Alan. Sobre a
democracia, cit., p. 32-33; BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do
jogo, cit., p. 35-36.

15 SALVETTI NETTO, Pedro Curso de teoria do Estado. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1979. p. 84-92.

16 BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo, cit., p. 35-39,
169-232.

17 BONAVIDES, Paulo. Teoria constitucional da democracia participativa por um Direito


Constitucional de luta e resistência por uma nova hermenêutica por uma repolitização da legitimidade
. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 25 e ss.

18 Ibidem, p. 50-65.

19 ÁVILA, Humberto Teoria da igualdade tributária. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. p. 39-45.

20 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado, cit., p. 150; BONAVIDES, Paulo.
Teoria constitucional da democracia participativa por um Direito Constitucional de luta e resistência
por uma nova hermenêutica por uma repolitização da legitimidade, cit., p. 57-60; BOBBIO, Norberto.
O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo, cit., p. 201 e ss.

21 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do Estado, cit., p. 100-106.

22 NIETZSCHE, Friedrich Assim falou Zaratustra. Trad. Alex Marins. São Paulo: Martin Claret, 1999.
p. 37-41.

23 CARNELUTTI, Francesco. Teoria generale del diritto. 3. ed. Roma: Foro Italiano, 1951. p. 11-14.

24 BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo, cit., p. 55-58.

25 DAHL, Robert Alan. Sobre a democracia, cit., p. 49-50.

26 ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

27 SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial, cit., p. 11-22.

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Democracia 4.0 e risco informacional

28 PÁDUA, Felipe Bizinoto. O perfil do habeas data. Revista de Direito Constitucional e Internacional,
São Paulo, v. 123, jan.-fev. 2021. p. 71-77.

29 DAHL, Robert Alan. Sobre a democracia, cit., p. 49.

30 Ibidem, p. 51.

31 GRAY, John. Al-Qaeda e o que significa ser moderno. Trad. Maria Beatriz de Medina. Rio de
Janeiro: Record, 2004.

32 SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial, cit., p. 71 e ss.; BRUNO, Fernanda. Máquinas de
ver, modos de ver: vigilância, tecnologia e subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2013. p. 17 e ss.

33 BRUNO, Fernanda. Máquinas de ver, modos de ver: vigilância, tecnologia e subjetividade, cit., p.
123 e ss.

34 BBC NEWS BRASIL. Constituinte da Islândia testa limites da política pela internet. Disponível em:
[www.bbc.com/portuguese/noticias/2011/07/110729_islandia_constituicao_internet_rw]. Acesso em:
18.05.2021.

35 BOBBIO, Norberto. Sobre a democracia, cit., p. 133-157.

36 SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial, cit., p. 71-106.

37 BRUNO, Fernanda. Máquinas de ver, modos de ver: vigilância, tecnologia e subjetividade, cit., p.
123 e ss.

38 12 polos tecnológicos para ficar de olho em 2021. Disponível em:


[https://comececomopedireito.com.br/blog/12-polos-tecnologicos-para-ficar-de-olho-em-2021].
Acesso em: 19.05.2021.

39 CÁRCOVA, Carlos María. A opacidade do direito. Trad. Edilson Alkmim Cunha. São Paulo: LTr,
1998. p. 13-43; SANTOS, Boaventura de Sousa. Um discurso sobre as ciências. 13. ed. Porto:
Afrontamento, 2002. p. 5-36; SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial, cit., p. 71-93.

40 A questão não é atribuir vilania ao empresário, mas sim identificar que um espectro mais amplo e
de múltiplos interesses está sob controle de um vigilante com interesses específicos, particularizados
e que até podem contradizer com o âmbito democrático.

41 ASCARELLI, Tullio. Corso di Diritto Commerciale. 3. ed. Milano: Giuffrè, 1962. p. 145-160.

42 PÁDUA, Felipe Bizinoto Soares de. Direito: hipertrofia e opacidade. Revista Âmbito Jurídico, São
Paulo, n. 199, ano XXIII, ago. 2020. Disponível em:
[https://ambitojuridico.com.br/cadernos/filosofia/direito-hipertrofia-e-opacidade]. Acesso em:
19.05.2021.

43 SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial, cit., p. 71-93; GRAY, John. Al-Qaeda e o que
significa ser moderno, cit.; DUNKER, Christian Ingo Lenz. Psicologia das massas digitais e análise do
sujeito democrático, cit.; PÁDUA, Felipe Bizinoto Soares de. Direito: hipertrofia e opacidade, cit.

44 DUNKER, Christian Ingo Lenz Psicologia das massas digitais e análise do sujeito democrático,
cit., p. 94-97.

45 LEVITSKY, Steve; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem cit., p. 141 e ss.

46 NEGRI, Antonio; HARDT, Michael. Multitude: war and democracy in the age of empire. London:
Penguin Books, 2005.

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