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Quando se fala em direitos, a primeira coisa que vem à tona é a Declaração

Universal dos Direitos Humanos de 1948. Esta foi uma grande conquista
humanitária e cível, um marco sem precedentes para o planeta como um todo.

Entre os principais artigos, o 1º já traz algo polêmico e nem sempre


vivenciado, que é o direito à liberdade, dignidade e igualdade a partir do
nascimento. O argumento utilizado, é que todos os nascidos são dotados de razão
e consciência. Logo após, o 3º cita o direito à vida, reforça o direito à liberdade, e
acrescenta o direito à segurança pessoal. O 6º especifica ainda sobre o direito de
reconhecimento humano em qualquer âmbito jurídico.

Outros artigos como o 10º e 11º trazem consigo ainda o desfecho improvável
de “justiça”, que é presumir a inocência de qualquer indivíduo até que
comprovadamente seja culpado. O 18º semelhantemente ao 19º prevê a garantia
de liberdade religiosa e de expressão, respectivamente.

No entanto, é realmente válido comparar a “utopia” documentária com a


realidade. No que diz respeito ao nascimento e sua liberdade a partir da concepção
da razão e consciência, existem hoje culturas, inclusive dentro do próprio Brasil,
onde pessoas nascem predestinadas, e estes em sua maioria, não tem direito de
escolha ou questionamento de suas vontades. Caso os indivíduos citados
resolvam não se submeter a tais termos, o Estado Jurídico se ordenaria abaixo do
6º artigo e reconheceria sua vontade como pessoa consciente e racional? Somente
caso o indivíduo apresente maioridade, o que exemplifica a vacância entre o direito
previsto com a realidade apresentada.

Mais claramente exemplificado no cotidiano ainda, tem-se a taxa crescente de


crimes de ódio que não tem sido evitada por nenhum tipo de força do Estado.
Apesar dos esforços das comunidades minoritárias para algum tipo de
representatividade para assegurar estes mesmos direitos já ponderados, essa taxa
tem se mantido alta.

Os autores da Declaração Universal dos Direitos Humanos foram


extremamente cuidadosos para cobrir brechas jurídicas e documentárias. No
entanto, como na maior parte da burocracia, faltou algumas doses empíricas para
obter de fato, resultados.
Baseando-se no artigo “Direitos humanos na sociedade contemporânea:
neoliberalismo e (pós)modernidade” publicado na Revista Direito & Práxis e
replicado pelo Scielo, é possível ter uma visão mais clara dos Direitos Humanos
no mundo atual.

Os autores investigam as relações entre o capitalismo atual e os direitos


humanos no mundo neoliberal, que implica a globalização e já citada dificuldade
de se fazer cumprir de fato os direitos até então “assegurados”.

Em síntese, a hipótese gira em torno do indivíduo que antes da era neoliberal


vivia em uma estrutura social hierarquizada, mas que, após, não é mais limitado
pelo paradigma moderno. Passo-a-passo com essa despolitização, caminhava os
direitos humanos, dando uma segurança e refúgio em busca da igualdade, porém,
com o desmanche cada vez mais evidente da hierarquia social, o homem busca
cada vez mais poder e reverência ao multimercado, deixando de lado totalmente
a busca pela igualdade e logo, a implantação real dos direitos humanos.

De forma conclusa, os autores comprovam que é necessário uma nova


trajetória para a inclusão dos direitos humanos no mundo pós-moderno para a
efetivação do exercício democrático despolitizado, porém, real.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. RIBEIRO, Amarolina. Declaração Universal dos Direitos Humanos.


Brasil Escola. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/geografia/declaracao-universal-dos-
direitos-humanos.htm>. Acesso em 26 de março de 2021.

2. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos


Humanos - Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações
Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948. UNICEF.
Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-
direitos-humanos>. Acesso em 26 de março de 2021.

2
3. HOFFMAM, Fernando; MORAIS, Jose Luis Bolzan de; ROMAGUERA,
Daniel Carneiro Leão. Direitos humanos na sociedade contemporânea:
neoliberalismo e (pós)modernidade. Rev. Direito Práx., Rio de Janeiro ,
v. 10, n. 1, p. 250-273, mar. 2019 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2179-
89662019000100250&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 26 mar. 2021.

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