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OS SOFISTAS: DIREITO E JUSTIÇA COMO CONVEÇÕES HUMANAS

1- Contexto Histórico:
 A democracia ateniense: século V a.C. - período áureo da cultura grega (Século de Péricles)
 Consolidação da Pólis: o cidadão torna-se responsável pelas leis da cidade (Democracia
participativa).
 A preocupação passa da ordem na natureza (physis) para as leis que ordenam a pólis
(nómos)
 As leis eram discutidas na Assembleia (Eklesia) e na Praça Pública (Ágora).
 Necessidade de líderes com habilidade (tecné), conhecimento e valores novos, rompendo
com aqueles valores ou virtude aristocráticos (Areté guerreira).
 Necessidade expor suas ideias (Logos) nas Assembleias para convencer os ouvintes.
 A educação (Paideia) passar a ter valor importantíssimo nesse novo contexto: o sofista era o
professor

2- A importâncias dos sofistas na cultura grega:


 Os sofistas foram os responsáveis pela aproximação das questões filosóficas com a
comunidade (pólis) e pela substituição dos problemas cosmológicos (physis) pelos
problemas éticos e políticos (antropológicos).
 São os primeiros a defender que a virtude (areté) pode ser ensinada (Paideia).

3- O significado do termo sofista e sua função.


 Origem: período arcaico (século VIII – VI a.C.).
 Um sábio (sophon): aquele que ensinava ou que era perito em alguma atividade especial
(professor de sabedoria).
 Novo significado: período clássico (século V a. C.).
 Sofista (sophistés) aquele que possuía uma grande habilidade para transmitir seu saber
erudito (Sophia) e exímio orador.
 No século V a.C., o sofista torna-se o professor profissional que fornece instrução aos jovens
de famílias nobres e demonstravam publicamente sua eloquência.
 Reforma das bases da educação no século V: apresentaram um currículo variado (aritmética,
geometria, astronomia, literatura, retórica e política) e davam preferência ao treinamento do
discurso (oratória) para a persuasão (retórica)

4 – A novidades introduzidas pelos sofistas.


 Eles romperam com os valores antigos (Arete guerreira) e propunham que as pessoas
podiam aprender (tecné adquirida pela educação).
 Rompe com os privilégios das elites atenienses e abrem a possibilidade da ascensão e
participação dos outros grupos sociais na vida política de Atenas.
 Eles eram estrangeiros, sem vínculos com as cidades.
 Afirmavam que as leis eram convenções (physis X nómos)
 Defendem que os fenômenos sociais são obras humanas e não dos deuses.
 Tudo que diz respeito aos homens são convenções e pode ser ensinado e mudado: “o homem
é a medida de todas as coisas” (Protágoras).
 As leis e tudo que envolve o homem na cidade são relativas ao que falam e defendem os
homens.
5- Principais sofistas: Protágoras de Abdera; Górgias de Leôncios; Híppias de Élis; Trasímaco de
Calcedônia; Pródico de Ceos; Antifonte de Atenas; Crítias de Atenas.

6- Protágoras e o novo conceito de justiça como convenção e relativa.


 O homem como medida de todas as coisas: o homem como quem aprende e ensina todas as
coisas.
 A verdade como construção humana.
 A discussão sobre o destino pertence ao próprio homem.
 Os rumos da cidade dependem das discussões dos homens na assembleia.

7 – Direito e justiça para os sofistas


 Discussão sobre a dicotomia (oposição) entre physis (natureza) e nómos (leis/costumes).
 Physis: elemento interno que faz com que as coisas (Cosmos) sejam o que elas são e
determinam o lugar de cada uma no Mundo.
 Nomos: norma ou lei construída historicamente como convenções entre os homens.
 A aristocracia (elite) ateniense defendia que a justiça e o direito eram physis (naturais) não
podiam ser mudadas.
 As classes democráticas defendiam que a justiça e convenção (relativas aos homens) e podia
ser mudada.
 Justiça muda segundo a argumentação de quem fala nas Assembleias.
 A verdade sobre a justiça está no discurso (logos) de quem fala.
 A justiça não está escrita na natureza (physis) porque são os homens, num ambiente de
discussão lógica (logos) que estabelecem por consenso o que é justo e o que é injusto e como
devem ser cumpridos (direito)
 A justiça e direito não são determinações naturais, não são imposições divinas.
 A justiça e o direito são convenções humanas para criar condições de conduzir melhor as
cidades.
 Essas condições são chamadas de nómos ou leis.

Referências Bibliográficas:
BITTAR, Eduardo C. B. ; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do Direito. São
Paulo: Atlas, 2001. p. 49 - 57.
MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do Direito. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 37 - 40.

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