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No Extremo Oriente - a Índia, a Indochina, a Esta organiz ação econômica, rígida e sem mar-
China e as ilhas próxima s - a civilização urbana gens de manobr a, tende a perpetu ar-se no local, favore-
começa um pouco mais tarde do que na zona compreen- cendo a formação de grandes Estados unitário s, como
dida entre o Mediter râneo e o Golfo Pérsico, isto é, por no Egito, pois concent ra nas mãos dos soberan os e da
volta do II milênio a.e. A ocorrência da diferenciação classe dirigente um enorme excedente, que serve em
social e da formaçã o dos grandes Estados repat.e-se em primeiro lugar para garanti r as condições de sobrevi-
grandes linhas, mas com caracter ísticas especiais, que vência geral. A relação entre poder, prosper idade e
derivam do ambien te geográfico, das opções econômi- virtude domina assim a cultura oriental desde o início.
cas da agricult ura primitiv a e das diretivas culturais. O poder justifica-se caso assegur e a paz e a harmon ia
social, isto é, a mediação-entre os princípios opostos do
Trata-se de territórios tropicais, mais quentes do yin e do yang (o frio e o calor, a sombra e a luz, o
que os precedentes, isolados do resto da Ásia por meio descanso e a atividade). No campo dos conjunt os habi-
do grande sistema montan hoso do Himalai a, e rega- tacionai s humano s, o poder deve garanti r o justo equi-
dos pelos rios que descem daqueles montes. Os rios, librio entre o norte e o sul, manter à distânci a os peri-
impetuosos e inconst antes devido ao clima das mon- gos que vêm do norte, refrear as ãguas que descem dos
ções, foram canaliza dos, e permitir am irrigar as plani- altiplanos, e transfor má-las em elemento da vida no
sul. ·
cies, adequad as para o estabelecimento de uma popula-
ção numerosa. A pesquis a das culturas mais rendosa~, Neste sistema , a cidade ocupa um posto domina-
levou - no I milênio a.e. - à seleção quase que exclusi- te e carregando-se de grande quantid ade de significa-
va do arroz, que cresce na água e não requer rotação fios utilitários e simbólicos. É a sede do poder, sendo
com outras culturas , mas somente um minucioso. con- pois, o órgão onde se dá a mediaçã o entre os opostos,
trole dos reabaste cimento s hídricos. Os montes circun- que regula e represen ta todo o território. A ordem laten-
dantes permanecem incultos e habitad os por nômade s te no universo torna-se aqui uma ordem visivel, geomé-
não-civilizados· assim o ambient e humano continu a trica e arquitetônica. Os eixos de simetria ligam a
caracterizado ~or uma oposição fundainental: ao nor- cidade aos pontos cardeais, isto é, ao universo celest.e·
te, as montan has hostis e desconhecidas, de onde vêm os muros imprimem-lhe uma forma regular e a defen:
os ventos frios, os inimigos, os animais selvagens; ao dem dos inimigos; a multiplicidade dos espaços e dos
sul, a planície cultivad a e o mar, onde o sol dã seu ediftcios revela a complexidade das funções civis e
calor e onde se desenvolvem as atividad es civis. religiosas, com seu minucioso cerimonial.
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Fig. 116. Uma aldeia agrícola japonesa atual, com seus arrozais.
Em preto, as casas; em tracejado diagonal, as hortas; em tracejado
Jwrizontal, os viveiros ao longo do rio; em pontilhad o denso, as
culturas secas; em pontilhad o esparso, os arrozais; em pontos esféri-
cos, os arvoredos .
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não interrompem sua continuidade, mas retarda m o
progresso técnico e econômico das sociedades orien- ~!
tais, exatam ente quando as sociedades européias - ~i-'i\ '
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que ficaram à margem do império de Gengis Khan -
iniciam seu desenvolvimento que conduzirá à revolu-
ção cientifica e industr ial. Por isso, as cidades orien-
tais poderã o ser aprese ntadas sumari amente num
capítulo unitário, desde a pré-história até o encontr o
com a colonização européia.
56
na Chi na Central. Vista aérea.
Fig. 117. Um terreno de rizicultura
prin cipa is cidades e as grandes
Fig. 118. M_apa _da C~i7:a, com as a que defende a fronteira seten- Muralha , iniciada pelos Tsin no
obra s públicas imp eria is: a mur alh s costeiras. Tanto a muralha Fig. 119. Uma vista da Grande
ície
trional, e o can al que liga as plan quilômetros de comprimento, e século III a.C.
em milh are s de
quanto o canal med stru idas pelo hom em antes da
são as mais giga ntes cas obr as con
idade industrial.
de chinesa. Ao nort~, o dra~ão.
s cap itais imp eria is ao longo
do Fig. 120. Desenho simbólico da cida a água, man anc ial da vida .
Embaixo, o gru po das prim eira stia Tsin (221-207 a.C .) ; que representa as mon tanh as, ao sul
da dina
Rio Wei : Hsi en- yan g, cap ital stia Han de. 202 a.C. em
ital da dina
Ching-Chao , prim eira cap ois da
dina stia Sui de 589 d. C. e dep
diante ; Chang-an, cap ital da dim ens ões das ci-
ia as gra nde s
dinastia Tan g. O map a evid enc dos par a Cha ng-a n) .
s qua dra
dades (quase cem quil ôm etro
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As regras urbanísticas e de construção - corno cmturao m, cleo de uma cidadeJz (com o cinturão'"'•-
formar o nu d 11 l') t.a 'l . ...,~.
muitos outros elementos da civilização chinesa - o de 7 li e o externo e . z , e es u tima Pod
n ti't • núcleo de uma cidade tu (com o cinL .. e
formam-se na era Chu (1050-250 a.C.), são codificadas cons uir 0 d 14 z·) u Lllfao
no final deste periodo, quando nasce o império unitá-0 . terno de 11 li e o externo· de d z • ma "'" .
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rio, e são transmitidas com continuidade por todo , conse,n1ida partin o e uma CI a e 'tsche
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com O cinturão interno e z ~ o externo des
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periodo sucessivo, até a época moderna. pequena
As cidades chinesas, estritamente ligadas ao te~- li· obt.ém-se deste modo, a ~bela da Fig. 121, que diz
ritório agricola, começam como cidade-refúgio, desti- r;speito às cidade~ de medi~a no~al: a~ capitais Po-
nada à residência estâvel da classe dirigente (sacerdo- dem ser muito maiores, de até 100 lz de penmetroexter.
tes, guerreiros e técnicos) sendo capaz acolher tempo-
rariamente a população camponesa do distrito circun- no (Figs. 122-124). ,
A cidade tscheng_ com penmetro externo de ?.li
dante. Deve ter portanto dois cinturões de muros: um ode conter 3.200 habitantes, e serve. a um territõ.no
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interno, que encerra a cidade habitada verdadeira e P
agricola com 32 aid eias, que m e mais ou menos 12 x
própria, e um externo, que cinge um espaço vazio de ponto do territóno.
hortas e de pomares. Estas cidades se distinguem, se-
12 quilômetros; deste ,modo, d cada
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gundo sua grandeza, em três categorias, denominadas é possível chegar ~ pe a CI ~ e! c~m pe~c~rso mãximo
de uma hora e meia. As capi~IS 1mpenais maiores_
com três nomes diferentes: tscheng, ji e tu.
. As regras para sua projeção são descritas pelo Chang-an, Hang-Chu e Peqmm - alcançaram e tal-
literato Meng-Tsi (372-289 a.C.). A unidade de medida vez superaram o total de um mi~ão de habitantes. A
urbanística é o li, que corresponde a mais ou menos 530 orientação permanece sempre ngorosamente ligada
metros. Na cidade tscheng menor, o cinturão interno aos pontos cardeais.
tem um perimetro de 1 li e o externo de 3 li; ela pode se
Primeira série (coluna da esquerda) Fig. 121 . As duas séries de cidades de dimensões normalizadas o
módulo .ª equivale a um li, ~sto é, a 530 metros. Cada cidade é
tscheng pequena 1/3 li (530 a 1590 m)
~~cheng grande 3/7 li (1590 a 3710 m) caracterizada pelas duas medidas do perímetro interno e extern .0
Jl 7/llli(3710a5830m) lado é indicado em metros. o,
tu 11/15 li (5830 a 7950 m)
Fig. 122. Planta da cidade de Chang-an capital dos T, A
Segunda série (coluna da direita) centro, o recinto imperial. ' ang. o
tscheng pequena 1/5 li (530 a 2650 m)
!~cheng grande 5/9 li (2650 a 4770 m)
Jt 9/13 li (4770 a 6890 m)
tu 13/17 li (6890 a 9010 m)
SECOND1 SERIE
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PRIMA SERIE
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Fl·g 126 Uma lápide de pedra
a.C.-· 220 ·d.C.), com a represe de-umda um
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A. porta de en t ra da
B. qua rtos exte rnos para os hóspedes
C. seg unda porta
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E. ambientes la tera is
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G. serviços
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Fig. 135. Vista de um convento budista em Hang-chow, usado como Fig. 136. Um temp/,o budista em Nanquim, representado em uma
residência imperial durante as viagens para o sul. O edificio com- gravura européia do século XVIII.
preende uma parte formal e simétrica (a série de pátios à direita) e
uma parte informal (o jardim à esquerda).
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:~t - projeção aparecem muitas vezes combina das entre.~
Os edificios destinado s às cerimôni as públicas são ngl·
damente agrupado s ao redor do eixo de simetria, que
:F.Ç~ vai do sul para o norte, e o eixo se toma um perc~
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impressi onante, através de uma sucessão de pátiOS
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fechados. Ós ediflcios e os espa~s para a vida privada
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apresentam-se incoTI)orados ao jardim paisagisti~,que
. -e:·..:--- foge de toda regra geométrica e desequilibra, à direita ou
à esquerda, a composição geral. Esta se faz, assim, utn3
recapitulação de todo o ambiente c~mico, com sua alter"
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1. a Cidade Proibida ou
Purpúrea
2. a Cidade Imperial
:1. a Cidade Tártara ou
Interna
4. a Cidade Chinesa ou
Externa
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A . entrad a
B. touro de bronz e
C. ponte dos dezess ete arcos
D. ilha do rei dragã o
(96~-~127 d.~.), co~ os
Fig. 144. Uma pintu ra do perío do Sung ral mfm ita. O titulo: Rios e
E. pontes sobre o dique
F. ponte do circulo de jade
edifícios incorporados à pais agem natu
G. Lago Kun Ming
Montanhas a Perd er de Vist a. H. nave de márm ore
I. ancor adour o dos navio s reais
J . lagos poster iores
K. Colina da Longe vidad e
L. sala do Buda
M. Pavilh ão do Júbilo e da Agric ultura
onios o Intere sse)
N. Hsieh Chu Yuan (jardi m do Harm
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. ntadas, n O Parq ue C'hw 1R ( lô . ~
p-tg. 145. Um para peito de roch as cune
Shan nos arredores de Pequ im.
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l. Naniwa (Osaka)
2. Otsu
3. Fujiwara
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4. Nara
5. Shigaraki
6. Nagaoka
3 7. Kyoto
Fig. 155. Kyoto, a capital fundada em 794 pe/,o Imperador Kammu. Fig. 156. O recinto imperial de Kyoto (n. 1 na Fig. 155).
DIDITITIEEEEnEEEBrTIDctfí : 2. Vila
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Palácio Imperial
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EHEttffiEEJEELJEBSBttE:J~ : a. Via) Imperial Suzaku-in
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Palácios de recepção
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3. sala do uudibncln Mecundllr111 ·
4. Palácio lm1111r1nl OJJ - - l..l_LJ
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6, 7. templo• .
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8. ediftcios aecundáno•
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Fig. 157. Planta do Palácio Imperial de Kyoto (n. 4 na p·
,g. 156).
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l. recinto externo
2~. portas externas
7. recinto interno
8-11. portaB internas
12-14. salas de recepção
15-22. anexos das 88las
23-28. apartamento privado
· 29-35. anexos do apartamento
36-37. sala de espera
li 38-39. recintos de serviço
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Fig. 158. Mapa de Kyoto no século XIX. A cidade ocupa apenas uma
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parte do reticulado, e perdeu a regularidade original. O novo recinto 1
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Figs, 162. e 163-164 . O Palácio Imperi al de Kyoto, da maneir
da última recons trução de 1655, que
que se aprese nta hoje depois o
reproduz as estrutu ras mais antiga s. O modelo simétri co derivad gem
da China foi modific ado e tornad o mais livre, segund o a aborda
original da arte japone sa.
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Nas resid ênci as e nos temp los subu rban os, imer
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sos na natu reza , a arqu itetu ra japo nesa alca
s e requ intad os. Esta s comp osi-
resultados mais novo
são regu lada s por duas norm as
ções (Figs. 165-169)
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com plem entar es: a liber dade info rmal da insta
ins ingle-
paisa gísti ca (que prec ede e influ enci a os jard
nos
ses do século XVIII) e a cons tânc ia da esqu adria
mód ulo plan imét rico e altim étri-
edificios, base ados no
co dos tata mi (cerc a de 0,90 x 1,80 m).
Prthi-
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Figs. 172-173. Vista aérea e planta de Bayon, o temp/,o
uído pelo Imper ador Jayav arman VII (1181-1220) em An-
constr
gkor no Camboja.
1000 3000m.
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