O Ministério Público denunciou Rodolindo Sicrésio por receptação de um veículo produto de apropriação indébita. Em audiência, policiais testemunharam ter abordado Rodolindo conduzindo o veículo, e ele não ter documentação. Rodolindo alegou inocência e ausência de provas. O juiz deve decidir se o condena ou absolve.
Descrição original:
Título original
TÉCNICA DE SENTENÇA - CPIII B - DIA 26.05.2023 - SESSÃO I (3).pdf
O Ministério Público denunciou Rodolindo Sicrésio por receptação de um veículo produto de apropriação indébita. Em audiência, policiais testemunharam ter abordado Rodolindo conduzindo o veículo, e ele não ter documentação. Rodolindo alegou inocência e ausência de provas. O juiz deve decidir se o condena ou absolve.
O Ministério Público denunciou Rodolindo Sicrésio por receptação de um veículo produto de apropriação indébita. Em audiência, policiais testemunharam ter abordado Rodolindo conduzindo o veículo, e ele não ter documentação. Rodolindo alegou inocência e ausência de provas. O juiz deve decidir se o condena ou absolve.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
-EMERJ-
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A
CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROGRAMA DO CURSO
CPIII B 1 2023 – TÉCNICA DE SENTENÇA
As aulas do módulo serão ministradas nas seguintes datas: 26/05, 29/05 e
30/05.
SESSÃO I: Dia 26/05/2023 - 8h às 9h 50min
Prof. Dr. Daniel Konder de Almeida
TEMA: Direito Penal. Receptação. Art. 180, caput, do Código Penal.
CASO CONCRETO:
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ofereceu denúncia
em face de Rodolindo Sicrésio, imputando-lhe a prática de delito previsto no artigo 180, caput, do Código Penal, narrando que, em data que não pode ser precisada, mas certo que entre os dias 13/05/2021 e 07/02/2022, o denunciado, de forma livre e consciente, recebeu, em proveito próprio, o veículo Hyundai/HB20, placa ABC 1234 - de propriedade da locadora de veículos Localiza - que sabia ser produto de crime, uma vez que proveniente de apropriação indébita ocorrida em 13/05/2021, conforme boletim de ocorrência nº 00123/2021, da 103ª DP de Itaquera, São Paulo, às fls.17-22. O Ministério Público alega que, na oportunidade, policiais rodoviários federais em patrulhamento na Avenida Brasil, altura do nº 1.900, deram ordem de parada ao denunciado, que conduzia o veículo Hyundai/HB20, placa ABC 1234. Sendo assim, após o início da abordagem, verificou-se que o carro estava em nome da locadora de veículos Localiza. O Ministério Público afirma que, ao ser indagado sobre a documentação, o denunciado relatou que não a possuía e que havia comprado o veículo de uma pessoa identificada por ele apenas como Sérgio. Na sequência, em consulta junto à Localiza, restou verificado que o veículo era produto de apropriação indébita, considerando que havia sido locado em 10/05/2021 e deveria ter sido devolvido em 13/05/2021. Por isso, requer a condenação nos termos da inicial acusatória. A denúncia veio instruída com os autos do flagrante oriundos da 27ª Delegacia de Polícia, do qual destacam-se a decisão do flagrante, o auto de prisão em flagrante, o termo de declaração, o registro de ocorrência, o auto de apreensão e o auto de entrega. FAC do acusado sem anotação. Em audiência de custódia, foi deferida a liberdade provisória. Em resposta à acusação, Rodolindo Sicrésio alegou a falta de justa causa para a ação penal e a atipicidade do crime, requerendo a absolvição sumária. Audiência de instrução e julgamento realizada na data de 19/07/2021, conforme assentada às fls.181-182, oportunidade em que foram colhidos os depoimentos das testemunhas Eduardo e Carlos Silva. A testemunha Eduardo, policial rodoviário federal, narrou: "que estava em patrulhamento na Avenida Brasil, quando deu ordem de parada ao acusado, que conduzia o veículo Hyundai/HB20; que se tratava de uma abordagem de rotina, pois na localidade há grande incidência de circulação de veículos roubados; que fez buscas no veículo enquanto seu colega Carlos apurava os fatos, ocasião em que o réu declarou que comprou o carro por vinte mil reais de um amigo chamado Sérgio e que não possuía a documentação do bem; que, diante das informações repassadas, Carlos verificou que o veículo estava em nome da locadora Localiza; que, ao proceder à consulta, constatou que o veículo era produto de crime." A testemunha Carlos, policial rodoviário federal, narrou: "que estava em patrulhamento de rotina na Avenida Brasil quando abordaram o réu na condução do veículo Hyundai/HB20; que, ao buscar informações sobre o veículo apreendido, verificou que se tratava de produto de apropriação indébita." Rodolindo Sicrésio, em interrogatório, afirmou: "que se encontradesempregado; que não estava na condução do veículo; que não sabia quem estava na condução; que não conhecia os policiais que realizaram a prisão; que não sabia que o carro era produto de crime." Em relação às demais perguntas, exerceu o direito de ficar em silêncio. Em alegações finais, o Ministério Público afirma que, após as declarações firmes e coerentes das testemunhas, em conjunto com os documentos que comprovam a locação do automóvel, o crime restou devidamente comprovado. Desse modo, requer a condenação nas penas do artigo 180, caput, do Código Penal. Em alegações finais, Rodolindo Sicrésio alega que os depoimentos dos policiais não podem ser considerados para a condenação, uma vez que são partes interessadas no desfecho condenatório, e, ademais, afirma que não se demonstrou a autoria e tampouco o dolo ou a culpa na prática do crime, o que seria indispensável, na medida em que não se admite a responsabilidade criminal objetiva no ordenamento jurídico brasileiro. Por esses motivos, pede a absolvição, além da concessão do perdão judicial, previsto no art. 180, §5º, do Código Penal, com a consequente extinção da punibilidade. Subsidiariamente, em caso de condenação, requer a desclassificação do crime para o tipificado no artigo 180, §3º, do Código Penal. Por derradeiro, pede a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Autos conclusos. Elabore sentença sem relatório.