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Rainha de Copas

Na França do século XVI uma família nobre se fazia soberana em um ducado afastado
no sul do país, lá, no interior de um suntuoso castelo, nasceu a primogênita dos Hearts;
uma menina pálida de cabelos negros e olhos carmesins dotada de uma marca de
nascença singular no formato do símbolo de copas ao redor de seu olho esquerdo, sua
cara emburrada e natureza rabugenta, mesmo quando recém nascida, lhe renderam o
nome de Iracebeth. Enquanto crescia Iracebeth descobriu seu prazer na liderança, ela
comandava as crianças do castelo em brincadeiras que se fossem melhor produzidas
seriam verdadeiras peças de teatro, obstinada e cabeça quente a menina não deixava
barato quando a ofendiam com o apelido maldoso de “Cabeçuda”(que surgiu devido a
forma do penteado favorito da leide que dava a sensação de tornar sua cabeça maior),
mesmo aos 10 anos seu tom histérico e presença forte eram o suficiente para apavorar
outras crianças.
Mas foi pouco depois do seu aniversário de 4 anos que o dia mais insuportável da vida
de Iracebeth chegou, o nascimento de sua irmã mais nova Mirana, ela já tinha uma fome
por atenção dos pais, principalmente da mãe que não lhe dedicava muito tempo, mas
depois que Mirana nasceu a personalidade agressiva e impositiva de Iracebeth se tornou
desagradável quando posta em contraste com a delicadeza gentil de sua irmãzinha; foi
por conta disso que as duas cresceram vivendo esse relacionamento contraditório,
sozinhas elas eram amigas inseparáveis, mas na companhia de outros, em especial seus
pais, Mirana tomava de assalto todo o amor e atenção.
Foi essa a razão do ressentimento de Iracebeth ir crescendo aos poucos como um
veneno em seu coração, contudo, Mirana não foi a única pedra no sapato de Iracebeth;
como os duques pais das duas meninas não tiveram filhos homens não viram opção se
não casar suas filhas com nobres vassalos, essa ideia recaiu mal para ambas as meninas
que a essa altura estavam no fim da adolescência, aos 18 anos Iracebeth deveria ser a
primeira a se casar por tradição. Mas desde menininha ela sempre impôs sua vontade
sobre todos, garotos e garotas, adultos e crianças até os animais tendiam a obedecer,
Iracebeth chamais aceitaria se submeter a um misero filhote de nobre que seus pais
jogaram nela.
Na noite anterior ao seu casamento a jovem herdeira se esgueirou para dentro do quarto
de seu odiado noivo, ela se infiltrou sem dificuldade nos aposentos do ignóbil projeto de
cavaleiro que foi prometido para ela, ela tomou a espada dele que estava largada num
canto do quarto e enquanto seu noivo dormia, ela cortou lentamente sua garganta
deliciando-se com o medo nos olhos dele, insatisfeita com o simples assassinato ela fez
questão de decapitar o seu agora falecido noivo. Desde de pequena ela gostava de
decapitar objetos e até pequenos animais, mas depois de separar a tão vulnerável cabeça
humana do corpo ela se apaixonou pelo que viria a se tornar sua marca registrada.
Com a morte misteriosa de seu noivo Iracebeth ficou livre outra vez, mas nem por isso
podia parar seu plano, pois sua irmã por mais que a tirasse do serio também merecia mais
que uma vida de leide casada sem personalidade ou função além de parir herdeiros para
velhos nobres bêbados de vinho. Iracebeth matou o noivo de sua irmã e os outros três
que tentaram desposa-las nos dois anos seguintes, depois de cinco decapitações
misteriosas o dote das moças já não era mais tão atrativo assim, foi com essa situação em
mãos que os pais das duas decidiram nomear uma das meninas para governar o ducado
depois de suas mortes.
O sonho de ser senhora de tudo e de ser reverenciada estava diante dos olhos de
Iracebeth, tudo pelo que ela trabalhou e matou pra ter seria dela, mas como se não
bastasse ignora-la sua mãe fincou fundo uma adaga em suas costas, ela convenceu seu
pai de que Mirana seria uma ótima governante com tamanha compaixão em seu coração,
e que não importava Iracebeth ser mais velha, eles já estavam abrindo uma exceção para
tornar uma mulher duquesa governante então por que não abrir outra e escolher a mais
nova das irmãs. Isso foi a gota d’agua, durante a cerimonia de nomeação de Mirana como
herdeira Iracebeth iniciou um plano que já arquitetava a tempos pro caso de ser
necessário.
Com apoio de uma tropa de cavaleiros vermelhos leiais a ela e apenas a ela Iracebeth
decidiu tomar pra si o poder e decapitar todos que a atrapalhasse, sem piedade ela
decapitou os pais com as próprias mãos, mas por algum motivo poupou a irmã mantendo-
a como prisioneira, em seu rompante de revolta Iracebeth perdeu as estribeiras e se
autoproclamou rainha, sob o titulo de Suprema Rainha de Copas que tornou-se o seu
estandarte.
Mas a rainha caiu quando um de sues cavaleiros leais se apaixonou por Mirana e trouxe
os nobre das regiões vizinhas para depor Iracebeth e libertar Mirana do cárcere; foi
durante o cerco, com o castelo em chamas e as tropas inimigas invadindo que Iracebeth
viu o traidor fugindo por um furo na muralha com sua odiosa irmã, o ódio por Mirana
foi todo a tona ali, o grito da Rainha de Copas ecoou por todo o ducado quando Iracebeth
amaldiçoou sua irmã logo antes de ter seu coração perfurado por um flecha perdida da
batalha, o rosto pálido e angelical de Mirana foi a ultima coisa que Iracebeth viu.
(Por conta desse cavaleiro traidor que ao invés de 7 Iracebeth é sempre defendida por 6
solados cartas, como um lembrete que a traição pode vir de seu próprio baralho)
Esse é o passado da oni Rainha de Copas, agora como ela é transformada em oni e chega
ao Japão... me sinto melhor deixando assim, um mistério.

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