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BIRLIOTECA CENTNAA
SERGIOPINTO MARTINS
DIREITO
DA SEGURIDADE SOCIAL
32 edição
SÃOPAULO
EDITORA ATLAS S.A, - 2012
UNIVERSi0a)8P2D8RAL DO PARA
BISLIOTECACENTRAL
NÃOU, TORZAo,
Atlas S.A.
© 1992 by Editora N
1. ed. 1992; .: 20. ed. 2004: 21. ed. 2004: 22. ed. 2005:
2008: 27. ed. 2009:
23. ed. 2006, 24. ed. 2007; 25. ed. 2008; 26. ed.
ASSOCIACAn nnAS EIRA O nEiTOs nepnonnA
Bibliografia.
ISBN 978-85-224-6872-0
95-1392
CDU-34:368.4(81) (094)
0ndices para catálogo sistemáico:
1. Brasil:Leis : Previdência social : Direito previdenciário
34:368.4(81)(094)
2. Leis : Previdência social : Brasil : Direitoprevidenciário
34:368.4(81)(094)
1.1 Introdução
Ao examinarmos o Direito da Seguridade Social., hánecessidade de lembrarmos de
conceitos
sua gênese e de seu desenvolvimento no decorrer do tempo, entendendo novos
einstituições que foram surgindo com o passar dos lustros.
ODireito tem uma realidade histórico-cultural, não admitindo o estudo de qualquer
desenvolvimento dinâmico no trans
de seus ramos sem que se tenha uma nocão do seu
curso do tempo.
compreendermos o desenvolvimento
Ao pretendermos estudar opassado, é possível
necessidade premente. Segundo as
da ciência no decorrer dos anos, o que se mostra uma
lições de Waldemar Ferreira (1962, v. 1:1), "nenhumjurista pode dispensar o contingente
instituições jurídicas dos dias atuais".
do passado a fim de bem compreender as
compreender a matéria, quanto ao
Em nosso estudo seráfeita a divisão, para bem demais países e no Brasil.
Social nos
período atinente aodesenvolvimento da Seguridade
cidadãos e
oprincípio da universalidade, para que aproteção se estendesse a todos os custeio
não apenas aos trabalhadores; (c) igualdade de proteção; (d) tríplice forma de
porém com predominância do custeio estatal. OPlano Beveridge tinha cinco pilares: (a
necessidade; (b) doença; (c) ignorância; (d) carência (desamparo); (e) desemprego. Era
universale uniforme. Visava ser aplicado a todas as pessoas e não apenas a quem tivesse
contratode trabalho, pois o sistema de então não atingia quem trabalhava por conta pró.
pria. Isso dava aideia da universalidade do sistema. Tinha por objeto abolir o estadode
necessidade. Objetivava proporcionar garantia de renda às pessoas, atacando a indigên
cia. Jápensava no aumento da longevidade do homem e na diminuição da natalidade.
Assim. deveriaser adiada a idade da aposentadoria. Deveria haver amparo àinfância e
proteção à maternidade. Os principios fundamentais do sistema eram: horizontalidade
das taxas de benefícios de subsistência, horizontalidade das taxas de contribuição, uni
ficação da responsabilidade administrativa, adequaçãodos beneficios, racionalização e
classificação.
Inspirado no RelatórioBeveridge, o governo inglês apresentou, em 1944, um plano
de previdência social, que deu ensejo à reforma do sistema inglês de proteção social, que
foi implantado em 1946.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, inscreve, entre outros
direitos fundamentais da pessoa humana, a proteção previdenciária. O art. XXV da re
ferida norma determina que "todohomem tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a sie a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habi
tação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito àseguridade no
caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez,velhice, ou outros casos de perda dos
meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle". Prevêa proteçãocontra
odesemprego (art. XXIII, 1).
Além das várias convenções da OIT existentes sobre a matéria (24, 35, 37, 38, 39,
40, 123, 128, 130 e 134), em todos os países foram sendoelaborados e instituídos pro
gramas de seguridade social. A Comunidade Econômica Europeia do Carvão e do Aço
unificouo tratamento previdenciário para os países que a compõem.
1.3 No Brasil
Em 1543, Braz Cubas criou um plano de pensão para os empregados da Santa Casa
de Santos.
O Decreto de 1°-10-1821, de Dom Pedro de Alcântara, concedeuaposentadoria aos
mestreseprofessores, após 30 anos de serviço. Assegurou abono de 1/4 dos ganhosaos
que continuassem em atividade.
Dividirei a evolução histórica da seguridade social no Brasil segundo a égide de
cada Constituição vigente na época, visando com isso dar um aspecto lógicoedidático à
exposição.
1.3.1Constituição de 1824
Na Constituição de 1824,a única disposição pertinente àseguridade social é a do art.
179, em que se preconizava a constituição dos socorros públicos (XXXI). O Ato Adicional
Evolução Histórica 7
le-
de 1834, em seu art. 10, estipulava a competência das Assembleias Legislativas para
gislarsobre as casas de soCorros públicos, conventos etc., que foram instituídos pela Lei
ne 16, de 12 de agosto de 1934.
OMontepio Geral dos Servidores do Estado (Mongeral) apareceu em 22 de junto
de 1835,sendo a primeira entidade privada a funcionar no país. Tal instrumento legal
do
anterior à lei austríaca, de 1845, e àlei alemä, de 1883. Previa um sistema típico
émutualismo (sistema por meio do qual várias pessoas se associam e vão se cotizando para
acobertura de certos riscos,mediante a repartição dos encargos com todo o grupo):o
tém a maior parte dos institutos jurídicos securitários existentes nas modernas legislaçoes
e foi concebido muito tempo antes da Lei Eloy Chaves.
0 Código Comercial de 1850jáprevia no art. 79 que "os acidentes imprevistos e
inculpados que impedirem aos prepostos o exercício de suas funções não interromperão o
ContinuoS".
vencimento de seu salári0, contanto que a inabilitacão não exceda três meses
no
O Regulamento n° 737, de 25-11-1850, assegurava aos empregados acidentados
trabalho os salários por no máximo três meses.
montepios e sociedades de
O Decreto n° 2.711, de 1860, regulamentou o custeio de
SOCorroS mútuos.
empregados os
Concedeu o Decreto n 9.912-A, de 26-3-1888, aposentadoria aos
serviço.
Correios. Havia necessidade de idade mínimade 60 anos e 30 anos de
para o pessoal das es
O Decreton° 3.397,de 24-11-1888, criou a Caixa de Socorro
estatuiu o montepio obriga
tradas de ferro do Estado.O Decreto n 9.212, de 26-3-1889,
Decreto n 10.269, de 20-7-1889, estabeleceu
tório para os empregados dos Correios. O
trabalhadores das Oficinas da Imprensa Régia.
um fundo especial de pensões para os
aposentadoria para os empregados da
ODecreto n° 221, de 26-2-1890, estabeleceu
Estrada de Ferro Central do Brasil.
sobre a concessão de aposentadoria aos em
O Decreto n 406, de 17-5-1890, dispôs
Decreto n 565,de 12-7-1890, estendeu
pregados da Estradade Ferro Central do Brasil. O República.
estradas de ferro gerais da
obenefício a todos os empregados das
de indenização pelos
A Lei n 3.724, de 15-1-1919, tornou obrigatório pagamento por seus empregados.
empregadores em decorrência dos acidentes do trabalho sofridoS pago à Previ.
Estabeleceu, ainda, o seguro para acidentes do trabalho. O seguro não era
dênciaSocial, mas a empresas privadas.
primeira norma a instituir
ALeiEloy Chaves (Decreto n° 4.682, de 24-1-1923) foi a
Aposentadorias e Pensões para
noBrasil a previdência social,com acriação de Caixas de manifestações gerais dos
os ferroviários, de nível nacional. Tal fato ocorreu em razão das
trabalhadoresda épocae da necessidade de apaziguar um setor estratégico e importante
invalidez,
da mão de obra daquele tempo. Previa os benefícios de aposentadoria por
ordinária (equivalente àaposentadoria por tempo de contribuição), pensão por morte e
assistência médica.
A referida lei destinou-se a estabelecer, em cada uma das empresas de estrada de
ferro existentes no país, uma caixa de aposentadoria e de pensões para os respectivos
empregados. Beneficiários eram, portanto, apenas os trabalhadores subordinados (em
pregados), como também os "diaristas de qualquer natureza que executem serviços de
caráter permanente" (art. 2°). Seuobjetivo, porém, nãoera conceder aposentadorias. Em
seu bojo a regra concedia estabilidade ao ferroviário que tivesse dez anos de empresa,
pois otrabalhador poderia não se associar às caixas com receio de ser dispensado. Ele só
poderia ser dispensado mediante inquérito para apuração de falta grave presidido pelo
engenheiro da estrada de ferro. Como o trabalhador era estável e ficava, portanto, na em
presa, ia havendo acumulação de contribuições para osistema de aposentadoria. Assim,
oreal objetivo era obter numerário para no futuro pagar aposentadorias.
A LeiEloy Chaves concedia aposentadoria, pensão, medicamentos com preço espe
cial e socorros médicos (art. 99).
Com 10 anos de ferrovia, o segurado teria direito a aposentadoria por invalidez.
Os trabalhadores recolhiam 3% sobre os salários e 1,5% era recolhido pelos usuários de
transportes. O Estado não participava do custeio.
Também eram beneficiários do sistema os funcionários das Caixas, os professores
de escolas mantidas pelas empresas vinculadas ecertas classes de trabalhadores subor
dinados.
Em 1923, havia 24 caixas de aposentadorias e pensões, que cobriam 22.991 segura
dos. Tinham natureza privada, de entidades civis.
AEmenda Constitucional de 1926, de 3 de setembro, estabeleceu por meio do § 29
do art. 54 que o Congresso Nacional estava autorizado a "legislar sobre licença, aposen
tadoria e reformas, não se podendo conceder, nem alterar, por leis especiais".
Aaposentadoria era entendida na época como sendo a Previdência Social.
NoBrasil as pessoas também passaram a se reunir em um mesmo grupo profissional,
mediante cotização, para assegurar entre si determinados beneficios, dando a ideia do
mutualismo que ocorrera em outros paises.
O Decretolegislativo nº 5.109, de 20-12-1926, estendia os benefícios da Lei Eloy
Chaves aos empregados portuários e marítimos. Acontribuição da empresa passou para
1,5% sobre a receita bruta. Acontribuição cobrada dos usuários do transporte ferroviário
foi aumentada para 2% sobre o preço da
passagem.
A Lei n° 5.485, de 30-6-1928, estendeu o regime da Lei Eloy Chaves ao pessoal das
empresas de serviços telegráficos e radiotelegráficos.
ADE FEDERAL D0 PAR
Evolução Histórica 9
e reformas" (art. 39, 8, d); fixavaa proteção social ao trabalhador (art. 121). Aalínea h
do§ 1°,do art. 121, tratava da "assistência médica esanitária ao trabalhador e àgestante
assegurando aesta descanso, antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do empre.
go, einstituiçãode previdência, meiante contribuiçãoigual da União,do empregador e
do empregado, afavor davelhice, da invalidez, da maternidade, enos casos de acidentes do
trabalho ou de morte".
ALei Fundamental de 1934 jáestabelecia a forma tríplice de custeio: ente público,
empregadoe empregador, sendo obrigatória a contribuição (art. 121, §1, h).
O§3°, do art. 170, previa a aposentadoria compulsória para os funcionários públicos
que atingissem 68 anos de idade. Assegurava-se aposentadoria por invalidez, com salário
integral, ao funcionário público que tivesse no mínimo 30 anos de trabalho (art. 170, $4°).
Ofuncionário público acidentado tinha direito a benefícios integrais (art. 170, § 6).O
$7° do art. 170 já mostrava que "os proventos da aposentadoria ou jubilação não poderäo
exceder os vencimentos da atividade".
O§2°, do art. 172, mencionava a possibilidade de cumulação de benefícios, desde
que houvesse previsão legal, para as pensões de montepio, evantagens de inatividade, ou
se resultassem de cargos legalmente acumuláveis.
Nota-se que a Constituição faz referência pela primeira vez à expressão "previdên
cia", embora não a adjetivasse de "social".
ALei n° 367,de 31-12-1936, cria oInstituto de Aposentadoria ePensões dos Industriá
rios (LAPI). Os empregados da indústriaeram segurados obrigatórios. Os empregadores
podiam se inscrever facultativamente. Eram excluídas do sistema as atividades industriais
exclusivamente familiares: "onde não haja empregados e empregadores definidos" (art.
2° eparágrafo único). OIAPI era financiado por contribuições de empregados e empre
gadores, incidentes sobre a folha de pagamentos das empresas, além da participação do
Estado, por meio de uma taxa cobrada sobre os artigos importados. Os segurados tinham
direitoa aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e pensão. Outros beneficios eram
mencionados. Poderiam existir contribuições suplementares.
Verificação de aprendizagem
1. Qual foi a primeira norma que criou aPrevidência Social no Brasile para qual cate
goria?
2. A partir de quando passaram a ser criados os IAPs?
3. Quando foi editada a primeira Lei Orgânica da Previdência Social?
4. Oque era o SINPAS?
5. Como éo atual sistema de Seguridade Social?
6. O que é mutualismo?
7. Como era o sistema instituído por Bismarck?
8. Do que tratou a Lei Eloy Chaves e qual seu conteúdo?
2
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAI.
2.1 Denominação
2.2 Conceito
A Seguridade Social visa, portanto, amparar os segurados nas hipóteses em que nao
possam prover suas necessidades e as de seus familiares, por seus próprios meios.
Ocertoéque as necessidades do trabalhador, tanto de remuneração como atéde asS
sistência médica, decorrentes do sistema da Seguridade Social,deveriam ser, como ocorre
em outros países, independentes de contribuição. Eis averdadeira ideia de Seguridade
Social, em que a pessoa tem direito a benefícios ou serviços, sem necessariamente ter
contribuído parao sistema. No entanto, nãoé o que se observa na Constituição, pois em
relação àPrevidência Social é preciso contribuição por parte do próprio segurado (art.
201), mas em relação àAssistência Social édesnecessária tal contribuição (art. 203).
Mostra-se, assim, um contra-senso dentro do sistema adotado pela nossa Lei Maior.
A Seguridade Social tem característica social, para todos e não individual, embora
seja voltada para o indivíduona condição de trabalhador.
E, bastanteampla a Seguridade Social, podendo até mesmno confundir-se com um
programa de governo, um programa de política social. Na verdade, o interessado tem de
suportar suas próprias necessidades. Apenas quando não possa suportá-las, é que subsi
diariamente iráaparecer a Seguridade Social para ajudá-lo. O preâmbulo da Constituição
francesa, de 27-9-1946, mostra, v. g., que todo ser humano que, em razão de sua idade,
cole
estado fisico ou mental, esteja incapacitado para otrabalho, tem direito de obter da
tividade os meios convenientes de existência.
é atribuída
ASeguridade Social não se confunde com Direito Social. Esta expressão
colocado entre
genus,
ao professor Cesarino J., que diz que o Direito Social éum tertium
Assistência Social incluí
oDireito Público e o Direito Privado, estando a Previdência e a
natureza ésocial, feitopara
das no seu contexto, como espécies. No entanto, o Direito por
a sociedade. Assim, todos os seus ramos teriam natureza
social, destinados a promover o
bem-estar dos indivíduos perante a sociedade.
Trabalho. As duas maté
Distingue-se o Direito da Seguridade Social do Direito do
empregado. A Seguridade Social
rias têm por fundamento proteger otrabalhador ou o
indivíduo, mais precisamente como
tem objetivo mais amplo: proteger o homem como seja. A Seguridade Social vai
segurado, independentemente do tipo de trabalhador que trabalhar. Hoje, o inciso Ido art.
proteger o segurado nos momentos em que ele não pode do Trabalho e o da Segurida
Direito
22 da Constituição mostra que há distinção entre o União legislar sobre Direito do
privativamente
de Social, pois determina que compete éque prescreve à União legislar sobre
Trabalho, enquantoo inciso XXIIIdo mesmo artigo distintas.
Seguridade Social, mostrando que são matérias
2.3 Divisão
abrangente, universal, destinado a
ASeguridade Social engloba um conceito amplo, determinada contingên
todos que dela necessitem, desde que haja previsão na lei sobre Previdência Social, a As
cia a ser coberta. Ë, naverdade, o gênero do qual são espécies a nos capítulos seguintes.
sistência Social e a Saúde, que serão estudadas destacadamente
APrevidência Social vai abranger, em suma, a cobertura de contingências decorren
maternidade, mediante
tesde doença, invalidez, velhice, desemprego, morte e proteção à
contribuição, concedendo aposentadorias, pensões etc.
2. de 24
1.
4. 3.aprendizagem
Verificaçãode
Previdência
tribuições, será queindivíduo.
raçãodobeneficios
Quais
Depende Qual compreende doenças A A Direito
Qualé estudado Será SaúdeAssistência
são conceito o estudada da
a Complementar, até e a Seguridade
ela
suas denominação pretendepessoas
prescrição o outros
de custeio
histórico,
espécies?
contribuição de a Social
agravos, que Social
Seguridade Seguridade oferecer
e da nunca irá
"
empregada denominação,
decadência.a tratar Martins
Seguridade
em
Assistência proporcionando uma
contribuíram
Social de
todosSocial? política
para atender
os Social Social,
Depois
compreendendo
conceito,
a social para
casos? matéria ações
ea
serão os os
e
hipossuficientes, o
Saúde.
segurados,relações, econômica esistema
em estudadas serviços
estudo? a
Introdução (ex.:
até para
os destinada
a
princípios. renda
Por contribuintes,
Previdência adestinando
quê? proteção mensal
ou a
Teoria
Em reduzir
Social,seguida, vitalícia).
e pequenos
as recupe
Geral. riscos
con
a