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NIVERSIDADE FEOERAL,00 PAR

BIRLIOTECA CENTNAA

SERGIOPINTO MARTINS

DIREITO
DA SEGURIDADE SOCIAL

Custeio da Seguridade Social


Benefícios
Acidente do Trabalho
Assistência Social
Saúde

32 edição

Atualizada até 21-11-11

SÃOPAULO
EDITORA ATLAS S.A, - 2012
UNIVERSi0a)8P2D8RAL DO PARA
BISLIOTECACENTRAL
NÃOU, TORZAo,

Atlas S.A.
© 1992 by Editora N

1. ed. 1992; .: 20. ed. 2004: 21. ed. 2004: 22. ed. 2005:
2008: 27. ed. 2009:
23. ed. 2006, 24. ed. 2007; 25. ed. 2008; 26. ed.
ASSOCIACAn nnAS EIRA O nEiTOs nepnonnA

2011:32. ed. 2012


28. ed. 2009: 29. ed. 2010; 30. ed. 2010; 31. ed.
Capa: Leonardo Hermano
Composição: Lino-Jato Editoração Gráfica

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP Brasil)

Martins, Sergio Pinto


Direito da seguridade social / Sergio Pinto Martins. - 32. ed. - São Paulo : Atlas, 2012.

Bibliografia.
ISBN 978-85-224-6872-0

1. Previdência social 2. Previdência social Brasil 3. Previdência social - Leis e legislação


- Brasil I. Título.

95-1392
CDU-34:368.4(81) (094)
0ndices para catálogo sistemáico:
1. Brasil:Leis : Previdência social : Direito previdenciário
34:368.4(81)(094)
2. Leis : Previdência social : Brasil : Direitoprevidenciário
34:368.4(81)(094)

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1
EvOLUÇÃO HISTÓRICA

1.1 Introdução
Ao examinarmos o Direito da Seguridade Social., hánecessidade de lembrarmos de
conceitos
sua gênese e de seu desenvolvimento no decorrer do tempo, entendendo novos
einstituições que foram surgindo com o passar dos lustros.
ODireito tem uma realidade histórico-cultural, não admitindo o estudo de qualquer
desenvolvimento dinâmico no trans
de seus ramos sem que se tenha uma nocão do seu
curso do tempo.
compreendermos o desenvolvimento
Ao pretendermos estudar opassado, é possível
necessidade premente. Segundo as
da ciência no decorrer dos anos, o que se mostra uma
lições de Waldemar Ferreira (1962, v. 1:1), "nenhumjurista pode dispensar o contingente
instituições jurídicas dos dias atuais".
do passado a fim de bem compreender as
compreender a matéria, quanto ao
Em nosso estudo seráfeita a divisão, para bem demais países e no Brasil.
Social nos
período atinente aodesenvolvimento da Seguridade

1.2 Direito estrangeiro


Grécia, as "Hetairas" e os "Eranos" eram sociedades de fins políticos, religiosose
Na
os sócios visando, principalmen
profissionais, que estabeleciam assistência mútua entre
te, assegurar a sepultura.
família romana, por meio do pater familias, tinha a obrigação de prestar assistência
A associação, mediante contribuição de seus mem
aosservos e clientes, em uma forma de
necessitados.
bros, de modo a ajudar os mais
romano guardava duas partes de cada sete do salário do soldado. Ouando
O exército pedaço de terra.
economias junto com um
ele se aposentava, recebia as
infortúnio éde 1344. Ocorre nes
Anotícia dapreocupação do homem em relação ao
te anoa celebração do primeiro contrato de seguro
marítimo, posteriormente surgindo a
cobertura de riscos contra incêndios.
Martins
4 Direito da Seguridade Social

fins religiosos, que abrangiam sociedade de


As confrarias eram as associações com
finalidade objetivos comuns.Quando
pessoas damesma categoriaou profissão, tendo por chamadas de guildas. Seus associados
tinham características religiosas, também eram
caso de velhice, doença, pobreza
pagavam taxas anuais, visando ser utilizadas em
comum, visando atender ne.
No ImpérioInca, havia cultivo de terras, com trabalho
tinham capaci.
cessidades alimentares dos anciãos, doentes, inválidos e órgãos, que não
dade de produção.
que instj
Em 1601, aInglaterra editou a Poor Relief Act (lei de amparo aos pobres),assistência
consolidando outras leis sobre
tuía a contribuiço obrigatóriapara fins sociais, juízes da Comarca
pública.Oindigente tinha direito de ser auxiliado pela paróquia. Os
os ocupantes
tinham o poder de lançar um imposto de caridade, que seria pago por todos
visandoreceber e
das paróquias,
e usuários de terras, e nomear inspetores em cada uma
aplicar oimposto arrecadado.
francesa de 1793
ADeclaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da Constituição
sociedade deve sustentar os
previa que "a assistência públicaé uma dívida sagrada. A
de subsistência aos que
cidadãos infelizes, dando-Ihes trabalho, ou assegurando os meios
não estejam em condições de trabalhar" (art. 21).
A Constituição francesa de 1848 estabelecia que os
cidadãos devem assegurar pela
proteger os cidadãos pres
Previdência, os recursos para o futuro (VII). A República deve
condições de trabalhar (VIIN).
tando, na falta da família, socorro aos que não estejam em
de seguros sociais, de modo
Na Alemanha, Otto von Bismarck introduziu uma série 15-6-1883, foi instituído o
trabalhadoras: em
a atenuar a tensão existente nas classes dos empregados, em
contribuições
seguro-doença (Krankunversicherung), custeado por seguro contra acidentes do trabalho
pregadores edo Estado; em 6-7-1884, decretou-se o criou-se o seguro de
(Unfallversicherung), com custeio dos empresários, e em 24-6-1889 pelos trabalhadores,
custeado
invalidezevelhice (Invaliditaets und Altervensicherung),Bismarck tornaram obrigatória a
por
pelos empregadores e pelo Estado. As leis instituídas
de socorros mútuos por parte de todos os
filiação às sociedades seguradoras ouentidades reforma tinha objetivo político:
trabalhadores que recebessem até 2.000marcos anuais. A industrial. Visava obter apoio
crise
impedir movimentos socialistas fortalecidos com a
popular, evitando tensões sociais.
sempre se preocupou com a instituição de um sistema apto a formar um
A lgreja
economizada do salário, visando a contingências
pecúlio para o trabalhador, com a parte pronunciamentos dos pontífices de cada época,
futuras. Isso jáse verifica em diversos
1891), e na Quadragesimo Anno,
mormente na Encíclica Rerum Novarum, de Leão XII (de
em tal pensamento, mas nunca
de Pio XI (de 1931). Havia sempre um caráter filosófico
tal pensamento estivesse imbuido de
foi prevista a formacomo deveria ser feito, embora
ideias de solidarismo.
criando a assistência à velhice e aos aci
A França promulgou uma norma em 1898
dentes do trabalho.
Na Inglaterra, em 1897, foi instituído o Workmen's Compensation Act, criando o Se
guro obrigatório contra acidentes do trabalho. Foi imposto ao empregador o principlo
da responsabilidade objetiva, em que este era responsável pelo infortúnio, mesm0 se
ter concorrido com culpa para o acidente, atribuindo-lhe o pagamento da indenizaçao
NVERSIDADE FEDER AL Do PA
EvoluçãoHistórica 5

a0 obreiro. Em 1907, foi estabelecido o sistema de assistência à


velhicee acidentes do
trabalho. Em 1908, o Old Age Pensions Act concedeu pensões aos majores de 70 anOS,
independentementede contribuição. Em 1911, foi estabelecidoo National Insurance ACt,
determinando aaplicação de um sistema compulsório de contribuições sociais, que ica
vam cargo do empregador, do empregado e do Estad o.
Surge uma nova fase, denominada constitucionalismo social, em que as Constitul
ções dos paises começam a tratar de direitos sociais, trabalhistas eeconÕmicos, inclusive
direitos previdenciários.
A primeira Constituição do mundo a incluir o seguro social em seu bojo fo1 a do
México, de 1917 (art. 123). Previa que os empresários eram responsáveis pelos acidentes
do trabalho e pelas moléstias profissionais dos trabalhadores, em razão do exercício da
profisso oudo trabalho que executarem; por conseguinte, os patrões deverão pagar a in
denização correspondente, conforme aconsequência decorrente seja a morte, ou simples
mente a incapacidade temporáriaou permanente para o trabalho, de acordo com o que as
leis determinarem. Esta responsabilidade subsistirá ainda nocaso de opatro contratar o
trabalho por via do intermediário (XIV).
AConstituiçãosoviética de 1918 também tratava de direitos previdenciários.
A Constituição de Weimar, de 11-8-1919,criou um sistema de seguros sociais para
poder, com o concurso dos interessados, atender àconservação da saúde e da capacidade
para otrabalho, àproteção, àmaternidade e àprevisão das consequências econômicas da
velhice, da enfermidade e das vicissitudes davida (art.161). Determinouque ao Estado
incumbe prover a subsistência do cidadão alemão, caso não possa proporcionar-lhe
oportunidade de ganhar a vida com um trabalho produtivo (art. 163).
A
Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada em 1919. Tal órgão passou
a evidenciar a necessidade de um programa sobre previdência social, aprovando-o em
1921. Várias convenções vieram a tratar da matéria, como ade n° 12, sobre acidentes
do trabalho na agricultura, de 1921; a Convenção n° 17 (1927), sobre "indenização por
acidente do trabalho", e outras.
Nos Estados Unidos, Franklin Roosevelt instituiu o New Deal, com a doutrina do
Wellfare State ((Estado do bem-estar social), para tentar resolver a crise econômnica, que
vinhadesde 1929. Preconizava-se luta contra a mniséria, visando combater as pertur
bações da vida humana, especialmente o desemprego e a velhice. Tinha por objetivo o
New Deal estabelecer um conjunto de políticas estatais paracriar novos empregos e uma
rede de previdência e saúde públicas. Em 14-8-1935, foi aprovado no Congresso o Social
também auxílio
o
Security Act, para ajudar os idosos e estimular o consumo, instituindo
desempregados.
-desemprego para os trabalhadores que temporariamente ficassem
A Nova Zelândia, em 1938, instituiu leisobre proteção a toda a população, implan
seguro privado.
tando o seguro social, deixando de existir o
como um modo de
ACarta do Atlântico, de 14-8-1941, previa a previdência social,
Viver liVre do temor e da miséria".
programa de
OPlano Beveridge, de 1941, da Inglaterra, tambem veio a propor um indivíduo ficas
prosperidade política e social, garantindo ingressos Suficientes para que o
se acobertado por certas contingências soclais, como a indigência, ou quando, por qual
quer motivo, não pudesse trabalhar. Lord Beveridge dizia que a segurança social deveria
cradle to the grave), O Plano
ser prestada do berco ao túmulo (Social Securiiy JTom the existentes: (b) estabelecer
Beveridge tinha por objetivos: (a) unificar 0s seguros sociais
6 Direito da Seguridade Social" Martins

cidadãos e
oprincípio da universalidade, para que aproteção se estendesse a todos os custeio
não apenas aos trabalhadores; (c) igualdade de proteção; (d) tríplice forma de
porém com predominância do custeio estatal. OPlano Beveridge tinha cinco pilares: (a
necessidade; (b) doença; (c) ignorância; (d) carência (desamparo); (e) desemprego. Era
universale uniforme. Visava ser aplicado a todas as pessoas e não apenas a quem tivesse
contratode trabalho, pois o sistema de então não atingia quem trabalhava por conta pró.
pria. Isso dava aideia da universalidade do sistema. Tinha por objeto abolir o estadode
necessidade. Objetivava proporcionar garantia de renda às pessoas, atacando a indigên
cia. Jápensava no aumento da longevidade do homem e na diminuição da natalidade.
Assim. deveriaser adiada a idade da aposentadoria. Deveria haver amparo àinfância e
proteção à maternidade. Os principios fundamentais do sistema eram: horizontalidade
das taxas de benefícios de subsistência, horizontalidade das taxas de contribuição, uni
ficação da responsabilidade administrativa, adequaçãodos beneficios, racionalização e
classificação.
Inspirado no RelatórioBeveridge, o governo inglês apresentou, em 1944, um plano
de previdência social, que deu ensejo à reforma do sistema inglês de proteção social, que
foi implantado em 1946.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, inscreve, entre outros
direitos fundamentais da pessoa humana, a proteção previdenciária. O art. XXV da re
ferida norma determina que "todohomem tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a sie a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habi
tação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito àseguridade no
caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez,velhice, ou outros casos de perda dos
meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle". Prevêa proteçãocontra
odesemprego (art. XXIII, 1).
Além das várias convenções da OIT existentes sobre a matéria (24, 35, 37, 38, 39,
40, 123, 128, 130 e 134), em todos os países foram sendoelaborados e instituídos pro
gramas de seguridade social. A Comunidade Econômica Europeia do Carvão e do Aço
unificouo tratamento previdenciário para os países que a compõem.

1.3 No Brasil

Em 1543, Braz Cubas criou um plano de pensão para os empregados da Santa Casa
de Santos.
O Decreto de 1°-10-1821, de Dom Pedro de Alcântara, concedeuaposentadoria aos
mestreseprofessores, após 30 anos de serviço. Assegurou abono de 1/4 dos ganhosaos
que continuassem em atividade.
Dividirei a evolução histórica da seguridade social no Brasil segundo a égide de
cada Constituição vigente na época, visando com isso dar um aspecto lógicoedidático à
exposição.

1.3.1Constituição de 1824
Na Constituição de 1824,a única disposição pertinente àseguridade social é a do art.
179, em que se preconizava a constituição dos socorros públicos (XXXI). O Ato Adicional
Evolução Histórica 7

le-
de 1834, em seu art. 10, estipulava a competência das Assembleias Legislativas para
gislarsobre as casas de soCorros públicos, conventos etc., que foram instituídos pela Lei
ne 16, de 12 de agosto de 1934.
OMontepio Geral dos Servidores do Estado (Mongeral) apareceu em 22 de junto
de 1835,sendo a primeira entidade privada a funcionar no país. Tal instrumento legal
do
anterior à lei austríaca, de 1845, e àlei alemä, de 1883. Previa um sistema típico
émutualismo (sistema por meio do qual várias pessoas se associam e vão se cotizando para
acobertura de certos riscos,mediante a repartição dos encargos com todo o grupo):o
tém a maior parte dos institutos jurídicos securitários existentes nas modernas legislaçoes
e foi concebido muito tempo antes da Lei Eloy Chaves.
0 Código Comercial de 1850jáprevia no art. 79 que "os acidentes imprevistos e
inculpados que impedirem aos prepostos o exercício de suas funções não interromperão o
ContinuoS".
vencimento de seu salári0, contanto que a inabilitacão não exceda três meses
no
O Regulamento n° 737, de 25-11-1850, assegurava aos empregados acidentados
trabalho os salários por no máximo três meses.
montepios e sociedades de
O Decreto n° 2.711, de 1860, regulamentou o custeio de
SOCorroS mútuos.
empregados os
Concedeu o Decreto n 9.912-A, de 26-3-1888, aposentadoria aos
serviço.
Correios. Havia necessidade de idade mínimade 60 anos e 30 anos de
para o pessoal das es
O Decreton° 3.397,de 24-11-1888, criou a Caixa de Socorro
estatuiu o montepio obriga
tradas de ferro do Estado.O Decreto n 9.212, de 26-3-1889,
Decreto n 10.269, de 20-7-1889, estabeleceu
tório para os empregados dos Correios. O
trabalhadores das Oficinas da Imprensa Régia.
um fundo especial de pensões para os
aposentadoria para os empregados da
ODecreto n° 221, de 26-2-1890, estabeleceu
Estrada de Ferro Central do Brasil.
sobre a concessão de aposentadoria aos em
O Decreto n 406, de 17-5-1890, dispôs
Decreto n 565,de 12-7-1890, estendeu
pregados da Estradade Ferro Central do Brasil. O República.
estradas de ferro gerais da
obenefício a todos os empregados das

1.3.2 Constituição de 1891


Constituição de 1891 foi a primeira a conter a palavra "aposentadoria". Determi
A caso de in
"aposentadoria só poderá ser dada aos funcionários públicos em
verdade, o beneficio era realmente dado, pois
nou que a
validez no serviço da Nação" (art. 75). Na uma
para o financiamento de tal valor. Seria
não havia nenhuma fonte de contribuição
espécie de compensação.
Disposições Transitórias estipulava-se ao Imperador Dom Pedro uma pensão, a
Nas todasua vida,que seria fixada pelo Congres
contar de 15 de novembro de 1889, durante
so Ordinário (art. 79).
aposentadoria por invalidez e a pensão
ALei n 217, de 29-11-1892, determinoua Rio de Janejro.
da Marinhado
por morte dos operários do Arsenal
beneficiário. O benefício era dado
Até então, não havia contribuição por parte do
pelo Estado.
Direito da Seguridade Social Martins

de indenização pelos
A Lei n 3.724, de 15-1-1919, tornou obrigatório pagamento por seus empregados.
empregadores em decorrência dos acidentes do trabalho sofridoS pago à Previ.
Estabeleceu, ainda, o seguro para acidentes do trabalho. O seguro não era
dênciaSocial, mas a empresas privadas.
primeira norma a instituir
ALeiEloy Chaves (Decreto n° 4.682, de 24-1-1923) foi a
Aposentadorias e Pensões para
noBrasil a previdência social,com acriação de Caixas de manifestações gerais dos
os ferroviários, de nível nacional. Tal fato ocorreu em razão das
trabalhadoresda épocae da necessidade de apaziguar um setor estratégico e importante
invalidez,
da mão de obra daquele tempo. Previa os benefícios de aposentadoria por
ordinária (equivalente àaposentadoria por tempo de contribuição), pensão por morte e
assistência médica.
A referida lei destinou-se a estabelecer, em cada uma das empresas de estrada de
ferro existentes no país, uma caixa de aposentadoria e de pensões para os respectivos
empregados. Beneficiários eram, portanto, apenas os trabalhadores subordinados (em
pregados), como também os "diaristas de qualquer natureza que executem serviços de
caráter permanente" (art. 2°). Seuobjetivo, porém, nãoera conceder aposentadorias. Em
seu bojo a regra concedia estabilidade ao ferroviário que tivesse dez anos de empresa,
pois otrabalhador poderia não se associar às caixas com receio de ser dispensado. Ele só
poderia ser dispensado mediante inquérito para apuração de falta grave presidido pelo
engenheiro da estrada de ferro. Como o trabalhador era estável e ficava, portanto, na em
presa, ia havendo acumulação de contribuições para osistema de aposentadoria. Assim,
oreal objetivo era obter numerário para no futuro pagar aposentadorias.
A LeiEloy Chaves concedia aposentadoria, pensão, medicamentos com preço espe
cial e socorros médicos (art. 99).
Com 10 anos de ferrovia, o segurado teria direito a aposentadoria por invalidez.
Os trabalhadores recolhiam 3% sobre os salários e 1,5% era recolhido pelos usuários de
transportes. O Estado não participava do custeio.
Também eram beneficiários do sistema os funcionários das Caixas, os professores
de escolas mantidas pelas empresas vinculadas ecertas classes de trabalhadores subor
dinados.
Em 1923, havia 24 caixas de aposentadorias e pensões, que cobriam 22.991 segura
dos. Tinham natureza privada, de entidades civis.
AEmenda Constitucional de 1926, de 3 de setembro, estabeleceu por meio do § 29
do art. 54 que o Congresso Nacional estava autorizado a "legislar sobre licença, aposen
tadoria e reformas, não se podendo conceder, nem alterar, por leis especiais".
Aaposentadoria era entendida na época como sendo a Previdência Social.
NoBrasil as pessoas também passaram a se reunir em um mesmo grupo profissional,
mediante cotização, para assegurar entre si determinados beneficios, dando a ideia do
mutualismo que ocorrera em outros paises.
O Decretolegislativo nº 5.109, de 20-12-1926, estendia os benefícios da Lei Eloy
Chaves aos empregados portuários e marítimos. Acontribuição da empresa passou para
1,5% sobre a receita bruta. Acontribuição cobrada dos usuários do transporte ferroviário
foi aumentada para 2% sobre o preço da
passagem.
A Lei n° 5.485, de 30-6-1928, estendeu o regime da Lei Eloy Chaves ao pessoal das
empresas de serviços telegráficos e radiotelegráficos.
ADE FEDERAL D0 PAR

Evolução Histórica 9

O Decreto n° 19.497, de 17-12-1930, criou as CAPs para os empregados nos sernços


de força, luz e bondes.
ODecreto n° 20.465, de 1-10-1931, reformulou a legislação das Caixas. Estas, na
época, jå eram extensias a outros serviços públicos, como aos telégrafos, água, portos,
luz etc.
As Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) eram organizações de seguro soclal
estruturadas por empresa. Mais tarde foram fusionadas na Caixa Geral e no Instituto de
Aposentadoria ePensões dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos.
Apartir de 1930, época da Revolução, o sistema previdenciário deixou de ser estru
turado por empresa, passando a abranger categorias profissionais.
Os Institutos de Aposentadorias e Pensões surgiram nos moldes italianos. Cada ca
tegoria profissional passava a ter um fundo próprio. Havia tríplice contribuição: do em
pregado, do empregador, do governo. Acontribuição dos empregadores incidia sobre a
folha de pagamentos. OEstado financiava o sistema por meio de uma taxa cobrada dos
artigos importados. A gerência do fundo era exercida por um representante dos empre
gados, um representante dos empregadores e um do governo. Além dos benefícios de
aposentadorias e pensões, o instituto prestava serviços de saúde, internação hospitalare
atendimento ambulatorial.
Em 29-6-1933, por intermédio do Decreto n° 22.872, foi criado o Instituto de Apo
sentadorias e Pensões dos Marítimos (IAPM), que foi seguido por outros institutos de
aposentadorias e pensões, sempre estruturados por categorias profissionais e não mais
por empresas.
Quando oIAPM foi instituído, tinha como associados os empregados das empresas
de navegação marítima e fluvial, seus próprios funcionários e prestadores de serviços su
bordinados a empresas a elas vinculadas. O Decreto-lei n 3.832, de 18-11-1941, dispôs
sobre a situação dos armadores de pesca e dos pescadores e indivíduos empregados em
para
profissões conexas comn aindústria da pesca, pertencendo essas pessoas também,
efeito de benefícios previdenciários, ao LAPM.
e Pensões dos
ODecreto n 24.273, de 22-5-1934, criou o Institutode Aposentadoria9-4-1940.
Comerciários (IAPC).Este foireorganizado pelo Decreto-lei n 2.122, de
foi criado pelo Decreto
O Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (LAPB)
empregados de bancos ou de casas bancá
n 24.615, de 9-6-1934, sendo destinado aos subordinados.
trabalhadores
rias, mas servia apenas para os

1.3.3 Constituição de 1934


estabelecia competên
A alínea c. do inciso XIX, do art. 5° da Constituição de 1934,
enquanto o art. 10 dava também aos
cia para a União fixar regras de assistëncia social, (inciso
Estados-membrosa responsabilidade para "cuidar da saúde e assistência públicas"
sociais" (inciso V).
II) e "fiscalização àaplicação das leis
AConstituição mantinha a competência do Poder Legislativo para instituir normas
Poder Legis
sobre aposentadorias (art. 39, inciso VIII, item d). Mencionava que cabiaao aposentadorjas
lativo, com a sanção do Presidente da Repüblica, legislar sobre "licenças,
10 Direito da Seguridade Social Martins

e reformas" (art. 39, 8, d); fixavaa proteção social ao trabalhador (art. 121). Aalínea h
do§ 1°,do art. 121, tratava da "assistência médica esanitária ao trabalhador e àgestante
assegurando aesta descanso, antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do empre.
go, einstituiçãode previdência, meiante contribuiçãoigual da União,do empregador e
do empregado, afavor davelhice, da invalidez, da maternidade, enos casos de acidentes do
trabalho ou de morte".
ALei Fundamental de 1934 jáestabelecia a forma tríplice de custeio: ente público,
empregadoe empregador, sendo obrigatória a contribuição (art. 121, §1, h).
O§3°, do art. 170, previa a aposentadoria compulsória para os funcionários públicos
que atingissem 68 anos de idade. Assegurava-se aposentadoria por invalidez, com salário
integral, ao funcionário público que tivesse no mínimo 30 anos de trabalho (art. 170, $4°).
Ofuncionário público acidentado tinha direito a benefícios integrais (art. 170, § 6).O
$7° do art. 170 já mostrava que "os proventos da aposentadoria ou jubilação não poderäo
exceder os vencimentos da atividade".
O§2°, do art. 172, mencionava a possibilidade de cumulação de benefícios, desde
que houvesse previsão legal, para as pensões de montepio, evantagens de inatividade, ou
se resultassem de cargos legalmente acumuláveis.
Nota-se que a Constituição faz referência pela primeira vez à expressão "previdên
cia", embora não a adjetivasse de "social".
ALei n° 367,de 31-12-1936, cria oInstituto de Aposentadoria ePensões dos Industriá
rios (LAPI). Os empregados da indústriaeram segurados obrigatórios. Os empregadores
podiam se inscrever facultativamente. Eram excluídas do sistema as atividades industriais
exclusivamente familiares: "onde não haja empregados e empregadores definidos" (art.
2° eparágrafo único). OIAPI era financiado por contribuições de empregados e empre
gadores, incidentes sobre a folha de pagamentos das empresas, além da participação do
Estado, por meio de uma taxa cobrada sobre os artigos importados. Os segurados tinham
direitoa aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e pensão. Outros beneficios eram
mencionados. Poderiam existir contribuições suplementares.

1.3.4 Constituição de 1937


A Carta Magna de 1937, outorgada em 10 de novembro, é muito sintética em ma
téria previdenciária. Não evoluiu nem um pouco em relação às anteriores, ao contrário,
regrediu.
Aprevidência socialé disciplinada apenas em duas alíneas do art. 137. Aalíneam
menciona "a instituição de seguros de velhice, de invalidez, de vida epara os casos de
acidentes do trabalho". Aalínea n dispõe que "as associações de trabalhadores têm o de
ver de prestar aos seus associados auxílio ou assistência, no referente às práicas adminis
trativas ou judiciais relativas aos seguros de acidentes do trabalho e aos seguros sociais".
ACarta Política de 1937 emprega muito a expressão "seguro social", em vez de pre
vidência social.
Os trabalhadores avulsos de cargas,arrumação eserviços conexos, os motoristas de
praça, carroceiros, carreiros, carreteiros, cocheiros e carregadores de carrinho de ma0
Evolução Histórica 11

são relacionados entre os segurados obrigatórios da Caixa de Aposentadoria e Pensões


dos Trabalhadores em Trapiches e Armazéns (art.2°, do Decreto n° 651,de 26-8-1938).
O Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes de Cargas
(IAPETC) foi criado pelo Decreto-lei n° 775, de 7-10-1938, a partir da Caixa de Apo
sentadorias e Pensões dos Trabalhadores em Trapiches e Armazéns. Estavam tambem
incluidos nesse sistema os trabalhadores avulsos em carga e descarga; os estivadores; os
conferentes, os consertadores e os separadores de carga: e os condutores profissionais de
veículos terrestres.
ODecreton° 288, de 23-2-1938, criou o Instituto de Previdência e Assistência dos
Servidores do Estado (IPASE), incorporando oInstituto de Previdência dos Funcionários
Públicos da União, que existiadesde 1926. OIPASE tinhapor objetivo realizar asfunções
de assistência aos servidores do Estado e praticar operações e assistência a favor de seus
contribuintes. Não era apenas um Instituto de Aposentadorias e Pensões, pois concedia
assistência médica e dentária.
ODecreto-lei nº 4.890/42 criou a Legião Brasileira de Assistência (LBA).
O Decreto-lei n 7.526, de 7-5-1945, determinou a criação de um só tipo de institui
ção de previdência social, o Instituto de Serviços Sociais do Brasil (ISSB). Teve por fun
damento oPlano Beveridge. Era a Lei Orgânica dos Serviços Sociais do Brasil. O sistema
cobriria todos os empregados ativos a partir de 14 anos, tendo um único plano de contri
buições e benefícios. Houve a consolidação de todos os recursos existentes em um único
fundo. OISSB na prática não foi implementado, pois o governo Dutra não lhe cedeu os
créditos necessários.
O Decreto-lei n 7.835/45 determinou que as aposentadorias e pensões não pode
riam ser inferiores a 70% e 35% do salário-mínimo.

1.3.5 Constituição de 1946

AConstituição de 1946 foi promulgada em 18-9-1946, iniciando-se a sistematização


constitucional da matéria previdenciária, que foi incluída no mesmo artigo que versava
sobre o Direito do Trabalho (art. 157).
social", desapa
Nessa Constituiçãosurge pela primeira vez aexpressão "previdência
social".
recendo a expressão antes em voga: "seguro
mediante contribuiçãoda União,
O inciso XVI do art. 157 consagrava a "previdência,
maternidade e contra as consequências da
do empregador e do empregado, em favor da forma do custeio foi repetida
doença, da velhice, da invalidez e da morte". Essa tríplice
concorrente para legislar sobre Pre
nas constituições posteriores. Previa acompetência (art. 6°). Dispunha o inciso XVII
vidência Social da União (art. 5°, Xy, b) e dos Estados
seguro pelo empregador contra os
do art. 157 sobre a "obrigatoriedade da instituição do
acidentes do trabalho".
da Previdência Social com a
O Decreto-lei n 8.783/46 criou o Conselho Superior
Juntas de Julgamento
finalidade de julgar os recursos interpostos contra as decisões das
Decreto-lei n° 8.742/46 criouo De
e Revisão dos diversos institutos de previdència. O previdência social.
partamento Nacional de Previdência Social, tendo por fim planejar a
12 Direito da Seguridade Social " Martins

O Decreto n° 26.778, de 14-6-49, regulamentou a Lei n° 593, de 24-12-48, referen


te àaposentadoria ordinária, disciplinandoa execução das demais legislações em vigor
sobre as CAPs.
ODecreto n° 35.448, de 1950, foi chamado de Regulamento Geral dos Institutos de
Aposentadorias e Pensões.
ODecreto n° 34.586, de 12-11-53, unificoutodas as 183 CAPs noInstituto dos Tra
balhadores de Ferrovias e Serviços Públicos (APFESP).
Os IAPs atendiam os trabalhadores urbanos e o IPASE, os funcionários públicos.
ODecreton° 32.667, de 1-5-53, aprovou onovo regulamento do IAPC, facultando a
filiação de profissionais liberais comosegurados autônomos.
Houve uniformização e unificação das políticas legislativas sobre previdência social
apartir de 1940 em diante, com o Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadorias
e Pensões, oque foi feito por meio do Decreto n° 35.448, de 1°-5-54, uniformizando os
princípios gerais aplicáveis a todos os institutosde aposentadorias e pensões.
ALei n° 3.807, de 26-8-60, LeiOrgânica da Previdência Social (LOPS), padronizou
o sistema assistencial. Uniformizou direitos econtribuições. Ampliou os benefícios, ten
do surgido vários auxílios, com0: auxílio-natalidade, auxílio-funeral e auxílio-reclusão,
eainda estendeu a área de assistência social a outras categorias profissionais. Não era a
LOPS uma CLT. Era uma lei nova, que trazia novos beneficiose disciplinava as normas de
previdência social,em um conjunto. ACLT éa reunião de leis esparsas por meio de um
decreto-lei. Não trazia nada de novo, mas apenas compendiava as normas já existentes.
Nãorevogou expressamente todas as leis anteriores sobre o tema, pois ficaram algumas
normas ainda em vigor. ALOPS deu unidade ao sistema de previdência social. Não unifi
couos institutos existentes, mas estabeleceuum únicoplano de benefícios. Elevou oteto
de salário-de-contribuição de três para cinco salários-mínimos.
ODecreto n 48.959-A, de 19-9-60, regulamentou Lei n 3.807/60, com 541
artigos.
A Lei n 3.841, de 15-12-60, dispôs sobre a contagem recíproca, para efeito de ap0
sentadoria, do tempo de serviço prestado por funcionários à União, às autarquias e às
sociedades de economia mista.
ALein° 4.214,de 2-3-63,criou o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUN
RURAL),no âmbito do Estatuto do Trabalhador Rural. Não teve aplicação prática. Foram
implantados apenas alguns serviços assistenciais, que eram diferenciados dos previstos
para o trabalhador urbano.
O salário-família foi criado pela Lei n 4.266, de 3-10-63.
A Lei n 4.281, de 8-11-1963, criou o abono anual.
A Emenda Constitucional n 11, de 31-3-65, acrescentou um parágrafo ao art. 157,
determinando que "nenhuma prestacão de servico de caráter assistencial ou de beneficio
Compreendido na previdência social poderá ser criada, majorada ou estendida sem a cor
respondente
de custeio.
fonte de custeio total". Estava definido oprincípio da precedência da tonte
Evolução Histórica 13

ALei n 5.161, de 21-10-66, crioua Fundacentro, uma entidade pública de pesquisa


e prevenção de acidentes do trabalho.
A LOPS sofreu várias modificações com o
Decreto-lei n 66, de
palmente quanto à sistemática dos segurados autônomos. Éprevista a21-11-66, princi
contribuição da
empresa que utiliza o trabalho do autônomo (art. 69, $ 29).
ODecreto-lei n° 72, de 21-11-66, unificaos institutos de
aposentadorias e pensões,
centralizando a organização previdenciária no Instituto Nacional de Previdência Social
(INPS),que foi realmente implantado em 2-1-67.

1.3.6 Constituição de 1967


A Constituição de 1967, de 24-1-1967, que entrou em vigor em 15-3-1967 (art.
189), não inovou em matéria previdenciária em relação à Constituição de 1946. Oart.
158 repete praticamente as mesmas disposições do art. 157 da Lei Magna de 1946. O
inciso XI do art. 158 previa descanso remunerado àgestante, antes e depois do parto,
sem prejuízo do emprego e dosalário.O inciso XVI do art. 158determinava o direito
àprevidência social, mediante contribuição da União, do empregador e doempregado,
para seguro-desemprego, proteção da maternidade e nos casos de doença, velhice, inva
lidez e morte. Dispunha o inciso XVII do art. 158 sobre seguro obrigatório pelo empre
gador contra acidentes do trabalho. O§1° do art. 158 repete oprincípio da precedència
da fonte de custeio. Trata-se do benefício do seguro-desemprego (art. 158, XVI), que
posteriormente foi regulamentado pela Lei n° 4.923, de 1965, com o nome de auxílio
desemprego. Assegura-se aposentadoria àmulher aos 30 anos de trabalho, com salário
integral (inciso XX do art. 158).
O&2° do art. 158 da Constituição de 1967 rezava que a contribuição da União no
custeio dos encargos da previdência social seria atendida mediante dotação orçamentá
ria, ou com o produto de contribuições de previdência arrecadadas, com caráter geral.
naforma da lei.
Osistema de segurode acidente do trabalho é integrado no sistema previdenciário
com a Lei n 5.316, de 14-9-1967. Deixa de ser destinado a uma entidade privada, para
ser administrado pelo INPS.
O nosso sistemna deixou de ser de risco social apartir de 1967 para ser de seguro
social, abandonando a ideia do contrato de seguro do Direito Civil.
o Decreto-lei n° 367,de 19-12-68, tratou da contagem de tempo de serviço dos fun
cionários públicos civis da União e das autarquias.
oDecreto-lei nº 564, de 1-5-69, estendeu a previdência social ao trabalhador rural,
especialmente aos empregados do setor agrário da agroindústria canavieira, por meio de
um plano básico.
O
Decreto-lei n° 704, de 24-7-69, complementou e ampliou o Plano Básico de Previ
dência Social Rural, estendendo-o aos empregadosdas empresas produtoras e dos forne
cedores de produto agrário in natura, bem como dos empreiteiros que utilizassem mão
de obra para produção e fornecimento de produto agrário, desde que não constituídos
sob a formade empresa.
14 Direito da Seguridade Social * Martins

Com o Decreto-lei nº 959, de 13-10-1969, as empresas passam a recolher a contribui


ção previdenciária sobre o trabalho do autônomo.

1.3.7 Emenda Constitucional n°1, de 1969


A Emenda Constitucional n 1, de 17-10-1969, que entrouem vigor em 30-10-1969
também não apresentoualterações substanciais em relação àConstituição de 1946 e à de
1967. A matéria previdenciária era tratada juntamente com a do Direito do Trabalho no
art. 165, repetindo praticamente a Constituição de 1967.
Vários incisos do art. 165 da Emenda Constitucional n° 1, de 1969, tratavam de
previdência social. O inciso II, sobre salário-família aos dependentes.Oinciso XI, sobre
descanso remunerado da gestante, antes e depois do parto, sem prejuizo do emprego e
do salário. O inciso XVI, sobre previdência social nos casos de doença, velhice, invalidez
e morte, seguro-desemprego, seguro contra acidentes do trabalho e proteção da mater
nidade,mediante contribuiçãoda União, do empregador e do empregado. O inciso XIX,
sobre aposentadoria da mulher aos 30 anos de trabalho, com salário integral. O pará
grafo único do art. 165 mencionava que nenhuma prestação de serviço de assistência ou
de beneficio compreendidos na previdência social seria criada, majorada ou estendida,
sem a correspondente fonte de custeio total. A Emenda Constitucional n 18, de 30-6-81,
acrescentou o inciso XX ao art. 158, prevendo aposentadoria parao professor após 30
anos e, para a professora, após 25 anos de efetivo exercício em funções de magistério,
com salário integral.
A Lei Complementar n 11, de 25-5-71, instituiu o Programa de Assistência ao Tra
balhador Rural (Pro-Rural), substituindo o Plano Básico de Previdência Social Rural.
Não havia contribuição por parte do trabalhador, que tinha direitoàaposentadoria por
Ha
velhice, invalidez, pensão e auxílio-funeral, todas no valor de meio salário-mínimo.
via direitoa serviço social e de saúde (art. 29). Foi alterada pela Lei Complementar n
16, de 30-10-73.
ACentral de Medicamentos (CEME) foi criada pelo Decreto n 68.806, de 25-6-1971.
Tinha por objetivo distribuir medicamentos a baixo custo.
ODecreto n° 69.919, de 11-1-72, regulamentouo Pro-Rural.
A Lei n 5.859, de 11-12-72, incluiu os empregados domésticos como segurados
obrigatórios da Previdência Social.
A Lei n 5.890, de 8-6-1973, fez uma série de modificações no texto da Lei n° 3.807
(LOPS).O art. 31l da Lei n 5.890autorizava oMinistério do Trabalho e Previdência So
cial aprovidenciar a publicação do novo texto da LOPS "com as alterações decorrentes
desta e de leis anteriores". Criava a Lei n 5.890 legislação paralela à LOPS.
ALei n° 5.939, de 8-6-73, instituiu osalário-de-benefício do jogador de futebol pro
fissional.
ALei Complementar n 16, de 30-10-73, alterou o Pro-Rural.
Elevou o valor da pensão para 50% do salário-mínimo. O custeio era de 2% sobre
acomercialização da produção rural e 2,4% sobre a folha de pagamento das empresas
urbanas.
NIVERSID ADE FEDERAL DO PA.
Evolução Histórica 15

ALei n°6.025, de 25-6-1974,cria oMinistério da Previdência eAssisténcia soe


Empresade Pro
Em 1974, aLei n° 6.125 autorizouoPoder Executivo aconstituir a
cessamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV).
A Lei n 6.136, de 7-11-74, incluju o salário-maternidade entre os benefícios prev
denciários. Visava transferir para oINPS o pagamento do salário-maternidade, de forma
que não houvesse discriminação da mulher no emprego.
ALei n° 6.179,de 11-12.74, criouo amparo previdenciário para os maiores e o
devido aquem tives
anos ou invàlidos, novalor de meio salário-mínimo. O benefício era
sem contr
se contribuido algum tempo para a Previdência Social ou exercido, mesmo
buit, atividade vinculada à Previdência.
ALei n° 6.195,de 19-1-1974, criou a infortunística rural.
Versou a Lei n° 6.226, de 14-7-75, sobre a contagem recíproca do tempo de serviço
aposentadoria.
em relação ao serviço público federal e naatividade privada, para efeito de
A Lei n 6.243, de 24-9-1975, regulou a concessão do pecúlio ao aposentado que
anos
retornava àatividade ou que ingressava na Previdência Social após completar 60
de idade.
A Lei n° 6.260, de 6-11-75, instituiu benefícios e serviços previdenciários
para os
empregados rurais e seus dependentes.
joga
Criou a Lei n° 6.269, de 24-11-75, um sistema de assistência complementar ao
dor de futebol.
editada pela primeira vez
A CLPS (Consolidação das Leis da Previdência Social) foi
tinha força de decreto e não
pelo Decreto n° 77.077,de 24-1-1976. Era uma norma que
consultar os textos da LOPS.
de lei. Caso houvesse dúvida, haveria necessidade de se
acidentes do trabalho
Dispunha a Lei n° 6.367, de 19-10-1976, sobre o seguro contra
5.316/67.
naárea urbana, revogando a Lei n
criação de institutos de previdên
A Lei n 6.435/77 restabeleceu a possibilidade de 81.240/78 e 81.402/78.
Decretos nos
cia complementar. Foi regulamentada pelos
SINPAS (Sistema Nacional de Previdência
A Lei n 6.439, de 1°-9-1977, instituiu o
reorganização da Previdência Social. O
e Assistência Social), tendo como objetivo a previdência social, da assistência médi
SINPAS destinava-se a integrar as atividades da
financeira e patrimonial, entre as
ca, da Assistência Social e de gestão administrativa, Assistência Social. Tinha o SINPAS
entidades vinculadas ao Ministério da Previdência e
a seguinte divisão:
(INPS), que cuidava de conceder e
a. o Instituto Nacional de Previdência Social
manter os beneficios e demais prestações previdenciárias;
Previdência Social (INAMPS).
b. o Instituto Nacional de Assistência Médica da
médica;
que prestava assistência
a Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), que
tinha a incumbência
C.
carente;
de prestar assistência social àpopulação
d. a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), que promovia a
execução da política do bem-estar do menor:
açdo meses
da seis máximo
de prazoapresentados
no serãobeneficios de teioe
cus planos
de aos seguridade
sociale organização
da relativos
à lei projetos
de Os
tituiça0. promulgação
da contar
da mêassétimo partir
do pagasa devidase serão
onado anteriormente foi que forma
do atualizadas
na benefícios dosmnensais tações
presseguinte.
As artigo referidosno benefícios custeioe planos
de implantação
dos aaté
aça0 critério
de obedecendo-se
esse a concessão, sua de data tinham
na que mos,
s-min número
de expresso
em aquisitivo, poder
restabelecidoo seja que de
fim a
vistos, valores seus Constituição,
terão promulgação
da dadata Social
na
Previdência
mantidos
pela continuada, prestação beneficios
de os
que ADCT do 58art. Dispõeo
públicos. servidores
seus razão
de em
Social
Previdência concorrente
sobre forma legislar
de podem Federal
istrito Estadose União, menciona
que Constituição da 24art. doXIinciso
I O
Social.
Seguridade gênero do
parte fazer passarama Saúde a
Social
Assistência
e Social,
Previdência
a 204).A a194 (arts. Social
Seguridade trata
da
capítulo
que um
todo tendo
5-10-1988, promulgada
em foi 1988Constituição
de A
1988Constituição
de 1.3.8
programa.
onamento
deste complementares
parao normas
estabeleceram (SUDS)e Estados
Descentralizados
dos Saúde de Unificadose Sistemas
Desenvolvimento
de Programa
de
mo 2-12-1988, de
4.370, Portarian 20-7-1987,
ae 94.657,
de Decreto
n° O
seguro-desemprego. instituiuo 27-2-86, 2.283,
de Decreto-lei
nº O
segurados.
ários relaçãoa extensa
em maitipologia
sestabelecendo-se supervenientese leis as-se
ndo CLPS,reorganizou-se
nova 23-1-1984, 89.312,
de Decreto
n° Como
anos. professoras
25com serviço
as e deanos aposentavam
30
com professores
se
istério.
Os exclusivo
de tempo contando docentes, integrais
aos proventos com doria
senta direitoa outorgouo 1981, junho
de Constitucional
de18, n° Emenda A
(RCPS). Social
Previdência Custeio
da
mentode expedeo24-1-1979, 83.081,
de Decreto
n° (RBPS),
o e Social vidência
Pre.Benefícios
da Regulamento
dos aprova24-1-1979,
o 83.080,
de Decreto
n° O
social. seguro campo
do ações
no Social
Assistência
e abrangiaa também Social dência
Previ. época,a Nessabenefícios. contribuições
os e 6.as
439 n°
modificou
Lei a Não
custo. baixo amente
ou
ita.
dicamentos, distribuidora
de (CEME),
Medicamentos Central
de a
social.
assistência previdênciae pertinentesà recursos outros tribuições
de e
con cobrança
das fiscalização
a e arrecadação,a promovera competência
para
inha (APAS),
que Social
Previdência Financeira
daAdministração Instituto
de o f.
Social;
Previdência dados
processamento
da de cuida
do que
APRE Social
Previdência Dados
daProcessamento
de Empresa
de a e.
Martins Social
Seguridade
" Direito
da 16
VERSIDADE FEDERAL DO PAW'
Evolução Histórica 17

da Constituição ao Congresso Nacional, que terá seis meses


para aprecia-l0s (arl
ADCT). Aprovados pelo Congresso Nacional, os planos serão implantados progresstVa
mente nos 18 meses seguintes.
ODecreto n° 99.060, de 7-3-1990. vinculou oINAMPS ao Ministério da Saúde.
Oart. 17 da Lei n° 8.029, de 12-4-1990, permitiu a criacão do INSS. O Decreto n
99.350, de 27-6-1990, criou o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), autarquia re
deral vinculada ao então Ministério do Trabalho e Previdência Social, mediante a fusao
do LAPAS com o INPS. O INSS passa a ter a finalidade de cobrar as contribuições e pagar
os benefícios. Não hámais dois órgos para cada finalidade, mas
apenas um so.
ALei n 8.080, de 19-9-90, versa sobre aSaúde.
Em 24-7-1991 entram em vigor a Lei n 8.212, que trata do custeio do sistema da
seguridade social,e a Lei nº 8.213,que versa sobre os beneficios previdenciários,visando
atenderoart. 59 do ADCT.
Tais normas foram regulamentadas pelos Decretos nos 356 e 357, de 7-12-1991, o
primeirodispondo sobre o sistema de custeio e o segundo, sobre os beneficios.
O Decreto n° 611, de 21-7-1992, dánova redação ao Regulamento dos Beneficios
da Previdência Social, substituindoo regulamento anterior previsto no Decreto n° 357,
de 7-12-1991. O Decreto n 612, de 21-7-1992, fornece nova redação ao Regulamento
da Organização e do Custeio da Seguridade Social, revogando o Regulamento anterior
disciplinado pelo Decreto n° 356, de 7-12-1991.
A Lei n 8.540, de 22-12-92, dispôs sobre a contribuição do empregador rural para
aseguridade social.
A Lei n°8.689, de 27-7-93, extinguiu o INAMPS. Suas funções foram atribuídas ao
SUS.
A Lei n° 8.742, de 7-12-93,versou sobre a organização da assistência social. Écha
mada de Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
ALei n° 8,870,de 15-4-94, alterou dispositivos das Leis nes 8.212 e 8.213,extin
guindo o abono de permanência em serviço e excluindo o 13° salário para o cálculo do
salário-de-beneficio.
A LBA e a CBIA (antiga Funabem) foram extintas pela Medida Provisória nº 813., de
1°-1-1995, que foi convertidana Lei n 9.649/98.
ALei n° 9.032, de 28-4-95, fez reforma previdenciária na legislação ordinária: (a) ex
cluiu a pessoa designada da condição de dependente; (b) alterou o critério de cálculo dos
beneficios acidentários, que passam a ser calculados como os beneficios comuns; (c) a
aposentadoria especial passou a ser devida apenas se o segurado provar que exerceu
o trabalhoem contato com elementos quimicos, fisicos ou biológicos que lhe causem
prejuízo à saúde: (d) não mais permitiu a conversão de atividade comum em especial;
(e) vedou a acumulação da pensão deixada por cônjuge ou companheiro, salvo o direito
de opção pela mais vantajosa; () não mais permitiu a incorporação de 50% do auxílio
acidente ao valor da pensão por morte.
ODecreto n° 2.172, de 5-3-1997, raz novo Regulamento dos Beneficios da Previ.
dência Social, revogando oregulamento anterior disciplinado pelo Decreto n° 611/92.
ciária,plementar.
públicos. da Geral 29-5-2001, e sos sistema.atuarialdo do tarevogando deles.
dois
não passou ram com dade 9.701, hámentar; Nacional nal ronauta, quererenorma que guarda
as segurado a não faz 2.283, Custeio O 18
onstitucional A Aentidades A mínimos A reforma A O mulher.
contribuição
a 30 vários A de
foi Lei Emenda Atualmente, ju s Decreto Direito
Emendaatingindo Emenda Lei Decreto ser A
a anos Emenda 9.703,reforma Previdência da a doos A
aumentado R$ (e) agentes O0daLei de A
Complementar n os devidosSomente anos. de telefonista, pensão, data aposentado Medida da
regulamenta para 9.876, Decretos1.200,00.
para previdenciária Secretaria Poder condição 24-7-97, n° da
Constitucional Constitucional fechadas Constitucional (homem)
nº Constitucional 9.711, Previdência
do 9.528,
Seguridade n°Seguridade
do
n muito
custeio o cálculo o de 3.048, apenas não
e Foram
sistema o Executivoe
óbito. sob nocivos Provisória 2.173,
Ministério
Social;
que desativam
41. para os 9.715, de de
26-11-99, mais editadas de jogadorAltera pena
Social, de
mais ns e Social
Trata2.400,00.R$ a de n° professores
de ao 25 Complementar; 10-12-97,
Constituição do e 2.172 Previdência permanece para
dependente; 5-3-1997,
os previdência 108, das 6-5-99,
dependente anos previdenciário
de 9.718, (b)
de
de
não

na n n ações n benefício. cria que serviço, n Conselhocontribuiçõesda o efeito 1.576,
a Martins
funcionários
maior 47, 41, 29/2000
de e 20, várias Previdência futebol, benefício por revogando
o2.173/97. (mulher).O de 9.720 trouxeCentral
de de 29-5-2001, e fatoraltera aprova de lei de ou(b) convertidadetermina
serviços ensino
exigindo Social;
parte 19-12-2003, complementar.
quanto Seu do 15-12-98, leis de específica;
(d) jornalistaaposentadoria de
5-7-05, alterou
previdenciário, as eestava ser retorna excluiu as o
o
segurado 9.732. que Recursos e Medicamentos
seguintes Decreto
de públicos. objetivo Regulamento
Leis Agora, fundamental Câmara
() Social concedido
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ADAIAPREV passa a ser chamadade Empresa de Tecnologia e Informações da Pre


vidência Social.
Apartir da vigència da Lei n° 11.457/07, a Uniãopassou a arrecadar as contribuições
previdenciárias eo INSS passou a pagar os beneficios.

Verificação de aprendizagem

1. Qual foi a primeira norma que criou aPrevidência Social no Brasile para qual cate
goria?
2. A partir de quando passaram a ser criados os IAPs?
3. Quando foi editada a primeira Lei Orgânica da Previdência Social?
4. Oque era o SINPAS?
5. Como éo atual sistema de Seguridade Social?
6. O que é mutualismo?
7. Como era o sistema instituído por Bismarck?
8. Do que tratou a Lei Eloy Chaves e qual seu conteúdo?
2
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAI.

2.1 Denominação

Alguns autores continuam a entender que oDireito Previdenciário, ou, atualmente.


Direito da Seguridade Social, ainda faz parte do Direito do Trabalho.
A Constituição de 1934 usava a palavra previdenciária sem a adjetivação social (art.
121, § 19, h).
A Constituição de 1937 muda a denominação anterior, passando a empregar a ex
pressão segurosocial (art. 137, me n). Adota a denominaçãoutilizada pela doutrina
social da Igreja católica.
Na Constituição de 1946, emprega-se a expresso previdência social (art. 157, caput,
e inciso XVI). As demais constituições passam a adotar a expressão previdência social.
Com apromulgação da Constituição de 5de outubro de 1988, houve anítida separa
ção entre o Direito da Seguridade Social e o Direito do Trabalho, ao se trazer para o bojo
da Lei Maior um capítulo versando sobre a Seguridade Social (arts. 194 a 204). Na atual
Constituiço, aOrdem Social abrange a saúde, aprevidência ea assistência social, oque
nãoera previstona LeiMaior anterior, que incluía a matéria no título da Ordem Econômi
ca, em um único artigo (165), em que tratava de direitos trabalhistas e previdenciários.
Discute-se qual seria onome correto da disciplina ora em estudo. Osocial security é
denominaço cunhada por Roosevelt em 1935, como Social Security Act (Lei da Seguran
ça Social). Em 1938,tal denominação foi repetida na Nova Zelândia, firmando-se no âm
bito internacional. Emprega-se na França a expressão securité sociale, na Itália sicurezza
sociale, na Espanha seguridad social.
Adenominação seguridade socialjáera encontrada no Código Social de Malinas, na
Carta do Atlántico, de 1941, e na Declaração dos Direitos do Homem, de 1948.
Para certos autores, seria incorreto falar-se em seguridade social, pois trata-se de
um estrangeirismo, advindo do espanhol seguridad, que significa, nessa lingua, seguran
ça. Dai se dizer que o termo correto deveria ser segurança social, tanto que em
Portugal
utiliza-se esta expressão. Mesmo na línguainglesa, a palavra security não quer dizerSe
guridade", mas segurança". Basta lembrar a expressão national security, que quer dizer
"segurança nacional".
ANVERSIDADE FEDERAL DO PAM.
Direito da Seguridade
Social 21

Fábio Leopoldo de Oliveira "segurança social" (Introdução ele


mentar ao estudo do salário socialemprega
no Brasil.aexpressão
São Paulo : LTr, 1974. p. 34). Marly Cardone
(1990:17) e José Martins Catharino (Temas de direito do trabalho. Rio de Janelro, lav
lhistas, 1971,p. 208-9) também.
Opróprio Evaristo de Moraes Filho (1986:8),que era adepto do termo "segurança ,
iá, quando coordenador e relator do tema «Ordem Social". da Comissão Provisória de
Estudos Constitucionais, passou a preferir a acepção seguridade social, com base em Su
gestões do então ministro da Previdência Social, Rafael AlmeidaMagalhães, e de Moacyr
Velloso Cardoso de Oliveira,
"Seguridade" provém do latim securitate(m), decorrente de securitas. Não se trata,
portanto, de castelhanismo, mas palavra que caiu em desuso e foi agora empregada na
Constituição.
A expressão "seguridade social" mostra uma concepção de provisão para o futuro,
enquanto a expressão "segurança social" dáa ideia de presente.
E de se ressaltar que a atual Constituição, ao se referir àsegurança, foi clara no
sentido de se utilizar da expressão "segurança pública", abrangèndo a polícia, para a
preservação da ordem pública (art. 144 da Lei Maior). Quando o Estatuto Supremo quis
seguridade social", tal
se referir àseguridade, e não àsegurança, empregou a expressão
qual se observa nos arts. 194 a 204.
indivíduos e a suas
Lembre-se de que a ideia essencial da Seguridade Social é dar aos
uma contingência (invalidez,
famílias tranquilidade no sentido de que, na ocorrência de
diminuída, proporcionando
morte etc.), a qualidade de vida não seja significativamentepessoas. Logo, a Seguridade
dessas
meios para a manutenção das necessidades básicas indivíduo, não só mas principal
Social deve garantir os meios de subsistência básicos do
independentemente de contribuições para
mentepara o futuro, inclusive para o presente, renda aos mais necessitados,
de distribuição de
tanto. Verifica-se, assim, que é uma forma subsistência.
própria
que não tenham condição de manter a
de Seguridade Social em razão do
Dessa forma, prefiro essa denominação ampla
assim versou sobre o tema.
supra-exposto e também porque a Constituição

2.2 Conceito

O Direito da Seguridade Social éo conjunto de princípios, de regras e de instituições


estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingên
destinadoa famílias
impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas
Cias que os e da sociedade, visando assegurar
integradopor acões de iniciativa dos Poderes Públicos
previdência e àassistência social.
os direitos relativos àsaúde, à
composta de várias partes
Apalavra "conjunto" revela que aSeguridade Social é
organizadas, formando um sistema.
Contém a Seguridade Social principios próprios, que são proposições genéricas das
princípios da Seguridade
quais derivam as demais normas, Com o conhecimento dos sua au
Social, nota-se um tratamento científico dado àdisciplina, justificando, também,
tonomia., A maioria deles estáprevista no paragrato único do art. 194 da Constituicão.
pecificados
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Direito da Seguridade Social 23

A Seguridade Social visa, portanto, amparar os segurados nas hipóteses em que nao
possam prover suas necessidades e as de seus familiares, por seus próprios meios.
Ocertoéque as necessidades do trabalhador, tanto de remuneração como atéde asS
sistência médica, decorrentes do sistema da Seguridade Social,deveriam ser, como ocorre
em outros países, independentes de contribuição. Eis averdadeira ideia de Seguridade
Social, em que a pessoa tem direito a benefícios ou serviços, sem necessariamente ter
contribuído parao sistema. No entanto, nãoé o que se observa na Constituição, pois em
relação àPrevidência Social é preciso contribuição por parte do próprio segurado (art.
201), mas em relação àAssistência Social édesnecessária tal contribuição (art. 203).
Mostra-se, assim, um contra-senso dentro do sistema adotado pela nossa Lei Maior.
A Seguridade Social tem característica social, para todos e não individual, embora
seja voltada para o indivíduona condição de trabalhador.
E, bastanteampla a Seguridade Social, podendo até mesmno confundir-se com um
programa de governo, um programa de política social. Na verdade, o interessado tem de
suportar suas próprias necessidades. Apenas quando não possa suportá-las, é que subsi
diariamente iráaparecer a Seguridade Social para ajudá-lo. O preâmbulo da Constituição
francesa, de 27-9-1946, mostra, v. g., que todo ser humano que, em razão de sua idade,
cole
estado fisico ou mental, esteja incapacitado para otrabalho, tem direito de obter da
tividade os meios convenientes de existência.
é atribuída
ASeguridade Social não se confunde com Direito Social. Esta expressão
colocado entre
genus,
ao professor Cesarino J., que diz que o Direito Social éum tertium
Assistência Social incluí
oDireito Público e o Direito Privado, estando a Previdência e a
natureza ésocial, feitopara
das no seu contexto, como espécies. No entanto, o Direito por
a sociedade. Assim, todos os seus ramos teriam natureza
social, destinados a promover o
bem-estar dos indivíduos perante a sociedade.
Trabalho. As duas maté
Distingue-se o Direito da Seguridade Social do Direito do
empregado. A Seguridade Social
rias têm por fundamento proteger otrabalhador ou o
indivíduo, mais precisamente como
tem objetivo mais amplo: proteger o homem como seja. A Seguridade Social vai
segurado, independentemente do tipo de trabalhador que trabalhar. Hoje, o inciso Ido art.
proteger o segurado nos momentos em que ele não pode do Trabalho e o da Segurida
Direito
22 da Constituição mostra que há distinção entre o União legislar sobre Direito do
privativamente
de Social, pois determina que compete éque prescreve à União legislar sobre
Trabalho, enquantoo inciso XXIIIdo mesmo artigo distintas.
Seguridade Social, mostrando que são matérias

2.3 Divisão
abrangente, universal, destinado a
ASeguridade Social engloba um conceito amplo, determinada contingên
todos que dela necessitem, desde que haja previsão na lei sobre Previdência Social, a As
cia a ser coberta. Ë, naverdade, o gênero do qual são espécies a nos capítulos seguintes.
sistência Social e a Saúde, que serão estudadas destacadamente
APrevidência Social vai abranger, em suma, a cobertura de contingências decorren
maternidade, mediante
tesde doença, invalidez, velhice, desemprego, morte e proteção à
contribuição, concedendo aposentadorias, pensões etc.
2. de 24
1.
4. 3.aprendizagem
Verificaçãode
Previdência
tribuições, será queindivíduo.
raçãodobeneficios
Quais
Depende Qual compreende doenças A A Direito
Qualé estudado Será SaúdeAssistência
são conceito o estudada da
a Complementar, até e a Seguridade
ela
suas denominação pretendepessoas
prescrição o outros
de custeio
histórico,
espécies?
contribuição de a Social
agravos, que Social
Seguridade Seguridade oferecer
e da nunca irá
"
empregada denominação,
decadência.a tratar Martins
Seguridade
em
Assistência proporcionando uma
contribuíram
Social de
todosSocial? política
para atender
os Social Social,
Depois
compreendendo
conceito,
a social para
casos? matéria ações
ea
serão os os
e
hipossuficientes, o
Saúde.
segurados,relações, econômica esistema
em estudadas serviços
estudo? a
Introdução (ex.:
até para
os destinada
a
princípios. renda
Por contribuintes,
Previdência adestinando
quê? proteção mensal
ou a
Teoria
Em reduzir
Social,seguida, vitalícia).
e pequenos
as recupe
Geral. riscos
con
a

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