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CURSO DE BIOMEDICINA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I

Análises Clínicas

Lohanna Menezes Batista

Itabuna - BA
Abril, 2021
CURSO DE BIOMEDICINA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I

Análises Clínicas

Laboratório Escola de Análises Clínicas

Relatório apresentado como parte das


exigências para obtenção do título de Bacharel
em Biomedicina.

LOHANNA MENEZES BATISTA


Estagiário

RAQUEL GOIS BASTOS


Supervisor

MARIANA SANTOS SIMÕES


Supervisor

Itabuna - BA
Abril, 2021

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido energia e ânimo para


finalizar esse relatório.
Agradeço aos meus pais e a Arthur por toda paciência e incentivo durante o
período do estágio.
Agradeço aos meus colegas pelos momentos felizes e por participarem na
construção da minha jornada acadêmica.
E por fim, agradeço a todos que fizeram parte, direta ou indiretamente, no
andamento e conclusão de mais uma etapa do curso.

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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................... 5
1.1 Objetivo Geral.................................................................................................... 5
2 IMUNOLOGIA ....................................................................................................... 6
2.1 Técnicas utilizadas para diagnostico: ................................................................ 6
3 PARASITOLOGIA ............................................................................................... 14
3.1 Técnicas utilizadas para diagnostico: .............................................................. 14
3.2 Significado clínico dos principais parasitas:..................................................... 15
4 UROANÁLISE ..................................................................................................... 23
4.1 Sumário de Urina:............................................................................................ 23
4.2 Exame Físico ................................................................................................... 24
4.3 Exame Químico. .............................................................................................. 25
4.4 Sedimentoscopia ............................................................................................. 27
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 30
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 31

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1 INTRODUÇÃO GERAL

A análise clínica é um ramo de conhecimento que trabalha com o estudo de


substâncias de forma a apontar dados e obter um diagnóstico mais preciso de
possíveis doenças que acometam o paciente. A vivência durante o período do
Estágio Supervisionado I é o primeiro contato onde é possível perceber a
importância das análises clínicas para toda cadeia de obtenção de resultados que
visam garantir uma melhor qualidade de vida para as pessoas, dando uma descrição
minuciosa de todos os sistemas que compõe o corpo humano e suas possíveis
inflamações, infecções, e outras coisas.
O Laboratório Escola de Análises Clínicas (LEAC), localizado na faculdade
Unime, no polo de Itabuna, faz com que os estagiários de biomedicina tenham
experiências fundamentais para a vida profissional. Ele é dividido em setores, sendo
eles: Hematologia, Bioquímica, Uroanálise, Microbiologia e Parasitologia, todos eles
de suma importância para o entendimento geral das funções sistêmicas.
O estágio foi realizado entre o início de março até meados do mês de abril de
2021, seguindo todos os protocolos atuais em decorrência da pandemia do novo
coronavírus, visando à segurança e proteção de todos os participantes e colegas. As
professoras Raquel Gois e Mariana Simões ficaram responsáveis pela supervisão de
todos estagiários entre os dias de segunda-feira, terça-feira e quinta-feira; com carga
horária total de 104 horas.

1.1 Objetivo Geral

Entender o funcionamento de todos os setores que abrangem as Análises


Clínicas, caracterizando todas as suas particularidades e especificidades.

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2 IMUNOLOGIA

Caracteriza-se como o setor responsável pela observação das reações


antígeno – anticorpo, ou até mesmo anticorpo-anticorpo; que tem como base a
ligação e especificidade dessas relações. Os testes feitos nesse setor são
comumente usados para detectar a presença de patógenos nos organismos, tendo
origem viral, bacteriana ou parasitária; ou também para detectar anticorpos que
podem caracterizar uma possível doença autoimune ou, por exemplo, reações de
aglutinação no corpo humano, no caso de uma transfusão com sangue não
compatível. Os métodos mais utilizados são a imunoensaio cromatográfico e a
aglutinação. A imunocromatografia é baseada na alta sensibilidade e rapidez do
resultado, o antígeno ou anticorpo é fixado em uma membrana de nitrocelulose ou
nylon em forma de linhas ou pontos, como o uso ou não de corante revelador. Já o
método de aglutinação, é necessário a utilização de um reagente específico e se
baseia no princípio de formação de flocos para obter um resultado positivo/negativo.

2.1 Técnicas utilizadas para diagnostico:

2.1.1 Nome da técnica: Tipagem sanguínea/ Aglutinação Direta.


2.1.1.1 Material biológico:
Amostra de sangue coletada em tubo com anticoagulante EDTA.
2.1.1.2 Valores de referência:
 Aglutinação com presença de anti-A = A;
 Aglutinação com presença de anti-B = B;
 Aglutinação com presença de anti-A e anti-B = AB;
 Nenhuma aglutinação = O;
 Aglutinação com presença de anti-D = Rh positivo;
 Nenhuma aglutinação com presença de anti-D = Rh negativo.
2.1.1.3 Significado clínico e interpretação dos resultados:
A tipagem sanguínea é um teste baseado na aglutinação da amostra
de sangue em contato com o reagente. O sistema mais comum onde se
realiza a tipagem é o ABO, seus anticorpos se apresentam nas formas
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anti-A, anti-B e anti-D que se ligam a seus respectivos antígenos que
ficam localizados nas superfícies das hemácias, é um método simples e
de baixo custo.
2.1.2 Nome da técnica: Fator Reumatóide(FR)/ Aglutinação Indireta
2.1.2.1 Material biológico:
Soro sanguíneo livre de hemólise.
2.1.2.2 Valores de referência:
Positivo: Aglutinação tênue ou nítida;
Negativo: Total ausência de aglutinação.
2.1.2.3 Significado clínico e interpretação dos resultados:
O fator reumatoide (FR) é uma imunoglobulina M (IgM) que é produzida
pelo sistema imunológico do organismo, sua presença é útil como
indicador da atividade inflamatória a autoimune. O teste de FR é válido
para ajudar a diagnosticar a artrite reumatoide (AR). Cerca de 80% das
pessoas com AR apresentarão teste positivo para FR. No entanto, o FR
também pode ser detectado em indivíduos com uma variedade de outras
desordens, incluindo outras doenças autoimunes, como a Síndrome de
Sjögren, bem como
infecções bacterianas, virais e parasitárias persistentes e certos cânceres.
Algumas vezes, está presente em indivíduos com doença
pulmonar, doença hepática e doença renal, e pode ser encontrado em
uma pequena porcentagem (1% a 5%) de pessoas saudáveis.

2.1.3 Nome da técnica: Antiestreptolisina O (ASLO)


2.1.3.1 Material biológico.
Soro sanguíneo livre de hemólise.
2.1.3.2 Valores de referência:
Resultado Positivo: Aglutinação tênue ou nítida.
Resultado Negativo: Total ausência de aglutinação.
2.1.3.3 Significado Clínico e interpretação de resultados:
A estreptolisina O, produzida por quase todas as cepas de
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Streptococus pyogenes, é uma hemolisina oxigênio-lábil (inativada pelo
oxigênio), com potente antigenicidade. O anticorpo formulado contra ela, o
antiestreptolisina O, tem se tornado o indicador de infecções
estreptocócicas e suas complicações, tais como a febre reumática e a
glomerulonefrite aguda. A concentração de anticorpos antiestreptolisina O
aumenta no final da primeira semana após a infecção estreptocócica e
atinge seu valor máximo entre a 3ª e 5ª semanas.

2.1.4 Nome da técnica: Proteína C reativa (PCR).


2.1.4.1 Material biológico.
Soro livre de hemólise.
2.1.4.2 Valores de referência:
Resultado Positivo: Aglutinação tênue ou nítida.
Resultado Negativo: Total ausência de aglutinação.
2.1.4.3 Significado clínico e interpretação dos resultados:
A PCR aparece muito precocemente no soro de pacientes afetados por
uma variedade de processos inflamatórios e necrose de tecidos, tais como
infecções bacterianas, doença reumática aguda, infarto de miocárdio,
certas doenças virais, tuberculose pulmonar ativa, artrite reumatóide e
neoplasia maligna. O aumento da PCR é uma resposta inespecífica à
atividade inflamatória, sendo suas características mais marcantes o
aparecimento precoce, bem como o seu rápido desaparecimento.

2.1.5 Nome da técnica: HIV (imunocromatografia)


2.1.5.1 Material biológico.
Soro, plasma ou sangue total livre de hemólise.
2.1.5.2 Valores de referência:
Positivo: A linha de teste (T) do cassete se desenvolva.
Negativo: A linha de teste (T) do cassete não se desenvolva.
Inválido: A linha do controle (C) não se desenvolva.

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2.1.5.3 Significado clínico e interpretação dos resultados:
Os anticorpos anti-HIV-1 e/ou anti-HIV-2, se presentes na amostra,
ligam-se aos antígenos recombinantes conjugados com ouro coloidal
formando um complexo antígeno-anticorpo. Este flui pela membrana de
nitrocelulose da placa-teste e se liga aos antígenos impregnados na área
teste (T), determinando o surgimento de uma banda colorida.

2.1.6 Nome da técnica: Waaler Rose


2.1.6.1 Material biológico:
Soro sanguíneo livre de hemólise.
2.1.6.2 Valores de referência:
Positivo: Aglutinação tênue ou nítida;
Negativo: Total ausência de aglutinação.
2.1.6.3 Significado clínico e interpretação dos resultados:
O Waaler Rose é um teste bastante sensível, o qual utiliza hemácias
de carneiro revestidas com IgG de coelho purificada e estabilizada. Um
dos mais úteis marcadores clínicos da artrite reumatóide é o fator
reumatóide (FR) no soro. Quando a suspensão de hemácias é misturada,
em uma área do cartão-teste, com o soro contendo níveis aumentados de
fator reumatóide, observa-se uma aglutinação ou não.

2.1.7 Nome da técnica: VDRL (floculação)


2.1.7.1 Material biológico.
Soro ou plasma livre de hemólise e liquido céfalo-raquidiano (LCR).
2.1.7.2 Valores de referência:
Resultado Positivo: Presença de médios e grandes agregados.
Resultado Negativo: Ausência de agregados, aspecto homogêneo.
2.1.7.3 Significado clínico e interpretação dos resultados:
Determina a presença de anticorpos (reaginas) no soro, plasma ou
líquido céfalo-raquidiano (LCR) por floculação, para diagnóstico da sífilis.
A sífilis é uma doença infecciosa humana produzida por uma
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espiroqueta, o Treponema pallidum. Ela é primeiramente uma doença
transmitida sexualmente.

2.1.8 Nome da técnica: β-HCG


2.1.8.1 Material biológico.
Soro livre de hemólise ou urina.
2.1.8.2 Valores de referência:
Figura 1 - Cassete de hCG

Fonte: Google Imagens, 2021.

2.1.8.3 Significado clínico e interpretação dos resultados


Indicado para determinação qualitativa de HCG para diagnóstico da
gravidez, por método imunocromatográfico usando uma combinação de
anticorpo monoclonal marcado e anticorpos policlonais anti-HCG para
identificação seletiva de HCG em amostras de soro e urina. Em caso de
HCG positivo, entende-se que a mulher esteja grávida; e negativo, não
esteja; porém, o tempo deve ser levado em consideração, pois a
quantidade do hormônio pode estar muito baixa para ser detectado pelo
teste.

2.1.9 Nome da técnica: Rubéola IgG/IgM


2.1.9.1 Material biológico.
Soro, plasma ou sangue total.

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2.1.9.2 Valores de referência:
Figura 2 - Resultado Igm e Igg RUBEOLA

Fonte: Google Imagens, 2021.

2.1.9.3 Significado clínico e interpretação dos resultados


O diagnóstico laboratorial é essencial para confirmar uma infecção
aguda. Durante uma infecção aguda com o vírus da Rubéola, os
anticorpos IgM podem ser detectados 3-6 dias após o início dos sintomas
e geralmente diminuem para níveis não detectáveis dentro de 12-14
semanas. Os anticorpos IgG podem ser detectados no espaço de 2-3
semanas após a infecção e os níveis podem aumentar durante a fase
aguda da doença para valores acima de 200 UI/mL.
A infecção pelo vírus da Rubéola ocorre mais frequentemente durante
a infância. Contudo, caso ocorra uma infecção pelo vírus da Rubéola
durante a gravidez, a criança pode desenvolver um conjunto de anomalias
congênitas, conhecido por Síndrome da Rubéola Congênita (SRC), que
abrange deficiências oculares, surdez, doenças cardíacas e atraso mental.

2.1.10 Nome da técnica: Teste de Coombs Direto


2.1.10.1 Material biológico
Sangue total coletado em tudo EDTA.

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2.1.10.2 Valores de referência
Negativo: quando não há aglutinação.
Positivo: quando há aglutinação.
2.1.10.3 Significado clínico e interpretação dos resultados:
Usa-se o teste direto de antiglobulina (Coombs direto) para determinar
se o anticorpo de ligação de eritrócitos (IgG) ou complemento (C3) está
presente nas membranas dos eritrócitos. Os eritrócitos do paciente são
incubados com anticorpos anti-IgG humana e C3. Se a IgG ou o C3
estiverem ligados às membranas dos eritrócitos, ocorre aglutinação que
configura resultado positivo. Um resultado positivo sugere a presença de
autoanticorpos nos eritrócitos. Um falso positivo pode ocorrer e nem
sempre equivale à hemólise. Portanto, os resultados sempre devem estar
correlacionados com os sinais e sintomas clínicos.

2.1.11 Nome da técnica: Teste de Coombs Indireto


2.1.11.1 Material biológico
Soro sanguíneo.
2.1.11.2 Valores de referência
Negativo: quando não há aglutinação.
Positivo: quando há aglutinação.
2.1.11.3 Significado clínico e interpretação dos resultados:
Um resultado negativo do teste significa que o sangue não possui
anticorpos livres que possam atacar eritrócitos. No caso de transfusões, o
sangue do receptor é compatível com o do doador. Além disso, um teste
negativo de Coombs indireto para o fator Rh em uma mulher grávida
significa que ela não desenvolveu anticorpos contra o sangue Rh-positivo
do bebê, ou seja, a sensibilização Rh não ocorreu. Já um resultado
positivo do teste significa que o sangue analisado é incompatível com o
sangue do doador. Se o teste de título de anticorpos Rh for positivo em
uma mulher grávida ou que planeja engravidar, isso quer dizer que ela tem
anticorpos contra o sangue Rh-positivo (sensibilização ao Rh). Portanto
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deverá realizar o teste no início da gravidez para verificar o tipo sanguíneo
do bebê. Se o bebê tiver sangue Rh-positivo, a situação da mãe será
acompanhada durante a gravidez para evitar riscos à criança.

2.1.12 Nome da técnica: Identificação de Anticorpos Irregulares


2.1.12.1 Material biológico:
Soro sanguíneo livre de hemólise.
2.1.12.2 Valores de referência:
Positivo: Aglutinação tênue ou nítida;
Negativo: Total ausência de aglutinação.
2.1.12.3 Significado clínico e interpretação dos resultados:
O IAI tem como princípio a identificação de anticorpos eritrocitários
irregulares desenvolvidos pela ausência dos respectivos antígenos
correlatos dos sistemas sanguíneos pela utilização de um Painel de
Identificação, constituído de várias hemácias fenotipadas e caracterizadas
por diagrama com as características de cada anticorpo de importância
clínica. Os resultados do IAI devem ser interpretados pela análise do
diagrama de antígenos específicos do Painel.

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3 PARASITOLOGIA
Grande parte dos diagnósticos de doenças parasitárias é feita através de
exames de fezes. O exame parasitológico das fezes (EPF) tem como objetivo
diagnosticar os parasitos intestinais, por meio da pesquisa das diferentes formas
parasitárias que são eliminadas nas excreções fecais (NEVES, 2005). Não somente
isto, o EPF também pode ser realizado com outras finalidades, como por exemplo,
estudo das funções digestivas, dosagem da gordura fecal, pesquisa de sangue
oculto, entre outras.
O estágio de Parasitologia tem o objetivo de ampliar e aprimorar os
conhecimentos sobre a área de atuação clínica parasitológica, preparar o estudante
para a rotina de um laboratório de parasitologia tomando por conhecimento os
princípios dos vários métodos de preparo e análise de exames de fezes, e inclusive
a interpretação dos resultados, que muitas vezes são associados aos sintomas
clínicos para a conclusão de um diagnóstico.

3.1 Técnicas utilizadas para diagnóstico:

3.1.1 Nome da técnica: Método de Hoffman, Pons e Janer (Sedimentação


Espontânea).
3.1.1.1 Variáveis pré-analíticas:
 Orientação inadequada ao paciente;
 O local onde a amostra é coletada;
 Transporte e armazenamento impróprios;
 Tempo que demora a analisar as amostras.
3.1.1.2 Material biológico: Fezes a fresco.
3.1.1.3 Metodologia: consiste basicamente na mistura das fezes com água,
sua filtração por uma gaze cirúrgica (ou parasitofiltro) e manutenção em
repouso (mínimo de duas horas), formando uma
consistente sedimentação dos restos fecais ao fundo do cálice. Após a
espera, preparar lâmina com material coletado e uma gota de lugol, e levar
para análise em microscópio.
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3.1.1.4 Valores de referência: Caso exista a presença de ovos, cistos ou
larvas na lâmina após a observação no microscópio entende-se que há um
resultado positivo, e caso não seja observada a presença de nenhum ovo,
cisto ou larva, entende-se que seja negativo.

3.1.2 Nome da técnica: Método Mariano & Carvalho.


3.1.2.1 Material biológico: Fezes a fresco.
3.1.2.2 Metodologia: É uma junção dos métodos de Sedimentação
espontânea e Baermann-Moraes, que consiste em misturar as fezes com
água morna, a 45º, e realizar sua filtração. Esse método é altamente
eficiente em detectar larvas de helmintos levando em consideração o
termohidrotropismo das mesmas.
3.1.2.3 Valores de referência: Caso exista a presença de ovos, cistos ou
larvas na lâmina após a observação no microscópio entende-se que há um
resultado positivo, e caso não seja observada a presença de nenhum ovo,
cisto ou larva, entende-se que seja negativo.

3.2 Significado clínico dos principais parasitas:

1. Ascaris lumbricoides
1.1 Epidemiologia: Ascaris lumbricoides está entre os helmintos intestinais
mais prevalentes em seres humanos. Estima-se que cerca de 20% da
população mundial (mais de 1 bilhão de pessoas) estejam infectados e
10% do total de indivíduos parasitados encontrem-se na América
Latina.
1.2 Ciclo Biológico: Após a ingestão e consequente infecção. Vermes
adultos se reproduzem liberando ovos com larvas (L1) nas fezes, esses
ovos passam 14 dias no solo para a larva passar para a forma
infectante (L3). Ocorre a contaminação, o ovo se rompe no estômago
com a larva L3, essa passa para corrente sanguínea, vai para pulmão e

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coração. No pulmão, se torna L5, volta para o intestino se tornando um
verme adulto.
1.3 Sintomas: Quando ainda em modo larvário, pode ser assintomática,
mas podendo haver alterações hepáticas ou no pulmão por conta do
Ciclo de Loos. Já o verme adulto, as alterações cíclicas ocorrem
quando há infestação, pela ação espoliativa, causam deficiência de
nutrientes, podem irritar e obstruir a parede do intestino e atingir outros
órgãos.
1.4 Diagnostico: Observação de ovos nas fezes pelo método de
sedimentação espontânea.
1.5 Prevenção e Controle: O tratamento é feito com o uso de drogas anti-
helmínticas, e o controle é através do saneamento básico, educação
sanitária, tratamento dos doentes, e uma boa higienização dos
alimentos.
2. Enterobius vermiculares
2.1 Epidemiologia: Possui uma alta prevalência em crianças em idade
escolar.
2.2 Ciclo Biológico: Após a reprodução, a fêmea cheia de ovos se
desloca para a região perianal onde se rompe liberando toda sua
capacidade de ovos. A maturação de L1 para L3 ocorre na própria pele
entre 4 a 6 horas após a oclusão, e de L4 para L5 dentro do intestino.
Na fase infectante (L3), é comum que ocorra reinfecção.
2.3 Sintomas: Prurido anal noturno, presença de vermes visíveis nas fezes
ou em roupas íntimas.
2.4 Diagnostico: Método de Grahan (fita adesiva) é o mais indicado para
constatar a presença de ovos ou verme adulto.
2.5 Prevenção e Controle: O tratamento é feito com o uso de
medicamentos, e as formas de prevenção são os cuidados com as
roupas e limpeza doméstica caso haja infectados na casa.

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3. Trichuris trichiuria
3.1 Epidemiologia: Estima-se que 604 a 795 milhões de pessoas estejam
infectadas em todo o mundo. Trichuris trichiura ocorre principalmente
em regiões tropicais e subtropicais onde as fezes humanas são
utilizadas como fertilizante ou onde as pessoas defecam no solo, mas
as infecções também ocorrem no sul dos Estados Unidos.
3.2 Ciclo Biológico: O ciclo tem início quando os ovos desse parasita são
liberados nas fezes para o ambiente. No solo, os ovos passam por um
processo de maturação, até que se tornam infectantes. Esses ovos
maduros podem ser ingeridos pelas pessoas através do consumo de
água e alimentos contaminados e eclodem no intestino, onde sofrem
processo de maturação e diferenciação entre macho e fêmea, que se
reproduzem e dão origem a novos ovos.
3.3 Sintomas: Diarreia, dor ou desconforto para defecar, náuseas e
vômitos, anemia ferropriva, dor de cabeça constante.
3.4 Diagnostico: É feito a partir da identificação de ovos nas fezes.
3.5 Prevenção e Controle: O tratamento é feito com o uso de drogas anti-
helmínticas, e o controle é através do saneamento básico, educação
sanitária, tratamento dos doentes, e uma boa higienização dos
alimentos.
4. Ancylostoma duodenale
4.1 Epidemiologia: A prevalência da infecção por ancilóstomo é maior na
África subsaariana, seguida pela Ásia, pela América Latina e pelo
Caribe.
4.2 Ciclo Biológico: No intestino delgado, ocorre a reprodução e
consequente liberação de ovos nas fezes, onde vão para o solo e o ovo
se rompe, liberando a larva, que passa de L1 para a forma infectante. A
larva fica a espera de algum hospedeiro, que quando entra em contato,
penetra a mucosa e entra na corrente sanguínea, indo para o fígado e
coração, fazendo o Ciclo de Loos, a larva passa de L3 para L5 e volta

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para o intestino delgado pela deglutição, onde se instala
permanentemente.
4.3 Sintomas: A penetração da larva pode causar dermatite cutânea,
alterações pulmonares pela ação destrutiva da larva. Alteração
intestinal e deficiência nutricional causada pela espoliação sanguínea
do verme adulto.
4.4 Diagnóstico: Detecção de ovos ou larvas nas fezes associados a
sintomas cutâneos e pulmonares.
4.5 Prevenção e Controle: Em áreas endêmicas, é necessário um cuidado
maior com condições básicas de saúde como saneamento básico. O
tratamento é feito com medicamentos como o albendazol.
5. Strongyloides stercoralis
5.1 Epidemiologia: É endêmico em países tropicais e subtropicais, com
prevalência nestes locais de até 20%.Aproximadamente entre 30 e 100
milhões de pessoas são infectadas em todo o mundo anualmente.
5.2 Ciclo Biológico: Larvas rabditoides são eliminadas nas fezes de
alguém contaminado, ocorre a maturação no solo ou ainda na pele,
onde passa para forma filarioide (infectante). As larvas que conseguem
penetrar na pele, segue pela corrente sanguínea para corações e
pulmão, onde ocorre o Ciclo de Loos, dessa forma, atinge novamente o
intestino e lá cresce até virar um verme adulto.
5.3 Sintomas: Pode ser assintomática, a depender da carga parasitária, ou
pode apresentar diversos sinais na trato intestinal devido à ação
mecânica, traumática, irritativa e tóxica causada pela larva e verme
adulto.
5.4 Diagnóstico: Método de Baerrman-Moraes é considerado padrão-ouro
na detecção de larvas. Pode ser constatada também a presença de
ovos nas fezes.
5.5 Prevenção e Controle: Saneamento básico e tratamento de indivíduos
infectados são os principais meios de prevenção e o tratamento é feito
com o uso de medicamentos.
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6. Shistosoma mansoni
6.1 Epidemiologia: No Brasil, a esquistossomose é uma doença endêmica
de grande importância na saúde pública, com cerca de 43 milhões de
pessoas vivendo em áreas de risco de infecção e 7 milhões infectadas.
6.2 Ciclo Biológico: Ovos soltos por vermes adultos são liberados nas
fezes e por conta da falta de saneamento básico, vão para rios ou
córregos, onde o ovo se rompe e libera a larva miracídio, infectante
para o caramujo. Dentro do animal, a larva matura por 30 dias e sai em
outra forma, a cercaria, que é infectante para o home. A larva penetra
na pele, desloca-se pela corrente sanguínea e se instala no sistema
porta.
6.3 Sintomas: Dermatite cercaria causada pela ação enzimática da larva
hepatoesplenomegalia na fase aguda. E os ovos podem causar
granulomas.
6.4 Diagnóstico: Exame parasitológico de fezes pelo método de Kato-Katz
ou Sedimentação Espontânea, onde pode ser observada a presença de
ovos.
6.5 Prevenção e Controle: A prevenção consiste em um bom saneamento
básico e educação sanitária, práticas para o controle dos caramujos e
tratamento dos infectados com o uso de drogas quimioterápicas.
7. Taenia sp
7.1 Epidemiologia: As duas espécies de Taenia estão distribuídas em
todo o mundo. É endêmica na América Latina.
7.2 Ciclo Biológico: Os seres humanos infectados eliminam as proglotes
cheias de ovos que se rompem no solo eliminando milhares deles. O
hospedeiro intermediário (boi ou porco) ingere os ovos e o cisticerco se
aloja em seus tecidos ou músculos. O homem ingere a carne dos
animais com a presença do cisticerco, que se transforma no verme
adulto dentro do intestino.
7.3 Sintomas: Infecção intestinal causada pelo verme adulto; ação
espoliativa e traumática nos órgãos que são acometidos.
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7.4 Diagnóstico: Pesquisa de proglotes ou ovos nas fezes.
7.5 Prevenção e Controle: Impedir o acesso de animais as fezes
humanas, não comer carne crua ou mal passada. E seu tratamento é
feito com medicamentos.
8. Hymenolepis nana
8.1 Epidemiologia: É uma doença mais comum em regiões temperadas e
subtropicais, crianças entre 2 e 8 anos são as mais atingidas. E no
Brasil, estados sulistas estão entre os mais frequentes.
8.2 Ciclo Biológico: Pode ter dois ciclos: um monoxênico, onde os ovos
eliminados nas fezes podem ser ingeridos, passam pelo estômago e
eclodem no intestino delgado, que penetra na mucosa e depois de
maturada, a larva cisticercoide desenvagina o escolex e adere a parede
do intestino delgado; e outro heteroxênico, os ovos são ingeridos por
larvas de algum inseto, esse ovo eclode e se transforma em larva
dentro do inseto, o indivíduo pode ingerir o inseto infectado com a
forma larvária.
8.3 Sintomas: Normalmente é assintomática, mas pode apresentar
diarreia, desconforto abdominal em casos de uma grande carga
parasitária.
8.4 Diagnóstico: É realizado o exame de fezes para detecção de ovos.
8.5 Prevenção e Controle: A profilaxia é feita com um bom saneamento
básico, controle de insetos e roedores, manter bons hábitos de higiene
e tratar os doentes com drogas como niclosamida para eliminação do
verme adulto.
9. Entamoeba histolytica/díspar
9.1 Epidemiologia: Estima-se que mais de 10% da população mundial
está infectada por E. dispar e E. histolytica, que são espécies
morfologicamente idênticas, mas só a última é patogênica, sendo a
ocorrência estimada em 50 milhões de casos invasivos/ano. Em países
em desenvolvimento, a prevalência da infecção é alta, sendo que 90%
dos infectados podem eliminar o parasito durante 12 meses.
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9.2 Ciclo Biológico: Infecções são transmitidas por cistos através da via
fecal-oral. Os cistos, no interior do hospedeiro humano, se transformam
em trofozoítos. A transmissão é mantida pela eliminação de cistos no
ambiente, que podem contaminar a água e alimentos.
9.3 Sintomas: O quadro clínico varia de uma diarreia aguda e fulminante,
de caráter sanguinolento ou com presença de muco, acompanhada de
febre e calafrios, até uma forma branda, caracterizada por desconforto
abdominal leve ou moderada, com sangue ou muco nas dejeções.
9.4 Diagnóstico: Presença de trofozoítos ou cistos do parasito
encontrados nas fezes.
9.5 Prevenção e Controle: Impedir a contaminação fecal da água e
alimentos através de medidas de saneamento básico e do controle dos
indivíduos que manipulam alimentos.
10. Entamoeba coli
10.1 Epidemiologia: Possui distribuição onde a população apresenta
baixas condições socioeconômicas e higiênicosanitárias.
10.2 Ciclo Biológico: Infecções são transmitidas por cistos através
da via fecal-oral. Os cistos, no interior do hospedeiro humano, se
transformam em trofozoítos. A transmissão é mantida pela eliminação
de cistos no ambiente, que podem contaminar a água e alimentos.
10.3 Sintomas: Não causa patogenicidade.
10.4 Diagnóstico: Presença de cistos nas fezes.
10.5 Prevenção e Controle: A infecção não necessita de tratamento
e sua prevenção é feita a partir do saneamento básico para impedir a
contaminação fecal das águas e alimentos.
11. Endolimax nana
11.1 Epidemiologia: Possui distribuição onde a população apresenta
baixas condições socioeconômicas e higiênicosanitárias.
11.2 Ciclo Biológico: Infecções são transmitidas por cistos através
da via fecal-oral. Os cistos, no interior do hospedeiro humano, se

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transformam em trofozoítos. A transmissão é mantida pela eliminação
de cistos no ambiente, que podem contaminar a água e alimentos.
11.3 Sintomas: Raras vezes pode causar diarreia, cólicas e enjoos; e
não oferece risco real à vida humana.
11.4 Diagnóstico: Presença de cistos nas fezes.
11.5 Prevenção e Controle: A infecção não necessita de tratamento
e sua prevenção é feita a partir do saneamento básico para impedir a
contaminação fecal das águas e alimentos.
12. Iodamoeba butschlli
12.1 Epidemiologia: Possui distribuição onde a população apresenta
baixas condições socioeconômicas e higiênico sanitárias.
12.2 Ciclo Biológico: Infecções são transmitidas por cistos através
da via fecal-oral. Os cistos, no interior do hospedeiro humano, se
transformam em trofozoítos. A transmissão é mantida pela eliminação
de cistos no ambiente, que podem contaminar a água e alimentos.
12.3 Sintomas: Não causa patogenicidade.
12.4 Diagnóstico: Presença de cistos nas fezes.
12.5 Prevenção e Controle: A infecção não necessita de tratamento
e sua prevenção é feita a partir do saneamento básico para impedir a
contaminação fecal das águas e alimentos.

22
4 UROANÁLISE

Os rins desempenham um importante papel na liberação de várias


substâncias, assim como na manutenção da pressão osmótica e são
responsáveis também pela homeostase, entre outras várias funções. Dentro
dos rins, existem os néfrons, que são conhecidos como as unidades funcionais
dos rins; onde a urina é formada, sendo constituída basicamente por água,
compostos inorgânicos (sódio, fosfato, amônia) e orgânicos (ureia, ácido úrico),
todos provenientes do metabolismo humano.
O Sumário de urina é um dos exames mais solicitados pelos médicos para
avaliação do paciente, devido à obtenção rápida para análise de fácil coleta e
baixo custo. O teste permite detectar processos patológicos, fisiológicos e
anatômicos do sistema urinário, bem como o monitoramento do avanço e
retrocesso de lesões ou alterações causadas pelo uso de terapias que
comprometam o funcionamento do sistema.

4.1 Sumário de Urina:

4.1.1 Variáveis pré-analíticas


 Orientação inadequada ao paciente;
 Coleta indevida da amostra, sem higienização do local ou contaminada
com água ou outras materiais biológicos;
 Local onde a amostra é armazenada, deve ser colhido em recipiente
estéril e identificado com nome e horário da coleta;
 Aspectos biológicos que podem interferir no resultado como o uso de
medicamentos e a dieta;
 Transporte da amostra, não pode ser mantida no congelador;
 Processamento e transferência para outros recipientes, para que não
ocorra contaminação;
 Variações na velocidade e tempo de centrifugação podem interferir na
análise do sedimento.
4.1.2 Material Biológico: Urina.
23
4.2 Exame Físico
4.2.1 Valores de Referências:
Volume Inespecífico
Cor Amarelo-claro, amarelo-ouro
Aspecto Límpido
Densidade 1.005 a 1025

4.2.2 Significado Clínico e interpretação de resultados

Cor: A coloração amarela da urina é resultado do pigmento urocromo, que


possui um eliminação relativa a taxa metabólica de cada indivíduo e pode estar
aumentado nos problemas da tireoide e no estado de jejum, Pessoas normais
com ingestão de grande quantidade de líquidos, produzem, na ausência de
hidratação, urina de cor amarelo-clara e escura.
A coloração amarela alaranjada é causada pela administração de derivados
de piridina para tratar infecções urinárias. Outra causa da cor anormal da urina é
a presença de sangue, geralmente deixa a urina vermelha, mas pode varias de
rosa ao marrom, podendo indicar uma hemorragia glomerular. Já a coloração
castanha ou preta, caso o exame químico seja negativo, outros ensaios devem
ser feitos. A cor marrom pode ser causada pela presença de melanoma maligno,
já a cor negra é causada pela presença de acido homogentisico, apenas em
pessoas portadoras de um erro inato do metabolismo. (STRASINGER, 2009).

Aspecto: Termo que se refere a transparência/turvação de uma amostra de


urina. O aspecto normal é claro, principalmente em amostras recentes, de jato
médio, com assepsia. A turvação patologia pode decorrer da presença de
glóbulos vermelhos, brancos, infecções agudas por bactérias ou doenças
orgânicas sistêmicas A turvação não patológica pode decorrer da presença de
muco, células epiteliais escamosas, especialmente em mulheres, pode deixar a
amostra opalescente. Amostras mantidas em repouso ou refrigeradas também.
(STRASINGER, 2009).

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Densidade: É importante por varias razões: é um parâmetro da função tubular
renal; a incapacidade de concentrar a urina pode acompanhar certas doenças com
função tubular relativamente normal, como diabetes insípido ou hipertireoidismo
grave e anemia falciforme; afeta outros exames de urina, uma amostra mais
concentrada pode oferecer resultados mais elevados do que uma amostra mais
diluída, sofre variação em função do estado de hidratação do paciente.

4.3 Exame Químico.

4.3.1 Valores de Referências:


pH 5,0 a 6,0
Proteínas Negativo
Leucócitos Negativo
Nitrito Negativo
Urobilinogênio Vestígios
Bilirrubina Negativo
Sangue Negativo
Corpos cetônicos Ausentes
Glicose Negativo

4.3.2 Significado Clínico e interpretação de resultados


pH: Valores de pH maiores ou igual 7 podem indicar a presença de bactérias
que alcalinizam a urina. Outros fatores que podem deixar a urina mais
alcalina são uma dieta pobre em proteína animal, dieta rica em frutas cítricas
ou derivados de leite, e uso de medicamentos como acetazolamida, citrato de
potássio ou bicarbonato de sódio. Ter tido vômitos horas antes do exame
também pode ser uma causa de urina mais alcalina. Valores menores que 5,5
podem indicar acidose no sangue ou doença nos túbulos renais. Uma dieta
com elevada carga de proteína animal também pode causar uma urina mais
ácida.
Proteína: Quantidades pequenas de proteínas na urina podem ser oriundas
25
de diversas causas, tais como presença de febre, exercício físico horas antes
da coleta de urina, desidratação ou estresse emocional, até causas mais
graves, como infecção urinária, lúpus, doenças glomerulares e lesão renal
pelo diabetes. Grandes quantidades de proteínas na urina, por outro lado,
quase sempre indicam a presença de uma doença dos rins, especificamente
dos glomérulos renais, que são as estruturas microscópicas responsáveis
pela filtração do sangue.
Leucócitos: Sua presença costuma indicar que há alguma inflamação nas
vias urinárias. Em geral, sugere infecção urinária, mas pode estar presente
em várias outras situações, como traumas, uso de substâncias irritantes ou
qualquer outra inflamação não causada por um agente infeccioso.
Nitrito: A presença de bactérias na urina transforma nitratos em nitritos.
Portanto, fita com nitrito positivo é um sinal indireto da presença de bactérias.
Nem todas as bactérias têm a capacidade de metabolizar o nitrato, por isso,
exame de urina com nitrito negativo de forma alguma descarta infecção
urinária.
Urobilinogênio: Pode estar presente em pequenas quantidades sem que
isso tenha relevância clínica.
Bilirrubina: Pode indicar doença hepática (fígado) ou hemólise (destruição
anormal das hemácias). Só costuma aparecer na urina quando os seus níveis
sanguíneos ultrapassam 1,5 mg/dL.
Sangue: Sua presença na urina chama-se hematúria e pode ocorrer por
diversas doenças, tais como infecções, pedras nos rins e doenças renais
graves. Um resultado falso positivo pode acontecer nas mulheres que colhem
urina enquanto estão na período menstrual. Neste caso, o sangue detectado
não vem da urina, mas sim do sangue ainda residual presente na vagina.
Corpos cetônicos: são produtos da metabolização das gorduras e
produzidos quando o corpo está com dificuldade em utilizar a glicose como
fonte de energia. As causas mais comuns são o diabetes, o jejum prolongado
e dietas rigorosas. Outras situações menos comuns incluem febre, doença
aguda, hipertireoidismo, gravidez e até aleitamento materno.
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Glicose: A presença na urina é um forte indício de que os níveis sanguíneos
estão altos. Já a presença sem que o indivíduo tenha diabetes costuma ser
um sinal de doença nos túbulos renais. Isso significa que apesar de não haver
excesso de glicose na urina, os rins não conseguem impedir sua perda.

4.4 Sedimentoscopia

4.4.1 Achados microscópios: Células epiteliais, leucócitos, hemácias, muco,


bactérias, leveduras, parasitas, cristais e cilindros.
4.4.2 Valores de Referências:
Células epiteliais Raras (0 a 3 por campo)
Leucócitos Raros (até 5 por campo)
Hemácias Raras (0 a 3 por campo)
Bactérias Ausentes
Leveduras Ausentes
Parasitas Ausentes
Muco Ausente
Cristais Ausentes
Cilindros Ausentes

4.4.3 Significado Clínico e interpretação de resultados


Células epiteliais: São as próprias células do trato urinário que descamam,
sua presença é normal.
Leucócitos: Sua presença costuma indicar que há alguma inflamação nas
vias urinárias.
Hemácias: Na urina normal pode ser encontrado um pequeno número de
hemácias. Aumenta quando há inflamação ou lesão dos rins ou das vias
urinárias. A coleta inadequada pode contaminar a urina com sangue
menstrual ou das hemorroidas.
Bactérias: Em pessoas saudáveis, a urina é estéril; não são
observados micro-organismos no sedimento urinário. Bactérias da pele
27
circundante podem penetrar na uretra e causar uma infecção urinária, que, se
não for tratada, pode se expandir até os rins, provocando uma pielonefrite.
Deve ser feita cultura de urina sempre que houver suspeita de infecção.
Leveduras: Leveduras também podem ser encontradas na urina,
especialmente em mulheres com infecção vaginal por fungos.
Parasitas: O Trichomonas vaginalis é o parasita encontrado com maior
frequência em amostras de urina. Por ser um protozoário flagelado é
facilmente identificado pela sua movimentação rápida e irregular pela lâmina.
Porém quando não se move é muito difícil de distingui-lo de um leucócito. O
achado na urina geralmente indica contaminação por secreções genitais,
sendo uma frequente causa de vaginites e uretrites. Alguns outros parasitas
também podem ser encontrados, normalmente resultado de uma
contaminação fecal.
Muco: A presença de muco na urina é inespecífica e normalmente ocorre
pelo acúmulo de células epiteliais com cristais e leucócitos. Tem pouquíssima
utilidade clínica.
Cilindros: São elementos exclusivamente renais compostos por proteínas e
moldados principalmente nos túbulos distais dos rins. Por essa razão todas as
partículas que estiverem contidas em seu interior são provenientes dos rins.
Indivíduos saudáveis, principalmente após exercícios extenuantes, febre ou
uso de diuréticos, podem apresentar pequena quantidade de cilindros,
geralmente hialinos. Quando em conjunto com outros achados do sedimento
urinário e do exame bioquímico da urina, funcionam como biomarcadores do
local da lesão renal (glomerular, tubular ou intersticial), de natureza da lesão
(funcional ou estrutural) e até mesmo de prognóstico. Os cilindros que podem
indicar algum problema são: Cilindros hemáticos (sangue): Indicam
glomerulonefrite. Cilindros leucocitários: Indicam inflamação dos rins.
Cilindros epiteliais: indicam lesão dos túbulos. Cilindros gordurosos:
indicam proteinúria.

28
Cristais: A urina contém muitas substâncias dissolvidas. Dependendo da
concentração da substância, do pH e da temperatura da urina, podem se
formar cristais que são observados no exame microscópico. Podem ser
partículas sem forma definida (amorfos) ou com formas geométricas que
permitem sua identificação. A presença de cristais na urina, principalmente
de oxalato de cálcio, fosfato de cálcio ou uratos amorfos, não tem nenhuma
importância clínica. Os cristais com relevância clínica são: Cristais de
cistina: a cistina está ligada ao defeito metabólico cistinúria, além de
responder por cerca de 1% dos cálculos urinários. Como a tirosina e a leucina
são resultado de catabolismo proteico, seu aparecimento na urina sob a forma
de cristais pode indicar necrose ou degeneração tecidual importante. Cristais
de magnésio-amônio-fosfato (chamado de cristais de estruvita ou cristais de
fosfato triplo) podem ser normais, mas também podem estar presentes em
casos de urina muito alcalina provocada por infecção urinária pelas
bactérias Proteus ou Klebsiella. Pacientes com cálculo renal por pedras de
estruvita costumam ter esses cristais na urina. Cristais de tirosina:
Presentes em uma doença chamada tirosinemia. Cristais de bilirrubina:
Costumam indicar doença do fígado. Cristais de colesterol: Costuma ser um
sinal de perdas maciças de proteína na urina.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O início do estágio foi um período turbulento, em meio à segunda onda da
pandemia do “novo coronavírus”, começamos a nossa jornada com incertezas e
medos. Para mim, ter algo novo para fazer é sempre interessante, a princípio, esse
foi o sentimento assim que entrei no LEAC, de poder conhecer novos assuntos e
aprender novas técnicas, ver de perto como funcionaria um laboratório de verdade.
Apesar das limitações, o período do estágio I mostrou-se útil e funcional em passar
um conhecimento de uma rotina laboratorial que podemos ver no mercado de
trabalho. Termino essa etapa com o entendimento de que é necessário evoluir e
aprender sempre mais e com o sentimento de que todo conhecimento adquirido será
de extrema importância para toda minha jornada acadêmica e profissional.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, Cláudio Santos; FERREIRA, Marcelo Urbano; NOGUEIRA,
Marcos Roberto. Prevalência e intensidade de infecção por Ascaris lumbricoides em
amostra populacional urbana (São Paulo, SP). Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro
, v. 7, n. 1, p. 82-89, Mar. 1991 . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X1991000100007&lng=en&nrm=iso>. Acessos em 18 Apr. 2021.
IMUNO-LÁTEX. São Carlos: Wama Diagnóstica, 2012. Bula de kit de análise
laboratorial.
MARIANO, M.L.M.; CARVALHO, S.M.S.; MARIANO, A.P.M.; ASSUNÇÃO,
F.R. DE; CAZORLA, I.M. Uma nova opção de diagnóstico parasitológico: Método de
Mariano e Carvalho. Newslab, v. 68, p. 132-140, 2005.
NEVES, David P. Parasitologia Humana. 11.ed. São Paulo : Atheneu,
2005.PESSÔA, Samuel B.
ROCHA, Thiago José Matos et al . Aspectos epidemiológicos e distribuição
dos casos de infecção pelo Schistosoma mansoni em municípios do Estado de
Alagoas, Brasil. Rev Pan-Amaz Saude, Ananindeua , v. 7, n. 2, p. 27-32, jun.
2016 . Disponível em
<http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-
62232016000200027&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 18 abr. 2021.
ROXE, DM. Urinálise. In: Walker HK, Hall WD, Hurst JW, editores. Métodos
Clínicos: História, Exames Físicos e Laboratoriais. 3ª edição. Boston:
Butterworths; 1990. Capítulo 191. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK302/
STRASINGER, S. K; LORENZO, M.S. D. Urinálise e fluidos corporais. 5ª a ed.
São Paulo: Editora LMP (Livraria Médica Paulista), 2009.
WAALER ROSE. São Carlos: Wama Diagnóstica, 2012. Bula de kit de análise
laboratorial.

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