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09 3C
Estratégias
argumentativas I
Apresentação O Brasil ainda não conseguiu se desprender das
amarras da sociedade patriarcal. Isso se dá porque,
Nas aulas 07 e 08, trabalhamos a estruturação do ainda no século XXI, existe uma espécie de deter-
texto dissertativo-argumentativo de forma geral, dentro minismo biológico em relação às mulheres. Contra-
das convenções tradicionais que fazem parte desse tipo riando a célebre frase de Simone de Beauvoir “Não
de redação. Agora, nas aulas 09, 10, 11 e 12, iremos nos se nasce mulher, torna-se mulher”, a cultura brasi-
concentrar na ampliação do repertório de recursos de leira, em grande parte, prega que o sexo feminino
tem a função social de se submeter ao masculino,
organização textual, por meio de alguns exemplos de independentemente de seu convívio social, capaz
técnicas argumentativas. de construir um ser como mulher livre. Dessa for-
ma, os comportamentos violentos contra as mu-
Argumentação com base no lheres são naturalizados, pois estavam dentro da
construção social advinda da ditadura do patriar-
raciocínio “causa/consequência” cado. Consequentemente, a punição para este tipo
de agressão é dificultada pelos traços culturais exis-
Quando o tema da redação propõe um problema tentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada.
(seja de ordem social, cultural etc.), uma forma eficaz Além disso, já o estigma do machismo na socie-
de organização argumentativa é a demonstração dade brasileira. Isso ocorre porque a ideologia da
das causas que geram esse problema. Trata-se de um superioridade do gênero masculino em detrimen-
recurso muito frequente em textos dissertativos, afinal, to do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros.
Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas
argumentar é essencialmente explicar os porquês que apenas como fonte de prazer para o homem, e são
nos levam a adotar determinado ponto de vista. ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos
O exemplo a seguir é uma redação feita no ENEM e a serem recatadas. Dessa maneira, constrói-se uma
2015, cujo tema era “A persistência da violência contra cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo
de se expressar por estar sob a constante ameaça de
a mulher na sociedade brasileira“. Ao ler o texto, pro- sofrer violência física ou psicológica de seu progeni-
cure identificar como o raciocínio argumentativo está or- tor ou companheiro. Por conseguinte, o número de
ganizado em duas causas do problema: razões históricas casos de violência contra a mulher reportados às au-
(1a. causa) e ideológicas (2a. causa). Além disso, note toridades é baixíssimo, inclusive os de reincidência.
como cada parágrafo de desenvolvimento estabelece Pode-se perceber, portanto, que as raízes históri-
uma relação causa/consequência dessas razões. cas e ideológicas brasileiras dificultam a erradicação
da violência contra a mulher no país. Para que essa
erradicação seja possível, é necessário que as mídias
Exemplo de redação deixem de utilizar sua capacidade de propagação de
informação para promover a objetificação da mulher
A violência contra a mulher no Brasil tem apre- e passe a usá-la para difundir campanhas governa-
sentado aumentos significativos nas últimas déca- mentais para a denúncia de agressão contra o sexo
das. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, feminino. Ademais, é preciso que o Poder Legislativo
o número de mortes por essa causa aumentou em crie um projeto de lei para aumentar a punição de
230% no período de 1980 a 2010. Além da física, agressores, para que seja possível diminuir a reinci-
o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros dência. Quem sabe, assim, o fim da violência contra a
tipos de violência contra a mulher, dentre esses a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil.
psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que Extraído de: <https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-
redacoes-do-enem-2015-que-tiraram-nota-maxima.ghtml>.
essa problemática persiste por ter raízes históricas Acesso em: 13/02/18
e ideológicas. Amanda Carvalho Maia Castro
1
Testes
Assimilação para o Sudeste, voando ao longo de rios e corredo-
res de mata. Estima-se que um mosquito seja capaz
Instrução: Leia o texto para responder às questões 09.01. de voar 3 km por dia. Tanto o homem quanto o
a 09.04. macaco, quando picados, só carregam o vírus da
febre amarela por cerca de três dias. Depois disso,
Três teses sobre o avanço da febre amarela o organismo produz anticorpos. Em cerca de dez
dias, primatas e humanos ou morrem ou se curam,
Como a febre amarela rompeu os limites da tornando-se imunes à doença.
Floresta Amazônica e alcançou o Sudeste, atingin-
do os grandes centros urbanos? A partir do ano Para o infectologista Eduardo Massad, profes-
passado, o número de casos da doença alcançou sor da Universidade de São Paulo, o rompimento
níveis sem precedentes nos últimos cinquenta da barragem da Samarco, em Mariana (MG), em
anos. Desde o início de 2017, foram confirmados 2015, teve papel relevante na disseminação acele-
779 casos, 262 deles resultando em mortes. Trata- rada da doença no Sudeste. A destruição do habitat
-se do maior surto da forma silvestre da doença natural de diferentes espécies teria reduzido signi-
já registrado no país. Outros 435 registros ainda ficativamente os predadores naturais dos mosqui-
estão sob investigação. tos. A tragédia ambiental ainda teria afetado o sis-
tema imunológico dos macacos, tornando-os mais
Como tudo começou? Os navios portugueses suscetíveis ao vírus.
vindos da África nos séculos XVII e XVIII não
trouxeram ao Brasil somente escravos e merca- Por que é importante determinar a “viagem” do
dorias. Dois inimigos silenciosos vieram junto: vírus? Basicamente, para orientar as campanhas de
o vírus da febre amarela e o mosquito Aedes ae- vacinação. Em 2014, Eduardo Massad elaborou um
gypti. A consequência foi uma série de surtos de plano de imunização depois que 11 pessoas mor-
febre amarela urbana no Brasil, com milhares de reram vítimas de febre amarela em Botucatu (SP):
mortos. Por volta de 1940, a febre amarela urbana “Eu fiz cálculos matemáticos para determinar qual
foi erradicada. Mas o vírus migrou, pelo trânsito seria a proporção da população nas áreas não vaci-
de pessoas infectadas, para zonas de floresta na nadas que deveria ser imunizada, considerando os
região Amazônica. No início dos anos 2000, a fe- riscos de efeitos adversos da vacina. Infelizmente,
bre amarela ressurgiu em áreas da Mata Atlântica. a Secretaria de Saúde não adotou essa estratégia.
Três teses tentam explicar o fenômeno. Os casos acontecem exatamente nas áreas onde eu
havia recomendado a vacinação. A Secretaria está
Segundo o professor Aloísio Falqueto, da correndo atrás do prejuízo”. Desde julho de 2017,
Universidade Federal do Espírito Santo, “uma mais de 100 pessoas foram contaminadas em São
pessoa pegou o vírus na Amazônia e entrou na Paulo e mais de 40 morreram.
Mata Atlântica depois, possivelmente na altura de
Montes Claros, em Minas Gerais, onde surgiram O Ministério da Saúde afirmou em nota que,
casos de macacos e pessoas infectadas”. O vírus desde 2016, os estados e municípios vêm sendo
teria se espalhado porque os primatas da mata orientados para a necessidade de intensificar as
eram vulneráveis: como o vírus desaparece da re- medidas de prevenção. A orientação é que pessoas
gião na década de 1940, não desenvolveram an- em áreas de risco se vacinem.
ticorpos. Logo os macacos passaram a ser mortos NATHALIA PASSARINHO
Adaptado de bbc.com, 06/02/2018.
por seres humanos que temem contrair a doença.
O massacre desses bichos, porém, é um “tiro no
pé”, o que faz crescer a chance de contaminação 09.01. (UERJ) – Para apresentação das teses que explicam
de pessoas. Sem primatas para picar na copa das o avanço da febre amarela, a autora do texto recorre, princi-
árvores, os mosquitos procuram sangue humano. palmente, à seguinte estratégia:
De acordo com o pesquisador Ricardo Lou- a) referências a dilemas
renço, do Instituto Oswaldo Cruz, os mosquitos b) alusão a subentendidos
transmissores da doença se deslocaram do Norte c) construção de silogismo
d) argumentos de autoridade
2 Extensivo Terceirão
Aula 09
Leia:
Adaptado de Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (RJ) – 1844 a 1885
09.02. (UERJ) – Os relatos sobre as 09.04. (UERJ) – No quinto parágrafo, são apresentadas duas hipóteses acerca
ondas epidêmicas de febre amarela da disseminação da febre amarela. A marca verbal que evidencia a formulação
na cidade do Rio de Janeiro aparece- dessas hipóteses é o uso de:
ram com frequência nos periódicos, a) voz ativa
especialmente a partir da década de b) modo subjuntivo
1850. De acordo com o documento c) futuro do pretérito
acima, no início da década de 1870, o d) forma no gerúndio
alastramento da doença era associado
ao seguinte fator:
a) elevação de taxas de natalidade Aperfeiçoamento
b) variação das condições climáticas
c) ingresso de estrangeiros com in- Instrução: Leia o texto para responder às questões 09.05. e 09.06.
fecção
d) insalubridade das residências po- O animal satisfeito dorme
pulares Mário Sérgio Cortella
09.03. (UERJ) – A frase que contém O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satis-
uma explicação do conteúdo da frase feito dorme”. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais
anterior está sublinhada em: fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na
redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão
a) Desde o início de 2017, foram
bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia
confirmados 779 casos, 262 deles vital toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira
resultando em mortes. Trata-se do como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobili-
maior surto da forma silvestre da zando-se na acomodação.
doença já registrado no país.
A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui,
b) Dois inimigos silenciosos vieram encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade,
junto: o vírus da febre amarela e o para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A
mosquito Aedes aegypti. A conse- satisfação acalma, limita, amortece.
quência foi uma série de surtos de
Por isso, quando alguém diz “fiquei muito satisfeito com você” ou
febre amarela urbana no Brasil, com
“estou muito satisfeita com teu trabalho”, é assustador. O que se quer
milhares de mortos. dizer com isso? Que nada mais de mim se deseja? Que o ponto atual é
c) O massacre desses bichos, porém, meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de mim nada mais
é um “tiro no pé”, o que faz crescer além se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavo-
a chance de contaminação de rante; passaria a ideia de que desse jeito já basta. Ora, o agradável é
pessoas. Sem primatas para picar quando alguém diz: “teu trabalho (ou carinho, ou comida, ou aula,
na copa das árvores, os mosquitos ou texto, ou música etc.) é bom, fiquei muito insatisfeito e, portanto,
procuram sangue humano. quero mais, quero continuar, quero conhecer outras coisas.
d) Tanto o homem quanto o macaco, Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina,
quando picados, só carregam o ficamos insatisfeitos, parados, olhando, quietos, para a tela, enquan-
vírus da febre amarela por cerca de to passam os letreiros, desejando que não cesse? Um bom livro não
três dias. Depois disso, o organismo é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos um pouco
produz anticorpos.
Português 3C 3
b) Para o autor, de acordo com o texto, a sensação de satis-
apoiado no colo, absortos e distantes, pensando fação inicia um período de dormência que, infelizmente,
que não poderia terminar? Uma boa festa, um não pode ser interrompida a não ser pela fome excessiva.
bom jogo, um bom passeio, uma boa cerimônia
não é aquela que queremos que se prolongue? c) De acordo com as opiniões do autor, o fato de alguém
dizer “estou muito satisfeita com teu trabalho” deveria ser
Com a vida de cada um e de cada uma tam- visto de maneira assustadora.
bém tem de ser assim; afinal de contas, não nas-
cemos prontos e acabados. Ainda bem, pois estar d) Um bom filme, um bom livro, de acordo com o texto,
satisfeito consigo mesmo é considerar-se termi- deveriam provocar na audiência, no leitor, a sensação de
nado e constrangido ao possível da condição do “quero mais”.
momento. e) Podemos inferir, lendo o texto que, para o autor, o que
Quando crianças (só as crianças?), muitas se desgasta são bens como sapatos, geladeiras, eletrodo-
vezes, diante da tensão provocada por algum mésticos, por exemplo. Com o homem, o que acontece é
desafio que exigia esforço (estudar, treinar, EMA- um constante aprendizado. Tal fato pode ser comprovado
GRECER etc.) ficávamos preocupados e irritados, na passagem: “Nascer sabendo é uma limitação porque
sonhando e pensando: por que a gente já não obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, mo-
nasce pronto, sabendo todas as coisas? Bela e in- dificar. Quanto mais se nasce pronto, mais refém do que já
gênua perspectiva. É fundamental não nascermos se sabe e, portanto, do passado; aprender sempre é o que
sabendo e nem prontos; o ser que nasce sabendo mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações
não terá novidades, só reiterações. Somos seres de que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar.”
insatisfação e precisamos ter nisso alguma dose
de ambição; todavia, ambição é diferente de ga- 09.06. (UNICENTRO – PR) – Assinale a única alternativa
nância, dado que o ambicioso quer mais e me- incorreta sobre os aspectos formais do texto e sua inter-
lhor, enquanto que o ganancioso quer só para si pretação:
próprio. Nascer sabendo é uma limitação porque a) A linguagem apresentada no texto é acessível, de forma que
obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, se pode compreender o texto sem maiores dificuldades.
refazer, modificar. Quanto mais se nasce pronto, b) A palavra “emagrecer”, no texto, foi colocada em destaque.
mais refém do que já se sabe e, portanto, do pas- Tal fato ocorre visto que esse tem sido um dos temas de
sado; aprender sempre é o que mais impede que discussão bastante comuns na atualidade.
nos tornemos prisioneiros de situações que, por c) O autor se vale de comparações (um filme, um livro)
serem inéditas, não saberíamos enfrentar. para reforçar a ideia de que a satisfação pode acomodar
Diante dessa realidade, é absurdo acreditar na as pessoas.
ideia de que uma pessoa, quanto mais vive, mais d) O autor conclui seu texto retomando Guimarães Rosa,
velha fica; para que alguém quanto mais vivesse citado na primeira linha do primeiro parágrafo.
mais velho ficasse, teria de ter nascido pronto e ir e) O texto é encerrado com a oposição do significado das
se gastando… Isso não ocorre com gente, e sim
palavras escuro e claro. Essa oposição é incoerente e
com fogão, sapato, geladeira. Gente não nasce
conduz o leitor a uma reflexão errônea de que, depois
pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta,
e vai se fazendo. Eu, no ano que estamos, sou a da escuridão, sempre vem a luz.
minha mais nova edição (revista e, às vezes, um Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões
pouco ampliada); o mais velho de mim (se é o
09.07. a 09.09.
tempo a medida) está no meu passado e não no
presente.
Viver em cima do muro é prejudicial à saúde
Demora um pouco para entender tudo isso;
Élida Ramirez
aliás, como falou o mesmo Guimarães, “não con-
vém fazer escândalo de começo; só aos poucos é Ocre. Sempre me incomodou essa cor. Sabe
que o escuro é claro”… aquele marrom amarelado? O tal burro fugido?
Excerto do livro “Não nascemos prontos! – provocações filosóficas”. De Mário
Exato isso! Quando vejo alguém com roupa ocre,
Sérgio Cortella. Disponível em: <http://www.contioutra.com/o-animal- tenho maior aflição. Certa feita, entrei em um
satisfeito-dorme-texto-de-mario-sergio-cortella/> consultório médico to-di-nho ocre. Paredes, chão,
quadros. Tive uma gastura horrorosa. A sensação
09.05. (UNICENTRO – PR) – Assinale a única alternativa é que o ocre existe no dilema de não ser amarelo
incorreta em relação à leitura e à interpretação do texto. nem marrom. Invejando o viço das outras colo-
rações definidas e nada fazendo para mudar sua
a) Podemos inferir que, através de uma metáfora, presente
tonalidade. Isso explica meu desconforto. O ocre,
no primeiro parágrafo, o autor introduz a ideia principal
para mim, ultrapassa o sentido de cor. Ele dá o
do texto: o indivíduo acomoda-se quando está satisfeito tom da existência do viver em cima do muro. E
com a sua condição atual. conviver com gente assim é um transtorno.
4 Extensivo Terceirão
Aula 09
É fato que a tal “modernidade líquida”, definida Recorro outra vez a Bauman para esclarecer:
por Bauman, favorece o comportamento. Pense- “Escapar da incerteza é um ingrediente fundamen-
mos. Segundo o sociólogo, a globalização trouxe o tal presumido, de todas e quaisquer imagens com-
encurtamento das distâncias, borrando fronteiras. pósitas da felicidade genuína, adequada e total,
E, ao reconfigurar esses limites geográficos, mudou sempre parece residir em algum lugar à frente”. Por
a concepção de si do sujeito bem como sua relação isso, atenção! Viver em cima do muro é prejudi-
com as instituições. Muito rapidamente houve um cial à sua própria saúde. Facilita a queda e impede
esfacelamento de estruturas rígidas como a família novos caminhos. Um deles, o da alegria de poder
e o estado. Essa mudança do sólido para líquido ser. Talvez seja isso a que Bauman se refere quando
detonou o processo de individualização genera- trata da fuga da incerteza para alcançar a felicidade
lizado no mundo ocidental reforçando o concei- genuína. E, pensando bem, desconheço imagem
to de que “Nada é para durar” (Bauman). Então, de alegria predominantemente ocre.
desse jeito dá para ser mutante pleno nesse viver Texto adaptado e disponível em: <https://www.revistabula.com/16514-viver-
em cima do muro. Nem amarelo ou marrom. Ocre. em-cima-do-muro-e-prejudicial-a-saude/>. Acesso em: 14 de ago. 2018.
Por isso, discursos ocos de pessoas com persona-
lidades fluidas ganham espaço. E vão tomando a 09.07. (UNICENTRO – PR) – O título recorre a um enunciado
forma do ambiente, assim como a água. Uma fusão que circula cotidianamente nas campanhas/propagandas
quase nebulosa que embaça o comprometimento. contra o tabagismo. Tal procedimento constitui o que se
Nota-se ainda certo padrão do viver em cima do chama de
muro. Como uma receitinha básica. Vejam só: Mis- a) ambiguidade
ture meias palavras em um discurso politicamente
b) pertinência
correto. Inclua, com ar de respeito, a posição con-
trária. Cozinhe em banho-maria. Deixe descansar, c) pressuposição
para sempre, se puder. Se necessário, volte ao fogo d) intertextualidade
brando. Não mexa mais. Sirva morno. Viu? Sim- e) homonímia
ples de fazer. Difícil é digerir.
09.08. (UNICENTRO – PR) – O texto permite afirmar que
É porque, na prática, a legião de ocres cau-
a) o sujeito indeciso adoece por não ser capaz de enfrentar
sa a maior complicação. Quem vive do meio de
os problemas da vida na modernidade líquida de que fala
campo, sem decidir sua cor publicamente, não
tem o inconveniente de arcar com as escolhas. o sociólogo Bauman.
Quase nunca se tornará um desafeto. Fará pou- b) a modernidade líquida, geradora das possíveis doenças
co e, muitas vezes, será visto com um sujeito co- de pessoas indecisas, contrapõe-se às mudanças trazidas
medido. Quem não escolhe tem mais liberdade pelo processo de globalização em que vivemos.
para mudar de ideia. Não fica preso ao dito an- c) o discurso oco ocorre quando o sujeito passa a ter uma
teriormente. Exatamente porque não disse nada. posição definida, comprometendo-se com uma única
Não se comprometeu com nada. Apenas proferiu opinião, proveniente de outras pessoas.
ideias genéricas e inconclusivas estando liberado d) as pessoas que “vivem em cima do muro” alcançam a “fe-
para transitar por todos os lados, segundo sua licidade genuína”, pois não precisam entrar em embates.
necessidade. Ao estar em tudo não estando em
e) a autora se posiciona de modo contrário às pessoas inca-
nada, seja para evitar responsabilidades, não se
pazes de formular um posicionamento, embora reconhe-
expor à crítica ou fugir de polêmicas, o em cima
do muro se esconde, sobrecarrega e expõe aqueles ça que “todos temos medos que nos impedem de agir”.
que bancam opiniões. 09.09. (UNICENTRO – PR) – De acordo com o texto, um
Portanto, conviver com quem não toma posi- dos ingredientes da “receitinha básica” para se viver em
ção, de forma crônica, atrasa a vida. Ao se esquivar cima do muro é misturar “meias palavras em um discurso
de escolher, o indivíduo condena o outro a fazê-lo politicamente correto”. Disso depreende-se que é necessário
em seu lugar. Reconheço que, às vezes, a gente a) dizer palavras simples e claras como o fazem os políticos.
leva tempo para se decidir por algo. Todos temos b) dizer palavras de fácil entendimento de modo a deixar
medos que nos impedem de agir. Mas ouso dizer: claro o comprometimento.
nunca tomar partido nas situações é covardia. Pa-
c) tentar neutralizar a linguagem, de modo a ir de encontro
rece, inclusive, que o viver em cima do muro é
mais confortável que a situação do mau-caráter. É à liberdade de expressão das pessoas.
que o sacana, ao menos, se define. Embora atue d) usar palavras taxativas que desconsideram os princípios
na surdina, sua ação reflete um posicionamento. clássicos da moral, da ética e dos bons costumes.
Já o indefinido, não. Ele vive na toada do alheio. e) dizer palavras evasivas, evitando polêmicas e embates.
E, curiosamente, também avacalha o próprio per-
curso por delegar ao outro a sua existência.
Português 3C 5
Instrução: Leia o texto para responder à questão 09.10. d) poderia também se referir às festas de junho, já que se
refere a festas com as mesmas características.
Festas julinas? e) tem fácil explicação, porém designa uma festividade cujo
Houve um tempo em que as festas dedicadas nome original extrapola a relação temporal.
aos três santos mais populares do Brasil – Santo
Antônio, São João e São Pedro – eram comemo-
radas nos dias 13, 24 e 29 de junho. Não é por
Aprofundamento
acaso que elas caíam sempre nessa quadra do ano; Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões
na origem, elas eram grandes festas pagãs que
09.11. e 09.12.
saudavam a chegada do solstício de verão ao he-
misfério norte, mais tarde fagocitadas pelo calen-
dário católico. Como ninguém pensaria em pular O verdadeiro otimista tem o dom de
fogueira, dançar a quadrilha e encenar um casa- saber que algo vai dar certo não por
mento na roça em qualquer outro mês do ano, a presunção, mas simplesmente por
denominação festa junina servia como uma luva.
acreditar que a força que define o
Nos últimos dez anos, contudo, um certo senso que vai dar certo ou errado em sua
prático terminou desvinculando a festa do seu dia vida está em seu interior, em suas
correspondente na folhinha. O certo é que, seja por competências, em sua fé. (Luís Alves)
conveniência, seja por necessidade, a festa de São
João hoje pode ocorrer em outros dias que não o ALVES, Luis. O verdadeiro otimista. Disponível em: <https://
24 de junho, às vezes até invadindo o mês seguinte. www.mundodasmensagens.com/mensagens-incentivo/>.
Acesso em: 11 jul. 2016.
Como era de esperar, essas alterações cronoló-
gicas vieram criar uma indecisão quanto à manei-
09.11. (UNICENTRO – PR) – Segundo Luís Alves, a
ra adequada de designar essas festas. Inimigo do
“julina” eu não sou – apenas acho que ela, ape- a) crença no destino faz a pessoa sonhar e, assim, aguardar,
sar da boa intenção dos que a divulgam, é uma sem ansiedade, o porvir.
criação desnecessária e equivocada. A língua não b) confiança nas próprias aptidões move o indivíduo à ação
gosta de supérfluos... O argumento dos que de- e se traduz em resultados positivos.
fendem julina não é absurdo; bastaria preencher a c) responsabilidade das conquistas humanas reside na
linha pontilhada: se a festa que ocorre em junho certeza do homem de que nasceu para ser feliz.
é junina, a que ocorre em julho deveria ser .... d) esperança dá asas à imaginação, que desperta o desejo
Sinto dizer, porém, que não é assim que acontece. na pessoa de batalhar para vencer obstáculos.
O adjetivo “junino” há muito deixou de constituir
e) luta em busca das metas traçadas já é meio caminho
uma simples referência ao mês do calendário e
andado para a consecução do que foi planejado.
passou a designar um tipo muito especial de festa,
com características muito bem definidas. 09.12. (UNICENTRO – PR) – Sobre o termo destacado no
Se algum de teus colegas quiser comemorar trecho “mas simplesmente por acreditar”, a única afirmativa
o aniversário de seu filhinho com uma típica fes- incorreta é a que se faz na alternativa
ta junina, tenho certeza de que vai providenciar a) Expressa a ideia de exclusão.
uma boa fogueira, vai soltar balão (com a devida b) Possui o mesmo valor morfológico de “não”.
prudência), vai contratar um bom D.J. sanfonei- c) É um modificador de “acreditar”, que exprime modo.
ro, servir quentão (para os adultos), pipoca, pé
de moleque e pinhão (nos estados do Sul) – mes- d) Pode ser substituído, sem prejuízo de sentido, por me-
mo que o aniversariantezinho tenha nascido em ramente.
maio, em julho ou em setembro. e) Indica impossibilidade de deslocamento para depois do
Cláudio Moreno. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/colu-
verbo.
nistas/claudio-moreno/noticia/2017/06/festas>. Acesso em: 29/06/2017.
(Fragmento) Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões
09.13. e 09.14.
09.10. (FPP – PR) – De acordo com o texto, a palavra “julina”
em “festa julina” Quebra a perna
a) refere-se a um tipo de celebração que o nome “junina” P1 Uma mulher tornou-se moradora de rua
não consegue mais indicar com precisão. no Largo do Paiçandu, no centro de São Paulo,
b) é um neologismo criado para deturpar o mês de come- por ter sido despejada com outros moradores do
moração das festas dos três santos. edifício que haviam invadido, ali na praça, e que
c) passa pela mesma formação que “junina”, o que persuade acabou desabando depois de um incêndio. Ela
o autor de que seu uso é útil e legítimo.
6 Extensivo Terceirão
Aula 09
decidiu ficar acampada em frente da ruína. “Só P5 Para ilustrar o problema, o palestrante men-
saio daqui com a chave da minha casa na mão”, ciona o maior astro do basquetebol do momento,
declarou. O desabamento, em sua opinião, lhe LeBron James – e diz ironicamente que, em nome
deu o direito de ganhar uma casa “do governo” da igualdade, ele teria o direito de entrar numa
– e ela não estava disposta a procurar outro lugar quadra de basquete com LeBron e exigir chan-
para morar. ces iguais de vitória numa partida entre os dois.
P2 Sua reivindicação foi tratada como a coisa Como? Obviamente ele não teria condições de fa-
mais normal do mundo. Não ocorreu a ninguém zer um único ponto contra o campeão. Também
que só a população pode pagar essa e qualquer não pode aprender grande coisa de basquete se
outra despesa feita em nome do público, pois só não tem talento para esse esporte. A solução para
ela trabalha, produz e ganha o dinheiro que o go- uma disputa igual só poderia ser quebrar as duas
verno lhe arranca para, basicamente, sustentar a pernas de LeBron, possivelmente também um
si mesmo. braço – isso sim, seria fazer justiça. Engraçado,
não é mesmo? Pois isso se observa todos os dias.
P3 Eis aí uma ilustração do delírio a que foi re-
Como não podem quebrar de verdade as pernas
duzida a “questão social” neste País. Aqui se gri-
dos que estão acima, socam impostos neles, cada
ta cada vez mais alto em favor da igualdade – e
vez mais. É assim que pretendem criar igualdade
aqui se faz cada vez mais o contrário de tudo o
para a mulher do Largo do Paiçandu.
que poderia tornar as pessoas menos desiguais
entre si. Não haverá esperança para essa mulher, (*) Yaron Brook.
e para todos os que vivem no mesmo abismo, Disponível em: <https://www.youtube.com/watch>.Acesso em: 28 jun. 2018
enquanto praticamente todas as forças políticas e (Adaptado de: GUZZO, J.R. Veja, 28 jun. 2018)
Português 3C 7
Os itens a seguir estão relacionados, respectivamente, às
frases acima. Todas as versões propostas têm como referência do estudo, Flavia Alcântara Gomes, do Instituto
a norma culta. Avalie as afirmativas. de Ciências Biomédicas da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (ICB/UFRJ).
( ) Outra redação correta, com o mesmo sentido – Como
o desabamento lhe deu o direito de ganhar uma casa (Disponível em: https: br.noticias.yahoo.com/cientistas-brasileiros-
descobrem-maneira-de-deter-o-mal-de-alzheimer. Acesso em: 23 jun. 2017.)
“do governo”, ela não estava disposta a procurar outro
lugar para morar.
( ) Uma versão correta, com o sentido essencial da frase 09.15. (UEL – PR) – Assinale a alternativa que apresenta,
– Embora por aqui se clame cada vez mais pela igual- corretamente, um fato confirmado pelo texto.
dade, faz-se cada vez mais o oposto do que poderia a) Cientistas brasileiros descobriram a cura do mal de
reduzir as desigualdades entre as pessoas. Alzheimer.
( ) Uma versão correta, com o sentido essencial da frase b) A pesquisa serve como medida preventiva da doença.
– Nessa perspectiva, a redução das desigualdades tem c) O Alzheimer é uma doença degenerativa, de origem
de ser obtida já, por aumento de tributação e ação po- inflamatória.
lítica, e não por meio da criação de riquezas, de avan-
ços na educação, da multiplicação das oportunidades. d) A pesquisa da UFRJ é pioneira no mundo.
( ) Outra versão correta, com o mesmo sentido – O autor e) O Brasil é líder mundial do mal de Alzheimer.
de uma palestra de jovens nos Estados Unidos observa 09.16. (UEL – PR) – Sobre os recursos linguístico-semânticos
que, hoje, tanto a essência da moral das ideias como utilizados no texto, considere as afirmativas a seguir.
das ações da vida pública é a pregação da igualdade
I. As aspas revelam o depoimento da pesquisadora e indi-
entre todos.
cam o discurso direto.
( ) Outra versão correta – Ele não teria condições de fazer
um único ponto contra o campeão, nem de aprender II. As informações entre parênteses são indispensáveis, pois
grande coisa de basquete, se não tem talento para esse acrescentam dados imprescindíveis.
esporte. A solução, para uma disputa “justa”, só poderia III. A palavra “quando”, destacada no texto, apresenta um
ser quebrar as duas pernas de LeBron. sentido condicional.
IV. O termo “eles”, destacado no texto, concorda com a ideia
Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões de plural do seu referente. Assinale a alternativa correta.
09.15. a 09.17.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
Cientistas da Universidade Federal do Rio c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
de Janeiro (UFRJ) descobriram uma forma de d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
diagnosticar e tratar o Mal de Alzheimer, doença e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
degenerativa que mais afeta pessoas no mundo,
especialmente na velhice. Em animais, o método 09.17. (UEL – PR) – Em relação aos recursos linguísticos e
interrompeu o processo de perda de funções do morfossintáticos do texto, considere o trecho a seguir.
cérebro causado pela doença. A descoberta foi um
dos destaques na revista Journal of Neuroscience, De acordo com reportagem do jornal O Glo-
uma das principais publicações científicas. De bo, o alvo do estudo foram os astrócitos, tipo de
acordo com reportagem do jornal O Globo, o alvo célula cerebral considerada secundária até há al-
do estudo foram os astrócitos, tipo de célula ce- guns anos. Sem eles, as mensagens químicas que
rebral considerada secundária até há alguns anos. fazem o cérebro comandar o organismo não são
Sem eles, as mensagens químicas que fazem o cé- enviadas.
rebro comandar o organismo não são enviadas.
As mensagens químicas são destruídas por
uma substância inflamatória chamada oligôme- Assinale a alternativa correta.
ro ab e os pesquisadores descobriram que eles a) O sujeito do verbo “foram” está implícito, já que é impos-
atacam os astrócitos. O resultado é que as célu- sível identificá-lo na oração.
las deixam de produzir uma substância essencial b) A expressão “tipo de célula cerebral considerada secun-
para a comunicação chamada TGF-b1, uma mo- dária” é um aposto do termo anterior.
lécula que pode ser sintetizada e, quando dada c) O uso do termo “até” junto à palavra “há” é inadequado,
aos camundongos, fez com que a memória deles segundo a norma padrão da língua.
voltasse. “O que descobrimos não significa a cura,
d) O pronome “eles” faz referência aos “pesquisadores”, cita-
mas uma estratégia para conter o avanço da doen-
dos anteriormente no texto.
ça. Também pode ser um indicador do Alzheimer,
quando as perdas de função cognitiva ainda não e) O termo “que” pode ser substituído por “o qual”, pois
são evidentes”, disse ao GLOBO a coordenadora retoma “o cérebro”.
8 Extensivo Terceirão
Aula 09
Português 3C 9
b) Nos trechos acima, as expressões “O marido era na Terra o seu deus” e “só Nossa Senhora pode ser melhor que mamãe”
dão, respectivamente, exemplos de duas formas contrastantes de organização familiar, o patriarcado e o matriarcado. Você
concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta com base em ambas as passagens.
a) Em ambos os textos, o assombro de quem vê decorre das avaliações contrastantes sobre quem é visto. Justifique essa
afirmação com base em cada um dos textos.
b) O conto de Rosa e o poema de Drummond valem-se de uma mesma figura de linguagem. Explicite essa figura e justifique
sua resposta.
10 Extensivo Terceirão
Aula 09
Produção de textos
Proposta 01
Leia o texto a seguir:
“[...] em a Condição Humana, Arendt ressalta que os direitos humanos pressupõem a cidadania como um
princípio, pois a privação da mesma repercute na condição humana, isto porque o ser humano, privado de
proteção conferida por um estatuto político, esvazia-se da sua substância de ser tratado pelos outros como
semelhante. Dessa forma, destaca-se que o primeiro direito humano é o direito a ter direitos, o que só é
possível mediante o pertencimento, pelo vínculo da cidadania, a algum tipo de comunidade juridicamente
organizada e ser tratado dentro dos parâmetros definidos pelos princípios da legalidade.”
(Disponível em: <http://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/sidspp/article/view/16043/3933> com adaptações)
(UNICENTRO – PR) – A situação alarmante de milhares de exilados na Europa traz a lume a necessidade de reflexão, novamente,
sobre a situação dos apátridas no mundo. Nacionalismos exaltados e xenofobia convivem em um cenário que tem gradati-
vamente marginalizado a manutenção dos direitos humanos, pois eles se tornam frágeis quando o apego ao nacionalismo
extremado cresce. Onde há nacionalismos, também há xenofobia.
Após refletir sobre o tema e, com base nas ideias apontadas pelo fragmento em destaque, escreva, na norma-padrão da
língua portuguesa, um texto dissertativo, argumentando de forma crítica e contextualizada sobre a situação de pessoas
em condição de exílio no mundo, em pleno século XXI. Relacione esse ato de violência a ações de xenofobia, a partir de
exemplos concretos sobre esta questão.
Português 3C 11
Proposta 02
Considere os textos a seguir como referência para o desenvolvimento de sua redação.
Texto 01
O que há de errado com a desigualdade do ponto de vista ético? É óbvio que a desigualdade não é um mal
em si – o que importa é a legitimidade do caminho até ela. A questão crucial é a seguinte: a desigualdade ob-
servada reflete essencialmente os talentos, esforços e valores diferenciados dos indivíduos ou, ao contrário,
resulta de um jogo viciado na origem – de uma profunda falta de equidade nas condições iniciais de vida, da
privação de direitos elementares? [...]
O Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do planeta. No ranking da distribuição de renda,
somos a segunda nação mais desigual do G-20, a quarta da América Latina e a 12º do mundo. Esse quadro
é fruto de uma grave anomalia: a brutal disparidade nas condições iniciais de vida e nas oportunidades de
nossas crianças e jovens de desenvolverem adequadamente suas capacidades e talentos, de modo a ampliar
seu leque de escolhas possíveis e eleger seus projetos, apostas e sonhos de vida.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Igualdade de quê?. Disponível em: <www.folha.uol.com.br>. Acesso em: 27 jul. 2018)
Texto 02
Qual a alternativa para a desigualdade? Alguém vê alguém igual a alguém? Há uma grande confusão acer-
ca da ideia de igualdade. A Declaração diz “todos os homens são criados igualmente”. Mas em que sentido
o termo “igualdade” é referido pelos “pais fundadores” (Founding Fathers, em referência aos fundadores
dos Estados Unidos)? Igualdade de resultados? Obviamente que não. Igualdade de oportunidades? Os pais
fundadores julgavam que tínhamos que ter oportunidades iguais? Mas não há igualdade de oportunidades
no mundo real.
O que os pais fundadores estavam afirmando era a igualdade perante a lei. Todos nós temos direitos;
temos direito à vida, direito ao livre arbítrio, a escolher os meios de alcançar a própria felicidade. Isso não
garante igualdade de resultados nem igualdade de oportunidades; mas garante liberdade, porque toda a
outra forma de igualdade – de oportunidade, de resultados – requer o quê? Requer o uso da força, o uso da
coerção; requer tirar de alguns para dar a outros. Requer dar ao Estado esse poder. E os resultados estão à
vista de todos nos últimos dois séculos.
Como lidar com o fato de que pessoas têm talentos e inteligências totalmente diferentes? Alguns nascem
em famílias pobres, outros em famílias ricas; uns têm mais vontade e determinação, outros menos; alguns
têm pais bacanas, outros não tanto; há aqueles que nasceram no Alasca, outros em Nova York, outros em
tribos indígenas. A tentativa de igualar requer que você viole os direitos de algumas pessoas, tornando-as
menos iguais perante a lei, para dar a outras pessoas, dando a elas tratamento preferencial perante a lei. E é
exatamente a isso que os pais fundadores se opunham.
(Adaptado de: BROOK, Yaron. A virtude da desigualdade. Disponível em: <www.youtube.com.br>. Acesso em: 27 jul. 2018)
12 Extensivo Terceirão
Aula 09
Texto 03
O leito de Procusco
Procusto, personagem da mitologia grega, vivia perto da estrada de Eleusis, a alguns quilômetros de
Atenas. De acordo com a lenda, construiu um leito metálico do exato tamanho de seu corpo. Aos hóspedes
que fossem maiores que o leito, Procusto amputava-lhes o excesso. Aos que fossem menores, esticava-os até
ficarem de conformidade com o móvel.
O viajante nunca se adaptava porque, secretamente, Procusto possuía duas camas de tamanho diferente
(duas medidas). O horror só teve fim quando o herói Teseu lhe aplicou o mesmo suplício: colocou-o na cama
em sentido transversal, de forma a sobrarem a cabeça e os pés, que foram amputados pelo herói.
(Adaptado do disponível em: <www.mitologica.blogs.sapo>. Acesso em: 15 jun. 2018)
(FEMPAR – PR) – Redija um texto dissertativo-argumentativo (20 a 35 linhas; mínimo 4 parágrafos) sobre a questão que se
segue. Assuma um posicionamento e argumente-o devidamente.
Português 3C 13
Proposta 03
Leia a charge e as letras das músicas a seguir.
Amor de Malandro
Francisco Alves (Gravação de 1929)
Vem, vem
Que eu dou tudo a você
Menos vaidade
Tenho vontade
Mas é que não pode ser
O amor é o do malandro
Oh! Meu bem
Melhor do que ele ninguém
Se ele te bate
É porque gosta de ti
Pois bater-se em quem
Não se gosta
Eu nunca vi
(Disponível em: < www.cifraclub.com.br/franciscoalves/ 1743969/letra/>.
(Revista Kodak, ano II, nº 44, 15 de junho de 1918.) Acesso em: 18 jul 2017).
14 Extensivo Terceirão
Aula 09
(UEL – PR) – As letras das músicas e a charge abordam uma temática que tem raízes históricas e ideológicas. Redija um texto
opinativo, de 10 a 14 linhas, que discuta o tema em questão. Não há a necessidade de assinar o seu texto.
Português 3C 15
Gabarito
09.01. d curtas e repetição de vocábulos com que tece considerações
09.02. d sobre ambas as figuras paternas, através do uso de verbos no
09.03. c presente do indicativo.
09.04. c b) As expressões “O marido era na Terra o seu deus” e “só Nossa Se-
09.05. b nhora pode ser melhor que mamãe” não podem ser considera-
09.06. e das, respectivamente, como exemplos de visões contrastantes
09.07. d da organização familiar, o patriarcado e o matriarcado. No texto
09.08. e I, o narrador desvaloriza a figura materna no contexto familiar
09.09. e (“Minha mãe era uma senhora fraca, de pouco cérebro”,” caseira,
09.10. e apesar de bonita”, “temente às trovoadas e ao marido”). Também
09.11. b no texto II, o narrador, apesar da ligação afetiva que o aproxima
09.12. e mais da mãe, reconhece que, socialmente, a figura paterna é
09.13. F-V-V-F-V mais reverenciada e elogiada do que a materna.
09.14. F-V-F-F-V 09.20. a) Tanto o excerto de “Conversa de bois” como o de “Um boi vê os
09.15. c homens” transcrevem reflexões dos animais sobre a condição
09.16. b humana. No primeiro, o boi Dançador constata a supremacia do
09.17. b Homem sobre os irracionais pelo fato de ser provido de mãos:
09.18. e “O homem tem partes mágicas… São as mãos”. Já no segun-
09.19. a) Nos trechos citados no enunciado, os retratos dos pais realizados do, as reflexões recaem sobre a natureza íntima do ser humano,
por seus filhos diferem na perspectiva temporal dos narradores, desprovida de atributos essenciais que pudessem torná-lo mais
na linguagem e na visão da figura paterna no contexto familiar sensível ao mundo que o rodeia:” Certamente falta-lhes/não sei
de cada um. Em “Memórias póstumas de Brás Cubas”, o narrador que atributo essencial”, “não escutam/ nem o canto do ar nem os
é um homem adulto, com linguagem elaborada e intencional- segredos do feno”.
mente irônica, que relembra a sua infância de forma distante, b) O conto de Rosa e o poema de Drummond, por apresentarem
através de verbos, predominantemente, no pretérito imperfei- conceitos elaborados por seres irracionais, valem-se da proso-
to do indicativo. Em “Minha vida de menina”, o narrador é uma popeia ou personificação, figura de linguagem pela qual o autor
criança que o leitor identifica na linguagem simples de frases atribui características humanas a seres inanimados ou a animais.
16 Extensivo Terceirão
Português
Aula 10 3C 1B
Estratégias argumentativas II
Português 3C 17
Testes
10.01. (UERJ) – A flutuação do gosto em relação aos poetas
Assimilação é normal, como é normal a sucessão dos modos de fazer
poesia. (1º. parágrafo). A relação que se estabelece entre essa
Instrução: Leia o texto para responder às questões 10.01. declaração inicial do crítico Antonio Candido e o restante de
a 10.03. seu texto pode ser definida pela seguinte sequência:
a) problema – solução
Um poema de Vinicius de Moraes b) abstração – realidade
A flutuação do gosto em relação aos poe- c) pressuposição – asserção
tas é normal, como é normal a sucessão dos d) generalização – particularização
modos de fazer poesia. Pelo visto, Vinicius de
Moraes anda em baixa acentuada. Talvez o seu 10.02. (UERJ) – A articulação do primeiro com o segundo
prestígio tenha diminuído porque se tornou can- parágrafo revela o seguinte eixo principal da argumentação
tor e compositor, levando a opinião a considerá-lo do crítico:
mais letrista do que poeta. Mas deve ter sido tam- a) valorização de versos coloquiais
bém porque encarnou um tipo de poesia oposto b) descrição de uma poética singular
a certas modalidades para as quais cada palavra
c) contestação de artistas modernos
tende a ser objeto autônomo, portador de manei-
ra isolada (ou quase) do significado poético. d) exaltação de uma obra convencional
Na história da literatura brasileira ele é um 10.03. (UERJ) – Com base nas ideias apresentadas no texto,
poeta de continuidades, não de rupturas; e o a metáfora um raro malabarista sugere que o poeta articula
nosso é um tempo que tende à ruptura, ao triun- os seguintes aspectos em sua poesia:
fo do ritmo e mesmo do ruído sobre a melodia,
a) humor e seriedade
assim como tende a suprimir as manifestações
da afetividade. Ora, Vinicius é melodioso e não b) tradição e inovação
tem medo de manifestar sentimentos, com uma c) erudição e formalismo
naturalidade que deve desgostar as poéticas de d) musicalidade e silêncio
choque. Por vezes, ele chega mesmo a cometer o
pecado maior para o nosso tempo: o sentimenta- Instrução: Leia o fragmento que segue para responder à
lismo. Isso lhe permitiu dar estatuto de poesia a questão 10.04.
coisas, sentimentos e palavras extraídos do mais
singelo cotidiano, do coloquial mais familiar e até No Brasil, um dos principais mecanismos de
piegas, de maneira a parecer muitas vezes um se- apoio às vítimas de violência contra a mulher é
resteiro milagrosamente transformado em poeta o Ligue 180, acessado gratuitamente de qualquer
maior. João Cabral disse mais de uma vez que sua lugar. O canal registrou, em 2016, aumento de
própria poesia remava contra a maré da tradição 51% no número de denúncias em todo o país,
lírica de língua portuguesa. Vinicius seria, ao con- em relação ao ano anterior. No total, 1 milhão e
trário, alguém integrado no fluxo da sua corrente, 300 mil denúncias foram registradas: 50% sobre
porque se dispôs a atualizar a tradição. Isso foi violência física, 31% sobre violência psicológica e
possível devido à maestria com que dominou o 5% sobre violência sexual. Em 65% dos casos, a
verso, jogando com todas as suas possibilidades. violência foi praticada por homens contra as com-
Ele consegue ser moderno usando metrifica- panheiras. E em 38%, o relacionamento entre a
ção e cultivando a melodia, com uma imaginação vítima e o agressor tem mais de 10 anos de dura-
renovadora e uma liberdade que quebram as con- ção (dados divulgados pela Agência Brasil).
venções e conseguem preservar os valores colo- Disponível em:<HTTP://sociologia.uol.com.br/a-violencia-contra-a-mulher> .
Acesso em: 20/06/17. (Excerto)
quiais. Rigoroso como Olavo Bilac, fluido como
o Manuel Bandeira dos versos regulares, terra a
terra como os poemas conversados de Mário de
Andrade, esse mestre do soneto e da crônica é um 10.04. (FPP – PR) – Com base na análise dos dados forne-
raro malabarista. cidos pelo texto, é possível constatar que
ANTONIO CANDIDO Adaptado de Teoria e debate, nº. 49. São Paulo: Fundação a) os parceiros representam o maior número de agressores
Perseu Abramo, out-dez, 2001. em registro de violência conta a mulher no Brasil.
b) a figura do agressor de mulheres está intimamente ligada
a relacionamentos casuais.
18 Extensivo Terceirão
Aula 10
Português 3C 19
10.07. (FPP – PR) – Assinale a alternativa que contempla a II. A intensidade do fenômeno de uma erupção solar é
ideia principal do texto acima. calculada em laboratório pelos estudiosos, em um tra-
a) A Domino’s consolida a investida em robótica, em parceria balho de equipe.
com a Ford, ao entregar pizza em carros sem motoristas III. Quando os alertas sobre uma tempestade solar são
e, sem a Ford, ao empregar robôs para servir os clientes acionados, é necessário tomar precauções para evitar
e utilizar drone para entregar acepipe. acidentes e explosões na Terra.
b) A Domino’s decidiu investir em robótica ao fazer uma parceria IV. O segundo parágrafo aponta medidas possíveis para
com a Ford para entregar pizzas sem o auxílio de humanos, evitar explosões no universo, relativas aos satélites e aos
nos Estados Unidos, na Austrália, e na Nova Zelândia. geradores. V. Duas preparações diminuem o risco de ra-
c) A Domino’s entregará pizzas com carros sem motoristas e diação: os astronautas se recolhem para partes protegidas
utilizará robôs e drone para atender os clientes. do laboratório orbital e a rota de aviões é refeita.
d) A robotização do serviço de entrega de pizzas, em parceria A sequência que apresenta a avaliação CORRETA das afirma-
com a Ford, com carros sem motorista, foi consolidada pela ções anteriores é:
Domino’s, antes de qualquer outra inciativa nesse setor. ( ) V – F – F – V – V.
e) A última atividade da Domino’s em servir pizza, sem o ( ) V – F – V – F – V.
auxílio de humanos, foi o uso de drone e robôs para a ( ) V – V – V – F – F.
entrega do produto em domicílio. ( ) F – F – V – V – V.
( ) F – V – F – V – F.
Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões
10.08. e 10.09. 10.09. (FPP – PR) – As expressões o próximo passo (primei-
ro parágrafo), quando (segundo parágrafo), outra medida
e frequentemente (terceiro parágrafo), estabelecem com
Ao avistar uma erupção solar que possa ge- as ideias do texto, respectivamente, uma relação de
rar uma tempestade aqui na Terra, pesquisadores ( ) sequência, tempo, alteração e intensidade.
precisam estimar a sua direção, para saber se ela ( ) soma, possibilidade, adição e modo.
realmente chegará ao planeta. O próximo passo ( ) adição, tempo, alternância e meio.
é estimar a sua intensidade, tarefa de um satélite ( ) soma, dúvida, possibilidade e intensidade.
que fica localizado no meio do caminho até o Sol. ( ) adição, tempo, adição e tempo.
E então, ao chegar aqui, a tempestade pode, ou
não interagir com o nosso campo magnético. Instrução: Leia o texto para responder à questão 10.10.
Quando soam os alertas sobre uma tempes-
tade solar, algumas preparações devem ser feitas Você já deve ter experimentado algum refrige-
para evitar desastres. Satélites de comunicação rante de guaraná, presença quase certa nas festas
diminuem as suas atividades e alguns geradores de aniversário. Mas você já parou para imaginar
de eletricidade (especialmente nos polos da Terra, qual a origem do fruto?
onde a carga de radiação recebida é mais intensa),
para que não haja risco de explosão. O guaraná é originário da Amazônia e é funda-
mental na cultura e nos rituais dos Sateré Mawé,
Além disso, astronautas da Estação Espacial grupo indígena que vive no Amazonas, e que se
Internacional precisam se recolher para partes consideram os “filhos do Guaraná”. Toda a socie-
mais protegidas dentro do laboratório orbital, dade se envolve nas etapas de beneficiamento do
para não ficarem muito expostos à radiação. Ou- fruto, desde a colheita, no período das chuvas,
tra medida necessária é refazer a rota de aviões entre novembro e março.
que viajam entre a Ásia e a América do Norte que,
frequentemente, passam pelo Polo Norte – por Este é um período de vida social intensa,
causa da radiação, os sistemas de localização e quando os Sateré Mawé restauram as suas forças.
de rádio das aeronaves podem parar de funcio- Entre eles, o guaraná é consumido ralado na água
nar, colocando os passageiros e os tripulantes em e bebido em grandes quantidades por adultos e
grande risco. crianças. O preparo fica a cargo de uma mulher
(esposa ou filha do anfitrião) que, quando che-
Disponível em: <www.revistagalileu.globo.com>. Acesso em: 14/07/2018.
ga à quantidade correta de guaraná ralado, passa
a cuia com a bebida para o seu marido, que em
10.08. (FPP – PR) – Leia as afirmações a seguir e marque seguida passa para todos os presentes – primeira-
com V as opções verdadeiras e com F as falsas, de acordo mente os mais velhos ou visitantes ilustres – se-
com o excerto. guindo de mão em mão até retornar ao dono da
I. Ao detectar a possibilidade de uma tempestade solar na casa e à sua mulher. Ela, então, prepara mais uma
rodada da bebida.
Terra, os pesquisadores precisam calcular sua direção para
então tomar medidas preventivas. <https://tinyurl.com/zy6cmm6> Acesso em: 10.02.2017. Adaptado.
20 Extensivo Terceirão
Aula 10
Português 3C 21
d) ( ) Considerando a perspectiva da Funai, não caberia
incluir as mortes de bebês indígenas no Mapa da mão do contemporâneo. Enquanto o mundo se
Violência de 2015. expande, se reproduz e acelera, a literatura con-
trai, pedindo que paremos para um mergulho
e) ( ) Os termos cultura indígena, integridade dos índios “sem resultados” em nosso próprio interior. Sim:
e identidade apresentam uma relação de sinonímia a literatura – no sentido prático – é inútil. Mas ela
no texto. apenas parece inútil.
A literatura não serve para nada – é o que
10.12. (FEMPAR – PR) – Considere as frases a seguir.
se pensa. A indústria editorial tende a reduzi-la
( 1 ) A índia contou a parentes que ficou triste, pois queria
a um entretenimento para a beira de piscinas e
cuidar da criança. Mas entendeu que era a tradição de
as salas de espera dos aeroportos. De outro lado,
sua gente.
a universidade – em uma direção oposta, mas
( 2 ) Há também mortes de gêmeos ou por suspeita de que
igualmente improdutiva – transforma a literatu-
a mãe cometeu adultério ou foi estuprada.
ra em uma “especialidade”, destinada apenas ao
( 3 ) Não se deve criminalizar o índio, mas tem de agir para
gozo dos pesquisadores e dos doutores. Vou dizer
salvar essas vidas.
com todas as letras: são duas formas de matá-la.
( 4 ) A morte dos bebês faz parte da vida cultural desses
A primeira, por banalização. A segunda, por um
povos e não cabe ao homem branco entender ou in-
esfriamento que a asfixia. Nos dois casos, a lite-
terferir.
ratura perde sua potência. Tanto quando é vista
( 5 ) O projeto tira a garantia desses povos à sua identidade.
como “distração”, quanto quando é vista como
Os itens a seguir estão relacionados, respectivamente, às “objeto de estudos”, a literatura perde o princi-
frases acima. Todas as versões propostas têm como referência pal: seu poder de interrogar, interferir e desesta-
a norma culta. Avalie as afirmativas. bilizar a existência. Contudo, desde os gregos, a
a) ( ) Uma redação correta: A índia contou a parentes que literatura conserva um poder que não é de mais
ficou triste; queria cuidar da criança, mas entendeu ninguém. Ela lança o sujeito de volta para dentro
que o ritual era a tradição de sua gente. de si e o leva a encarar o horror, as crueldades, a
b) ( ) Uma redação correta: Há também mortes de gêmeos imensa instabilidade e o igualmente imenso vazio
por suspeita de que a mãe tenha cometido adultério que carregamos em nosso espírito. Somos seres
ou sido estuprada. “normais”, como nos orgulhamos de dizer. Culti-
vamos nossos hábitos, manias e padrões. Empres-
c) ( ) Uma versão correta: Não se deve criminalizar o índio,
tamos um grande valor à repetição e ao Mesmo.
mas há que agir para salvar essas vidas.
Acreditamos que somos donos de nós mesmos!
d) ( ) U ma redação correta: O infanticídio faz parte da vida Mas leia Dostoievski, leia Kafka, leia Pessoa, leia
cultural desses povos e não cabe ao homem branco Clarice – e você verá que rombo se abre em seu es-
entendê-lo ou nela interferir. pírito. Verá o quanto tudo isso é mentiroso. Vivemos
e) ( ) Outra redação correta: O projeto tira a esses povos a imersos em um grande mar que chamamos de rea-
garantia a sua identidade. lidade, mas que – a literatura desmascara isso – não
passa de ilusão. A “realidade” é apenas um pacto que
Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões fazemos entre nós para suportar o “real”. A realidade
10.13. a 10.16. é norma, é contrato, é repetição, ela é o conhecido
e o previsível. O real, ao contrário, é instabilidade,
surpresa, desassossego. O real é o estranho.
O poder da literatura
(...)
José Castello A literatura não tem o poder dos mísseis, dos
Em um século dominado pelo virtual e pelo exércitos e das grandes redes de informação. Seu
instantâneo, que poder resta à literatura? Ao con- poder é limitado: é subjetivo. Ao lançá-lo para
trário das imagens, que nos jogam para fora e dentro, e não para fora, ela se infiltra, como um
para as superfícies, a literatura nos joga para den- veneno, nas pequenas frestas de seu espírito. Mas,
tro. Ao contrário da realidade virtual, que é com- nele instalada pelo ato da leitura, que escândalos,
partilhada e se baseia na interação, a literatura é que estragos, mas também que descobertas e que
um ato solitário, nos aprisiona na introspecção. surpresas ela pode deflagrar. Não é preciso ser um
Ao contrário do mundo instantâneo em que vive- especialista para ler uma ficção.
mos, dominado pelo “tempo real” e pela rapidez, Não é preciso ostentar títulos, apresentar cur-
a literatura é lenta, é indiferente às pressões do rículos, ou credenciais. A literatura é para todos.
tempo, ignora o imediato e as circunstâncias. Dizendo melhor: é para os corajosos ou, pelo me-
Vivemos em um mundo dominado pelas res- nos, para aqueles que ainda valorizam a coragem.
postas enfáticas e poderosas, enquanto a literatura (...)
se limita a gaguejar perguntas frágeis e vagas. A (<http://blogs.oglobo.globo.com/jose-castello/post/o-poder-da-
literatura, portanto, parece caminhar na contra- literatura444909.html>. Acesso em: 21 fev 2017)
22 Extensivo Terceirão
Aula 10
10.13. (EPCAR – MG) – Da leitura global do texto, só NÃO Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões
é correto afirmar que a literatura 10.17. e 10.18.
a) dá ao homem condições de autoconhecimento por meio
de perguntas aparentemente frágeis e vagas. VIVEMOS O FIM DO MUNDO
b) coloca o homem em contato com sua verdade mais Luis Antônio Giron
profunda e aterrorizante.
(...) Bauman é autor do conceito de “modernida-
c) deve desequilibrar o leitor, roubando-lhe a certeza e de líquida”. Com a ideia de “liquidez”, ele tenta
instaurando a desconfiança. explicar as mudanças profundas que a civilização
d) atinge a todos, desmascarando suas mentiras, fragilidades vem sofrendo com a globalização e o impacto da
e arrogâncias. tecnologia da informação. Nesta entrevista, ele fala
sobre como a vida, a política e os padrões culturais
10.14. (EPCAR – MG) – Na afirmativa “Mas ela apenas parece mudaram nos últimos 20 anos. As instituições po-
inútil.” , o advérbio “apenas” e o verbo “parece” reiteram o juízo líticas perderam representatividade porque sofrem
de valor do autor sobre a importância da literatura, que para ele com um “déficit perpétuo de poder”. Na cultura, a
a) é um entretenimento para a beira de piscinas e para as elite abandonou o projeto de incentivar e patroci-
salas de espera dos aeroportos. nar a cultura e as artes. Segundo ele, hoje é moda,
b) conserva um poder que não é de mais ninguém, com sua entre os líderes e formadores de opinião, aceitar
capacidade de lançar o sujeito de volta para dentro de si. todas as manifestações, mas não apoiar nenhuma.
c) é uma especialidade destinada ao gozo dos pesquisadores (...)
e dos doutores. ÉPOCA – As redes sociais aumentaram sua
d) caminha na contramão do contemporâneo, se contraindo, força na internet como ferramentas eficazes de
enquanto o mundo expande. mobilização. Como o senhor analisa o surgi-
mento de uma sociedade em rede?
10.15. (EPCAR – MG) – Assinale a opção em que NÃO se Bauman – Redes, você sabe, são interligadas, mas
percebe uma ideia adversativa. também estão descosturadas e remendadas por
a) “Contudo, desde os gregos, a literatura conserva um poder meio de conexões e desconexões... As redes sociais
que não é de mais ninguém.” eram atividades de difícil implementação entre as
b) “Ela lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva a comunidades do passado. De algum modo, elas
encarar o horror, as crueldades...” continuam assim dentro do mundo off-line. No
c) “...que escândalos, que estragos, mas também que des- mundo interligado, porém, as interações sociais
cobertas e que surpresas ela pode deflagrar.” ganharam a aparência de brinquedo de crianças
d) “Vivemos imersos em um grande mar que chamamos de rápidas. Não parece haver esforço na parcela on-
-line, virtual, de nossa experiência de vida. Hoje,
realidade, mas que – a literatura desmascara isso – não
assistimos à tendência de adaptar nossas intera-
passa de ilusão”.
ções na vida real (off-line), como se imitássemos o
10.16. (EPCAR – MG) – Assinale a alternativa que apresenta padrão de conforto que experimentamos quando
uma explicação INCORRETA. estamos no mundo on-line na internet.
a) Em “Tanto quando é vista como distração, quanto quando ÉPOCA – Os jovens podem mudar e salvar o
é vista como objeto de estudos...” os termos em destaque mundo? Ou nem os jovens podem fazer algo
estabelecem uma relação de comparação entre as duas para alterar a história?
situações relacionadas. Bauman – Sou tudo, menos desesperançoso. Con-
b) Os dois pontos foram utilizados no excerto “...a literatura fio que os jovens possam perseguir e consertar o
perde o principal: seu poder de interrogar, interferir e estrago que os mais velhos fizeram. Como e se
desestabilizar...” para introduzir ideias que foram resumidas forem capazes de pôr isso em prática, dependerá
em um termo anterior. da imaginação e da determinação deles. Para que
se deem uma oportunidade, os jovens precisam
c) A vírgula presente em “...a literatura é um ato solitário, resistir às pressões da fragmentação e recuperar
nos aprisiona na introspecção.” foi utilizada para marcar a consciência da responsabilidade compartilhada
a elipse de um termo. para o futuro do planeta e seus habitantes. Os jo-
d) No período “...mas também que descobertas e que sur- vens precisam trocar o mundo virtual pelo real.
presas ela pode deflagrar.”, se o sujeito fosse para o plural, ÉPOCA – O senhor afirma que as elites adota-
a locução verbal ficaria: pode deflagrarem. ram uma atitude de máximo de tolerância com
o mínimo de seletividade. Qual a razão dessa
atitude?
Bauman – Em relação ao domínio das escolhas
culturais, a resposta é que não há mais auto-
Português 3C 23
confiança quanto ao valor intrínseco das ofertas Desafio
culturais disponíveis. Ao mesmo tempo, as elites
renunciaram às ambições passadas, de empreen- 10.19. (PUC – RJ) – Há dois aspectos imprescindíveis a qual-
der uma missão iluminadora da cultura. A elite quer discurso que queira, hoje, tratar do significado da nação.
deixou de ser o mecenas da cultura. Hoje, as elites
medem sua superioridade cultural pela capacida-
de de devorar tudo. O primeiro é relativo à dimensão simbólica
da ideia de nação, entendida menos como ter-
(...) ritório, mais como repertório de recursos iden-
ÉPOCA – Como diz o crítico George Steiner, titários. Sobre o papel de constructo cultural e
os produtos culturais hoje visam ao máximo simbólico que a ideia de nação representa, temos
impacto e à obsolescência instantânea. Há uma autores que convergem sobre a arbitrariedade de
saída para salvar a arte como uma experiência sua gênese (a nação como invenção histórica ar-
humana importante? bitrária, de Gellner; como invenção da tradição,
Bauman – Bem, esses produtos se comportam de Hobsbawm; como comunidade imaginada, de
como o resto do mercado. Voltam-se para as ven- Anderson). Porém, independentemente do reco-
das de produtos na sociedade dos consumidores. nhecimento de sua função ideológica ou de legiti-
Uma vez que a busca pelo lucro continua a ser mação política, o que hoje se enfatiza na ideia de
o motor mais importante da economia, há pouca nação é a forte carga simbólica e o caráter cultural
oportunidade para que os objetos de arte cessem que carrega. Dizer, então, que os sentimentos de
de obedecer à sentença de Steiner... pertencimento são culturalmente construídos não
(...) significa necessariamente que eles se fundem em
manipulações mistificadoras ou subficções arbi-
(Revista Época nº 819, 10 de fevereiro de 2014, p.68 – 70)
trárias. O acento recai, sobretudo, na sua capaci-
dade de fundar uma comunidade emocional, de
10.17. (EPCAR – MG) – Das respostas dadas por Bauman, agir como conectores de um “nós” nacional.
só NÃO podemos depreender que O segundo aspecto é relativo à separação que se
a) o comportamento cultural da elite pauta-se hoje na verifica, no contexto contemporâneo, dos vínculos
indiferenciação dos objetos culturais. que pareciam indissoluvelmente ligar sociedade
b) as relações virtuais aparentam ser mais fáceis e agradáveis e estado nacional. A relação identificatória entre
que as interações na vida real. estado-nação e sociedade perdeu a obviedade e na-
turalidade, quando, no contexto da globalização,
c) o advento da internet permite uma conexão sempre fácil
tornaram-se manifestas diversas formas de socia-
e eficiente entre as redes sociais. lidade completamente desvinculadas do estado-
d) a arte poderia ser salva, desde que deixasse de se compor- -nação: a “explosão” da complexidade social, no
tar como uma mercadoria regida pelas regras do mercado. momento em que outras agências de produção de
significados (as religiões, o mercado, a indústria
10.18. (EPCAR – MG) – Leia o trecho a seguir: “Com a ideia cultural, etc.) competem com o estado-nação, o
de “liquidez”, ele tenta explicar as mudanças profundas que que acaba por minar irreversivelmente sua centra-
a civilização vem sofrendo com a globalização e o impacto lidade e capacidade de integração social.
da tecnologia da informação”.
LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Ficção televisiva e identidade cultural
Observe as reescritas sugeridas para esse trecho e assinale da nação. In: Revista Alceu Nº. 20. Rio de Janeiro: Editora PUC--Rio, 2010. p.
aquela que está correta. 11-12. Disponível em: <http://revistaalceu.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/
start.htm?sid=32>. Acesso em: 21 jul. 2015. Adaptado.
a) A globalização e o impacto da tecnologia da informação
têm provocado mudanças profundas na civilização as
quais ele tenta explicar por meio da ideia de “liquidez”. a) O texto apresenta duas visões distintas que, hoje, encon-
b) A ideia de “liquidez” através da qual ele tenta explicar as tram-se relacionadas ao conceito de nação. Estabeleça a
mudanças profundas cuja civilização vem sofrendo em diferença entre elas.
decorrência da globalização e do impacto da tecnologia
da informação.
c) Às mudanças profundas, que a civilização vem sofrendo
decorrente da globalização e do impacto da tecnologia
da informação, ele tenta explicitar pela ideia de “liquidez”.
d) De acordo com a ideia de “liquidez”, ele tenta esclarecer
as mudanças profundas às quais a civilização vem experi-
mentando pela globalização e pelo impacto da tecnologia
da informação.
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Aula 10
A relação identificatória entre estado-nação e sociedade perdeu a obviedade e naturalidade, quando, no con-
texto da globalização, tornaram-se manifestas diversas formas de socialidade completamente desvinculadas
do estado-nação.
II. Reescreva o trecho, iniciando-o por “É possível que”. Faça as modificações necessárias.
10.20. (FGV – RJ) – Examine a seguinte mensagem publicitária de uma empresa do ramo de construção civil:
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Produção de textos
Proposta 01
Considere a coletânea a seguir como referência para o desenvolvimento de sua redação.
Texto 01:
O infanticídio entre indígenas é um tema que já gerou documentários, projetos de lei e muita polêmica
em torno de saúde pública, cultura, religião e legislação. Ainda utilizado por volta de 20 etnias entre as mais
de 200 do Brasil, esse princípio tribal leva à morte não apenas gêmeos, mas também filhos de mães solteiras,
crianças com problema mental ou físico, ou doença não identificada pela tribo.
[...]
Tramitando no Congresso, a Lei Muwaji estabelece que “qualquer pessoa” que saiba de casos de uma
criança em situação de risco e não informe às autoridades responderá por crime de omissão de socorro. A
pena vai de um a seis meses de detenção ou multa.
O projeto se inspirou no caso da indígena Muwaji Suruwahá, que lutou pela sobrevivência de sua filha
Iganani, que tem paralisia cerebral e por isso estava condenada à morte por envenenamento em sua própria
comunidade.
(Adaptado do disponível em: <www.noticias.bol.uol.com.br/brasil>. Acesso em: 20 ago. 2016)
Texto 02:
Márcia Suzuki, presidente do conselho da organização social Atini, que busca prevenir o infanticídio
entre índios, lembra que a prática é comum em mais de 20 etnias.
Folha - Por que a senhora é favorável ao projeto?
Márcia Suzuki - Da mesma forma que países na África começam a aprovar leis que proíbem a mutilação
genital feminina, o Congresso avança ao apoiar a Lei Muwaji. Há grupos que se opõem dizendo que os indí-
genas serão criminalizados. A lei não visa em nenhum momento colocar índias na cadeia, nem impor nada.
Há outras etnias, além dos ianomâmis, que praticam o ritual hoje?
M. S.: Há farta literatura e documentários que indicam que a prática ainda é comum em mais de 20
etnias. O Senado mostrará bom senso e sensibilidade à dor das mães indígenas que sofrem ao ver os filhos
serem enterrados vivos, sufocados com folhas ou abandonados na mata para morrer à míngua. [...]
Antonio Carlos de Souza Lima, presidente da ABA (Associação Brasileira de Antropologia), entende que
o projeto faz parte de um plano para retirar direitos dos índios.
Folha - Como o senhor avalia o projeto?
Antonio Carlos Lima - Faz parte de um conjunto de medidas que busca criminalizar os povos indígenas.
O projeto do infanticídio mobiliza o tema infância, moralmente candente; polariza a opinião pública, trata
índios como bárbaros selvagens, que têm de se transformar naquilo que o homem branco quer, abrindo mão
de suas terras e recursos.
O infanticídio é restrito ou várias etnias o praticam?
A. C. L: Não temos nenhum estudo que mostre que está em prática aqui ou ali. Lembro o seguinte: a
quantidade de bebês do sexo feminino dados como natimortos na Índia é estupenda, e ninguém chama de
infanticídio, assim como a gente tem genocídio da população jovem negra no Rio, e ninguém fala nada. Isso
não vira CPI nem projeto de lei. A quem interessa uma questão que é residual, que fala muito mais de um
passado que de um presente de povos indígenas?
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/12/1721455-infanticidio-de-indios-ainda-e-comum-em-aldeias-da-amazonia.shtml>.
©Folhapress
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Texto 03:
Edson Bakairi, hoje líder indígena em Mato grosso e professor licenciado em História, é sobrevivente de
tentativa de infanticídio; foi abandonado para morrer na mata e foi resgatado e preservado com vida por suas
irmãs. Em 2008 enviou uma “carta aberta” ao então presidente Luís Inácio Lula da Silva, da qual extraímos
o texto que se segue.
O infanticídio não é um fato novo, infelizmente sempre esteve presente na história das culturas indíge-
nas. Entretanto, tem ganhado visibilidade na mídia com a divulgação da história da menina Hakani, da etnia
Suruwahá, a qual sobreviveu ao infanticídio após o suicídio de seus pais e irmãos. Estamos vivendo um mo-
mento de profunda mudança em nossa cultura e estilo de viver, porque vivemos hoje um novo tempo. A rea-
lidade dentro das comunidades indígenas é outra. Já não vivemos confinados em nossas aldeias, condenados
ao esquecimento e a tradições inquestionáveis. O mundo está dentro das aldeias, via meios de comunicação,
internet e escola; o acesso à informação tem colocado o indígena em sintonia com os acontecimentos globais.
Tudo isso tem alterado nossa visão de mundo. Hoje já não somos meros objetos de estudo, mas prota-
gonistas de nossa própria história, adquirindo novos saberes e conhecimentos que valorizam a vida e nossa
cultura.
(Adaptado do disponível em: www.atini.org.br/carta-aberta-de-edson-bakairi. Acesso em: 20 jul, 2016)
(FEMPAR – PR) - Desenvolva um texto dissertativo-argumentativo sobre a seguinte questão: Que deve predominar? O
direito à vida, segundo os conceitos humanistas da moderna cultura ocidental e as normas da legislação brasi-
leira, ou os costumes e valores das comunidades indígenas, que cultivam há séculos o infanticídio, por razões de
eugenia ou outras?
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Proposta 02
Leia os textos e a charge a seguir.
28 Extensivo Terceirão
Aula 10
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(UEL – PR) – A partir da leitura dos textos e com base nos conhecimentos sobre o tema, redija um texto dissertativo-
-argumentativo, de 12 a 16 linhas, apontando as motivações que levam as pessoas a fazerem justiça com as próprias mãos.
Proposta 03
Leia a tirinha a seguir.
30 Extensivo Terceirão
Aula 10
(UEL – PR) – Na tirinha, Mafalda “conversa” com seu ursinho de pelúcia. Explique, entre 4 e 6 linhas, a mensagem expressa
na tirinha.
Gabarito
10.01. d ciedade passam a se organizar a partir distintas, apesar da correlação ima-
10.02. b de questões específicas, revelando a gética que há entre elas: a realidade
10.03. b diversidade de valores sociais. (a fotografia) e o projeto (o desenho)
10.04. a b) I. Ela concorda com o sujeito “diversas que também pode ser entendido
10.05. a formas de socialidade”, cujo núcleo como um sonho, algo que se almeja
10.06. e (formas) está no plural. Isto ocorre por- construir. O slogan da campanha está
10.07. a que o verbo “tornar-se” é classificado escrito em letra de mão quando em
10.08. V-F-V-F-V como transitivo direto, o qual, quando cima do desenho, representando o
10.09. Adição, tempo, adição, tempo. empregado na voz passiva sintética, projeto; em letra de tipografia quando
10.10. a deve concordar com o sujeito. está sobre a fotografia, que representa
10.11. F-F-V-V-F II. É possível que a relação identificató- a realidade que “saiu do papel”. A ideia
10.12. V-F-V-V-V ria entre estado-nação e sociedade do anúncio é vender os serviços de al-
10.13. d tenha perdido a obviedade e na- guma grande construtora, através da
10.14. b turalidade, quando, no contexto da dicotomia sonho e realidade.
10.15. b globalização, tornaram-se manifes- b) A palavra “papel” adquire o sentido
10.16. d tas diversas formas de socialidade de “trabalho” ou “função” na primeira
10.17. c completamente desvinculadas do ocorrência e, na segunda, de mate-
10.18. a estado-nação. rial que serve de suporte ao dese-
10.19. a)
A primeira visão relaciona-se aos 10.20. a) O anúncio faz uso de uma fotografia nho. Além da polissemia do termo,
aspectos simbólicos e culturais ca- e de um desenho. A fotografia repre- o quiasmo, figura de linguagem que
pazes de unir emocionalmente uma senta a realidade e o desenho repre- resulta da disposição cruzada de ele-
comunidade. A outra diz respeito ao senta o projeto, ou seja, a fotografia e mentos, reforça a expressividade do
fato de que os membros de uma so- o desenho representam duas coisas anúncio.
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Português
Aula 11 3C
Estratégias argumentativas III
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Português 3C 33
(ENEM) –
TEXTO I
A aprovação, em abril de 2014, de uma resolução que considera abusiva a publicidade infantil, emitida
pelo Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), deu início a um verdadeiro
cabo de guerra envolvendo ONGs de defesa dos direitos das crianças e setores interessados na continuidade
das propagandas dirigidas a esse público.
Elogiada por pais, ativistas e entidades, a resolução estabelece como abusiva toda propaganda dirigida à
criança que tem “a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço” e que utilize
aspectos como desenhos animados, bonecos, linguagem infantil, trilhas sonoras com temas infantis, oferta
de prêmios, brindes ou artigos colecionáveis que tenham apelo às crianças.
Ainda há dúvidas, porém, sobre como será a aplicação prática da resolução. E associações de anunciantes,
emissoras, revistas e de empresas de licenciamento e fabricantes de produtos infantis criticam a medida e
dizem não reconhecer a legitimidade constitucional do Conanda para legislar sobre publicidade e para impor
a resolução tanto às famílias quanto ao mercado publicitário. Além disso, defendem que a autorregulamen-
tação pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) já seria uma forma de controlar
e evitar abusos.
IDOETA, P. A.; BARBA, M. D. A publicidade infantil deve ser proibida? Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 23 maio 2014 (adaptado).
TEXTO II
Fontes: OMS e Conar/2013. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 24 jun. 2014 (adaptado).
TEXTO III
Precisamos preparar a criança, desde pequena, para receber as informações do mundo exterior, para
compreender o que está por trás da divulgação de produtos. Só assim ela se tornará o consumidor do futuro,
aquele capaz de saber o que, como e por que comprar, ciente de suas reais necessidades e consciente de suas
responsabilidades consigo mesma e com o mundo.
SILVA, A. M. D.; VASCONCELOS, L. R. A criança e o marketing: informações essenciais para proteger as crianças dos apelos do marketing infantil. São
Paulo: Summus, 2012 (adaptado).
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Exemplo de redação
Folha em Branco
©Raphael Luan Carvalho de Souza – Niterói/RJ
Durante o século XX, o estímulo à produção industrial, por Getúlio Vargas, e o incentivo à integração na-
cional, de Juscelino Kubitschek, foram fatores que possibilitaram a popularização dos meios de comunicação
no Brasil. Com isso, cresceu também a publicidade infantil, que busca introduzir nas crianças, desde cedo,
o princípio capitalista de consumo. No entanto, essa visão negativa pode ser significativamente minimizada,
desde que acompanhada de uma forte base educacional que auxilia as crianças a discernir por meio do de-
senvolvimento de senso crítico próprio.
É indiscutível a presença de fatores prejudiciais nas propagandas dirigidas a essa faixa etária. Segundo o
conceito de felicidade, discutido na filosofia da antiguidade por Aristóteles, a eudaimonia é alcançada com
a união equilibrada entre razão e satisfação de prazeres. Contudo, evidencia-se que, na infância, o indivíduo
não possui ainda discernimento racional suficiente, o que faz com que a criança, ao ter acesso a publicidades,
pense que o produto divulgado é extremamente necessário. Isso acarreta, de forma negativa, a formação de
jovens e adultos excessivamente consumistas.
Entretanto, essa tendência pode ser revertida se somada à instrução adequada do público-alvo do mercado
publicitário infantil. Segundo a tábula rasa de John Locke, nascemos como uma folha em branco, sem conhe-
cimento, e o adquirimos por meio da experiência. A partir desse pensamento, é possível entender que é função
dos pais educar as crianças, haja vista que estas são influenciadas pelo meio em que vivem. Com o apoio da base
familiar, somada à escolar, cria-se o senso crítico, que possibilita a gradativa menor influência da linguagem
publicitária. Desse modo, evidencia-se que o poder de persuasão do mercado apelativo não é absoluto.
Por fim, entende-se que, embora a publicidade infantil seja preocupante, tal efeito é reduzido com o
desenvolvimento do senso crítico, seja na base familiar, seja na escolar. A fim de atenuar o problema, o Es-
tado deve implementar, no ensino de base, projetos educacionais de análise de linguagens com o auxílio do
Ministério da Educação e Cultura e governos municipais, visando a evidenciar, para a faixa etária infantil,
a suma relevância da consciência sobre reais necessidades de consumo. Dessa forma, a folha em branco ao
nascer poderá ser preenchida, formando cidadãos, de fato, conscientes.
Extraído de: <https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-e-vestibular/enem-2014-leia-exemplos-de-redacoes-nota-1000-15050154>.
Acesso em: 04/04/2018
Testes
Assimilação
Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 11.01. a 11.03.
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11.02. (UERJ) – O conjunto de perguntas formuladas ao
cientistas? Em caso afirmativo, que limites são es- longo do texto por Marcelo Gleiser produz o seguinte efeito
ses? Quem os determina? de sentido:
Essas são questões centrais da relação entre a a) levantar objeções políticas
ética e a ciência. Existem inúmeras complicações: b) reforçar convicções morais
como definir quais assuntos não devem ser alvo
de pesquisa? Em relação à velhice, será que de- c) debater hipóteses religiosas
vemos tratá-la como doença? Se sim, e se con- d) ilustrar raciocínios investigativos
seguíssemos uma “cura” ou, ao menos, um pro-
longamento substancial da longevidade, quem 11.03. (UERJ) – Mas a ciência cria caminhos inespera-
teria direito a tal? Se a “cura” fosse cara, apenas dos, e dizer “nunca” é arriscado. Em relação à parte inicial
uma pequena fração da sociedade teria acesso a da frase, o trecho sublinhado expressa valor de:
ela. Nesse caso, criaríamos uma divisão artificial, a) condição b) concessão
na qual os que pudessem viveriam mais. E como c) conclusão d) conformidade
lidar com a perda? Se uns vivem mais que outros,
os que vivem mais veriam seus amigos e familia- 11.04. (IFSP – SP) – Leia o texto abaixo para responder à
res perecerem. Será que isso é uma melhoria na questão.
qualidade de vida? Talvez, mas só se fosse igual-
mente distribuída pela população, e não por ape- Beleza e Amor
nas parte dela.
Pessoas apaixonadas tendem a considerar sua
Pensemos em mais um exemplo: qual o pro- cara-metade bonita, ainda que ela esteja longe de
pósito da clonagem humana? Se um casal não se encaixar nos padrões vigentes. Essa percepção
pode ter filhos, existem outros métodos bem mais ocorre porque amor e beleza ativam as mesmas
razoáveis. Por outro lado, a clonagem pode estar regiões do cérebro. É o que sugere um estudo
relacionada com a questão da longevidade e, em publicado na revista PLoS ONE – obras de arte
princípio ao menos, até da imortalidade. Imagine estimulam áreas ligadas ao desejo e à sensação de
que nosso corpo e nossa memória possam ser re- euforia e bem-estar. O neurobiólogo Semir Zeki e
produzidos indefinidamente; com isso, podería- seus colegas do Laboratório de Neurobiologia da
mos viver por um tempo também indefinido. No College London, na Inglaterra, exibiram a 21 pes-
momento, não sabemos se isso é possível, pois soas de diferentes culturas mais de 100 pinturas
não temos ideia de como armazenar memórias e composições musicais. Elas deveriam dizer se
e passá-las adiante. Mas a ciência cria caminhos achavam as obras bonitas, feias ou indiferentes.
inesperados, e dizer “nunca” é arriscado. Em seguida, os cientistas mostraram novamente
Como se observa, existem áreas de atuação as produções aos voluntários, dessa vez monito-
científica que estão diretamente relacionadas com rando sua atividade cerebral. Constataram que o
escolhas éticas. O impulso inicial da maioria das cérebro dos participantes do estudo não apresen-
pessoas é apoiar algum tipo de censura ou res- tou reação significativa quando olhavam ou ou-
trição, achando que esse tipo de ciência é feito a viam obras que não achavam bonitas nem feias.
Caixa de Pandora*. Mas essa atitude é ingênua. As imagens que eles acharam belas ativaram
Não é a ciência que cria o bem ou o mal. A ciência intensamente o córtex medial orbitofrontal, con-
cria conhecimento. Quem cria o bem ou o mal siderado por muitos pesquisadores uma parte do
somos nós, a partir das escolhas que fazemos. sistema límbico, responsável por processos rela-
MARCELO GLEISER cionados ao desejo e à avaliação de valor e beleza.
Adaptado de Folha de S. Paulo, 29/09/2013.
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente>. Acesso em: 18 de
nov. de 2016. Adaptado.
* Caixa de Pandora – na mitologia grega, artefato
que, se aberto, deixaria escapar todos os males do
mundo.
Com relação ao texto, marque V para verdadeiro ou F para
falso.
11.01. (UERJ) – Em relação à polêmica abordada pelo autor, ( ) O texto pode ser resumido no seguinte dito popular:
os três primeiros parágrafos atendem ao objetivo de: “Quem meu filho beija minha boca adoça”.
( ) O cérebro ativa as mesmas regiões neurais quando a
a) indicar um eufemismo
pessoa observa uma imagem que considera bonita e
b) estabelecer uma analogia quando esta olha para a pessoa amada.
c) expor um contra-argumento ( ) As obras de arte consideradas bonitas ativam a sensa-
d) apresentar uma generalização ção de prazer no cérebro, fazendo com que seja ativa-
da a libido de quem as observa.
36 Extensivo Terceirão
Aula 11
Português 3C 37
11.07. (UEG – GO) – O segundo parágrafo é construído
a partir da enumeração de uma série de fatos sociais que, teratura, em autores absolutamente consagrados,
segundo o autor, indicam possibilidade de emergência de que poderiam servir de base para que os gramáti-
uma nova história. Esses fatos são: cos liberassem seu uso – para os que necessitam
da licença dos outros.
a) racionalismo filosófico; globalização socioeconômica; po-
pularização da tecnologia; recrudescimento das políticas Vejam-se esses versos de Murilo Mendes:
e práticas nacionalistas e xenófobas. “Desse lado tem meu corpo / tem o sonho / tem a
minha namorada na janela / tem as ruas gritando
b) precarização da vida urbana como consequência da de luzes e movimentos / tem meu amor tão lento
alta demografia; retração e baixa qualidade dos serviços / tem o mundo batendo na minha memória / tem
públicos essenciais; miscigenação étnica. o caminho pro trabalho. Do outro lado tem outras
c) aumento dos fluxos migratórios; diversificação de teorias vidas vivendo da minha vida / tem pensamentos
filosóficas na educação básica; empobrecimento contínuo sérios me esperando na sala de visitas / tem minha
das periferias urbanas; cultura do consumo. noiva definitiva me esperando com flores na mão
d) hibridismo étnico-cultural; mescla filosófica; concentra- / tem a morte, as colunas da ordem e da desor-
ção e diversificação demográfica em pequenos espaços dem.”.
urbanos; apropriação das tecnologias por parte da cultura Faltou ao poeta acrescentar: tem uns gramáti-
popular. cos do tempo da onça / de antes do tempo em que
e) convergência das mídias; expansão do uso das redes so- se começou a andar pra frente.
ciais na vida cotidiana; segregação dos espaços urbanos Não vou citar Drummond de Andrade, com
por meio da expansão dos condomínios; elitismo político. seu por demais conhecido “Tinha uma pedra no
meio do caminho...”, nem o Chico Buarque de
Instrução: Leia o texto para responder às questões 11.08. “Tem dias que a gente se sente / como quem par-
e 11.09. tiu ou morreu...”.
Mas acho que vou citar “Pronominais”, do
Norma e padrão glorioso Oswald de Andrade: Dê-me um cigarro /
Uma das comparações que os estudiosos de Diz a gramática / Do professor e do aluno / E do
variação linguística mais gostam de utilizar é a da mulato sabido / Mas o bom negro e o bom branco
língua com a vestimenta. Esta, como sabemos, é / Da nação brasileira / Dizem todos os dias / Deixa
bastante variada, indo da mais formal (longo e disso camarada / Me dá um cigarro.
smoking) à mais informal (biquíni e sunga, ou Quero insistir: ao contrário do que se poderia
camisola e pijama). A ideia dos que fazem essa pensar (e vários disseram), não sou anarquista,
comparação é a seguinte: não existem, a rigor, defensor do tudo pode, ou do vale tudo. Nem es-
formas linguísticas erradas, existem formas lin- tou dizendo que “Nós vai” é igual a “Tem muito
guísticas inadequadas. Como as roupas: assim filho que obedece os pais”. O que estou fazendo é
como ninguém vai à praia de smoking ou de lon- cobrar coerência, um pouquinho só: se o padrão
go, também ninguém casa de biquíni e de sunga, vem da fala dos bacanas, se os mais bacanas são os
ou de camisola e de pijama (sem negar que estas poetas consagrados, por que, antes das dez, numa
sejam vestimentas, e adequadas!), assim ninguém aula de literatura, podemos curtir seu estilo e em
diz “me dá esse troço aí” num banquete público e outra aula, depois das onze, dizemos aos alunos
formal nem “faça-me o obséquio de passar-me o e aos demais interessados: viram o Drummond, o
sal” numa situação de intimidade familiar. Murilo, o Machado, o Guimarães Rosa? Que cria-
Os gramáticos e os sociolinguistas, cada um tividade!!! Mas vocês não podem fazer como eles.
com seu viés, costumam dizer que o padrão lin- POSSENTI, Sírio. A cor da língua e outras croniquinhas de linguística.
Campinas: Mercado de Letras, 2001. p. 111-112. (Adaptado).
guístico é usado pelas pessoas representativas de
uma sociedade. Os gramáticos dizem isso, mas
acabam não analisando o padrão, nem recomen- 11.08. (UEG – GO) – O autor defende no texto a seguinte tese:
dando-o de fato. Recomendam uma norma, uma a) a norma gramatical, para ser coerente, deve ser baseada
norma ideal. Vou dar uns exemplos: se o padrão é no padrão de uso de uma língua.
o usado pelos figurões, então deveriam ser consi-
b) a língua é variável e multiforme, razão pela qual as pessoas
derados padrões o verbo “ter” no lugar de “haver”;
podem usá-la como quiserem.
a regência de “preferir x do que y”, em vez de
“preferir x a y”; o uso do anacoluto (A inflação, c) as normas de bom uso da língua garantem a quem fala
ela estará dominada quando...); a posição enclí- e/ou escreve sucesso comunicativo.
tica dos pronomes átonos. O que não significa d) as formas linguísticas consideradas corretas são aquelas
proibir as mais conservadoras. Algumas dessas usadas na língua escrita formal.
formas “novas” aparecem em muitíssimo boa li- e) o padrão de uso de uma língua deve ser cuidadosamente
preservado pelos gramáticos.
38 Extensivo Terceirão
Aula 11
Português 3C 39
11.11. (FPP – PR) – Considerando o excerto anterior, escreva
V para as informações verdadeiras e F para as falsas. na Austrália, é especializado em estudos e pesqui-
I. O governo brasileiro manifestou preocupações com as sas sobre os impactos econômicos da violência no
mundo e, em estudo tomando como base o ano
propostas de mudança da lei de agrotóxicos no país.
de 2014, concluiu que a violência no Brasil con-
II. Os casos de intoxicação em 2016 aumentaram em quase sumiu US$ 255 bilhões no ano, equivalente a 8%
o dobro do que foi registrado em 2017, apresentando do Produto Interno Bruto (PIB).
uma média de 15 pessoas por dia.
GAZETA DO POVO. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.
III. Especialistas das Nações Unidas afirmaram que se trata de com.br/opiniao/editoriais/ocusto-economico-da-violencia
uma estimativa conservadora sobre os impactos adversos 2filtrbq6h81uxb6naztrsakp>. Acesso em: 15/07/2018.
40 Extensivo Terceirão
Aula 11
Português 3C 41
a) “Transmitir às futuras gerações valores, tradições e insti-
quando a informação científica for incompleta ou tuições que apoiem (...)” – Transmiti-las valores, tradições
não conclusiva. e instituições que apoiem (...)
(...) b) “Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológi-
d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio cos da Terra (...)” – Proteger e restaurar-lhes a integridade
ambiente e não permitir o aumento de substân- (...)
cias radioativas, tóxicas ou outras substâncias pe- c) “(...) organismos não-nativos ou modificados genetica-
rigosas. mente que causem dano às espécies nativas (...)” – orga-
(...) nismos não-nativos ou modificados geneticamente aos
(Ministério do Meio Ambiente. <www.mma.gov.br/estruturas/ agenda21/_ quais causem danos as espécies nativas.
arquivos/carta-terra.pdf>. Acesso em: 20/05/2016)
d) “(...) não excedam as taxas de regeneração e que protejam
a sanidade dos ecossistemas.” – não excedam as taxas de
11.16. (EPCAR – MG) – De acordo com os princípios apresen- regeneração e que as protejam.”
tados nesse excerto da “Carta da Terra”, é correto afirmar que
a) os organismos não-nativos ou modificados genetica-
mente são daninhos à integridade ecológica e devem
Desafio
ser combatidos.
Instrução: Leia os excertos a seguir, retirados da crônica
b) a quantidade de substâncias radioativas ou tóxicas deve Verdades e mentiras sobre as mães, de Martha Medeiros.
ser controlada, quando houver possibilidade de sérios
danos ambientais.
Mãe é mãe: mentira.
c) a capacidade de regeneração dos recursos renováveis é
critério básico a ser observado no seu uso, visto que ela Mãe foi mãe, mas faz um tempão. Agora mãe
deve ser sempre maior que a exploração. é jogadora de basquete, é top model, é atriz, é
superstar. Mãe, além disso, é pediatra, cozinheira,
d) o homem tem a liberdade de agir no meio ambiente de
lavadeira, psicóloga, motorista. Também é polí-
acordo com suas necessidades; são elas que devem balizar
tica, tirana, ditadora, não tem outro jeito. Mãe é
suas ações em todos os tempos. pai. Sustenta a casa, fuma charuto e está jogando
11.17. (EPCAR – MG) – Alguns trechos do texto foram re- um bolão. Mãe é irmã: empresta as roupas, vai a
shows de rock e disputa namorado com a filha.
escritos. Assinale a única alternativa cuja reescrita mantém a
Mãe é avó: pode ter um neto da mesma idade que
correção gramatical e preserva o sentido da informação no
seu filho. Mãe é deputada, é sem-terra, é desta-
contexto de que foi extraída. que em escola de samba, é guarda de trânsito, é
a) “Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é campeã de aeróbica. Só não é santa, casta e pura,
condicionada pelas necessidades das gerações futuras”. a não ser que você acredite em milagres. Mãe foi
– Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração mãe, agora é mãe também.
condiciona as necessidades das gerações futuras. [...] Mamãe eu quero: verdade.
b) “Transmitir às futuras gerações valores, tradições e ins-
Você pode não querer ser uma, mas não co-
tituições que apoiem, em longo prazo, a prosperidade
nheço ninguém que não queira a sua.
(...)” – Transmitir às futuras gerações e instituições valores e
Maio de 1996 (Adaptado de: MEDEIROS, M. Verdades e mentiras sobre as
tradições que apoiem, em longo prazo, a prosperidade (...) mães. In. Topless. Porto Alegre: L&PM, 2015. p.58-60.)
c) “Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método
de proteção ambiental e, quando o conhecimento for
limitado, assumir uma postura de precaução.” – Prevenir
o dano ao ambiente como o melhor método de proteção 11.19. (UEL – PR) – Com base nos excertos e na leitura da
ambiental, assumindo, nos casos em que o conhecimento crônica, responda aos itens a seguir.
seja limitado, uma postura de precaução. a) Explique o período “Mãe foi mãe, agora é mãe também.”
d) “Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente
e não permitir o aumento de substâncias radioativas,
tóxicas ou outras substâncias perigosas.” – Minimizar a
poluição de qualquer parte do meio ambiente, além de
não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas
ou outras perigosas.
42 Extensivo Terceirão
Aula 11
Produção de textos
Proposta 01
O argumento que “trabalho enobrece” é usado por muitos para defender que crianças e adolescentes
trabalhem. Mas, é preciso observar que ele não leva em conta os impactos e as consequências a que estão su-
jeitos os milhões de meninos e meninas que trabalham. Adultos e crianças são muito diferentes fisiológica e
psicologicamente. Na infância, a criança encontra-se num processo grande e muito importante de desenvol-
vimento. Muitas vezes, o que acontece na vida dela pode gerar impactos permanentes. Os impactos variam
de acordo com a criança, com o trabalho que exerceu, com a aceitação sociocultural, entre outros pontos.
Muitas dessas crianças e adolescentes estão perdendo a sua capacidade de elaborar um futuro. Isso porque
podem desenvolver doenças de trabalho que os incapacitam para a vida produtiva, quando se tornarem
adultos – uma das mais perversas formas de violação dos direitos humanos. Além disso, muitos deles não
estudam, não têm direito a lazer e a um lar digno e são jogados à sorte, sem perspectiva de vida futura. São
meninos e meninas coagidos a trabalhar em atividades que envolvem riscos físicos e psicológicos, podendo
os impactos serem irreversíveis.
(Disponível em:<http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/impactos-e-consequencias/>, com adaptações)
Português 3C 43
(UNICENTRO – PR) – Com base no excerto de texto e na sua compreensão sobre o tema, escreva um texto dissertativo,
argumentando de forma crítica e contextualizada sobre as consequências ocasionadas pela perda de direitos básicos
à criança e ao adolescente, tais como educação, lazer, dignidade.
44 Extensivo Terceirão
Aula 11
Proposta 02
Leia a notícia a seguir.
(UEL – PR) – Com base na notícia e na charge, redija um texto dissertativo-argumentativo, de 10 a 12 linhas, abordando os
avanços científicos e tecnológicos e seus impactos na vida e no cotidiano da população.
Português 3C 45
Proposta 03
Brasil só deve dominar Leitura em 260 anos
Um relatório inédito do Banco Mundial estima que o Brasil vá demorar 260 anos para atingir o nível
educacional de países desenvolvidos em Leitura e 75 anos em Matemática, destaca o jornal O Estado de São
Paulo. Isso porque o País tem avançado, mas a passos muito lentos. O cálculo foi feito com base no desem-
penho dos estudantes brasileiros em todas as edições do Pisa, a avaliação internacional aplicada pela OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento).
Esta é a primeira vez que o “World Development Report”, relatório anual que discute questões para o
desenvolvimento mundial, é dedicado totalmente à educação. A conclusão mais importante do documento
é que há uma “crise de aprendizagem” no mundo todo. “Nos últimos 30 anos houve grandes progressos em
colocar as crianças nas escolas na maioria dos países, mas infelizmente muitas não entendem o que leem ou
não sabem fazer contas”, disse o diretor global da área de educação do Banco Mundial, Jaime Saavedra. Na
América Latina e Caribe, apenas cerca de 40% das crianças nos anos finais do ensino fundamental chegam
ao nível considerado mínimo de proficiência em Matemática, enquanto na Europa e Ásia são 80%.
Na África Subsaariana, só 10% dos alunos têm níveis aceitáveis de Leitura. A Coreia do Sul e, mais re-
centemente, o Peru e o Vietnã são países citados como alguns dos que conseguiram avançar com reformas
e novas políticas. O Brasil é um dos países que fazem parte dessa crise de aprendizagem, apesar de avanços
recentes em avaliações. No último Pisa, porém, o País não aumentou sua nota em Leitura e caiu em Mate-
mática.
Adaptado de CAFARDO, R. Brasil só deve dominar leitura em 260 anos. Folha de Londrina. Folha Geral. 1 de mar. 2018, p. 8.
EU TENHO
DIFICULDADES EM EU TENHO
INTERPRETAÇÃO! EU ME COMPLICO DIFICULDADES
EM MATEMÁTICA! EM INTERPRETAR
AS QUESTÕES DE
MATEMÁTICA!
46 Extensivo Terceirão
Aula 11
(UEL – PR) – Com base nos textos, elabore um texto de até 14 linhas, no qual as dificuldades com a leitura no Brasil sejam
discutidas, e iniciativas para reverter esse quadro sejam propostas.
Gabarito
11.01. b péis da mulher. Se antes parecia bas- em potencial, para alcançar a todos, ho-
11.02. d tar ser mãe, hoje à mulher se somam mens e mulheres. O uso de “ninguém”
11.03. c outros papéis: “jogadora de basquete, em orações negativas (o advérbio “não”
11.04. d top model, atriz, superstar [...] pedia- é usado nas duas orações) resulta na
11.05. c tra, cozinheira...” Para esse novo perfil afirmação segundo a qual todos que-
11.06. d de mulher e de mãe, cumpre ressaltar rem a sua mãe. Assim, segundo o perí-
11.07. d a importância do “também”, palavra odo, a restrição pode ocorrer quanto ao
11.08. a denotativa de inclusão, destacada no desejo da maternidade, mas não existe
11.09. b período, pelo uso do itálico. quando se trata do amor às mães.
11.10. c b) O pronome “você” foi empregado para 11.20. Reescrita: É preciso caprichar nas cartas.
11.11. F-F-V-V-F apontar a quem o texto/a crônica se Conversar com a pessoa para convencê-
11.12. a dirige: à leitora, potencial mãe. Isso se -la a vir e mostrar que somos capazes de
11.13. a confirma pelo uso do “uma”, no femi- mudar. “Tem que mandar bonito nas
11.14. c nino, e pelo conhecimento de que a cartas”: aqui a informalidade se situa
11.15. c maternidade é atribuição biológica das na expressão “mandar bonito”. Assim, o
11.16. c mulheres. Já o pronome “ninguém”, fe- candidato deve substituí-la por “capri-
11.17. c chando a oração “mas não conheço nin- char”, “cuidar” e similares. Opcionalmen-
11.18. b guém” e servindo de antecedente para te, poderá também substituir “tem que”
11.19. a) Espera-se que o candidato entenda o pronome relativo que inicia a oração por “é preciso”, “é necessário” e similares,
que o uso do verbo “ser” no pretérito seguinte “que não queira a sua”, amplia mantendo a ideia contida nesse uso do
perfeito não sugere a negação da ma- a situação descrita no todo da crônica, verbo “ter”.
ternidade, mas a ampliação dos pa- isto é, vai além do público mulher, mãe
Português 3C 47
Português
Aula 12 3C
Estratégias argumentativas IV
48 Extensivo Terceirão
Aula 12
Português 3C 49
redes sociais, que são o principal elo de ligação das pes-
nos é intrínseca e gera novas ideias, fechando, soas com as empresas e suas propagandas publicitárias.
assim, um círculo vicioso, o qual nos integra e
Por conseguinte, os indivíduos são bombardeados por
nunca terminamos de transformar e sermos trans-
formados. anúncios, que contribuirão para traçar perfis individuais,
direcionar o consumo e, ainda, influenciar as escolhas e
A leitura é a base para o desenvolvimento e
os gostos de cada um.
a integração na sociedade e na vida, porquanto
viver não é apenas respirar. Se Descartes estiver Ademais, outro fator a salientar é a falta de informa-
certo, é preciso pensar. Pensando, poderemos ção no que tange à internet. Com o advento da Terceira
mudar o quadro negro do país e construir o Bra- Revolução Industrial, nota-se uma população cada vez
sil de Monteiro Lobato: quadro negro apenas na mais rodeada de tecnologia, porém, despreparada
sala de aula, repleto de ideias, pensamentos, au- para lidar com ela. Percebe-se, em grande parte das
tores, repleto de transformação e de vida. instituições de ensino, que a educação é incompleta,
visto que, apesar de, desde a infância, ter contato com
computadores e celulares, a criança cresce sem saber
Exemplo de Redação discernir corretamente quais dados podem ser públicos
Em “O jogo da imitação”, o personagem Alan Turing e como protegê-los de sistemas inteligentes. Logo, é
prejudica o avanço da Alemanha nazista, quando conse- mister providenciar uma reconfiguração no ensino para
gue decifrar os algoritmos correspondentes ao projeto formar indivíduos conscientes dos riscos que a internet
de guerra de Hitler. Diante disso, pode-se observar, pode oferecer.
desde a segunda metade do século XX, a relevância do Torna-se evidente, portanto, que a manipulação do
conhecimento tecnológico para atingir certos objetivos. comportamento do usuário é nociva ao direito dele à
Contudo, diferentemente desse contexto, atualmente, privacidade. Assim, cabe ao Executivo combater a mani-
utiliza-se, muitas vezes, a tecnologia não para o bem pulação de dados, mediante o investimento no Ministé-
coletivo, como no filme, mas para vantagens individu- rio de Ciência e Tecnologia, que aprimorará a fiscalização
ais, mediante a manipulação de dados de usuários da dos sistemas virtuais das empresas e desenvolverá um
internet. Destarte, é fundamental analisar as razões que setor de tecnologia da informação, rumo à ampla pro-
tornam essa problemática uma realidade no mundo teção dos usuários do ambiente cibernético. Outrossim,
contemporâneo. compete ao Legislativo inserir na grade curricular
Em primeiro lugar, cabe abordar a dificuldade de re- disciplinas como Informática e Educação Tecnológica,
gulação dos sites quanto ao acesso aos dados de quem por meio da alteração na Lei de Diretrizes e Bases da
está inserido no ambiente virtual. Segundo o filósofo Educação, a qual permitirá um suporte de ensino sobre
Kant, a pessoa é um fim em si mesma, e não um meio de as ameaças aos dados virtuais e sobre como lidar com as
conseguir atingir interesses particulares. Nesse sentido, redes sociais, a fim de criar uma maior preocupação com
rompe-se com tal lógica humanista ao verificar-se que, a segurança das informações. Dessa forma, será possível
hoje, muitas empresas transformam o consumidor em construir uma sociedade mais autônoma e menos guia-
um instrumento de lucro. Isso ocorre porque os entraves da pelos interesses empresariais.
para o controle da manipulação, caracterizados pela Cartilha Redação a Mil - Extraída de: <http://estaticog1.glo-
bo.com/2019/03/27/CartilhaRedacaoaMilLucasFelpi.pdf?_
dificuldade de identificação dos agentes de tal ação, ga=2.230714207.1381020506.1574694029-237536709.1504522276>.
Acesso em: 25/11/2019
inviabilizam a proteção dos usuários, sobretudo nas
©Isabel Petrenko Dória
Testes
Assimilação
Instrução: Leia o texto para responder às questões 12.01. a 12.04.
A banalidade do mal
Muito se ouve, se fala e se sente acerca da violência. O ódio se encontra disseminado, como se não fosse
possível habitar o mesmo espaço do outro que pensa e age diferente. A violência institucional do Estado
prolifera. Contudo, as práticas sociais agressivas não se resumem à tradicional oposição Estado versus so-
ciedade. Entre cada indivíduo das comunidades, dos bairros, dos mesmos transportes públicos, ronda o
fantasma da violência.
50 Extensivo Terceirão
Aula 12
Certamente, as causas desses fenômenos são múltiplas, talvez tanto quanto o são suas ocorrências. So-
frem mais do dinamismo da continuidade do que das rupturas. Apesar das várias facetas sob as quais pode-
ríamos analisar a violência estrutural, há certos mecanismos e estratégias que se repetem. Como funcionam?
Mais ainda: quais funções e dispositivos de manutenção dessas práticas se atualizam no mundo do trabalho,
na sociabilidade desigual e na urbanidade precária?
A continuidade, permanência e sofisticação dos modos da violência poderiam ser sintetizadas, na expe-
riência brasileira, em duas formas fundamentais e dominantes: o racismo e o machismo. O país cordial e
democrático, em seu cotidiano, tem três mulheres assassinadas por dia. E a maioria das vítimas é composta
de mulheres negras. Se o normal é a violência, o racismo e o machismo, de que modo a mulher ou o jovem
negro podem experimentar uma autodefinição de sua existência, condição necessária para repensar o quadro
de violência?
A Constituição de 1988 seria a promessa de novas práticas, da produção de sujeitos universais – interrom-
pendo a história de vitimizações contínuas de mulheres, índios, idosos, adolescentes, quilombolas, trabalha-
dores. A nova lei, legitimada na fundamentação futura de uma outra vida, seria a redenção para esses sujeitos.
Porém, com a narrativa de construção do Estado de direito, soberano, centralizado, formado pelos “bra-
sileiros”, subjaz franco e atuante, ainda que silencioso e rasteiro, o discurso do conflito, do inimigo, das lutas
que continuam, que permanecem constitutivas da existência do país. Os vivas à democracia, à Constituição,
às leis e à ordem convivem com o ódio ao outro via racismo agressivo, preconceito contra o nordestino,
dentre outros.
A ideia de sermos um único sujeito, o brasileiro alegre e complacente, convive com a prática da diferença
não tolerada, com a consideração do outro, do estranho, do estrangeiro, como aquele que não é “nós”. A
produção do outro e, portanto, a continuidade histórica da violência se devem, em grande medida, à persis-
tência e ao incremento do racismo e do machismo, autorizando a agressão física ou moral.
Qualquer saída para essa situação somente terá alguma possibilidade de efetivação sob políticas, atos e
afetos de respeito às mulheres, aos jovens negros e aos que não têm posses, pois são essas as subjetividades
e as sociabilidades que são alvos das estruturas violentas.
EDSON TELES
Adaptado de: <diplomatique.org.br>, 18/09/2017.
12.01. (UERJ) – No texto, o autor discute o fenômeno de 12.03. (UERJ) – Contudo, as práticas sociais agressivas não
disseminação do ódio entre as pessoas. Para ele, essa disse- se resumem à tradicional oposição Estado versus sociedade.
minação é autorizada pelo seguinte aspecto social: Entre cada indivíduo das comunidades, dos bairros,
a) garantia de direitos às minorias dos mesmos transportes públicos, ronda o fantasma
b) centralização do poder no Estado da violência. A frase sublinhada expressa, em relação à
c) produção de inimigo a ser combatido anterior, o sentido de:
d) redução de estratégias de repressão a) confirmação
b) relativização
12.02. (UERJ) – Na exposição dos fatos que analisa, o c) correção
autor apresenta expectativas que considera frustradas. Um
d) negação
recurso linguístico empregado para marcar essa quebra de
expectativas é: 12.04. (UERJ) – Para desenvolver seu argumento, o autor
a) termo assertivo em “Certamente, as causas desses fenô- emprega a metalinguagem em:
menos são múltiplas,” a) O ódio se encontra disseminado, como se não fosse
b) expressão enfática em “Mais ainda: quais funções e dis- possível habitar o mesmo espaço do outro.
positivos de manutenção dessas práticas se atualizam” b) a mulher ou o jovem negro podem experimentar uma
c) sequência gradativa em “A continuidade, permanência e autodefinição de sua existência.
sofisticação dos modos da violência” c) a consideração do outro, do estranho, do estrangeiro,
d) tempo verbal em “A Constituição de 1988 seria a promessa como aquele que não é “nós”.
de novas práticas,” d) são essas as subjetividades e as sociabilidades que são
alvos das estruturas violentas.
Português 3C 51
Aperfeiçoamento soul e do funk de uma forma inovadora, execu-
tando passos que lembravam ao mesmo tempo
Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões uma luta e os movimentos de um robô. [...]
12.05. a 12.08. Finalmente, além da música e da dança, pro-
pagava-se pelos guetos, ainda, o hábito de dese-
Rap: uma linguagem dos guetos nhar e escrever em muros e paredes. [...] Nesse
Entre as vozes que se cruzam na cacofonia contexto de efervescência político-cultural, grafi-
urbana da sociedade globalizada, há uma que se teiros, breakers e rappers começaram a se reunir
sobressai pela sua radicalidade marginal: o rap. A para realizar eventos juntos, afinal suas artes es-
moderna tradição negra dos guetos norte-ameri- tavam relacionadas a uma experiência comum, a
canos é, hoje, cantada pelos jovens das periferias cultura de rua. [...]
de todos os quadrantes do globo. Mas diferen- Por volta de 1982, o rap chegou ao Brasil, fi-
temente das estereotipias produzidas pela nação xando-se, sobretudo, em São Paulo. [...]
hegemônica e difundidas em escala planetária, Nos últimos anos da década de 90, o rap brasi-
a cultura hip-hop costuma ser assimilada como leiro ultrapassou os limites da periferia dos grandes
uma fala histórica essencialmente crítica por uma centros e chegou à classe média. [...] O rap de cará-
juventude com tão escassas vias de fuga ao sem- ter mais comercial passou então a ser amplamente
pre igual. Quando, por exemplo, jovens de uma difundido pelo país, ao mesmo tempo em que, em
favela brasileira incorporam esta linguagem tor- sua forma marginal, a linguagem continuava a se
nada universal, por mais que a sua realidade seja desenvolver nos espaços populares.
diferente daquela dos marginalizados do país de
Há que se destacar o caráter inovador do rap
origem, a forma permanece associada a um con-
nacional, que reelabora, de forma criadora, a par-
teúdo crítico – uma visão de mundo subalterna e
tir de tradições populares brasileiras, a linguagem
frequentemente subversiva.
dos guetos norte-americanos, mesclando o ritmo
O rap é hoje uma forma de expressão comuni- do Bronx a gêneros como o samba e a embolada.
tária, por meio da qual se comunicam e afirmam
[...]
sua identidade habitantes dos morros e comuni-
dades populares. [...] Não se trata, no entanto, de idealizar o hip-
-hop como forma de conhecimento. O movi-
O surgimento do movimento hip-hop nos
mento, seguramente, não é homogêneo: possui
remete ao contexto no qual estavam inseridos
tendências mais ou menos politizadas, mais ou
os Estados Unidos dos anos 60 e 70, no auge da
menos engajadas e críticas. Há, por assim dizer,
Guerra Fria. Foram anos de tensão e muita agi-
uma vertente cuja tônica é a denúncia, a agitação
tação política. O descontentamento popular com
e o protesto. Outra, espontânea, sem uma linha
a guerra do Vietnã somava-se à pressão das co-
política coerente e definida. E outra ainda, talvez
munidades negras segregadas, submetidas a leis
hegemônica, já assimilada pelo mercado, que re-
similares às do apartheid sul-africano. O clima de
produz o modelo de comportamento, aspirações
revolta e inconformismo tomava conta dos guetos
e ideais dominantes (consumismo, individualis-
negros. [...]
mo e exaltação da vida privada), como a maioria
Na trilha da agitação política ocorriam ino- das canções ditas “de massa”.
vações culturais. Nos guetos, o que se ouvia era
(COUTINHO, Eduardo Granja, ARAÚJO, Marianna. Rap: uma linguagem dos
o soul, que foi importante para a organização e guetos. In: PAIVA, Raquel, TUZZO, Simone Antoniaci (Orgs.). Comunidade,
conscientização daquela população. [...] No mes- mídia e cidade: possibilidades comunitárias na cidade hoje. Goiânia: FIC/
mo período surge uma variedade de outros rit- UFG, 2014.)
52 Extensivo Terceirão
Aula 12
12.06. (EPCAR – MG) – De acordo com as informações do d) “...denunciavam as condições às quais eram submetidas as
texto e o modo como ele está organizado, é correto afirmar populações dos guetos.” => denunciavam as condições a
que os autores que eram submetidas as populações dos guetos.
a) defendem os ditos movimentos de rua, utilizando-se de
12.10. (EPCAR – MG) – Há, em um dos fragmentos abaixo,
argumentos sólidos que valorizam o rap.
uma marca evidente da presença dos autores no texto.
b) apresentam dados temporais e espaciais para defender Assinale-o.
a divulgação do rap na sociedade. a) “O surgimento do movimento hip-hop nos remete ao
c) são preconceituosos com relação à cultura de massa, que, contexto no qual estavam inseridos os Estados Unidos
segundo eles, é hegemônica em aspectos como exaltação dos anos 60 e 70, no auge da Guerra Fria.”
da individualidade. b) “Há, por assim dizer, uma vertente cuja tônica é a denún-
d) expõem o tema rap, contextualizando-o em sua origem cia, a agitação e o protesto.”
e desenvolvimento ao longo dos anos. c) “E outra ainda, talvez hegemônica, já assimilada pelo
12.07. (EPCAR – MG) – Considerando o contexto em que foi mercado...”
empregada, a expressão“cultura de rua” pode ser definida como: d) “Finalmente, além da música e da dança, propagava-se
a) conjunto de ritmos musicais típicos dos guetos negros pelos guetos, ainda, o hábito de desenhar e escrever em
dos anos de 1960 e 1970. muros e paredes.”
b) dança apresentada nas ruas, cujos movimentos lembram
os passos de um robô.
c) conjunto de artes (música, dança e grafite) que se expressa
Aprofundamento
no espaço público, na rua.
Instrução: Leia o texto para responder à questão 12.11.
d) linguagem artística que mistura vários ritmos, como o
funk, o samba e a embolada. O Facebook é, de longe, a maior rede da
12.08. (EPCAR – MG) – Assinale a alternativa que apresenta história da humanidade. Nunca existiu, antes, um
uma leitura correta acerca do texto. lugar onde 1,4 bilhão de pessoas se reunissem –
a) A juventude marginalizada, em todos os quadrantes do e 936 milhões entrassem todo santo dia (só no
globo, tem no rap uma solução para a sua situação de Brasil, 59 milhões). Metade de todas as pessoas
criminalidade. com acesso à internet, no mundo, entra no Face-
book pelo menos uma vez por mês. Ele tem mais
b) O rap alcançou a classe média fora das comunidades adeptos do que a maior das religiões (a católica,
populares e atua, hoje, como um importante instrumento com 1,2 bilhão de fiéis), e mais usuários do que a
de conscientização dessa classe, devido a sua linguagem internet inteira tinha dez anos atrás. Em suma: é
rebelde e marginal. o meio de comunicação mais poderoso do nosso
c) A raiz histórica do rap está na tensão e na insatisfação tempo, e tem mais alcance do que qualquer coisa
geradas pela Guerra Fria, as quais tomaram conta dos que já tenha existido. A maior parte das pessoas o
guetos ao redor do mundo nas décadas de 60 e 70. adora, não consegue conceber a vida sem ele. Tam-
d) Embora seja a incorporação de uma linguagem surgida bém pudera: o Facebook é ótimo. Nos aproxima
em outra realidade, extremamente diferente da deles, o dos nossos amigos, ajuda a conhecer gente nova
rap transformou-se em uma espécie de voz dos jovens e acompanhar o que está acontecendo nos nossos
dos morros e das comunidades brasileiras. grupos sociais. Mas essa história também tem um
lado ruim. Novos estudos estão mostrando que
12.09. (EPCAR – MG) – Assinale a alternativa em que a o uso frequente do Facebook produz alterações
reescrita proposta NÃO está de acordo com a norma padrão físicas no cérebro. Quando estamos nele, ficamos
da Língua Portuguesa. mais impulsivos, mais narcisistas, mais desaten-
a) “O rap é hoje uma forma de expressão comunitária, por tos e menos preocupados com os sentimentos dos
meio da qual se comunicam...” => O rap é hoje uma forma outros. E, de quebra, mais infelizes.
de expressão comunitária, com à qual se comunicam. SANTI, A. Superinteressante, ed. 348, jun. 2015. Disponível em: <http://super.
abril.com.br/tecnologia/>. Acesso em: 27 de set. 2016. (Fragmento).
b) “O descontentamento popular com a guerra do Vietnã
somava-se à pressão das comunidades negras...” =>
Ao descontentamento popular com a guerra do Vietnã 12.11. (CFTMG) – O modo como o texto apresenta e orga-
somava-se a pressão das comunidades negras. niza as informações permite inferir seu objetivo de
c) “...submetidas a leis similares às do apartheid...” => ...sub- a) destacar os efeitos negativos da rede social.
metidas a leis similares àquelas do apartheid. b) questionar os benefícios das novas tecnologias.
c) apresentar dados quantitativos sobre o Facebook.
d) manifestar opiniões pessoais sobre o mundo virtual.
Português 3C 53
Instrução: Leia o texto para responder à questão 12.12.
Na verdade, para a maior parte da humani-
Ao tratar de literatura e de valor estético, esta- dade, a globalização está se impondo como uma
mos em terreno movediço e variável e não em ter- fábrica de perversidades. O desemprego crescente
ras firmes e estáveis. O que se considera literatura torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes
hoje não é o que se considerava no século XVIII; médias perdem em qualidade de vida. O salário
o que se considera uma história bem narrada em médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se
uma tribo africana não é o que se considera bem generalizam em todos os continentes. Novas en-
marcado em Paris; o enredo que emociona uma fermidades se instalam e velhas doenças, suposta-
jovem de 15 anos não é o que traz lágrimas aos mente extirpadas, fazem seu retorno triunfal.
olhos de um professor de 60 anos; o que um críti- Todavia, podemos pensar na construção de
co carioca identifica como uso sofisticado da lin- um outro mundo, mediante uma globalização
guagem não é compreendido por um nordestino mais humana. As bases materiais do período atual
analfabeto. são, entre outras, a unicidade da técnica, a con-
ABREU, Márcia. Cultura letrada: literatura e leitura. São Paulo: Editora da
vergência dos momentos e o conhecimento do
Unesp, 2016. p. 58. planeta. É nessas bases técnicas que o grande ca-
pital se apoia para construir a globalização per-
12.12. (CFTMG) – No texto, a autora defende o ponto de versa de que falamos acima. Mas essas mesmas
vista de que a noção de literatura é estabelecida por critérios bases técnicas poderão servir a outros objetivos,
a) elitistas. se forem postas a serviço de outros fundamentos
sociais e políticos.
b) relativos.
MILTON SANTOS
c) técnicos. Adaptado de Por uma outra globalização: do pensamento único à
d) históricos. consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004.
Instrução: Leia o texto para responder às questões 12.13. 12.13. (UERJ) – Fala-se, por exemplo, em aldeia global para
e 12.14. fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente
informa as pessoas. (ref. 1)
Vivemos num mundo confuso e confusamente Ao empregar a expressão destacada neste trecho, o autor
percebido. De fato, se desejamos escapar à crença indica sua discordância em relação a uma ideia difundida
de que esse mundo assim apresentado é verda-
como verdade inquestionável.
deiro, e não queremos admitir a permanência de
sua percepção enganosa, devemos considerar a Outra expressão empregada com a mesma finalidade está
existência de pelo menos três mundos num só. O destacada em:
primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê- a) É como se o mundo houvesse se tornado, para todos, ao
-lo: a globalização como fábula. O segundo seria alcance da mão. (ref. 2)
o mundo tal como ele é: a globalização como per- b) Um mercado avassalador dito global é apresentado como
versidade. E o terceiro, o mundo como ele pode capaz de homogeneizar o planeta (ref. 3)
ser: uma outra globalização.
c) tornando também mais distante o sonho de uma cida-
Este mundo globalizado, visto como fábu- dania de fato universal. (ref. 4)
la, constrói como verdade um certo número de d) Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado. (ref. 5)
fantasias. 1Fala-se, por exemplo, em aldeia global
para fazer crer que a difusão instantânea de notí- 12.14. (UERJ) – No primeiro parágrafo, o autor apresenta
cias realmente informa as pessoas. A partir des- uma caracterização negativa do mundo atual, ao mesmo
se mito e do encurtamento das distâncias – para tempo que propõe um procedimento de análise desse
aqueles que realmente podem viajar – também se contexto que permitiria superá-lo.
difunde a noção de tempo e espaço contraídos. Esse procedimento de análise está explicado em:
2
É como se o mundo houvesse se tornado, para
todos, ao alcance da mão. 3Um mercado avassa- a) contestação de práticas históricas que geram injustiças
lador dito global é apresentado como capaz de sociais
homogeneizar o planeta quando, na verdade, as b) simulação de cenários futuros que possibilitem novas
diferenças locais são aprofundadas. O mundo se relações humanas
torna menos unido, 4tornando também mais dis- c) formulação de conceitos gerais que simplifiquem uma
tante o sonho de uma cidadania de fato universal. tese controversa
5
Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado. d) delimitação de aspectos distintos que compõem um
problema complexo
54 Extensivo Terceirão
Aula 12
Instrução: Leia o texto para responder à questão 12.15. 12.15. (FMP – SC) – O argumento de autoridade utilizado
no texto para discutir o processo de “encolhimento” social é:
Mais velho, poucos amigos? a) Cientistas afirmam que a depressão é consequência da
Um curioso estudo divulgado na última sema- morte de amigos e das limitações físicas.
na mostrou que a redução do número de amigos b) Estudos comprovam que as limitações físicas provocam
com a idade, tão comum entre os humanos, pode depressão nos animais durante o envelhecimento.
não ser exclusivo da nossa espécie. Aparente- c) Pesquisadores identificaram redução do tempo de
mente, macacos também passariam por processo grooming e do número de amigos nos macacos mais
semelhante em suas redes de contatos sociais, o velhos.
que poderia sugerir um caráter evolutivo desse d) Médicos constataram que a liberação de endorfinas é
fenômeno.
causada pelo grooming entre seres humanos.
No trabalho desenvolvido pelo Instituto de e) Pesquisas concluíram que os macacos sentem mais falta
Pesquisa com Primatas em Göttingen, Alemanha,
do contato físico do que os humanos.
se identificou uma redução de grooming (tem-
po dedicado ao cuidado com outros indivíduos, Instrução: Leia o texto para responder à questão 12.16.
como limpar o pelo e catar piolhos) entre os ma-
cacos mais velhos da espécie Macaca sylvanus. Livro e futebol
Além disso, eles praticavam grooming em um nú-
mero menor de “amigos” ou parentes. O leitor a quem se dirige esse livro não é evi-
dente: em geral, quem vive o futebol não está in-
Fazer grooming está para os macacos mais ou teressado em ler sobre ele mais do que a notícia
menos como o “papo” para nós. Da mesma forma de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros e
que o “carinho” humano, ele parece provocar a especulações poucas vezes conhece o futebol por
liberação de endorfinas. Geram-se, dessa forma, dentro. Pierre Bourdieu observa, por exemplo,
sensações de bem-estar tanto em homens como que a sociologia esportiva é desdenhada pelos
em outros animais. sociólogos e menosprezada pelos envolvidos com
Na pesquisa, publicada pelo periódico New o esporte. A observação pode valer também para
Scientist, os cientistas perceberam que macacos ensaios como este aqui, embora ele não seja do
de 25 anos tiveram uma redução de até 30% do gênero sociológico. No limite, a onipresença do
tempo de grooming quando comparados com jogo de bola soa abusiva e irrelevante para quem
adultos de cinco anos. Se esse fenômeno acontece acompanha a discussão cultural. Assim, mais
em outros primatas, ele também pode ter chegado do que um desconhecimento recíproco entre as
a nós ao longo do caminho de formação da nos- partes, pode-se falar, de fato, de uma dupla resis-
sa espécie. Se chegou, qual teria sido a vantagem tência. Viver o futebol dispensa pensá-lo, e, em
evolutiva? grande parte, é essa dispensa que se procura nele.
Durante muito tempo se especulou que esse Os pensadores, por sua vez, à esquerda ou à di-
“encolhimento” social em humanos seria, na reita, na meia ou no centro, têm muitas vezes uma
verdade, resultado de um processo de envelhe- reserva contra os componentes anti-intelectuais e
cimento, em que depressão, morte de amigos, li- massivos do futebol, e temem ou se recusam a
mitações físicas, vergonha da aparência e menos endossá-los, por um lado, e a se misturar com
dinheiro poderiam limitar as novas conexões. eles, por outro. Tudo isso, por si só, já daria um
Mas, pesquisando os idosos, se percebeu que ter belo assunto: o futebol como o nó cego em que a
menos amigos era muito mais uma escolha pesso- cultura e a sociedade se expõem no seu ponto ao
al do que uma consequência do envelhecer. mesmo tempo mais visível e invisível. E esse não
Uma linha de investigação explica que essa re- deixa de ser o tema deste livro, que talvez possa
dução dos amigos seria, na verdade, uma seleção interessar a quem esteja disposto a lê-lo indepen-
dos mais velhos de como usar melhor o tempo. dentemente de conhecer o futebol ou de ser ou
Mas outros especialistas defendem a ideia de que não “intelectual”.
os mais velhos teriam menos recursos e defesas Não é incomum, também, que intelectuais vi-
para lidar com estresse e ameaças e, assim, esco- vam intensamente o futebol, sem pensá-lo, e que
lheriam com mais cautela as pessoas com quem resistam, ao mesmo tempo, a admiti-lo na ordem
se sentem mais seguros (os amigos) para passar do pensamento. Nesse caso, aqueles dois perso-
seu tempo. nagens a que nos referimos no começo podem se
BOUER, J. Jornal O Estado de São Paulo, caderno Metrópole, domingo, 26 jun. encontrar numa pessoa só. [...]
2016, p. A23. Adaptado. (José Miguel Wisnik. Veneno Remédio: o Futebol e o Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 2008.)
Português 3C 55
12.16. (UFPR) – “Nesse caso, aqueles dois personagens a
que nos referimos no começo podem se encontrar numa do pelo Cesar, pela Urbana/PE e pela Fiepe, tive
pessoa só”. Com isso, o autor reconhece que: oportunidade de falar sobre a importância crucial
do pedestre para o urbanismo contemporâneo.
1. é desejável pensar o esporte por outro viés que não seja Esse seminário regional foi um desdobramento,
aquele permeado por admiração e paixão. no Recife, do seminário internacional Cidades A
2. admitir o futebol na ordem do pensamento significa fazer Pé, realizado em São Paulo, no mês de novembro
do torcedor apaixonado uma pessoa capaz de refletir sobre do ano passado.
seus pontos positivos e negativos. Disse que, embora graduado em Arquitetu-
3. há intelectuais que, mesmo não admitindo que possam ra e Urbanismo pela UFPE, só fui entender o
haver abordagens intelectualizadas do futebol, são torce- que considero vital na questão urbana atual de-
dores fervorosos. pois que andei milhares de quilômetros no Recife.
4. o torcedor apaixonado é aquele que prefere pensar o Depois, portanto, que, na prática, me “pós-gra-
futebol na sua expressão cultural e, portanto, é o que duei” pelos pés. O essencial do que aprendi foi
que se o pedestre se sente mal no solo é porque
congrega as características de leitor preferencial do livro.
o urbanismo é ruim e o planejamento urbano, se
Assinale a alternativa correta. houve, falhou.
a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira. O planejamento urbano tradicional, o que se
b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. aprende na escola e amiúde se aplica por aí, co-
c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. meça olhando o espaço pelo satélite (ainda mais
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. agora com a proliferação das tecnologias de inter-
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. net…), depois “desce” para o mapa, para a planta,
para o detalhe, e termina por não chegar ao nível
Instrução: Leia o texto para responder à questão 12.17. do chão, de quem está andando na rua. Depois
de gastar muita sola de sapato por aí, defendo
Um pensamento liberal moderno, em tudo que haja uma inversão de sentido, que o plane-
oposto ao pesado escravismo dos anos 1840, pode jamento comece pelo chão, por onde anda o pe-
formular-se tanto entre políticos e intelectuais das destre e, aí, vá “subindo” até chegar ao satélite. Se
cidades mais importantes quanto junto a bacharéis isso fosse feito, com certeza, não teríamos muitas
egressos das famílias nordestinas que pouco ou das atrocidades que suportamos nas cidades bra-
nada poderiam esperar do cativeiro em declínio. sileiras andando por elas…
(BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras,
Na Grécia antiga, a filosofia pré-socrática de-
1992, p. 224) fendia que “o homem é a medida de todas as coi-
sas”. Na cidade, a medida de todas as coisas, sem
12.17. (PUCCAMP – SP) – Parte da crítica literária dos nossos a menor sombra de dúvida, é o pedestre! Não en-
dias acredita na tese de que Machado de Assis, em sua lucidez tender isso é ficar na contramão da história con-
de escritor, realçou a contradição entre ideias liberais e a temporânea do urbanismo. Que o digam Jan Gerl
realidade opressiva da época. Essa tese crítica ganhou uma com seu consagrado livro “Cidade para as Pesso-
síntese expressiva e esclarecedora na seguinte formulação: as”, e Jeff Speck com o seu excelente livro “Cidade
Caminhável”. Que o digam as cidades da Europa
a) Brasil, país do futuro. e, já, muitas dos EUA, além de praticamente todas
b) Em se plantando, tudo dá. as capitais latinoamericanas…
c) Só a antropofagia nos une. Já existem, inclusive, um conceito e um con-
d) São ideias fora do lugar. junto de indicadores que ajudam a materializar
e) Um país essencialmente agrícola. essa tendência. Trata-se, o conceito, do Walkabi-
lity, e o conjunto de indicadores, do Walk Score,
12.18. (UPE – PE) – Acerca de algumas relações lógico- que mede o quanto “caminhável” é determinado
-semânticas presentes no texto “Pedestre, a medida de todas local, bairro ou cidade. Temos que seguir por aí.
as coisas”, analise as afirmações a seguir. Afinal, como repete aquele complemento de co-
mercial de rádio e TV, independente do meio de
Pedestre, a medida de todas as coisas transporte que utilizemos, “na cidade, todos so-
Na palestra que fiz mês passado no seminário mos pedestres”.
A Mobilidade a Pé e o Futuro do Recife, organi- Francisco Cunha. In: Revista Algomais, Ano 11, n° 124, julho de 2016, p.50.
zado pelo INTG – Instituto da Gestão – e apoia- Adaptado
56 Extensivo Terceirão
Aula 12
A civilização do espetáculo: uma radiografia 12.19. (FGV – SP) – Com base nos conceitos de “especializa-
do nosso tempo e da nossa cultura ção” e “progresso”, o autor distingue arte de ciência. Explique
As ideias de especialização e progresso, insepa- sucintamente o que ele entende por
ráveis da ciência, são inválidas para as letras e as a) “especialização”;
artes, o que não quer dizer, evidentemente, que a
literatura, a pintura e a música não mudem nem
evoluam. Mas, diferentemente do que se diz sobre
a química e a alquimia, nelas não se pode dizer
que aquela abole e supera esta. A obra literária e
artística que atinge certo grau de excelência não
morre com o passar do tempo: continua vivendo e
enriquecendo as novas gerações e evoluindo com
estas. Por isso, as letras e as artes constituíram até
agora o denominador comum da cultura, o espaço
no qual era possível a comunicação entre seres hu-
b) “progresso”.
manos, apesar das diferenças de línguas, tradições,
crenças e épocas, pois quem hoje se emociona com
Shakespeare, ri com Molière e se deslumbra com
Rembrandt e Mozart está dialogando com quem
no passado os leu, ouviu e admirou.
Esse espaço comum, que nunca se especiali-
zou, que sempre esteve ao alcance de todos, passou
por períodos de extrema complexidade, abstração
e hermetismo, o que restringia a compreensão de
Português 3C 57
Instrução: Texto para a próxima questão.
Ética
A palavra “ética” vem do grego ethos, tal como “moral” vem do latim mores. Sintomaticamente, tanto
ethos como mores significam costumes.
De acordo com essa significação original, as normas de conduta e a definição do que era certo e do que
era errado eram impostas aos indivíduos pela comunidade, e os indivíduos as aceitavam (tendiam a concor-
dar com o castigo, quando as infringiam).
Desse modo, podemos dizer que, num tempo muito antigo, os seres humanos já conheciam valores. E
podemos dizer mais: esses valores, embutidos nas normas de conduta, eram inculcados nos indivíduos pelo
grupo. A comunidade precedia a individualidade.
Posteriormente, quando se desenvolveu a atividade mercantil, o comércio exigia a ampliação do espaço
para a autonomia individual (o comerciante precisava de espaço para se deslocar para o lugar certo na hora
exata em que podia comprar barato e vender caro, a fim de ser bem sucedido, por sua livre iniciativa pessoal).
Os indivíduos mais autônomos passaram a se defrontar com situações nas quais não podiam se limitar a
obedecer às normas pré-fixadas pela comunidade e essas normas começaram a perder o vigor. Os indivíduos
passaram a enfrentar o desafio de decidir por conta própria o que era certo e o que era errado.
Por mais autônomos que se tornem, entretanto, os indivíduos não podem subsistir sozinhos, precisam
da sociedade para sobreviver ao nascer, para crescer, para assimilar uma linguagem. A dimensão social nas
pessoas é ineliminável.
Por isso, ao tentarem justificar suas escolhas, ao tentarem esclarecer os fundamentos de sua preferência, ao
tentarem hierarquizar seus valores, os indivíduos são levados a formular princípios que devem valer tanto para
eles como para os outros. Quer dizer: são levados a elaborar uma ética (uma pauta de conduta) que só pode ser
proposta seriamente aos outros (à sociedade) se puder se basear naquilo que cada indivíduo tem de universal.
Toda pessoa é um indivíduo singular, com desejos e interesses particulares, mas é também — potencial-
mente — um representante da humanidade (Kant). Coexistem dentro de cada um de nós, segundo Kant, o
representante da humanidade e o indivíduo sempre particular. Por isso, o ser humano é “social-insociável”.
Texto modificado de KONDER, Leandro. Ética. In: YUNES, Eliana & BINGEMER, M. Clara Lucchetti. Virtudes. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2001. pp. 86-87.
b) Com relação ao trecho abaixo, extraído do texto, faça o que é pedido a seguir.
“Os indivíduos mais autônomos passaram a se defrontar com situações nas quais não podiam se limitar a
obedecer às normas pré-fixadas pela comunidade e essas normas começaram a perder o vigor.”
II. Observe: “Os indivíduos mais autônomos passaram a se defrontar com situações...” O emprego da locução verbal nessa
passagem traz uma informação implícita. Diga que informação é essa.
58 Extensivo Terceirão
Aula 12
Produção de textos
Proposta 01
Leia a tirinha a seguir.
(UEL – PR) – A tirinha apresenta um ruído na comunicação entre as personagens. Explique as circunstâncias que provocaram
a incompreensão da mensagem por parte da personagem Edibar da Silva e o que poderia ser feito para desfazer o equívoco.
Para a elaboração de seu texto, utilize de 8 a 10 linhas
Português 3C 59
Proposta 02
(UEL – PR) – Analise a charge a seguir.
Com base na leitura da charge, comente, em até 10 linhas, o que ela denuncia e, ao mesmo tempo, defende.
60 Extensivo Terceirão
Aula 12
Proposta 03
(PUCPR) – Com base na leitura dos textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um
texto dissertativo-argumentativo em norma-padrão da língua portuguesa sobre O lugar da felicidade em nosso cotidiano.
Para atender à proposta, seu texto deverá apresentar
• tese/ponto de vista bem definido;
• argumentos que sustentem seu ponto de vista.
TEXTO 01
Português 3C 61
TEXTO 02
62 Extensivo Terceirão
Aula 12
Português 3C 63
Gabarito
12.01. c 12.19. a)
O autor argumenta que conceitos 12.20. a) No texto, o enunciado denota a ideia
12.02. b essenciais para as ciências, como a de que os valores da comunidade deter-
12.03. a especialização, isto é, a necessida- minavam os do indivíduo.
12.04. c de da ciência de restringir-se a um b) I. por isso; logo; portanto
12.05. a determinado objeto de pesquisa ou II. O emprego da locução traz ideia
12.06. c mesmo de tornar-se hermética para de mudança – de que antes os in-
12.07. b que assim possa progredir. Segundo divíduos não tinham se defrontado
12.08. d o autor, a ciência nunca esteve nem com tais situações.
12.09. d poderá estar ao alcance de todos, di-
12.10. a ferentemente das artes.
12.11. a b) O progresso nas ciências depende
12.12. b da especialização, da pesquisa para
12.13. a que possa progredir, enquanto que as
12.14. d artes evoluem ao manter um diálogo
12.15. c temporal entre todos os que compar-
12.16. a tilham uma obra.
12.17. d
12.18. b
64 Extensivo Terceirão