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WAGNER COSTA RIBEIRO

Geógrafo e licenciado em Geografia pela


Universidade de São Paulo (USP), onde
obteve os títulos de mestre, doutor e
livre-docente em Geografia

Professor titular do Departamento


de Geografia da USP

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4ª edição
São Paulo, 2018
Direção geral: Guilherme Luz
Direção editorial: Luiz Tonolli e Renata Mascarenhas
Gestão de projeto editorial: Mirian Senra
Gestão de área: Wagner Nicaretta
Coordenação: Jaqueline Paiva Cesar
Edição: Karine Costa, Felipe Vinícius dos Santos,
Felipe Rodrigues Sanches e Orlinda Teruya (editores),
Aline Cestari e Daniele Dionizio (assist. edit.)
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Planejamento e controle de produção: Paula Godo,
Roseli Said e Márcia Pessoa
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Kátia Scaff Marques (coord.),
Rosângela Muricy (coord.), Ana Curci, Ana Paula C. Malfa, Arali Gomes,
Brenda T. M. Morais, Carlos Eduardo Sigrist, Célia Carvalho,
Cesar G. Sacramento, Diego Carbone, Flavia S. Vênezio,
Gabriela M. Andrade, Heloísa Schiavo, Hires Heglan, Maura Loria,
Patrícia Travanca, Raquel A. Taveira, Sandra Fernandez, Sueli Bossi;
Amanda T. Silva e Bárbara de M. Genereze (estagiárias)
Arte: Daniela Amaral (ger.), Claudio Faustino (coord.)
e Elen Coppini Camioto (edição de arte)
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Ribeiro, Wagner Costa


Por dentro da geografia, 9º ano : ensino fundamental,
anos finais / Wagner Costa Ribeiro. -- 4. ed. -- São Paulo
: Saraiva, 2018.

Suplementado pelo manual do professor.


Bibliografia.
ISBN: 978-85-472-3611-3 (aluno)
ISBN: 978-85-472-3612-0 (professor)

1. Geografia (Ensino fundamental). I. Título.

2018-0109 CDD: 372.891

Julia do Nascimento – Bibliotecária – CRB-8/010142

2018
Código da obra CL 820659
CAE 631640 (AL) / 631732 (PR)
4a edição
1a impressão

Impressão e acabamento

II MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


Apresentação
A educação se consolida à medida que os seres humanos se apropriam de saberes socialmente construídos, que, com
o tempo, tornam-se imprescindíveis para o convívio social. Nesse processo de ensino-aprendizagem, conhecimento e
cidadania devem caminhar juntos, de modo a permitir o desenvolvimento de habilidades essenciais para a compreensão
do complexo mundo atual.
Em conformidade com tais pressupostos, este Manual do Professor foi organizado com o objetivo de oferecer a você,
professor, um material teórico-metodológico de apoio a essa coleção. Além de contribuir para o planejamento das aulas,
oferecendo recursos para o aprimoramento de práticas pedagógicas, este Manual, assim como o livro impresso do Material
Digital, vale-se de diferentes estratégias, como a utilização de meios digitais em sala de aula, que visam viabilizar novas
relações de ensino-aprendizagem. Por isso, é muito importante que esses materiais o acompanhem em sala de aula.
A coleção apresenta os conteúdos de Geografia organizados em unidades temáticas e procura, por meio de propostas
contextualizadas, levar o aluno a refletir sobe as relações cotidianas que se desenvolvem à sua volta, e não apenas no
ambiente escolar. Procura-se, ainda, estimular a construção da cidadania por meio da aquisição de conhecimentos que,
quando colocados em prática, ajudem o aluno a compreender o mundo e a interagir com a sociedade.
Além disso, a coleção reconhece que o aluno tem direito ao conhecimento e defende que seu acesso a ele seja propi-
ciado por meio de aprendizagens essenciais progressivamente ensinadas durante os anos de escolarização da Educação
Básica. Diante disso, assume o proposto no Plano Nacional de Educação de oferecer condições para a garantia dos direitos
de aprendizagem no que se relaciona ao componente curricular de Geografia, no contexto da área de Ciências Humanas.
Entende-se que a Geografia possibilita ao aluno interpretar as relações sociais e espaciais nas quais ele está inserido,
oferecendo condições para que ele possa conhecer sua condição social e, assim, refletir sobre ela. O objetivo central
desse campo do conhecimento é auxiliar a compreender a sociedade contemporânea.
Nessa perspectiva, o volume 6 convida o aluno a estudar conceitos centrais para a aquisição do conhecimento geo-
gráfico. Já no volume 7, ele é estimulado a pensar o Brasil e sobre o país, sobretudo sobre os desafios apresentados por
uma sociedade ainda desigual a ser superada. O volume 8 dedica-se ao espaço geográfico no contexto da globalização,
para refletir como esse processo afeta a população, em especial da América e da África. No volume 9, a reflexão é dire-
cionada para a situação do mundo atual, com destaque para os conflitos que afetam os países da Europa e da Ásia, além
de conhecimentos gerais sobre a Oceania.
Portanto, além de ser estimulado a conhecer o lugar onde vive, o aluno é convidado a estudar as redes que o conectam
a outros contextos, regionais, estaduais, nacionais e/ou internacionais. Ao estabelecer relações entre conteúdo escolar
e vida cotidiana, o aluno passa a desempenhar o papel de protagonista de seu processo de aprendizagem, adquirindo
competências gerais e específicas ao componente curricular de Geografia que lhe permitam desenvolver uma visão
crítica e analítica sobre a sociedade contemporânea.
A coleção, portanto, pretende levar o aluno a:
• apropriar-se das diferentes linguagens utilizadas pelo raciocínio geográfico, especialmente a cartográfica;
• relacionar a base conceitual de Geografia com outros componentes curriculares, de forma contextualizada;
• formar opinião diante de situações cotidianas para a construção da cidadania;
• expressar-se, por meio de diferentes linguagens, considerando que ele também é parte de uma sociedade complexa
e coletiva, para reconhecer o outro como interlocutor e sujeito.
A coleção está atualizada em relação ao que foi disposto na chamada versão final da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC). E cada volume foi construído articulando o papel do ensino de Geografia na formação da cidadania no Brasil diante
de um mundo globalizado. Juntos eles visam colaborar para a compreensão da sociedade contemporânea, assim como
para a busca de alternativas aos seus desafios.

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL III


Sumário
1. Orientações gerais .................................V
Geografia, sociedade e ensino ................................................. V
A construção do saber geográfico e o
ensino de Geografia ....................................................................VI
O caráter interdisciplinar do saber geográfico................VII
A relação de ensino-aprendizagem em
Geografia e a formação da cidadania ..................................IX
A avaliação como processo na relação
de ensino-aprendizagem .........................................................XI

2. Textos de apoio ao professor..............XIII


3. Sugestões de leitura sobre
educação e ensino de Geografia ..... XVIII
4. Por dentro da BNCC ............................ XX
5. Estrutura da obra ............................. XXIV
6. Os volumes.................................... XXVIII
Conheça o livro do professor ............................................XXX

7. Bibliografia ..................................... XXXII

IV MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


1. Orientações gerais

Geografia, sociedade e ensino Nesse cenário, é a educação que tem o poder de oferecer
ao sujeito oportunidades para atuar de forma mais autô-
A sociedade contemporânea encontra-se em constante
noma, posicionando-se criticamente diante dos desafios
transformação e adaptação – e a compreensão desse proces-
sociais. Além disso, a educação oferece um repertório de
so exige a apropriação de outra característica dessa socieda-
conhecimentos fundamentais ao sujeito, com base nos
de, que é o uso da informação. Esta coleção insere-se nesse
quais ele pode impulsionar seu desenvolvimento pessoal
processo, pois busca oferecer um repertório atualizado sobre
e a construção de sua identidade, o que lhe permitirá fazer
a sociedade contemporânea, que considera todas as transfor-
escolhas no futuro. Trata-se de um processo de construção
mações (econômicas, sociais, culturais, ambientais, políticas,
e colaboração ao longo do qual é esperado que os envolvi-
etc.) ocorridas nas últimas décadas, reposicionando o Brasil
dos passem a compreender a sociedade e o mundo em que
nesse cenário, além de refletir sobre o impacto de todas es-
vivem, sem desconsiderar a existência de outras formas de
sas mudanças nos processos de ensino-aprendizagem, nas
organização social.
práticas educativas, nos currículos, e, consequentemente,
nos livros didáticos. É muito recorrente, nos dias atuais, a discussão acerca das
competências a serem desenvolvidas pelo aluno, visando a
O fluxo de informações intensificou-se enormemente nas
sua inserção nas diversas situações sociais que se apresen-
últimas décadas, com a rápida evolução dos meios de comu-
tam na contemporaneidade. Libâneo, por exemplo, sinaliza
nicação, e da internet, em especial; e a tal ponto que marca
que “estudos recentes sobre os processos do pensar e do
hoje a experiência de grande parte das sociedades. Contudo,
aprender, para além da acentuação do papel ativo dos sujeitos
essas informações, construídas e propagadas ao longo do
na aprendizagem, insistem na necessidade de os sujeitos
tempo, não são, de fato, acessíveis a todos os membros das
desenvolverem habilidades de pensamento, competências
sociedades, já que, em geral, organizam-se de forma compe-
cognitivas” (LIBÂNEO, 2004, p. 6).
titiva e desigual. O acesso ao conhecimento é hoje, portanto,
fator condicional de inclusão ou segregação. Por essa e outras Nesse sentido, se o processo de ensino-aprendizagem se
razões, o texto da Base Nacional Comum Curricular afirma encontra em uma relação direta com a construção do conhe-
que “a sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e cimento, a aprendizagem do aluno deve estar diretamente
inclusivo a questões centrais do processo educativo: o que relacionada, por sua vez, com o desenvolvimento de compe-
tências e habilidades.
aprender, para que aprender, como ensinar, como promover
redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o apren- Tal perspectiva exige que a escola repense seu papel e
dizado.” (BRASIL, 2017, p. 14). sua função sociais. Nos dias atuais, é esperado que o aluno,
cidadão em processo de escolarização, esteja articulado com
Nesse processo, o saber e o raciocínio geográficos se des-
as exigências que lhes são colocadas diariamente. Para tanto,
tacam, porque propiciam o desenvolvimento de habilidades
é preciso oferecer condições a ele para o aprimoramento de
que extrapolam o conhecimento científico e mobilizam rela-
suas habilidades de: relacionar-se com diferentes pessoas
ções entre tempo e espaço, dinâmicas sociais e econômicas,
e em diferentes contextos; solucionar problemas, agindo de
cultura e natureza. O raciocínio geográfico permite ao aluno
modo (mais) justo; pensar de modo mais inclusivo, responsa-
desenvolver habilidades relacionadas ao tempo e ao espa-
bilizando-se pelo lugar em que vive; etc.
ço, que são fundamentais para que se torne protagonista de
suas ações. Além disso, é preciso oferecer papel de destaque Uma formação integral do aluno é o que defende a Base
ao aluno, atribuindo-lhe autonomia no desempenho de tais Nacional Comum Curricular, documento que reorganizou, re-
habilidades e protagonismo no processo de apropriação e centemente, as principais aprendizagens da Educação Básica.
construção do conhecimento. Corroborando essa defesa, a coleção proporciona o acesso
O conhecimento é um patrimônio de todos e deve ser utili- ao conhecimento por meio de uma relação interativa entre os
zado como ferramenta a favor das liberdades de pensamento saberes e as experiências do aluno, considerando sua forma-
e de expressão, sem as quais as manifestações humanas, em ção para a vida em sociedade.
todas as suas intencionalidades e especificidades, encontram- Mediada pelo professor, a relação de ensino-aprendiza-
-se prejudicadas. O conhecimento também pode ser utilizado gem se constrói com o desenvolvimento do pensamento
para diminuir a opressão e a desigualdade nas sociedades. autônomo e crítico de cada sujeito envolvido nesse processo.

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL V


E o conhecimento geográfico, em especial, colabora para No caso brasileiro, desde a década de 1980, observa-se
a inserção consciente do aluno no mundo do trabalho e da uma renovação relevante na produção do saber geográfico e o
informação. estabelecimento de outros parâmetros teóricos, metodológi-
Capaz de ampliar as estruturas de aprendizagem de cada cos e temáticos. Essa situação levou ao estudo de temas até
aluno: então negligenciados pela Geografia. Houve a incorporação de
novas problemáticas, como a desigualdade socioespacial; os
[...] o aprendizado adequadamente organizado resulta processos de territorialização dos movimentos sociais e do
em desenvolvimento mental e põe em movimento vários capital; a produção do espaço geográfico; a regionalização
processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam
dos processos globais de circulação de capital, informação e
impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspec-
to necessário e universal do processo de desenvolvimento
mercadorias, e suas consequências socioambientais; a tenta-
das funções psicológicas culturalmente organizadas espe- tiva de regulação ambiental em escala internacional por meio
cificamente humanas. de tratados internacionais; entre outros.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: a formação Esse movimento contribuiu para a consolidação de uma
dos processos mentais superiores. São Paulo: Geografia brasileira, reconhecida internacionalmente por meio
Martins Fontes, 1989. p. 87.
da concessão de importantes prêmios a autores como: Milton
O ensino precisa contribuir, portanto, para a emancipa- Santos (laureado com o prêmio Vautrin Lud, em 1994, quando
ção do indivíduo, além de propiciar o uso da reflexão como era professor da Universidade de São Paulo); Roberto Lobato
impulso para a construção de sua autonomia. Desse modo, Correa (professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
não pode ser compreendido como uma mera transmissão de reconhecido com o prêmio Geocrítica, em 2003); Ana Fani Ales-
conhecimentos ou oferta de informações. Os conhecimentos sandri Carlos (também da Universidade de São Paulo, a quem
devem ser vivos e concretos, indissoluvelmente ligados às foi concedido o prêmio Geocrítica, em 2012). Muitos outros
experiências do aluno e relacionados às exigências históricas pesquisadores da área também obtiveram reconhecimento
da sociedade presente. internacional, por meio de convites feitos por universidades
estrangeiras para ministrar conferências e cursos em outros
Assim, o conhecimento científico historicamente cons-
países. Essa produção acadêmica é um reflexo positivo para o
truído, a que chamamos conteúdo no contexto escolar, passa
país e atrai interessados de várias partes do mundo que bus-
a ser reconhecido como um objeto de ensino-aprendizagem
cam cooperação com as principais universidades brasileiras.
partilhado entre aluno e professor na busca pelo saber: desa-
fio permanente que anima a prática pedagógica. A existência de vários eventos nacionais que atraem pes-
quisadores e alunos de graduação e pós-graduação de países
de toda a América Latina também expressa o vigor da produ-
A construção do saber geográfico e o ensino de
ção geográfica no Brasil. Como é o caso do Encontro Nacional
Geografia de Geógrafos, organizado a cada dois anos pela Associação
No contexto escolar, o componente curricular Geografia dos Geógrafos Brasileiros (AGB) e do Encontro da Associação
é responsável por situar o aluno no espaço geográfico, rela- Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, realizado
cionando-o com a sociedade, o tempo e o ambiente em que pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
está inserido. Geografia (ANPEGE), também a cada dois anos. Além desses
Ao contribuir para que o aluno reconheça no lugar onde vive eventos, cujas temáticas são mais amplas, há outros mais
relações que estruturam a sociedade, a Geografia favorece a específicos, como o Simpósio Nacional de Geografia Urbana, o
construção de um novo olhar sobre a realidade que o envolve. Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, o Congresso
Isso porque as relações humanas estão imbricadas em pro- Brasileiro de Geografia Política, o Simpósio Nacional Geografia,
cessos globais, que expressam o atual estágio de interação Ambiente e Território, o Simpósio Brasileiro de Climatologia
entre lugares e pessoas. A disciplina também permite ao alu- Geográfica, entre outros, que resultam em rico intercâmbio
no conhecer a dinâmica de apropriação do meio físico pelas de ideias e projetos de pesquisa.
sociedades e buscar possibilidades de superar os impactos Nas últimas décadas, o ensino de Geografia ganhou maior
causados pela ação humana. destaque na produção acadêmica. Um importante debate foi
A tradição discursiva da Geografia empresta ao aluno, além promovido pela AGB, por ocasião do Fala Professor, primeiro
disso, um amplo repertório sistematizado de conhecimentos, encontro nacional para tratar do ensino de Geografia, realizado
teorias e metodologias. em Brasília, em 1987. Desse movimento surgiu o Encontro

VI MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


Nacional de Prática de Ensino de Geografia, que reúne bienal- O caráter interdisciplinar do saber geográfico
mente aqueles que se dedicam a refletir sobre o ensino desse
No mundo antigo, o pensamento não encontrava fronteiras
componente curricular no Brasil. Em eventos como esse tam-
disciplinares; buscava-se expressar uma compreensão do
bém é frequente a presença de estudiosos de outros países,
mundo a partir da observação dos fenômenos da natureza
o que confirma o reconhecimento internacional da Geografia
e por meio de uma reflexão sobre a condição humana. Ainda
brasileira.
assim, objetivava-se a um conhecimento universal.
A dedicação de pesquisadores da área ao ensino de Geo-
No mundo moderno, ao menos até o final do século XX,
grafia permitiu a publicação de livros e revistas eletrônicas
as universidades desempenharam um papel de destaque
sobre o tema, entre os quais destacam-se: Ensino de Geogra-
na construção do conhecimento. Foi na universidade que o
fia, revista eletrônica editada pelo Laboratório de Ensino de
conhecimento verticalizou-se por meio do aprofundamento
Geografia do Instituto de Geografia da Universidade Federal
disciplinar. E foi na universidade que nasceu a Geografia. Ape-
de Uberlândia (disponível em: <www.revistaensinogeogra-
sar de ser uma disciplina universitária, ela apresentava uma
fia.ig.ufu.br>); a Revista Brasileira de Educação em Geografia
peculiaridade que transgredia o status quo acadêmico. Ela
(disponível em: <www.revistaedugeo.com.br>) e a Revista
trazia, em si, a interdisciplinaridade.
Geografia, Ensino e Pesquisa (disponível em: <https://perio-
dicos.ufsm.br/geografia>), da Universidade Federal de Santa Se a busca do conhecimento universal pode ser defini-
Maria. (Acesso em: 14 set. 2018.) da como o aceite de conceitos e categorias de análise que
podem ser utilizados por diferentes áreas do saber, premis-
Esse movimento de produção e reflexão levou à necessá-
sa que já se encontrava em Aristóteles (384-323 a.C.)1, é
ria revisão do ensino de Geografia. Por considerar que esse
possível dizer que foi Kant (1724-1804), em Crítica da razão
processo de revisão é algo constante e permanente, a cole-
pura, quem agregou um aspecto fundamental a essa busca
ção procura valorizar temas e abordagens do conhecimento
do conhecimento universal: como definir o universal? Ele
geográfico atuais, sem deixar de lado, contudo, sua tradição
pode ser apreendido a priori ou pelas formas que o delimi-
discursiva.
tam? (Mais tarde, estudos históricos também procuraram
Como um campo do conhecimento que articula a espaciali- analisar o universal, de modo a buscar uma gênese comum
dade de processos sociais e naturais, a Geografia se destaca aos fatos, premissa que ainda está presente na abordagem
no mundo contemporâneo. Ela oferece elementos importan- historiográfica.)
tes para auxiliar a reflexão de um aluno dos Anos Finais do
Hoje, a interdisciplinaridade, e a forma de apreender o mun-
Ensino Fundamental, que precisa conhecer esses processos
do que ela representa, apresenta-se como um dos maiores
para desenvolver a capacidade de expressar valores sobre os
desafios à educação. E a presente coleção, ao ser formulada,
problemas enfrentados.
não deixou de levar em conta essa preocupação, procurando
Diante disso, espera-se que o aluno possa, por meio do contribuir para a prática interdisciplinar entre os componentes
estudo da coleção: curriculares.
• conhecer o lugar e a posição que ocupa na sociedade; É fato que o ensino no contexto escolar deve possibilitar
• identificar interlocutores que permitam enfrentar proble- ao aluno a construção do conhecimento; contudo, quanto
mas; mais reflexivo for o ensino, maiores serão as possibilidades
• conhecer os processos socioespaciais e entender como de o aluno construir conhecimentos significativos. Diante
eles repercutem em sua vida e na organização social disso, não há como pensar em ensino reflexivo e cons-
do país; trução de conhecimentos significativos sem pensar em
• reconhecer o potencial produtivo do Brasil e sua posição interdisciplinaridade. Afinal, a realidade precisa ser anali-
no cenário internacional; sada por meio de uma articulação entre o local e o global
• conhecer fluxos de pessoas, informações, capital, maté- (MORIN, 2006).
ria-prima e mercadorias no mundo atual, reconhecendo os A Geografia permite essa análise, definida por Santos
efeitos socioambientais que geram; (1988) como a “Filosofia das técnicas”. Pode-se postular que
• identificar oportunidades para apresentar opiniões a res- esse campo do conhecimento é central para o entendimen-
peito dos temas discutidos na coleção. to da condição do ser humano no mundo atual, pois permite

1 Após a morte de Aristóteles, produziu-se um conjunto de 14 livros com o nome de “Metafísica”. Entre tantas traduções, recomenda-se Aristóteles. METAFÍSICA. São Paulo:
Edições Loyola, 2002.

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL VII


elucidar como o domínio técnico-tecnológico é capaz de mani- A coleção busca oferecer oportunidades interdisciplina-
pular materiais. Santos também mostrou como o acesso aos res ao aluno, em seções como Olhar interdisciplinar e Olhar
benefícios desse período técnico não é oferecido a todos da cidadão, em que são oferecidas situações contextualizadas
mesma maneira (SANTOS, 1985). para a elucidação de questões complexas. Em determinadas
Muitos pesquisadores identificam a década de 1960 como atividades, como nos trabalhos de campo, o aluno também é
um período de renovação importante na produção universitá- convidado a exercitar esse olhar voltado para a prática inter-
ria, quando se observa a retomada da interdisciplinaridade. disciplinar. Além disso, na presente coleção são requeridas
Para Edgar Morin, por exemplo, se a universidade permitiu do aluno habilidades e competências que expressam essa
o avanço da ciência, com todos os benefícios dela oriundos, relação entre os diferentes saberes.
também gerou o que ele definiu como inteligência cega, para A educação escolar pode contribuir de forma significativa
designar um tipo de conhecimento laboratorial, pouco sensí- para que o conhecimento seja construído de modo interdis-
vel às demandas da sociedade, relacionadas, por exemplo, à ciplinar, a partir do diálogo entre os diferentes componentes
distribuição de renda (riquezas) e/ou ao acesso à tecnologia curriculares. Por esse motivo, a coleção procura evidenciar o
(e, logo, à informação). caráter interdisciplinar da Geografia e como ela pode servir de
O mundo atual, complexo e desigual, impõe a necessidade ponto de ligação entre as disciplinas.
de um pensamento interdisciplinar. Afinal, temas que envol- Na contramão de uma perspectiva que considera a docên-
vem a relação entre sociedade e natureza, relação que se cia uma atividade individualista, acreditamos que algumas
encontra na gênese da sistematização do pensamento geo- práticas promovem o papel do professor como membro ativo
gráfico, não podem ser construídos de modo fragmentado, da comunidade escolar. O professor de Geografia, por exemplo,
descontextualizado. É preciso levar em conta as Geociências, por causa do caráter da disciplina que ministra, pode exercer
as Ciências da Natureza e também as Ciências Humanas. Outro uma forte influência na organização de atividades que tenham
exemplo nesse sentido pode estar relacionado ao acesso a como objetivo o alargamento dos horizontes culturais do alu-
serviços de saúde. Além de combinar técnicas avançadas dos no. Por isso, na coleção, o caráter interdisciplinar e integrador
mais diferentes campos das ciências (Física, Ciências da Natu- é tão presente.
reza, etc.), é preciso considerar estudos sobre a distribuição Também acreditamos que esse processo é formativo
espacial da população para poder dimensionar a alocação de para o próprio professor, que, para promover atividades que
recursos e equipamentos, por exemplo. mobilizam saberes distintos em momentos comuns, deverá
No contexto escolar, cabe à Geografia tratar desses atuar em conjunto com outros professores e profissionais
temas nos Anos Finais do Ensino Fundamental. Dado seu da escola. E inúmeras são as atividades que podem viabilizar
caráter interdisciplinar, a disciplina permite o trabalho com essa interação entre professores, alunos e profissionais da
temas complexos e atuais. Contudo, dada a complexidade escola: trabalhos de campo, pesquisas, entrevistas, seminá-
do mundo atual, não é possível estabelecer uma ordem rios, exposições, etc.
geral, muito menos hierárquica, de temas. Cada situação Mas o trabalho interdisciplinar, e colaborativo, portanto,
exige o estabelecimento de determinadas relações (técni- exige planejamento e planejamento conjunto para a definição
cas, políticas, sociais, ambientais, econômicas), por meio dos objetivos de aprendizagem, das habilidades e competên-
das quais é possível encontrar os aspectos predominantes cias em foco, das formas de avaliação, etc.
que delas resultam. Acreditamos que a construção de conhecimentos signifi-
Na opinião do geógrafo Carlos Augusto Monteiro, a uni- cativos é resultado de um trabalho colaborativo que envolva
versidade deve retomar uma visão holística dos temas am- a participação ativa do aluno, a atuação mediadora dos pro-
bientais. Ele defende uma visão sistêmica e interdisciplinar fessores e práticas interdisciplinares. A Geografia é uma dis-
capaz de romper com a especialização científica (MONTEIRO, ciplina essencialmente interdisciplinar, sendo capaz, portanto,
2000). No contexto escolar, cabe à Geografia oferecer essa de viabilizar essas práticas interdisciplinares imprescindíveis
visão holística ao aluno, por meio da qual ele possa construir para a construção de conhecimentos significativos, contex-
conhecimentos significativos articulando diferentes saberes tualizados. Cabe ao professor de Geografia, portanto, como
e campos disciplinares. Trata-se de um olhar que estimule o sujeito ativo no processo educativo, que aprende ao ensinar
diálogo entre os saberes. Saberes que, evidentemente, não e ensina ao aprender, contribuir para a construção de projetos
são apenas acadêmicos (FUNTOWICZ; RAVETZ, 2000). comuns entre as disciplinas.

VIII MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL

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A relação de ensino-aprendizagem em significa trabalhar exclusivamente com esses saberes, senão
Geografia e a formação da cidadania ampliá-los no processo de confrontação com novos conheci-
mentos e outras realidades.
A discussão de temas atuais, como os desafios impostos
pelas constantes transformações (tecnológicas, científicas, Como já foi mencionado anteriormente, a relação de ensi-
ambientais, territoriais), que caracterizam a sociedade con- no-aprendizagem não é uma relação unilateral, em que ape-
temporânea, e suas repercussões socioeconômicas, é ine- nas uma das partes detém o conhecimento e o poder de sua
rente à relação de ensino-aprendizagem em Geografia. Além transmissão. Trata-se de uma relação interativa, dialógica,
de apresentarem estreita relação com processos formativos cujo principal objetivo é formar cidadãos ativos em sua so-
em sala de aula, tais desafios e as constantes transformações ciedade. E os conteúdos tratados nos Anos Finais do Ensino
que os impõem são responsáveis pela alteração simultânea Fundamental têm a finalidade de estimular práticas formati-
das configurações local, regional e global – aspectos que in- vas que promovam esse exercício consciente da cidadania.
tegram o discurso elaborado pela ciência geográfica. Educar requer a compreensão do compromisso com a
Em sala de aula, ou fora dela, o aluno deve ter a oportuni- construção da cidadania, uma vez que ser cidadão é ter direi-
dade de pensar sobre tais transformações, refletindo sobre tos, mas também deveres. Afinal, cidadania é “participar no
os diferentes aspectos da realidade, de modo a compreender destino da sociedade, votar, se votado, ter direitos políticos
a complexidade do mundo atual, em que as comunicações, [...] direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde”
além disso, acontecem em tempo real, alterando as formas de (PINSKY; PINSKY, 2005, p. 9).
interações sociais. Essa compreensão, que deve partir das ex- Cabe à educação, portanto, revelar modos de superar prá-
periências e dos conhecimentos prévios do aluno e mobilizar, ticas discriminatórias, valorizando as diversidades étnica e
no caso do ensino-aprendizagem de Geografia, elementos que cultural, estabelecendo o diálogo, incentivando a convivência,
integram o discurso elaborado pela ciência geográfica, deve aproximando os sujeitos. E à Geografia, especificamente no
ser capaz de mobilizar igualmente a capacidade cognitiva do espaço escolar, cabe contribuir para a formação de cidadãos
aluno, permitindo a construção do conhecimento. que transponham os saberes escolares para além dos muros
Nesse sentido, a coleção oferece uma série de textos e ati- escolares. Esperamos formar alunos preocupados em culti-
vidades, além de sugestões de filmes e sites da internet, como var práticas sociais que valorizem a igualdade de direitos e a
contraponto ao conhecimento sistematizado pelo autor. Espe- justiça social.
ra-se que, dessa forma, o aluno interprete os textos de modo Recentemente, a Base Nacional Comum Curricular desta-
crítico para, ao final do capítulo e/ou da unidade, reinterpretá- cou que:
-los, elaborando uma visão própria sobre os assuntos tratados.
Estudar Geografia é uma oportunidade para compreen-
Ao ser organizada, a coleção considerou e valorizou práti- der o mundo em que se vive, na medida em que esse com-
cas que levem o aluno a romper com a tradição escolar clás- ponente curricular aborda as ações humanas construídas
sica e permitir: nas distintas sociedades existentes nas diversas regiões do
planeta. Ao mesmo tempo, a educação geográfica contribui
[…] a superação da fragmentação radicalmente discipli- para a formação do conceito de identidade, expresso de
nar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na vida diferentes formas: na compreensão perceptiva da paisagem,
real, a importância do contexto para dar sentido ao que se que ganha significado à medida que, ao observá-la, nota-se
aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendiza- a vivência dos indivíduos e da coletividade; nas relações
gem e na construção de seu projeto de vida. com os lugares vividos; nos costumes que resgatam a nossa
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum memória social; na identidade cultural; e na consciência de
Curricular. Versão Final. Brasília: MEC, 2017. p.15. que somos sujeitos da história, distintos uns dos outros e,
por isso, convictos das nossas diferenças.
Além disso, a coleção apresenta uma série de possibili-
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum
dades que visam auxiliar o professor na tarefa de adequar
Curricular. Versão Final. Brasília: MEC, 2017. p. 357.
textos e atividades, que serão trabalhados em sala de aula,
no sentido de torná-los mais compatíveis com a realidade Além de ser instrumento de formação para a cidadania, a
social do aluno. Afinal, em uma relação de ensino-aprendiza- Geografia, como já destacamos antes, apresenta um caráter
gem saudável e dinâmica, é preciso que o aluno se identifique interdisciplinar, capaz de viabilizar o desenvolvimento integral
com o conteúdo proposto. Por isso, é preciso considerar as do aluno, favorecendo o estabelecimento de relações entre o
experiências e os conhecimentos prévios do aluno, o que não pensamento geográfico e os outros saberes escolares.

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL IX


A Base Nacional Comum Curricular reitera que o raciocínio damentais da realidade. E dispõe, além disso, sobre os princípios
geográfico consiste em uma forma de expressar o pensamento do raciocínio geográfico, descrevendo-os, como relacionado
espacial e de compreender, consequentemente, aspectos fun- no Quadro “Descrição dos princípios do raciocínio geográfico”.

DESCRIÇÃO DOS PRINCÍPIOS DO RACIOCÍNIO GEOGRÁFICO

Princípio Descrição

Um fenômeno geográfico sempre é comparável a outros. A identificação das semelhanças entre fenômenos geográficos é
Analogia
o início da compreensão da unidade terrestre.

Um fenômeno geográfico nunca acontece isoladamente, mas sempre em interação com outros fenômenos próximos ou
Conexão
distantes.

É a variação dos fenômenos de interesse da Geografia pela superfície terrestre (por exemplo, o clima), resultando na dife-
Diferenciação
rença entre áreas.

Distribuição Exprime como os objetos se repartem pelo espaço.

Extensão Espaço finito e contínuo delimitado pela ocorrência do fenômeno geográfico.

Posição particular de um objeto na superfície terrestre. A localização pode ser absoluta (definida por um sistema de coorde-
Localização
nadas geográficas) ou relativa (expressa por meio de relações espaciais topológicas ou por interações espaciais).

Ordem ou arranjo espacial é o princípio geográfico de maior complexidade. Refere-se ao modo de estruturação do espaço de
Ordem
acordo com as regras da própria sociedade que o produziu.

Fontes: FERNANDES, José Alberto Rio; TRIGAL, Lourenzo López; SPÓSITO, Eliseu Savério. Dicionário de Geografia aplicada.
Porto: Porto Editora, 2016. In: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.
Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/Consed/Undime, 2017. p. 358.

A coleção corrobora pressupostos da BNCC uma vez que O documento em questão também apresenta possibilida-
articula, compreende e organiza os conteúdos priorizando a des para a integração do saber geográfico aos demais saberes
aprendizagem e o desenvolvimento de competências e habi- escolares, enunciadas nos títulos das Unidades Temáticas
lidades com o intuito de promover a ampliação do repertório propostas para os Anos Finais do Ensino Fundamental:
de conhecimentos do aluno. O documento em questão ainda • O sujeito e seu lugar no mundo
firma o propósito da Geografia, como campo do conhecimento,
de levar o aluno a: • Conexões e escalas
• Mundo do trabalho
[...] desenvolver o pensamento espacial, estimulando o ra-
• Formas de representação e pensamento espacial
ciocínio geográfico para representar e interpretar o mundo
em permanente transformação e relacionando componentes • Natureza, Ambientes
da sociedade e da natureza. Para tanto, é necessário asse-
• Qualidade de vida
gurar a apropriação de conceitos para o domínio do conhe-
cimento fatual (com destaque para os acontecimentos que Todas as Unidades Temáticas relacionam-se diretamente
podem ser observados e localizados no tempo e no espaço) a aspectos do exercício da cidadania e visam à aplicação de
e para o exercício da cidadania.
conhecimentos da Geografia diante de situações contextua-
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum lizadas no cotidiano do aluno – que é também a base desta
Curricular. Versão Final. Brasília: MEC, 2017. p. 358.
Coleção.

X MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


A avaliação como processo na relação de Apesar de se caracterizar como uma prática social am-
ensino-aprendizagem pla, que se dá por meio da observação (e, muitaz vezes, do
julgamento) de comportamentos, ideias e/ou intencionali-
A prática pedagógica docente pode ser definida como
dades, a avaliação precisa ser devidamente dimensionada
o conjunto de ações que viabilizam a interação do aluno
no contexto escolar. Ao longo de décadas, essa prática foi
com o conhecimento em sala de aula. Nessa relação, em
utilizada para a mera atribuição de notas visando à promoção
que aluno e professor são parceiros intelectuais – ainda
ou à reprovação de um aluno – ou, dito de outra forma, como
que desiguais em termos de desenvolvimento sociopsico-
uma ferramenta que objetivava unicamente e quase que
lógico –, o conhecimento é produzido com o aluno, e não
exclusivamente mensurar a quantidade de conhecimento
para o aluno.
adquirida por um aluno no processo de ensino-aprendiza-
O papel do professor nessa interação do aluno com o co- gem. Sob essa concepção da prática avaliativa, a avaliação
nhecimento é fundamental. Cabe a ele planejar, organizar, se torna um fim em si mesma, em detrimento da construção
executar e avaliar o processo de ensino-aprendizagem. do conhecimento, e o saber assume um caráter de “capital
Cabe também ao professor estimular o aluno a desenvolver cultural”, ao estabelecer um processo classificatório propício
um tipo de atividade cognitiva que ele ainda não realiza por si à exclusão.
só – e, nesse processo, mobilizar competências e habilidades A avaliação é antes um meio do que um fim (em si mes-
tanto de ordem cognitiva como socioemocional. ma). Trata-se de um “norte” para a atividade docente, já que
Por meio de orientações, intervenções e mediações, o pro- a avaliação pode auxiliar o professor a identificar possíveis
fessor é capaz de levar o aluno a se colocar como sujeito de avanços no processo de ensino-aprendizagem de cada alu-
sua própria aprendizagem. no (que conteúdos foram assimilados, de que maneira ocor-
reu a aprendizagem, etc.) e também possíveis dificuldades
Por essa e outras razões, na coleção, a avaliação é vista
(que conteúdos não foram assimilidados, trata-se de uma
como um processo que deve mobilizar a autonomia do aluno.
dificuldade do aluno ou de toda a sala, etc.). É inegável,
Nesse processo, o professor deve estar atento aos saberes
nesse sentido, a importância da prática avaliativa para o
que o aluno já traz para ser capaz de oferecer as condições
gerenciamento constante da atividade pedagógica em sala
necessárias para que ele avance em sua aprendizagem.
de aula.
Nesse sentido, a avaliação é um processo, mas também
um momento de pausa e de reflexão sobre ações futuras que Tradicionalmente, a avaliação é mensurada por níveis que
visem à continuidade do processo. vão da excelência à insuficiência. Isso significa que o aluno
pode obter “notas”, previamente aceitas e estabelecidas pela
Luckesi ensina que a avaliação, equipe escolar, para mensurar o que ele aprendeu ao longo
[...] nesse contexto, não poderá ser uma ação mecânica. Ao de um bimestre, trimestre, semestre e/ou até mesmo ano
contrário, terá de ser uma atividade racionalmente definida, escolar.
dentro de um encaminhamento político e decisório a favor A crença exclusiva no uso desses recursos quantitativos,
da competência de todos para a participação democrática
como notas, conceitos e/ou menções, como reflexo do ren-
da vida social.
dimento de um aluno, e também como justificativa para a
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. retenção ou mesmo a aprovação desse aluno, pode tornar
São Paulo: Cortez, 2008. p. 46.
o processo avaliativo extremamente reducionista; no sen-
Luckesi também salienta que avaliar é um processo que, tido de que reduz as possibilidades tanto do aluno como do
fazendo uso de um mecanismo acolhedor, acaba qualifican- professor de adquirirem conhecimento nesse processo de
do algo, no sentido de tomar decisões por meio de e sobre ensino-aprendizagem. Essa modalidade avaliativa, além disso,
esse algo. Consequentemente, esse acolhimento é o ponto acaba valorizando a competitividade e desvalorizando o que
de partida para as atividades avaliativas; e sem o qual não consideramos ser essencial no processo de ensino-aprendi-
há criação de vínculos entre o aluno e as práticas educativas. zagem que é a valorização da autonomia do aluno.
Em virtude da importância da avaliação na educação, é pre- Logo acima dissemos que as práticas avaliativas comple-
ciso apreender a concepção dessa prática, compreendendo tam a ação mediadora do professor, no sentido de que elas o
os sentidos e os significados dos eixos que a norteiam. Essa auxiliam a rever (e refazer, se necessário) seu fazer pedagó-
dimensão avaliativa talvez se configure como um dos proces- gico. Dito de outra forma, portanto, é possível afirmar que a
sos mais intrigantes e delicados do processo educacional. avaliação consiste em:

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL XI


[...] uma situação complexa a desafiar o professor em sua
tanto, o professor poderá lançar mão de questões, ativida-
tarefa de acompanhar a construção do conhecimento de des, trabalhos em grupo, etc., para avaliar se os objetivos
seus alunos. Esse desafio se revela maior à medida que o propostos em cada capítulo foram atingidos pelo aluno. Vale
conhecimento construído pelo sujeito que aprende é um ele- destacar que a seção Você em ação desta coleção é destinada
mento intangível, imponderável e incomensurável e, como a essa avaliação formativa. As atividades nela propostas, além
tal, não pode ser atingido diretamente. Para alcançá-lo é disso, buscam explorar os princípios do raciocínio geográfico
preciso obter elementos (palavras, sinais, símbolos) que
dispostos na BNCC, como: analogia, conexão, diferenciação,
serão interpretados pelo professor como indicadores de
localização, etc.
uma possível construção do conhecimento.
MORETTO, V. P. Planejamento: planejando a educação para o
A presente coleção também contempla a chamada ava-
desenvolvimento de competências. Petrópolis: Vozes, 2010. p. 52. liação somativa, destinada a avaliar o fim do processo.
Para essa forma de avaliação, há a seção Você em ação,
Quando o ato de avaliar é realizado com a intenção de momento em que o aluno poderá aplicar habilidades e com-
reorientar o aluno nos percursos de aprendizagem, lança-se petências adquiridas, além de conhecimentos aprendidos
mão de uma avaliação diagnóstica, concepção adotada na no decorrer do capítulo. Ao final de cada unidade encontra-
coleção. Trata-se de entrar em contato e também validar os -se uma seção voltada para a interdisciplinaridade, cujas
conhecimentos prévios do aluno. Nesse sentido, traz ques- atividades permitem averiguar a construção do conheci-
tões relacionadas às imagens de abertura de cada Unidade, mento, bem como um resumo dos elementos trabalhados
por meio das quais o professor pode entrar em contato com em cada capítulo.
os conhecimentos que o aluno já traz. Nos capítulos também
Em relação às práticas avaliativas no processo de ensi-
foram introduzidas situações contextualizadas com a inten-
no-aprendizagem de Geografia, especificamente, a pesquisa
ção de levar o aluno à reflexão sobre o tema tratado em sua
de Gisele Zambone revela um grande desafio aos professo-
realidade. Além disso, ao final das unidades, a coleção oferece
res: superar a monotonia dos instrumentos de avaliação e a
textos escritos ou imagéticos que possibilitam retomar o que
obscuridade dos critérios avaliativos na disciplina. Para isso,
se pensava a respeito dos conteúdos explorados, seja para
torna-se imprescindível:
reconhecer possíveis avanços no processo, seja para identi-
ficar possíveis dificuldades. [...] diversificar o uso de instrumentos de avaliação, pri-
vilegiando aqueles em que o conhecimento espacial seja o
Nessa retomada, o professor pode recolher as respostas
foco e que permitam a leitura, representação e compreensão
dos alunos e anotá-las na lousa para que esse processo de do espaço que este vivencia. Além disso, os critérios de
construção do conhecimento seja discutido coletivamente. avaliação precisam estar claros para o professor e para o
Ou não. Independentemente da estratégia pedagógica ado- aluno, ou seja, o que se espera que se aprenda e o que se
tada, o fundamental é oferecer um retorno ao aluno, de modo saiba, atrelando a isto conhecimentos que possibilitem ao
a estabelecer um diálogo permanente entre os envolvidos no aluno compreender no seu espaço [...].
processo, por meio de comentários individuais e/ou coletivos, ZAMBONE, G. O processo de avaliação nas aulas de Geografia.
orais e/ou por escrito, etc. A chamada avaliação formativa é, Revista Brasileira de Educação em Geografia, Campinas,
v. 2, n. 4, p. 129-149, jul./dez. 2012.
por sua vez, entendida como prática de extrema importância
presente em todo o processo de ensino-aprendizagem – e Nesse sentido, a coleção pretende contribuir para a supe-
igualmente presente na coleção. A ideia é criar estratégias ração do desafio citado, oferecendo instrumentos avaliativos
para que o aluno, de posse do que ele já sabe, avance no coerentes com o processo de construção do conhecimento
processo, desenvolvendo competências e habilidades. Para geográfico.

XII MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


2. Textos de apoio ao professor

Texto 1: Espaço geográfico não se dá sem que haja um objeto; e, quando exercida, acaba
por se redefinir como ação e por redefinir o objeto”.
Nesse sentido, vejamos alguns teóricos sobre a questão. Para
Gomes (2002, p. 172), três características definem o “espaço Gomes (2002, p. 36), por sua vez, admite que a organização
geográfico”: 1) o espaço é sempre uma extensão fisicamente concreta das coisas, isto é, seu arranjo físico possibilita que
constituída, concreta, material, substantiva; 2) o espaço com- certas ações se (re)produzam, ou seja, as práticas sociais são
põe-se pela dialética entre a disposição das coisas e as ações dependentes de determinada distribuição ou ordenação das
ou práticas sociais; 3) a disposição das coisas materiais tem coisas. É desse modo que o espaço encontra sua frenética di-
uma lógica ou coerência. nâmica e se transforma, isto é, mostra seu caráter de constante
mutabilidade.
Para esse autor (Ibid, p. 209), “[...] a análise espacial deve ser
Sob essas perspectivas de conceber o espaço, salientamos que
concebida como um diálogo permanente entre a morfologia
as relações promovem a dinâmica dialética formativa e con-
e as práticas sociais ou comportamentos”. Para Milton Santos traditória do espaço se dão no transcurso do tempo, cabe lem-
(1999, p. 18), essa questão, de aporte analítico, pressupõe que brar, que as formas ou objetos e as ações ou comportamentos
“[...] o espaço seja definido como um conjunto indissociável mudam e propõem diferentes organizações desse espaço. Para
de sistemas de objetos e de sistemas de ações”. Santos, (1999, p. 62-63), isso impõe a necessidade de captar em
Gomes afirma que, “[...] as formas são portadoras de sig- cada momento histórico o que é mais característico do sistema
nificados e sentidos” (1997, p. 38). Santos, por sua vez, define de objetos e práticas vigentes. Por esse viés, é possível perceber
o espaço como um conjunto de “formas conteúdo”, ou seja, que o processo socioespacial, que reúnem objetos e ações, está
formas que só existem em relação aos usos e significados, essa fundado, ao mesmo, na perspectiva do tempo passado com
relação forma-conteúdo é a causa de sua existência. suas realidades sociais e materiais e na perspectiva do tempo
presente em todo o seu processo de construção.
Como o espaço não é algo dado como nos propõe Soja em
seu “espaço em si” (1993), mesmo quando o mesmo tende Contudo, se concebermos o espaço como resultado da re-
remediar e diz que sua organização e sentido são produtos da lação entre formas e comportamentos ou consequência da
transformação e experiência sociais. O espaço é, na realidade, inseparabilidade entre sistemas de objetos e de ações, torna-se
um construto social dialético. Mesmo sabendo disso, se des- óbvio que uma geografia interessada apenas num determinado
vincular de uma visão física do espaço, de algo dado, de um tipo de objetos ou numa dada classe de ações “[...] não seria
“espaço em si” é algo bem trabalhoso. capaz de dar conta da realidade que é total e jamais é homo-
gênea” (SANTOS, 1999, p. 78).
Assim, salientamos que o espaço é um equilíbrio, uma espécie
de equação engendrada pela forma e pelos diferentes sentidos que Santos (Ibid., p. 88) assevera que “o espaço é a síntese, sempre
provisória, entre o conteúdo social e as formas espaciais”. Dessa
ela é capaz de suscitar e condicionar. Equacionados e construídos
forma, o espaço é um misto entre o social e o físico.
socialmente, os sentidos e significados da organização do espaço
são sempre advindos de uma perene relação, isto é, o espaço é uma LOPES, J. G. As especificidades de análise do espaço, lugar, paisagem
e território na ciência geográfica. Geografia Ensino & Pesquisa, v. 16,
constituição relacional, relação entre objetos/coisas espacialmente n. 2, p. 23-30, maio/ago. 2012. Disponível em: <https://periodicos.
distribuídas, da relação entre os objetos e suas funções, o que traz ufsm.br/geografia/article/viewFile/7332/4371>. Acesso em: out. 2018.
os seus sentidos e significados, da relação entre esses objetos e as
vivências, isto é, das práticas sociais.
Texto 2: Paisagem
Essa produção espacial de significados ocorre todos os dias,
nas nossas idas e vindas, no trabalho, na sociabilidade, nas Nos tempos remotos de hominização a natureza, por meio de
relações de várias ordens, isto é, nossa relação cotidiana com suas imagens, gerava sinais que estimulavam o comportamen-
to e o aprendizado. Surgia às vezes como ameaça e risco, que
o espaço se dá através da construção de significados, ou seja,
impunha soluções de tarefas complexas a serem executadas, de
nós provemos uma (re)significação.
início individualmente e, depois, coletivamente. Nesse distante
Podemos asseverar que a “dimensão relacional” da organi- e longo passado a postura física do homem se modificou com a
zação espacial referenciada por Gomes (2002), tem similitudes liberação dos membros superiores. A encefalização progrediu.
na “condição de inseparabilidade” entre sistemas de objetos e Surge, progressivamente, o indivíduo e por consanguinidade,
sistemas de ações, defendida por Santos. Pois Santos também primeiro o grupo familiar e depois a horda. O aprendizado in-
mostra que não se trata de sistemas tomados um a um, pois dividual evoluiu para o coletivo. Emerge um imaginário indi-
objetos/coisas e ações (conteúdos) interagem continuamente, vidual e pelo compartilhamento, um coletivo. Dos indivíduos,
formando um conjunto indissociável, solidário e ao mesmo progressivamente, formam-se grupos e sociedades. Os peque-
tempo contraditório. Nesse escopo, Santos (1999, p. 77) “A ação nos e móveis ecúmenos iniciais se ampliam, se seccionam se

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL XIII


fundem, produzindo uma noosfera que progressivamente se e da literatura. Organiza-se a partir de muitos eixos conceituais
torna mais complexa. e pode também ter uma finalidade aplicada em diversos tipos
de planejamento e intervenção interessando ao ambiente, à
Os imaginários individual e coletivo passam a exercer im-
sociedade, à economia, à cultura etc. Pode também se voltar
portante papel na construção das identidades, que se fixam na
para questões que se articulam a partir do paisaginário e da
cultura e plasmam a paisagem cultural que, progressivamente,
paisageria, quando se valorizam estudos no campo das per-
se torna mais complexa, produzindo maiores transformações
cepções. Para as artes e a literatura, a semiótica, a linguística e
na paisagem natural. O olhar europeu que vai articular a partir
a teoria literária ganham relevância. Na paisageologia a tônica
das grandes navegações todo o planeta é fundamental para se
da abordagem é proposta pela natureza do problema a ser
compreender a evolução da paisagem mundial nos últimos cin-
encarado pelo pesquisador, ou o tipo de ligação que mantém
co séculos (ARNOLD, D., 2001). Ele será seguido pelo olhar dos
com a paisagem sensível ou empírica. Não é raro que pesquisa-
europeus transplantados, que serão partícipes num processo
dores deste plano semântico não vejam a paisagem como uma
progressivo de divulgação e, muitas vezes, imposição de valores
expressão do homem e manifestem certo estranhamento a esse
éticos, estéticos e legais, como registrado por Northrop (1955),
ponto de vista. É o extremo do estudo da paisagem como pro-
associado a uma nova concepção sobre a ciência, no bojo da
duto da natureza. O mesmo pode ocorrer com pesquisadores
qual surge a paisagem como objeto de indagação.
do campo das ciências humanas que negam a pertinência da
Pode-se, portanto, de maneira simplificada, reconhecer, hoje, natureza na explicação da paisagem. São posturas ideológicas
três planos semânticos de abordagem da paisagem: o da sociedade, no plano semântico da ciência.
o do indivíduo e o da ciência, respectivamente identificados por
A realidade, todavia, é que esses planos semânticos estão
três neologismos: paisaginário, paisageria e paisageologia.
muito relacionados e sua separação é apenas um recurso dis-
O paisaginário é o plano semântico no qual se agrupam as cursivo de prática analítica. O mais frequente é o pesquisador
representações coletivas da paisagem, compartilhadas por um articular esses planos no desenvolvimento da investigação da
grupo social. Pode ser analisado de diferentes formas e em paisagem, sendo conveniente, todavia, que ele explicite qual
diferentes escalas. Dentro de um grupo que compartilha um o significado que o termo paisagem assume no contexto de
paisaginário pode haver variações no que se refere a particula- sua investigação ou explanação. Se isso não for feito o termo
ridades e especificações. Por exemplo o paisaginário brasileiro é torna-se ineficiente ou impreciso.
composto por muitas representações simbólicas comuns a todos,
ABREU, A. A. Significados semânticos da paisagem: paisaginário,
mas possui também uma grande diversidade regional, que se paisageria, paisagelogia. Revista do Departamento de Geografia,
enraiza nas variações dos processos que integram este vasto vol 33, p. 144-156, 2017 (Artigo Especial). Disponível em:
território. É uma autorrepresentação simbólica coletiva que se <https://www.revistas.usp.br/rdg/article/download/116526/132873>.
Acesso em: out. 2018.
articula em diversos níveis, o que pode também incluir rejeição
dessas representações por alguns grupos. Isso decorre de muitos
favores que vão da diversidade da natureza aos contrastes entre Texto 3: Definir o lugar?
os processos históricos de desenvolvimento cultural, econômico
Nas Ciências Humanas e na Geografia, em particular, o
e social. Em países menores, com maior homogeneidade natural,
problema da redefinição do lugar emerge como uma neces-
social e cultural, a representação simbólica coletiva apresenta
sidade diante do esmagador processo de globalização, que
menor diversidade, como bem exemplificam Lowenthal e Price
se realiza, hoje, de forma mais acelerada do que em outros
(1972) ao analisar as preferências paisagísticas dos ingleses.
momentos da história. Nesse contexto, é possível, ainda pensar
A paisageria é o plano semântico da representação simbólica o lugar enquanto singularidade? O lugar é uma noção que se
individual da paisagem. Ela se movimenta no paisaginário desfaz e se despersonaliza diante da massacrante tendência ao
que compartilha com os outros integrantes da mesma cole- homogêneo, num mundo globalizado? Ou lugar ganha uma
tividade, mas possui especificidades originadas da aceitação outra dimensão explicativa da realidade como, por exemplo,
diferenciada ou rejeição de partes da representação coletiva. “enquanto densidade comunicacional, informacional e técni-
Pode encarar de maneira crítica o paisaginário do grupo que ca”, como afirma Milton Santos?
integra e representá-lo de maneira própria. Pode gerar um
Há hoje um debate muito profícuo sobre o sentido da noção
olhar específico sobre a paisagem e representá-la de maneira
de lugar. Podemos iniciar a reflexão com Milton Santos que
qualificada e autoral tanto na literatura como nas artes. No
afirma que existe uma dupla questão no debate sobre o lugar.
campo da pintura, por exemplo, a passagem da representação
O lugar visto “de fora” a partir de sua redefinição, resultado do
clássica da paisagem para as formas de olhar que emergem
acontecer histórico e o lugar visto de “dentro”, o que implicaria a
com os diferentes movimentos artísticos nos séculos XIX e XX
necessidade de redefinir seu sentido. Para o autor o lugar poderia
registram magistralmente a paisageria de cada pintor.
ser definido a partir da densidade técnica (que tipo de técnica
A paisageologia agrupa os planos semânticos que se origi- está presente na configuração atual do território), da densidade
nam da pesquisa produzida pela ciência em geral, emergindo informacional (que chega ao lugar tecnicamente estabelecido),
das diversas ciências humanas e naturais e no campo das artes da ideia da densidade comunicacional (as pessoas interagindo)

XIV MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


e também em função de uma densidade normativa (o papel das segundo a lógica que lhe é própria e que se instala no insigni-
normas em cada lugar como definitório). A esta definição seria ficante, no parcelar, no plural.
preciso acrescentar a dimensão do tempo em cada lugar que
Para José de Souza Martins “a história local é a história da
poderia ser visto através do evento no presente e no passado.
particularidade embora ela se determine pelos componentes
Acredito, no entanto, que podemos acrescentar ao que foi dito universais da história. Isto é, embora na escala local raramente
pelo professor o fato de que há também a dimensão da história sejam visíveis as formas e conteúdos dos grandes processos his-
que entra e se realiza na prática cotidiana (estabelecendo um tóricos, ele ganha sentido por meio deles quase sempre ocultos
vínculo entre o “de fora” e o “de dentro“), instala-se no plano e invisíveis. [...] é no âmbito do local que a história é vivida e é
do vivido e que produziria o conhecido-reconhecido, isto é, é onde pois tem sentido”. É preciso levar em conta que a história
no lugar que se desenvolve a vida em todas as suas dimensões. tem uma dimensão social que emerge no cotidiano das pessoas,
Também significa pensar a história particular de cada lugar no modo de vida, no relacionamento com o outro, entre estes
se desenvolvendo ou melhor se realizando em função de uma e o lugar, no uso.
cultura/tradição/língua/hábitos que lhe são próprios, construí- [...] Deste modo a análise do lugar se revela – em sua simul-
dos ao longo da história e o que vem de fora, isto é, o que se vai taneidade e multiplicidade de espaços sociais que se justapõem
construindo e se impondo como consequência do processo de e interpõem – no cotidiano com suas situações de conflito e
constituição do mundial. Mas o que ligaria o mundo e o lugar? que se reproduz, hoje, anunciando a constituição da socieda-
O lugar é a base da reprodução da vida e pode ser analisado de urbana a partir do estabelecimento do mundial. O lugar
pela tríade habitante–identidade–lugar. A cidade, por exemplo, é o mundo do vivido, é onde se formulam os problemas da
produz-se e revela-se no plano da vida e do indivíduo. Este produção no sentido amplo, isto é, o modo que é produzida a
plano é aquele do local. As relações que os indivíduos man- existência social dos seres humanos.
têm com os espaços habitados se exprimem todos os dias nos As novas formas urbanas e os modos de apropriação do
modos do uso, nas condições mais banais, no secundário, no lugar aparecem no miúdo, no banal, no familiar, refletindo
acidental. É o espaço passível de ser sentido, pensado, apro- e explicando as transformações ou a sociedade urbana que
priado e vivido através do corpo. se constitui nesse final de século. O lugar aparece como um
Como o homem percebe o mundo? É através de seu corpo desafio à análise do mundo moderno exigindo um esforço
de seus sentidos que ele constrói e se apropria do espaço e do analítico, muito grande, que tente abordá-lo em sua multipli-
mundo. O lugar é a porção do espaço apropriável para a vida cidade de formas e conteúdos, em sua dinâmica histórica. [...]
– apropriada através do corpo – dos sentidos – dos passos de CARLOS, Ana Fani Alessandri. O lugar no/do mundo. São Paulo:
seus moradores, é o bairro, é a praça, é a rua, e nesse senti- FFLCH, 2007. p. 17, 18, 20. Disponível em: <http://gesp.fflch.usp.br/
sites/gesp.fflch.usp.br/files/O_lugar_no_do_mundo.pdf>.
do poderíamos afirmar que não seria jamais a metrópole ou
Acesso em: set. 2018.
mesmo a cidade latu sensu, a menos que seja a pequena vila ou
cidade – vivida/conhecida/reconhecida em todos os cantos. [...]
Texto 4: Escala como noção e como conceito
São os lugares que o homem habita dentro da cidade que
dizem respeito a seu cotidiano e a seu modo de vida onde se
geográfico
locomove, trabalha, passeia, flana, isto é, pelas formas atra- Como uma noção, ou seja, uma ideia utilizada em diferentes
vés das quais o homem se apropria e que vão ganhando o matrizes científicas discursivas, a escala encontra-se associada
significado dado pelo uso. Trata-se de um espaço palpável – a a uma representação: o elemento que tecnicamente permite
extensão exterior, o que é exterior a nós, no meio do qual nos representar a realidade, ampla, complexa ou mesmo grande,
deslocamos. Nada também de espaços infinitos. São a rua, a de maneira a ser apreendida, visualizada, manejável.
praça, o bairro, – espaços do vivido, apropriados através do
corpo – espaços públicos, divididos entre zonas de veículos e É nesse sentido que o termo aparece na Enciclopédia dos Ilu-
a calçada de pedestres dizem respeito ao passo e a um ritmo ministas, tal como a passagem a seguir, citada por Petit (1998: 89).
que é humano e que pode fugir aquele do tempo da técnica (ou “Na geografia ou na arquitetura, uma escala é uma linha
que pode revelá-la em sua amplitude). É também o espaço da dividida em partes iguais e colocada no rodapé de um mapa, de
casa e dos circuitos de compras dos passeios, etc. um desenho ou de uma planta, para servir de medida comum
[...] São as relações que criam o sentido dos “lugares” da a todas as partes de um edifício ou então a todas as distâncias
metrópole. Isto porque o lugar só pode ser compreendido em e a todos os lugares de um mapa” (Encyclopédie, 1755).
suas referências, que não são específicas de uma função ou
A escala aparece, aqui, como um recurso a ser utilizado por
de uma forma, mas produzidos por um conjunto de sentidos,
geógrafos e arquitetos para conhecerem o mundo. Este recurso
impressos pelo uso.
é a medida. A medida comum a todas as partes. A medida ca-
[...] Podemos buscar o entendimento do lugar nas práticas paz de um duplo propósito: de um lado, estabelece a proporção
mais banais e familiares o que incita pensar a vida cotidiana entre as coisas (o distante e o próximo, o grande e o pequeno,

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL XV


o micro e o macro) e, de outro, estabelece a homologia entre a As disjuntivas acima são epistemológicas e metodológicas e
realidade e as coisas (neste sentido, a escala nos aparece como dizem respeito a o como conhecer a realidade, se esta realidade
uma relação apropriada para as representações entre um mapa está previamente organizada em relação ao ato de apreendê-la
e a medida real no local). ou se a organização é conferida pelo ato de pensá-la.
Neste último sentido, a escala aparece, ainda, como uma […]
estratégia de reprodução de uma realidade anterior e já dada,
Exploremos um pouco mais este caminho. Se a cada pro-
restando a quem a mapeia a tarefa de reproduzi-la.
cesso corresponde uma escala específica de análise para sua
Trata-se, aqui, de tomar a escala enquanto uma escala car- apreensão, novas questões se colocam: como conciliar o cará-
tográfica, como medida matemática, como “[…] uma fração ter discreto das escalas (apreendidas aqui como fronteiras) à
que indica a relação entre as medidas do real e aquelas da continuidade fundamental e concreta do mundo real? Como
representação gráfica.” (CASTRO: 2001, p. 117). ter certeza da existência de um processo, se não temos antes
a certeza de que escolhemos a escala correta que fornece sua
Mais que isto, uma realidade dada, penetra de maneira furti-
interpretação ou representação? Como a variação da escala
va aqui a noção de que a realidade seria também imutável. Ou
pode dar conta da complexidade do real, que é uno e con-
seja, caberia ao analista a tarefa de representá-la. Portanto, a
tínuo?
Geografia ao tomar emprestada a noção cartográfica de escala
responde a uma visão de espaço geométrico, como um dado As respostas a estas questões somente podem ser dadas se
a ser apreendido. escaparmos de um debate que reduz as escalas a proporções
(às medidas, do verbete iluminista, plenas de conteúdos geo-
É interessante observar, como o faz o historiador Bernard
métricos e aritméticos), pensando as escalas como oposições,
Lepetit (1998, p. 90) que:
como fronteiras, como conceito que define os limites de cada
“Por trás da operação cartográfica figura um realismo. A processo social. Devemos então nos lançar na discussão da
escala do geógrafo associa um representante, o mapa, e um escala como relação, ou melhor, como correlação entre o que
referente, o território cuja configuração está dada e precede a é e o que não é, pois a representação do mapa, enquanto re-
operação intelectual que é a realização do mapa”. presentação, é uma abstração de algo.
Porém, em que pese a riqueza da análise deste historiador Tal relação, segundo Castro (2001), envolve basicamente
que lança mão desta discussão de maneira singular e fecunda quatro elementos: o referente, a percepção, a concepção e a
para enfrentar o debate historiográfico que se estabelece entre representação.
a micro e a macro história (debate este que toma conta desta
O referente trata o sujeito, o olhar não neutro de quem inves-
ciência na década dos 80), não há como simplificar o debate
tiga a realidade e a fragmenta para compreendê-la. A percepção
da escala no seio da Geografia às contribuições da cartografia.
aparece como primeira mediação entre conhecimento e a reali-
Na verdade, e o próprio Lepetit reconhece, se é certo que a dade. A concepção, tomada aqui como entendimento, decodi-
escala nos remete ao debate da cartografia, remete também ficação e, portanto, conhecimento. E, por fim, a representação
ao debate sobre os “fenômenos” e suas organizações espaciais, entendida como maneira específica de apreensão da realidade.
ou seja, à compreensão sobre a estruturação do mundo e à
Não é nossa intenção aqui problematizar esta concepção
complexidade do social.
da realidade como representação. Basta-nos, neste momento,
Nesta perspectiva, o debate tem dado conta de que, mudando apontar que, submetida ao jogo das representações, a escala se
a escala, mudamos também a ótica e o nível da informação. transforma em estratégia de revelar ou ocultar determinadas
Ou seja, cada processo social deve ser analisado segundo sua facetas somente apreensíveis a partir da escolha deliberado do
própria escala e esta deve ser selecionada de maneira coerente sujeito cognoscente.
ao objeto a ser estudado.
Por fim, e antes de prosseguirmos na elaboração conceitual
Castro (2001), ao rever alguns geógrafos que se lançaram da escala geográfica, vale lembrar que esta é “ […] artifício
neste debate (Lacoste, Grataloup, entre outros), reconhece que analítico que dá visibilidade ao real” (CASTRO: 2001, p. 133),
paulatinamente a Geografia vem tentando se debruçar sobre a isto é, frente à complexidade do espaço, produto e produtor de
questão e que pouco a pouco novos aportes têm sugerido que, relações entre os homens, a escala confere aos fenômenos, além
mais do que uma noção, a escala deve receber um tratamento de se constituir em si mesma um objeto de análise.
conceitual específico na Geografia.
MELAZZO, E.S. A escala geográfica: noção, conceito ou teoria?
As interrogações colocadas, de maneira a encaminhar o Terra Livre, n. 29 (2), p. 133-142, 2007.
debate, poderiam ser assim sumariadas: os fenômenos, pro-
cessos e estruturas mudam se mudamos a ótica e/ou nível de
Texto 5: Mapas temáticos
informação? Para cada processo existiria uma e apenas uma
escala de análise possível? Ou, pelo contrário, seria possível Na cartografia, os mapas têm características específicas
apreender o mesmo processo segundo diversas escalas? que os classificam, e representam elementos selecionados

XVI MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


de um determinado espaço geográfico, de forma reduzida, percepção empregada na simbologia cartográfica e, portanto,
utilizando simbologia e projeção cartográfica. Para os car- formular as regras de uma utilização racional da linguagem
tográficos, escreve Loch (2006, p. 33), os mapas são veículos cartográfica, reconhecida atualmente, como a gramática da
de transmissão do conhecimento que pode ser o mais amplo linguagem gráfica, nas qual a unidade linguística é o signo.
e variado possível ou o mais restrito e objetivo possível e
ARCHELA, R. e THÉRY, H. Orientação metodológica para
afirma que “cada mapa tem seu autor, uma questão e um construção e leitura de mapas temáticos. Confins, n. 3, 2008.
tema, mesmo os mapas de referência geral, os topográficos Disponível em: <http://www.uel.br/cce/geo/didatico/omar/
ou os cadastrais”. pesquisa_geografia_fisica/Construcao_LeituradeMapas.pdf>.
Acesso em: out. 2018
Sobre a questão dos mapas temáticos, Joly (2005, p. 75) afir-
ma que todo mapa, qualquer que seja ele, ilustra um tema
e até o mapa topográfico não escapa à regra. Dessa forma,
Texto 6: Cartografia dinâmica
define como mapas temáticos “todos os mapas que represen- Em plena revolução tecnológica operada de forma mais in-
tam qualquer tema, além da representação do terreno”. Os cisiva na passagem do final do século XX para o início do sé-
procedimentos de levantamento, redação e comunicação de culo XXI, já podemos vislumbrar certas orientações para uma
informações por meio de mapas, diferem de acordo com a consolidação de uma cartografia dinâmica mais consistente.
formação e especialização dos profissionais em cada campo, a A própria concepção de cartografia, hoje, tem incorporado o
exemplo dos geólogos, geomorfólogos, geógrafos, entre outros, conceito de visualização científica, já aplicado com sucesso
que se expressam na forma gráfica. em outras áreas do conhecimento. A visualização cartográfi-
A elaboração de mapas temáticos abrange as seguintes eta- ca tornou-se conceito central para a moderna cartografia – a
pas: coleta de dados, análise, interpretação e representação das geomática. Não equivale à cartografia, porém afeta seus três
informações sobre um mapa-base que geralmente é extraído aspectos fundamentais: novas técnicas de produção cartográ-
da carta topográfica. Os mapas temáticos são elaborados com fica, comunicação e cognição.
a utilização de técnicas que objetivam a melhor visualização Visualização tem a ver com o conteúdo, portanto, deverá ser
e comunicação, distinguindo-se essencialmente dos topográ- considerada no contexto sociocultural no qual a informação
ficos, por representarem fenômenos de qualquer natureza, cartográfica será empregada.
geograficamente distribuídos sobre a superfície terrestre. Os
Sem dúvida alguma, todos estes avanços inovadores pos-
fenômenos podem ser tanto de natureza física como, por exem-
sibilitarão à geomática grande agilidade e barateamento na
plo, a média anual de temperatura ou precipitação sobre uma
obtenção de produtos cartográficos. Mas mais importantes
área, de natureza abstrata, humana ou de outra característica
são os acréscimos qualitativos, permitindo interações com
qualquer, tal como a taxa de desenvolvimento, indicadores
incontestável incremento na compreensão de ampla gama de
sociais, perfil de uma população segundo variáveis tais como
assuntos. Disto emerge uma cartografia dinâmica, na qual a
sexo, cor e idade, entre outros.
manipulação interativa dos dados espaciais promoverá con-
Cada mapa possui um objetivo específico, de acordo com sistente mudança na cartografia nos tempos atuais. [...]. A
os propósitos de sua elaboração, por isso, existem diferentes multimídia interativa tem a vantagem de integrar imagem,
tipos de mapas. O mapa temático deve cumprir sua função, ou texto, som e movimento, com grande potencial de aplicação
seja, dizer o quê, onde e como ocorre determinado fenômeno na educação, na pesquisa e no entretenimento. Para a apre-
geográfico, utilizando símbolos gráficos (signos) especial- sentação da informação espaço-temporal, a multimídia tem,
mente planejados para facilitar a compreensão de diferenças, hoje, como poderoso aliado, o uso da animação. A animação
semelhanças e possibilitar a visualização de correlações pelo acústica também pode vir complementarmente.
usuário. O fato de os mapas temáticos não possuírem uma
As aplicações da multimídia podem ser implementadas
herança histórica de convenções fixas, a exemplo dos topográ-
empregando a hipermídia. Ela inclui a navegação em mate-
ficos, se deve às variações temáticas e aos aspectos da realidade
rial armazenado em várias mídias: texto, grafismos, efeitos
que representam, sendo necessárias adaptações diferenciadas
sonoros, música, vídeo.
a cada situação.
A possibilidade de uma cartografia virtual, por sua vez, se in-
No entanto, para representar os diversos temas é preciso
sere no domínio da realidade virtual. Ela estaria no contexto dos
recorrer a uma simbologia específica que, aplicada aos modos
sistemas computadorizados dotados de ampla série de aplicações
de implantação – pontual, linear ou zonal, aumentam a eficácia
tridimensionais e de multimídia, que passaria a ter a habilidade
no fornecimento da informação. As regras dessa simbologia
de combinar, com grande impacto sobre os sentidos dos usuários,
pertencem ao domínio da semiologia gráfica.
uma interação entre a experiência com o mundo real e o material
A semiologia gráfica foi desenvolvida por Bertin (1967) e gerado por computador (ARTIMO, 1994).
está ao mesmo tempo ligada às diversas teorias das formas e
MARTINELLI, Marcelo. Cartografia dinâmica. Tempo e espaço
de sua representação, e às teorias da informação. Aplicada à nos mapas. Revista Geousp – Espaço e Tempo.
cartografia, ela permite avaliar as vantagens e os limites da São Paulo, n. 18, 2005. p. 53-66.

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL XVII


3. Sugestões de leitura sobre educação e ensino de Geografia
ALMEIDA, J. et al. Preconceito de gênero no ambiente escolar: Educação, Ijuí, v. 33, n. 104, fev. 2018. Disponível em: <www.
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periodicos.ufsm.br/geografia/article/view/22927/pdf>. Aces- FIGUEIRÓ, A. S.; SILVA, G. K. P. da. Repensar o papel da Educação
so em: 12 set. 2018.
Ambiental diante de um projeto de futuro: uma proposta a par-
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representação. São Paulo: Contexto, 1989. Santa Maria, v. 21, n. 2, 2017. Disponível em: <https://periodi-
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São Paulo: Contexto, 2004. 12 set. 2018.
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educação inovadora: uma abordagem téorico-prática. Porto completam. São Paulo: Cortez, 1985.
Alegre: Penso, 2018.
________ . Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
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extremos na bacia hidrográfica do igarapé Altamira em Alta-
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XVIII MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


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em: 12 set. 2018. so em: 12 set. 2018.
ROEHS, R. Adaptação do Jogo War® como ferramenta di- ZABALA, A.; ARNAU, L. Como aprender e ensinar competên-
dática aplicada ao ensino de Geografia – WARGEO. Geo- cias. Tradução de Carlos Henrique Lucas Lima. Porto Alegre:
grafia Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 21, n. 2, 2017. Artmed, 2010.

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL XIX


4. Por dentro da BNCC
A respeito do currículo no contexto escolar, acreditamos que definir competência como “uma capacidade de agir eficazmente
ele deve resultar de uma articulação entre as necessidades dos em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimen-
alunos e da sociedade. Acreditamos, além disso, que ele deve tos, mas sem limitar-se a eles”. (PERRENOUD, 1993, p. 7.)
englobar, não apenas os chamados conteúdos programáticos, Vale dizer que essa capacidade de agir implica manifes-
mas também todas as ações desenvolvidas no contexto esco- tar diferentes habilidades, valendo-se de conhecimentos
lar, inclusive as metas e as propostas da instituição. construídos no contexto escolar. Isso porque, ainda segun-
A Base Nacional Comum Curricular, também conhecida do Perrenoud, disseminou-se um tal mal-entendido sobre o
como BNCC, é um documento de caráter normativo que orienta desenvolvimento de competências, que alguns chegaram a
o conjunto orgânico e progressivo das aprendizagens essen- relacioná-las ao “fim” do ensino de conteúdos. O que seria um
ciais do aluno da Educação Básica. Em razão dessa sua natu- terrível erro, na opinião do autor, pois, para agir no mundo é
reza, a finalidade da BNCC não é consolidar um currículo único necessário adquirir diferentes conhecimentos.
para todo o país, mas organizar a diversidade de fatores que A BNCC define competência como “a mobilização de conhe-
os currículos de todo o país devem considerar, uma vez que: cimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas,
cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver
[...] tais aprendizagens só se materializam mediante o
demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da
conjunto de decisões que caracterizam o currículo em ação.
São essas decisões que vão adequar as proposições da BNCC
cidadania e do mundo do trabalho”. (BRASIL, 2017, p. 8.) E re-
à realidade local, considerando a autonomia dos sistemas laciona dez competências gerais para embasar os direitos de
ou das redes de ensino e das instituições escolares, como apredizagem e desenvolvimento dos alunos da Educação Básica.
também o contexto e as características dos alunos Além de perpassarem todas as áreas de conhecimento, tais
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum competências gerais relacionam-se diretamente às habilida-
Curricular. Versão Final. Brasília: MEC, 2017. p. 16. des propostas para cada componente curricular, traduzindo,
Ao associar, portanto, a experiência já acumulada dos digamos, o ponto de partida para o tratamento didático que
sistemas e/ou das redes de ensino com as aprendizagens se espera dos chamados conteúdos escolares nas três mo-
propostas na BNCC, o currículo acaba por conferir identidade dalidades de ensino da Educação Básica.
às Unidades Escolares. Ao componente curricular de Geografia coube o desafio de
No que diz respeito à escola, cabe a ela promover oportuni- contribuir para o desenvolvimento de competências e habili-
dades para que o aluno reflita sobre as diferentes realidades dades que visam à autonomia do aluno: autonomia para atuar
do mundo, sobretudo a sua, reconhecendo que cada aluno é em situações complexas e também cotidianas que exigem a
sujeito de sua própria história. A escola é, por excelência, o mobilização de diferentes conteúdos, capacidades e atitudes.
lugar onde o conhecimento científico deve ser ensinado, dis- Trata-se de uma árdua tarefa, mas para a qual o professor pode
cutido e refletido. É na escola que o aluno adquire repertório encontrar na presente coleção um material de apoio didático,
para refletir sobre a sua realidade e para nela atuar. É também para levar o aluno a perceber, em seu processo de tomada de
um lugar privilegiado para o aprendizado e o desenvolvimento consciência de sua condição no mundo, como a Geografia pode
de habilidades que promovem competências que habilitam o ajudá-lo nesse processo.
aluno a agir com criatividade diante de situações complexas Para tanto, em diversas e diferentes situações, o aluno
e também diárias. É também por meio dessas habilidades é convidado a ler, interpretar, relacionar, comparar, verificar,
e competências que se espera que o aluno expresse suas observar, escrever, esquematizar, articular, discutir, elaborar,
ideias, suas opiniões, seus valores, etc., desde que a escola sintetizar, como propõe a BNCC. Esta coleção visa contribuir,
e o currículo possibilitem canais de comunicação para tanto. como já afirmado anteriormente, com os objetivos estabeleci-
É também na escola que o aluno é ensinado a ler e escrever, dos pela BNCC para os Anos Finais do Ensino Fundamental tanto
habilidades com as quais ele pode se expressar em diferentes para o componente curricular de Geografia como para a área de
contextos e em todos os componentes disciplinares. Nesse Ciências Humanas – área na qual a Geografia se insere. Para tal,
sentido, é possível afirmar que, por meio da aquisição e do busca constantemente dialogar com a BNCC, possibilitando
desenvolvimento de habilidades, o aluno é capaz de operar olhar os referenciais sobre as aprendizagens essenciais dessa
objetos de conhecimento em situações diversas, inclusive nas etapa pelo conteúdo evidenciado neste material.
que requerem respeito à diferença, à liberdade de crença, etc. As competências específicas estabelecidas para o compo-
As competências estão diretamente relacionadas às habilida- nente curricular de Geografia articulam-se com as competên-
des e as habilidades, ao saber fazer. Para Perrenoud, é possível cias da área de Ciências Humanas e às competências gerais da

XX MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


BNCC. Portanto, se as Ciências Humanas privilegiam o ensino as competências atribuídas à área de Ciências Humanas e ao
dos conteúdos por meio da contextualização – do uso e da componente curricular de Geografia. Reproduzimos também
compreensão, portanto, de categorias como tempo e espaço as habilidades propostas para cada ano dos Anos Finais do
–, a Geografia promove o raciocínio espaço-temporal, movi- Ensino Fundamental, organizadas em quadros.
mentando conceitos, noções e princípios fundamentais da Esses quadros apresentam as “Unidades temáticas” que
área. O uso do raciocínio geográfico na construção do conhe- agrupam os “Objetos de conhecimento”, que tanto podem ser
cimento e também na resolução de situações cotidianas per- conteúdos como conceitos e/ou processos. Cada “Objeto de
passa as competências específicas do componente curricular. conhecimento”, além disso, pode estar relacionado a mais de
Essas competências nortearam a organização de toda a uma habilidade. Por fim, as habilidades expressam as apren-
coleção, que, por essa razão, as reproduz a seguir. Além daque- dizagens essenciais que devem ser garantidas em cada ano
las já mencionadas dez competências gerais, apresentamos dos Anos Finais do Ensino Fundamental.

Temas contemporâneos (TC)


• Direitos da criança e do adolescente (Lei n. 8 069/1990)
• Educação para o trânsito (Lei n. 9 503/1997)
• Educação ambiental (Lei n. 9 795/1999, Parecer CNE/CP n. 14/2012 e Resolução CNE/CP n. 2/2012)
• Educação alimentar e nutricional (Lei n. 11 947/2009)
• Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso (Lei n. 10 741/2003)
• Educação em direitos humanos (Decreto n. 7 037/2009, Parecer CNE/CP n. 8/2012 e Resolução CNE/CP n. 1/2012)
• Educação das relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena (Leis n. 10 639/2003 e 11 645/2008.
Parecer CNE/CP n. 3/2004 e Resolução CNE/CP n. 1/200422)
• Educação à saúde, vida familiar e social, educação para o consumo, educação financeira e fiscal, trabalho, ciência e tecnologia e diversidade
cultural (Parecer CNE/CEB n. 11/2010 e Resolução CNE/CEB n. 7/201023)

Competências gerais da Educação Básica (CG)


1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade,
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imagina-
ção e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas)
com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da
produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhe-
cimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em
diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas
práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas
e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as
relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia,
consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que
respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicio-
namento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções
e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos
humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialida-
des, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em
princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL XXI


Competências específicas de Ciências Humanas para o Ensino Fundamental (CECH)
1. Compreender a si e ao outro como identidades diferentes, de forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade plural e promover
os direitos humanos.
2. Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio técnico-científico-informacional com base nos conhecimentos das Ciências Humanas,
considerando suas variações de significado no tempo e no espaço, para intervir em situações do cotidiano e se posicionar diante de problemas
do mundo contemporâneo.
3. Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser humano na natureza e na sociedade, exercitando a curiosidade e propondo ideias e ações
que contribuam para a transformação espacial, social e cultural, de modo a participar efetivamente das dinâmicas da vida social.
4. Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas com relação a si mesmo, aos outros e às diferentes culturas, com base nos instru-
mentos de investigação das Ciências Humanas, promovendo o acolhimento e a valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo espaço e em espaços variados, e eventos ocorridos em tempos diferentes no
mesmo espaço e em espaços variados.
6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e opiniões que respeitem e
promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental, exercitando a responsabilidade e o protagonismo voltados para o bem comum
e a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
7. Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica e diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação e comunicação no
desenvolvimento do raciocínio espaço-temporal relacionado a localização, distância, direção, duração, simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão.

Competências específicas de Geografia para o Ensino Fundamental (CEG)


1. Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação e
de resolução de problemas.
2. Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a com-
preensão das formas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história.
3. Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise da ocupação humana e produção
do espaço, envolvendo os princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem.
4. Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geo-
tecnologias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas.
5. Desenvolver e utilizar processos, práticas e procedimentos de investigação para compreender o mundo natural, social, econômico, político
e o meio técnico-científico e informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções (inclusive tecnológicas) para questões que requerem
conhecimentos científicos da Geografia.
6. Construir argumentos com base em informações geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam a
consciência socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de qualquer natureza.
7. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, propondo ações
sobre as questões socioambientais, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários.

Habilidades de Geografia para o 9o ano


Unidade Objeto de Unidade
Habilidades de Geografia para o 9º ano
temática conhecimento 1 2 3 4
A hegemonia eu-
(EF09GE01) Analisar criticamente de que forma a hegemonia europeia foi exercida em
ropeia na econo-
várias regiões do planeta, notadamente em situações de conflito, intervenções militares
mia, na política e
e/ou influência cultural em diferentes tempos e lugares.
na cultura
Corporações e or-
(EF09GE02) Analisar a atuação das corporações internacionais e das organizações eco-
ganismos inter-
O sujeito e seu nômicas mundiais na vida da população em relação ao consumo, à cultura e à mobilidade.
nacionais
lugar no mundo
(EF09GE03) Identificar diferentes manifestações culturais de minorias étnicas como
As manifesta- forma de compreender a multiplicidade cultural na escala mundial, defendendo o princípio
ções culturais na do respeito às diferenças.
formação popula-
(EF09GE04) Relacionar diferenças de paisagens aos modos de viver de diferentes povos
cional
na Europa, Ásia e Oceania, valorizando identidades e interculturalidades regionais.

XXII MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


Integração mundial
(EF09GE05) Analisar fatos e situações para compreender a integração mundial (eco-
e suas interpreta-
nômica, política e cultural), comparando as diferentes interpretações: globalização e
ções: globalização
mundialização.
e mundialização

A divisão do mun-
(EF09GE06) Associar o critério de divisão do mundo em Ocidente e Oriente com o Sistema
do em Ocidente e
Colonial implantado pelas potências europeias.
Oriente

Conexões e es- (EF09GE07) Analisar os componentes físico-naturais da Eurásia e os determinantes


calas histórico-geográficos de sua divisão em Europa e Ásia.

Intercâmbios his-
tóricos e culturais (EF09GE08) Analisar transformações territoriais, considerando o movimento de frontei-
entre Europa, Ásia ras, tensões, conflitos e múltiplas regionalidades na Europa, na Ásia e na Oceania.
e Oceania

(EF09GE09) Analisar características de países e grupos de países europeus, asiáticos e da


Oceania em seus aspectos populacionais, urbanos, políticos e econômicos, e discutir suas
desigualdades sociais e econômicas e pressões sobre seus ambientes físico-naturais.

(EF09GE10) Analisar os impactos do processo de industrialização na produção e circu-


Transformações lação de produtos e culturas na Europa, na Ásia e na Oceania.
do espaço na so-
ciedade urbano-
-industrial (EF09GE11) Relacionar as mudanças técnicas e científicas decorrentes do processo de
industrialização com as transformações no trabalho em diferentes regiões do mundo e
suas consequências no Brasil.
Mundo do tra-
balho
(EF09GE12) Relacionar o processo de urbanização às transformações da produção agro-
Cadeias industriais pecuária, à expansão do desemprego estrutural e ao papel crescente do capital financeiro
e inovação no uso em diferentes países, com destaque para o Brasil.
dos recursos na-
turais e matérias- (EF09GE13) Analisar a importância da produção agropecuária na sociedade urbano-in-
-primas dustrial ante o problema da desigualdade mundial de acesso aos recursos alimentares
e à matéria-prima.

Leitura e elabora- (EF09GE14) Elaborar e interpretar gráficos de barras e de setores, mapas temáticos e
ção de mapas te- esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográficas para analisar, sintetizar e apresen-
Formas de re- máticos, croquis tar dados e informações sobre diversidade, diferenças e desigualdades sociopolíticas e
presentação e e outras formas geopolíticas mundiais.
pensamento es- de representação
pacial para analisar in- (EF09GE15) Comparar e classificar diferentes regiões do mundo com base em informa-
formações geo- ções populacionais, econômicas e socioambientais representadas em mapas temáticos
gráficas e com diferentes projeções cartográficas.

(EF09GE16) Identificar e comparar diferentes domínios morfoclimáticos da Europa, da


Ásia e da Oceania.
Diversidade am-
biental e as trans-
Natureza, am-
formações nas (EF09GE17) Explicar as características físico-naturais e a forma de ocupação e usos da
bientes e quali-
paisagens na Eu- terra em diferentes regiões da Europa, da Ásia e da Oceania.
dade de vida
ropa, na Ásia e na
Oceania
(EF09GE18) Identificar e analisar as cadeias industriais e de inovação e as consequências
dos usos de recursos naturais e das diferentes fontes de energia (tais como termoelétrica,
hidrelétrica, eólica e nuclear) em diferentes países.

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL XXIII


5. Estrutura da obra
A obra é composta de quatro volumes, destinados aos meio de entrevistas, seja por meio de pesquisa documental.
Anos Finais do Ensino Fundamental. Os volumes são organi- O objetivo é mostrar o quanto esse conjunto de saberes é re-
zados em quatro unidades, cada uma com três capítulos. Os levante para a construção de uma sociedade mais tolerante
capítulos, em que se subdividem as unidades, apresentam e inclusiva. Por isso são estimuladas também atividades em
uma série de boxes e seções, que, em seu conjunto, procuram grupo, posto que as gerações atuais tendem ao isolamento e
tornar o discurso produzido pela Geografia atrativo para o ao individualismo crescentes. Combater essa forma de ver o
aluno. Também com esse intuito os textos foram elaborados mundo, que atomiza e dificulta a compreensão de sua com-
para estabelecer uma relação com o aluno. A ideia é levá-lo a plexidade, é uma das tarefas urgentes do ensino no Brasil e
compreender como os conteúdos trabalhados pela Geografia no mundo.
podem ajudá-lo a entender sua condição no mundo. Em outras Também sob essa perspectiva busca-se oferecer oportu-
palavras, busca-se oferecer condições para que ele relacione nidades interdisciplinares ao aluno, e não apenas na cons-
os conteúdos apresentados à sua vida e às suas vivências. trução textual. Seções como Olhar interdisciplinar e Olhar ci-
A coleção, além disso, propõe uma série de atividades, dadão, por exemplo, exercitam o olhar para diversos campos
tanto individuais como em grupo, como atividades de campo, do conhecimento e para a prática interdisciplinar. Ao aluno
trabalhos de pesquisa, elaboração de relatórios, apresentação são apresentadas situações contextualizadas que o levam
de seminários, que buscam incentivar o aluno a refletir sobre a apreender como a troca de olhares, por exemplo, definida
a sua posição no Brasil e no mundo, levando-o a se posicionar aqui como uma metodologia de trabalho que resulta em co-
em relação à sua condição de existência para a construção nhecimento, pode elucidar questões complexas, presentes
da cidadania. no mundo atual.
Em algumas atividades de campo, por exemplo, o aluno é Para atender a esse conjunto de possibilidades, eis o con-
estimulado a buscar o conhecimento de tradições, seja por junto de boxes e seções que essa coleção apresenta:

Abertura de Unidade Para iniciar


Apresenta imagens, cuja leitura procura sensibilizar o Toda abertura de capítulo traz um texto inicial, uma foto,
aluno para temas que serão abordados na Unidade. Ocu- obra de arte ou charge e atividades, com o objetivo de des-
pa sempre duas páginas, traz um breve texto e apresenta pertar a curiosidade do aluno para o tema que será estudado,
questões. mobilizando seus conhecimentos prévios.

Cap’tulo

3
No final do século XX, houve importantes mudanças nas relações entre os países.
Consumo, meio ambiente
Surgiram assuntos que passaram a ocupar a agenda de países em discussões ocor- e tratados ambientais

1
Unidade Mundo ridas em órgãos multilaterais. Para avaliar quanto o mundo mudou, você vai estudar
como era a organização dos países na Guerra Fria.
Depois, você começará a entender como novos países passaram a influenciar um
internacionais
contemporâneo pouco mais as decisões internacionais, apesar da presença de uma superpotência
militar que tem mais dificuldades para impor sua vontade que no período anterior,
além de algumas tensões do mundo atual.
Para iniciar
Por fim, será abordado como os países discutem assuntos relacionados ao meio ambiente. Nas últimas décadas, o uso dos recursos naturais tem se intensificado. Para o
Stuart Ramson/Associated Press/Glow Images
desenvolvimento do modo de produção capitalista é necessário cada vez mais
matérias-primas para a fabricação de mercadorias e níveis cada vez maiores de
consumo. Essa maneira de produzir e consumir gera impactos ambientais que
atingem vários países. Por isso, alguns assuntos relacionados ao meio ambiente
devem ser tratados em escala internacional. Neste capítulo, você conhecerá esses
modos de produzir, a relação deles com o consumidor, as fontes de energia utili-
zadas e alguns dos principais tratados ambientais, bem como as conferências da
CAPÍTULOS ONU sobre o tema.
1 O mundo bipolar Observe a imagem.
da Guerra Fria
Cristiana Vieira/Agência Estado

2 Mundo
pós-Guerra Fria

3 Consumo, meio
ambiente e
tratados ambientais
internacionais

Obras de Frans Krajcberg


expostas no Jardim
Botânico em Curitiba
(PR), 2004. A produção
artística do artista
polonês naturalizado
brasileiro Frans Krajcberg
(1921-2017) foi marcada
pelo reaproveitamento
Atividade de árvores caídas, dando
novo significado a elas.
Cerimônia de abertura da Cúpula das ¥ Em 2015, foi realizada a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. A reunião contou com mais de 150 líderes mundiais que discutiram
Sustentável, na sede da Organização como implantar metas para o desenvolvimento da humanidade, considerando Atividades
das Nações Unidas (ONU) em Nova aspectos econômicos, sociais e ambientais. Quais temas devem ser discutidos
1. Qual é sua impressão sobre a obra retratada na foto?
York (Estados Unidos), 2015. em nível internacional?
2. O que você faria para reaproveitar algo e criar um objeto artístico?
12 13
72 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

XXIV MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


Interprete Olhar interdisciplinar
Atividades de análise e interpretação de texto e diferentes Promove o diálogo com outras disciplinas: História, Ciên-
tipos de mapa, gráficos e fotos que procuram levar o aluno a cias, Matemática, Artes e Língua Portuguesa. Apresenta tex-
elucidar problemas, e, eventualmente, construir alternativas tos, imagens, mapas, gráficos, além de atividades.
de mitigá-los ou administrá-los.
Olhar interdisciplinar História

São Petersburgo: uma cidade de muitos nomes


Interprete Críticas à ONU Na localidade em que hoje está São Petersburgo, os suecos edificaram, em 1611, o Forte Nyenskans.
• Avalie qual das Entre as críticas que a ONU recebe, a maior é a de favorecer os Estados Uni- Em 1703, o czar Pedro I, o Grande, tomou a cidade do controle sueco e fundou o Forte Pedro e
críticas à ONU você
acha mais válida. dos, seu maior financiador. Como a sede principal está em Nova York (Estados Paulo, dando origem a São Petersburgo. Ele estava interessado em criar um novo porto para a Rússia,
Justifique. Unidos), existe muita pressão do governo estadunidense para que seus interesses além de uma nova capital.
sejam contemplados nas decisões da organização. Durante a Primeira Guerra Mundial, a cidade teve seu nome alterado. A Alemanha era inimiga da
Outro ponto muito criticado é a demora na tomada de decisões, que devem Rússia, o que levou o governo da época a suprimir os termos alemães do nome da cidade (Sankt e Burg).
Consenso ser por consenso, o que exige tempo para que seja elaborado um texto em que A cidade passou a chamar-se Petrogrado, uma homenagem a seu criador.
Característica de uma todos estejam de acordo. Aqui aparece a terceira crítica. Para serem aceitos por Com a Revolução Socialista, o nome da cidade mudou para Leningrado em 1924, em homenagem
decisão que não sofreu
países tão distintos e com interesses tão diferentes, os textos das decisões acabam ao líder revolucionário Vladimir Lenin (1870-1924).
nenhuma objeção por
parte das pessoas sendo genéricos, o que diminui sua eficácia. Em 1991, um plebiscito definiu o retorno ao nome original. O fim da União Soviética chegava também
envolvidas. à antiga capital da Rússia.
O Fundo Monetário Internacional (FMI)

Drozdin Vladimir/Shutterstock
Com o objetivo de regular a movimentação financeira no mundo, o Fundo
Monetário Internacional (FMI) foi criado, em 1944, na Conferência de Bretton
Woods. Leia mais sobre essa conferência na seção Olhar interdisciplinar. Em 2018,
o FMI contava com 189 países-membros. Sua sede fica em Washington D.C. (Es-
tados Unidos) (figura 9).
Monitorar a economia de seus países-membros é uma das funções do FMI,
que recebe informações e gera anualmente um relatório em que avalia os pontos
fortes e fracos da economia de uma nação e os compara com os dos demais in-
tegrantes. Mas sua maior missão é manter a estabilidade financeira internacional,
garantindo que os pagamentos entre bancos e demais empresas financeiras dos
países possam ocorrer sem dificuldade.
Quando um dos sócios do fundo necessita de recursos, ele recebe uma visita
de técnicos do FMI, que levantam informações sobre a economia do país. Nem
sempre eles são bem recebidos.
Nesse processo, investiga-se o valor que o país deve, quando deve pagar as
Reserva monetária dívidas e avaliam-se suas reservas monetárias internacionais para, então,
internacional decidir a quantia a emprestar e de que forma isso será feito. Os recursos para o
Total de dinheiro em
empréstimo vêm da contribuição de uma parcela do PIB de cada país-membro,
moeda estrangeira que
entra em um país que forma uma espécie de poupança que pode ser sacada por um país em difi-
menos o total de culdades para honrar seus compromissos financeiros.
dinheiro que sai. Em
geral as reservas são
Yuri Gripas/Reuters/Fotoarena

depositadas fora do país


que as detém como
forma de expressar sua
situação financeira.
Vista de São Petersburgo (Rússia), 2017.

Atividades
1. Associe a criação da cidade de São Petersburgo com sua localização e com as primeiras obras de Pedro I,
o Grande.
2. Imagine os motivos por que um governante altera o nome de uma cidade. Quais as vantagens de uma
ação como essa?
Figura 9. Sede
do FMI em
138 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova
Washington D.C.
(Estados Unidos),
em 2017.

44 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

Olhar cidadão
Contexto
Explora questões que
Atividades de análise e impactam a sociedade, por Olhar cidadão

China proíbe turismo nas fontes do rio Amarelo


Destino dos refugiados As autoridades da China anunciaram que vão proibir a entrada de turistas na reserva na-

interpretação de diferentes Do mesmo modo que cerca de 2,5 milhões de judeus migraram para Israel, a
guerra do ano 2000 fez com que cerca de 5 milhões de palestinos abandonassem
suas terras e partissem para países vizinhos, de acordo com dados da Agência das meio de textos, imagens,
tural onde se encontra a nascente do rio Amarelo, o segundo mais longo da Ásia, devido aos
problemas ambientais que está causando o crescente número de turistas […].
A reserva de 19 100 quilômetros quadrados na comarca tibetana de Madoi (província oci-
dental de Qinghai) foi afetada por atividades humanas que “prejudicaram o frágil ecossistema
Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo. O
do planalto”, incomodando a vida selvagem e pondo em perigo outros turistas, afirmou o sub-
destino principal foi a Jordânia, com cerca de 2,7 milhões de palestinos, seguida

tipos de texto (incluindo ma- da Síria e do Líbano, com pouco mais de 400 mil cada. Em Israel vivem cerca de
1,2 milhão de palestinos, entre os quais há cristãos que vivem no norte.
Um dos pontos de mais difícil negociação é como acomodar os refugiados. mapas, gráficos, etc. Tam-
diretor da região protegida, Gan Xuebin.
A melhoria das comunicações na região, até tempos recentes muito remotos, gerou um
grande aumento do turismo na fonte de um dos rios mais importantes da China, berço da sua
civilização e em cuja bacia vivem cerca de 140 milhões de pessoas.
Repatriá-los significaria dividir ainda mais as terras da ANP, mas também reconhe-
O Amarelo, com 5 400 quilômetros de extensão, nasce como outros grandes rios da Ásia
cer um país mais populoso que Israel. Afinal, Israel tinha cerca de 8,1 milhões de

pas, gráficos, imagens, etc.) Contexto


¥ Você já passou
alguma dificuldade
para ter acesso à
habitantes em 2014, de acordo com o Banco Mundial, e a Palestina algo em torno
de 9,5 milhões de habitantes, dos quais 4,5 milhões viviam em território palestino,
de acordo com o Palestinian Central Bureau of Statistics. bém traz atividades que
(Yang-tsé, Mekong, Bramaputra) no planalto tibetano, um frágil ecossistema afetado pela mu-
dança climática e outras consequências da atividade humana.
CHINA proíbe turismo nas fontes do rio Amarelo. G1, 28 maio 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/
china-proibe-turismo-nas-fontes-do-rio-amarelo.ghtml>. Acesso em: out. 2018.

água? Você sabe se Jerusalém

Gina Corrigan/Robert Harding Heritage/Agência France-Presse


que buscam trabalhar as- algum conhecido já
passou por isso? Se
sim, quando
ocorreu? Como foi
solucionada?
Outro ponto de discórdia no conflito árabe-israelense é Jerusalém (figura 25),
cidade de múltiplas raízes culturais e religiosas. Com tamanha tradição e impor-
tância, a gestão de Jerusalém é bem difícil. Seria preciso que uma tradição não
fosse imposta às outras.
estimulam o aluno a refletir
Do ponto de vista religioso, elas con-

pectos do dia a dia do bairro,


Mohammed Salem/Reuters/Fotoarena

vivem muito bem há séculos, mas, poli-


ticamente, existe o temor de que um
grupo mais radical queira impedir o outro
de manifestar sua fé religiosa. Além dis-
sobre sua posição no mun-
so, tanto Israel como a ANP a apontam

da escola, do município, da como sua capital, o que traria dificulda-


des relacionadas à segurança dos chefes
de Estado, já que a área ainda é confli- do, inclusive como cidadão.
tuosa, com a presença de radicais dos
dois lados.

Unidade da Federação e do Figura 25. Conflito entre palestinos


e judeus em Jerusalém (Israel), 2018.

Acesso à água
Amir Cohen/Reuters/Fotoarena

Brasil. A ideia é levar o aluno Acesso à água também gera discór-


dias entre Israel e Palestina, que estão
em uma das zonas mais áridas do mun- Rio Amarelo, na província de Qinghai, (China), 2015.

do. Apesar da baixa pluviosidade, Israel


conseguiu desenvolver técnicas de irri- Atividades

a refletir sobre a realidade gação eficientes, que permitem produzir


alimento e abastecer o país (figura 26).
O mesmo não se pode dizer da Palestina.
1. De acordo com o texto, o que causou o aumento do turismo na região da nascente do rio Amarelo?
2. Discuta com seus colegas como as atividades turísticas podem prejudicar ou ajudar uma localidade.

158 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia

em que vive. 58 Unidade 1 • Mundo contemporâneo


Figura 26. Agricultura irrigada
em Israel, 2017.

Leia/Acesse/Assista
Fique por dentro
Apresenta sugestões de livros, sites, vídeos e filmes ao
Traz textos que complementam ou detalham algum tó-
aluno, visando à ampliação de seu repertório a respeito dos
pico do conteúdo estudado. Os textos são acompanhados
temas trabalhados nos capítulos. Há um logotipo específico
de atividades que podem ser trabalhadas individualmente
para cada material.
ou em grupo.

Fique por dentro 6 As ONGs ambientalistas


Estados Unidos anunciam nova série de sanções a Cuba Muitas organizações não governamentais ambientalistas atuam em várias
O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou [...] a implementação de novas sanções a escalas: local, regional, nacional e até internacional. Na escala local, elas costumam
Cuba, que atingem em especial o setor de turismo. lutar por problemas que ocorrem no município em que atuam, como a poluição
Pela nova regulamentação, Washington estabelece uma extensa lista de empresas, incluindo de uma lagoa, a conservação de uma área natural, o estabelecimento da coleta
80 hotéis da ilha, com as quais os cidadãos do país estão proibidos de efetuar transações comerciais. Coleta seletiva seletiva (figura 25), entre outros. Em geral, as ONGs de escala local costumam ser
Sob a justificativa de que as entidades teriam ligações com as Forças Armadas cubanas. Forma de coletar o lixo, bastante atuantes e promovem ações públicas para mobilizar a população local.
separando os resíduos
As mudanças [...] também expandem a lista de autoridades cubanas impedidas de realizar sólidos e orgânicos dos
Ricardo Silva/Fotoarena

transações e instauram uma política de barrar exportações para determinadas entidades cuba- recicláveis, a fim de dar
nas, de acordo com nota do departamento. destinos diferentes para
eles e contribuir para a
A Casa Branca, contudo, afirmou que ainda autorizaria as transações comerciais e a maioria conservação do meio
das viagens já reservadas antes da aplicação das novas medidas. ambiente.
Segundo o Tesouro, viagens de americanos continuam permitidas para a ilha, mas deverão
ser feitas obrigatoriamente em grupos, organizados por uma agência dos EUA e contar com um
representante da mesma para cada grupo.
Fortalecemos as nossas políticas para Cuba para afastar a atividade
econômica das forças militares cubanas e encorajar o governo [do presi- Sanção
dente Raúl Castro] a avançar para uma maior liberdade política e econô- Proibição ou restrição
econômica que Greenpeace Brasil
mica para o povo cubano”, destacou em comunicado o secretário do Tesou- dificulta as relações
ro dos EUA, Steven Mnuchin. comerciais de <www.greenpeace.org/
EUA anunciam nova série de sanções a Cuba. G1. Disponível em: empresas ou pessoas brasil/>
<https://g1.globo.com/mundo/noticia/eua-anunciam-nova-serie-de-sancoes-a-cuba.ghtml>. com o país punido. O site dessa organização
Acesso em: out. 2018.
ambientalista
disponibiliza diversas
informações sobre o
Clive Horton/Alamy/Fotoarena

Figura 25. Em Blumenau (SC), existem coletores de materiais recicláveis e também de lixo não
meio ambiente e os
projetos em prol de sua reciclável. Foto de 2018.
proteção.
A escala de ação regional ocorre quando um problema abrange mais de um
município. Por exemplo, a gestão da bacia hidrográfica de um rio exige uma aná-
lise regional, pois o rio atravessa muitos municípios.
ONGs que trabalham na escala nacional têm seu foco nos grandes temas re-
lacionados ao ambiente, como a conservação de determinado bioma (a Mata
Atlântica no Brasil, por exemplo) e a escolha da fonte adequada para gerar energia
Quem se importa? elétrica. Essas organizações costumam manter escritórios e ativistas em várias
Direção: Mara Mourão.
cidades do país que, de algum modo, estejam envolvidas com o problema.
Brasil: Mamo Filmes/ Existem, por fim, as ONGs internacionais. Elas funcionam como uma organi-
Grifa Filmes, 2012. zação internacional, com sedes locais, mas conectadas a um comando central, que
93 min.
influencia bastante a atuação no país em que operam. Como exemplo, podem-se
Filmado em sete países,
o documentário citar organizações que lutam contra a instalação de usinas nucleares para gerar
acompanha 18 energia e pelo controle das emissões de gases de efeito estufa.
empreendedores e suas
Praia em Matanzas (Cuba), 2017. Muitos turistas estadunidenses vão a Cuba atraídos pela beleza de suas praias. ideias e ações pelo
Os temas ambientais internacionais estão em discussão há bastante tempo e
mundo. O filme serve devem continuar a ocupar a agenda política de muitos países. Afinal, esses temas
de inspiração para as têm origem, consequências e eventuais soluções sempre envolvendo mais de um
Atividades pessoas tomarem
país. As ONGs ajudam nesse processo ao denunciar ações como contaminação
consciência do próprio
1. Considerando a notícia, podemos afirmar que ainda persistem resquícios da Guerra Fria no mundo atual? poder de transformação, ambiental ou o desmatamento de uma área natural protegida, mas não participam
Justifique. para mudar realidades das decisões, que ocorrem nas reuniões das Convenções Internacionais Ambientais.
sociais, ambientais e
2. Quais são as consequências das sanções anunciadas para a população cubana? Justifique.
políticas.
O Brasil tem uma posição de destaque nas discussões ambientais internacionais.
Veja a seção Enquanto isso no Brasil na página seguinte.
24 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo
90 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL XXV


Glossário Explorar representações
Traz o significado de termos ou conceitos que podem ser Seção dedicada ao aprendizado prático de conteúdos tra-
pouco familiares ao aluno e apresenta-se na coluna lateral balhados na Geografia trabalhados no capítulo.
das páginas.
Explorar representações Etapa 1
O primeiro passo é interpretar os fluxos migra-
Etapa 2
Com base nos dados do gráfico para os países
tórios apresentados no gráfico a seguir, identificando escolhidos, estabeleça os intervalos para representar
os países de origem e de destino, assim como a quan- o número de imigrantes por meio das setas de dife-
Mapa de fluxos tidade pessoas que se deslocaram. rentes espessuras.
Os mapas de fluxos são utilizados para representar fenômenos que indicam Depois, escolha alguns dos fluxos presentes no Utilize as informações do quadro abaixo para de-
Convenção sobre Diversidade Biológica Engenharia fluidez e deslocamento de qualquer natureza. Com esse tipo de mapa é possível gráfico para serem representados em um mapa. terminar as espessuras das setas.
genética identificar, por exemplo, a origem e o destino de movimentos migratórios, de trocas Utilizando um atlas, localize no mapa mudo do con-
A Convenção sobre Diversidade Biológica estabeleceu que a conservação da Espessura da seta
Conjunto de técnicas
comerciais, de rotas de transportes, de correntes marítimas, etc. tinente europeu, distribuído pelo professor, os países Intervalo
biodiversidade é importante para garantir a reprodução das espécies e de suas que alteram uma (em cm)
envolvidos nos fluxos migratórios representados no
relações. Além disso, ela é a base da engenharia genética. De nada adianta ter espécie vegetal ou Em geral, para construir o mapa de fluxo, utilizam-se setas cuja espessura varia Até 1 milhão de imigrantes 0,5
conhecimento para manipular genes se não existirem seres vivos que possam ser animal para a produção gráfico.
de organismos
conforme a intensidade do movimento. Observe o mapa a seguir.
utilizados em estudos e experiências que favoreçam a pesquisa e a descoberta de Entre 1,1 milhão
geneticamente 1
novos remédios, alimentos e materiais. Europa: principais fluxos migratórios – 2015 e 2 milhões de imigrantes
modificados. Por Planisfério: comércio de mercadorias por região – 2016 (exportações em bilhões de dólares)
Por isso, esse tratado internacional estabeleceu que, caso alguma tecnologia exemplo, soja resistente Entre 2,1 milhões

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


EGL Produções/Arquivo da editora
a pragas.

er 1,5
ou produto venha a ser gerado a partir de um ser vivo que existe em um país, o Câ
nc
Rússia – e 3 milhões de imigrantes
e
Ucrânia

d
país que o desenvolveu deve repassar o conhecimento àquele que mantém a in- Acima de 3,1 milhões

co
Gene
2

pi
Tró
formação genética em uma área natural. Ou seja, o país que detém a informação Parte do DNA, molécula América
de imigrantes
que fica dentro de todas do Norte Ucrânia –
genética deve receber a tecnologia desenvolvida a partir dela. as células que formam Rússia
os seres vivos. O DNA América
Etapa 3

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens


Latina
armazena toda a ÁSIA Polônia –
informação para Alemanha Desenhe no mapa as setas proporcionais refe-
determinar e transmitir CEI*
aos descendentes as rentes a cada fluxo escolhido. Lembre-se de que a
Turquia –
características que Alemanha base da seta representa a origem do fluxo e a ponta
moldam cada espécie. EUROPA
representa o destino.

Eq
Cada gene é responsável

ua
Rússia –

Tró
por uma característica,

do
Trocas inter-regionais

pic

r
por exemplo, a cor dos Alemanha Etapa 4

o
de
Oriente
olhos e do cabelo. 1030

Ca
Médio
Para finalizar o mapa, crie a legenda na porção

pr
ór Romênia –

ic
500 ni
Quilombola o
Itália inferior, desenhando novamente as setas, suas res-
300

Gre ano de
Habitante de ÁFRICA
pectivas espessuras e intervalos. Insira os demais

ich
100
comunidade quilombola,

enw
Belarus –

Meridi
formada por
*Comunidade dos
20
Rússia elementos obrigatórios: o título, a orientação (indica-
descendentes de
africanos escravizados,
Estados Independentes ção da direção norte) e a fonte dos dados levantados.

além de alguns Portugal –
indígenas e brancos Fonte: elaborado com base em SCIENCE PO. Atelier Cartographie. Disponível em: <http://cartotheque.sciences-po.fr/media/Commerce_de_ França Etapa 5
marchandises_2016/2810>. Acesso em: out. 2018.
pobres, que, no passado,
se refugiaram criando os Mapa sem escala e orientação.
Polônia – Reúna-se com os colegas e o professor para dis-
Note que as setas mais espessas representam os maiores fluxos de trocas co-
quilombos. Essa Reino Unido cutir os resultados apresentados pelo mapa de fluxos
população ainda merciais, superiores a 1 trilhão de dólares, como os que se observam, por exemplo,
mantém vínculo com a
elaborado por vocês. Também comente com eles
entre a Ásia (origem) e a Europa ou América Anglo-Saxônica (destino). As setas menos 0 1 2 3 4
terra e os costumes de Migrantes (em milh›es) como foi a experiência de produzir um mapa de flu-
seus ancestrais. espessas representam fluxos menores, abaixo de 100 bilhões de dólares, que podem
xos e as dificuldades encontradas na realização des-
ser exemplificados pelas trocas comerciais entre a Europa e a América Latina. Fonte: IOM. World Migration Report 2018. Disponível em: <https://
Caiçara publications.iom.int/system/files/pdf/wmr_2018_en.pdf>. Acesso em: se trabalho.
Habitante de out. 2018.
comunidade caiçara, Mãos à obra
formada pela mistura de
contribuições de
Figura 19. Comunidade caiçara situada em Ilhabela, litoral de São Paulo, 2017. Atividades
indígenas, colonizadores Como visto nos capítulos 4 e 5, a Europa é um dos Observando as etapas a seguir, você poderá cons-
portugueses e africanos.
principais destinos de migrantes e refugiados de diver- truir um mapa de fluxos e identificar alguns dos prin- 1. Indique um fator que contribui para a ocorrência de fluxos migratórios internos na
Também foi estabelecido que o conhecimento associado de comunidades Vivem principalmente
sas regiões do mundo, que se dirigem a esse continen- cipais movimentos migratórios internos europeus. Europa.
tradicionais locais, que vivem em áreas protegidas, como povos indígenas, qui- em áreas litorâneas dos
estados do Rio de te em busca de melhores condições de vida, trabalho Você precisará de uma régua para estabelecer as 2. Em sua opinião, quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos imigrantes
lombolas e caiçaras, deve ser reconhecido no processo de desenvolvimento
Janeiro, São Paulo e
tecnológico e, por isso, ser remunerado de algum modo (figura 19). Paraná. Seu modo de e renda. No entanto, os fluxos migratórios internos, isto espessuras das setas e de um mapa mudo da Europa quando chegam ao país de destino?
Depois da Rio-92, ocorreram novas rodadas de discussão sobre a ordem am- vida é, em geral, é, entre os próprios países da Europa, também são im- para representar os principais fluxos migratórios in- 3. Por que os movimentos migratórios, em geral, são representados por meio de ma-
baseado na pesca, na
biental internacional. No caso da biodiversidade, um dos resultados do encontro portantes para a dinâmica populacional do continente. ternos do continente. pas de fluxos?
agricultura de
dos países-membros da Convenção foi o Protocolo de Biosseguran•a, assinado subsistência, no
no ano 2000, em Cartagena (Colômbia). Esse documento estabeleceu normas para extrativismo e na 122 Unidade 2 • O velho mundo se renova Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 123
o transporte de organismos geneticamente modificados, que devem ser obede- pequena produção de
mercadorias.
cidas pelos países que adotaram o Protocolo.
Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 85

Você em ação
Enquanto isso no Brasil
Reúne, ao final de cada capítulo, atividades de diferentes
Seção exclusiva dos vo- tipos. Ocupa duas páginas e é dividida em subseções:
lumes de 6o, 8o e 9o anos, Enquanto isso no BRASIL
O Brasil na ordem ambiental internacional

que propõe relações com o Dadas as condições geográficas do Brasil, o país costuma ser apontado como
uma potência ambiental. Entre as características naturais do país, a enorme biodi-
versidade, importantes reservas de água doce, o tamanho do território e a insolação
Pratique
em grande área na maior parte do ano garantem a capacidade de manter os biomas

Brasil. Além de textos, ima-


naturais e de produzir alimentos em larga escala (veja a imagem).
Em um momento em que manter reservas de informação genética é estratégi-
co, pois delas poderão surgir novos materiais, remédios, fontes de energia e alimen-
tos, um país com as reservas naturais como as do Brasil leva vantagem sobre os
Apresenta atividades que buscam sistematizar o que foi
demais. Por isso, é muito importante contribuir para evitar a retirada da vegetação

gens, mapas, gráficos e/ou


dos biomas localizados em território brasileiro.
O Brasil dispõe de reservas de água doce superficiais e subterrâneas suficientes
para garantir a produção de alimentos e o abastecimento humano, ainda que a água
seja escassa no Semiárido nordestino e em algumas regiões metropolitanas, como
estudado no capítulo. Etapa necessária para a retomada e a
Recife (PE), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ).

tabelas, traz atividades indi-


Esse conjunto de características é usado pelos negociadores brasileiros nas rodadas
de discussão sobre a ordem ambiental internacional, tanto em seus pronunciamentos
como nas articulações para que as propostas do país tenham maior aceitação.
Resultado de anos de presença em foros multilaterais ambientais, o Brasil cos-
fixação dos conteúdos trabalhados.
tuma atuar em conjunto com a China e a Índia, países que ainda mantêm importan-
tes estoques de biodiversidade e que convergem em relação a sua conservação e

viduais e em grupos. uso. Outra bandeira brasileira é o combate à desigualdade no acesso aos recursos
naturais no mundo.
Além disso, o Brasil já foi sede de reuniões muito importantes, como a Rio-92,
a Conferência das Partes da Convenção de Biodiversidade 2006, realizada em Curi-
tiba, e a Rio+20, em junho de 2012. Analise (mapa, gráfico, tabela, imagem ou texto)
Delfim Martins/Pulsar Imagens

Agrupa atividades que propõem a análise e a interpretação


Rio São Francisco em
Piaçabuçu (AL), 2018.
Também chamado de rio
da integração nacional,
nasce no estado de Minas
de mapas, gráficos, tabelas, imagens ou textos relacionados
Gerais, passando por Bahia,

Atividade
Sergipe, Alagoas e
Pernambuco.
ao tema do capítulo. A análise pode ser individual ou associada.
¥ Discuta com os colegas: o Brasil pode ser considerado uma potência ambiental?
Justifique.

Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 91

Pesquise
Propõe atividades de pesquisa sobre temas abordados
Enquanto isso no Mundo no capítulo.
Seção exclusiva do volume do 7o ano, que é dedicado ao
Brasil. Por meio de textos, imagens, mapas e/ou gráficos, Trabalho de campo/Trabalhe em grupo
procura estabelecer relações entre o assunto tratado no país Sugere trabalho de campo ou em grupo. Em geral, são
e no mundo. Traz atividades e aparece no fim dos capítulos, atividades de pesquisa ou experimentais, desenvolvidas com
antes da seção de atividades Você em ação. os colegas e o professor.

Analise o gráfico Migrantes na Copa do Mundo – 2018

Enquanto isso no MUNDO VOCÊ EM ação 8. Analise o gráfico a seguir e responda às questões.

Europa: exportações de serviços – 2017


Seleção
Migrantes
no time (%)
População de
migrantes no país (%)
França 78,3 6,8
As megacidades do mundo África: aglomerações urbanas – 2015
Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

América Latina África Suíça 65,2 24


Pratique
Ericson G. Luciano/Arquivo da editora

4% 2%
O futuro é a África Rabat
Casablanca Fez
Argel
Túnis
Mar Mediterrâneo TUNÍSIA América Anglo-Saxônica Bélgica 47,8 12,1
Europa
S

O
OC

“�...� Atualmente, quase todos os con� Marrakech Trípoli Alexandria MA


RR
1. Analise a importância da indústria no continente europeu. 16% Inglaterra 47,8 9,2
Cairo
El Aaiún ÁSIA ARGÉLIA 48%
tinentes têm �...� pelo menos uma mega�
Trópico de Câncer LÍBIA
EGITO

2. Caracterize a agropecuária europeia quanto à modernização e a mão de obra utilizada. Alemanha 39,1 11,3
M
ar

lópole entre as �� maiores do mundo. A


Ve

ÁSIA
Portugal 30,4 8
rm

CABO MAURITÂNIA
VERDE Cidade MALI
3. Explique dois problemas gerados pelo envelhecimento da população de um país.
elh

exceção é a Oceania �Sydney, a maior da


Nuakchott
NÍGER
de Benin Cartum
o

Praia SENEGAL ERITREIA


CHADE
Espanha 17,4 10
Dacar
Áden
Asmara
Dacar Niamei BURKINA SUDÃO

4. Aponte e explique os motivos que levam os países vizinhos à União Europeia desejarem ingressar no bloco.
Bamaco GÂMBIA Banjul

região, tem “meros” �,� milhões de habi� Cano FASSO de


Bissau lfo
N’Djamena
Ásia e Oceania
DJIBUTI
Ouagadougou AU Go
GUINÉ BISS GUINÉ Djibuti
BENIN

Kaduna NIGÉRIA
Conacri
Suécia 17,4 8
COSTA DO
TOGO

Adis-Abeba
tantes�. A maioria dessas cidades está con�
MARFIM GANA
Freetown Ibadã Abuja
30%
5. Destaque e comente uma das consequências da crise econômica na Europa.
A

O L Yamoussoukro REPÚBLICA
Kumasi SERRA LE IB
Onitsha
SUDÃO
CENTRO-AFRICANA DO SUL
IA

ETIÓPIA
Monróvia
ÉR

Acra Lagos Porto Harcourt CAMARÕES Bangui L


Dinamarca 13 8,2

centrada na Ásia, onde, evidentemente, Equador


IA

Abidjan Juba Á
M
Lo

Malabo
Douala Iaundê Mogadíscio O
6. Relacione a crise da Europa ao Brexit. Fonte: elaborado com base em UNCTAD. Disponível em: <http://
GUINÉ EQUATORIAL UGANDA S
Kisangani Campala QUÊNIA
Libreville

ficam os países mais populosos do mundo.


São Tomé

Brazzaville Kigali
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE GABÃO CONGO
Nairóbi

REPÚBLICA RUANDA
DEMOCRÁTICA
unctadstat.unctad.org/wds/TableViewer/tableView. Islândia 4,3 8
África Mombasa DO CONGO BURUNDI
aspx?ReportId=135718>. Acesso em: out. 2018.
Mas há representantes nas Américas do
Kinshasa Bujumbura SEYCHELLES

Analise o mapa Fonte: KHANNA, Ashish. FIFA World Cup 2018: How Migrant Players
Vitória
setentrional OCEANO Kananga Mbuji-Mayi Dar-es-Salaam
Dodoma
TANZÂNIA

Sul e do Norte, na África e na Europa. Isso África ATLÂNTICO Luanda


Lubumbashi COMORES
a) Qual é a região que mais recebe serviços expor-
Are Shining for Their “Doosri Country”. InsideSport, 23 jun. 2018.
Disponível em: <https://data.oecd.org/migration/foreign-born-
MALA

subsaariana ANGOLA Moroni


A

mudará drasticamente nas próximas dé� 7. Analise o mapa a seguir e, depois, responda às questões.
I
Huambo Lilongue
tados por países europeus? Justifique.
Z Â M B
Principais Lusaka population.htm>. Acesso em: out. 2018.
E

Lilongue

Blantyre Lusaka
aglomerações
Q

I R
CA
cadas. As megacidades se concentrarão
Harare B
urbanas (em milhões Harare Antananarivo M

a) Descreva as rotas migratórias representadas.


S

A
GA

ZIMBÁBUE
b) Qual é a região que recebe menos serviços ex-
Ç

NAMÍBIA
de habitantes)
DA

MAURÍCIO

a) De acordo com a crítica do jogador Romelu


MO

BOTSUANA
Trópico de Capricórnio
na África Subsaariana e na Ásia Central.
Port Louis
MA

Windhoek Gaborone I. Reunião


De 10 a 20 Pretória
N
b) Explique as principais motivações dos migrantes que utilizam essas rotas. portados da Europa? Por que isso ocorre?
(FRA)
Johannesburgo Maputo

De acordo com o The Global Cities Ins�


De 5 a 10
Mbabane
Maputo
OCEANO
Bloemfontein
SUAZILÂNDIA
Maseru
Lukaku, como o racismo e a xenofobia se ma-
De 2,5 a 5
nifestam?
O L Durban LESOTO

titute, já em ���� a Europa não terá ne�


Cidade ÁFRICA
ÍNDICO
Analise a imagem
DO SUL
De 1 a 2,5 do Cabo Porto Cidade do Cabo
Elizabeth
nhuma metrópole entre as maiores. Em Menos de 1 S Rotas migratórias para Europa – 2015
Lagos 0 1030 2 060 km b) Quais são os dois países com o maior percen-
EGL PRODUÇÕES/Arquivo da editora

����, a explosão populacional indiana es�


40° L 0º
9. Observe a charge e responda às questões. tual de imigrantes (ou descendentes de imi-
Fonte: elaborado com base em GIRARDI, Jussara; ROSA, Jussara Vaz.
tará representada por Mumbai, a nova Atlas grantes) em sua seleção de futebol e os dois
© 2016 Robert Ariail-The State/Dist. by
Andrews McMeel Syndication for UFS

geográfico. São Paulo: FTD, 2016. p. 130.


maior do mundo, e mais um punhado de F ré d é
ric S países com o maior percentual de imigrantes
olta
outras cidades do subcontinente. Em ����, n/G
et ty
Im (ou descendentes de imigrantes) em sua po-
ag
as megacidades africanas tirarão São Paulo do TOP ��. Em es
ALEMANHA pulação total?
����, �� das �� maiores metrópoles serão africanas: Lagos
h
nwic

�Nigéria�, Kinshasa �República Democrática do Congo�, Dar Trabalhe em grupo


Gree

Munique
es Salaam �Tanzânia�, Cartum �Sudão�, Lilongue e Bantyre ÁUSTRIA
o de

�Malauí�, Lusaka �Zâmbia�, Campala �Uganda�, Adis�Abeba 11. Reúna-se com alguns colegas para criar e encenar
Meridian

�Etiópia�, Mogadíscio �Somália�, Niamei �Níger� e Cairo


ESLOVÊNIA
um programa de entrevistas sobre o Brexit e seus
CROÁCIA
�Egito�. As oito restantes deverão ser Mumbai, Délhi e BÓSNIA-
Belgrado
Mar Negro
possíveis desdobramentos. Sigam as orientações.
-HERZEGOVINA SÉRVIA a) Qual é a situação histórica representada?
Calcutá �Índia�, Daca �Bangladesh�, Karachi e Lahore ITÁLIA Presevo
a) Definam três personagens:
�Paquistão�, Kabul �Afeganistão� e Manila �Filipinas�.
40º
N b) O que motivou essa situação?
TURQUIA
MACEDÔNIA (parte europeia) Um entrevistador, que fará as perguntas.
�...� Dar es Salaam, hoje a maior cidade da Tanzânia,
deverá saltar de �,� milhões de pessoas em ���� para
Tessalônica
TURQUIA Analise o texto e a tabela Dois convidados, que farão comentários. O con-
(parte asiática) vidado A vai discutir as razões do Brexit; o convi-
��,� milhões em ����. Kinshasa, capital da RDC �República 10. Leia a seguir um trecho de entrevista dada por Ro- dado B vai tratar dos possíveis desdobramentos.
Democrática do Congo�, sairá de �,� milhões para ��,� milhões Atenas melu Lukaku, jogador belga de origem congolesa,
na virada do século. Por fim, a imensa Lagos, que hoje tem cerca
GRÉCIA
que criticou a forma como a mídia abordava sua b) Retomem o conteúdo do capítulo e pesquisem,
Lagos, na Nigéria, já é em jornais, em revistas e na internet, notícias e
de �� milhões de habitantes, poderá atingir absurdos ��,� milhões. uma das maiores I. Lampedusa I. Kos
origem. Depois, analise a tabela.
TUNÍSIA
DEURSEN, Felipe van. As maiores cidades do mundo em ���� serão africanas. Superinteressante, �� ago. ����. (ITA) reportagens atuais sobre o assunto.
Disponível em: <https://super.abril.com.br/sociedade/as�maiores�cidades�do�mundo�em������serao�africanas/>.
metrópoles, mas, pelas Mar Mediterrâneo (GRE)
Quando as coisas iam bem… eles me cha�
Acesso em: set. ����. projeções, em 2100 irá se
N
Trajetórias percorridas mavam de Romelu Lukaku, o atacante belga. c) Montem um roteiro para cada personagem com
tornar a maior do O L por imigrantes
Quando as coisas não iam bem, eles me cha� as informações coletadas. Ele servirá de guia no
Atividade mundo, tendo uma Capital de país momento da apresentação do programa de en-
população oito vezes S Cidades mavam de Romelu Lukaku, o atacante belga de
LÍBIA trevistas para a turma.
¥ Você conheceu, neste capítulo, alguns dos problemas urbanos relacionados às ci- superior à atual. 0 270 540 km Limites de país ascendência congolesa. �…�
dades brasileiras. Sabendo da projeção de crescimento das metrópoles e da popu- Foto de 2016. SIMÕES, I. Negros e árabes na Copa do Mundo: uma análise sobre d) No final da apresentação, convidem os especta-
Fonte: elaborado com base em CONHEÇA os principais pontos do plano europeu de combate à crise migratória. Folha
lação de algumas cidades do continente africano, reflita sobre os possíveis proble- nacionalidade e migrações no futebol. Trivela, � jul. ����. Disponível em: dores (colegas de turma) a participar, fazendo
de S.Paulo, 28 ago. 2015. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/08/1674806-conheca-os-principais- <https://trivela.com.br/negros�e�arabes�na�copa�do�mundo�uma�analise�
mas a serem enfrentados por esses espaços urbanos. pontos-do-plano-europeu-de-combate-a-crise-migratoria.shtml>. Acesso em: out. 2018. sobre�nacionalidade�e�migracoes�no�futebol/>. Acesso em: nov. ����. perguntas e comentários.
Urbanização e industrialização no Brasil • Capítulo 7 151 132 Unidade 2 • O velho mundo se renova Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 133

XXVI MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


Geografia em outras linguagens Em resumo
Ao final de cada unidade, convida o aluno a estabelecer Resume, em tópicos, os itens estudados ao longo da Unidade.
relações entre os conteúdos de Geografia estudados e outras

Reprodução/Museu Van Gogh, Amsterdã, Holanda.

Reprodução/Vincent Van Gogh/Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA


linguagens, como arte visual, artes plásticas, literatura e ma-
nifestação artística. Traz atividades.
Girassóis, de Vincent
van Gogh, 1889
(óleo sobre tela, A noite estrelada, de Vincent van Gogh, 1889

Geografia em outras linguagens


95 cm 3 73 cm). (óleo sobre tela, 92 cm 3 73 cm).

Reprodução/Museu Van Gogh, Amsterdã, Holanda.

Reprodução/Vincent Van Gogh/Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA


Artes plásticas Atividade
Leia a reportagem a seguir e responda à questão.
Vincent van Gogh e o consumo de suas obras de arte
Obras do pintor Vincent van Gogh viram estampas de roupas e
Vincent van Gogh é um dos pintores mais importantes da Europa. Nascido em tênis de marca para skatistas
1853 na cidade de Zundert, nos Países Baixos, tornou-se artista aos 27 anos e, ao
O Museu Van Gogh e a marca californiana de calçados e roupas de ska�
longo de sua vida conturbada, permeada de dramas psicológicos, pintou mais de
tista �...� fizeram uma parceria para lançar roupas e tênis da marca com
400 quadros, desenvolvendo uma técnica artística muito particular, com pinceladas
curvas, expressivas e de cores vibrantes. estampas de obras clássicas do pintor pós�impressionista Vincent van Gogh
�����������. De acordo com a marca, as novas peças estarão à venda no
Além de inúmeros retratos e autorretratos, Van Gogh se dedicou à pintura de
paisagens e naturezas-mortas. Em 1890, faleceu na cidade de Auvers-sur-Oise, na Girassóis, de Vincent mundo inteiro �...�. O Museu Van Gogh vai dedicar parte dos lucros desse
França, aos 37 anos. Leia o texto a seguir para saber mais sobre a vida e a obra van Gogh, 1889 projeto para a preservação do legado e obra do artista, “garantindo o seu
do artista.
(óleo sobre tela, A noite estrelada, de Vincent van Gogh, 1889 acesso para as futuras gerações”. A coleção da marca foi dividida em quatro
95 cm 3 73 cm). (óleo sobre tela, 92 cm 3 73 cm). grupos a partir das pinturas “Caveiras”, “Amendoeira em Flor”, “Girassóis”
Van Gogh e o autorretrato de Van Gogh. As imagens estarão estampadas em camisetas,
A genialidade de Vincent van Gogh somente foi reconhecida após a sua Atividade tênis, jaquetas, bonés e em outros acessórios. �…�
morte. Em vida, o artista holandês, que passou fome e frio, viveu em barracos Leia a reportagem a seguir e responda à questão. OBRAS do pintor Vincent van Gogh viram estampas de roupas e tênis de marca para skatistas. Folha de S.Paulo,
e conheceu a miséria, vendeu apenas uma pintura � “O Vinhedo Vermelho”. �� jul. ����. Disponível em: <https://f�.folha.uol.com.br/estilo/����/��/obras�do�pintor�vincent�van�gogh�viram�
estampas�de�roupas�e�tenis�de�marca�para�skatistas.shtml>. Acesso em: out. ����.
Em maio de ����, uma de suas mais conhecidas obras, “O Retrato de Dr. Obras do pintor Vincent van Gogh viram estampas de roupas e
Gachet”, pintado um século antes, justamente no ano de sua morte, foi co� tênis de marca para skatistas • Com base no que foi discutido, como é possível relacionar a ampla difusão e o
mercializado por US� ��,� milhões. O Museu Van Gogh e a marca californiana de calçados e roupas de ska� consumo em massa das criações do pintor Van Gogh aos impactos proporcionados
Maior expoente do pós�impressionismo, tista �...� fizeram uma parceria para lançar roupas e tênis da marca com pelo processo de industrialização?
Reprodução/Museu Van Gogh, Amsterdã, Holanda.

ao lado de Paul Gauguin e Paul Cézanne, estampas de obras clássicas do pintor pós�impressionista Vincent van Gogh
Vicent Willen van Gogh foi sempre susten� �����������. De acordo com a marca, as novas peças estarão à venda no
tado pelo irmão Theodorus, com quem tro� mundo inteiro �...�. O Museu Van Gogh vai dedicar parte dos lucros desse Em resumo
cou mais de ��� correspondências, docu� projeto para a preservação do legado e obra do artista, “garantindo o seu
mentos fundamentais para um estudo mais acesso para as futuras gerações”. A coleção da marca foi dividida em quatro
aprofundado de sua arte. Na sua fase mais Nesta unidade você estudou:
grupos a partir das pinturas “Caveiras”, “Amendoeira em Flor”, “Girassóis”
produtiva �����/���, Van Gogh foi comple� • no capítulo 4: domínios morfoclimáticos da Europa, hidrografia e hidrovias europeias, recursos minerais e fontes de energia de
e o autorretrato de Van Gogh. As imagens estarão estampadas em camisetas, países europeus, diversidade climática e oferta hídrica, conservação ambiental nos países europeus;
tamente ignorado pela crítica e pelos artis� tênis, jaquetas, bonés e em outros acessórios. �…�
tas. Atualmente, os seus quadros estão en� • no capítulo 5: características gerais da economia, indústria, agricultura, população e espaço urbano da Europa, formação da
OBRAS do pintor Vincent van Gogh viram estampas de roupas e tênis de marca para skatistas. Folha de S.Paulo, União Europeia, espaço Schengen, zona do euro, crise europeia, Brexit;
tre os mais caros do mundo. �…� �� jul. ����. Disponível em: <https://f�.folha.uol.com.br/estilo/����/��/obras�do�pintor�vincent�van�gogh�viram�
estampas�de�roupas�e�tenis�de�marca�para�skatistas.shtml>. Acesso em: out. ����. • no capítulo 6: a União Soviética, a CEI e o retorno da Rússia ao cenário mundial, principais atividades econômicas da Rússia, o
UOL Educação. Van Gogh. Uol. Disponível em:
<https://educacao.uol.com.br/biografias/van�gogh.htm>. recente conflito entre Rússia e Ucrânia, Turquia: território, população e principais atividades econômicas.
Acesso em: out. ����. • Com base no que foi discutido, como é possível relacionar a ampla difusão e o
consumo em massa das criações do pintor Van Gogh aos impactos proporcionados
Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 149
A maior parte das obras de arte de Van pelo processo de industrialização?
Gogh está exposta, atualmente, em museus
situados em cidades como Amsterdã, Paris
e Nova York. Suas pinturas são amplamente Em resumo
conhecidas, e as cores, as curvas, os traços
e as pinceladas que as distinguem tornaram-
Nesta unidade você estudou:
-se referências apreciadas e consumidas em
• no capítulo 4: domínios morfoclimáticos da Europa, hidrografia e hidrovias europeias, recursos minerais e fontes de energia de
diversos locais do mundo. Observe duas das países europeus, diversidade climática e oferta hídrica, conservação ambiental nos países europeus;
pinturas mais famosas do artista. • no capítulo 5: características gerais da economia, indústria, agricultura, população e espaço urbano da Europa, formação da
União Europeia, espaço Schengen, zona do euro, crise europeia, Brexit;
Autorretrato, de Vincent • no capítulo 6: a União Soviética, a CEI e o retorno da Rússia ao cenário mundial, principais atividades econômicas da Rússia, o
van Gogh, 1888 (óleo sobre recente conflito entre Rússia e Ucrânia, Turquia: território, população e principais atividades econômicas.
tela, 65 cm 3 50 cm).

148 Unidade 2 • Europa: o velho mundo se renova Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 149

Mãos à obra
Cidadania ativa Nesse projeto, a proposta é mobilizar alunos, professores, coordenadores, diretores e demais funcionários
da escola com o objetivo de criar um espaço para o cultivo de alimentos. A horta comunitária poderá ser na
própria escola ou em locais próximos, como praças, parques e canteiros de rua.
Horta comunitária Etapa 1
Para garantir a segurança alimentar da população, muitas cidades do mundo todo vêm criando projetos
Com a supervisão dos professores, da coordenadoria ou da diretoria da escola, busquem um local ocioso
para cultivar hortas comunitárias e produzir alimentos saudáveis, sem o uso de agrotóxicos e fertilizantes
e apropriado para ser transformado em uma horta comunitária. Quanto maior for o espaço, mais alimentos
químicos. Esses alimentos são distribuídos gratuitamente aos moradores ou comercializados com preços
poderão ser cultivados. Além disso, é importante estarem atentos às condições físicas do local. É fundamen-
reduzidos. Conheça a experiência da cidade de Todmorden, no norte da Inglaterra.
tal que haja:

Cidadania ativa Uma cidade inteira na Inglaterra que pode ter comida de graça
Em Todmorden, a alimentação saudável é mais do que barata, ela pode ser gratuita. Mas isso
nem sempre foi assim.
Localizada na região de West Yorkshire, Inglaterra, a cidade é exemplo de como a iniciativa de
um pequeno grupo de pessoas pode transformar completamente a vida de toda uma comunidade.
• incidência direta de raios solares;
• disponibilidade de água;

Etapa 2
• solo adubado;

Após a escolha do local, é necessário fazer o planejamento da horta comunitária. Com o auxílio do pro-
• circulação de ar.

Essa mudança começa com duas mulheres que souberam transformar um sonho em realidade: fessor, organizem-se em grupos. Caberá a cada grupo escolher um tipo de alimento e se responsabilizar
Pamela Warhurst e Mary Clear. pelos cuidados do cultivo durante os próximos meses. É necessário buscar alimentos locais, adaptados às

Ao final das unidades pares, propõe a ela- Pamela, ou Pam, participava de uma conferência sobre as mudanças climáticas em ���� quando
o palestrante, o professor Tim Lang, sugeriu que a humanidade deveria começar a plantar mais comi�
da pelo bem do planeta. A ideia criou raízes na cabeça de Pam, que passou a refletir sobre como culti�
var mais alimentos poderia ser um gatilho para a
condições climáticas da região. Cada grupo deverá pesquisar os cuidados necessários para o desenvolvimen-
to adequado do alimento.

Etapa 3
mudança social. A semente para a criação de uma Esta etapa envolve os preparativos para o início do cultivo, a começar pela limpeza do terreno para
Richard Wareham Fotografie/Alamy/Fotoarena

boração de um projeto que envolva ações de cidade comestível foi a primeira a ser plantada. �…�
Hoje quem caminha pela cidade encontra um
cenário completamente transformado. Há planta�
ções comunitárias em centros de saúde com apoio
deixá-lo pronto para a semeadura. Cada grupo deverá ser responsável por retirar o mato e capinar a terra de
uma parte do canteiro. As sementes e as mudas poderão ser adquiridas em feiras livres próximas à escola ou
em outras hortas comunitárias, assim como as ferramentas necessárias para o cultivo. Vejam quais são as
ferramentas de que vocês vão precisar para o trabalho na horta:
de médicos e enfermeiros. Há jardins comestíveis • Enxada: para capinar o solo, fazer covas e retirar o mato.

cidadania, com base em algum tema traba- na área da estação policial. Até mesmo residências
sociais convidaram o grupo para plantar em seus
terrenos, trazendo benefícios aos inquilinos. As
escolas também ganharam suas próprias hortas,
• Pá estreita: para afofar a terra e ajudar na colheita.
• Rastelo: para varrer folhas secas e ervas daninhas da horta.
• Pá cortadeira: para facilitar o processo de mistura da terra.
além de aulas de educação ambiental. Tudo isso • Luvas: para proteger as mãos e evitar ferimentos.

lhado nos capítulos anteriores. contando apenas com o trabalho de voluntários.


Para chegar a esse ponto, o projeto se baseia no
que são chamados três pratos. O prato da comuni�
dade busca unir e empoderar a população ao fazer
Etapa 4
Com as sementes, as mudas e o terreno preparado, é hora de iniciar a semeadura. Cada grupo deverá
fazer pequenas covas no canteiro a fim de plantar as sementes e as mudas do alimento escolhido. Os grupos
com que as pessoas se sintam parte dos espaços pú� devem organizar com o professor o tempo que será destinado para cuidar dos cultivos nos próximos meses.
blicos. O prato da aprendizagem tem como objetivo Lembrem-se de que é necessário adubar o solo constantemente para que a horta tenha sucesso. Restos de
educar os cidadãos sobre a alimentação e desenvolver frutas e verduras do lixo doméstico, por exemplo, são uma importante fonte de nutrientes para os solos.
habilidades culinárias. Por último, o prato dos negó�
cios é focado em fortalecer a economia local. �…� Etapa 5
DUTRA, Mari. Uma cidade inteira na Inglaterra que pode ser comida
de graça. Hypeness. Disponível em: <www.hypeness.com.br/����/��/ Os alimentos plantados poderão ser distribuídos a todos da comunidade escolar. Pode haver uma re-
uma�cidade�inteira�na�inglaterra�que�pode�ser�comida�de�graca/>.
Acesso em: out. ����.
orientação das medidas ao longo do desenvolvimento da horta em caso de necessidade. Isso deve ser
discutido entre alunos, professores e funcionários da escola. Aproveitem o momento para discutir a im-
Horta comunitária em área residencial de portância da produção agrícola comunitária como forma de garantir o acesso da população local aos re-
Todmorten, na Inglaterra, em 2017. cursos alimentares.
150 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 151

Lista de termos que formam o glossário Planisfério político


Relaciona todos os termos destacados na seção Glossário No fim de cada volume, há um mapa com a divisão política
do volume. dos países para ser consultado sempre que necessário.
Lista de termos que formam o Glossário
Oficina de Mapas/Arquivo da editora

Estão listados a seguir palavras e termos definidos ao longo do livro e a página em que aparecem pela

MARSHALL

KIRIBATI

FIJI
ILHAS

primeira vez.
L

NAURU

Dinastia, 171
N

VANUATU
SALOMÃO

A O
DA MICRONÉSIA

ZELÂNDIA
DOS ESTADOS
FEDERAÇÃO
PACÍFICO
OCEANO

NOVA

Diretriz, 25
O

Aborígines, 214 Organização dos Estados


Ditador, 61
PAPUA-
-NOVA
GUINÉ

Americanos, 23
Bósnia-Herzegovina

Agricultura orgânica, 111


República Tcheca

Doutor, 193 Organizações Não


TIMOR-LESTE

AUSTRÁLIA

Al Qaeda, 53
Liechtenstein
JAPÃO

Montenegro

Governamentais (ONGs), 40
FILIPINAS

Macedônia
Eslováquia
I

Eslovênia

Alauita, 66 E
S

Kosovo
Croácia
Áustria
TAIWAN

É
DO SUL
COREIA
DO NORTE
Círculo Polar Ártico

Alpinista, 156
COREIA

P
N D O N
CINGAPURA

Engenharia genética, 85
BRUNEI

Americanos, 23
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
VIETNÃ

MALÁSIA

Escala Richter, 101 Parodiar, 94


CAMBOJA

Anomalia térmica, 215


I

Espeleologia, 156 Península, 99


LAOS
TAILÂNDIA
CHINA

MOLDÁVIA
UCRÂNIA
MIANMAR

Antagônico, 39
MONGÓLIA

Plano Marshall, 22
8 9 BULGÁRIA

Estado Islâmico, 64
BELARUS
OCEANO
BANGLADESH

ÍNDICO

ROMÊNIA

Área de influência, 140


(RUS) LITUÂNIA
BUTÃO

ESTÔNIA
LETÔNIA
FINLÂNDIA

Propina, 62
GRÉCIA
7 SÉRVIA
LANKA

4 HUNGRIA
I A

10

Atentado terrorista, 53 F
NEPAL
QUIRGUISTÃO

SRI
TURCOMENISTÃO TAJIQUISTÃO

POLÔNIA

ALBÂNIA
ÍNDIA

3
S

Q
SUÉCIA

5 6
S

970 km

Foro de discussão, 49
2

ITÁLIA
ALEMANHA
PAQUISTÃO

B
IRAQUE IRÃ AFEGANISTÃO
Ú
OCEANO GLACIAL ÁRTICO

CASAQUISTÃO

Quilombola, 85
REINO DINAMARCA
R

COMORES MAURÍCIO

NORUEGA
SEYCHELLES
USBEQUISTÃO

SUÍÇA
BAIXOS

Banquisa, 235 G
UNIDO PAÍSES

FRANÇA
Círculo Polar Ártico
UNIDOS OMÃ

BÉLGICA
LUXEMBURGO
SOMÁLIA

MADAGASCAR

R
ARÁBIA BAHREIN
AZERBAIJÃO

KUWAIT

SAUDITA CATAR
ARMÊNIA

0
ESPANHA

Base militar, 21
EM. ÁR.

ERITREIA IÊMEN

Gases que destroem a camada


PORTUGAL
DJIBUTI

Radioativo, 107
GEÓRGIA

IRLANDA

Bessarábia, 135
JORDÂNIA

de ozônio, 85
-AFRICANA SUDÃO ETIÓPIA

eSWATINI
QUÊNIA
RUANDA

TANZÂNIA
DO CONGO BURUNDI

E
LESOTO
CHIPRE SÍRIA

IQU

Referendo, 140
MALAUÍ

Biosfera, 80
MB

Gene, 85
UGANDA

ÇA
TURQUIA

DO SUL

MO
ZIMBÁBUE
EGITO

SUDÃO

BOTSUANA

Reino Unido, 115


ZÂMBIA

Blog, 61
ISRAEL
LÍBANO
Palestina

Genocídio, 15
Is. Kerguelen
REP. DEM.

REP. DA

DO SUL

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO


ÁFRICA

(FRA)
NIGÉRIA CENTRO-

Bloqueio econômico, 23 Reserva monetária internacional, 44


CHADE
REP.

CONGO

ANGOLA

Gramínea, 110
A
LÍBIA

NAMÍBIA
CAMARÕES

Revolução Islâmica, 57
D
GABÃO

Bomba atômica, 18
TUNÍSIA

NÍGER

T I

H Revolução Russa de 1917, 135


ARGÉLIA

BENIN
BURKINA
MALI

R
FASSO

C
TOGO

GANA Meridiano de Greenwich


GUINÉ EQUATORIAL

Hegemonia, 29
LIBÉRIA MARFIM

T ç
COSTA

SÃO TOMÉ
E PRÍNCIPE
MARROCOS

S
MAURITÂNIA

DO

Caiçara, 85
GUINÉ

Hinduísmo, 191
ISLÂNDIA

OCIDENTAL

Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 32.
SENEGAL

Sanção, 24
SAARA

SERRA LEOA

Capital, 15
A

Hutis, 65
I. Geórgia do Sul
GUINÉ-BISSAU

Sikhs, 195
Groenlândia

GÂMBIA
CABO VERDE

(RUN)

Capitalismo, 15
ATLÂNTICO
(DIN)

OCEANO

Carapinha, 17 I Socialismo de mercado, 174


Guiana Francesa

Catapulta, 171 Sunita, 66


Império Bizantino, 142
Is. Falkland
SURINAME

(ARG)
(FRA)

Superpotência, 33
3 560 km
BRASIL

Cessar-fogo, 55 Império Persa, 199


URUGUAI
GUIANA

PARAGUAI

Supremacia, 22
ARGENTINA

Cidade Luz, 94 Inovação tecnológica, 28


BOLÍVIA
VENEZUELA

Cisterna, 59 Insumo, 187


1 780

T
CHILE
COLÔMBIA

Coalizão, 26
PERU

Tarefa de Sísifo, 17
HONDURAS
NICARÁGUA

J
Círculo Polar Antártico
EQUADOR

Coleta seletiva, 90
BELIZE

Tecnopolo, 116
ESTADOS UNIDOS

0
CANADÁ

Coletivo, 94 Jihadista, 65
Tonelada equivalente de petróleo, 106
COSTA RICA

Is. Galápagos

Colônia, 15
MÉXICO

EL SALVADOR

(EQU)

Tratado Antártico, 242


GUATEMALA

Compactação do solo, 111 L


STA. LÚCIA
ANTÍGUA E

Conferência da ONU, 42
Trópico de Câncer

Levante, 33 U
BARBADOS
BARBUDA
Alasca (EUA)

E TOBAGO
TRINIDAD
GRANADA
Porto Rico (EUA)

Consenso, 44 Líquen, 110 União Europeia, 54


60° O

Contraditório, 39
Planisfério: político - 2016

Unidade de conservação, 104


PACÍFICO
OCEANO

S. VICENTE E GRANADINAS
DOMINICA

Crime de guerra, 43 M
S. CRISTÓVÃO E NÉVIS

VENEZUELA
DOMINICANA
REPÚBLICA

Crise financeira, 45 Megacidade, 175 X


Trópico de Capricórnio
Is. Havaí
(EUA)

Crise migratória, 126 Movimento social, 40


COLÔMBIA

Xenofobia, 121
HAITI
Trópico de Câncer

AS
M
HA
Czar, 135 Musgo, 110 BA
710 km
JAMAICA

Z
CUBA

PANAMÁ
Equador

D N Zona de exclusão aérea, 64


N

Delta, 102 Nazifascismo, 25 Zonas Econômicas Especiais, 174


0

252 Glossário 253

A coleção, como já foi dito, é formada por quatro volumes, destinados aos Anos Finais do Ensino Fundamental. As unidades
são temáticas e os capítulos que as compõem apresentam a distribuição de conteúdos relacionada nos quadros a seguir.

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL XXVII


6. Os volumes

6º ano
Unidade 1 Lugares de vivência e convivência
Capítulo 1 O lugar, a paisagem e o espaço geográfico
Capítulo 2 Mapas: o que são e para que servem?
Capítulo 3 Planeta Terra: nossa casa no Universo

Unidade 2 Paisagens naturais da Terra


Capítulo 4 Geologia, relevo e solo
Capítulo 5 Clima e dinâmica dos rios
Capítulo 6 Distribuição geográfica da biodiversidade

Unidade 3 O espaço geográfico


Capítulo 7 O espaço rural
Capítulo 8 O espaço urbano
Capítulo 9 Áreas de proteção da natureza e da cultura

Unidade 4 Espaços da produção e da circulação


Capítulo 10 Cadeias produtivas e agricultura
Capítulo 11 A produção industrial
Capítulo 12 Comércio e circulação de mercadorias e informações

7º ano
Unidade 1 O território brasileiro
Capítulo 1 A formação do território brasileiro
Capítulo 2 Brasil: território, fronteiras e cidadania
Capítulo 3 Paisagens naturais brasileiras
Unidade 2 A sociedade brasileira
Capítulo 4 Os povos indígenas no Brasil
Capítulo 5 A diversidade cultural e a imigração
Capítulo 6 Dinâmica populacional no Brasil
Unidade 3 Geografia da produção no Brasil
Capítulo 7 Urbanização e industrialização no Brasil
Capítulo 8 O espaço agrário
Capítulo 9 Circulação e produção de energia

Unidade 4 A Geografia regional do Brasil


Capítulo 10 Regionalizações do Brasil e a Região Centro-Oeste
Capítulo 11 Regiões do Brasil: o Nordeste e o Norte
Capítulo 12 Regiões do Brasil: o Sudeste e o Sul

XXVIII MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


8º ano
Unidade 1 Globalização
Capítulo 1 Regionalizações do mundo
Capítulo 2 Cooperação regional: blocos econômicos e outras organizações
Capítulo 3 Globalização e seus desdobramentos

Unidade 2 População mundial


Capítulo 4 Desafios da urbanização no século XXI
Capítulo 5 População mundial: dinâmicas e fluxos
Capítulo 6 População mundial e qualidade de vida

Unidade 3 A América: desafios na economia global


Capítulo 7 Quadro físico e recursos naturais da América
Capítulo 8 América Anglo-Saxônica
Capítulo 9 América Latina: do Golfo do México ao Ushuaia

Unidade 4 África: da colonização à globalização


Capítulo 10 Quadro físico e recursos naturais da África
Capítulo 11 Colonização e independência no continente africano
Capítulo 12 África na globalização

9º ano
Unidade 1 Mundo contemporâneo
Capítulo 1 O mundo bipolar da Guerra Fria
Capítulo 2 Mundo pós-Guerra Fria
Capítulo 3 Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais
Unidade 2 Europa: o velho mundo se renova
Capítulo 4 Quadro físico e recursos naturais da Europa
Capítulo 5 Europa: economia, sociedade e integração
Capítulo 6 Rússia e Turquia: a transição euro-asiática
Unidade 3 Ásia: novo polo da economia
Capítulo 7 Quadro físico e recursos naturais da Ásia
Capítulo 8 China, Japão e Tigres Asiáticos
Capítulo 9 Índia, Paquistão e Irã

Unidade 4 Oceania e as Zonas polares


Capítulo 10 Quadro físico e recursos naturais da Oceania
Capítulo 11 Austrália, Nova Zelândia e demais países
Capítulo 12 Disputas territoriais nos polos

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL XXIX


CONHEÇA O LIVRO DO PROFESSOR

Objetivos da unidade
Objetivos da unidade
Nesta unidade serão abor-
dadas algumas das principais
transformações geopolíticas

1
Mundo
ocorridas ao longo do século XX:
a Guerra Fria e o período que su- Unidade
cedeu a esse conflito político,
econômico e ideológico em es-
cala global, com profundas con-
sequências para as relações
internacionais até os dias atuais.
contemporâneo
Pretende-se oferecer aos alunos
a oportunidade de ampliar sua
leitura do mundo por meio da
análise das formas de inserção
dos diversos países, em especial
as potências (políticas, econômi-
cas e/ou militares), em diferen-

Material digital tes espaços e tempos. Os alunos


também vão conhecer os trata-
dos ambientais internacionais. CAPÍTULOS

1 O mundo bipolar
da Guerra Fria
Aproveite a oportunida-
2 Mundo
de para consultar o Plano pós-Guerra Fria
de desenvolvimento do bi-
mestre, disponível no ma- 3 Consumo, meio
ambiente e
terial digital. tratados ambientais
internacionais

Habilidades da BNCC
trabalhadas nesta
unidade
EF09GE01 Analisar critica-

Habilidades da BNCC trabalhadas nesta unidade mente de que forma a hege-


monia europeia foi exercida
em várias regiões do planeta,
notadamente em situações
de conflito, intervenções mi-
litares e/ou influência cultu-
ral em diferentes tempos e
lugares.
EF09GE02 Analisar a atua-
ção das corporações interna-
cionais e das organizações
econômicas mundiais na vi-
da da população em relação
Cerimônia de abertura da Cúpula das
ao consumo, à cultura e à
Nações Unidas para o Desenvolvimento
mobilidade.
Sustentável, na sede da Organização
EF09GE03 Identificar dife- das Nações Unidas (ONU) em Nova
rentes manifestações cul- York (Estados Unidos), 2015.
turais de minorias étnicas
como forma de compreender 12
a multiplicidade cultural na
escala mundial, defendendo
o princípio do respeito às di-
ferenças.
EF09GE05 Analisar fatos e EF09GE06 Associar o critério de divisão do mundo em Ocidente e no trabalho em diferentes regiões do mundo e suas consequên-
situações para compreender Oriente com o Sistema Colonial implantado pelas potências europeias. cias no Brasil.
a integração mundial (eco- EF09GE08 Analisar transformações territoriais, considerando o EF09GE13 Analisar a importância da produção agropecuária na
nômica, política e cultural), movimento de fronteiras, tensões, conflitos e múltiplas regiona- sociedade urbano-industrial ante o problema da desigualdade
comparando as diferentes lidades na Europa, na Ásia e na Oceania. mundial de acesso aos recursos alimentares e à matéria-prima.
interpretações: globalização EF09GE11 Relacionar as mudanças técnicas e científicas decor- EF09GE14 Elaborar e interpretar gráficos de barras e de setores,
e mundialização. rentes do processo de industrialização com as transformações mapas temáticos e esquemáticos (croquis) e anamorfoses geo-

12 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR

Objetivos do capítulo
Objetivos do capítulo Cap’tulo

1
• Compreender a bipolaridade
que marcou a geopolítica e
a economia mundiais na se-
gunda metade do século XX.
O mundo bipolar
• Reconhecer algumas conse-
quências políticas e tecno-
da Guerra Fria
lógicas da Guerra Fria para
o mundo atual.
1. O cartunista

BNCC neste capítulo


representou a disputa
da Guerra Fria com os
Para iniciar
dirigentes dos Estados
Habilidades Unidos e da União Neste capítulo você verá que o mundo no século XX ficou marcado por
EF09GE01 Soviética buscando
controlar o mundo. disputas políticas, militares e ideológicas que fizeram parte da chamada Guerra
EF09GE05 2. A Guerra Fria foi um
Fria, na qual dois países, Estados Unidos e União Soviética, dado o poderio eco-
período bipolar
EF09GE06 (1945-1991), nômico e militar que alcançaram, concorriam para influenciar os demais. Des-
caracterizado pela
EF09GE08 disputa entre Estados cobrirá que a Guerra Fria teve consequências no campo tecnológico e político
EF09GE11 Unidos e União que resultaram no surgimento de alianças entre os países, uma das quais ainda
BNCC neste capítulo EF09GE14
Competências gerais
Soviética pela
hegemonia mundial.
Consistiu, sobretudo,
em um conflito
se mantém, como você estudará adiante.
Observe a charge do cartunista brasileiro Belmonte (1896-1947), que repre-
2 7 ideológico no qual os senta a Guerra Fria.
dois países buscaram
Competências específi- influenciar as demais

Belmonte/Coleção particular
nações com base em
cas de Ciências Humanas seus modelos de
2 5 7 desenvolvimento,
capitalista e socialista,
Competências respectivamente.
específicas de
Geografia
3 4 5
Tema contemporâneo
• Ciência e tecnologia

Orientações didáticas
Para iniciar
Ao fazer a leitura da charge
de Belmonte, procure explorar
o aspecto da disputa que ela A charge mostra, do
retrata: tal como em um jogo lado esquerdo (Ocidente),
de futebol, em que a bola é o Harry Truman (1884-1972),
alvo da disputa, o cartunista presidente dos Estados
retrata dois “jogadores de fu- Unidos entre 1945 e 1953,
tebol” (líderes das grandes po- e, do lado direito (Oriente),
tências da Guerra Fria, Truman o líder soviético Josef Stalin

Orientações didáticas e Stalin) em uma disputa pelo


mundo, representado pelo globo
terrestre. Além das atividades
(1879-1953), que esteve
no comando da União
Soviética entre 1922 e 1953.
propostas, motive os alunos a
criar outras charges ou repre-
sentações diversas, como de- Atividades
senhos e colagens de figuras, 1. O que o cartunista quis representar na charge?
com o intuito de representar o
aspecto central da Guerra Fria: 2. O que você acha que significa a expressão “Guerra Fria”? Discuta com os colegas.
a disputa entre os Estados Uni-
14 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo
dos e a União Soviética pela he-
gemonia global.

14 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR

XXX MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


Orientações didáticas
Explore a imagem de abertu-
No final do século XX, houve importantes mudanças nas relações entre os países. ra com os alunos, perguntando
Surgiram assuntos que passaram a ocupar a agenda de países em discussões ocor- se já ouviram algo a respeito da
Organização das Nações Unidas
ridas em órgãos multilaterais. Para avaliar quanto o mundo mudou, você vai estudar
(ONU) e de suas ações e inicia-
como era a organização dos países na Guerra Fria.
tivas. Peça que registrem no ca-
Depois, você começará a entender como novos países passaram a influenciar um derno algumas hipóteses sobre
pouco mais as decisões internacionais, apesar da presença de uma superpotência
militar que tem mais dificuldades para impor sua vontade que no período anterior,
além de algumas tensões do mundo atual.
a função dessa organização e o
motivo pelo qual tem esse no-
me. Ao longo do estudo da uni-
Orientações didáticas
Por fim, será abordado como os países discutem assuntos relacionados ao meio ambiente. dade, os alunos podem retomar
Stuart Ramson/Associated Press/Glow Images
as hipóteses para confirmá-las
ou reorganizá-las com base nos
conteúdos vistos.

BNCC nesta unidade


Competências gerais
1 2 3 5 7 9 10
Competências
específicas de Ciências
Humanas
1 2 3 5 6 7
Competências
específicas de
Geografia
BNCC nesta unidade
1 3 4 5 6 7
Temas contemporâneos
• Educação ambiental
• Educação alimentar e nu-
tricional
• Educação em direitos hu-
manos
• Educação das relações
étnico-raciais e ensino de
história e cultura afro-bra-
sileira, africana e indígena
• Educação para o consumo
• Ciência e tecnologia
• Diversidade cultural

Atividade
• Promova uma breve discus-
Atividade são com os alunos, a fim de
ouvir quais temas eles jul-
¥ Em 2015, foi realizada a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento gam relevantes.
Sustentável. A reunião contou com mais de 150 líderes mundiais que discutiram
como implantar metas para o desenvolvimento da humanidade, considerando
aspectos econômicos, sociais e ambientais. Quais temas devem ser discutidos
em nível internacional?

13

gráficas para analisar, sintetizar e apresentar dados e informa- EF09GE18 Identificar e analisar as cadeias industriais e de inova-
ções sobre diversidade, diferenças e desigualdades sociopolíticas ção e as consequências dos usos de recursos naturais e das di-
e geopolíticas mundiais. ferentes fontes de energia (tais como termoelétrica, hidrelétrica,
EF09GE15 Comparar e classificar diferentes regiões do mundo eólica e nuclear) em diferentes países.
com base em informações populacionais, econômicas e socioam-
bientais representadas em mapas temáticos e com diferentes
projeções cartográficas.

UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR 13

1. Os avanços tecnológicos aplicados aos setores de transporte alteram a relação


tempo-espaço. Com meios de transporte mais sofisticados, torna-se possível Orientações didáticas
percorrer as mesmas distâncias em tempo cada vez mais reduzido, passando a
Fique por dentro sensação de redução das distâncias. Fique por dentro
Para leitura e interpretação
O pós-guerra e o processo Desenvolvimento das redes de transporte
da representação “Desenvol-
de globalização vimento das redes de trans-
Banco de imagens/Arquivo da editora

1500-1840 portes”, sugere-se fazer as


Como foi visto, o processo de expansão 0º
OCEANO GLACIAL ÁRTICO seguintes ponderações: trata-
do capitalismo teve início no século XVI, com
Círculo Polar Ártico

AMÉRICA EUROPA
ÁSIA -se de uma forma subjetiva de
as Grandes Navegações. Ao longo dos séculos, DO NORTE
sugerir a reflexão sobre o au-
a integração econômica entre as diferentes
Trópico de Câncer

AMÉRICA OCEANO OCEANO mento da velocidade dos meios


ATLÂNTICO ÁFRICA PACÍFICO
CENTRAL
regiões do globo foi aumentando gradual- Equador
OCEANO
AMÉRICA OCEANO
0º de transporte e visa retratar
mente, à medida que os avanços tecnológicos
PACÍFICO
DO SUL ÍNDICO
um aparente “encolhimento”
Meridiano de

Trópico de Capricórnio OCEANIA


Greenwich

aconteciam. do mundo, ou seja, aponta que


as distâncias a serem percor-
Porém, após a Segunda Guerra Mundial, OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
Círculo Polar Antártico
ridas atualmente no planeta
ANTÁRTIDA
o ritmo dos avanços tecnológicos se acen- N Velocidade média de carroças são “menores” do que nos pe-
tuou. Após a década de 1970, num intervalo e barcos a vela: 16 km/h 0 4 950 9 900 km ríodos anteriores e concluídas
O L
de tempo muito curto, ocorreu a multiplicação 1850-1930 em menor tempo. Ressalte que
de redes de computadores, comunicações por
S
as distâncias entre os lugares
satélite, cabos de fibra ótica, aparelhos ele- do mundo permanecem inalte-
trônicos para transferências de informações radas, mas que, de fato, o tem-
em alta velocidade. Essas inovações aplicadas po para percorrê-las diminuiu,
aos setores de transporte e de telecomunica- Trens a vapor: até 100 km/h; e que os planisférios não estão
barcos a vapor: 57 km/h
representados em escala, o que
ções permitiu a intensificação dos fluxos de
1950 reforça a subjetividade indicada
mercadorias, pessoas, capitais e informações. anteriormente. Essa seção mo-
O avanço tecnológico nos meios de trans- Aviões a propulsão: biliza a habilidade EF09GE05.
porte permitiu o aumento de velocidade dos 480-640 km/h
Atividades
fluxos de pessoas e mercadorias e, com isso, 1960
complementares
Limites atuais
as distâncias parecem ter se encurtado.
Aviões de passageiros: • Oriente os alunos a entrevis-
Essa fase de intensificação da integração 800-1100 km/h
tar uma pessoa adulta com
econômica é denominada mundialização por
alguns especialistas. Nessa visão, destaca-se a dimensão econômica do processo,
ou seja, os fluxos comerciais e financeiros facilitados pelos avanços das telecomu-
Fonte: elaborado com
base em HARVEY, David. A
condição pós-moderna. São
Paulo: Loyola, 1989. p. 220.
quem convivem na mora-
dia, na escola ou no bairro,
para que relate mudanças
Atividade complementar
nicações e por leis que impõem poucas restrições à circulação dos investimentos. ocorridas em decorrência
Outros especialistas chamam o processo de globalização e defendem que ele da globalização dos meios
é mais amplo, que não se restringe aos aspectos econômicos e financeiros. Essa de transporte. Peça que ela-
A globalização borem perguntas objetivas
visão destaca os reflexos sociais e culturais do processo, sem desconsiderar as em xeque e definam se a entrevista
questões políticas e econômicas envolvidas. Portanto, a globalização poderia ser Bernardo de Andrade será feita por escrito, oral-
definida como uma forma em que a sociedade contemporânea se conecta e se Carvalho. São Paulo: mente ou gravada em áu-
relaciona, determinada pela lógica e pela velocidade do capitalismo atual. Atual, 2000.
dio e/ou vídeo, desde que o
O livro explica
2. Entre eles podem ser apontados: a crescente influência do idioma inglês aspectos do mundo
entrevistado permita esse
Atividades pelo mundo; a padronização de produtos e do consumidor; as rápidas
mudanças nos padrões alimentares, musicais, da moda; etc.
globalizado, como a procedimento. Exemplos de
expansão industrial e perguntas que podem ser
1. Interprete o mapa acima e explique como o avanço da tecnologia pode “encur- comercial, o fluxo de elaboradas:
tar as distâncias”. capitais, os mercados
financeiros, etc.
1. Os meios de transporte que
2. O processo de globalização apresenta tanto aspectos econômicos quanto aspectos Traz, ainda, diferentes você utiliza atualmente são
culturais. Aponte e comente um dos reflexos culturais da globalização. visões sobre o tema, iguais ou diferentes daque-
3. Um megaevento esportivo como a Copa do Mundo pode ser considerado uma permitindo que o les que você usava quando
leitor forme sua era mais jovem?
”lição de globalização”. Lembre-se da última Copa do Mundo que você acom- própria opinião.
panhou e aponte dois fatos que confirmem essa afirmação. 2. Quais mudanças você per-
cebe entre os meios de
3. A transmissão simultânea de um evento para os cinco continentes; a difusão mundial de um esporte de origem inglesa; transporte usados no pas-
a presença de grandes marcas transnacionais como patrocinadoras das equipes e do O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 19
evento; a representação da diversidade cultural das equipes; etc. sado e atualmente?
Após a realização das en-
trevistas, pode-se fazer
um trabalho de sistemati-
zação das respostas, iden-
Encontro com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá tificando, por exemplo, os
Direção: Sílvio Tendler. Brasil: Caliban Produções Cinematográficas, 2006. 89 min. aspectos que mais se re-
O documentário, centrado em uma conversa com o geógrafo Milton Santos (1926-2001), aborda de forma crítica o tema da globali-
zação. Partindo da realidade de países não desenvolvidos, ou da periferia do mundo capitalista, Milton Santos desmitifica os principais
discursos envolvendo o atual modelo de globalização.
petem. Por fim, possibilite
uma troca de informações
entre os alunos.
Indicações para aprofundamento

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 19

MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL XXXI


7. Bibliografia
ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Versão Final. Brasília: MEC, 2017.
________ . Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. 5a a 8a séries. Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1998.
BULGRAEN, V. C. O papel do professor e sua mediação nos processos de elaboração do conhecimento. Revista Conteúdo, Capivari,
v. 1, n. 4, ago./dez. 2010.
FONTANA, R. A. C. Mediação pedagógica em sala de aula. Campinas: Autores Associados, 2000.
FRANCO, L. A. C. A escola do trabalho e o trabalho da escola. 3. ed. São Paulo: Cortez Autores Associados, 1991.
FUNTOWICZ, S.; RAVETZ, J. La ciencia posnormal. Barcelona: Icaria Antrazyt, 2000.
KANT, I. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril, 1983.
LIBÂNEO, J. C. A didática e a aprendizagem do pensar e do aprender: a teoria histórico-cultural da atividade e a contribuição de
Vasili Davydov. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 27, p. 5-24, 2004.
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2008.
MONTEIRO, C. A. F. Geossistemas: a história de uma procura. São Paulo: Contexto, 2000.
MORETTO, V. P. Planejamento: planejando a educação para o desenvolvimento de competências. Petrópolis: Vozes, 2010.
MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2006.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação da aprendizagem – Entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.
________ . Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1993.
PINSKY, J.; PINSKY, C. B. (Org.). História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2005.
SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos metodológicos da Geografia. São Paulo: Hucitec, 1988.
________ . O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel, 1985.
SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pós-moderna. Estudos Avançados, v. 2, n. 2, p. 46-71,
1988.
________ . A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: a formação dos processos mentais superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
ZAMBONE, G. O processo de avaliação nas aulas de Geografia. Revista Brasileira de Educação em Geografia, Campinas, v. 2, n. 4,
p. 129-149, jul./dez. 2012.

XXXII MANUAL DO PROFESSOR – PARTE GERAL


WAGNER COSTA RIBEIRO
Geógrafo e licenciado em Geografia pela
Universidade de São Paulo (USP), onde
obteve os títulos de mestre, doutor e
livre-docente em Geografia

Professor titular do Departamento


de Geografia da USP

EN TA L
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IC UL A
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P O NE
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4» edi•‹o
São Paulo, 2018

MANUAL DO PROFESSOR 1
Direção geral: Guilherme Luz
Direção editorial: Luiz Tonolli e Renata Mascarenhas
Gestão de projeto editorial: Mirian Senra
Gestão de área: Wagner Nicaretta
Coordenação: Jaqueline Paiva Cesar
Edição: Karine Costa, Felipe Vinícius dos Santos,
Felipe Rodrigues Sanches e Orlinda Teruya (editores),
Aline Cestari e Daniele Dionizio (assist. edit.)
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Planejamento e controle de produção: Paula Godo,
Roseli Said e Márcia Pessoa
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Kátia Scaff Marques (coord.),
Rosângela Muricy (coord.), Ana Curci, Ana Paula C. Malfa, Arali Gomes,
Brenda T. M. Morais, Carlos Eduardo Sigrist, Célia Carvalho,
Cesar G. Sacramento, Diego Carbone, Flavia S. Vênezio,
Gabriela M. Andrade, Heloísa Schiavo, Hires Heglan, Maura Loria,
Patrícia Travanca, Raquel A. Taveira, Sandra Fernandez, Sueli Bossi;
Amanda T. Silva e Bárbara de M. Genereze (estagiárias)
Arte: Daniela Amaral (ger.), Claudio Faustino (coord.)
e Elen Coppini Camioto (edição de arte)
Diagramação: LIMA Estúdio
Iconografia: Sílvio Kligin (ger.), Denise Durand Kremer (coord.),
Douglas Cometti, Karina Tengan e Mariana Sampaio (pesquisa iconográfica)
Licenciamento de conteúdos de terceiros: Thiago Fontana (coord.),
Luciana Sposito (licenciamento de textos), Erika Ramires,
Luciana Pedrosa Bierbauer, Luciana Cardoso Sousa
e Claudia Rodrigues (analistas adm.)
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Cartografia: Eric Fuzii (coord.), Alexandre Bueno (edição de arte),
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Ribeiro, Wagner Costa


Por dentro da geografia, 9º ano : ensino fundamental,
anos finais / Wagner Costa Ribeiro. -- 4. ed. -- São Paulo
: Saraiva, 2018.

Suplementado pelo manual do professor.


Bibliografia.
ISBN: 978-85-472-3611-3 (aluno)
ISBN: 978-85-472-3612-0 (professor)

1. Geografia (Ensino fundamental). I. Título.

2018-0109 CDD: 372.891

Julia do Nascimento – Bibliotecária – CRB-8/010142

2018
Código da obra CL 820659
CAE 631640 (AL) / 631732 (PR)
4a edição
1a impressão

Impressão e acabamento

2 MANUAL DO PROFESSOR
Apresentação

Esta coleção foi pensada para você. Ela pretende deixá-lo por dentro de assun-
tos essenciais da sua vida. Afinal, o mundo atual é cheio de novidades que você
precisa conhecer e, mais ainda, saber analisar se são benéficas ou prejudiciais para
a sociedade e para o ambiente. E a Geografia pode ajudar nessa caminhada.
Cada volume foi organizado com cuidado, para permitir que os assuntos abor-
dados possam ser discutidos com quem faz parte da sua vida: colegas, professores,
familiares, vizinhos. Atividades permeiam os capítulos possibilitando que você exer-
cite o que estudou nas aulas com o professor e a leitura do livro. O mais importan-
te nesse processo é que você desenvolva a capacidade de fazer perguntas e de
encontrar respostas para temas que dizem respeito à sua vida, à sociedade em que
vivemos e a outros povos que estão mais distantes da nossa realidade.
Na Unidade 1 – Mundo contemporâneo, você vai estudar como se deu a
relação de poder entre os países depois da Segunda Guerra Mundial e as mudan-
ças verificadas atualmente, incluindo os temas ambientais discutidos por vários
países. Na Unidade 2 – Europa: o velho mundo se renova, você conhecerá o
quadro físico e os recursos naturais da Europa, bem como os desafios que os paí-
ses europeus vêm enfrentando nos últimos anos. Na Unidade 3 – Ásia: novo polo
da economia, serão explorados o quadro físico da Ásia e a atuação na globalização
de alguns países importantes do continente. Na Unidade 4 – Oceania e as zonas
polares, você vai conhecer o quadro físico de países da Oceania, a cultura e a
economia da Austrália e Nova Zelândia, as consequências climáticas no Ártico e
as disputas territoriais na Antártida.
Enfim, é hora de parar por aqui para que você mergulhe no livro. Mas cabe um
desejo final: que o conteúdo deste livro seja importante para você formar sua
opinião sobre os assuntos tratados e expô-la de modo democrático, como prática
da cidadania para construir um mundo menos desigual.

O autor

MANUAL DO PROFESSOR 3
Conheça seu livro
Seu livro está organizado em quatro unidades, cada uma delas com três capí-
tulos. Além dos textos e das figuras que o ilustram, há seções para explorar de
maneiras diferentes o conteúdo. Venha conhecê-lo!

No final do século XX, houve importantes mudanças nas relações entre os países.
Surgiram assuntos que passaram a ocupar a agenda de países em discussões ocor-

1
Unidade Mundo ridas em órgãos multilaterais. Para avaliar quanto o mundo mudou, você vai estudar
como era a organização dos países na Guerra Fria.
Depois, você começará a entender como novos países passaram a influenciar um

contemporâneo pouco mais as decisões internacionais, apesar da presença de uma superpotência


militar que tem mais dificuldades para impor sua vontade que no período anterior,
além de algumas tensões do mundo atual.
Por fim, será abordado como os países discutem assuntos relacionados ao meio ambiente.
Stuart Ramson/Associated Press/Glow Images

CAPÍTULOS

1 O mundo bipolar
da Guerra Fria

2 Mundo
pós-Guerra Fria

3 Consumo, meio
ambiente e
tratados ambientais
internacionais

Abertura de unidade
No início de cada unidade,
uma foto, um breve texto e
algumas atividades
introduzem temas que Atividade
¥ Em 2015, foi realizada a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Cerimônia de abertura da Cúpula das
serão abordados ao longo Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, na sede da Organização
Sustentável. A reunião contou com mais de 150 líderes mundiais que discutiram
como implantar metas para o desenvolvimento da humanidade, considerando
aspectos econômicos, sociais e ambientais. Quais temas devem ser discutidos
da unidade.
das Nações Unidas (ONU) em Nova
York (Estados Unidos), 2015. em nível internacional?

12 13

Cap’tulo

3
Consumo, meio ambiente
6 As ONGs ambientalistas
e tratados ambientais Muitas organizações não governamentais ambientalistas atuam em várias

internacionais escalas: local, regional, nacional e até internacional. Na escala local, elas costumam
lutar por problemas que ocorrem no município em que atuam, como a poluição
de uma lagoa, a conservação de uma área natural, o estabelecimento da coleta
Coleta seletiva seletiva (figura 25), entre outros. Em geral, as ONGs de escala local costumam ser
Forma de coletar o lixo, bastante atuantes e promovem ações públicas para mobilizar a população local.
Para iniciar
Glossário
separando os resíduos
sólidos e orgânicos dos

Ricardo Silva/Fotoarena
recicláveis, a fim de dar
destinos diferentes para
Nas últimas décadas, o uso dos recursos naturais tem se intensificado. Para o eles e contribuir para a
conservação do meio
desenvolvimento do modo de produção capitalista é necessário cada vez mais ambiente.
matérias-primas para a fabricação de mercadorias e níveis cada vez maiores de
consumo. Essa maneira de produzir e consumir gera impactos ambientais que Traz a definição de termos ou
atingem vários países. Por isso, alguns assuntos relacionados ao meio ambiente
devem ser tratados em escala internacional. Neste capítulo, você conhecerá esses
modos de produzir, a relação deles com o consumidor, as fontes de energia utili-
conceitos de um jeito fácil de Greenpeace Brasil
zadas e alguns dos principais tratados ambientais, bem como as conferências da
entender. Está na coluna
<www.greenpeace.org/
brasil/>
ONU sobre o tema. O site dessa organização
ambientalista
Observe a imagem.
lateral da página.
disponibiliza diversas
informações sobre o
Figura 25. Em Blumenau (SC), existem coletores de materiais recicláveis e também de lixo não
meio ambiente e os
Cristiana Vieira/Agência Estado

projetos em prol de sua reciclável. Foto de 2018.


proteção.
A escala de ação regional ocorre quando um problema abrange mais de um
município. Por exemplo, a gestão da bacia hidrográfica de um rio exige uma aná-
lise regional, pois o rio atravessa muitos municípios.
ONGs que trabalham na escala nacional têm seu foco nos grandes temas re-
lacionados ao ambiente, como a conservação de determinado bioma (a Mata
Atlântica no Brasil, por exemplo) e a escolha da fonte adequada para gerar energia
Quem se importa? elétrica. Essas organizações costumam manter escritórios e ativistas em várias
Direção: Mara Mourão.
cidades do país que, de algum modo, estejam envolvidas com o problema.
Brasil: Mamo Filmes/ Existem, por fim, as ONGs internacionais. Elas funcionam como uma organi-
Grifa Filmes, 2012. zação internacional, com sedes locais, mas conectadas a um comando central, que
93 min.
influencia bastante a atuação no país em que operam. Como exemplo, podem-se
Filmado em sete países,
o documentário citar organizações que lutam contra a instalação de usinas nucleares para gerar
acompanha 18 energia e pelo controle das emissões de gases de efeito estufa.
empreendedores e suas
ideias e ações pelo
Os temas ambientais internacionais estão em discussão há bastante tempo e
mundo. O filme serve devem continuar a ocupar a agenda política de muitos países. Afinal, esses temas
de inspiração para as têm origem, consequências e eventuais soluções sempre envolvendo mais de um
pessoas tomarem
Obras de Frans Krajcberg consciência do próprio
país. As ONGs ajudam nesse processo ao denunciar ações como contaminação
poder de transformação, ambiental ou o desmatamento de uma área natural protegida, mas não participam
expostas no Jardim
para mudar realidades das decisões, que ocorrem nas reuniões das Convenções Internacionais Ambientais.
Botânico em Curitiba sociais, ambientais e
O Brasil tem uma posição de destaque nas discussões ambientais internacionais.
políticas.
(PR), 2004. A produção Veja a seção Enquanto isso no Brasil na página seguinte.
artística do artista
90 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo
polonês naturalizado
brasileiro Frans Krajcberg
(1921-2017) foi marcada
pelo reaproveitamento
de árvores caídas, dando
novo significado a elas. Leia/Acesse/Assista
Sugestões de livros, sites, vídeos
Atividades
1. Qual é sua impressão sobre a obra retratada na foto?

e filmes para você ampliar seu


2. O que você faria para reaproveitar algo e criar um objeto artístico?

72 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

conhecimento sobre os temas


dos capítulos. Estão na coluna
Para iniciar lateral da página.
Seção que aparecerá em toda abertura de
capítulo. Composta de um texto inicial,
uma foto, obra de arte ou charge e
atividades. O objetivo é despertar seu
conhecimento prévio e sua curiosidade
para o assunto que será estudado.

4 MANUAL DO PROFESSOR
Destino dos refugiados
Do mesmo modo que cerca de 2,5 milhões de judeus migraram para Israel, a
guerra do ano 2000 fez com que cerca de 5 milhões de palestinos abandonassem

Contexto suas terras e partissem para países vizinhos, de acordo com dados da Agência das
Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo. O
destino principal foi a Jordânia, com cerca de 2,7 milhões de palestinos, seguida
da Síria e do Líbano, com pouco mais de 400 mil cada. Em Israel vivem cerca de

Atividades que buscam fazer com que


1,2 milhão de palestinos, entre os quais há cristãos que vivem no norte.
Um dos pontos de mais difícil negociação é como acomodar os refugiados.
Repatriá-los significaria dividir ainda mais as terras da ANP, mas também reconhe-
cer um país mais populoso que Israel. Afinal, Israel tinha cerca de 8,1 milhões de

você, ao ler o texto, observe foto, mapa, Contexto


¥ Você já passou
alguma dificuldade
habitantes em 2014, de acordo com o Banco Mundial, e a Palestina algo em torno
de 9,5 milhões de habitantes, dos quais 4,5 milhões viviam em território palestino,
de acordo com o Palestinian Central Bureau of Statistics.

gráfico ou tabela e reflita sobre a


para ter acesso à
Interprete Críticas à ONU água? Você sabe se Jerusalém
algum conhecido já
• Avalie qual das Entre as críticas que a ONU recebe, a maior é a de favorecer os Estados Uni- passou por isso? Se Outro ponto de discórdia no conflito árabe-israelense é Jerusalém (figura 25),
críticas à ONU você sim, quando cidade de múltiplas raízes culturais e religiosas. Com tamanha tradição e impor-

realidade em que vive e sobre suas


acha mais válida. dos, seu maior financiador. Como a sede principal está em Nova York (Estados ocorreu? Como foi
Justifique. Unidos), existe muita pressão do governo estadunidense para que seus interesses tância, a gestão de Jerusalém é bem difícil. Seria preciso que uma tradição não
solucionada?
sejam contemplados nas decisões da organização. fosse imposta às outras.
Outro ponto muito criticado é a demora na tomada de decisões, que devem Do ponto de vista religioso, elas con-

Mohammed Salem/Reuters/Fotoarena
experiências no dia a dia.
ser por consenso, o que exige tempo para que seja elaborado um texto em que vivem muito bem há séculos, mas, poli-
Consenso
Característica de uma todos estejam de acordo. Aqui aparece a terceira crítica. Para serem aceitos por ticamente, existe o temor de que um
decisão que não sofreu
países tão distintos e com interesses tão diferentes, os textos das decisões acabam grupo mais radical queira impedir o outro
nenhuma objeção por de manifestar sua fé religiosa. Além dis-
parte das pessoas sendo genéricos, o que diminui sua eficácia.
envolvidas. so, tanto Israel como a ANP a apontam
O Fundo Monetário Internacional (FMI) como sua capital, o que traria dificulda-
des relacionadas à segurança dos chefes
Com o objetivo de regular a movimentação financeira no mundo, o Fundo
de Estado, já que a área ainda é confli-
Monetário Internacional (FMI) foi criado, em 1944, na Conferência de Bretton
tuosa, com a presença de radicais dos
Woods. Leia mais sobre essa conferência na seção Olhar interdisciplinar. Em 2018,
dois lados.
o FMI contava com 189 países-membros. Sua sede fica em Washington D.C. (Es-
tados Unidos) (figura 9).
Figura 25. Conflito entre palestinos
Monitorar a economia de seus países-membros é uma das funções do FMI, e judeus em Jerusalém (Israel), 2018.
que recebe informações e gera anualmente um relatório em que avalia os pontos
fortes e fracos da economia de uma nação e os compara com os dos demais in-
Acesso à água

Amir Cohen/Reuters/Fotoarena
tegrantes. Mas sua maior missão é manter a estabilidade financeira internacional,
garantindo que os pagamentos entre bancos e demais empresas financeiras dos Acesso à água também gera discór-
países possam ocorrer sem dificuldade. dias entre Israel e Palestina, que estão
em uma das zonas mais áridas do mun-
Quando um dos sócios do fundo necessita de recursos, ele recebe uma visita
do. Apesar da baixa pluviosidade, Israel
de técnicos do FMI, que levantam informações sobre a economia do país. Nem
conseguiu desenvolver técnicas de irri-
sempre eles são bem recebidos.
gação eficientes, que permitem produzir
Nesse processo, investiga-se o valor que o país deve, quando deve pagar as
alimento e abastecer o país (figura 26).
Reserva monetária dívidas e avaliam-se suas reservas monetárias internacionais para, então,
O mesmo não se pode dizer da Palestina.
internacional decidir a quantia a emprestar e de que forma isso será feito. Os recursos para o
Total de dinheiro em
empréstimo vêm da contribuição de uma parcela do PIB de cada país-membro,
moeda estrangeira que
entra em um país que forma uma espécie de poupança que pode ser sacada por um país em difi-
menos o total de culdades para honrar seus compromissos financeiros. Figura 26. Agricultura irrigada
dinheiro que sai. Em em Israel, 2017.
geral as reservas são
Yuri Gripas/Reuters/Fotoarena

depositadas fora do país 58 Unidade 1 • Mundo contemporâneo


que as detém como
forma de expressar sua
situação financeira.

Figura 9. Sede
do FMI em
Washington D.C.
(Estados Unidos),
em 2017.

44 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

Interprete
Atividades direcionadas para Fique por dentro

Estados Unidos anunciam nova série de sanções a Cuba

a observação e interpretação O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou [...] a implementação de novas sanções a
Cuba, que atingem em especial o setor de turismo.
Pela nova regulamentação, Washington estabelece uma extensa lista de empresas, incluindo

de texto, foto, mapa, gráfico


80 hotéis da ilha, com as quais os cidadãos do país estão proibidos de efetuar transações comerciais.
Sob a justificativa de que as entidades teriam ligações com as Forças Armadas cubanas.
As mudanças [...] também expandem a lista de autoridades cubanas impedidas de realizar
transações e instauram uma política de barrar exportações para determinadas entidades cuba-

ou tabela. Fique por dentro nas, de acordo com nota do departamento.


A Casa Branca, contudo, afirmou que ainda autorizaria as transações comerciais e a maioria
das viagens já reservadas antes da aplicação das novas medidas.
Segundo o Tesouro, viagens de americanos continuam permitidas para a ilha, mas deverão
ser feitas obrigatoriamente em grupos, organizados por uma agência dos EUA e contar com um

Traz textos e atividades que representante da mesma para cada grupo.


Fortalecemos as nossas políticas para Cuba para afastar a atividade
econômica das forças militares cubanas e encorajar o governo [do presi- Sanção

complementam ou detalham
dente Raúl Castro] a avançar para uma maior liberdade política e econô- Proibição ou restrição
econômica que
mica para o povo cubano”, destacou em comunicado o secretário do Tesou- dificulta as relações
ro dos EUA, Steven Mnuchin. comerciais de

algum tópico do conteúdo que


EUA anunciam nova série de sanções a Cuba. G1. Disponível em: empresas ou pessoas
<https://g1.globo.com/mundo/noticia/eua-anunciam-nova-serie-de-sancoes-a-cuba.ghtml>. com o país punido.
Acesso em: out. 2018.

Clive Horton/Alamy/Fotoarena
você está estudando.

Praia em Matanzas (Cuba), 2017. Muitos turistas estadunidenses vão a Cuba atraídos pela beleza de suas praias.

Atividades
Olhar interdisciplinar História
1. Considerando a notícia, podemos afirmar que ainda persistem resquícios da Guerra Fria no mundo atual?
Justifique.
São Petersburgo: uma cidade de muitos nomes
2. Quais são as consequências das sanções anunciadas para a população cubana? Justifique.
Na localidade em que hoje está São Petersburgo, os suecos edificaram, em 1611, o Forte Nyenskans.
Em 1703, o czar Pedro I, o Grande, tomou a cidade do controle sueco e fundou o Forte Pedro e
24 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo
Paulo, dando origem a São Petersburgo. Ele estava interessado em criar um novo porto para a Rússia,
além de uma nova capital.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a cidade teve seu nome alterado. A Alemanha era inimiga da
Rússia, o que levou o governo da época a suprimir os termos alemães do nome da cidade (Sankt e Burg).
A cidade passou a chamar-se Petrogrado, uma homenagem a seu criador.
Com a Revolução Socialista, o nome da cidade mudou para Leningrado em 1924, em homenagem
ao líder revolucionário Vladimir Lenin (1870-1924).
Em 1991, um plebiscito definiu o retorno ao nome original. O fim da União Soviética chegava também
à antiga capital da Rússia.
Drozdin Vladimir/Shutterstock

Olhar cidadão

China proíbe turismo nas fontes do rio Amarelo


As autoridades da China anunciaram que vão proibir a entrada de turistas na reserva na-
tural onde se encontra a nascente do rio Amarelo, o segundo mais longo da Ásia, devido aos
problemas ambientais que está causando o crescente número de turistas […].
A reserva de 19 100 quilômetros quadrados na comarca tibetana de Madoi (província oci-
dental de Qinghai) foi afetada por atividades humanas que “prejudicaram o frágil ecossistema
do planalto”, incomodando a vida selvagem e pondo em perigo outros turistas, afirmou o sub-
diretor da região protegida, Gan Xuebin.
A melhoria das comunicações na região, até tempos recentes muito remotos, gerou um
grande aumento do turismo na fonte de um dos rios mais importantes da China, berço da sua
civilização e em cuja bacia vivem cerca de 140 milhões de pessoas.
O Amarelo, com 5 400 quilômetros de extensão, nasce como outros grandes rios da Ásia
Vista de São Petersburgo (Rússia), 2017. (Yang-tsé, Mekong, Bramaputra) no planalto tibetano, um frágil ecossistema afetado pela mu-
dança climática e outras consequências da atividade humana.
Atividades CHINA proíbe turismo nas fontes do rio Amarelo. G1, 28 maio 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/
china-proibe-turismo-nas-fontes-do-rio-amarelo.ghtml>. Acesso em: out. 2018.
1. Associe a criação da cidade de São Petersburgo com sua localização e com as primeiras obras de Pedro I,
o Grande.
Gina Corrigan/Robert Harding Heritage/Agência France-Presse

2. Imagine os motivos por que um governante altera o nome de uma cidade. Quais as vantagens de uma
ação como essa?

138 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova

Olhar interdisciplinar
Nesta seção, você terá a oportunidade de
trabalhar o diálogo com outras disciplinas:
Artes, Ciências, História, Língua Rio Amarelo, na província de Qinghai, (China), 2015.

Portuguesa e Matemática. Pode conter Atividades


1. De acordo com o texto, o que causou o aumento do turismo na região da nascente do rio Amarelo?

textos, imagens, ilustrações, mapas,


2. Discuta com seus colegas como as atividades turísticas podem prejudicar ou ajudar uma localidade.

158 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia

gráficos e atividades que exploram o


conteúdo de forma interdisciplinar. Olhar cidadão
Nesta seção, você terá contato com questões
que impactam a sociedade. São textos,
imagens, ilustrações, mapas, gráficos e
atividades que estimulam a tomada de posição
diante dos assuntos abordados.

MANUAL DO PROFESSOR 5
Explorar representações Etapa 1
O primeiro passo é interpretar os fluxos migra-
Etapa 2
Com base nos dados do gráfico para os países
tórios apresentados no gráfico a seguir, identificando escolhidos, estabeleça os intervalos para representar
os países de origem e de destino, assim como a quan- o número de imigrantes por meio das setas de dife-
Mapa de fluxos tidade pessoas que se deslocaram. rentes espessuras.
Os mapas de fluxos são utilizados para representar fenômenos que indicam Depois, escolha alguns dos fluxos presentes no Utilize as informações do quadro abaixo para de-
fluidez e deslocamento de qualquer natureza. Com esse tipo de mapa é possível gráfico para serem representados em um mapa. terminar as espessuras das setas.
identificar, por exemplo, a origem e o destino de movimentos migratórios, de trocas Utilizando um atlas, localize no mapa mudo do con-
Espessura da seta
comerciais, de rotas de transportes, de correntes marítimas, etc. tinente europeu, distribuído pelo professor, os países Intervalo
(em cm)
envolvidos nos fluxos migratórios representados no
Em geral, para construir o mapa de fluxo, utilizam-se setas cuja espessura varia Até 1 milhão de imigrantes 0,5
gráfico.

Explorar representações
conforme a intensidade do movimento. Observe o mapa a seguir.
Entre 1,1 milhão
1
Europa: principais fluxos migratórios – 2015 e 2 milhões de imigrantes
Planisfério: comércio de mercadorias por região – 2016 (exportações em bilhões de dólares)
Entre 2,1 milhões

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


EGL Produções/Arquivo da editora

er 1,5

nc
Rússia – e 3 milhões de imigrantes
e
Ucrânia

d
Acima de 3,1 milhões

co
Seção direcionada para o aprendizado prático de
2

pi
Tró
América
de imigrantes
do Norte Ucrânia –
Rússia
América
Latina Etapa 3
Polônia –

conteúdos trabalhados na Geografia, estimulando


ÁSIA

CEI*
Alemanha Desenhe no mapa as setas proporcionais refe-
rentes a cada fluxo escolhido. Lembre-se de que a
Turquia –
Alemanha base da seta representa a origem do fluxo e a ponta

o raciocínio, a prática, a interação entre os alunos


EUROPA
representa o destino.

Eq
ua
Rússia –

Tró

do
Trocas inter-regionais

pic

r
Alemanha Etapa 4

o
de
1030 Oriente

Ca
Médio
Para finalizar o mapa, crie a legenda na porção

pr
e a exploração de ambientes virtuais.
ór Romênia –

ic
500 ni
o
300
Itália inferior, desenhando novamente as setas, suas res-

de
ÁFRICA
pectivas espessuras e intervalos. Insira os demais

ich
Gre ano
100

enw
Belarus –

Meridi
*Comunidade dos
20
Rússia elementos obrigatórios: o título, a orientação (indica-
Estados Independentes ção da direção norte) e a fonte dos dados levantados.

Portugal –
Fonte: elaborado com base em SCIENCE PO. Atelier Cartographie. Disponível em: <http://cartotheque.sciences-po.fr/media/Commerce_de_ França Etapa 5
marchandises_2016/2810>. Acesso em: out. 2018.
Mapa sem escala e orientação.
Polônia – Reúna-se com os colegas e o professor para dis-
Note que as setas mais espessas representam os maiores fluxos de trocas co-
Reino Unido cutir os resultados apresentados pelo mapa de fluxos
merciais, superiores a 1 trilhão de dólares, como os que se observam, por exemplo,
elaborado por vocês. Também comente com eles
entre a Ásia (origem) e a Europa ou América Anglo-Saxônica (destino). As setas menos 0 1 2 3 4
Migrantes (em milh›es) como foi a experiência de produzir um mapa de flu-
espessas representam fluxos menores, abaixo de 100 bilhões de dólares, que podem
xos e as dificuldades encontradas na realização des-
ser exemplificados pelas trocas comerciais entre a Europa e a América Latina. Fonte: IOM. World Migration Report 2018. Disponível em: <https://
publications.iom.int/system/files/pdf/wmr_2018_en.pdf>. Acesso em: se trabalho.
out. 2018.

Mãos à obra
Atividades
Como visto nos capítulos 4 e 5, a Europa é um dos Observando as etapas a seguir, você poderá cons-
principais destinos de migrantes e refugiados de diver- truir um mapa de fluxos e identificar alguns dos prin- 1. Indique um fator que contribui para a ocorrência de fluxos migratórios internos na
sas regiões do mundo, que se dirigem a esse continen- cipais movimentos migratórios internos europeus. Europa.
te em busca de melhores condições de vida, trabalho Você precisará de uma régua para estabelecer as 2. Em sua opinião, quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos imigrantes
e renda. No entanto, os fluxos migratórios internos, isto espessuras das setas e de um mapa mudo da Europa quando chegam ao país de destino?
é, entre os próprios países da Europa, também são im- para representar os principais fluxos migratórios in- 3. Por que os movimentos migratórios, em geral, são representados por meio de ma-
portantes para a dinâmica populacional do continente. ternos do continente. pas de fluxos?

122 Unidade 2 • O velho mundo se renova Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 123

Enquanto isso no BRASIL


O Brasil na ordem ambiental internacional
Dadas as condições geográficas do Brasil, o país costuma ser apontado como
uma potência ambiental. Entre as características naturais do país, a enorme biodi-
versidade, importantes reservas de água doce, o tamanho do território e a insolação
em grande área na maior parte do ano garantem a capacidade de manter os biomas
naturais e de produzir alimentos em larga escala (veja a imagem).
Em um momento em que manter reservas de informação genética é estratégi-
co, pois delas poderão surgir novos materiais, remédios, fontes de energia e alimen-
tos, um país com as reservas naturais como as do Brasil leva vantagem sobre os
demais. Por isso, é muito importante contribuir para evitar a retirada da vegetação

Enquanto isso no BRASIL


dos biomas localizados em território brasileiro.
O Brasil dispõe de reservas de água doce superficiais e subterrâneas suficientes
para garantir a produção de alimentos e o abastecimento humano, ainda que a água
seja escassa no Semiárido nordestino e em algumas regiões metropolitanas, como
Recife (PE), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ).

Nesta seção, são relacionados aspectos do Brasil com


Esse conjunto de características é usado pelos negociadores brasileiros nas rodadas
de discussão sobre a ordem ambiental internacional, tanto em seus pronunciamentos
como nas articulações para que as propostas do país tenham maior aceitação.

temas abordados no capítulo, usando textos, imagens,


Resultado de anos de presença em foros multilaterais ambientais, o Brasil cos-
tuma atuar em conjunto com a China e a Índia, países que ainda mantêm importan-
tes estoques de biodiversidade e que convergem em relação a sua conservação e
uso. Outra bandeira brasileira é o combate à desigualdade no acesso aos recursos
naturais no mundo.
Além disso, o Brasil já foi sede de reuniões muito importantes, como a Rio-92,
a Conferência das Partes da Convenção de Biodiversidade 2006, realizada em Curi-
mapas, gráficos, tabelas e atividades. Aparece no fim
de todos os capítulos, antes da seção Você em ação.
tiba, e a Rio+20, em junho de 2012.
Delfim Martins/Pulsar Imagens

Rio São Francisco em


Piaçabuçu (AL), 2018.
Também chamado de rio
da integração nacional,
nasce no estado de Minas
Gerais, passando por Bahia,
Sergipe, Alagoas e
Pernambuco.

Atividade
¥ Discuta com os colegas: o Brasil pode ser considerado uma potência ambiental?
Justifique.

Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 91

Trabalhe em grupo
Atividades de pesquisa ou experimentais desenvolvidas
com os colegas e o professor.

Você em ação Analise o gráfico Migrantes na Copa do Mundo – 2018

Ao final de cada capítulo, VOCÊ EM ação 8. Analise o gráfico a seguir e responda às questões.

Europa: exportações de serviços – 2017


Seleção
Migrantes
no time (%)
População de
migrantes no país (%)
França 78,3 6,8

você pode exercitar seus


Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

América Latina África Suíça 65,2 24


Pratique 4% 2%
Bélgica 47,8 12,1
América Anglo-Saxônica
Europa
1. Analise a importância da indústria no continente europeu. 16% Inglaterra 47,8 9,2

conhecimentos com
48%
2. Caracterize a agropecuária europeia quanto à modernização e a mão de obra utilizada. Alemanha 39,1 11,3

3. Explique dois problemas gerados pelo envelhecimento da população de um país. Portugal 30,4 8

diferentes tipos de
Espanha 17,4 10
4. Aponte e explique os motivos que levam os países vizinhos à União Europeia desejarem ingressar no bloco. Ásia e Oceania
30% Suécia 17,4 8
5. Destaque e comente uma das consequências da crise econômica na Europa.
Dinamarca 13 8,2

atividade. 6. Relacione a crise da Europa ao Brexit. Fonte: elaborado com base em UNCTAD. Disponível em: <http://
unctadstat.unctad.org/wds/TableViewer/tableView. Islândia 4,3 8
aspx?ReportId=135718>. Acesso em: out. 2018.
Analise o mapa Fonte: KHANNA, Ashish. FIFA World Cup 2018: How Migrant Players
Are Shining for Their “Doosri Country”. InsideSport, 23 jun. 2018.
a) Qual é a região que mais recebe serviços expor- Disponível em: <https://data.oecd.org/migration/foreign-born-
7. Analise o mapa a seguir e, depois, responda às questões. tados por países europeus? Justifique. population.htm>. Acesso em: out. 2018.

a) Descreva as rotas migratórias representadas.


b) Explique as principais motivações dos migrantes que utilizam essas rotas.
b) Qual é a região que recebe menos serviços ex-
portados da Europa? Por que isso ocorre?
a) De acordo com a crítica do jogador Romelu
Lukaku, como o racismo e a xenofobia se ma-
nifestam?
Pesquise
Analise a imagem
Reúne
Rotas migratórias para Europa – 2015
b) Quais são os dois países com o maior percen-
EGL PRODUÇÕES/Arquivo da editora


9. Observe a charge e responda às questões. tual de imigrantes (ou descendentes de imi-
grantes) em sua seleção de futebol e os dois
© 2016 Robert Ariail-The State/Dist. by
Andrews McMeel Syndication for UFS

ALEMANHA
países com o maior percentual de imigrantes
(ou descendentes de imigrantes) em sua po-
pulação total?
atividades que
ajudam a
h
nwic

Trabalhe em grupo

Pratique
Gree

Munique
ÁUSTRIA
o de

retomar e fixar
11. Reúna-se com alguns colegas para criar e encenar
Meridian

ESLOVÊNIA
um programa de entrevistas sobre o Brexit e seus
CROÁCIA
BÓSNIA-
Belgrado
Mar Negro
possíveis desdobramentos. Sigam as orientações.

o conteúdo
a) Qual é a situação histórica representada?

Reúne atividades que


-HERZEGOVINA SÉRVIA
ITÁLIA Presevo
a) Definam três personagens:
40º
N b) O que motivou essa situação?
TURQUIA
MACEDÔNIA (parte europeia) Um entrevistador, que fará as perguntas.

ajudam a retomar e fixar


Analise o texto e a tabela
trabalhado no
Tessalônica
TURQUIA Dois convidados, que farão comentários. O con-
(parte asiática) vidado A vai discutir as razões do Brexit; o convi-
10. Leia a seguir um trecho de entrevista dada por Ro- dado B vai tratar dos possíveis desdobramentos.

capítulo.
melu Lukaku, jogador belga de origem congolesa,

o conteúdo trabalhado
Atenas
GRÉCIA
que criticou a forma como a mídia abordava sua b) Retomem o conteúdo do capítulo e pesquisem,
origem. Depois, analise a tabela. em jornais, em revistas e na internet, notícias e
TUNÍSIA I. Lampedusa I. Kos
reportagens atuais sobre o assunto.

no capítulo.
(ITA) Mar Mediterrâneo (GRE)
Quando as coisas iam bem… eles me cha�
N
Trajetórias percorridas mavam de Romelu Lukaku, o atacante belga. c) Montem um roteiro para cada personagem com
O L por imigrantes
Quando as coisas não iam bem, eles me cha� as informações coletadas. Ele servirá de guia no
Capital de país momento da apresentação do programa de en-
S Cidades mavam de Romelu Lukaku, o atacante belga de
LÍBIA trevistas para a turma.
0 270 540 km Limites de país ascendência congolesa. �…�
SIMÕES, I. Negros e árabes na Copa do Mundo: uma análise sobre d) No final da apresentação, convidem os especta-
Fonte: elaborado com base em CONHEÇA os principais pontos do plano europeu de combate à crise migratória. Folha nacionalidade e migrações no futebol. Trivela, � jul. ����. Disponível em: dores (colegas de turma) a participar, fazendo
de S.Paulo, 28 ago. 2015. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/08/1674806-conheca-os-principais- <https://trivela.com.br/negros�e�arabes�na�copa�do�mundo�uma�analise�
pontos-do-plano-europeu-de-combate-a-crise-migratoria.shtml>. Acesso em: out. 2018. sobre�nacionalidade�e�migracoes�no�futebol/>. Acesso em: nov. ����. perguntas e comentários.

132 Unidade 2 • O velho mundo se renova Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 133

Analise (mapa, gráfico, tabela, imagem ou texto)


Análise e interpretação de mapa, gráfico, tabela, charge, obra de arte, foto,
quadrinho e ilustração relacionados ao assunto estudado no capítulo. A análise
pode ser individual ou associada.

6 MANUAL DO PROFESSOR
Geografia em outras linguagens
Geografia em outras linguagens

Reprodução/Museu Van Gogh, Amsterdã, Holanda.

Reprodução/Vincent Van Gogh/Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA


Artes plásticas

Vincent van Gogh e o consumo de suas obras de arte


Vincent van Gogh é um dos pintores mais importantes da Europa. Nascido em
1853 na cidade de Zundert, nos Países Baixos, tornou-se artista aos 27 anos e, ao
Ao final de cada unidade, um texto
longo de sua vida conturbada, permeada de dramas psicológicos, pintou mais de
400 quadros, desenvolvendo uma técnica artística muito particular, com pinceladas
curvas, expressivas e de cores vibrantes.
interessante, ilustrado com imagens chama
à reflexão sobre assuntos tratados na
Além de inúmeros retratos e autorretratos, Van Gogh se dedicou à pintura de
paisagens e naturezas-mortas. Em 1890, faleceu na cidade de Auvers-sur-Oise, na Girassóis, de Vincent
França, aos 37 anos. Leia o texto a seguir para saber mais sobre a vida e a obra van Gogh, 1889
(óleo sobre tela, A noite estrelada, de Vincent van Gogh, 1889
do artista.

unidade, relacionando-a com outras


95 cm 3 73 cm). (óleo sobre tela, 92 cm 3 73 cm).
Van Gogh
A genialidade de Vincent van Gogh somente foi reconhecida após a sua Atividade

linguagens, como arte visual, artes plásticas,


morte. Em vida, o artista holandês, que passou fome e frio, viveu em barracos Leia a reportagem a seguir e responda à questão.
e conheceu a miséria, vendeu apenas uma pintura � “O Vinhedo Vermelho”.
Em maio de ����, uma de suas mais conhecidas obras, “O Retrato de Dr. Obras do pintor Vincent van Gogh viram estampas de roupas e
Gachet”, pintado um século antes, justamente no ano de sua morte, foi co� tênis de marca para skatistas
mercializado por US� ��,� milhões.
Maior expoente do pós�impressionismo,
O Museu Van Gogh e a marca californiana de calçados e roupas de ska�
tista �...� fizeram uma parceria para lançar roupas e tênis da marca com literatura e manifestação artística.
Reprodução/Museu Van Gogh, Amsterdã, Holanda.

ao lado de Paul Gauguin e Paul Cézanne, estampas de obras clássicas do pintor pós�impressionista Vincent van Gogh
Vicent Willen van Gogh foi sempre susten� �����������. De acordo com a marca, as novas peças estarão à venda no
tado pelo irmão Theodorus, com quem tro� mundo inteiro �...�. O Museu Van Gogh vai dedicar parte dos lucros desse
cou mais de ��� correspondências, docu� projeto para a preservação do legado e obra do artista, “garantindo o seu
mentos fundamentais para um estudo mais acesso para as futuras gerações”. A coleção da marca foi dividida em quatro
aprofundado de sua arte. Na sua fase mais grupos a partir das pinturas “Caveiras”, “Amendoeira em Flor”, “Girassóis”
produtiva �����/���, Van Gogh foi comple� e o autorretrato de Van Gogh. As imagens estarão estampadas em camisetas,
tamente ignorado pela crítica e pelos artis� tênis, jaquetas, bonés e em outros acessórios. �…�
tas. Atualmente, os seus quadros estão en� OBRAS do pintor Vincent van Gogh viram estampas de roupas e tênis de marca para skatistas. Folha de S.Paulo,
tre os mais caros do mundo. �…� �� jul. ����. Disponível em: <https://f�.folha.uol.com.br/estilo/����/��/obras�do�pintor�vincent�van�gogh�viram�
estampas�de�roupas�e�tenis�de�marca�para�skatistas.shtml>. Acesso em: out. ����.
UOL Educação. Van Gogh. Uol. Disponível em:
<https://educacao.uol.com.br/biografias/van�gogh.htm>.
Acesso em: out. ����. • Com base no que foi discutido, como é possível relacionar a ampla difusão e o
consumo em massa das criações do pintor Van Gogh aos impactos proporcionados
A maior parte das obras de arte de Van pelo processo de industrialização?
Gogh está exposta, atualmente, em museus
situados em cidades como Amsterdã, Paris
e Nova York. Suas pinturas são amplamente Em resumo
conhecidas, e as cores, as curvas, os traços
e as pinceladas que as distinguem tornaram-
-se referências apreciadas e consumidas em
diversos locais do mundo. Observe duas das
Nesta unidade você estudou:
• no capítulo 4: domínios morfoclimáticos da Europa, hidrografia e hidrovias europeias, recursos minerais e fontes de energia de
países europeus, diversidade climática e oferta hídrica, conservação ambiental nos países europeus;
Em resumo
pinturas mais famosas do artista. • no capítulo 5: características gerais da economia, indústria, agricultura, população e espaço urbano da Europa, formação da

Resumo dos itens estudados


União Europeia, espaço Schengen, zona do euro, crise europeia, Brexit;
Autorretrato, de Vincent • no capítulo 6: a União Soviética, a CEI e o retorno da Rússia ao cenário mundial, principais atividades econômicas da Rússia, o
van Gogh, 1888 (óleo sobre recente conflito entre Rússia e Ucrânia, Turquia: território, população e principais atividades econômicas.
tela, 65 cm 3 50 cm).

148 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 149
ao longo de cada capítulo.

Mãos à obra
Cidadania ativa Nesse projeto, a proposta é mobilizar alunos, professores, coordenadores, diretores e demais funcionários
da escola com o objetivo de criar um espaço para o cultivo de alimentos. A horta comunitária poderá ser na
própria escola ou em locais próximos, como praças, parques e canteiros de rua.
Horta comunitária Etapa 1
Para garantir a segurança alimentar da população, muitas cidades do mundo todo vêm criando projetos
Com a supervisão dos professores, da coordenadoria ou da diretoria da escola, busquem um local ocioso
para cultivar hortas comunitárias e produzir alimentos saudáveis, sem o uso de agrotóxicos e fertilizantes
e apropriado para ser transformado em uma horta comunitária. Quanto maior for o espaço, mais alimentos
químicos. Esses alimentos são distribuídos gratuitamente aos moradores ou comercializados com preços
poderão ser cultivados. Além disso, é importante estarem atentos às condições físicas do local. É fundamen-
reduzidos. Conheça a experiência da cidade de Todmorden, no norte da Inglaterra.

Cidadania ativa
tal que haja:
Uma cidade inteira na Inglaterra que pode ter comida de graça • incidência direta de raios solares; • solo adubado;
Em Todmorden, a alimentação saudável é mais do que barata, ela pode ser gratuita. Mas isso • disponibilidade de água; • circulação de ar.
nem sempre foi assim.
Etapa 2

A seção propõe a elaboração de um projeto


Localizada na região de West Yorkshire, Inglaterra, a cidade é exemplo de como a iniciativa de
um pequeno grupo de pessoas pode transformar completamente a vida de toda uma comunidade. Após a escolha do local, é necessário fazer o planejamento da horta comunitária. Com o auxílio do pro-
Essa mudança começa com duas mulheres que souberam transformar um sonho em realidade: fessor, organizem-se em grupos. Caberá a cada grupo escolher um tipo de alimento e se responsabilizar
pelos cuidados do cultivo durante os próximos meses. É necessário buscar alimentos locais, adaptados às

com algum tema abordado nas unidades,


Pamela Warhurst e Mary Clear.
Pamela, ou Pam, participava de uma conferência sobre as mudanças climáticas em ���� quando condições climáticas da região. Cada grupo deverá pesquisar os cuidados necessários para o desenvolvimen-
o palestrante, o professor Tim Lang, sugeriu que a humanidade deveria começar a plantar mais comi� to adequado do alimento.
da pelo bem do planeta. A ideia criou raízes na cabeça de Pam, que passou a refletir sobre como culti�

envolvendo ações de cidadania. Permite a


var mais alimentos poderia ser um gatilho para a Etapa 3
mudança social. A semente para a criação de uma Esta etapa envolve os preparativos para o início do cultivo, a começar pela limpeza do terreno para
Richard Wareham Fotografie/Alamy/Fotoarena

cidade comestível foi a primeira a ser plantada. �…� deixá-lo pronto para a semeadura. Cada grupo deverá ser responsável por retirar o mato e capinar a terra de
uma parte do canteiro. As sementes e as mudas poderão ser adquiridas em feiras livres próximas à escola ou

interação entre os alunos e com a comunidade


Hoje quem caminha pela cidade encontra um
cenário completamente transformado. Há planta� em outras hortas comunitárias, assim como as ferramentas necessárias para o cultivo. Vejam quais são as
ções comunitárias em centros de saúde com apoio ferramentas de que vocês vão precisar para o trabalho na horta:
de médicos e enfermeiros. Há jardins comestíveis • Enxada: para capinar o solo, fazer covas e retirar o mato.

e a exploração de ambientes digitais. A seção na área da estação policial. Até mesmo residências
sociais convidaram o grupo para plantar em seus
terrenos, trazendo benefícios aos inquilinos. As
• Pá estreita: para afofar a terra e ajudar na colheita.
• Rastelo: para varrer folhas secas e ervas daninhas da horta.
• Pá cortadeira: para facilitar o processo de mistura da terra.

aparecerá sempre ao final das unidades pares.


escolas também ganharam suas próprias hortas,
além de aulas de educação ambiental. Tudo isso • Luvas: para proteger as mãos e evitar ferimentos.
contando apenas com o trabalho de voluntários.
Para chegar a esse ponto, o projeto se baseia no Etapa 4
que são chamados três pratos. O prato da comuni� Com as sementes, as mudas e o terreno preparado, é hora de iniciar a semeadura. Cada grupo deverá
dade busca unir e empoderar a população ao fazer fazer pequenas covas no canteiro a fim de plantar as sementes e as mudas do alimento escolhido. Os grupos
com que as pessoas se sintam parte dos espaços pú� devem organizar com o professor o tempo que será destinado para cuidar dos cultivos nos próximos meses.
blicos. O prato da aprendizagem tem como objetivo Lembrem-se de que é necessário adubar o solo constantemente para que a horta tenha sucesso. Restos de
educar os cidadãos sobre a alimentação e desenvolver frutas e verduras do lixo doméstico, por exemplo, são uma importante fonte de nutrientes para os solos.
habilidades culinárias. Por último, o prato dos negó�
cios é focado em fortalecer a economia local. �…� Etapa 5
DUTRA, Mari. Uma cidade inteira na Inglaterra que pode ser comida
de graça. Hypeness. Disponível em: <www.hypeness.com.br/����/��/ Os alimentos plantados poderão ser distribuídos a todos da comunidade escolar. Pode haver uma re-
uma�cidade�inteira�na�inglaterra�que�pode�ser�comida�de�graca/>.
Acesso em: out. ����.
orientação das medidas ao longo do desenvolvimento da horta em caso de necessidade. Isso deve ser
discutido entre alunos, professores e funcionários da escola. Aproveitem o momento para discutir a im-
Horta comunitária em área residencial de portância da produção agrícola comunitária como forma de garantir o acesso da população local aos re-
Todmorten, na Inglaterra, em 2017. cursos alimentares.
150 Unidade 2 • Europa: o velho mundo se renova Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 151

Lista de termos que formam o Glossário


Oficina de Mapas/Arquivo da editora

Estão listados a seguir palavras e termos definidos ao longo do livro e a página em que aparecem pela

MARSHALL

KIRIBATI

FIJI
ILHAS

primeira vez.
L

NAURU

Dinastia, 171
N

VANUATU
SALOMÃO

A O
DA MICRONÉSIA

ZELÂNDIA
DOS ESTADOS
FEDERAÇÃO
PACÍFICO
OCEANO

NOVA

Diretriz, 25
O

Aborígines, 214 Organização dos Estados


Ditador, 61
PAPUA-
-NOVA
GUINÉ

Americanos, 23
Bósnia-Herzegovina

Agricultura orgânica, 111


República Tcheca

Doutor, 193 Organizações Não


TIMOR-LESTE

AUSTRÁLIA

Al Qaeda, 53
Liechtenstein
JAPÃO

Montenegro
FILIPINAS

Governamentais (ONGs), 40
Macedônia
Eslováquia
I

Eslovênia

Alauita, 66 E
S

Kosovo
Croácia
Áustria
TAIWAN

N D O N É
DO SUL
COREIA
DO NORTE
Círculo Polar Ártico

Alpinista, 156
COREIA

P
CINGAPURA

Engenharia genética, 85
BRUNEI

Americanos, 23
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
VIETNÃ

MALÁSIA

Escala Richter, 101 Parodiar, 94


CAMBOJA

Anomalia térmica, 215


I

Espeleologia, 156 Península, 99


LAOS
TAILÂNDIA
CHINA

MOLDÁVIA
UCRÂNIA
MIANMAR

Antagônico, 39
MONGÓLIA

Lista de termos que formam o Plano Marshall, 22


8 9 BULGÁRIA

Estado Islâmico, 64
BELARUS
OCEANO
BANGLADESH

ÍNDICO

ROMÊNIA

Área de influência, 140


(RUS) LITUÂNIA
BUTÃO

ESTÔNIA
LETÔNIA
FINLÂNDIA

Propina, 62
GRÉCIA
7 SÉRVIA
LANKA

4 HUNGRIA
A

10

Atentado terrorista, 53 F
NEPAL
QUIRGUISTÃO

SRI
TURCOMENISTÃO TAJIQUISTÃO

POLÔNIA

ALBÂNIA
ÍNDIA
S I

Q
SUÉCIA

5 6
Ú S

970 km

Foro de discussão, 49
2

ITÁLIA
ALEMANHA
PAQUISTÃO

B
IRAQUE IRÃ AFEGANISTÃO
OCEANO GLACIAL ÁRTICO

Glossário
CASAQUISTÃO

Quilombola, 85
REINO DINAMARCA
R

COMORES MAURÍCIO

NORUEGA
SEYCHELLES
USBEQUISTÃO

SUÍÇA
BAIXOS

Banquisa, 235 G
UNIDO PAÍSES

FRANÇA
Círculo Polar Ártico
UNIDOS OMÃ

BÉLGICA
LUXEMBURGO
SOMÁLIA

MADAGASCAR

R
ARÁBIA BAHREIN
AZERBAIJÃO

KUWAIT

SAUDITA CATAR
ARMÊNIA

0
ESPANHA

Base militar, 21
EM. ÁR.

ERITREIA IÊMEN

Gases que destroem a camada


PORTUGAL
DJIBUTI

Radioativo, 107
GEÓRGIA

IRLANDA

Bessarábia, 135
JORDÂNIA

de ozônio, 85
-AFRICANA SUDÃO ETIÓPIA

eSWATINI
QUÊNIA
RUANDA

TANZÂNIA
DO CONGO BURUNDI

E
LESOTO
CHIPRE SÍRIA

IQU

Referendo, 140
MALAUÍ

Biosfera, 80
MB

Gene, 85
UGANDA

Traz a lista de todos os termos que são


ÇA
TURQUIA

DO SUL

MO
ZIMBÁBUE
EGITO

SUDÃO

BOTSUANA

Reino Unido, 115


ZÂMBIA

Blog, 61
ISRAEL
LÍBANO
Palestina

Genocídio, 15
Is. Kerguelen
REP. DEM.

REP. DA

DO SUL

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO


ÁFRICA

(FRA)
NIGÉRIA CENTRO-

Bloqueio econômico, 23 Reserva monetária internacional, 44


CHADE
REP.

CONGO

ANGOLA

Gramínea, 110
A
LÍBIA

NAMÍBIA
CAMARÕES

Revolução Islâmica, 57
D
GABÃO

Bomba atômica, 18
TUNÍSIA

NÍGER

T I

definidos no glossário ao longo do livro.


H Revolução Russa de 1917, 135
ARGÉLIA

BENIN
BURKINA
MALI

R
FASSO

C
TOGO

GANA Meridiano de Greenwich


GUINÉ EQUATORIAL

Hegemonia, 29
LIBÉRIA MARFIM

ç
COSTA

SÃO TOMÉ
E PRÍNCIPE
MARROCOS

S
MAURITÂNIA

DO

N T

Caiçara, 85
GUINÉ

Hinduísmo, 191
ISLÂNDIA

OCIDENTAL

Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 32.
SENEGAL

Sanção, 24
SAARA

SERRA LEOA

Capital, 15
A

Hutis, 65
I. Geórgia do Sul

Assim, se você esquecer o significado


GUINÉ-BISSAU

Sikhs, 195
Groenlândia

GÂMBIA
CABO VERDE

(RUN)

Capitalismo, 15
ATLÂNTICO
(DIN)

OCEANO

Carapinha, 17 I Socialismo de mercado, 174


Guiana Francesa

Catapulta, 171 Sunita, 66


Império Bizantino, 142
Is. Falkland
SURINAME

(ARG)
(FRA)

Superpotência, 33

de algum termo, sabe onde procurar.


3 560 km
BRASIL

Cessar-fogo, 55 Império Persa, 199


URUGUAI
GUIANA

PARAGUAI

Supremacia, 22
ARGENTINA

Cidade Luz, 94 Inovação tecnológica, 28


BOLÍVIA
VENEZUELA

Cisterna, 59 Insumo, 187


1780

T
CHILE
COLÔMBIA

Coalizão, 26
PERU

Tarefa de Sísifo, 17
HONDURAS

J
NICARÁGUA

Círculo Polar Antártico


EQUADOR

Coleta seletiva, 90
BELIZE

Tecnopolo, 116
ESTADOS UNIDOS

0
CANADÁ

Coletivo, 94 Jihadista, 65
Tonelada equivalente de petróleo, 106
COSTA RICA

Is. Galápagos

Colônia, 15
MÉXICO

EL SALVADOR

(EQU)

Tratado Antártico, 242


GUATEMALA

Compactação do solo, 111 L


STA. LÚCIA
ANTÍGUA E

Conferência da ONU, 42
Trópico de Câncer

Levante, 33 U
BARBADOS
BARBUDA
Alasca (EUA)

E TOBAGO
TRINIDAD
GRANADA
Porto Rico (EUA)

Consenso, 44 Líquen, 110 União Europeia, 54


60° O

Contraditório, 39
Planisfério: político - 2016

Unidade de conservação, 104


PACÍFICO
OCEANO

S. VICENTE E GRANADINAS
DOMINICA

Crime de guerra, 43 M
S. CRISTÓVÃO E NÉVIS

VENEZUELA
DOMINICANA
REPÚBLICA

Crise financeira, 45 Megacidade, 175 X


Trópico de Capricórnio
Is. Havaí
(EUA)

Crise migratória, 126 Movimento social, 40


COLÔMBIA

Xenofobia, 121
HAITI
Trópico de Câncer

S
MA
HA
Czar, 135 Musgo, 110 BA
710 km
JAMAICA

Z
CUBA

PANAMÁ
Equador

D N Zona de exclusão aérea, 64


N

Delta, 102 Nazifascismo, 25 Zonas Econômicas Especiais, 174


0

252 Glossário 253

Planisfério: político
No fim do livro, há um mapa com a divisão
política dos países que pode ser usado
sempre que você precisar.

Ícones
Não escreva Indica que há atividade
Atividade oral Assista Indica que há
no livro. que poderá ser material audiovisual
desenvolvida em que poderá ser
Leia Acesse
ambiente digital. utilizado.

MANUAL DO PROFESSOR 7
Sumário
Unidade

1 Mundo contemporâneo 12

Capítulo 1 • O mundo bipolar da Guerra Fria . . 14 3. O mundo unipolar e multidimensional . . . . . . . . . . 52


A superpotência no cenário atual . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Novos grupos de países . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
1. A expansão do capitalismo e a
hegemonia europeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 4. Tensões mundiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Israel e Palestina: um longo conflito . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Olhar interdisciplinar – História
Trabalhadores no Congo Belga . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Fique por dentro
As duas guerras mundiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Unesco reconhece Estado palestino
Fique por dentro como membro pleno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
O pós-guerra e o processo de globalização . . . . . . . 19 Primavera Árabe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Conflitos na África subsaariana: o caso da Nigéria . . . . . 67
2. O mundo bipolar: capitalismo versus socialismo . . 20
Superpotências e Guerra Fria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21 Enquanto isso no BRASIL
Os Estados Unidos no pós-Segunda Guerra . . . . . . . . . . . 22 Brasil ficará de fora do Conselho de
Fique por dentro Segurança da ONU ao menos até 2033 . . . . . . . . . . 69
Estados Unidos anunciam nova série de Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
sanções a Cuba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
A União Soviética e o socialismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Capítulo 3 • Consumo, meio ambiente e
A cortina de ferro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
A corrida armamentista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 tratados ambientais internacionais . . . . . . . . 72
A corrida espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Fique por dentro
1. Indústria, consumo e consumismo . . . . . . . . . . . . . . 73
O Museu da Cosmonáutica, em Moscou . . . . . . . . . 30
Blocos de países na Guerra Fria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2. Fontes de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Energia renovável e não renovável. . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Fique por dentro
Olimpíadas e Guerra Fria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 3. Fronteira política e meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . 77
Enquanto isso no BRASIL 4. ONU: conservação ambiental e promoção da paz. . 78
Ditadura militar no Brasil e os Estados Unidos Organização das Nações Unidas para a Alimentação
na Guerra Fria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 e a Agricultura (FAO) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 A Unesco e as Reservas da Biosfera . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Fique por dentro
Capítulo 2 • Mundo pós-Guerra Fria . . . . . . . . . . 38 Os modelos de desenvolvimento dos países
industrializados devem ser seguidos? . . . . . . . . . . . 82
Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1. Mundo atual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Fique por dentro
Acordos internacionais para o meio ambiente . . . . 83
2. O sistema internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Organizações internacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 5. Da Rio-92 à Rio+20. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
A Organização das Nações Unidas (ONU) . . . . . . . . . . . . 40 Rio-92 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Fique por dentro Convenção sobre Diversidade Biológica . . . . . . . . . . . . . 85
Secretaria Geral e Forças de Paz . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Convenção sobre Mudanças Climáticas . . . . . . . . . . . . . . 86
Críticas à ONU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Rio+20 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
O Fundo Monetário Internacional (FMI) . . . . . . . . . . . . . 44 Olhar cidadão
Olhar interdisciplinar – História Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. . . . 89
Conferência de Bretton Woods . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 6. As ONGs ambientalistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Explorar representações Enquanto isso no BRASIL
Projeções cartográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 O Brasil na ordem ambiental internacional . . . . . . . . 91
O Banco Mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
A Organização Mundial do Comércio (OMC) . . . . . . . . . . 49 Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
ONGs e movimentos sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Geografia em outras linguagens – Arte visual
Fique por dentro Antipropaganda durante a COP21 . . . . . . . . . . . . . . . 94
Fórum Social Mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Em resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

8 MANUAL DO PROFESSOR
Unidade

2 Europa: o velho mundo se renova 96

Capítulo 4 • Quadro físico e recursos 3. A União Europeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124


naturais da Europa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 Parlamento Europeu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 Fique por dentro


1. Relevo, hidrografia, recursos minerais Espaço Schengen . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
e energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 Fique por dentro
Fique por dentro Comissão europeia relança debate sobre
Terremoto de Áquila . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 controle de fronteiras no espaço Schengen . . . . . 127
Hidrografia e hidrovias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 4. A crise europeia e o Brexit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Olhar interdisciplinar – Ciências Fique por dentro
Diversidade biológica e social no delta A especulação financeira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
do Danúbio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Brexit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Recursos minerais e energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Enquanto isso no Brasil
Olhar interdisciplinar – Matemática Comunicado conjunto Brasil-União Europeia –
Importação de energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 dez anos da Parceria Estratégica . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Olhar Cidadão Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Energia nuclear: fim ou alternativa de geração
de energia elétrica? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Capítulo 6 • Rússia e Turquia:
2. Clima e oferta hídrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 a transição euro-asiática . . . . . . . . . . . . . . . . .134
Pluviosidade e oferta hídrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Fique por dentro 1. Rússia: entre a Europa e a Ásia . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Veneza inundada após tempestades no norte A União Soviética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
da Itália . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 A Comunidade dos Estados Independentes . . . . . . . . . . 136
3. Vegetação e conservação ambiental . . . . . . . . . . . . 110 O retorno da Rússia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .137
Conservação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 Olhar interdisciplinar – História
Enquanto isso no BRASIL São Petesburgo: uma cidade de muitos nomes . . 138
Recuperação de áreas degradadas . . . . . . . . . . . . . . 111 Indicadores sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Atividades econômicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
Ucrânia: a guerra de volta à Europa? . . . . . . . . . . . . . . . 140
Capítulo 5 • Europa: economia, sociedade 2. Turquia: entre o Oriente Médio e a Europa . . . . . . 142
e integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 Olhar interdisciplinar – História
Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 O Império Otomano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142
1. A economia europeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 Território e população . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
Indústria na Europa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 Principais cidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
Olhar interdisciplinar – Matemática Atividades econômicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
França e Alemanha: potências exportadoras . . . . . 117 Enquanto isso no BRASIL
Agropecuária na Europa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 O Banco do Brics. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
Fique por dentro Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
Alemanha, a meca da comida orgânica . . . . . . . . . 119 Geografia em outras linguagens – Artes plásticas
2. População e espaço urbano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 Vincent van Gogh e o consumo de suas
Qualidade de vida e envelhecimento da população . . . 120 obras de arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
Imigrações e xenofobia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Em resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
Explorar representações Cidadania ativa
Mapa de fluxos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 Horta comunitária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
Kana Movana/Shutterstock

MANUAL DO PROFESSOR 9
Unidade

3 Ásia: novo polo da economia 152

Capítulo 7 • Quadro físico e recursos Fique por dentro


Disputas territoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .178
naturais da Ásia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .154
Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154 2. Japão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .179
1. Relevo, hidrografia, recursos minerais Economia japonesa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
e energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155 Comércio internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
Influência do Japão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
Fique por dentro
O brasileiro que conquistou o K2 . . . . . . . . . . . . . . 156 3. Os Tigres Asiáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
Hidrografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .157 4. Blocos de países . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
Olhar cidadão Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) . . . 185
China proíbe turismo nas fontes do rio Amarelo . 158 Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec). . . 186
Recursos minerais e energéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 Enquanto isso no BRASIL
2. Clima e oferta hídrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 O Brasil e a Ásia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .187
Pluviosidade e oferta hídrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188
Fique por dentro
Capítulo 9 • Índia, Paquistão e Irã . . . . . . . . . . . 190
Monções na Índia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
3. Vegetação e conservação ambiental . . . . . . . . . . . 163
1. Índia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
Explorar representações Divisão social e mobilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
Imagens de satélite e o monitoramento Fique por dentro
ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164 Quais as razões dos protestos dos dalits,
Conservação ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166 a casta mais baixa da Índia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
Enquanto isso no BRASIL Influência regional, potência mundial? . . . . . . . . . . . . . 193
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas Olhar interdisciplinar – História
de Desastres Naturais (Cemaden) . . . . . . . . . . . . . . .167 Gandhi e a independência da Índia . . . . . . . . . . . . . 194
Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168 Caxemira: disputa territorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
Principais atividades econômicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
Capítulo 8 • China, Japão e Indicadores sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .197
Tigres Asiáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170 2. Paquistão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170 Atividades econômicas e indicadores sociais . . . . . . . . 198
1. China . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171 3. Irã . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
Fique por dentro Programa nuclear e bloqueio econômico . . . . . . . . . . . 199
Papel, pólvora, bússola e macarrão . . . . . . . . . . . . . . 171
Olhar interdisciplinar – História
Olhar interdisciplinar – História Os curdos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200
Revolução Chinesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172 Atividades econômicas e indicadores sociais . . . . . . . . 200
Ocupação humana e indicadores sociais . . . . . . . . . . . . .173
Enquanto isso no BRASIL
Abertura econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174
Brasil-Índia: cooperação antiga e produtiva . . . . . 201
Olhar interdisciplinar – Ciências
Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202
Guerra contra a poluição começa a dar
frutos na China . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .176 Geografia em outras linguagens – Literatura
As paisagens e o desenvolvimento da China . . . . 204
China e Estados Unidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
O dragão chinês . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177 Em resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205
Yibo Wang/Shutterstock

10

10 MANUAL DO PROFESSOR
Unidade

4 Oceania e as zonas polares 206

Capítulo 10 • Quadro físico e recursos Enquanto isso no BRASIL


naturais da Oceania . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208 Agricultura é estratégica para parcerias
Brasil-Nova Zelândia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208
1. Quadro físico da Oceania . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209 Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
Relevo e recursos minerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
Olhar interdisciplinar – Ciências Capítulo 12 • Disputas territoriais
Como se formam os recifes? . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210 nos polos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234
Fique por dentro Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234
Mineração no mar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212 1. A redução das geleiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235
Clima e vegetação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
Fique por dentro Fique por dentro
O Outback é inóspito, quase surreal, mas sim: Mudança climática: tema polêmico . . . . . . . . . . . . 236
ele existe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214 2. Ártico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
Enquanto isso no BRASIL Disputas territoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
Recifes em risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215 Fique por dentro
Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216 Derretimento do gelo no Ártico abre novas
rotas marítimas para a Ásia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239
Capítulo 11 • Austrália, Nova Zelândia Os povos do Ártico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 240
e demais países . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218 3. Antártida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242
Para iniciar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
Olhar interdisciplinar – História
1. Austrália . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219 A quem pertence a Antártida? . . . . . . . . . . . . . . . . . 243
Colonização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
População . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220 Fique por dentro
Países entram na corrida por espaço no fim
Olhar interdisciplinar – História
do mundo antártico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .244
Ultrapassando vedações e resgatando
memórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221 Enquanto isso no BRASIL
Economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222 Programa Antártico Brasileiro - PROANTAR . . . . . 245
Fique por dentro Você em ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246
Você nem imagina qual é a origem do
nome “canguru” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223 Geografia em outras linguagens –
Manifestação artística
Explorar representações
O haka,
Pirâmides etárias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224
a dança maori . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
2. Nova Zelândia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
Em resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249
População . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
Cidadania ativa
Olhar interdisciplinar – História
Combate ao trabalho escravo . . . . . . . . . . . . . . . . . 250
Nova Zelândia é dos maoris, garante acordo
de 1840 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
Economia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228 Lista de termos que formam o Glossário . . . . . . . . 252
2. Melanésia, Micronésia e Polinésia . . . . . . . . . . . . . . 229 Planisfério: político – 2016 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
Fique por dentro
Ilhas do Pacífico Sul desaparecem devido
a aumento do nível do mar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230 Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254
eye35.pix/Alamy/Fotoarena

11

MANUAL DO PROFESSOR 11
Objetivos da unidade
Nesta unidade serão abor-
dadas algumas das principais
transformações geopolíticas

1
Mundo
ocorridas ao longo do século XX:
a Guerra Fria e o período que su- Unidade
cedeu a esse conflito político,
econômico e ideológico em es-
cala global, com profundas con-
sequências para as relações
internacionais até os dias atuais.
contemporâneo
Pretende-se oferecer aos alunos
a oportunidade de ampliar sua
leitura do mundo por meio da
análise das formas de inserção
dos diversos países, em especial
as potências (políticas, econômi-
cas e/ou militares), em diferen-
tes espaços e tempos. Os alunos
também vão conhecer os trata-
dos ambientais internacionais. CAPÍTULOS

1 O mundo bipolar
da Guerra Fria
Aproveite a oportunida-
2 Mundo
de para consultar o Plano pós-Guerra Fria
de desenvolvimento do bi-
mestre, disponível no ma- 3 Consumo, meio
ambiente e
terial digital. tratados ambientais
internacionais

Habilidades da BNCC
trabalhadas nesta
unidade
EF09GE01 Analisar critica-
mente de que forma a hege-
monia europeia foi exercida
em várias regiões do planeta,
notadamente em situações
de conflito, intervenções mi-
litares e/ou influência cultu-
ral em diferentes tempos e
lugares.
EF09GE02 Analisar a atua-
ção das corporações interna-
cionais e das organizações
econômicas mundiais na vi-
da da população em relação
Cerimônia de abertura da Cúpula das
ao consumo, à cultura e à
Nações Unidas para o Desenvolvimento
mobilidade.
Sustentável, na sede da Organização
EF09GE03 Identificar dife- das Nações Unidas (ONU) em Nova
rentes manifestações cul- York (Estados Unidos), 2015.
turais de minorias étnicas
como forma de compreender 12
a multiplicidade cultural na
escala mundial, defendendo
o princípio do respeito às di-
ferenças.
EF09GE05 Analisar fatos e EF09GE06 Associar o critério de divisão do mundo em Ocidente e no trabalho em diferentes regiões do mundo e suas consequên-
situações para compreender Oriente com o Sistema Colonial implantado pelas potências europeias. cias no Brasil.
a integração mundial (eco- EF09GE08 Analisar transformações territoriais, considerando o EF09GE13 Analisar a importância da produção agropecuária na
nômica, política e cultural), movimento de fronteiras, tensões, conflitos e múltiplas regiona- sociedade urbano-industrial ante o problema da desigualdade
comparando as diferentes lidades na Europa, na Ásia e na Oceania. mundial de acesso aos recursos alimentares e à matéria-prima.
interpretações: globalização EF09GE11 Relacionar as mudanças técnicas e científicas decor- EF09GE14 Elaborar e interpretar gráficos de barras e de setores,
e mundialização. rentes do processo de industrialização com as transformações mapas temáticos e esquemáticos (croquis) e anamorfoses geo-

12 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Explore a imagem de abertu-
No final do século XX, houve importantes mudanças nas relações entre os países. ra com os alunos, perguntando
Surgiram assuntos que passaram a ocupar a agenda de países em discussões ocor- se já ouviram algo a respeito da
Organização das Nações Unidas
ridas em órgãos multilaterais. Para avaliar quanto o mundo mudou, você vai estudar
(ONU) e de suas ações e inicia-
como era a organização dos países na Guerra Fria.
tivas. Peça que registrem no ca-
Depois, você começará a entender como novos países passaram a influenciar um derno algumas hipóteses sobre
pouco mais as decisões internacionais, apesar da presença de uma superpotência a função dessa organização e o
militar que tem mais dificuldades para impor sua vontade que no período anterior, motivo pelo qual tem esse no-
além de algumas tensões do mundo atual. me. Ao longo do estudo da uni-
Por fim, será abordado como os países discutem assuntos relacionados ao meio ambiente. dade, os alunos podem retomar
Stuart Ramson/Associated Press/Glow Images
as hipóteses para confirmá-las
ou reorganizá-las com base nos
conteúdos vistos.

BNCC nesta unidade


Competências gerais
1 2 3 5 7 9 10
Competências
específicas de Ciências
Humanas
1 2 3 5 6 7
Competências
específicas de
Geografia
1 3 4 5 6 7
Temas contemporâneos
• Educação ambiental
• Educação alimentar e nu-
tricional
• Educação em direitos hu-
manos
• Educação das relações
étnico-raciais e ensino de
história e cultura afro-bra-
sileira, africana e indígena
• Educação para o consumo
• Ciência e tecnologia
• Diversidade cultural

Atividade
• Promova uma breve discus-
Atividade são com os alunos, a fim de
ouvir quais temas eles jul-
¥ Em 2015, foi realizada a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento gam relevantes.
Sustentável. A reunião contou com mais de 150 líderes mundiais que discutiram
como implantar metas para o desenvolvimento da humanidade, considerando
aspectos econômicos, sociais e ambientais. Quais temas devem ser discutidos
em nível internacional?

13

gráficas para analisar, sintetizar e apresentar dados e informa- EF09GE18 Identificar e analisar as cadeias industriais e de inova-
ções sobre diversidade, diferenças e desigualdades sociopolíticas ção e as consequências dos usos de recursos naturais e das di-
e geopolíticas mundiais. ferentes fontes de energia (tais como termoelétrica, hidrelétrica,
EF09GE15 Comparar e classificar diferentes regiões do mundo eólica e nuclear) em diferentes países.
com base em informações populacionais, econômicas e socioam-
bientais representadas em mapas temáticos e com diferentes
projeções cartográficas.

UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR 13


Objetivos do capítulo Cap’tulo

1
• Compreender a bipolaridade
que marcou a geopolítica e
a economia mundiais na se-
gunda metade do século XX.
O mundo bipolar
• Reconhecer algumas conse-
quências políticas e tecno-
da Guerra Fria
lógicas da Guerra Fria para
o mundo atual.
1. O cartunista

BNCC neste capítulo


representou a disputa
da Guerra Fria com os
Para iniciar
dirigentes dos Estados
Habilidades Unidos e da União Neste capítulo você verá que o mundo no século XX ficou marcado por
EF09GE01 Soviética buscando
controlar o mundo. disputas políticas, militares e ideológicas que fizeram parte da chamada Guerra
EF09GE05 2. A Guerra Fria foi um
Fria, na qual dois países, Estados Unidos e União Soviética, dado o poderio eco-
período bipolar
EF09GE06 (1945-1991), nômico e militar que alcançaram, concorriam para influenciar os demais. Des-
caracterizado pela
EF09GE08 disputa entre Estados cobrirá que a Guerra Fria teve consequências no campo tecnológico e político
EF09GE11 Unidos e União que resultaram no surgimento de alianças entre os países, uma das quais ainda
Soviética pela
EF09GE14 hegemonia mundial. se mantém, como você estudará adiante.
Consistiu, sobretudo, Observe a charge do cartunista brasileiro Belmonte (1896-1947), que repre-
Competências gerais em um conflito
2 7 ideológico no qual os senta a Guerra Fria.
dois países buscaram
Competências específi- influenciar as demais

Belmonte/Coleção particular
nações com base em
cas de Ciências Humanas seus modelos de
2 5 7 desenvolvimento,
capitalista e socialista,
Competências respectivamente.
específicas de
Geografia
3 4 5
Tema contemporâneo
• Ciência e tecnologia

Orientações didáticas
Para iniciar
Ao fazer a leitura da charge
de Belmonte, procure explorar
o aspecto da disputa que ela A charge mostra, do
retrata: tal como em um jogo lado esquerdo (Ocidente),
de futebol, em que a bola é o Harry Truman (1884-1972),
alvo da disputa, o cartunista presidente dos Estados
retrata dois “jogadores de fu- Unidos entre 1945 e 1953,
tebol” (líderes das grandes po- e, do lado direito (Oriente),
tências da Guerra Fria, Truman o líder soviético Josef Stalin
e Stalin) em uma disputa pelo (1879-1953), que esteve
mundo, representado pelo globo no comando da União
terrestre. Além das atividades Soviética entre 1922 e 1953.
propostas, motive os alunos a
criar outras charges ou repre-
sentações diversas, como de- Atividades
senhos e colagens de figuras, 1. O que o cartunista quis representar na charge?
com o intuito de representar o
aspecto central da Guerra Fria: 2. O que você acha que significa a expressão “Guerra Fria”? Discuta com os colegas.
a disputa entre os Estados Uni-
14 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo
dos e a União Soviética pela he-
gemonia global.

14 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
1 A expansão do capitalismo Para leitura e compreensão
do texto, sugerimos especial
e a hegemonia europeia atenção aos significados de ter-
mos e conceitos apresentados
O capitalismo é o sistema socioeconômico hegemônico no mundo atual. Esse no glossário, em especial capi-
Capitalismo
modo de produzir e de organizar a sociedade se desenvolveu na Europa no final Modo de produção
talismo e capital, conceitos fun-
da Idade Média e passou a se expandir pelo mundo a partir do século XVI. Essa damentais para a apreensão dos
baseado na propriedade
conteúdos apresentados neste
expansão territorial se deu por meio de diferentes processos, alguns pacíficos privada, na livre
iniciativa, na lei de oferta capítulo. Exemplos concretos,
outros violentos, e foi acompanhada pela disseminação da cultura e dos valores e procura e no lucro. vivenciados pelos alunos em
europeus para o restante do mundo. seu cotidiano, podem contri-
A primeira fase desse processo ficou conhecida como capitalismo comercial e buir para essa compreensão:
perdurou entre os séculos XVI e XVIII. Nesse período, as potências econômicas “modo de produção baseado na
europeias (Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Países Baixos) realizaram uma propriedade privada” pode ser
expansão marítima em busca de novas rotas comerciais (figura 1). exemplificado pela posse de uma
área de terra agrícola (um sítio
ou uma fazenda, por exemplo);
Figura 1. Planisfério: rotas marítimas das Grandes Navegações – séculos XV e XVI
uma fábrica existente na cidade,

Catherine Abud/Arquivo da editora


OCEANO GLACIAL ÁRTICO N pertencente a uma determinada
Círculo Polar Ártico
O L
pessoa, família ou a um grupo
de proprietários que detém os
S
AMÉRICA EUROPA direitos sobre essas proprieda-
ÁSIA
DO NORTE OCEANO des, utilizando-as como meio de
PACÍFICO
produção e de obtenção do lucro
Trópico de Câncer
por meio do trabalho próprio ou
OCEANO
OCEANO
ATLÂNTICO de trabalhadores contratados
ÁFRICA

PACÍFICO Equador (força de trabalho).
OCEANO
AMÉRICA ÍNDICO Para um suporte à leitura do
DO SUL OCEANIA mapa da figura 1, sugere-se uti-
Trópico de Capricórnio
lizar, se possível, um globo ter-
Principais rotas de
exploração (1487-1597)
restre no qual os alunos poderão
Meridiano de
Greenwich

Espanhola visualizar as rotas traçadas com


Portuguesa maior precisão, levando em con-
Inglesa OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
Círculo Polar Antártico ta a forma aproximadamente es-
Francesa
Holandesa ANTÁRTIDA
0 2 560 5 120 km férica da Terra. As rotas podem

ser representadas, no globo ter-
Fonte: elaborado com base em VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. p. 90. restre, com o uso de linhas de
Colônia diferentes cores, afixadas com
As Grandes Navegações, além de terem iniciado o processo de internaciona- Território conquistado pelas fita adesiva.
metrópoles (potências
lização do capitalismo, também serviram para expandir a cultura ocidental para o europeias) com a finalidade Retome os conceitos de oci-
mundo oriental. de explorar ao máximo as dental (oeste) e oriental (leste).
riquezas presentes nele
Durante o capitalismo comercial, as potências europeias enriqueceram ex- para comercializá-las com
Considerando os hemisférios ter-
restres, leva-se em consideração
plorando suas colônias na América e mantendo relações comerciais privilegia- o mercado externo.
o meridiano de Greenwich para
das na Ásia e na África. Os europeus lucravam com a produção e o comércio de Genocídio identificar os hemisférios leste
gêneros agrícolas e recursos naturais, além do tráfico de escravos e da venda Extermínio, total ou parcial, e oeste. No caso da bipolarida-
de produtos manufaturados. Entre as consequências desse processo de domi- de uma comunidade
realizado por um grupo de da Guerra Fria, no entanto, os
nação estão: a escravidão e o genocídio de milhões de nativos da América e mais poderoso. conceitos de ocidente e oriente
da África. Capital
estão relacionados mais a as-
A grande quantidade de capital acumulado ao longo dessa fase – principal- Recursos econômicos
pectos políticos, econômicos
investidos com o objetivo e culturais do que unicamen-
mente na Inglaterra – foi fundamental para o início da Revolução Industrial, que
de gerar lucro. te a aspectos de localização: o
marcou uma nova fase do capitalismo. leste, nesse caso, refere-se ao
O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 15 bloco socialista e o oeste, ao
bloco capitalista. Nesta página,
são mobilizadas as habilidades
EF09GE01 e EF09GE06.

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 15


Orientações didáticas
A Primeira Revolução Industrial teve início na In-

Keystone Pictures USA/Alamy/Fotoarena


Nesta página aborda-se a
continuidade do tópico da pá- glaterra em meados do século XVIII e, um século de-
gina anterior “A expansão do pois, tinha se disseminado por outros países da Euro-
capitalismo e a hegemonia eu- pa ocidental e por regiões dos Estados Unidos. As
ropeia”. Antes de iniciar a leitura inovações tecnológicas que marcaram esse período
de texto, pergunte aos alunos o promoveram um aumento no ritmo de produção de
que eles sabem sobre a Primeira mercadorias e na velocidade dos transportes. Nessa
e a Segunda Revolução Indus- fase, a maior parte do lucro passou a ser produzida
trial, onde começou e como se por atividades industriais; por isso ela ficou conhecida
expandiu pelo mundo. como capitalismo industrial.
Peça a ajuda dos alunos pa- Figura 2. A Indochina foi colônia francesa até meados do A partir do final do século XIX, outras inovações
ra montar na lousa um quadro século XX, englobando os atuais Vietnã, Laos e Camboja. importantes aumentaram ainda mais a capacidade de
comparativo entre as duas re- Na foto, norte do Vietnã, em 1954.
produção da indústria. Entre essas novas técnicas es-
voluções industriais.
tavam: máquinas e fontes de energia mais eficientes (como a eletricidade e o
A ideologia do “fardo do ho-
petróleo), além da especialização dos trabalhadores em uma única etapa da pro-
mem branco” também foi re-
produzida, no século XIX, na dução. Esse momento marcou o início da Segunda Revolução Industrial.
América do Norte, com o propó- Esse novo contexto provocou o surgimento de grandes empresas e a neces-
sito de justificar a ocupação das sidade de investimentos cada vez maiores, o que levou à ampliação da participa-
terras indígenas e a consequen- ção dos bancos na economia, tanto emprestando dinheiro para as empresas quan-
te expansão territorial dos Esta- to participando diretamente dos processos de produção. O capital industrial, assim
dos Unidos. Para aprofundar o como o comercial, o agrícola e o do setor de serviços, passou a depender bastan-
tema, leia o texto complementar te do capital bancário. Assim, inicia-se a fase do capitalismo financeiro.
abaixo e, se possível, compar-
A partir do avanço da industrialização dos países da Europa ocidental, em mea-
tilhe o mesmo com os alunos.
dos do século XIX, surge a necessidade de ampliação dos mercados consumidores
O trabalho com esse te-
e do fornecimento de matérias-primas. Como os continentes africano e asiático
ma mobiliza as habilidades
EF09GE01 e EF09GE05.
ainda não haviam sido ocupados, as potências europeias iniciaram uma nova corrida
colonial em busca de territórios que suprissem suas necessidades (figura 2).
Nesse processo, conhecido como neocolonialismo, mais povos e territórios foram
explorados a partir dos interesses europeus, que tentaram impor a cultura ocidental
na África e no Oriente. Essa dominação econômica, política e cultural era justificada
pela ideologia do “fardo do homem branco”. O fardo seria uma suposta missão civi-
lizatória na qual o europeu teria o dever de levar o progresso técnico, científico e
moral a povos menos desenvolvidos, ou seja, aos africanos e orientais (figura 3).
• A ilustração mostra uma Por outro lado, o neocolonialismo também acirrou disputas de interesses e as
personificação feminina
da Grã-Bretanha,
rivalidades entre as potências europeias. Esse cenário de conflito gerou uma cor-
elegantemente vestida rida armamentista no início do século XX e a criação de alianças que culminaram
e empunhando a
bandeira da civilização, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914.
enquanto povos negros,
Album/Fine Art Images/Fotoarena

com vestimentas
rudimentares
empunham a bandeira
da barbárie.

Interprete
¥ Observe a gravura e Figura 3. Do Cabo ao Cairo,
identifique os ilustração publicada em revista
elementos que inglesa, em 1902, que faz
simbolizam a referência ao domínio britânico
suposta missão sobre o continente africano,
civilizatória dos
que se estendia do Egito até a
europeus.
África do Sul.

16 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

Texto complementar de ser dirigidos pelas potências ocidentais. Eram homens infe-
riores, de civilizações fracas que precisavam ouvir a voz do dono.
O fardo do homem branco Os agitadores deviam ser castigados e eliminados, se necessário
Em 1899, os Estados Unidos da América discutiam no Congresso por meios violentos. Os selvagens deviam ser controlados, para
a anexação das antigas colônias espanholas que tinham lutado pe- seu bem. Assim começava a declaração de bondade civilizadora:
la sua independência, nomeadamente as Filipinas. Nessa altura, o
Tomai o fardo do Homem Branco,
poeta britânico Rudyard Kipling escreveu um poema apologético
para declarar que o facho da civilização tinha passado das mãos do Enviai vossos melhores filhos.
Reino Unido. “O Fardo do Homem Branco” defendia que passara Ide, condenai seus filhos ao exílio
a caber a Washington tratar dos selvagens para o bem deles, sem Para servirem aos seus cativos;
contar com o seu agradecimento. Os nativos do mundo tinham Para esperar, com arreios

16 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar História Olhar interdisciplinar –
História
Trabalhadores no Congo Belga A seção traz um texto que
mostra um exemplo da hege-
O fragmento a seguir narra as condições de trabalho de africanos durante o domínio belga no ter-
monia europeia em uma região
ritório da atual República Democrática do Congo, no século XIX. Leia-o atentamente. do planeta, neste caso, na atual
Havia uma necessidade ainda maior de carregadores nos trechos onde as corredeiras impe- República Democrática do Con-
diam a navegação, sobretudo – até que a ferrovia fosse construída – durante a caminhada de go, na África, durante o período
três semanas da cidade portuária de Matadi a Stanley Pool. Era através dessa via de acesso que do neocolonialismo.
todos os suprimentos chegavam ao interior e que o marfim e outras riquezas alcançavam o mar. O texto da seção relata a ne-
Transportar barcos a vapor desmontados até a parte de cima do rio era o trabalho mais intenso cessidade de transportar, por
terra, suprimentos e mercado-
de todos: um barco a vapor podia significar mil fardos. Eis como o senador belga Edmond Picard
rias entre a cidade portuária de
descreveu uma caravana de carregadores que transpunha as grandes corredeiras, em 1896:
Matadi, localizada às margens
do rio Congo, e Stanley Pool, si-
Paul Popper/Popperfoto/Getty Images

Carapinha tuada a nordeste de Matadi, às


Cabelo com textura margens do rio Congo e do lago
ondulada.
Malebo, localizados a montante
Tarefa de Sísifo da cidade de Matadi. Ambas as
Trabalho inútil ou cidades se localizam no país
interminável, africano denominado atualmen-
expressão inspirada
na mitologia grega.
te de República Democrática
do Congo.
Para a transposição do trecho
A atual República
não navegável, os colonizado-
Democrática do Congo foi
colônia da Bélgica desde o fim
res belgas exploravam a força
do século XIX até meados do de trabalho dos africanos es-
século XX. Foto de 1930. cravizados, submetidos a con-
dições sub-humanas, devido à
“Topamos com esses carregadores o tempo todo [...] pretos, tristes, cobertos apenas por uma exaustão e à alimentação insu-
tanga imunda, a carapinha nua suportando a carga – caixotes, embrulhos, presas de marfim ficiente, entre outras formas de
[...] barris: quase todos adoentados, encurvados sob um fardo ainda mais pesado em virtude do sofrimento e humilhação.
cansaço e da comida insuficiente – um punhado de arroz e um pouco de peixe frito fedorento Destaque que, nos dias
[...]. Eles vão e vem desse jeito aos milhares [...] requisitados pelo Estado armado com sua pode- atuais, graças à luta de mui-
rosa milícia, entregues pelos chefes de quem são escravos e que ficam com seus salários, tro- tos povos, lideranças e organis-
tando com joelhos bambos, barriga para a frente, um braço erguido para a frente para amparar mos internacionais, esse tipo de
a carga, outro apoiado em um bastão comprido, empoeirados e suarentos, insetos espalhando tratamento a seres humanos é
pelas montanhas e vales em muitas fileiras e sua tarefa de Sísifo, morrendo pelo caminho ou, considerado contrário aos direi-
tos humanos e, portanto, pas-
terminada a viagem, voltando para morrer de tanto trabalhar em suas aldeias.”
sível de sanção de acordo com
A taxa de mortalidade era especialmente alta entre os carregadores forçados a transportar a legislação de cada país. A Or-
carga por longas distâncias. Dos trezentos recrutados em 1891 pelo comissário distrital Paulo ganização das Nações Unidas
Lemarinel para executar uma marcha forçada de quase mil quilômetros até um novo entrepos- (ONU), que será abordada em
to, não voltou nenhum. diversos momentos, tem um
HOCHSCHILD, Adam. O fantasma do rei Leopoldo. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 130-131. papel fundamental no combate
1. Eram condições degradantes, que geralmente levavam os congoleses à morte. Há vários trechos que
Atividades podem ilustrar essas condições, tais como: “quase todos adoentados, encurvados sob um fardo ainda ao trabalho escravo, bem como
mais pesado em virtude do cansaço e da comida insuficiente”. a outras formas de exploração
1. Como eram as condições de trabalho dos congoleses? Transcreva um trecho do texto para justificar e injustiças impostas a grupos
sua resposta. sociais em situação de vulne-
2. Considerando os objetivos belgas e as condições de trabalho dos congoleses, analise e avalie a finalidade rabilidade.
da ideologia da missão civilizatória dos europeus. Esse conteúdo movimen-
ta as habilidades EF09GE01 e
2. Com a necessidade dos europeus de obter mão de obra para trabalho nas colônias e seus objetivos de pilhagem das riquezas, é
possível concluir que a ideologia da missão civilizatória foi utilizada para legitimar e EF09GE06.
O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 17
mascarar a exploração e a dominação europeias.

Com agitadores e selváticos co e de uma ilhota que se chama, eloquentemente, dos Ladrões.
Seus cativos, servos obstinados, Perante isto, Mark Twain faz uma singela proposta, pede que se
Metade demônios, metade crianças. mude a bandeira nacional: que sejam negras, diz, as listas brancas,
e que umas caveiras com tíbias cruzadas substituam as estrelas e
Entre o consenso dos meios de comunicação e dos poderosos, assumam a verdadeira identidade de piratas. […]
houve um homem que não se calou. O escritor que assinava Mark
Twain, autor de As Aventuras de Huckleberry Finn, respondeu com ALMEIDA, Nuno Ramos de. O fardo do homem branco. Disponível em:
<www.sul21.com.br/opiniaopublica/2014/07/o-fardo-do-homem-branco-
um artigo em plena euforia “civilizadora”, quando os poderosos
-por-nuno-ramos-de-almeida>. Acesso em: nov. 2018.
norte-americanos abriam garrafas de champanhe pela anexação
das ilhas do Havaí, de Samoa e das Filipinas, de Cuba, Porto Ri-

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 17


Orientações didáticas
Oriente os alunos a elaborar Bomba atômica As duas guerras mundiais
um esquema para organizar as Arma de grande poder
informações apresentadas nes- de destruição, resultante No século XX ocorreram dois conflitos que afetaram todo o mundo, com
de reações nucleares, participação de muitos países. Eles ficaram conhecidos como a Primeira Guerra
ta página e, portanto, facilitar a muitas com energia
compreensão do texto e mobili- suficiente para destruir Mundial e a Segunda Guerra Mundial.
zar a CEG3. Para isso, sugerimos cidades inteiras. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi o primeiro conflito de grandes pro-
que identifiquem e organizem, porções e envolveu duas alianças de países, que combateram entre si: a Tríplice
em forma de esquema, as se- Entente, formada por França, Reino Unido
guintes informações do texto: Figura 4. Primeira Guerra Mundial: os aliados e Rússia, e a Tríplice Aliança, da qual fa-
Primeira Guerra Mundial ziam parte Alemanha, Império Austro-

Catherine Abud/Arquivo da editora


(1914-1918) -Húngaro e Itália (figura 4). Esses países

Gree no de
h
nwic
Tríplice Entente: França, Rei- buscavam aumentar sua influência no

dia
Meri
no Unido e Rússia; apoiados pe- REINO mundo, ampliando seus mercados consu-
los Estados Unidos a partir de UNIDO
midores e domínios para outras regiões,
1917. Esse grupo saiu vitorioso RÚSSIA
OCEANO como os continentes africano e asiático.
da guerra. ATLÂNTICO IMPÉRIO
ALEMÃO A Primeira Guerra Mundial teve a Eu-
Tríplice Aliança: Alemanha, 45º

Império Austro-Húngaro e Itá-


N
ropa como cenário de conflito principal.
lia. Esse grupo perdeu a guerra. FRANÇA
IMPÉRIO
AUSTRO-HÚNGARO Os Estados Unidos apoiaram a Tríplice
Entente, mas só a partir de 1917. Nesse
Causa: Tríplice Entente busca-
va ampliar mercados e influên-
Mar mesmo ano, a Rússia passou por uma re-
Negro
cia no mundo.
ITÁLIA volução que a transformou em parte da
Consequências: países der- União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS), abandonando a guerra. A Tríplice
N

rotados ficaram enfraquecidos; Tríplice Entente


Mar Mediterrâneo

muitos mortos e feridos; prejuí- Tríplice Aliança


0 400 800 km
O L
Entente saiu vitoriosa ao final, com a Ale-
zo econômico.
Limites de país S manha sendo obrigada a devolver territó-
Segunda Guerra Mundial
Fonte: elaborado com base em ATLAS da história do mundo. São Paulo: Folha de S.Paulo, rios conquistados e reduzir seu poderio
1995. p. 247.
(1939-1945) bélico, entre outras exigências. A guerra
deixou 10 milhões de mortos, outros milhões de feridos, e devas-
SuperStock/Getty Images

Aliados: Estados Unidos, Fran-


ça, Reino Unido e União Soviética. tou áreas industriais e agrícolas, gerando grandes prejuízos.
Eixo: Alemanha, Itália e Japão. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) também teve duas
Causa: reação dos países do alianças de países em disputa: os Aliados, formados por Estados
Eixo à hegemonia dos Aliados, Unidos, França, Reino Unido e União Soviética, e o Eixo, que
que haviam vencido a Primeira contava com Alemanha, Itália e Japão. Os vencedores da Primei-
Guerra Mundial. ra Guerra passaram a exercer hegemonia política e militar mun-
Consequências: uso de bom- dial, deixando a Alemanha ainda mais insatisfeita com os resul-
bas atômicas; número ainda tados, iniciando então uma política de expansão por meio da
maior de mortos e feridos; pre- conquista de territórios.
juízo econômico. Dessa vez, a guerra ultrapassou os limites do território eu-
ropeu, incluindo o Japão, que foi duramente atacado pelos Es-
tados Unidos. Para demonstrar força, pela primeira vez na his-
tória os americanos lançaram bombas atômicas sobre as
cidades de Hiroxima e Nagasáqui (figura 5). A guerra só teve fim
quando os países do Eixo se renderam. Foi o conflito mais des-
truidor e mortal da história da humanidade: deixou entre 50
Figura 5. A explosão nuclear em Hiroxima causou milhões e 70 milhões de mortos e mutilados; cidades, indústrias
muita devastação e mortes, para demonstrar a
e zonas rurais arrasadas; além de dívidas gigantescas.
capacidade de destruição das Forças Armadas dos
Estados Unidos. A imagem mostra o momento da Os Estados Unidos saíram da guerra como a maior potência
explosão da bomba, em 6 de agosto de 1945. mundial, seguidos pela União Soviética.
18 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

18 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


1. Os avanços tecnológicos aplicados aos setores de transporte alteram a relação
tempo-espaço. Com meios de transporte mais sofisticados, torna-se possível Orientações didáticas
percorrer as mesmas distâncias em tempo cada vez mais reduzido, passando a
Fique por dentro sensação de redução das distâncias. Fique por dentro
Para leitura e interpretação
O pós-guerra e o processo Desenvolvimento das redes de transporte
da representação “Desenvol-
de globalização vimento das redes de trans-

Banco de imagens/Arquivo da editora


1500-1840 portes”, sugere-se fazer as
Como foi visto, o processo de expansão 0º
OCEANO GLACIAL ÁRTICO seguintes ponderações: trata-
do capitalismo teve início no século XVI, com
Círculo Polar Ártico

AMÉRICA EUROPA
ÁSIA -se de uma forma subjetiva de
as Grandes Navegações. Ao longo dos séculos, DO NORTE
sugerir a reflexão sobre o au-
a integração econômica entre as diferentes
Trópico de Câncer

AMÉRICA OCEANO OCEANO mento da velocidade dos meios


ATLÂNTICO ÁFRICA PACÍFICO
CENTRAL
regiões do globo foi aumentando gradual- Equador
OCEANO
AMÉRICA OCEANO
0º de transporte e visa retratar
mente, à medida que os avanços tecnológicos
PACÍFICO
DO SUL ÍNDICO
OCEANIA um aparente “encolhimento”

Meridiano de
Trópico de Capricórnio

Greenwich
aconteciam. do mundo, ou seja, aponta que
as distâncias a serem percor-
Porém, após a Segunda Guerra Mundial, OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
Círculo Polar Antártico
ridas atualmente no planeta
ANTÁRTIDA
o ritmo dos avanços tecnológicos se acen- N Velocidade média de carroças são “menores” do que nos pe-
tuou. Após a década de 1970, num intervalo e barcos a vela: 16 km/h 0 4 950 9 900 km ríodos anteriores e concluídas
O L
de tempo muito curto, ocorreu a multiplicação 1850-1930 em menor tempo. Ressalte que
de redes de computadores, comunicações por
S
as distâncias entre os lugares
satélite, cabos de fibra ótica, aparelhos ele- do mundo permanecem inalte-
trônicos para transferências de informações radas, mas que, de fato, o tem-
em alta velocidade. Essas inovações aplicadas po para percorrê-las diminuiu,
aos setores de transporte e de telecomunica- Trens a vapor: até 100 km/h; e que os planisférios não estão
barcos a vapor: 57 km/h
representados em escala, o que
ções permitiu a intensificação dos fluxos de
1950 reforça a subjetividade indicada
mercadorias, pessoas, capitais e informações. anteriormente. Essa seção mo-
O avanço tecnológico nos meios de trans- Aviões a propulsão: biliza a habilidade EF09GE05.
porte permitiu o aumento de velocidade dos 480-640 km/h
Atividades
fluxos de pessoas e mercadorias e, com isso, 1960
complementares
Limites atuais
as distâncias parecem ter se encurtado.
Aviões de passageiros: • Oriente os alunos a entrevis-
Essa fase de intensificação da integração 800-1100 km/h
tar uma pessoa adulta com
econômica é denominada mundialização por quem convivem na mora-
Fonte: elaborado com
alguns especialistas. Nessa visão, destaca-se a dimensão econômica do processo, base em HARVEY, David. A dia, na escola ou no bairro,
ou seja, os fluxos comerciais e financeiros facilitados pelos avanços das telecomu- condição pós-moderna. São
Paulo: Loyola, 1989. p. 220. para que relate mudanças
nicações e por leis que impõem poucas restrições à circulação dos investimentos. ocorridas em decorrência
Outros especialistas chamam o processo de globalização e defendem que ele da globalização dos meios
é mais amplo, que não se restringe aos aspectos econômicos e financeiros. Essa de transporte. Peça que ela-
A globalização borem perguntas objetivas
visão destaca os reflexos sociais e culturais do processo, sem desconsiderar as em xeque e definam se a entrevista
questões políticas e econômicas envolvidas. Portanto, a globalização poderia ser Bernardo de Andrade será feita por escrito, oral-
definida como uma forma em que a sociedade contemporânea se conecta e se Carvalho. São Paulo: mente ou gravada em áu-
relaciona, determinada pela lógica e pela velocidade do capitalismo atual. Atual, 2000.
dio e/ou vídeo, desde que o
O livro explica
2. Entre eles podem ser apontados: a crescente influência do idioma inglês aspectos do mundo
entrevistado permita esse
pelo mundo; a padronização de produtos e do consumidor; as rápidas
Atividades mudanças nos padrões alimentares, musicais, da moda; etc.
globalizado, como a procedimento. Exemplos de
expansão industrial e perguntas que podem ser
1. Interprete o mapa acima e explique como o avanço da tecnologia pode “encur- comercial, o fluxo de elaboradas:
tar as distâncias”. capitais, os mercados
financeiros, etc.
1. Os meios de transporte que
2. O processo de globalização apresenta tanto aspectos econômicos quanto aspectos Traz, ainda, diferentes você utiliza atualmente são
culturais. Aponte e comente um dos reflexos culturais da globalização. visões sobre o tema, iguais ou diferentes daque-
3. Um megaevento esportivo como a Copa do Mundo pode ser considerado uma permitindo que o les que você usava quando
leitor forme sua era mais jovem?
”lição de globalização”. Lembre-se da última Copa do Mundo que você acom- própria opinião.
panhou e aponte dois fatos que confirmem essa afirmação. 2. Quais mudanças você per-
cebe entre os meios de
3. A transmissão simultânea de um evento para os cinco continentes; a difusão mundial de um esporte de origem inglesa; transporte usados no pas-
a presença de grandes marcas transnacionais como patrocinadoras das equipes e do O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 19
evento; a representação da diversidade cultural das equipes; etc. sado e atualmente?
Após a realização das en-
trevistas, pode-se fazer
um trabalho de sistemati-
zação das respostas, iden-
Encontro com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá tificando, por exemplo, os
Direção: Sílvio Tendler. Brasil: Caliban Produções Cinematográficas, 2006. 89 min. aspectos que mais se re-
O documentário, centrado em uma conversa com o geógrafo Milton Santos (1926-2001), aborda de forma crítica o tema da globali- petem. Por fim, possibilite
zação. Partindo da realidade de países não desenvolvidos, ou da periferia do mundo capitalista, Milton Santos desmitifica os principais uma troca de informações
discursos envolvendo o atual modelo de globalização. entre os alunos.

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 19


Orientações didáticas
Na leitura e interpretação da 2 O mundo bipolar: capitalismo
charge da figura 7, sugerimos
chamar a atenção dos alunos versus socialismo
para as dificuldades de diálogo,
de troca de ideias e de constru- Do fim da Segunda Guerra Mundial (em 1945) até 1991, o mundo podia ser
ção de novos pensamentos, definido como bipolar porque dois polos de poder exerciam forte influência sobre
argumentos e ações em um ele (figuras 6 e 7).
contexto de divisão e domina-
ção por parte de poderes anta-
Figura 6. O mundo bipolar – década de 1980
gônicos e hegemônicos como

Catherine Abud/Arquivo da editora


N
foi o período da Guerra Fria. Nes- OCEANO GLACIAL
Círculo Polar Ártico
ÁRTICO
se contexto, é comum as liber- Guerra Fria O L
UNIÃO SOVIÉTICA
dades individuais e coletivas Robert J. McMahon. S
ESTADOS
serem colocadas em risco, já Porto Alegre: UNIDOS OCEANO
que opiniões ou decisões que L&PM, 2012. ATLÂNTICO
Trópico de Câncer

não se alinham com a ideologia Tendo como base OCEANO


documentos históricos PACÍFICO
vigente não são bem aceitas. e os últimos estudos Equador OCEANO

PACÍFICO
Converse com os alunos so- sobre o assunto, o autor OCEANO

Meridiano de Greenwich
bre situações que possam ter aborda de forma atual Trópico de Capricórnio
ÍNDICO
os acontecimentos
vivido, marcadas pela polariza-
ocorridos durante a Países capitalistas
ção, tanto em suas vivências Guerra Fria e o período Países socialistas
Limites de país
escolares (como a eleição para posterior ao seu fim,
representante de classe ou a es- com a nova ordem Círculo Polar Antártico OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
0 3100 6200 km
colha de alguma atividade a ser estabelecida. 0°

realizada em aula ou nos inter- Fonte: elaborado com base em GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico. São Paulo: FTD, 2016. p. 175.
valos, por exemplo) quanto na
política municipal, estadual ou De um lado, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ou apenas
nacional (como ocorre, por exem-
União Soviética, de sistema político-econômico socialista e comandada pelo
plo, durante as campanhas das
eleições para os cargos do Poder Partido Comunista. De outro, os Estados Unidos, país de sistema político-eco-
Executivo (prefeitos, governado- nômico capitalista. Esses países passaram a comandar as relações entre as nações
res e presidente da República). após saírem fortalecidos no fim da Segunda Guerra Mundial.
Destaque que o mapa da figu- O mundo estava dividido entre capitalismo – livre concorrência entre os agentes
ra 6 representa os dois grandes econômicos e propriedade privada dos meios de produção – e socialismo – economia
grupos antagônicos da Guer- planificada e propriedade estatal dos meios de produção.
ra Fria e que alguns países re-
Do ponto de vista político, o bloco capitalista pre-
sistiram a se submeter a uma
das duas superpotências que gava a democracia. Apesar disso, os Estados Unidos
comandavam as relações in- apoiaram golpes de Estado em vários países, como
ternacionais. ocorreu na América Latina, que passou por dita-
O conteúdo da página mo- duras militares no século XX. Já entre os países
biliza a habilidade EF09GE14. socialistas não havia eleição direta para os
principais postos, como presidente ou primei-
ro-ministro, escolhidos pelo Partido Comu-
ta

Aproveite para traba-


nis

nista, que controlava a vida política. Em


r tu
ca

lhar o material audio-


do

resumo, do lado capitalista se pregava a


r vo

visual, que discute o tema


ce
/A

democracia – desprezada em algumas


ro

Guerra Fria.
au
ion

situações –, enquanto do lado socialista


Ar

Figura 7. Guerra Fria, de Arionauro, 2016. A charge retrata a disputa do a participação política era limitada, já que
mundo por capitalistas, liderados pelos Estados Unidos, e por socialistas, as indicações para os cargos públicos
liderados pela União Soviética. vinham de membros do partido.
20 Unidade 1 • Mundo contemporâneo

Texto complementar
A formação do movimento
[…] O Movimento dos Não Alinhados remonta ao final da Segunda Grande Guerra, quando as conferências de Ialta e Potsdam te-
riam loteado o mundo em duas grandes áreas de influência, dos Estados Unidos e da URSS, ao mesmo tempo que ruíam os impérios
coloniais da França e Grã-Bretanha. O movimento surgirá sob o impacto de distintos fatores: a revolução nacionalista nas antigas co-
lônias, incapaz de ser detida pelas metrópoles europeias, e a “guerra fria”, com a ameaça permanente do “conflito final” entre Estados
Unidos e URSS; ao que se acrescenta a reativação do fluxo de investimentos externos (principalmente norte-americanos) em direção
aos países subdesenvolvidos. [...]

20 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Superpotências e Guerra Fria Base militar Antes da leitura do texto com
Instalação de os alunos, questione-os o que
No comando do mundo estavam dois polos de poder que eram chamados de armamentos e tropas do sabem sobre a Guerra Fria. Anote
superpotências, dada a superioridade tecnológica e militar que atingiram na épo- exército de um país em
na lousa as falas. Não se preo-
outra nação. É comum
ca. Esse poderio atraía aliados, que buscavam proteção e oportunidades de negó- que potências militares cupe com acertos, o importante,
cios. Para conseguir seus objetivos, tinham que fazer concessões, como manter tenham bases instaladas no momento, é a participação e
bases militares de um dos polos em seu território. em outros países, com a verificação de conhecimentos
os quais mantêm prévios. Esse exercício inicial
Estados Unidos e União Soviética estavam em campos opostos e tornaram-se alianças.
rivais. Cada um procurava aumentar sua área de influência – isto é, envolver e mobiliza a CG2.
dominar países que aceitassem sua colaboração, atendendo em troca aos interes- O estudo do item “Superpo-
ses dessas nações. A exposição de suas armas de guerra, “oferecidas” como forma Figura 8. Teste militar
tências e Guerra Fria”, mobili-
za as habilidades EF09GE01 e
de proteção aos países contra um eventual ataque inimigo (figuras 8 e 9), era estadunidense em
Nevada (Estados Unidos), EF09GE06.
parte desse processo.
1962. Contexto
Galerie Bilderwelt/Getty Images

• Estados Unidos e China po-


dem ser citados, do mesmo
modo que a Rússia. Esses
países atuam no mundo
da globalização de modos
distintos. O primeiro busca
ampliar mercado e garantir
que seus interesses sejam
alcançados, como o acesso
a recursos naturais. Já a
China procura vender seus
produtos em vários países,
além de comprar recursos
naturais de países africa-
nos e latino-americanos.
Por sua vez, a Rússia ten-
ta expandir sua influência

Vladimir Akimov/Sputnik/Agência France-Presse


no mundo, em especial so-
bre países que integraram
a extinta União Soviética,
usando sua força militar.
A atividade mobiliza a CG7.

Aproveite a oportunidade
para trabalhar com os alu-
nos a Sequência didática
1: Europa no contexto da
Figura 9. Desfile mostra poderio militar Guerra Fria, disponível no
soviético em Moscou (Rússia), 1968. material digital.

O período bipolar, quando Estados Unidos e União Soviética dividiram a he-


gemonia mundial, ficou conhecido como Guerra Fria. Esse período não se carac- Contexto
terizou por guerras diretas entre os dois países. Tanto os Estados Unidos quanto
¥ Na sua opinião, quais
a União Soviética não sofreram agressões mútuas. Seus territórios nunca foram são os países que
invadidos por tropas adversárias. A Guerra Fria, portanto, era um conflito ideo- exercem hoje mais
lógico, no qual as duas superpotências buscavam influenciar outros países com influência sobre os
demais? Por quê?
base em seus distintos modelos de organização social, política e econômica.
O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 21

Reúnem-se então em Bandung, Indonésia (1955), vinte e nove países da Ásia e África. Seu objetivo, impedir que a “guerra fria esquente”
na região (o que já havia ocorrido, com o confronto entre Estados Unidos e China na guerra da Coreia) e apoiar as lutas anticoloniais,
na perspectiva de criar uma “terceira posição”, equidistante das duas superpotências. No seu berço, o Movimento dos Não Alinha-
dos já vivia graves contradições, uma vez que entre seus fundadores figuravam regimes tão heterogêneos como a Turquia, membro da
OTAN, e a China, então bem próxima à URSS, além, é claro, da Índia de Pandit Nehru, bastião mais sólido da “equidistância”, até por
razões geográficas. Restava saber se tais contradições eram maiores do que os pontos em comum, a rigor, o subdesenvolvimento. […]
BRENER, Jayme. Trinta anos de não alinhados. Lua Nova – Revista de Cultura e Política. São Paulo, n. 3, v. 3, mar. 1987. Disponível em: <www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pi d=S0102-64451987000100016>.
Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 21


Orientações didáticas
Após a leitura do texto co- Os Estados Unidos no pós-Segunda Guerra
mente com os alunos que o
uso da energia nuclear para fins Os Estados Unidos foram os grandes vencedores da Segunda Guerra Mundial
Plano Marshall
bélicos está em permanente (figura 10). Eles financiaram a reconstrução da Europa e do Japão por meio da
Plano de ajuda financeira
debate nas relações interna- elaborado pelos Estados Doutrina Truman, que deu origem ao Plano Marshall. Essa foi uma estratégia
cionais. Uma das referências Unidos, destinado à lançada, em 1947, pelo então presidente dos Estados Unidos, Harry Truman (1884-
para esses debates é o Tratado reconstrução dos países -1972). Consistia em apoiar financeiramente os países aliados, que tiveram seu
europeus destruídos
de Não-Proliferação de Armas
durante a Segunda território praticamente arrasado com a Segunda Guerra, como uma forma de
Nucleares, em vigor desde 1970 Guerra Mundial. conter a expansão do socialismo. Alguns autores consideram que o discurso pro-
e que, até 2018, era ratificado ferido pelo presidente Truman no Congresso naquele ano deu início à Guerra Fria.
também pelo Brasil. Supremacia
Superioridade absoluta e

Universal History Archive/UIG/Getty Images


completa, que não pode
ser contestada.

Figura 10. A população


estadunidense se reúne nas
ruas, em Nova York (Estados
Unidos), para comemorar a
vitória na Segunda Guerra
Mundial, em 1945.

Outro aspecto que levou à supremacia do país foi o uso de um artefato de


grande capacidade de destruição: a bomba atômica. A intenção era revelar ao mun-
do seu poderio militar, inigualável até então. A União Soviética conseguiu realizar
seu primeiro teste nuclear somente em 1949, e a França e o Reino Unido, mais de
dez anos depois. A ameaça de usar mais uma vez um equipamento tão poderoso já
era suficiente para convencer muitos países a aderir aos ideais dos Estados Unidos.
Politicamente, apesar de divulgarem os valores democráticos, os governantes
dos Estados Unidos não se importavam em estabelecer relações com dirigentes
autoritários de outros países, que muitas vezes che-
Stan Wayman/The LIFE Picture Collection/Getty Images

garam ao poder sem ser eleitos pelo povo (figura 11).


Os Estados Unidos apoiaram, por exemplo, uma série
de governos ditatoriais na América Latina, liderados
por militares, como ocorreu no Chile (1973-1990), na
Argentina (1976-1983) e no Brasil (1964-1985).

Figura 11. Os presidentes dos Estados Unidos, Lyndon B.


Johnson (1908-1973), à direita, e do Brasil, marechal Artur da
Costa e Silva (1899-1969), à esquerda, cumprimentam-se
durante conferência realizada em Punta del Este (Uruguai), em
1967. As ditaduras militares estabelecidas na América Latina
tiveram, sobretudo no início, grande apoio dos Estados Unidos.

22 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

BRASIL. Desarmamento nuclear e não proliferação. Ministério das Relações Exteriores. Disponível em: <www.itamaraty.gov.br/pt-BR/
politica-externa/paz-e-seguranca-internacionais/146-desarmamento-nuclear-e-nao-proliferacao-nuclear>. Acesso em: nov. 2018.

22 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
A influência estadunidense Com o intuito de ampliar a
Na Europa, a influência dos Estados Unidos atingiu países como Portugal, percepção dos alunos acerca
Espanha, Inglaterra, Itália e França, chegando até a Áustria e a República Federal das diversas formas de influên-
cia de determinadas potências
da Alemanha, que ficou sob domínio do capitalismo. Na Figura 12. Depois da sobre os demais países, sugeri-
Ásia, o Japão acabou se tornando um importante aliado, Segunda Guerra, empresas mos que sejam desenvolvidas
já que recebeu vultosos empréstimos para reconstruir dos Estados Unidos as atividades complementares
seu território. A África era um continente a ser desbra- procuraram criar produtos, propostas a seguir.
vado. Parte dela ainda estava dominada por países eu- como o rádio transistorizado,
uma revolução na época. Os Atividades
ropeus, o que de algum modo garantia a supremacia
transistores substituíram as complementares
dos Estados Unidos no continente, uma vez que os prin-

Deposit Photos/Glow Images


válvulas, diminuindo o 1. Que tipo de influência Esta-
cipais países europeus com colônias na África estavam tamanho dos aparelhos de dos Unidos, China, Japão,
alinhados à superpotência. recepção de ondas, entre outros exercem so-
Na América do Norte, a situação dos Estados Unidos popularizando-os. Na bre outros países?
fotografia, modelo de rádio
em relação a seus vizinhos era confortável: tanto o Ca- Podem ser citadas influên-
da década de 1950.
nadá quanto o México desenvolviam uma economia cias econômicas, políticas,

Underwood Archives/Getty Images


complementar à estadunidense. Na América Central o culturais, entre outras.
domínio era quase total, não fosse a revolução em Cuba, 2. De que forma essa influên-
em 1959, que levou o país a adotar o socialismo e entrar cia pode ser percebida no
para a área de influência soviética. Na América do Sul, o Brasil atualmente?
apoio às ditaduras militares foi uma estratégia para evi- Pela presença de marcas
tar o avanço socialista. de produtos e serviços co-
mercializados; pelos acor-
Após a Segunda Guerra, os Estados Unidos tornaram-
dos feitos entre países; por
-se a principal economia do mundo, tanto em volume de meio de aspectos culturais,
dinheiro quanto em capacidade de gerar produtos e tec- como música, moda, cine-
nologia (figuras 12 e 13). Com isso, passaram a ser o prin- ma, entre outras.
cipal país do mundo, um aliado cobiçado, principalmente Figura 13. Avião lançador de bombas, que podia voar
nos negócios. por grandes distâncias, usado na década de 1950.

Muitos países desejavam exportar para a potência da América do Norte. Entre-


Organização
tanto, tinham que obedecer a algumas regras para estabelecer relações comerciais dos Estados
com os Estados Unidos, como não promover comércio com países socialistas e aliar- Americanos (OEA)
-se em questões polêmicas. Organização regional de
países, a primeira do
Um exemplo dessa política foi a expulsão de Cuba, em 1962, da Organização
mundo, criada em 1948
dos Estados Americanos (OEA) (figura 14). O argumento usado pelos aliados dos em Bogotá (Colômbia),
Estados Unidos era de que Cuba representava uma ameaça às instituições dos que reúne os países das
Américas. Com sede em
países, pois estava alinhada com a União Soviética. Apenas México e Cuba votaram
Washington D.C.
contra, e cinco países se abstiveram (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile e Equador), o (Estados Unidos),
que resultou na aprovação por ampla maioria. Essa decisão foi revista em 2009, contava com 35
membros em 2015.
quando o país foi readmitido à
Bumble Dee/Shutterstock

OEA. A partir de 2014, Estados


Unidos e Cuba se reaproxima- Contexto
ram, porém muitas questões • Qual equipamento
entre os dois países ainda per- eletrônico atual
manecem. Leia a seção Fique pode ser associado a
uma inovação
por dentro, na página seguinte. tecnológica
relevante, tal qual
Figura 14. Sede da OEA, em foi o rádio
transistorizado na
Washington D.C.
década de 1950?
(Estados Unidos), 2018
• Vale comentar com os alunos o impacto das inovações tecnológicas nas relações sociais. O rádio é considerado um dos primeiros
meios de comunicação de massa, que permitiu levar informações a lugares longínquos. O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 23
Atualmente, a internet e as redes sociais podem ser consideradas inovações que mudam as relações entre as pessoas.

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 23


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Após a leitura do texto, con-
textualize as ações nele des- Estados Unidos anunciam nova série de sanções a Cuba
critas com relação à política
O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou [...] a implementação de novas sanções a
de relações exteriores adotada
pelos Estados Unidos no gover- Cuba, que atingem em especial o setor de turismo.
no de Donald Trump. Esse pre- Pela nova regulamentação, Washington estabelece uma extensa lista de empresas, incluindo
sidente, que assumiu o cargo 80 hotéis da ilha, com as quais os cidadãos do país estão proibidos de efetuar transações comerciais.
em janeiro de 2017, adotou uma Sob a justificativa de que as entidades teriam ligações com as Forças Armadas cubanas.
postura distinta da de seu an- As mudanças [...] também expandem a lista de autoridades cubanas impedidas de realizar
tecessor, Barack Obama. Este transações e instauram uma política de barrar exportações para determinadas entidades cuba-
vinha cumprindo uma agenda nas, de acordo com nota do departamento.
de reaproximação política e eco- A Casa Branca, contudo, afirmou que ainda autorizaria as transações comerciais e a maioria
nômica com Cuba.
das viagens já reservadas antes da aplicação das novas medidas.
Segundo o Tesouro, viagens de americanos continuam permitidas para a ilha, mas deverão
ser feitas obrigatoriamente em grupos, organizados por uma agência dos EUA e contar com um
representante da mesma para cada grupo.
Fortalecemos as nossas políticas para Cuba para afastar a atividade
econômica das forças militares cubanas e encorajar o governo [do presi- Sanção
dente Raúl Castro] a avançar para uma maior liberdade política e econô- Proibição ou restrição
econômica que
mica para o povo cubano”, destacou em comunicado o secretário do Tesou- dificulta as relações
ro dos EUA, Steven Mnuchin. comerciais de
EUA anunciam nova série de sanções a Cuba. G1. Disponível em: empresas ou pessoas
<https://g1.globo.com/mundo/noticia/eua-anunciam-nova-serie-de-sancoes-a-cuba.ghtml>. com o país punido.
Acesso em: out. 2018.

Clive Horton/Alamy/Fotoarena
Praia em Matanzas (Cuba), 2017. Muitos turistas estadunidenses vão a Cuba atraídos pela beleza de suas praias.

Atividades
1. Considerando a notícia, podemos afirmar que ainda persistem resquícios da Guerra Fria no mundo atual?
Justifique. 1. Sim, pois as restrições econômicas a Cuba foram impostas no início dos anos 1960, com o
objetivo de desestabilizar o governo socialista, e perduram até os dias atuais.
2. Quais são as consequências das sanções anunciadas para a população cubana? Justifique.
2. As sanções devem prejudicar diretamente a população cubana, pois um dos principais
24 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo setores atingidos é o turístico, importante na geração de emprego e renda.

Texto complementar
Reaproximação entre Cuba e Estados Unidos cumpre dois anos sob ameaça de Trump
Sábado, 17 de dezembro, o breve discurso coordenado em que Barack Obama, em Washington, e Raúl Castro, em Havana, deram por
concluída a Guerra Fria entre uma Cuba ainda socialista e os Estados Unidos, cumpre dois anos.
No entanto, esse segundo aniversário da reaproximação entre as duas nações não conta com o mesmo otimismo dos tempos do anún-
cio feito pelos chefes de Estado ou do primeiro ano, porque o fiador do pacto, Obama, entregará o Governo, no dia 20 de janeiro, a
Donald Trump, que prometeu tirar por terra o legado do primeiro presidente negro, inclusive no que diz respeito a Cuba.

24 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
A União Soviética e o socialismo

Album/Fine Art Images/Fotoarena


Sugere-se retomar a questão
do apoio dos Estados Unidos a
Depois de colaborar ativamente para a derrota da aliança entre a Alemanha e governos ditatoriais liderados
a Itália na Segunda Guerra Mundial, a União Soviética passou a desempenhar um por militares na América Latina
papel destacado no mundo. Os soviéticos praticamente empurraram as tropas da (página 22), a exemplo de Chile
aliança nazifascista de volta a seus países por meio de seu poderoso e comba- (1973-1990), Argentina (1976-
tivo exército. Por isso, eles quiseram, e conseguiram, manter sua posição na Euro- -1983) e Brasil (1964-1985).
pa ao final da Segunda Guerra (figura 15). Procure estabelecer uma com-
Após a União Soviética detonar a primeira bomba atômica do país, em 1949, em paração entre as práticas políti-
cas das duas grandes potências
um teste bem-sucedido, consolidou-se outro polo de poder mundial. O país, assim
da Guerra Fria, Estados Unidos
como os Estados Unidos, passou a deter armas de elevada capacidade de destruição. e União Soviética, de modo que
O modelo político-econômico da União Soviética era diferente do modelo dos Figura 15. A gralha fascista o aluno perceba que ambos se
Estados Unidos. Na União Soviética não havia eleições, e a maior diferença estava descobriu que, para nós, envolveram, de forma direta ou
no papel do Estado, que controlava a economia e a vida política, o que levou ela não é um gavião!, de indireta, com a implantação de
muitos autores a chamar a experiência soviética de “capitalismo de Estado”. Nes- Viktor Nikolaevich Deni, governos autoritários em seu
se modelo, as atividades econômicas eram planejadas e organizadas de modo 1944 (gravura em papel, próprio regime de governo ou
de 56 cm 3 41 cm). no de outros países.
complementar, isto é, cada fábrica produzia determinada mercadoria. Assim, uma
não precisava concorrer com a outra para vender seus produtos; elas eram com- A abordagem mobiliza a ha-
plementares, mas não concorrentes. Interprete bilidade EF09GE08.
A influência socialista teve grande repercussão. Esse sistema político-econô- ¥ Qual é o símbolo
mico extrapolou suas fronteiras e avançou sobre parte da Europa. Na Ásia, atingiu soviético e o
símbolo nazista
o Afeganistão (figura 16) e a China, embora esta tivesse autonomia e não aceitas- contidos na imagem
se diretrizes de Moscou, capital da então União Soviética. Na América, Cuba era da figura 15?
o centro de difusão dos ideais socialistas. Na África, também tiveram governos
socialistas em Angola (1975-1990) e Moçambique (1975-1994), entre outros países.
O socialismo real, outra denominação dada à experiência soviética, acabou Nazifascismo
não sendo bem-sucedido em pontos importantes. De um lado, o modelo estava Termo que designa, em
conjunto, os regimes
baseado na igualdade de condições entre a população, ou seja, deveria haver
nazista e fascista,
equidade de acesso à alimentação, à moradia, ao emprego, à saúde e à educação. marcados por governos
Mas, na prática, acabou gerando uma sociedade dividida e desigual em certos totalitários, de caráter
nacionalista, militarista,
aspectos, na qual os altos funcionários do governo, do Partido Comunista, tinham
antidemocrático,
vantagens em relação ao restante da população, já que viviam em casas melhores antiliberal e
e recebiam salários mais elevados. Além disso, a União Soviética enfrentou graves antissocialista. Ambos
propunham o
crises, como a falta de alimentos no começo da década de 1980.
autoritarismo político e o
intervencionismo
Lipchitz/AP Photo/Glow Images

econômico.

Diretriz
Conjunto de normas que
devem ser seguidas para
se atingir um objetivo
específico.

Figura 16. Mulher afegã em


meio a tropas soviéticas,
em Cabul (Afeganistão),
1980. Em 1979, a União
Soviética invadiu o
Afeganistão, permanecendo
no país até 1989.
• A URSS é simbolizada pela estrela vermelha, e o nazismo, pela suástica. A imagem
remete ao fato de as tropas soviéticas terem derrotado as tropas nazistas. O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 25

“Vou liquidar o acordo”, disse Trump ao expressar, vagamente, que quer renegociar o trato com Havana e exigir mais em direitos
humanos, um ponto que rendeu críticas a Obama por ser muito brando, apesar de ele ter chegado a fazer um sólido discurso em favor
da democracia na capital cubana, diante dos mais altos cargos do regime local durante sua visita em março de 2016. [...]
LLANO, Pablo de. El País, 16 dez. 2016. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2016/12/16/internacional/1481900896_115500.html>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 25


Orientaç›es didáticas
Comente com os alunos que A glasnost e a perestroika
a expressão “cortina de ferro” Mikhail Gorbatchev (1931-), que era Secretário-Geral do Partido Comunista da

Dirck Halstead/The LIFE Images Collection/Getty Images


foi cunhada pelo primeiro-mi- União Soviética na década de 1980 (figura 17), elaborou dois planos para tentar
nistro britânico Winston Chur-
controlar a crise: a glasnost e a perestroika. A glasnost representou uma abertura
chill (1874-1965) durante um
discurso em Fulton, no Missouri política, que resultou na ascensão de novos líderes políticos e na volta das eleições,
(Estados Unidos), no dia 5 de além da retirada do apoio soviético aos parceiros socialistas. A perestroika foi a
março de 1946. Ao observar abertura econômica, ou seja, a busca de novos rumos da economia para suprir a
com atenção o mapa da figura demanda por alimentos e cortar gastos com as Forças Armadas e com a produção
18, observa-se que a Alema- de armamentos.
nha foi dividida em dois terri- Com a crise contínua que abalava a União Soviética e o fim do apoio sovié-
tórios, cada um sob influência tico a aliados, o regime socialista enfraqueceu. Países que estavam sob sua
de uma das grandes potências
influência passaram a questionar o domínio soviético. A Estônia, a Letônia e a
da Guerra Fria. Como trata-se de
Lituânia deixaram o bloco socialista em 1990. Em 1991, após várias negociações,
um mapa temático que repre-
senta diferenças geopolíticas, a União Soviética deixou de existir, tema que voltará a ser abordado mais adian-
assim mobiliza-se a habilidade te. O desmanche permitiu a emergência da Rússia, que manteve sua grande
EF09GE14. Além da CEG3, da extensão territorial, mas sem a mesma influência que a União Soviética teve
CEG4 e da CEGH7. Figura 17. Mikhail no passado.
Converse com os alunos a Gorbachev (à esquerda)
respeito das dificuldades da po- e o então presidente dos A cortina de ferro
pulação desse país, em especial Estados Unidos, Ronald
Reagan (1911-2004), A cortina de ferro foi um limite imaginário criado para posicionar tropas das
das pessoas que viviam na faixa
assinam acordo em superpotências e de seus aliados e bloquear a veiculação de informações entre os
de fronteira. Questione-os sobre
Washington D.C.
as consequências concretas lados oponentes. Ela funcionava como uma barreira ideológica que dividia o mun-
(Estados Unidos), em
da divisão da Alemanha, como 1987. A aproximação do em dois (figura 18).
a separação de comunidades, entre os dois governos Mas houve um país que ficou marcado pela presença física da cortina de fer-
famílias ou grupos sociais, que mostrava claros indícios ro: a Alemanha, que foi dividida em duas nações: a República Democrática da
não podiam mais manter con- de que a Guerra Fria Alemanha (RDA), que integrou o bloco dos socialistas, e a República Federal da
tato em razão das diferenças estava chegando ao fim.
políticas e ideológicas dos paí- Alemanha (RFA), que participava do bloco dos capitalistas.
ses, muitas vezes impostas por Essa divisão é resultado da presença, no território alemão, ao final da Segunda
seus respectivos governantes. Coalizão Guerra, dos Aliados (coalizão liderada por Estados Unidos, França, Reino Unido e
Caso a escola esteja localizada Aliança entre nações União Soviética). Tendo saído vitoriosos do conflito, cada um deles ficou com a
com objetivo
em área de fronteira, explore
político-militar. responsabilidade de cuidar de uma parte do país.
esse fato para fins de compa-
ração. Nos demais casos, po- Figura 18. Europa: cortina de ferro – 1955
de-se utilizar como referência
Catherine Abud/Arquivo da editora


N rcu OCEANO GLACIAL ÁRTICO
lo
os limites regionais, estaduais ISLÂNDIA
Po
lar
Árti
co
O L
ou mesmo municipais para fa-
Gree no de
h
nwic

zer essa analogia.


dia

S
FINLÂNDIA
Meri

Nesta página estamos mobi- NORUEGA


SUÉCIA Países capitalistas
lizando a habilidade EF09GE08.
Mar
do ESTÔNIA Países socialistas
URSS
Norte
LETÔNIA Anexações soviéticas
IRLANDA REINO DINAMARCA
OCEANO UNIDO LITUÂNIA
“Cortina de Ferro”
PAÍSES
ATLÂNTICO BAIXOS BELARUS Limites de país
POLÔNIA
BÉLGICA RFA RDA
LUXEMBURGO TCHEC UCRÂNIA
OSLOVÁ
LIECHTENSTEIN QUIA
FRANÇA MOLDÁVIA Mar
SUÍÇA ÁUSTRIA HUNGRIA
Cáspio
ROMÊNIA
ANDORRA
PORTUGAL IUGOSLÁVIA Mar Negro Fonte: elaborado
ESPANHA BULGÁRIA
ITÁLIA com base em
ALBÂNIA TURQUIA
ÁSIA DUBY, George.
Mar Mediterrâneo GRÉCIA Grand atlas
0 635 1270 km
historique. Paris:
ÁFRICA MALTA
Larousse, 2006.
0° p. 93.

26 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

26 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Figura 19. Berlim: zonas de Comente com os alunos que
ocupação – 1945
a cidade de Berlim foi um dos
Catherine Abud/Arquivo da editora

N
Adeus, Lênin! principais palcos da Segunda
Mar O L Direção: Wolfgang Guerra Mundial e da Guerra Fria.
do Norte Mar Báltico
Becker. Alemanha, 2003. Há um reconhecido esforço por
S
118 min.
Berlim
parcela da população e dos ór-
O filme conta, com
muito humor, a história
gãos administrativos para que
ALEMANHA
Controle ORIENTAL de um jovem alemão essa parte da história da cidade
Berlim francês
que tenta esconder da e também as dificuldades e so-
Berlim
Controle
Oriental
mãe, uma mulher que luções dela decorrentes sejam
ALEMANHA britânico
ORIENTAL entra em coma pouco mantidas vivas na atualidade,
Controle antes do fim da
ALEMANHA norte-americano Alemanha Oriental, os
para que não se repita no futu-
OCIDENTAL
50º N desfechos da queda do ro. Um exemplo desse esforço
ALEMANHA regime enquanto ela se é a inauguração, em 2016, do
ORIENTAL recupera no hospital. quarto museu destinado à pre-
Fronteiras alemãs Fonte: elaborado servação da história do Muro
com base em
Muro (construído em 1961) VICENTINO, Cláudio. de Berlim, o The Wall Museum
Berlim Ocidental Atlas histórico: geral • Resposta pessoal. Para
Berlim Oriental e Brasil. São Paulo: tornar a aprendizagem
East Side Gallery (disponível
0 135 270 km
Limites de país
Scipione, 2011. p. mais significativa, você em: <https://thewallmuseum.
10º L 148. pode apresentar um com>, acesso em: nov. 2018).
vídeo que mostre cenas
do dia a dia da Converse com os alunos a res-
Berlim também foi dividida em quatro zonas de ocupação (figura 19), que, ao população de Berlim
peito da importância dos marcos
final, resultou na divisão da cidade em duas: Berlim Ocidental, de influência ca- durante o período da
Guerra Fria. históricos presentes no lugar em
pitalista, e Berlim Oriental, de influência socialista. que eles vivem (bairro ou muni-
Com o aumento das tensões entre Estados Unidos e União Soviética, a Ale- cípio), como monumentos, mu-
manha Oriental decidiu construir um muro, em 1961, que separou as duas partes seus, logradouros públicos, entre
da cidade. O Muro de Berlim (figura 20) passou a ser o símbolo da chamada cor- outros. Pode-se solicitar uma
tina de ferro, que separava o mundo socialista soviético do mundo capitalista li- pesquisa sobre esses marcos
Figura 20. Posto de
derado pelos Estados Unidos. para que descubram com qual
fronteira no Muro de intenção e por quem foram cria-
A divisão da Alemanha gerou muitas dificuldades para famílias que, separadas Berlim, visto a partir do dos, e se os moradores locais se
de repente, estavam impedidas de se visitarem. Aos poucos, as dificuldades de lado oriental, em 1985. identificam com eles. Aqui é mo-
abastecimento geraram insatisfações e intensa mobili- bilizada a habilidade EF09GE08.

Schoe STR/AP Photo/Glow Images


zação popular, que resultou na derrubada do Muro de
Berlim, em 1989. Para muitos autores, esse ato é o sím-
bolo do fim da Guerra Fria (figura 21).
Gerard Malie/Agência France-Presse

Figura 21. Multidão


participa da
Contexto
tentativa de
demolição de parte ¥ Como você acha que
do Muro de Berlim, seria viver em uma
cidade dividida e
em Berlim Ocidental
controlada por
(Alemanha), em
diferentes países?
1989.

O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 27

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 27


Orientações didáticas
Após a leitura do texto com Inovação A corrida armamentista
os alunos e o esclarecimento tecnológica
de possíveis dúvidas, comente Termo que se usa para Uma das características da Guerra Fria foi a corrida armamentista, marcada
designar as novidades pela competição entre as duas superpotências da época para desenvolver armas
que algumas das marcas dei- implantadas pela
xadas pela corrida armamen- indústria de alta mais eficazes. Isso era usado para persuadir países a tornarem-se seus aliados.
tista foram o medo e a tensão tecnologia, por meio de A corrida armamentista foi, ao mesmo tempo, um modelo de desenvolvimen-
pesquisas que
da população mundial. Procure to econômico e tecnológico. As superpotências adotaram a geração de inovação
estabelecem novos
destacar esse aspecto ressal- tecnológica no setor militar como motor da economia. Para manter as inovações
padrões de eficiência
tando a importância de buscar produtiva. tecnológicas em segredo e protegidas da espionagem do adversário, Estados
a promoção da cultura de paz,
Unidos e União Soviética gastaram muito dinheiro.
proposta da Unesco para o mun-
do contemporâneo. O trecho Nos Estados Unidos, a corrida armamentis-
reproduzido no texto comple- Mark Elias/Bloomberg/Getty Images ta gerou áreas especializadas na produção de
mentar a seguir explicita essa armas (figura 22). Já na União Soviética estimu-
preocupação da população civil lou a produção bélica (de tanques de guerra e
durante a corrida armamentista de outras armas) e reduziu verbas para financiar
da Guerra Fria. Caso tenha opor- a produção de máquinas agrícolas, por exemplo.
tunidade, compartilhe a leitura
A disputa tecnológica entre as duas super-
do texto com os alunos.
potências também extrapolou os limites do
planeta. Leia o Olhar interdisciplinar a seguir.

Figura 22. Linha de montagem de armas para o


Exército dos Estados Unidos, em fábrica localizada
em Port Orange, na Flórida (Estados Unidos), 2014.

Olhar interdisciplinar História

Apollo 11

Glenn Research Center/NASA


A missão Apollo 11 tinha como meta possibilitar a dois astronautas
estadunidenses caminharem na Lua. Era uma forma de mostrar força
na Guerra Fria.
Ela foi cuidadosamente planejada para que tudo funcionasse bem.
Nada poderia falhar, já que haveria transmissão ao vivo para a Terra,
uma forma de fazer propaganda dos Estados Unidos.
Quando o módulo Eagle, que deixou a nave Apollo, pousou na Lua,
houve um instante de silêncio, o que gerou suspense. Logo depois, o
astronauta Armstrong disse no rádio a seguinte frase: “Houston, Tran-
quility Base here. The Eagle has landed” (em tradução livre, “Houston,
aqui Base Tranquilidade. A Águia pousou.”).
Os astronautas, antes de partirem de volta à Terra, deixaram uma
placa com os dizeres: “Here men from the planet Earth first set foot upon O astronauta Buzz Aldrin caminha
the Moon. July 1969 A.D. We came in peace for all mankind” (em tradu- pela superfície da Lua, em 1969.
ção livre, “Aqui os homens do planeta Terra pisaram pela primeira vez Fotografia tirada por outro
na Lua. Julho de 1969. Viemos em paz, em nome de toda a humanidade.”). astronauta, Neil Armstrong.

Atividades 1. Base Tranquilidade foi o nome dado ao local da Lua onde o módulo Eagle pousou. O astronauta enviou
uma mensagem que transmitia o sucesso da missão.
1. Interprete o que o astronauta Neil Armstrong disse para o comando na Terra.
2. Por que a placa deixada na Lua foi escrita em inglês? 2. Estados
Ela foi escrita em inglês, pois foi produzida pelos
Unidos, país de língua inglesa.

28 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

Texto complementar
O poder militar
Creio que, se quisermos avaliar a nuvem sob a qual vivemos, o perigo reinante da nossa época, precisaremos começar a redefinir de
maneira mais precisa o poder ao qual estamos sujeitos neste mundo como indivíduos, como pessoas. Creio que, quando fizermos is-
so, daremos maior atenção ao que hoje chamarei (sem qualquer pretensão inovadora) de poder militar da nossa era. Daremos atenção
ao papel que o poder militar exerce em nações grandes, pequenas e médias, à forma pela qual a crescente militarização hoje ameaça
a sobrevivência de todos no Planeta e à maneira pela qual a militarização, através da simples privação e da fome, é efetivamente uma
ameaça à vida de muitas pessoas, muitos milhões de pessoas, no presente imediato. [...]

28 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
A corrida espacial Para ampliar a discussão so-
Reprodução/Time Magazine bre inovações tecnológicas, po-
Paralelamente à corrida armamentista, desen- Figura 23. Capa da revista
de-se propor aos alunos uma
volveu-se também a corrida espacial. Nesse caso Time, de 6 de dezembro de
pesquisa sobre as atuais mis-
1968, com o título Race for
a disputa era pela hegemonia da conquista do es- sões de exploração e estudos
the moon (Corrida para a Lua).
paço. Estados Unidos e União Soviética lutavam Uma das revistas mais
científicos no espaço. Ainda que
para enviar homens e animais ao espaço, como conhecidas do mundo, a Time
demonstrem o poderio econô-
estratégias de pesquisa, e disputavam a conquista ilustra a importância e a mico e tecnológico, convém
da Lua, enviando naves tripuladas (figura 23). repercussão da corrida destacar que, atualmente, são
espacial durante a Guerra Fria. frequentes os acordos conjun-
A primeira personagem importante dessa cor-
tos de cooperação e iniciativa
rida foi uma cachorra russa, chamada Laika. Ela foi entre dois ou mais países nes-
enviada ao espaço em 1957, a bordo de um fogue- sa área da pesquisa científica.
te – o Sputnik II. A resposta dos Estados Unidos O conteúdo do item permite um
veio em 1958, quando foi lançado o primeiro saté- trabalho com o TC Ciência e tec-
lite artificial, o Explorer I. Hegemonia nologia e também mobiliza a
Dominação de um país
Passaram-se apenas três anos para os soviéticos mostrarem que desejavam sobre os demais em
habilidade EF09GE11.
manter-se à frente nessa corrida. Em 1961, Yuri Gagarin (1934-1968) foi o primeiro termos econômico, Atividades
social, político, cultural
homem enviado ao espaço, a bordo da Vostok I, ocasião em que disse a célebre complementares
ou militar.
frase: “A Terra é azul” (figura 24). • Pesquise, em jornais, revis-
tas e na internet, exemplos
Roger-Viollet/Agência France-Presse

NASA/Science Source/Getty Images


de projetos de pesquisas es-
paciais realizados nos últi-
mos dez anos. Em seguida,
escolha um desses projetos
e identifique:
1. Como se chama o projeto
e qual é o seu objetivo?
2. Quais países participam ou
participaram desse projeto?
3. Identifique semelhanças e
diferenças entre esse pro-
jeto e aqueles desenvolvi-
dos pelas superpotências
da Guerra Fria nas décadas
de 1950 e 1960.
Atualmente, predominam
projetos de pesquisa espacial
Figura 24. Yuri Gagarin, 1961. Figura 25. Neil Armstrong, 1969. feitos em parceria por dois ou
mais países, em geral voltados
Como você viu na seção Olhar interdisciplinar, na página anterior, em 1969 foi para o uso civil, ou seja, para co-
a vez de os Estados Unidos passarem à frente. Naquele ano, os astronautas esta- municação e navegação (caso
dunidenses Neil Armstrong (1930-2012) (figura 25) e Edwin “Buzz” Aldrin (1930-) do Global Positioning System –
pisaram na Lua pela primeira vez. Na ocasião em que chegou à Lua, Armstrong GPS), fotografia e mapeamento,
disse a famosa frase: “Um pequeno passo para um homem, um salto gigante para meio ambiente, entre outros.
a humanidade”. O Brasil mantém uma parce-
ria com a China nessa área de
Muitas das tecnologias desenvolvidas durante a corrida espacial foram usadas
pesquisa por meio do Satélite
na corrida armamentista. Os foguetes, por exemplo, ajudaram a desenvolver mís- Sino-Brasileiro de Recursos Ter-
seis balísticos, que alcançam alvos a centenas de quilômetros de distância. Os restres (CBERS).
satélites artificiais passaram a ser usados para comunicação e para monitorar o
movimento de tropas por meio de imagens captadas e transmitidas à Terra.
O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 29

[…]
No tocante às duas grandes potências, a posição é mais do que clara, se nos detivermos para observá-la. As duas superpotências, como
ainda são chamadas, atualmente exibem armamentos de uma força destrutiva inimaginável. E procuram incessantemente obter ain-
da mais armas, armamentos de poder desestabilizante cada vez maior, sistemas de controle por computador cada vez mais perigosos e
cada vez mais fáceis de serem detonados. Desejam também armas de custo cada vez maior. […]
GALBRAITH, John Kenneth. Controle de armamentos e poder militar. Estudos Avançados.
São Paulo, n. 2, v. 2, maio/ago. 1988. Disponível em: <www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141988000200003>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 29


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Além das atividades da seção,
proponha aos alunos um debate O Museu da Cosmonáutica, em Moscou
sobre as questões apresentadas
Para que servia o Sputnik?

Vladimir Astapkovich/Sputnik/Agência France-Presse


nas Atividades complementares:
Qual era a missão de Yuri Ga-
Atividades garin? Como é uma nave es-
complementares pacial por dentro? [...]
1. Qual é a importância de bus- Acho que a primeira coisa
car diferentes fontes para
a saber sobre o museu está
obter informações sobre
determinado tema? logo no nome: os russos não
usavam a palavra “astronauta”,
2. Vocês acreditam que, atual-
preferiam o termo “cosmonau-
mente, é possível obter in-
formações de diferentes ta”. Talvez a disputa com os
fontes? EUA durante a Guerra Fria
3. Por que, durante a Guerra passasse também pelo aspecto
Fria, as superpotências dis- simbólico: quem consagra o
putavam o controle da ge- termo que define esse campo
ração e da divulgação de tão importante da ciência?
informações? A “corrida espacial” sem Visitante observando roupa de cosmonauta no Museu da Cosmonáutica, em
Com base nessas questões, dúvida foi um acelerador no Moscou, (Rússia), 2015.
pode-se abordar a importância desbravamento dos astros (ou do cosmos?) e muito do que se vê no museu tem um quê de orgulho
da democratização do acesso nacional, claro. Mas desde 2009, quando o museu reabriu depois de 3 anos de reforma, a exposição
à informação, para que se pos- também ganhou partes dedicadas a projetos internacionais – da Europa, da China e até dos EUA.
sa fazer a leitura dos fatos sob O museu fica na base do Monumento aos Conquistadores do Espaço, uma escultura enorme
diversos ângulos e pontos de de um foguete sendo lançado, feita de aço e titânio, com 110 metros de altura. Uma coisa im-
vista. O controle da informa-
pressionante, realmente grandiosa!
ção por meio da propaganda
Logo na primeira sala, dois dos maiores orgulhos russos nos dão as boas-vindas: Yuri Gaga�
era uma das maneiras pelas
quais as superpotências procu- rin, o primeiro homem do mundo a viajar pelo espaço, e uma réplica do Sputnik, o primeiro sa-
ravam convencer a população télite artificial da Terra.
sobre as ameaças que o outro A bem da verdade, o Sputnik não servia pra muita coisa – ele passou 3 meses em órbita e
representava. Atualmente, as tudo o que fazia era emitir um “beep” que podia ser captado por rádios comuns aqui embaixo.
tecnologias da informação faci- Acontece que esse “beep” configurava a primeira tentativa bem-sucedida de comunicação com
litam o acesso a dados e fatos o espaço, atribuindo ao Sputnik uma importância histórica incontestável. No fim das contas, foi
diversos. Entretanto, a prática o lançamento desse satélite que inaugurou a “Era Espacial”.
da pesquisa em múltiplas fon- Aqui no Brasil, a gente sempre ouve falar da Guerra Fria do ponto de vista dos EUA. Até hoje,
tes deve ser valorizada para
todo filme de ação hollywoodiano tem um espião russo supermalvado e todo filme de ficção
que a formação de opinião não
se restrinja a poucos veículos
científica exibe a NASA como um ícone da inteligência e da tecnologia americana. É bem legal
de informação, como as redes ver a história contada pelo outro lado, pra variar. [...]
sociais. Acreditamos que esse CASTELO BRANCO, Fernanda. O Museu da Cosmonáutica, em Moscou. Vontade de viajar, 7 jan. 2015.
Disponível em: <https://vontadedeviajar.com/museu-da-cosmonautica-em-moscou/>.
encaminhamento contribui para Acesso em: out. 2018.
o desenvolvimento da CECH2. 1. Durante a Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética eram inimigos, e uma de suas disputas era a
corrida espacial. Dessa forma, o termo “cosmonauta” se referia às conquistas soviéticas, enquanto o
Atividades termo “astronauta”, relacionava-se às conquistas estadunidenses.
1. Relacionando aos fatores da Guerra Fria, explique por que a Rússia não usa a expressão “astronauta”, e sim
“cosmonauta”.
2. Analise a afirmação: “Aqui no Brasil, a gente sempre ouve falar da Guerra Fria do ponto de vista dos EUA”.
Por que isso ocorre?

2. O Brasil, durante a Guerra Fria, permaneceu sob influência do capitalismo estadunidense, e


30 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo a população consumia diversos produtos culturais (cinema, televisão, quadrinhos, etc.) que
propagavam o ponto de vista dos Estados Unidos.

30 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Blocos de países na Guerra Fria Solicite aos alunos que for-
mem grupos e façam uma pes-
Na época da Guerra Fria houve duas importantes alianças que reuniam países quisa para identificar algumas
em torno das duas superpotências, ideológica e militarmente: a Otan e o Pacto ações de organizações inter-
de Varsóvia. nacionais pelo planeta, men-
cionando o país e a natureza
A Otan da ação, como: monitoramento
O bloco liderado pelos Estados Unidos era a Organização do Tratado do Atlân- ou resolução de conflitos, ação

Reprodução/OTAN
humanitária, entre outras. Ao fi-
tico Norte (Otan) (figura 26). Criada em 1949, em Washington D.C. (capital dos Esta-
nal, promova a troca de informa-
dos Unidos), a Otan tinha como objetivo principal estabelecer uma aliança de defe- ções entre os grupos e peça aos
sa contra o avanço socialista. Por causa da presença de tropas soviéticas na Europa alunos que elaborem um quadro
ao longo da Segunda Guerra Mundial e do desejo explícito de aumentar a influência com as principais informações
do país naquela porção do mundo, os países europeus entenderam que era preciso obtidas na pesquisa. A atividade
se organizar para evitar a dominação socialista. O acordo que criou a Otan estabe- contribui para o desenvolvimen-
leceu que os países-membros trabalhariam para a manutenção da paz e teriam o to da CEG5 e da CECH5.
compromisso de reagir em conjunto em caso de ataque a uma das partes. Ao abordar a figura 27, note
Com a dissolução da União Soviética, em 1991, a Otan mudou seu papel. Ela que no mapa da Europa há um
passou a admitir novos membros, até mesmo países que estavam sob influência território tracejado. Trata-se de
soviética no passado, o que reflete um movimento de expansão da influência da Kosovo, região a qual decla-
rou independência da Sérvia
Otan para além da Europa e da América do Norte.
em 2008 e que até 2018 ain-
Em 2018, um total de 29 países integravam a Otan: Albânia, Alemanha, Bélgica, da não havia sido reconhecida
Figura 26. Símbolo da
Bulgária, Canadá, Croácia, Dinamarca, Espanha, Eslováquia, Eslovênia, Estados Uni- por todos os países como in-
Otan.
dos, Estônia, França, Grécia, Hungria, Islândia, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, dependente.
Montenegro, Noruega, Países Baixos, Polônia, Portugal, Romênia, Reino Unido, Re-
pública Tcheca e Turquia (figura 27). Também nesse ano, a Colômbia informou sua
entrada na organização, sendo o primeiro país da América Latina a integrar o grupo.

Figura 27. Otan: países-membros – 2018

Catherine Abud/Arquivo da editora


110º O 0º
Ano de ingresso
1949 1982 2004
1952 1990 2009 Círculo Polar Ártico
1955 1999 2017 OCEANO GLÁCIAL ÁRTICO
Meridiano de

ISLÂNDIA
Greenwich

Limites de país (atuais)


NORUEGA
Círculo Polar Ártico
ALASCA OCEANO ESTÔNIA
(EUA) ATLÂNTICO DINAMARCA LETÔNIA
REINO 1 - Luxemburgo
OCEANO UNIDO PAÍSES LITUÂNIA
BAIXOS 2 - República Tcheca
ATLÂNTICO
CANADÁ POLÔNIA 3 - Eslovênia
N
ALEMANHA 4 - Croácia
BÉLGICA 2
1 ESLOVÁQUIA
5 - Montenegro
N O L
FRANÇA HUNGRIA
3 4 ROMÊNIA
OCEANO 5
O L S Mar Negro Mar
PACÍFICO ESTADOS ITÁLIA BULGÁRIA
Cáspio
UNIDOS ALBÂNIA
PORTUGAL ESPANHA
S GRÉCIA TURQUIA
OCEANO 0 860 1720 km
0 1 300 2 600 km
ATLÂNTICO

Fonte: elaborado com base


As decisões da Otan devem ser tomadas em consenso. Ao menos uma vez em NATO/OTAN.
Países-membros. Disponível
por mês, os membros se reúnem na sede atual, que fica em Bruxelas (capital da em: <www.nato.int/nato-
welcome/index_pt.
Bélgica), para tratar de temas relacionados à segurança e à defesa do grupo. Em html#members>. Acesso em:
2011, em uma de suas ações mais polêmicas, tropas da Otan derrubaram Muamar out. 2018.

Kadafi (1942-2011), líder da Líbia que exerceu o poder autoritariamente por mais
de 40 anos. Foi a primeira vez que a aliança agiu sem que primeiramente um
membro tivesse sido atacado.
O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 31

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 31


Orientaç›es didáticas
Para leitura e interpretação O Pacto de Varsóvia
do mapa da figura 30, sugeri-
Do lado socialista, em 1955, foi criado o Pacto de Varsóvia (figuras 28 e 29), uma
mos retomar o mapa da página
26 (figura 18), que representa aliança militar firmada na capital da Polônia. Para muitos autores, o objetivo maior
a divisão da Europa durante a do Pacto era defender os países socialistas europeus e equilibrar a relação com a
Guerra Fria. Dessa forma, os alu- Otan. Participaram os seguintes países: Albânia (que saiu em 1968), Bulgária, Tche-
nos poderão associar os países coslováquia (que na época reunia a República Tcheca e a Eslováquia), Hungria, Po-
que integravam o bloco sovié- lônia, República Democrática da Alemanha, Romênia e União Soviética (figura 30).
tico, socialistas e sob influên-

Associated Press/Glow Images


cia da União Soviética. Chame
a atenção para o fato de que os
países do Leste Europeu, como
Romênia, Hungria e Bulgária,
atualmente integram a Otan,
Reprodução/Arquivo da editora

contribuindo para o desenvolvi-


mento da habilidade EF09GE08
e da CECH5.

Figura 28. Símbolo do Figura 29. Primeiro-ministro soviético, Nikolai Bulganin, durante assinatura do
Pacto de Varsóvia. Pacto de Varsóvia, em Varsóvia (Polônia), 1955.

Figura 30. Pacto de Varsóvia: países-membros – 1955 Um episódio marcou a criação


Catherine Abud/Arquivo da editora

do Pacto: o questionamento da

rc
ul
o
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Po
hegemonia soviética pela Iugoslávia,
lar
Ár
tic
o

governada pelo marechal Tito (1892-


-1980), também socialista, que não
aceitou ingressar na aliança. O ar-
h
nwic

gumento de Tito era o de que os


Gree
o de

interesses soviéticos eram diferen-


dian

tes dos de seu país.


Meri

Mar
do
Os objetivos do Pacto de Var-
Norte
UNIÃO SOVIÉTICA sóvia eram muito semelhantes aos
da Otan. A ideia era criar um siste-
OCEANO
ATLÂNTICO
REPÚBLICA
DEMOCRÁTICA
POLÔNIA ma de defesa mútuo, que proteges-
DA ALEMANHA
se os membros contra agressões
TCHECOSLOVÁQUIA
externas. Mas havia uma cláusula
HUNGRIA que restringia a liberdade dos países
ROMÊNIA
e que praticamente os obrigava a
BULGÁRIA
Mar Negro
permanecer no Pacto. As reuniões
de seus membros eram anuais.
ALBÂNIA
ÁSIA
N
Mar Mediterrâneo
Países-membros do
O L
Pacto de Varsóvia
ÁFRICA Fonte: elaborado com base em LACOSTE,
S
0 400 800 km Limites de país Yves. Géopolitique: la longue histoire

d’aujourd’hui. Paris: Larousse, 2009. p. 50.

32 Unidade 1 • Mundo contemporâneo

32 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es did‡ticas
Crises no bloco socialista A denominação Pacto de
Varsóvia deriva do fato de es-
Houve duas crises importantes que envolveram países do Pacto de Varsóvia.
se acordo ter sido assinado na
A primeira foi em 1956, na Hungria, conhecida como Revolução Húngara. A outra cidade que leva esse nome, Var-
ocorreu na Tchecoslováquia, em 1968, e ficou conhecida como Primavera de Praga. sóvia, capital da Polônia, locali-
A Revolução Húngara começou com uma manifestação de estudantes que zada às margens do rio Vístula.
desejavam ampliar seus direitos. Parte deles foi presa, o que gerou uma revolta Explore com os alunos a figu-
popular que derrubou o governo em poucos dias. Já a Primavera de Praga foi um ra 31, ressaltando a importância
levante da população liderado pelo político reformista Alexander Dubcek (1921- da mobilização popular para a
-1992), que procurou ampliar os direitos individuais dos cidadãos do país (figura 31). conquista de direitos.
Ele chegou a tomar o poder por alguns meses.
Nas duas ocasiões, a dominação da União Soviética foi questionada. Porém, Levante
ambas as manifestações foram duramente reprimidas por tropas militares de Rebelião ou
manifestação de um
países que faziam parte do Pacto de Varsóvia. grupo de pessoas com
Com o fim da União Soviética, em 1991, o Pacto de Varsóvia foi desfeito. Não objetivo comum.
havia mais Guerra Fria, não havia mais motivo para manter a aliança entre os paí- Superpotência
ses socialistas. Parte deles passou para a Otan, como já foi visto. Termo que se refere a
Na Guerra Fria, por décadas, duas superpotências procuraram influenciar os um Estado que se
destaca no cenário
demais países no mundo, com repercussão até no esporte. Leia a seção Fique por mundial por seu poderio
dentro. Já no Brasil, o período da Guerra Fria foi marcado por uma aproximação econômico, político,
com os Estados Unidos. Leia a seção Enquanto isso no Brasil. militar e tecnológico.

Sovfoto/UIG/Getty Images

Figura 31. Tropas soviéticas ocupam Praga (Tchecoslováquia, atualmente capital da República Tcheca), em 1968, como resposta
ao levante popular que ficou conhecido como Primavera de Praga.

O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 33

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 33


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Durante a leitura do mapa
da seção, chame a atenção da Olimpíadas e Guerra Fria
turma para o fato de a China,
de governo socialista e histo- Esporte e política muitas vezes caminham juntos. Como ambos envolvem paixões e grandes mas-
ricamente aliada da União So- sas de população, podem ser associados.
viética, ter também boicotado A disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 1980 envolveu duas cidades: Moscou, capital da União
os Jogos Olímpicos de Moscou, Soviética na época, a vencedora, e Los Angeles (Estados Unidos).
na Rússia, em 1980. Uma das Em 1980, os Estados Unidos recusaram-se a participar dos Jogos de Moscou em represália à
interpretações possíveis é o fa-
invasão do Afeganistão pelos soviéticos em 1979. Como resultado, os Jogos Olímpicos de 1980 tive-
to de a Guerra Fria estar, nesse
ram 67 países a menos, que apoiaram a posição dos

Chris Smith/Popperfoto/Getty Images


período, em retração – entrava,
de fato, em sua última déca- Estados Unidos.
da –, evidenciando a gradativa Quatro anos mais tarde veio a resposta. Em 1984,
mudança no jogo das relações foi a vez de a União Soviética e de seus aliados boi-
internacionais, a exemplo da cotarem a Olimpíada de Los Angeles. O argumento
aproximação da China com os era falta de segurança a seus atletas. Como resulta-
Estados Unidos. do, 14 países não compareceram aos jogos. Entre-
tanto, três importantes aliados da União Soviética
participaram dos Jogos de Los Angeles: China, Iugos-
lávia e Romênia, esta última ainda como membro do Cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Moscou
Pacto de Varsóvia. (União Soviética), em 1980.

Planisfério: países que boicotaram os Jogos de Moscou (1980) e de Los Angeles (1984)

Catherine Abud/Arquivo da editora


N
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Círculo Polar Ártico
O L

Trópico de Câncer OCEANO


ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Equador OCEANO

PACÍFICO
Meridiano de Greenwich

OCEANO
ÍNDICO
Trópico de Capricórnio

Moscou (1980)
Los Angeles (1984)
Limites de país

Círculo Polar Antártico OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

0 2480 4960 km

Fonte: elaborado com base em WORLD Atlas. Most Controversial Summer Olympic Games in History. Disponível em: <www.worldatlas.com/
articles/controversies-and-scandals-through-summer-olympic-games-history.html>. Acesso em: out. 2018.
2. Apesar de maior aproximação com os Estados Unidos, o Brasil buscava ter uma posição de independência em relação aos dois
protagonistas da Guerra Fria, por isso esteve presente nos Jogos Olímpicos, apesar dos boicotes. É importante relacionar o
Atividades período da Guerra Fria ao contexto brasileiro na época da realização dos Jogos de Moscou. Relembre as
discussões sobre a ditadura militar e o relacionamento com as superpotências da época. Por exemplo,
1. Quais países da América do Sul boicotaram os Jogos de Moscou? destaque a maior proximidade brasileira com os
Estados Unidos e os impasses gerados pelos
2. Como você interpreta o fato de o Brasil não ter participado dos dois boicotes aos Jogos? interesses nucleares
do governo brasileiro.
1. Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile e Bolívia boicotaram os Jogos Olímpicos de Moscou.
34 Unidade 1 • Mundo contemporâneo

34 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
Atividades
1. Resposta pessoal. Um dos
Ditadura militar no Brasil e os Estados Unidos aspectos refere-se à posi-
na Guerra Fria ção geográfica do território
brasileiro na América do
Um dos argumentos usados pelos governantes militares na ditadura militar
Bloqueio Sul, condição que, consi-
(1964-1985) para se aliar aos Estados Unidos referia-se à posição geográfica do econômico derando os recursos téc-
Brasil. Por estar localizado na América do Sul, seria mais fácil, considerando os re- Proibição a um país de nicos da época, facilitava a
cursos técnicos da época, relacionar-se com a superpotência estadunidense. comercializar produtos relação com a superpotên-
com um outro país, o
Outro ponto a considerar era a presença de partidos de orientação socialista no que prejudica bastante
cia norte-americana. Outro
Brasil, que queriam se aproximar da União Soviética. Os Estados Unidos não podiam sua população. ponto que pode justificar
permitir que o maior país da América do Sul se tornasse aliado do inimigo; assim, tal alinhamento era a ne-
cessidade, por parte dos
como forma de manter a parceria, ofereciam apoio e treinamento militar.
Estados Unidos, de evitar
O Brasil tinha uma boa relação com os Estados Unidos até meados da década a expansão do socialismo
de 1970, momento em que os governos militares quiseram ter acesso à tecnologia no maior país da América
nuclear. Os estadunidenses não venderam tecnologia, apenas máquinas e equipa- do Sul, por meio do controle
mentos para a Usina Nuclear Angra I. Como os militares desejavam desenvolver a dos partidos socialistas do
tecnologia nuclear, fizeram um acordo com a Alemanha, em 1975, para comprar Brasil existentes na época.
equipamentos para a Usina Nuclear Angra II, tendo, neste caso, acesso à tecnologia. 2. Porque tinham por objetivo
Acervo UH/Folhapress
Muitos autores apontam esse desenvolver a tecnologia
fato como o principal motivo que nuclear no Brasil. Em 1975,
compraram dos alemães
levou os governos militares a rom-
equipamentos necessários
perem com os Estados Unidos. para a construção da usina
Mas o Brasil já tinha dado sinais de nuclear de Angra II e tiveram
que queria liberdade política, de- acesso à tecnologia do pro-
cidindo, por exemplo, retomar as cesso, o que não ocorreu
relações diplomáticas com a China, quando o Brasil comprou
um país socialista, em 1974, e vo- máquinas e equipamentos
tar, em 1975, pelo fim do bloqueio dos Estados Unidos para a
econômico imposto a Cuba. construção de Angra I.
3. O governo brasileiro expres-
sou o desejo de ter liberdade
política em relação ao go-
verno estadunidense, com
a retomada de relações di-
plomáticas com a China so-
Comício de partidos de
cialista (1974) e o voto pelo
orientação socialista, na
fim do bloqueio econômico
Praça da Sé, em São Paulo
(SP), em julho de 1961,
imposto a Cuba (1975).
período anterior à ditadura
militar no Brasil.

Atividades
1. Identifique um aspecto usado para justificar o alinhamento do Brasil com os Esta-
dos Unidos durante a Guerra Fria. Qual sua opinião sobre ele?
2. Por que os governos militares fizeram um acordo com a Alemanha em 1975?
3. Quais ações do Brasil indicavam uma possibilidade de rompimento com os Estados
Unidos durante a Guerra Fria?

O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 35

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 35


Orientações didáticas
Você em ação
A seção Você em ação, apre-
sentada sempre ao final dos
capítulos, busca verificar a
VOCÊ EM ação
apreensão dos conhecimen-
tos pelos alunos.
Pratique 7. Explique por que a expressão “cortina de ferro”
De modo geral, as atividades pode ser associada à Guerra Fria.
trabalham as competências ge- 1. Caracterize a fase do capitalismo comercial e ex-
8. Identifique o que representou a construção do Muro
rais propostas para a área de plique a relação desse período com a Primeira Re-
de Berlim. E sua destruição?
Ciências Humanas pela BNCC. volução Industrial.
9. Identifique as semelhanças e as diferenças entre a
Pratique 2. Analise a relação entre a Segunda Revolução Indus- corrida armamentista e a corrida espacial, ocorridas
1. Dos séculos XVI a XVIII, as trial e o neocolonialismo europeu. durante a Guerra Fria.
potências europeias enri-
queceram com a exploração 3. Identifique quais foram os principais impactos do 10. Analise: Por que a Otan ainda existe nos dias atuais
de colônias no continente neocolonialismo para os povos africanos. e o Pacto de Varsóvia foi extinto?
americano, que forneciam
matérias-primas, comercia- 4. Avalie os impactos da destruição de um território Analise o mapa
lizadas na Europa. Esse pro- em uma situação de guerra, considerando aspectos
econômicos, sociais e ambientais. 11. Observe os mapas da figura 27 “Otan: países-mem-
cesso permitiu o acúmulo de
bros – 2018” e da figura 30 “Pacto de Varsóvia:
capital, o que garantiu a Pri-
5. Caracterize o mundo bipolar em termos de países países-membros – 1955”. Compare-os, considerando
meira Revolução Industrial.
dominantes, seus sistemas econômicos e políticos a situação:
2. Com a Segunda Revolução In-
e as estratégias usadas por cada um para ampliar
dustrial, surgiu a necessida- a) da Polônia;
sua influência pelo mundo.
de de ampliação de mercados b) da Estônia, da Lituânia e da Letônia, e o papel
consumidores e fornecimen- 6. Justifique por que a Guerra Fria pode ser definida estratégico desses países para a Otan e para
to de matéria-prima. Como as como um conflito ideológico. o Pacto de Varsóvia.
potências europeias ainda
não haviam ocupado o con-
tinente africano, iniciou-se
uma corrida em busca do do- Analise o gráfico
mínio de territórios que su-
prissem tais necessidades. 12. Observe o gráfico a seguir. Quais são os contextos geopolíticos mundiais que podem justificar os dados apre-
3. Os povos africanos tiveram sentados?
suas riquezas pilhadas e fo-
ram vítimas da escravidão e Estoque mundial de armas nucleares – 1945-2009
de trabalhos forçados, o que

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


levou à morte de milhões de 40 000
pessoas. Estados Unidos
Nœmero de armas nucleares

4. Além de mortos e feridos, um União Soviética (Rússia


a partir de 1992)
conflito bélico provoca danos 30 000
França, Reino Unido
no ambiente e no patrimônio e China
público e privado, acarretan-
do prejuízos econômicos. 20 000
5. O mundo bipolar foi a or-
dem estabelecida durante a
Guerra Fria entre Estados 10 000
Unidos e União Soviética. A
União Soviética defendia o
sistema socialista; os Es-
0
tados Unidos, o capitalista. 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2009
Ambos buscavam ampliar
sua influência por meio de Fonte: elaborado com base em REKACEWICZ, Philippe. Stock d’armes nucléaires em 2009. Le Monde Diplomatique, 1o jul. 2016. Disponível em:
<www.monde-diplomatique.fr/cartes/stocknucleaire>. Acesso em: out. 2018.
estratégias marcadas, por
exemplo, pelas corridas ar- 36 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo
mamentista e espacial.
6. Porque ela não se caracteri-
zou por guerras diretas em
campos de batalha entre as
superpotências, mas sim 8. O Muro de Berlim foi um ícone do período bipolar, construído pa- 10. O Pacto de Varsóvia continha uma cláusula que restringia a liber-
pela busca de ampliação ra separar Berlim Ocidental (de influência capitalista) da Berlim dade dos países-membros. Além disso, era liderado pela União
das zonas de influência Oriental (de influência socialista). Foi derrubado em 1989, num Soviética, cujos interesses diferiam dos de outros países. Ao fim
dos Estados Unidos e da ato simbólico que representou o fim da Guerra Fria. da Guerra Fria, o Pacto foi desfeito. A Otan tinha uma forma de
União Soviética. 9. Parte da tecnologia desenvolvida durante a corrida espacial foi cooperação mais aberta e, após a Guerra Fria, mudou seu papel
7. Porque foi utilizada para usada na corrida armamentista, gerando setores de produção de e admitiu novos membros, incluindo países que estiveram sob
expressar a divisão entre o armamentos nos dois países. Contudo, na União Soviética, esse a influência soviética.
mundo socialista e o capita- investimento levou à redução de verbas para financiar áreas de
lista durante a Guerra Fria. interesse social.

36 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Analise as imagens
Analise as imagens 13. No pós-guerra houve uma
cisão entre os líderes: Es-
13. A fotografia ao lado foi tirada na Conferência de Yalta, em fevereiro de

PhotoQuest/Getty Images
tados Unidos e Reino Unido
1945. Nessa conferência, Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino
formaram um bloco capita-
Unido, Franklin D. Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, e Josef
lista, liderado pelos Estados
Stalin, presidente da União Soviética, diante da vitória iminente sobre o
Unidos, enquanto a União
Eixo, iniciaram a discussão sobre a ordem internacional no pós-guerra.
Soviética liderou o bloco dos
Escreva uma breve análise da organização do mundo no pós-guerra países socialistas. Essa divi-
com base nos três líderes que aparecem na imagem. são deu origem à ordem bi-
polar (dois polos de poder) e
Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido, Roosevelt, os desentendimentos entre
presidente dos Estados Unidos, e Stalin, presidente da os dois blocos deram origem
União Soviética (sentados, da esquerda para a direita) na
à Guerra Fria.
Conferência de Yalta, na Crimeia, em 1945.
14. A charge retrata a corrida
14. Observe a charge a seguir e escreva um texto relacionando-a ao que foi apresentado no capítulo. espacial que envolveu Es-
tados Unidos e União Sovié-
tica durante a Guerra Fria.
Pat Oliphant © 1984 Pat Oliphant/Dist. by Andrews McMeel Syndication

Os dois países, no intuito de


demonstrar sua superiorida-
de tecnológica, disputavam
a hegemonia da conquista
do espaço. Em 1957, os so-
viéticos enviaram a cachor-
ra Laika ao espaço, a bordo
do foguete Sputnik II. No ano
seguinte, os Estados Unidos
lançaram o Explorer I, o pri-
meiro satélite artificial. Três
anos depois (1961), veio a
resposta soviética, quando
Charge de enviaram o primeiro homem
Pat Oliphant, (Yuri Gagarin) ao espaço, a
1984. bordo da Vostok I. Por sua
15. Observe a charge ao lado. Ela representa um as- vez, em 1969 dois astronau-

Cummings/Daily Express/Express Syndication


pecto importante do período da Guerra Fria. Qual tas estadunidenses – Neil
é a mensagem que ela procura transmitir? Armstrong e Edwin ‘Buzz’
Aldrin – pisaram na Lua pe-
la primeira vez.
Trabalhe em grupo
15. A charge remete à corrida
16. A charge é um desenho que ironiza determinada armamentista que ocorreu
situação real. Em grupo, elaborem uma charge entre Estados Unidos e União
sobre um dos assuntos a seguir: corrida armamen- Soviética durante o período
tista, Guerra Fria, Otan ou Pacto de Varsóvia. da Guerra Fria. As superpo-
tências enfrentavam um di-
a) Revejam o conteúdo do capítulo para poderem
lema: se uma delas usasse
explorar o tema escolhido. Charge de Michael A. Cummings, publicada em 24 de agosto
suas armas atômicas, pro-
b) Façam um esboço da ideia, que pode incluir de 1953, no jornal inglês Daily Express. Nos cartazes
vocaria uma resposta se-
desenhos e balões de fala, por exemplo. pendurados nas bombas, lê-se: “Não usar em nenhum caso
melhante do inimigo, o que
– porque o inimigo pode retaliar”; na legenda, lê-se: “De volta
c) Explorem símbolos que identifiquem o tema para onde tudo começou”.
levaria à destruição total
ou os personagens. do planeta.
d) Adicionem cor ou sombreamento para complementar o simbolismo. Se acharem necessário, criem um título. Trabalhe em grupo
16. É interessante que ao me-
e) Lembrem-se: a charge não pode ser muito óbvia nem difícil de ser analisada. Ela deve estimular o leitor a pensar.
nos quatro grupos sejam
O mundo bipolar da Guerra Fria • Capítulo 1 37 formados, para que todos os
assuntos sugeridos sejam
contemplados. Os alunos
devem discutir o assunto
escolhido para formar uma
Analise o mapa Analise o gr‡fico
opinião antes de expressá-la
11. a) Foi na capital da Polônia, Varsóvia, que, em 1955, surgiu o 12. Verifica-se que, durante a Guerra Fria, principalmente de 1950 a
por meio de um desenho. No
Pacto de Varsóvia, reunindo as forças de defesa dos países 1985, houve intensa expansão do estoque de armas nucleares
momento da apresentação,
socialistas. Após o fim da União Soviética, em 1991, o Pac- devido à corrida armamentista. Depois de 1985, com a União
cabe destacar as diferenças
to de Varsóvia foi desfeito e a Polônia, em 1999, passou a Soviética já em crise, o estoque de armas começou a diminuir.
fazer parte da Otan. e as semelhanças entre as
O fim da Guerra Fria levou à diminuição da produção de armas
representações para verifi-
b) A situação das repúblicas bálticas foi semelhante à da Polô- nucleares e à desativação de muitas das armas existentes.
car quais foram as visões e
nia. Fizeram parte do Pacto de Varsóvia, pois integravam a
União Soviética; com a queda do socialismo, passaram, em interpretações dos grupos.
2004, a fazer parte da Otan.

CAPÍTULO 1 – MANUAL DO PROFESSOR 37


Objetivos do capítulo Capítulo

2
• Analisar o mundo atual
com base nos conceitos
do realismo e o do multi-
lateralismo, bem como da
atuação de organizações
Mundo pós-Guerra Fria
governamentais e não go-
vernamentais no sistema
internacional. • Resposta pessoal. Peça aos
• Destacar o papel dos orga- alunos que listem diferentes
nismos da ONU na mediação
temas que possam gerar
conflito e que devam ser
Para iniciar
das relações internacionais, tratados em grandes
com destaque para o Conse- reuniões internacionais, Com as mudanças no cenário geopolítico das últimas décadas, surgiu um
relativos a várias dimensões:
lho de Segurança, da Corte econômica, política, social e mundo mais dinâmico que o da época da Guerra Fria. Por isso, você verá que
Internacional de Justiça e do ambiental. Promova um
debate sobre os motivos
existem várias formas de explicar as relações entre os países atualmente. As
Conselho Econômico e Social. pelos quais necessitam de organizações multilaterais criadas após a Segunda Guerra Mundial influenciam
um tratamento multilateral.
• Discutir a atuação de gran-
Em seguida, peça à turma os países, mas ainda prevalece o poder de uma superpotência, que divide par-
des corporações econô- que escolha um dos temas te das decisões com nações que ganharam destaque nos últimos anos.
micas internacionais no para realizar uma pesquisa,
cujo resultado pode ser Observe a imagem.
mundo atual, em especial apresentado na forma textual.
o FMI, o Banco Mundial, a

Hector Retamal/Agência France-Presse


OMC e o G20.
• Identificar as principais for-
ças atuantes na configu-
ração do mundo unipolar
e, ao mesmo tempo, multi-
dimensional, bem como os
conflitos e as tensões lo-
cais e regionais resultantes
desse contexto geopolítico
global contemporâneo, co-
mo a questão da Palestina
e os conflitos resultantes
da Primavera Árabe.

BNCC neste capítulo


Habilidades
EF09GE02
EF09GE03
EF09GE05
EF09GE06
EF09GE08
EF09GE14
Líderes participam de votação no Conselho de Segurança da ONU, em Nova York (Estados Unidos), 2018.
EF09GE15
Competências gerais
7 9 Atividade
Competências ¥ Periodicamente, o Conselho de Segurança da ONU se reúne para discutir temas
específicas de Ciências de interesse mundial, como as ameaças à paz. Se você fosse participar de uma
1 2 3 5 6 7 reunião desse Conselho, qual tema gostaria de discutir? Por que ele pode ameaçar
a paz mundial?
Competências
específicas de 38 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo
Geografia
4 6
Temas contemporâneos
• Educação em direitos hu- Orientações didáticas conflito, entre outras. Verifique se os alunos têm conhecimento de
manos algum evento recente com esse intuito. Caso não conheçam, reco-
Para iniciar
• Educação das relações mendamos uma breve pesquisa e socialização das descobertas, de
Comente com os alunos que, além do Conselho de Segurança da modo que a atividade inicial deste capítulo se torne mais significa-
étnico-raciais e ensino de ONU, outras reuniões de chefes de Estado ocorrem com frequência
história e cultura afro-bra- tiva e contextualizada. São exemplos desse tipo de evento a Confe-
para promover discussões e tomadas de decisões sobre grandes rência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
sileira, africana e indígena
questões que se relacionam à comunidade internacional, como Mudança do Clima (COP), o Fórum Econômico Mundial e o Fórum
• Diversidade cultural meio ambiente, combate à fome, reconstrução de países após um Social Mundial, que ocorrem anualmente.

38 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Texto complementar
1 Mundo atual Teoria das relações
Com o fim da Guerra Fria e do mundo bipolar, uma Nova Ordem Mundial teve internacionais no
Antagônico pós-Guerra Fria
início. Dois conceitos são muito usados para explicar o complexo mundo atual: o Diz-se que duas coisas Hoje os especialistas em
realismo e o multilateralismo. Muitas vezes eles são vistos como antagônicos e são antagônicas quando relações internacionais nos
contraditórios, mas, na verdade, são complementares. têm significados ou principais centros de estu-
objetivos opostos. dos dedicam-se à análise da
O realismo se manifesta de forma bastante clara quando os países impõem sua
ordem internacional no pós-
vontade por meio da força militar. Por isso, alguns autores afirmam que vivemos em Contraditório
-Guerra Fria, como atestam a
Dois conceitos são
um mundo unipolar, dado o grande poderio militar dos Estados Unidos (figura 1), observação dos eventos e as
contraditórios quando
uma superpotência capaz de influenciar os demais. Mas eles também apontam no- representam ideias que
publicações da British Inter-
national Studies Association
vos países ativos no debate das questões mundiais. Mesmo sem ameaçarem o po- se opõem.
e da International Studies
derio militar estadunidense, tornam o mundo multidimensional, ou seja, composto Association. O fim da estru-
de diferentes pontos de vista (figura 2), ainda que o dos Estados Unidos tenha certa tura bipolar descongelou o
debate sobre a produção e
predominância. implementação de normas
O multilateralismo se expressa na busca do diálogo entre países, empresas internacionais, assim como
e movimentos sociais para solucionar problemas. Seus críticos dizem que esse sobre o funcionamento das
organizações internacionais.
método é demorado e pouco eficaz. Seus defensores argumentam que é mais O crescimento de uma rede
democrático e permite aumentar a colaboração entre os países. de organizações internacio-
nais e o descongelamento do
Nos últimos anos, alguns países se juntaram em ações multilaterais para tentar A globalização debate sobre suas atuações e
aumentar sua influência no mundo, o que fortalece as organizações internacionais. em xeque eficácia no pós-Guerra Fria
Bernardo de Andrade têm recolocado a discussão
John Moore/Getty Images

Carvalho. São Paulo: em termos de governabili-


Atual, 2000. dade, ou seja, ações inten-
cionais geradoras de uma
O livro explica, de maneira
ordem política.
bastante acessível, os
Figura 1. Base Naval da O conhecimento a respeito
principais aspectos do
Baía de Guantánamo, em mundo globalizado, como de instituições internacio-
Guantánamo (Cuba), 2016. a expansão industrial e nais e formas de ação cole-
Nessa base, que pertence comercial, o fluxo de tiva gerado pela literatura
aos Estados Unidos, está capitais, o mercado sobre regimes e cooperação
localizada a prisão de financeiro, etc. O autor internacional; a recuperação
Guantánamo, em que ficam traz também diferentes de temas idealistas quanto às
visões sobre o tema, funções das organizações in-
prisioneiros supostamente
permitindo que o leitor ternacionais; a incorporação
envolvidos com terrorismo. forme sua própria opinião. de problemáticas desenvolvi-
das pela sociologia e do deba-
VCG/Getty Images

te sobre novas estruturas de


autoridade ou novas formas
de exercício da cidadania têm
contribuído para revigorar a
discussão sobre a relação en-
tre ordem e anarquia no que
se refere ao papel das insti-
tuições internacionais.
Embora o estudo de nor-
mas, regras e procedimen-
tos relacionados a regiões ou
temas específicos não tenha
se tornado periférico, obser-
va-se uma preocupação com
a forma pela qual as institui-
Figura 2. Praça da Paz ções – em particular as or-
Celestial em Beijing (China), ganizações internacionais
2018. Atualmente, China é – podem contribuir para
gerar a ordem política in-
uma forte figura no
ternacional. Nesse sentido,
mundo multidimensional. distinguem-se três perspecti-
vas no estudo das instituições
Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 39 internacionais: a institucio-
nalista, a realista e a constru-
tivista. Devo alertar que esta
classificação permite uma
maior compreensão dos ei-
Orientações didáticas xos do debate, sendo, eviden-
Para aprofundar as reflexões sobre as relações internacionais temente, uma simplificação
da realidade. […]
pós-Guerra Fria, sugere-se a leitura do artigo de Mônica Herz, de
HERZ, Mônica. Teoria das
onde foi extraído o trecho a seguir.
relações internacionais no
pós-Guerra Fria. Dados, Rio de
Janeiro, v. 40, n. 8, 1997.
Disponível em: <www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pi
d=S0011-52581997000200006>.
Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 39


Orientações didáticas
Analise com os alunos as Organizações não
governamentais
2 O sistema internacional
imagens exibidas na página e
leia com eles as legendas das (ONGs) Integram o sistema internacional países e organizações internacionais. Também
Instituições formadas estão presentes as organizações não governamentais e os movimentos sociais,
mesmas. Chame a atenção para
por grupos de pessoas
o fato de que as organizações que se reúnem para além das empresas transnacionais, que buscam influenciar as leis dos países e as
internacionais de maior desta- realizar ações em favor organizações internacionais. Vamos conhecer mais esse conjunto de atores globais.
que têm suas sedes em países de determinadas causas
representantes das potências sociais, entre elas a
proteção da natureza.
Organizações internacionais
econômicas. Essas instituições não Os objetivos das organizações internacionais são discutir problemas que afetam
visam ao lucro e
Ressalte que, como será vis-
sustentam-se por meio os países e buscar soluções para eles (figura 3).
to adiante, o advento dos movi- de doações de Cada organização, por meio de seus países-membros, define um conjunto de
mentos sociais, de certa forma, indivíduos ou empresas.
normas que deve ser seguido por todos. Após ingressar, aquele que não seguir as
visa balancear os interesses Movimento social
dos países pobres diante do Grupo organizado em
regras estabelecidas pode ser punido. As despesas são cobertas por meio de con-
poder consolidado das grandes busca da defesa ou tribuição dos países.
promoção de
potências. determinados objetivos

Bascar/Shutterstock
ou interesses, por meio
do embate político. Eles
Aproveite a oportunidade atuam promovendo
para trabalhar com os alu- manifestações públicas,
abaixo-assinados, Figura 3. Palácio das Nações, em
nos a Sequência didática 2: petições, difusão de Genebra (Suíça), 2018. O edifício é a
Atuação das corporações mensagens na internet sede da ONU na Europa; sua sede
e organismos internacio- e greves, por exemplo. principal fica em Nova York
nais, disponível no mate- Podem abordar a defesa
(Estados Unidos). Genebra abriga
de indígenas, negros e
rial digital. mulheres, a luta por vários organismos internacionais,
terra no meio rural ou como a Organização Mundial da
por moradia no meio Saúde (OMS).
urbano, entre outros.

A Organização das Nações Unidas (ONU)


A Organização das Nações Unidas (ONU) surgiu quando 51 países se reuniram
em São Francisco, nos Estados Unidos, entre abril e junho de 1945, para participar
BBC Brasil –
Internacional da Conferência das Nações Unidas para a Organização Internacional (figura 4). Essa
‹www.bbc.co.uk/ conferência ocorreu antes do fim da Segunda Guerra Mundial e foi financiada
portuguese/topicos/ por Estados Unidos, China, Reino Unido e União Soviética.
internacional› A Declaração das Nações Unidas foi produzida em janeiro de 1942. Naquele
O site traz matérias e
ano, 26 países, incluindo os quatro citados, aderiram à expressão “Nações Unidas”
reportagens sobre os
principais usada pelo presidente dos Estados Unidos à época, Franklin Roosevelt (1882-1945),
acontecimentos ao para se referir aos aliados contra o autoritarismo.
redor do mundo.
A principal missão da ONU é promover a paz e a cooperação entre os países.
A organização promove reuniões anuais para discutir assuntos de interesse geral,
como meio ambiente, fome, direitos humanos,
SPUTNIK/Agência France-Presse

entre outros. Para cumprir os objetivos da ONU,


foram criados quatro fóruns de decisão: a Assem-
bleia Geral, o Conselho de Segurança, a Corte
Internacional de Justiça e o Conselho Econômico
e Social.

Figura 4. Reunião de representantes de 51 países,


em São Francisco (Estados Unidos), em 1945,
quando foi criada a ONU.

40 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

40 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Assembleia Geral Para que os alunos possam
A Assembleia Geral da ONU ocorre anualmente vivenciar a atuação de orga-

Don Emmert/Agência France-Presse


(figura 5). Em 2018, integravam a ONU 193 países, nismos da Organização das
Nações Unidas (ONU), como a
segundo o site da instituição. Esses países podem
Assembleia Geral e o Conselho
enviar representantes, que têm direito de voto e de de Segurança, pode-se propor
manifestação. Não importa o tamanho do país, nem a realização de um exercício de
de sua população, nem a capacidade militar ou eco- simulação diplomática. Diante
nômica; todos têm o mesmo peso e importância. da amplitude e das múltiplas
Cabe à Assembleia discutir temas que envolvem a possibilidades desse tipo de di-
segurança mundial e a paz, a adesão de novos paí- nâmica, sugerimos desenvolvê-
ses, a localização das reuniões temáticas que ela -lo em parceria com os demais
decide apoiar, entre outros assuntos. A Assembleia componentes curriculares, em
especial História, Língua Por-
pode criar grupos de trabalho e comissões especiais
tuguesa e Línguas estrangei-
que trabalham temporariamente a fim de gerar es-
ras (Inglês e/ou Espanhol, por
tudos e pesquisas que auxiliam os países a tomar de- Figura 5. Assembleia Geral da ONU de 2018, em Nova York exemplo).
cisões. (Estados Unidos).
É importante que o tema a
Conselho de Segurança ser pesquisado e discutido,
bem como os países e os de-
Ainda que nos documentos de criação da ONU a Assembleia Geral seja in- ONU Brasil mais agentes, sejam definidos
dicada como o principal fórum de decisão, cabe ao Conselho de Segurança (fi- ‹ www.onu.org.br› coletivamente. Todos os parti-
gura 6) tratar dos assuntos mais importantes. Um dos temas decididos pelo O site brasileiro da ONU cipantes devem conhecer os
Conselho é o envio de tropas das Forças de Paz para atender países em situação traz várias informações procedimentos e as regras a
sobre a organização e serem adotados nos debates.
de conflito em que a população esteja em risco. Também são discutidas as re- notícias do Brasil e do Os documentos a seguir con-
soluções de paz, que resultam de propostas dos países-membros e que são mundo. Acesse a seção
têm orientações e propostas
aceitas pelos países em conflito. Por fim, outra decisão importante que cabe ao “Sobre a ONU” e conheça
de regras para a realização de
mais a história,
Conselho de Segurança é o bloqueio econômico, medida punitiva que proíbe princípios e estrutura simulações diplomáticas.
todo e qualquer tipo de comércio com determinado país. da organização.
As simulações diplomáticas
Para as decisões, o Conselho conta com uma estrutura muito pequena. Ele é possibilitam o desenvolvimen-
formado por apenas 15 países, que se reúnem pelo menos duas vezes por mês, ou Interprete to da CG7, da CG9 e da CECH6,
extraordinariamente, quando surge um problema emergencial. Há cinco membros ¥ Você considera e mobiliza-se também a CEG6.
permanentes, que estão no Conselho desde a sua fundação e têm o poder de ve- adequada a
distribuição de
tar uma decisão: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia (anteriormen- cadeiras no Conselho
te, União Soviética) ou seja, os países que venceram a Segunda Guerra Mundial. Os de Segurança da
membros permanentes devem estar de acordo nas decisões; basta um deles votar ONU?
contra para a decisão não ser aceita. Os Niu Xiaolei/Xinhua/Zuma Press/Fotoarena

demais dez membros são eleitos na As-


sembleia Geral, com mandato de dois
anos. Há um acordo entre o grupo afri-
cano e o asiático para que, alternada-
mente, exista sempre um representante
de um país árabe. Veja a distribuição das
vagas entre os continentes em Enquanto
isso no Brasil, na página 69.

Figura 6. Encontro do Conselho


de Segurança da ONU, em
Nova York (Estados Unidos), 2015.
• É importante estimular a reflexão dos alunos com relação a, pelo menos, dois aspectos: 1) relação entre a distribuição proporcional por
continente e quantidade de cadeiras ocupadas por cada um; 2) discussão de países como Brasil, Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 41
Índia e Alemanha, que querem se tornar membros permanentes do Conselho de Segurança.

GUIA da simulação: regras e funcionamento. Disponível em: <https://ufscsiem.files.wordpress.com/2013/04/guia-si mulac3a7c3a3o-


-oficial1.pdf>. Acesso em: nov. 2018.
Este guia apresenta, de forma didática, as regras e o funcionamento de reuniões diplomáticas de organizações internacionais, ofe-
recendo subsídios para realização de simulações dessas reuniões no ambiente escolar.
REGRAS oficiais – UFJF. Disponível em: <www.ufjf.br/sinu/fi les/2012/11/REGRAS-OFICIAIS1.pdf>. Acessos em: nov. 2018.
Este documento apresenta as regras oficiais para a realização de simulações diplomáticas das Nações Unidas, indicando os direitos
e deveres de todos os participantes e organizadores.

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 41


Orientações didáticas
Para destacar a atuação da Corte Internacional de Justiça
Corte Internacional de Justiça, A Corte Internacional de Justiça foi criada em 1945 e começou a funcionar em
também conhecida como Tribu- 1946. Diferentemente dos outros órgãos, que têm sede em Nova York, nos Estados
nal de Haia, sugere-se a leitu-
Unidos, a Corte se localiza em Haia, nos Países Baixos (figura 7).
ra do artigo a seguir. Se julgar
pertinente, motive os alunos a Formada por 15 juízes, que são eleitos entre os integrantes indicados por seus
pesquisar outros casos em que países, a Corte tem como principal objetivo estabelecer regras jurídicas que podem
a atuação desse tribunal foi de- ser aplicadas nas relações entre os países-membros da ONU.
cisiva em favor da proteção dos Ela também atua para que as decisões de outros órgãos da
direitos humanos. ONU tenham efeito jurídico entre

ock
Dessa forma, será mobili- os países-membros.

y/Shutterst
zada a CECH1 e a habilidade
EF09GE02. nushevsk
Figura 7. Palácio da Paz, sede
da Corte Internacional de Justiça,
em Haia (Países Baixos), 2017.
Roman Ya

Conferência
da ONU
Reunião de chefes de
Conselho Econômico e Social
Estado, ou de seus O Conselho Econômico e Social da ONU (figura 8) também foi criado em 1945
representantes, para
tratar de temas e sempre teve um papel de menor destaque no sistema de decisões. Isso começou
específicos, como a mudar em 2006, quando a Assembleia Geral decidiu que ele deveria promover
meio ambiente, uma reunião anual de ministros para avaliar se as decisões das Conferências da
moradia, crescimento
populacional, entre ONU estavam sendo adotadas. Além disso, foi aprovado nesse mesmo ano que
outros. Esses eventos caberia ao Conselho Econômico e Social promover uma agenda de cooperação
podem ou não gerar para o desenvolvimento. Desde 2005, ficou estabelecido que ele seria composto
convenções
internacionais que de 54 países, eleitos pela Assembleia Geral a cada três anos, segundo critérios
obrigam os países geográficos: 14 da África, 11 da Ásia, 6 da Europa Oriental, 10 da América Latina e
signatários a adotar as do Caribe e 13 da Europa Ocidental.
medidas decididas.
Além desses órgãos, tam-
Picture-Alliance/Agência France-Presse

bém foram criadas a Secretaria


Geral e as Forças de Paz. Ao
A ONU e a paz longo dos anos, outros órgãos
‹ http://unicrio.org.br/ foram surgindo para tratar de
a-onu-em-acao/a-onu- assuntos específicos, como de-
e-a-paz/› senvolvimento, infância e ado-
O site do Centro de lescência e meio ambiente. Leia
Informações das Nações
Unidas Rio de Janeiro a seção Fique por dentro.
(UNIC Rio) traz
informações sobre a
história das intervenções Figura 8. Sessão do Conselho
de paz da ONU. Econômico e Social da ONU, ocorrida
em Nova York (Estados Unidos), 2018.

42 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

Texto complementar
Haia condena Karadzic a 40 anos de prisão por massacre de Srebrenica
Tribunal especial considera que o ex-líder servo-bósnio foi responsável também pelo cerco a Sarajevo
Radovan Karadzic, ex-líder político dos sérvios da Bósnia, foi condenado […] pelo Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iu-
goslávia (TPIAI) a 40 anos de prisão por crimes de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. A sentença conside-
ra que ele foi o mentor político do massacre de 8.000 homens e meninos na cidade bósnia de Srebrenica, em 1995, numa tentativa
deliberada de destruir a população muçulmana da Bósnia como um todo. Ele também foi condenado pelo cerco a Sarajevo, capital
da Bósnia-Herzegovina, onde 12.000 pessoas perderam a vida devido à fome, a doenças e a ataques armados entre 1992 e 96. A sen-

42 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Ao realizar a atividade pro-
Secretaria Geral e Forças de Paz posta com o mapa “Planisfério:
missões de paz da ONU – 2018”,
A Secretaria Geral, com sede em Nova York (Estados Unidos), recebe relatórios de governos e mobiliza-se a CEG4.
comissões da ONU e distribui essas informações aos países-membros. Tem, portanto, a função de
Comente que a ausência
organizar os trabalhos dos países. de missões de paz em certas
As Forças de Paz foram instituídas pela ONU, com forças militares de di- regiões do mundo, como na
Crime de guerra
versos países. No entanto, sua existência pode parecer contraditória. É preci- Ataque contra pessoas
América do Sul, não significa
so ter um exército para alcançar a paz? Muitas vezes, infelizmente, líderes de ou alvos não militares ausência de conflitos e situa-
países cometem crimes de guerra contra a população. Também pode ocor- em tempos de guerra. ções de violência de diferentes
Todo tipo de violência,
rer de um governo ter sido deposto, o que pode gerar a desestruturação das tortura e maus-tratos a
motivações. É possível mencio-
forças armadas e da polícia daquele país, permitindo a ação de criminosos. nar, por exemplo, o narcotráfi-
civis, prisioneiros de
co no Brasil e na Colômbia ou
Nessas situações, entre outras, entram em cena os boinas azuis, como são guerra ou feridos, assim
como danos intencionais a instabilidade política, social e
chamados os soldados da Força de Paz da ONU. Na verdade, eles pertencem a cidades, edificações e econômica na Venezuela.
ao exército de seus países, que colaboram com outros países-membros en- residências, durante a
viando tropas para atuar em missões da ONU. Desde 1948 até março de 2015 guerra, são considerados
crimes de guerra.
foram enviadas 69 missões de paz. Veja no mapa onde atuavam as que estavam
ativas em 2018.

Planisfério: missões de paz da ONU – 2018

Banco de imagens/Arquivo da editora


N
OCEANO GLACIAL ÁRTICO

O L Círculo Polar Ártico


KOSOVO (1999)
CHIPRE (1964)
S
DARFUR SÍRIA (1974)
SAARA (2007)
OCIDENTAL PAQUISTÃO
(1991) (1949)
Trópico de Câncer OCEANO ÍNDIA
ATLÂNTICO (1949)
SUDÃO LÍBANO
(2011) OCEANO
(1978)
HAITI (2004) MALI (2013) PACÍFICO
ISRAEL
Equador (1948 e 1974)

OCEANO SUDÃO OCEANO
Meridiano de Greenwich

PACÍFICO DO SUL
(2011) ÍNDICO
Trópico de Capricórnio REPÚBLICA
CENTRO-AFRICANA
(2014)
REPÚBLICA
DEMOCRÁTICA
DO CONGO
(2010)

Círculo Polar Antártico OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

0 2480 4960 km Limites de país


Fonte: elaborado com base em FORÇAS de Paz da ONU. Where We Operate. Disponível em: <https://peacekeeping.un.org/
en/where-we-operate>. Acesso em: out. 2018.

1. A África, pois diversos países desse continente foram ou são marcados por grande instabilidade política, social
Atividades e econômica. As missões se justificam pela existência de ações de criminosos e, sobretudo, pelo cometimento
de crimes de guerra contra a população.
1. Identifique no mapa qual continente recebe mais missões de paz. Por que essas missões se justificam?
2. Analise as datas de instalação das missões. Crie uma regionalização dos países em função do ano de
chegada das Forças de Paz da ONU. 2. organizar
Esse exercício pode ser realizado em duplas ou trios. Auxilie os alunos a
os dados para a criação do produto cartográfico, que pode ser
elaborado com base em um mapa mudo (mapa que apresenta apenas os
limites dos países, sem seus nomes). Os mapas podem ser expostos em
um varal na sala de aula. Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 43

tença sai 21 anos depois do final da guerra de independência da Bósnia (1992-95), que matou mais de 100.000 indivíduos. Karadzic
recorrerá da condenação.
“Ao matar todos os homens em idade de procriar [em Srebrenica] e comprometer assim o futuro da sua comunidade, fica claro um
plano preconcebido para se desfazer deles”, dizem os juízes na sentença. O réu sabia do ocorrido “pelos relatórios regulares recebi-
dos em tempo real, e era o único que poderia ter evitado a matança, na sua qualidade de presidente da denominada República Sérvia
da Bósnia”. Além disso, o apoio de Karadzic no cerco a Sarajevo foi, segundo os juízes, “decisivo na campanha realizada por franco-
atiradores para semear o terror entre os civis”. Os promotores, que pediam prisão perpétua, esperam que o veredicto contribua para
a reconciliação de bósnios, sérvios e croatas. […]
FERRER, Isabel. Haia condena Karadzic a 40 anos de prisão por massacre de Srebrenica. El País, 25 mar. 2016.
Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2016/03/24/internacional/1458819977_399588.html>. Acesso em: mar. 2018.

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 43


Orientações didáticas
Interprete Críticas à ONU
Para que os alunos com-
preendam melhor o significa- • Avalie qual das Entre as críticas que a ONU recebe, a maior é a de favorecer os Estados Uni-
do do termo “consenso”, que críticas à ONU você
acha mais válida. dos, seu maior financiador. Como a sede principal está em Nova York (Estados
consta do glossário, pode-se Justifique. Unidos), existe muita pressão do governo estadunidense para que seus interesses
desenvolver uma experiência
sejam contemplados nas decisões da organização.
prática. Proponha a eles que dis-
cutam uma situação-problema, Outro ponto muito criticado é a demora na tomada de decisões, que devem
preferencialmente escolhida Consenso ser por consenso, o que exige tempo para que seja elaborado um texto em que
pela turma, relacionada ao pró- Característica de uma todos estejam de acordo. Aqui aparece a terceira crítica. Para serem aceitos por
decisão que não sofreu
prio cotidiano da escola, da rua, países tão distintos e com interesses tão diferentes, os textos das decisões acabam
nenhuma objeção por
do bairro, município ou mesmo parte das pessoas sendo genéricos, o que diminui sua eficácia.
do país. Após a conversa, com envolvidas.
base nos diferentes pontos de
• É importante explorar a
O Fundo Monetário Internacional (FMI)
vista dos alunos, eles deverão
tomar uma decisão por meio de
capacidade de
argumentação dos
Com o objetivo de regular a movimentação financeira no mundo, o Fundo
votação, verificando se houve alunos e estimulá-los a Monetário Internacional (FMI) foi criado, em 1944, na Conferência de Bretton
refletir sobre os três
consenso na resolução apro- argumentos Woods. Leia mais sobre essa conferência na seção Olhar interdisciplinar. Em 2018,
vada pela turma. apresentados no texto. A o FMI contava com 189 países-membros. Sua sede fica em Washington D.C. (Es-
influência estadunidense
No tópico sobre o Fun- na ONU pode ser aferida tados Unidos) (figura 9).
do Monetário Internacional em decisões do
Conselho de Segurança
Monitorar a economia de seus países-membros é uma das funções do FMI,
(FMI), mobiliza-se a habilidade que favoreceram suas que recebe informações e gera anualmente um relatório em que avalia os pontos
EF09GE02. posições. Como exemplo
fortes e fracos da economia de uma nação e os compara com os dos demais in-
de demora nas decisões
pode ser citado o tegrantes. Mas sua maior missão é manter a estabilidade financeira internacional,
controle das emissões
de gases de efeito garantindo que os pagamentos entre bancos e demais empresas financeiras dos
estufa. Como exemplos países possam ocorrer sem dificuldade.
de decisões que não
exigem grandes Quando um dos sócios do fundo necessita de recursos, ele recebe uma visita
compromissos podem
ser citados também os
de técnicos do FMI, que levantam informações sobre a economia do país. Nem
acordos sobre mudanças sempre eles são bem recebidos.
climáticas.
Nesse processo, investiga-se o valor que o país deve, quando deve pagar as
Reserva monetária dívidas e avaliam-se suas reservas monetárias internacionais para, então,
internacional decidir a quantia a emprestar e de que forma isso será feito. Os recursos para o
Total de dinheiro em
empréstimo vêm da contribuição de uma parcela do PIB de cada país-membro,
moeda estrangeira que
entra em um país que forma uma espécie de poupança que pode ser sacada por um país em difi-
menos o total de culdades para honrar seus compromissos financeiros.
dinheiro que sai. Em
geral as reservas são
Yuri Gripas/Reuters/Fotoarena

depositadas fora do país


que as detém como
forma de expressar sua
situação financeira.

Figura 9. Sede
do FMI em
Washington D.C.
(Estados Unidos),
em 2017.

44 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

Texto complementar
A crise financeira e econômica internacional
A crise acabará por funcionar como um catalisador para uma reforma do sistema de regulação econômica internacional, que muitos
já vinham reclamando, desde há algum tempo, visando ajustá-lo à dimensão da nova globalização. A iniciativa que dará lugar à cimeira
internacional convocada pelo Presidente americano, a instâncias da União Europeia (UE), é disso prova. Uma reforma do sistema de
supervisão e coordenação mundial saído de Bretton Woods, e que não acompanhou a expansão e a mudança de natureza da globaliza-
ção, deverá ser o resultado dessa ou de outras iniciativas que lhe sucedam. E daí deverá resultar, por sua vez, a redefinição do papel do
Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, assim como de outras instituições que têm hoje um papel que não é fácil
de compreender, como o Bank for International Settlements (BIS) e a OCDE, aproveitando as experiências e o saber aí acumulados,
mas assegurando-lhes uma maior eficácia, que terá de passar pela outorga de maior autoridade.

44 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar História Olhar interdisciplinar –
História
Conferência de Bretton Woods

Keystone-France/Gamma-Keystone/Getty Images
A seção traz a história da cria-
Muitos autores acreditam que a Conferência Monetária e Financeira das ção da Conferência de Bretton
Woods e mobiliza a habilidade
Nações Unidas, que ficou conhecida como Conferência de Bretton Woods,
EF09GE05, ajudando a com-
de 1944, foi o começo da criação das organizações internacionais. Em Bretton
preender a integração econô-
Woods, em New Hampshire, nos Estados Unidos, 44 países se reuniram para mica entre os países em um
definir o funcionamento da economia do pós-guerra. Foram discutidos, pela mundo de economia globalizada.
primeira vez na história, formas de controlar a circulação do dinheiro no mun- Para ampliar a leitura e a
do e meios de garantir as trocas cambiais entre os países. compreensão sobre a atuação
Nessa reunião foram criados o Fundo Monetário Internacional (FMI), do FMI no atual sistema finan-
responsável por orientar o desenvolvimento econômico dos países integran- ceiro internacional, sugerimos
Assinatura dos acordos de
tes, e o Banco Mundial (a princípio denominado Bird – Banco Internacional a leitura do texto complemen-
Bretton Woods, em New
para Reconstrução e Desenvolvimento), para promover a reconstrução dos Hampshire (Estados
tar abaixo.
países arrasados pela Segunda Guerra. Unidos), 1944.
1. Diante de uma economia globalizada, é importante promover a cooperação internacional sobre assuntos de interesse
Atividades comum, como os relativos à circulação do dinheiro no mundo e à garantia das trocas cambiais entre os países.
1. Justifique a importância de ocorrer reuniões entre países para discutir temas como o funcionamento
da economia mundial.
2. Discuta com os colegas e o professor a seguinte questão: o Brasil ganha ou perde com a regulação
internacional criada pelas organizações internacionais? Após a discussão, elabore um texto com sua
opinião e justificativas

É nesse ponto que surgem os problemas. Para pedir empréstimo ao FMI, os


países devem obedecer a regras muito rígidas, que em geral afetam sua economia.
Uma das exigências é o controle do aumento de preços e maior equilíbrio nas
contas do governo (que deve gastar e investir de acordo com a quantidade de
dinheiro arrecadado por meio de impostos, taxas e multas). Geralmente, essas Crise financeira
medidas provocam diminuição da atividade econômica, já que o Estado investe Período de diminuição
da circulação de dinheiro
menos recursos em obras e em serviços de saúde e educação, por exemplo, o que
em determinado país,
resulta em menos empregos, menos dinheiro circulando pelo país e menor ampa- região do mundo ou até
ro social. Esse quadro dificulta a vida da população mais carente, que em geral tem mesmo global, que
implica uma redução do
acesso a serviços de pouca qualidade, em condições piores do que as anteriores à
consumo e problemas
crise (figura 10). como desemprego e
Dada a série de crises financeiras enfrentadas por muitos países nos últimos redução da renda média
da população.
anos, pode-se dizer que o FMI não é uma organização bem-sucedida.
Eitan Abramovich/Agência France-Presse

2. É possível aprofundar essa


questão com a análise de
Figura 10. Manifestação em textos jornalísticos que
Buenos Aires (Argentina), em explorem a complexidade
da regulação econômica
2018. Protestos contra a internacional, com
presença do FMI são exemplos de situações
em que os interesses
frequentes porque, em geral, brasileiros foram
seus técnicos recomendam favorecidos ou
prejudicados. Ao final da
ações que diminuem a discussão, peça à turma
atividade econômica, que elabore um texto
sintetizando as
gerando desemprego. observações feitas.

Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 45

A principal preocupação que deverá nortear os dirigentes é a de evitar que, de uma eventual falta de instâncias regulatórias internacionais
ou de suficiente coordenação das regulações nacionais, se não passe a um excesso de regulação que acabe por se revelar um empecilho à re-
cuperação do crescimento econômico necessário para satisfazer as necessidades e as aspirações de uma crescente população mundial. O fim
dos off-shores – que não têm qualquer justificação que possa ser tida como razoável […] –, a eventual dificultação dos movimentos de capitais
de grande volatilidade – preocupação que esteve sempre no centro da organização monetária emergente de Bretton Woods –, uma supervi-
são financeira internacional, eventualmente a cargo do FMI ou do BIS, à semelhança do que existe com as situações macroeconômicas e que
é feita ao abrigo do artigo 4o dos estatutos do FMI e uma monitorização mais ativa, dotada de mecanismos sancionatórios, dos principais
desequilíbrios de balança de pagamentos, sobretudo os que têm implicações sistêmicas (mais uma vez preocupação que foi sempre central à
organização saída de Bretton Woods), poderão ser alguns dos aspectos contemplados nessa revisão. […]
BENTO, Vítor; MACHADO, José F.; LEITE, António N. A crise financeira e econômica internacional. Relações Internacionais, Lisboa, n. 21, mar. 2009.
Disponível em: <www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-91992009000100011#_edn1>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 45


Orientações didáticas
Explorar representações Explorar representações
O objetivo desta seção é ex-
plorar a habilidade EF09GE15 ao
permitir que os alunos possam
comparar diferentes regiões do Projeções cartográficas
mundo com base em informa-
ções de fluxos comerciais de pro- Um dos principais desafios da cartografia é representar a esfericidade da Terra em uma superfície plana.
dutos industriais representadas Para isso, foram desenvolvidos sistemas de projeções cartográficas que, por meio de operações matemá-
em mapas com diferentes proje- ticas, transformam linhas latitudinais e longitudinais da superfície terrestre curva em coordenadas planas.
ções cartográficas. Cada sistema de projeção cartográfica prioriza determinado aspecto, como forma, área e distância, de-
Comente com os alunos que pendendo da finalidade do mapa ou da carta. No entanto, todas as projeções cartográficas apresentam al-
há mais exemplos de classifica- guma distorção. Veja abaixo alguns tipos de classificação de projeções.
ção de pro-jeções cartográficas
e, se considerar oportuno, apre- • Projeções cartográficas quanto à superfície de projeção
sente a eles. As projeções cartográficas podem ser classificadas de acordo com a superfície utilizada para representar
Quanto à superfície de proje- a esfericidade da Terra. Observe os exemplos a seguir.
ção, pode-se abordar também a
projeção cônica, na qual a super- Projeção plana ou azimutal Projeção cilíndrica
fície terrestre é expressa como se
estivesse envolvida por um cone
em contato com a representação
esférica da Terra. É utilizada para
representar partes da superfície
terrestre, em geral, situadas em
latitudes intermediárias, como as
da Zona Temperada.
Projeção da superfície terrestre sobre um plano a partir de Projeção da superfície terrestre na qual as coordenadas são
Quanto às propriedades que
um ponto da representação esférica da Terra. É bastante apresentadas no plano como se um cilindro tivesse envolvido
as projeções conservam, pode-se
utilizada na representação de regiões polares e em mapas a representação esférica da Terra. É uma das mais utilizadas
apre-sentar também a projeção nos mapas-múndi.
para navegação marítima e aérea, por exemplo.
equivalente, que não deforma as
áreas na representação em rela-
ção às áreas correspondentes no
• Projeções cartográficas classificadas quanto às propriedades
terreno. Manter essa igualdade As projeções cartográficas também podem ser classificadas de acordo com o tipo de deformação mini-
ocasiona deformação em relação mizada no mapa, por exemplo, a área, os ângulos ou as distâncias. Observe os exemplos a seguir.
à superfície terrestre.
Ambas podem ser visualiza- Projeção conforme Projeção equivalente
Catherine Abud/Arquivo da editora

Catherine Abud/Arquivo da editora

das no link <https://biblioteca.


ibge.gov.br/visualizacao/livros/ Projeção da superfície
liv44152_cap2.pdf>. Acesso em: Projeção da superfície terrestre que mantém
nov. 2018. terrestre que preserva a relação entre as
Se possível, projete imagens os ângulos das distâncias dos pontos
em sala de algumas projeções coordenadas e, representados no
consequentemente, mapa e as distâncias
cartográficas. Dessa forma, os
não distorce a forma correspondentes no
alunos poderão conhecer outros
das áreas. terreno.
sistemas de projeção cartográ- Fontes das representações da página: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 21, 22.
fica, visualizando as diferenças
entre eles. Alguns sites sugeridos
são (ambos em inglês): <https:// Mãos à obra
thetruesize.com> e <www.jason-
davies.com/maps/transition/>.
As etapas a seguir têm o objetivo de permitir que mapas com diferentes projeções cartográficas e que
Acesso em: out. 2018.
retratam o mesmo tema, sejam comparados. Siga as orientações abaixo.
46 Unidade 1 • Mundo contemporâneo

46 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Etapa 1
Atividades
Observe atentamente os mapas de fluxos comerciais de produtos industriais no mundo. 1. As direções das setas para
várias partes do mundo e
Mundo: principais fluxos comerciais de produtos industriais – 2013 a espessura delas revelam
Banco de imagens/Arquivo da editora

que, em especial, Japão


0° OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Esse mapa utiliza a projeção de e Estados Unidos se des-
N
Círculo Polar Ártico Robinson, criada em 1963 pelo tacam tanto como origem
ra
O L Do Japão Pa EUA
os
cartógrafo estadunidense Arthur H. quanto como destino de
Do Japão

D o s EU A
Robinson (1915-2004). Nessa produtos industriais.
S Dos EUA
Para o o projeção, os paralelos são
2. Ambos, Japão e Estados

D
Trópico Ja
Japão pã
de Câncer
E Asiático
o
representados por linhas retas e os
Do S
Do Japão
e SE Asiático Equador meridianos, por linhas curvas. Unidos, são países desen-

OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
Apesar de não manter nem a forma volvidos e altamente indus-
ÍNDICO
Trópico de Capricórnio
os nem a área precisa dos continentes, trializados que produzem e
Principais fluxos comerciais D EU
OCEANO
de produtos industriais
ATLÂNTICO
A
a projeção de Robinson minimiza consomem muitos produ-
Muito intenso
distorções em relação a outras tos industriais.
Meridiano de
Greenwich

Intenso
3. Resposta pessoal. Auxilie
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
Moderado Círculo Polar Antártico
0 3 315 6 630 km
projeções.
Limites de país
os alunos a observar de
que forma as informações
Fonte: elaborado com base em CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas Geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, de intensidade e direção do
2013. p. 186. fluxo comercial de produ-
tos industriais são transmi-
Mundo: principais fluxos comerciais de produtos industriais – 2013 tidas em cada mapa. Vale
Esse mapa utiliza a projeção de destacar que não há uma
Banco de imagens/Arquivo da editora

Do SE Asiático
Trópico de Câncer

Do Japão Bertin, criada em 1953 pelo resposta correta. O objetivo



Dos EUA cartógrafo francês Jacques Bertin é que o aluno seja capaz de
(1918-2010). Nessa projeção, as identificar as particularida-
Do Japão
coordenadas não estão dispostas de
Tró

des das projeções em rela-


pico

forma perpendicular, pois todos os ção ao tema representado.


d
e Ca

meridianos convergem, formando A projeção de Robinson,


ão
pric

curvas, para o polo, representado no


Jap
Eq

apesar de representar al-


ór

uad

Do

Do

centro superior do mapa. Dessa


nio

s E UA
or

guns fluxos interrompidos,


Principais fluxos forma, a projeção de Bertin preserva
comerciais de pode ser apontado como o
produtos industriais com poucas distorções o tamanho
da superfície dos continentes,
melhor para visualizar as
Muito intenso
Intenso porém, deforma os oceanos. informações, pois os alu-
Moderado nos possivelmente tive-
Do

s
EU
A Limites de país ram mais contato com a
Mapa sem escala e orientação. disposição dos continentes
Fonte: elaborado com base em CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas Geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva,
2013. p. 186; SCIENCEPO. Disponível em: <http://cartotheque.sciences-po.fr/media/Planisphere_ que essa projeção apresen-
projection_Bertin_1953_1958-1960/1548/;jsessionid=3E6756B9ACACE40A32F9B16A4C982A1D>. ta. Já a projeção de Bertin,
Acesso em: 16 nov. 2018.
apesar de ser adequada
para representar alguns
Etapa 2 mapas temáticos, como os
Após observar os mapas, é hora de comparar as informações apresentadas nas duas projeções cartográ- que mostram fluxos, pois
fica utilizadas. Converse com seus colegas sobre as diferenças percebidas na disposição das setas em relação possibilitam que estes se-
à posição dos continentes em cada projeção. jam visualizados sem inter-
rupção, é menos utilizada
Atividades e apresenta os continen-
tes de forma menos con-
1. Quais países do mundo se destacam pelo fluxo comercial de produtos industriais? Justifique apontando os vencional.
elementos do mapa que fundamentam sua resposta.
2. O que os países que se destacam têm em comum?
3. Em sua opinião, em qual dos dois mapas é possível visualizar melhor as informações representadas? Por quê?

Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 47

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 47


Orientações didáticas
Após a leitura das críticas O Banco Mundial
feitas ao Bird, que mobiliza a Financiar países em prol de seu desenvolvimento: essa era inicialmente a mis-
habilidade EF09GE02, conver- são do Banco Mundial, criado em 1944. Em 2018, havia 189 países-membros des-
se com os alunos para ajudá-los
sa organização, que reúne várias instituições financeiras (figura 11). Entre elas, a
na análise e na compreensão
mais importante é o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
dessas críticas. Pode-se propor
(Bird), cuja atuação teve destaque no final da

Bob Korn/Alamy/Fotoarena
que sugiram medidas a serem
tomadas especificamente no Segunda Guerra Mundial, quando financiou a
caso brasileiro para que os in- reconstrução dos países europeus.
vestimentos desse banco in- Depois dessa ação, o Bird começou a finan-
ternacional de fato beneficiem ciar outros países. O foco das ações passou a
o desenvolvimento do país. Al- ser o apoio ao desenvolvimento. Porém, surgi-
guns exemplos de questões a ram muitas críticas ao financiamento que for-
serem levantadas são: atenção
necia aos governos, pois ele não se preocupava,
à diversidade do patrimônio na-
tural e cultural brasileiro; o de-
por exemplo, com os impactos ambientais re-
senvolvimento de tecnologias sultantes do modelo de desenvolvimento ado-
que atendam às demandas da tado (figura 12). Também surgiram algumas
nossa realidade; medidas de denúncias de desvios do dinheiro proveniente
combate à corrupção; e uso ina- do Bird.
dequado dos recursos públicos. Figura 11. Sede do Banco Mundial em Washington D.C. (Estados As críticas influenciaram o Bird, que passou
Unidos), 2017. a ser mais exigente em relação à gestão dos
empréstimos, o que dificultou a corrupção, mas não a eliminou. Em relação aos
impactos ambientais, os projetos financiados tiveram de demonstrar como afe-
tariam o ambiente e quais medidas seriam adotadas para evitar danos sociais e
ambientais. Não se pode dizer que as ações financiadas pelo Bird deixaram de
causar impactos ambientais, mas alguma melhoria pôde ser notada.
No entanto, a principal crítica que se costuma fazer ao Bird está no uso de
tecnologia de países ricos. Argumenta-se que os projetos, para serem aprovados,
necessitam empregar tecnologias de países ricos. Ou seja, o Bird só financiaria
projetos que, de algum modo, repassassem dinheiro a países ricos, seus maiores
contribuintes, por meio do pagamento pelo uso dessas tecnologias.

Stephen Ferry/Redux/Latinstock
Banco Mundial
‹www.bancomundial.
org.br›
Na página do Banco
Mundial em português,
é possível obter
informações sobre
investimentos do banco
em vários países,
incluindo o Brasil. Figura 12. Projeto de assentamento financiado pelo Bird em Rondônia, na década de 1980. Esse projeto
resultou em desmatamento e em ameaça à diversidade da fauna e da flora do local.

48 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

48 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
A Organização Mundial do Comércio (OMC) Comente com os alunos que,
além do caso do suco de laranja,
A Organização Mundial do Comércio (OMC) surgiu da alteração do Acordo
o Brasil já teve divergências com
Geral sobre Tarifas e Comércio (AGTC) ou GATT (General Agreement on Tariffs
os Estados Unidos em relação
and Trade), instituído em 1947. Esse acordo visava constituir a Organização Inter- ao comércio de aço e algodão.
nacional do Comércio, um órgão especial da ONU. A principal função seria regu- Esses casos também podem
lamentar a cobrança das taxas de importação e exportação dos países para fa- servir de exemplos de discus-
cilitar o comércio mundial. Entretanto, essa iniciativa não foi implementada e o sões e resoluções do Conselho
GATT deixou de existir em 1995, quando surgiu a Organização Mundial do Co- Geral da Organização Mundial do
mércio (OMC), que tem sede em Genebra, na Suíça. Em 2018, a instituição con- Comércio, que também envolve
tava com 164 países-membros. a habilidade EF09GE02.

Fabrice Coffrini/Agência France-Presse


Todos os anos, ministros dos países-membros da OMC se
reúnem (figura 13) para discutir mecanismos de facilitação do
comércio entre eles. Mas as negociações não são simples. Em
geral, os países mais ricos desejam que os países pobres não
cobrem taxas para a exportação de seus produtos, mas mantêm
taxas para importação de produtos oriundos de países mais
pobres, em especial os artigos agrícolas e extrativistas.
Além disso, a OMC é o foro de discussão de divergências
comerciais entre países-membros. Essas discussões ocorrem no
Conselho Geral. Um exemplo é o caso entre Brasil e Estados
Unidos, iniciado em 2008, no qual o Brasil questionou ações Figura 13. O diplomata brasileiro Roberto
adotadas pelo outro país que restringiam a importação de suco Azevêdo (1957-) preside a OMC desde 2013.
de laranja (figura 14). Depois de três anos de discussões, a OMC
reconheceu que os Estados Unidos não poderiam impor tais regras. Em 2011, os
dois países apresentaram um documento à OMC no qual expressaram estar mu- Foro de discussão
Lugar ou instituição
tuamente satisfeitos com a decisão. apropriados para discutir
Lula Sampaio/Opção Brasil Imagens
determinados temas ou
assuntos.

Figura 14. Indústria de suco de laranja, em Tatuí (SP), 2017. A exportação de suco de laranja foi
afetada pelas restrições de importação do produto brasileiro pelos Estados Unidos, mas em 2011
uma comissão de juízes da OMC deu ganho de causa ao Brasil contra os Estados Unidos, que
adotaram todas as recomendações do organismo multilateral.

Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 49

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 49


Orientações didáticas
ONGs e movimentos sociais

Albert Gonzalez Farran/Agência France-Presse


Como informação adicional,
vale ressaltar que, no Brasil, Organizações internacionais atuam em muitos
diante do distanciamento, em assuntos de interesse geral. Nelas, as Organizações
relação à população, do Estado Não Governamentais (ONGs), os movimentos so-
e das formas tradicionais de re- ciais e os países podem se manifestar. Porém, só os
presentação do povo, como os
países podem votar. Isso não quer dizer que as ONGs
partidos políticos, vêm ganhan-
do força os movimentos sociais e os movimentos sociais não tenham funções impor-
e as ONGs como formas de par- tantes. Na verdade, eles conseguem realizar o que
ticipação e mesmo de represen- os países, em geral, não querem fazer: mobilizar a
tação política. Entretanto, como opinião pública para discutir os problemas.
ocorre em qualquer organização As ONGs são organizações que dependem de
social, esses organismos estão dinheiro de doações de voluntários, de empresas,
sujeitos a desvios de suas fun-
organizações internacionais e de países. Elas funcio-
ções. Este tópico mobiliza a ha-
bilidade EF09GE02. Figura 15. Representantes da ONG Médicos Sem Fronteiras nam muitas vezes de modo complementar aos go-
atendem a população de Bahr al-Ghazal do Norte (Sudão vernos, promovendo ações que eles não conseguem
Atividade complementar do Sul), 2016. fazer ou não são prioritárias (figura 15).
Converse com os alunos para
Os movimentos sociais resultam da organização da sociedade na luta por
identificar os movimentos so-
ciais e as ONGs sobre os quais Contexto amplas mudanças sociais. Suas origens não estão vinculadas à captação financeira
já ouviram falar e que, even- ¥ Você já participou de e sim à conquista de direitos com o Estado, por isso são diferentes das ONGs. Como
tualmente, atuam no município alguma manifestação exemplo, podemos citar o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), movi-
organizada por ONGs
ou na região em que vivem. Em mento composto de trabalhadores urbanos em torno de uma série de reivindicações
ou por movimentos
seguida, organize-os em grupos sociais? Qual era o comuns, sendo a principal delas o direito à moradia. Outro exemplo, é o MST
e cada um deles, ficará respon- assunto envolvido? (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), movimento de ativismo polí-
sável pela pesquisa de um dos Caso você ainda não
tenha participado de
tico que tem como bandeiras principais a realização de uma ampla reforma
movimentos sociais ou ONGs
nenhuma, procure se agrária e a conquista de melhores condições para os pequenos agricultores.
listados.
lembrar de alguma Povos indígenas também estão organizados na escala internacional. Eles se
• Cada um deles deverá pesqui- manifestação e a
sar os seguintes aspectos: causa envolvida. reúnem para discutir assuntos de seu interesse, como seu papel no desenvolvi-
a) Quando foi fundado e mento de novas tecnologias.
com qual objetivo? O movimento feminista é
Diego Nigro/JC Imagem/Folhapress

b) Qual é sua escala de outro que atua em escala na-


atuação: local, regio- cional e internacional. Uma das
nal, nacional ou global? bandeiras das mulheres é re-
c) Quais são as conquis- ceber salários iguais aos dos
tas que já obteve até o homens quando exercem a
momento? mesma função. Na maioria dos
d) Houve alguma denún- países, isso ainda não ocorre,
cia de irregularidade ou por isso a luta é internacional.
crítica à forma de atua-
Mas ela também é nacional,
ção desse movimento
ou ONG? Se houve, qual porque as leis que definem o
foi a situação e seu des- trabalho são diferentes em
dobramento? cada país (figura 16).
e) Como o grupo avalia a Para tratar de assuntos de
atuação da instituição escala internacional, como em-
pesquisada? prego, ambiente e direitos das
f) Se o grupo quisesse mulheres, foi criado o Fórum So-
propor a criação de cial Mundial. Leia a seção Fique
um movimento ou ONG,
Figura 16. Manifestação de mulheres pelos seus direitos, em Recife (PE), 2018. por dentro.
qual seria a motivação • Nos últimos anos, as manifestações populares voltaram a ocorrer no Brasil. Vale comentar com
e a área de atuação? os alunos os episódios de 2013, que mobilizaram a população contra a Copa do Mundo e
50 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo também por melhorias no transporte público. Pode-se pedir que conversem com pessoas
Justifique essa esco- próximas para saber se foram às ruas e se estavam de acordo com as manifestações.
lha e os princípios e as
regras da atuação do
movimento ou da ONG.
Ao final da pesquisa, as
informações podem ser or-
ganizadas em um mural e so-
cializadas com a comunidade
escolar. Mobiliza-se, assim,
a CECH2.

50 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Peça aos alunos que bus-
Fórum Social Mundial quem em jornais, revistas ou na
internet informações sobre o Fó-
Discutir problemas e buscar alternativas para resolvê-los foi a maior razão rum Social Mundial realizado no
pela qual inúmeras ONGs e movimentos sociais organizaram o primeiro Fórum Fórum ano vigente ou no ano anterior.
Social Mundial. O primeiro ocorreu em 2001, em Porto Alegre, e desde então ele Social Mundial Oriente-os a descobrir o tema
acontece com regularidade em outras cidades do mundo, embora a maior parte <https://wsf2018. geral e os subtemas propos-
dos encontros tenha sido na capital do Rio Grande do Sul. org/> tos no Fórum e as iniciativas e
O Fórum Social Mundial tem um Conselho Internacional que organiza as reu- O Fórum Social as ações propostas ao final do
Mundial busca outro
niões com participação de ONGs e movimentos sociais nacionais e internacionais. modelo de
evento, bem como os possíveis
Nos últimos anos, aconteceram vários Fóruns Sociais Regionais. globalização. Em sua
desdobramentos e críticas de
página, é possível outros grupos político-econô-
Entre os temas mais discutidos estão os efeitos que as mudanças no mun-
obter muitas micos a essas iniciativas.
do atual trazem para trabalhadores, mulheres e crianças, incluindo os impactos informações sobre
ambientais. Além disso, as reuniões do Fórum Social Mundial costumam produ- Esse tema contribui para o
eventos e publicações
que defendem esse desenvolvimento da CG9, da
zir muitos documentos e uma declaração, que é enviada aos líderes mundiais e
modelo. CECH1 e da CECH3.
às organizações internacionais que tratam do assunto em questão. Mas nelas
também ocorrem muitas manifestações políticas e culturais, indicando que “um
outro mundo é possível”, o principal lema do Fórum.

Reprodução/<https://wsf2018.org>
Cleber Sandes /Coofi av/Folhapress

Fórum Social Mundial de 2018, realizado em Salvador (BA). Durante o Fórum, muitos eventos ocorrem ao mesmo
tempo para discutir temas sociais.
1. Eventos como o Fórum Social Mundial geralmente mobilizam a opinião pública para a discussão de temas importantes para
a sociedade, como educação, direitos humanos e trabalhistas, meio ambiente, entre muitos outros. Além disso, deles resultam
documentos e declarações que são enviados a lideranças mundiais e organizações internacionais, como forma de contribuição
Atividades – e de pressão – em relação ao tratamento dos temas discutidos. Por fim, destacam-se as manifestações
políticas e culturais que caracterizam tais encontros.
1. Avalie por que um evento como esse pode ser importante. 2. Sugere-se pedir aos alunos que façam um
desenho que simbolize a possibilidade de
2. Para você, o que representa a frase “um outro mundo é possível”? construção de um outro mundo (do ponto de
vista social, econômico, político e/ou ambiental). O material produzido pela turma pode compor um grande painel, intitulado “Um
outro mundo possível”, a ser exposto em uma área comum da escola.
Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 51

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 51


Orientaç›es didáticas
Oriente os alunos na leitura 3 O mundo unipolar e multidimensional
do mapa da figura 17, elabora-
do em projeção azimutal plana, Na Guerra Fria, dois países dominavam o mundo. Com o término da União
com o polo norte ao centro. Nes- Soviética, em 1991, apenas uma superpotência militar se manteve. Porém, outros
se mapa, o ponto mais ao norte países, como China, Índia e Rússia, passaram a se destacar no contexto das rela-
se encontra no centro, ou seja, ções internacionais no século XXI, criando uma ordem multidimensional (figura
todas as demais áreas repre-
17). Algumas potências passaram a influenciar as decisões mundiais, embora em
sentadas estão ao sul do ponto
central. Há, ainda, a distorção menor escala se comparadas à superpotência estadunidense. No jogo de forças
de forma e área, que aumenta à das relações internacionais, há ainda as potências regionais, dominantes em suas
medida que as áreas represen- respectivas regiões.
tadas se afastam do ponto de Atualmente, o número de países que influenciam as decisões mundiais é bem
tangência da projeção, o ponto maior. Isso produz um intenso movimento na geografia política contemporânea
central do mapa. em escala internacional, porque, ao aumentar os interessados pelo poder, crescem
Essa projeção cartográfica também as disputas mundiais.
serviu de base para a elabora- Para alguns estudiosos, a ordem que se estabelece no mundo atual é mul-
ção do emblema da ONU, que tidimensional e unipolar: as potências mundiais e regionais (figura 17) buscam
pode ser visto na atividade da
participar e atuar nas decisões, isto é, um número maior de países influencia o
página 71. Dessa forma, contri-
bui-se para o desenvolvimento
cenário mundial, mas permanece a ampla vantagem militar dos Estados Unidos,
da CEG4. conquistada e mantida desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Enquanto as
potências regionais se ocupam em influenciar política e economicamente uma
quantidade cada vez maior de países, essa superpotência mantém liderança
isolada no campo militar.

Figura 17. O mundo multidimensional – 2017

Banco de imagens/Arquivo da editora


180°

Tr
óp
ico
HAVAÍ de
90 (EUA) Ca
°O OCEANO

pr
ic
PACÍFICO

ór

ni
Eq

o
u

ad
o r
Tr
óp

ic
o
ESTADOS

de

UNIDOS

nc
er
C
JAPÃO

írc
OCEANO

ulo
GLACIAL
Polar Ártic
ÁRTICO

BRASIL
CHINA
o

RÚSSIA

ALEMANHA
FRANÇA
Fontes: elaborado com base em ÍNDIA
MEAD, Walter R.; KEELEY, Sean. IRÃ
The Eight Great Powers of 2017.
Hudson Institute, 24 jan. 2017. OCEANO
Disponível em: <www.hudson. ATLÂNTICO 90
°L
org/research/13270-the-eight-
OCEANO
great-powers-of-2017>. Acesso ÍNDICO
ich
nw

em: nov. 2018; RAMOS,


ree

Leonardo. Potências médias


eG

emergentes e reforma da Superpotência


od

arquitetura financeira mundial?


ian

Potência mundial
ÁFRICA
rid

Uma análise do BRICS no G20.


Potência regional
Me

Revista de Sociologia e Pol’tica, DO SUL


Curitiba, v. 22, n. 50, abr./jun. 2014. Limites de país
Mapa sem escala e orientação. 0°

52 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

52 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações did‡ticas
A superpotência no cenário atual Atentado terrorista Realize com os alunos a leitura
Ataque violento a do mapa da figura 18. É importan-
Ao observar e analisar os dados estatísticos relativos à economia dos Estados
pessoas ou a locais te destacar que se trata de uma
Unidos, entende-se por que esse país ocupa posição de destaque no mundo há importantes para um
visão do ponto de vista militar,
décadas. Com os atentados terroristas ocorridos no país em 11 de setembro de governo ou a população
de uma nação, com o concretizada pela presença de
2001, promovidos pela Al Qaeda, alguns estudiosos afirmaram que o país passa-
objetivo de provocar tropas, bases aéreas, navais e ter-
ria por um período de decadência. Até então, seu território havia sofrido poucas terror e, dessa forma, restres, entre outros elementos.
ações de grupos terroristas, as quais não haviam causado muitas mortes. causar medo a um
Além da presença militar, é
grande número de
A retaliação estadunidense veio logo em seguida aos atentados, quando o pessoas. preciso considerar que essa
governo do então presidente George W. Bush (1946-) promoveu o ataque e a superpotência se faz presente
ocupação do Afeganistão, em 2001. Al Qaeda em escala global por meio do co-
Organização de radicais
Mesmo com as graves crises econômica e financeira de 2008 e 2011, que islâmicos, liderada pelo
mércio, das decisões políticas
contribuíram para o aumento do desemprego e a diminuição das atividades eco- saudista Osama Bin e de sua influência mundial. É
Laden (1957-2011), que o que ocorre, por exemplo, na
nômicas, os Estados Unidos mantiveram-se como o país com maior Produto In-
foi responsabilizada por América do Sul, ainda que não
terno Bruto (PIB) do mundo. Apesar de atravessar momentos difíceis nesse perí- uma série de ações se verifique, no mapa, a presen-
odo, o mercado de consumo do país ainda é enorme quando comparado ao de consideradas terroristas.
ça efetiva dos Estados Unidos
Entre as ações
tantos outros, e seu potencial de vendas para empresas de vários ramos industriais nos países que compõem es-
comandadas pela
e de serviços mundiais ainda é significativo. organização estão os sa região. Este tópico mobili-
Outro aspecto que justifica a liderança mundial dos Estados Unidos é que em atentados de 2001 za a CECH7.
contra os Estados
suas empresas e universidades são desenvolvidas grande parte das inovações tec- Unidos. A organização
nológicas presentes em produtos como computadores, celulares, aviões e satélites. também foi acusada de
No campo militar, os Estados Unidos ainda se destacam. Segundo dados do se envolver em outras
ações, como o ataque a
The International Institute for Strategic Studies, em 2014, havia cerca de 1,4 milhão um navio dos Estados
de soldados em suas Forças Armadas. Além disso, o país possuía mais aviões, Unidos no Iêmen, em
navios e carros de combate que qualquer outra nação. 2000, e as explosões
que ocorreram no metrô
As tropas dos Estados de Londres, em 2005.
Figura 18. Estados Unidos: visão de mundo – 2013
Unidos estão distribuídas

Banco de imagens/Arquivo da editora


pelo mundo e prontas para
180º
defender os interesses do Palmyra

país, outra característica da Pago Pago


(Samoa Americana)
superpotência. A presença
Oahu
Pearl Harbor OCEANO
PACÍFICO
dessas tropas é resultado 0º Goa
de acordos militares com San Diego Midway
países localizados em pon- MÉXICO Seattle
Dakota
do Norte Yakosuka

tos estratégicos do mundo


Canal do Denver ALASCA COREIA JAPÃO
Panamá ESTADOS DO NORTE
(EUA)
UNIDOS CANADÁ (considerada
(figura 18). St. Louis
na

OCEANO inimiga)
COREIA M
hi

GLACIAL ar a C FILIPINAS
Norfolk ÁRTICO DO SUL d

Guantánamo TAIWAN
RÚSSIA
Is.
Estreito da
Flórida CHINA Spratly
(potencial rival) CINGAPURA
Equa

Tró

TAILÂNDIA
p
do r

ico

Estreito de OCEANO
Estados Unidos e Base ativa
de

Málaca
ÍNDIA

países aliados ce ÍNDICO


Base avançada com
n

OCEANO r AFEGANISTÃO
Presença de tropas aviões de combate BAHREIN
ATLÂNTICO Gaète Estreito de
IRAQUE Ormuz Diego Garcia
Comandos unificados Apoio naval
(transporte, formação Canal

e forças especiais) ta-aviões


Porta-aviões de Suez
Estreito Bad el Mandeb
óp
Tr

rajeto dos aviões


Trajeto ic
Transferência de tropas o
de
Ca
Áreas marinhas
Gree no de

Exército pr
icó
h

estratégicas vigiadas
nwic

rni
o
dia

Bases navais pela Marinha


Meri

Mariners ares de possíveis ações


Lugares
Base inativa Limites de país 0º

Mapa sem escala e orientação. Fonte: elaborado com base em TÉTART, Frank (Org.). Grand atlas 2014: comprendre le monde en 200 cartes.
Paris: Autrement, 2013. p. 12-13.

Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 53

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 53


Orientações didáticas
Sugere-se a leitura do tex- Novos grupos de países
to complementar a seguir, que
Com o novo quadro de poder internacional, os países que passaram a ter mais
trata de ações do G20 diante de
destaque no mundo se reuniram em grupos, com a intenção de demonstrar força
medidas protecionistas adota-
das no comércio internacional. política como potências consolidadas.

G20 financeiro e comercial


A sigla G20 identifica dois grupos. O primeiro (G20 financeiro) reúne os países
mais ricos e os que estão aumentando sua influência no mundo, desde 1999
União Europeia (figura 19). Em 2018, era composto de 19 países mais a União Europeia. Trata-se
Bloco de 28 países de uma ampliação do antigo G8, que tinha apenas representantes dos oito países
europeus que adotaram
mais ricos do mundo. O maior foco das ações do G20 financeiro é na área eco-
uma política econômica
comum e facilitaram o nômica e financeira, por isso os representantes dos países são os ministros finan-
trânsito de pessoas e ceiros e os presidentes dos Bancos Centrais, que controlam a quantidade de di-
mercadorias entre eles.
nheiro que circula em cada país.

Figura 19. Planisfério: G20 financeiro – 2018

Banco de imagens/Arquivo da editora


N OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Círculo Polar Ártico

O L

Trópico de Câncer
OCEANO
OCEANO OCEANO
ATLÂNTICO
PACÍFICO PACÍFICO
Equador

Meridiano de Greenwich
OCEANO
ÍNDICO
Trópico de Capricórnio

Países integrantes do G20 financeiro


Países da União Europeia que não
são membros do G20
Fonte: elaborado com base em Limites de país
Círculo Polar Antártico OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
G20. Disponível em: <https://g20.
0 3 540 7 080 km
org/es/g20/quienes-integran>.

Acesso em: out. 2018.

O outro grupo, G20 comercial (figura 20), foi criado em 2003 e atua com
destaque na OMC em assuntos relacionados à agricultura. Em 2018, era compos-
to de 23 países. O grupo critica os países mais ricos do mundo e sua principal meta
é combater medidas que protegem os agricultores desses países e dificultam a
compra de produtos agrícolas de países pobres.

Figura 20. Planisfério: G20 comercial – 2018

Banco de imagens/Arquivo da editora


N OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Círculo Polar Ártico

O L

Trópico de Câncer
OCEANO
OCEANO OCEANO
ATLÂNTICO
PACÍFICO PACÍFICO
Equador

Meridiano de Greenwich

OCEANO
Fonte: elaborado com base em Trópico de Capricórnio
ÍNDICO
BRASIL. Ministério das Relações
Exteriores. Disponível em:
Países integrantes do G20 comercial
<www.itamaraty.gov.br/pt-BR/
politica-externa/diplomacia- Limites de país
economica-comercial-e- OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
Círculo Polar Antártico
financeira/15586-brasil- 0 3 540 7 080 km
g20&hl=pt-BR>. Acesso em: 0°
out. 2018.

54 Unidade 1 • Mundo contemporâneo

Texto complementar
Empresários do G-20 divulgam manifesto contra adoção de barreiras comerciais
Em resposta à guerra comercial desencadeada pelos Estados Unidos e ao aumento do protecionismo no mundo, representantes de en-
tidades empresariais de países do G-20 divulgarão […] um manifesto em que pedem que os líderes do grupo se comprometam a man-
ter mercados abertos e a não impor novas barreiras protecionistas, reforcem o funcionamento da Organização Mundial do Comércio
(OMC) e tomem medidas contra a concorrência desleal e os subsídios industriais, entre outros pontos.

54 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Figura 21. Partilha da Palestina
4 Tensões mundiais pela ONU – 1948 Com base no mapa da figura
21, chame a atenção dos alunos

Banco de imagens/Arquivo da editora


Israel e Palestina: um longo conflito Estado judeu (Israel)
Estado árabe (Palestina)
para a localização geográfica de
Um dos aspectos que chamam a atenção no Oriente Médio é a Zona internacional
Israel numa região com predo-
LÍBANO
mínio de Estados-nações que,
diversidade cultural e religiosa. Nessa região surgiram três importantes Cidade
Limites de país assim como nos territórios ocu-
religiões monoteístas, isto é, que cultuam e adoram um único deus: o
pados da Cisjordânia e da Faixa
judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Jerusalém, cidade considerada SÍRIA
de Gaza, são formados por po-
sagrada para essas três religiões, está localizada nessa área. Lago
pulações árabes e de maioria
Tiberíades
Os registros históricos mostram que, no passado, o povo judeu islâmica, como Egito, Arábia
ocupou as terras que hoje pertencem a Israel, mas teve de abandoná-

o r d ão
Saudita, Jordânia e Síria. Esse
-las seguidas vezes, em virtude de perseguições, o que permitiu aos

J
é também um motivo de tensão

Rio
Mar
povos islâmicos que se instalassem no mesmo território. Mediterrâneo Jerusalém na geopolítica regional. Este
Em 1897, Theodor Herzl (1860-1904), jornalista judeu de origem tópico mobiliza as habilidades
PALESTINA
austro-húngara, organizou um evento em Basileia, na Suíça, para dis- Mar
Morto EF09GE03 e EF09GE06.
cutir a retomada da Palestina pelos judeus. Esse movimento político,
conhecido como sionismo, defende que os judeus têm direito a viver ISRAEL

em um país do Oriente Médio. EGITO


O sionismo difundiu-se rapidamente e já no início do século XX alguns (parte asiática) TRANSJORDÂNIA

judeus retornaram para a Palestina com o objetivo de se estabelecer. Na 30° N


N

Segunda Guerra Mundial, milhões de judeus foram mortos pelos nazistas O L

e alguns estudiosos afirmam que, por causa disso, a ONU decidiu criar o Península
S
do Sinai
Estado de Israel nas terras que pertenciam à Palestina, para ser dividida

ba
Áca
0 60 120 km
em dois países (figura 21) e ainda uma área internacional: Jerusalém e Belém.

de
Golfo
Essa decisão foi imposta à população palestina. Desse modo, em 1948, foi 34° L
ARÁBIA SAUDITA

criado o Estado de Israel. A partir daí, a Palestina, de maioria árabe, iniciou Fonte: elaborado com base em FERREIRA,
Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço
uma resistência a essa decisão e, em alguns momentos, contou com apoio mundial. São Paulo: Moderna, 2013. p. 103.
de países da região. Teve início a guerra entre Israel e Palestina.
Figura 22. Israel e territórios
Em 1948, depois de um mês de conflito, chegou-se a um acordo para ocupados – 1967
cessar os ataques, mas ele foi rompido pelo Egito, uma das principais

Banco de imagens/Arquivo da editora


LÍBANO
lideranças do lado árabe, que voltou a atacar Israel. Desde então, a po- SÍRIA
Colinas
pulação dessa área do Oriente Médio não conseguiu mais estabelecer Lago de Golã
Tiberíades
uma paz duradoura.

J ordão
Mar

Rio
N
Mediterrâneo

Guerra dos Seis Dias (1967) O L


Jerusalém
Cisjordânia

Em 1967, a situação voltou a se agravar. O presidente do Egito, Coronel S


Faixa de Gaza Mar
Morto

Gamal Abdel Nasser, reocupou o Sinai e passou a controlar o Golfo de Canal


de Suez
ISRAEL

Ácaba, por onde navios petroleiros abasteciam Israel pelo Porto de Eilat. A EGITO
JORDÂNIA
reação israelense não demorou. Teve início então a Guerra dos Seis Dias, (parte asiática)
30° N
conflito marcado pela ação rápida e fulminante de Israel, com o apoio dos Península
Estados Unidos (figura 22). do Sinai
a

Nessa guerra, as tropas israelenses voltaram a controlar mais uma vez


Ácab

ARÁBIA
o Sinai e o Canal de Suez, além de conquistar as Colinas de Golã – o que
o de

SAUDITA
M
ar

garantia o abastecimento de água do Mar da Galileia (que é um lago de


Golf
Ve
r
m

EGITO
água doce) e do Rio Jordão (o principal do país) –, a
el

0 88 176 km
ho

34° L
Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém. Mais uma Cessar-fogo
Israel 1949-1967
Acordo entre duas
vez houve a mediação das superpotências, que im- Ocupação militar israelense
nações ou alianças que (Guerra dos Seis Dias, jun. 1967)
puseram um cessar-fogo aos países em confron- estão em guerra, com o Capital de país
to. A intenção era de que o conflito não se prolon- objetivo de suspender Limites de país

gasse por muito tempo, o que desgastaria as temporariamente o Fonte: elaborado com base em FERREIRA,
conflito armado. Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço
relações das superpotências com seus aliados locais. mundial. São Paulo: Moderna, 2013. p. 103.

Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 55

“Apelamos aos líderes do G-20 no sentido de que assumam a sua responsabilidade e garantam as bases necessárias para a cooperação
multilateral”, afirma o documento […].
[…] O Brasil é representado no grupo pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Assinam o documento, ainda, entidades dos
Estados Unidos, Canadá, Alemanha e União Europeia. […]
RODRIGUES, Lorenna; COSTA, Gabriel B. da. Empresários do G-20 divulgam manifesto contra adoção de barreiras comerciais.
Estad‹o, 18 jul. 2018. Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,
empresarios-do-g20-divulgam-manifesto-contra-adocao-de-barreira-comerciais,70002406831>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 55


Orientaç›es didáticas
Destaque a disputa pela pe- Guerra do Yom Kippur (1973)
nínsula do Sinai, que dá acesso Poucos anos depois, veio a resposta dos países árabes. Em 1973, o Egito, sob o
ao Canal de Suez, importan- comando do presidente Anuar Sadat (1918-1981), em ação coordenada com a Síria,
te elo de ligação comercial en- atacou Israel no dia do perdão judeu. O conflito foi chamado de Guerra do Yom
tre o Oriente e o Ocidente, e as Kippur. A intenção foi surpreender os judeus, que guardavam seu feriado religioso,
Colinas de Golã, nas quais se
em duas frentes: nas Colinas de Golã e no Canal de Suez.
encontram as nascentes do
rio Jordão, a principal fonte de Egito e Síria não contavam com a reação vigorosa das forças armadas israelen-
água potável na região. ses. Em pouco tempo, a força aérea de Israel chegou a Damasco, capital da Síria, e
atacou áreas produtoras de petróleo. Como resultado, pouco depois, foi assinado
um cessar-fogo, mais uma vez mediado pelas duas superpotências da Guerra Fria.

Novos atores no conflito


A resistência contra a presença israelense surgiu em vários países vizinhos. No
interior da Palestina, foi criada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP),
em 1964. O líder desse movimento era Yasser Arafat (1929-2004), que se tornou
um agente importante no processo de busca de paz com Israel.
OLP
A OLP passou a representar os interesses do povo palestino, que era a recon-
quista de seu território e de Jerusalém. Mas isso não significa que a organização
buscou apenas entendimentos com Israel; a OLP foi responsável por diversas ações
contra Israel. Com o passar dos anos, a OLP dividiu-se em duas facções: a dos
grupos armados e a dos grupos que buscavam reconquistar seu território por meio
da negociação.
Em 1987, ocorreu a Intifada, uma mobilização da população civil, sem o uso
de armas (porém, houve manifestação com pedras contra os soldados israelenses),
pela retomada das terras palestinas. A reação do governo de Israel foi violenta, o
que resultou em muitas mortes de palestinos. Esse fato alterou a opinião pública
internacional, que passou a considerar com mais atenção as reivindicações da OLP.
Pesquisadores afirmam que esse momento marcou intensamente as negociações
entre a OLP e Israel (figura 23).

Esaias Baitel/Agência France-Presse


Figura 23. Árabes
protestam em Israel,
durante a Intifada, em
solidariedade aos
palestinos da Faixa de
Gaza, em 1987.

56 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

56 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es did‡ticas
Os Acordos de Oslo e a radicalização entre as partes
Comente com a turma que,
Em 1993, uma série de acordos de paz foi assinada por governos de ambas as apesar da tentativa de mediação
partes – os Acordos de Oslo (figura 24). De maneira geral, eles previam o reconhe- dos Estados Unidos para viabi-
cimento do território palestino, acordado em 1948 na criação de Israel, e a forma- lizar a assinatura dos Acordos
ção da Autoridade Nacional Palestina (ANP), que passou a negociar em nome das de Oslo, em 1993, eles fracas-
causas palestinas e ganhou importância em relação à OLP. saram, evidenciando a comple-
xidade do conflito e, ao mesmo
tempo, as dificuldades enfrenta-
J. David Ake/Agência France-Presse

das e os múltiplos interesses no


campo da diplomacia por parte
da maior potência militar mun-
dial, os Estados Unidos.
Procure fazer um contra-
ponto com o mapa da figura
18 “Estados Unidos: visão de
mundo–2013”, questionando
Figura 24. O presidente a capacidade de resolução de
dos Estados Unidos, Bill conflitos por meio do poderio
Clinton (no centro, à militar.
esquerda), dirige acordo de
paz entre palestinos –
representados pelo
presidente da OLP, Yasser
Arafat (no centro, à direita)
– e israelenses –
representados pelo
primeiro-ministro, Yitzhak
Rabin (sentado) – em
Washington D.C. (Estados
Unidos), 1993.

Infelizmente, as facções radicais tanto de Israel como da Palestina não ficaram


satisfeitas com o acordo. Do lado palestino, o Hamas (Movimento de Resistência
Islâmica), grupo palestino surgido em 1987 que defende o fim de Israel, criticou o
acordo negociado por Arafat. Do lado israelense, um manifestante assassinou o
Revolução Islâmica
primeiro-ministro Yitzhak Rabin (1922-1995), por não concordar com a devolução
Em 1979, o Irã passou
das terras aos palestinos, que haviam sido conquistadas nos conflitos anteriores. por um processo
No Líbano, surgiu outro grupo radical islâmico: o Hezbollah (Partido de Deus), revolucionário.
Comandado pelo
criado em 1982, que também defende a luta armada contra Israel. Ele se inspirou Aiatolá Khomeini
no modelo da Revolução Islâmica, que ocorreu no Irã, em 1979. (1902-1989) (aiatolá é o
Em 2000, houve uma nova Intifada. Dessa vez, porém, os atos entre as duas principal líder religioso
muçulmano xiita), o
partes foram mais violentos, resultando em mais de mil mortes. Esse novo episó- governo do Xá Reza
dio mostrou que a paz tinha um longo caminho para ser alcançada. Pahlevi (1919-1980)
(xá é um título que
Dificuldades para selar a paz corresponde ao de rei)
foi deposto. O país
Um novo acordo de paz entre Israel e a ANP foi assinado em 2003, com a
deixou de ser uma
mediação dos Estados Unidos, da União Europeia, da ONU e da Rússia. Chamado monarquia pró-
de Mapa da Estrada, ele previa a criação do Estado palestino em 2005, mas não -Ocidente para se
tornar uma república
tratou de pontos centrais que há muito tempo dividem Israel e a ANP.
islâmica, com os
Os principais pontos de discórdia são: o destino de refugiados palestinos, a líderes religiosos
situação de Jerusalém, o acesso à água de qualidade e a instalação de novas co- voltando a influenciar
nas decisões.
lônias de judeus em território palestino.
Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 57

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 57


Orientações didáticas
Destino dos refugiados
A fim de contribuir para a
percepção dos alunos sobre Do mesmo modo que cerca de 2,5 milhões de judeus migraram para Israel, a
os refugiados palestinos, vale guerra do ano 2000 fez com que cerca de 5 milhões de palestinos abandonassem
fazer uma aproximação com a • Procure explorar os
relatos dos alunos, que
suas terras e partissem para países vizinhos, de acordo com dados da Agência das
realidade brasileira abordando a podem ser sobre Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo. O
questão dos refugiados, de vá- episódios de longa
destino principal foi a Jordânia, com cerca de 2,7 milhões de palestinos, seguida
duração ou falta de
rias nacionalidades, residentes água por períodos da Síria e do Líbano, com pouco mais de 400 mil cada. Em Israel vivem cerca de
no Brasil. curtos. É importante
considerar a diversidade 1,2 milhão de palestinos, entre os quais há cristãos que vivem no norte.
Verifique quais informações e de situações e Um dos pontos de mais difícil negociação é como acomodar os refugiados.
pontos de vista os alunos apre- problematizar o acesso
sentam em relação à presença desigual à água no Repatriá-los significaria dividir ainda mais as terras da ANP, mas também reconhe-
de refugiados e às ações do go-
mundo.
cer um país mais populoso que Israel. Afinal, Israel tinha cerca de 8,1 milhões de
verno brasileiro diante dessa Contexto habitantes em 2014, de acordo com o Banco Mundial, e a Palestina algo em torno
questão. Se necessário, moti- ¥ Você já passou de 9,5 milhões de habitantes, dos quais 4,5 milhões viviam em território palestino,
ve a pesquisa e a atualização alguma dificuldade de acordo com o Palestinian Central Bureau of Statistics.
das informações sobre o tema. para ter acesso à
Dessa forma, contribui-se para água? Você sabe se Jerusalém
algum conhecido já
o desenvolvimento da CECH5. passou por isso? Se Outro ponto de discórdia no conflito árabe-israelense é Jerusalém (figura 25),
sim, quando cidade de múltiplas raízes culturais e religiosas. Com tamanha tradição e impor-
ocorreu? Como foi
tância, a gestão de Jerusalém é bem difícil. Seria preciso que uma tradição não
solucionada?
fosse imposta às outras.
Do ponto de vista religioso, elas con-
Mohammed Salem/Reuters/Fotoarena

vivem muito bem há séculos, mas, poli-


ticamente, existe o temor de que um
grupo mais radical queira impedir o outro
de manifestar sua fé religiosa. Além dis-
so, tanto Israel como a ANP a apontam
como sua capital, o que traria dificulda-
des relacionadas à segurança dos chefes
de Estado, já que a área ainda é confli-
tuosa, com a presença de radicais dos
dois lados.

Figura 25. Conflito entre palestinos


e judeus em Jerusalém (Israel), 2018.

Acesso à água
Amir Cohen/Reuters/Fotoarena

Acesso à água também gera discór-


dias entre Israel e Palestina, que estão
em uma das zonas mais áridas do mun-
do. Apesar da baixa pluviosidade, Israel
conseguiu desenvolver técnicas de irri-
gação eficientes, que permitem produzir
alimento e abastecer o país (figura 26).
O mesmo não se pode dizer da Palestina.

Figura 26. Agricultura irrigada


em Israel, 2017.

58 Unidade 1 • Mundo contemporâneo

58 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
As raras fontes hídricas são monitoradas pelo Estado de Israel, que Figura 27. Israel e ANP: relevo, Peça aos alunos que obser-
controla até mesmo ações de palestinos nas fontes em seu território. aquíferos e controle vem o mapa da figura 27, que
Estima-se que a divisão das águas tenha ficado, assim, com um terço da água – 2013
apresenta como ocorre o contro-
para os palestinos e dois terços para os israelenses. Além disso, os

Banco de imagens/Arquivo da editora


25° L

Rio Jordão
LÍBANO le da água na região. Ele possibi-
palestinos são impedidos de construir cisternas para acondicionar a Golã
Lago lita a mobilização da habilidade
água das chuvas, que poderia ser usada em períodos de seca. Caso a EF09GE14.
Tiberíades
Haifa –212 ma SÍRIA
Nazaré Ri
criação de cisternas fosse aceita, parte importante das águas das

oY
a r m uk
Se julgar pertinente, pode-

Rio J ordão
chuvas não chegaria aos rios que correm em território israelense, que Mar

Canal do Ghor
Mediterrâneo Nablus -se ampliar as reflexões sobre
obteria menos água ao final. Telavive Jericó o conflito entre Israel e Pales-
Cisjordânia ga
O controle do acesso à água ocorre principalmente na Cisjordânia, tina. Apresente aos alunos as

Zar
Jerusalém

o
onde há um aquífero (figura 27), em especial nos polêmicos assenta- razões que levaram à constru-

Ri
Gaza Hebron

mentos judaicos promovidos pelo governo de Israel nos últimos anos. GAZA
Beersheba
Mar ção do muro da Cisjordânia, er-
Morto
guido por Israel para controlar
Parte expressiva das colônias judaicas não poderia estar em território – 416 m
31° N
o fluxo de palestinos entre os

a
ISRAEL
palestino, ainda mais quando elas estão sobre reservas de água subter-

b
Ara
Deserto
dois territórios.

Rio Ued-
rânea. Por isso, a ANP contesta a divisão do uso da água. A organização
de Neguev
JORDÂNIA

Informações sobre o mu-


quer que Israel deixe de usar a água que está em território palestino e EGITO

ro podem ser obtidas, entre


também que pague uma indenização pelo uso da água no passado. N
outras, nas fontes a seguir:
Colônias judaicas
O L
ISRAEL constrói muro em Je-
0 50 100 km
S Eilat rusalém Oriental. DW, 19 out.
Uma das ações clássicas para ocupar um território é a instalação de 2015. Disponível em: <www.
Altitudes do relevo Rio temporário
colônias para povoá-lo. O governo israelense aplicou essa máxima nos (em metros) G. de
Canalização de água
Aqaba dw.com/pt-br/israel-constrói-
potável (principal)
últimos anos na Cisjordânia, deixando de cumprir um dos itens dos
1 500
1 000
400
Estação de bombeamento muro-em-jerusalém-oriental/
Acordos de Oslo.
Barragem
200
0
Zona de tensão pelo controle a-18791523>. VEJA em 360° os
das águas do rio Jordão
Estima-se que cerca de 500 mil colonos judeus vivam na Cisjordânia. Depressão Capital de país dois lados do muro que divide
Cidade
Esse grupo, aliado a judeus ortodoxos e a partidos conservadores, é Aquífero
Limites de país Israel e Cisjordânia. Folha de
o principal opositor a uma solução para a presença de colônias no Fonte: elaborado com base em FERREIRA, S.Paulo, 4 set. 2017. Disponível
território da Palestina (figura 28). Além disso, nos últimos anos, o Graça. Atlas geográfico: espaço mundial. em: <www1.folha.uol.com.br/tv/
São Paulo: Moderna, 2013. p.ç103.
mundo/2017/09/1914773-veja-
governo israelense construiu casas em Jerusalém Oriental para abri-
em-360-os-dois-lados-do-muro-
gar judeus, o que provocou mais uma vez a reação palestina.
Cisterna que-divide-israel-e-cisjordania.
Em 2005, o presidente Mahmoud Abbas assumiu a ANP e adotou medidas rá- Reservatório que coleta shtml>. Acesso em: nov. 2018.
pidas para a comunidade internacional reconhecer a Palestina. Ele efetuou várias e conserva água da
Depois de acessar as infor-
ações políticas e obteve uma vitória na Unesco. Leia a seção Fique por dentro. chuva.
mações em conjunto com os
O conflito árabe-israelense, de mais de 60 anos, parece que vai se prolongar. alunos, proponha um debate
Figura 28. Assentamento
Para piorar a situação, em 2002, Israel decidiu construir um muro (figura 29) que e peça a eles que manifestem
judeu em Ariel
separa seu território da Cisjordânia, o que gerou muitas acusações de que o muro (Cisjordânia), 2017.
opiniões e argumentos a favor
estava sendo levantado no interior das fronteiras ou contra a construção desse
palestinas. As tensões ora se agravam ora se muro por Israel.
dissipam, mas não desaparecem por completo.
Ariel Schalit/AP Photo/Glow Images
Issam Rimawi/Anadolu Agency/Getty Images

Figura 29. Muro entre Israel e Cisjordânia. Construído pelos


israelenses, o muro é uma barreira física que visa limitar a
entrada de árabes no território israelense. Foto de 2018.

Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 59

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 59


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
A leitura do texto sobre a ad-
missão da Autoridade Palestina Unesco reconhece Estado palestino como membro pleno
como membro pleno da Unes-
A Conferência Geral da Unesco aprovou nesta segunda-feira, 31 [de outubro de 2011], a ad-
co e a pesquisa proposta na
atividade 3 da seção Fique por missão da Autoridade Palestina (AP) como membro de pleno direito do órgão. A votação, reali-
dentro contribuem para o de- zada em Paris, contou 107 votos a favor, 14 contra e 49 abstenções, tendo como resultado a
senvolvimento da habilidade adesão do Estado palestino à entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).
EF09GE03. Vários países latino-americanos, entre eles o Brasil, e potências emergentes, como China e
Atividades Índia, se posicionaram de forma favorável ao ingresso do Estado palestino à Unesco – braço da
ONU voltado para a Educação, Ciência e Cultura. Contrárias ao ingresso estão nações como
1. O reconhecimento do Es-
tado palestino por uma Estados Unidos, Alemanha e Canadá.
agência da ONU constitui A Unesco é a primeira agência da ONU a reconhecer o Estado palestino. […] O ingresso é uma
uma vitória para os pales- vitória dos palestinos e pode pressionar os membros do Conselho de Segurança na decisão sobre
tinos, pois contribui para o o reconhecimento do Estado palestino, o objetivo maior da empreitada da AP nas Nações Unidas.
aumento da pressão pelo Diplomatas palestinos garantem que não deverão limitar à Unesco sua ofensiva diplomática.
reconhecimento de seu Nas próximas semanas, eles prometem solicitar a adesão palestina a entidades como a Organi-
Estado soberano, que é o zação Mundial de Propriedade Intelectual, a Unctad, a Organização da ONU para o Desenvolvi-
maior objetivo da Autori- mento Industrial, a Organização Mundial da Saúde e a União Internacional de Telecomunicações,
dade Palestina.
todas em Genebra, além do Tribunal Penal Internacional.
2. Estados Unidos e Israel de-
Os Estados Unidos, que se opõem abertamente à empreitada, ameaçaram cortar as doações
cidiram se retirar da Unes-
à Unesco caso o Estado palestino fosse reconhecido. Washington, membro permanente e com
co em 2018.
poder de veto no Conselho de Segurança, promete barrar a adesão.
3. É possível acessar as lis-
UNESCO reconhece Estado palestino como membro pleno. O Estado de S. Paulo, 31 out. 2011.
tas de países-membros Disponível em: <https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,unesco-reconhece-estado-palestino-
dessas organizações por como-membro-pleno,792835>. Acesso em: out. 2018.

meio de buscas, com o


Thibault Camus/AP Photo/Glow Images

nome em inglês do órgão


específico da ONU, segui-
do da palavra members
(exemplo: International
Criminal Court members).
Nome das instituições em
inglês: Organização Mun-
dial de Propriedade Inte-
lectual (United Nations
Conference on Trade and
Development – Unctad);
Organização da ONU pa- Votação da Unesco que
ra o Desenvolvimento In- reconheceu a Palestina
dustrial (United Nations como membro de pleno
Industrial Development Or- direito em Paris, França,
ganization – Unido); Orga- em outubro de 2011.
nização Mundial da Saúde
(World Health Organization Atividades
– WHO); União Internacio- 1. Por que o ingresso da Palestina na Unesco é importante?
nal de Telecomunicações 2. Busque na internet quais foram as decisões tomadas por Israel e Estados Unidos na Unesco após o
(International Telecommu- reconhecimento da Palestina por essa agência da ONU.
nication Union – ITU); Tri-
bunal Penal Internacional 3. Faça uma pesquisa nas organizações internacionais citadas no texto e verifique se a Autoridade Nacional
(International Criminal Palestina já foi reconhecida como membro de alguma delas, tal qual ocorreu na Unesco.
Court – ICC).
60 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

60 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações did‡ticas
Primavera Árabe Comente com os alunos que
a Primavera Árabe abrangeu
Causas países de dois continentes: Áfri-
Mudanças sociais não são promovidas de um momento para outro, muito ca e Ásia. Contextualize essas
menos pela ação isolada de um indivíduo. A Primavera Árabe foi um conjunto regiões tanto do ponto de vis-
ta cultural quanto dos político,
de manifestações populares que questionaram a falta de liberdade nos países
no qual a regionalização conti-
do norte da África e do Oriente Médio no fim de 2010 e ao longo de 2011. A nental não contempla as carac-
luta era por mais democracia, ou seja, a participação do povo no governo, pelo terísticas culturais, tampouco
fim da corrupção, por melhores condições de vida e por mais empregos. Essas as delimitações territoriais dos
características eram comuns aos países onde ocorreram as manifestações Estados-nações.
(figura 30). As manifestações popula-
res no contexto da Primavera
Figura 30. Países envolvidos na Primavera Árabe – 2010-2011 Árabe, em prol de mudanças
sociais e políticas, por sua vez,
Banco de imagens/Arquivo da editora


EUROPA
Meridiano de Greenwich

também não se restringiram às


OCEANO fronteiras dos Estados ou dos
ATLÂNTICO
TUNÍSIA SÍRIA continentes.
Mar Mediterrâneo IRAQUE
MARROCOS Este tópico propicia a mobi-
JORDÂNIA
lização da CECH2 e da CECH5.
Trópico de Câncer N

ARGÉLIA LÍBIA BAHREIN


EGITO O L
Ma
rV

S
erm

Contexto
elh
o

¥ Nos últimos anos


Países envolvidos na IÊMEN OCEANO
Primavera Árabe – 2010 ÍNDICO também ocorreram
0 760 1520 km
Limites de país diversas
60° L
manifestações
Fonte: elaborado com base em ARAÚJO, Shadia Husseini. O “islã” como força política na “Primavera Árabe”: uma populares no Brasil.
perspectiva da teoria do discurso. História: Questões e Debates, Curitiba, v. 58, n. 1. p. 50, jan./jun. 2013.
No município em que
você vive houve
Aspectos econômicos, políticos e sociais comuns dos países onde ocorreram alguma? Por qual
manifestações podem ser associados às causas da Primavera Árabe. A pouca razão ela foi
organizada?
oferta de vagas de trabalho gerou inquietação nos jovens, que marcaram presença
nas manifestações.
Além disso, os países envolvidos eram governados por ditadores, em alguns
casos com mais de 40 anos no poder. Os jovens queriam conquistar liberdades
individuais, mudar o cenário político e influenciar na escolha dos governantes,
Ditador
na expectativa de que essas medidas melhorassem as condições de vida. Governante de
A elevada desigualdade social é outro aspecto comum aos países que registraram determinado país que
concentra todo o poder
protestos. A concentração da riqueza nas mãos de poucas famílias da elite gerou
em suas mãos e trabalha
uma situação que poderia explodir a qualquer momento. para mantê-lo durante o
Um dos destaques das manifestações populares na Primavera Árabe foi o uso máximo de tempo
possível.
das redes sociais. Em países autoritários, nos quais a organização popular e as
manifestações públicas críticas ao governo são proibidas, as redes sociais podem Blog
Página na internet,
ser uma alternativa para veicular mensagens de cunho político e, com isso, con- atualizada
seguir adeptos para determinada causa. periodicamente, em que
Por mais que muitos governos tentem, é difícil controlar a rede mundial de os usuários podem
publicar textos, vídeos,
computadores. Hoje em dia muita gente sabe como colocar um blog no ar e como imagens e trocar
atualizá-lo sem estar presente em um local fixo, usando um celular, por exemplo. experiências e
comentários.
Mas será que isso é suficiente para promover mudanças sociais?
• Cabe lembrar aos alunos os motivos que levaram às manifestações, bem como a repercussão
no município da escola. É importante trabalhar com eles o significado de manifestar-se em vias Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 61
públicas e os objetivos que se buscam em formas de expressão como essa.

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 61


Orientações didáticas
Pergunte aos alunos se já Tunísia: a Revolução de Jasmim
presenciaram manifestações
País de colonização francesa, que se tornou independente em 1956, a Tunísia
populares em seu município
ou se conhecem alguma ma- (figura 31) era governada, em 2010, por Zine El Abidine Ben Ali (1936-) desde 1987.
nifestação que tenha ocorrido O ditador criou um sistema no qual foi reeleito cinco vezes (figura 32).
em seu estado ou ainda no país. A família de Ben Ali comandava os negócios de setores estratégicos do país,
Peça que relatem as motiva- como o turismo, que nos últimos anos foi uma aposta do governo. Entretanto,
ções, a forma como ocorreram oferecer suas belezas naturais e seu patrimônio histórico à visita de turistas como
e os desdobramentos das ma- forma de gerar riqueza causou desconforto entre a população. Muita gente
nifestações. São exemplos os começou a questionar essas ações, dando origem a mais uma fonte de insatis-
protestos e as manifestações fação contra o governo de Ben Ali, que também era acusado de ser antidemo-
contra a corrupção, a violência, crático e corrupto.
por direitos de minorias, ques-
Em 18 de dezembro de 2010, um jovem chamado Mohamed Buazizi ateou fogo
tões de gênero, questões am-
bientais, entre outros. ao próprio corpo como forma de protesto contra a corrupção policial. Buazizi tinha
uma barraca de frutas, que foi confiscada pela polícia porque o jovem se recusou
Este tópico possibilita o
Propina a pagar propina. A ação do jovem foi o estopim para que começasse uma onda
trabalho com o TC Educação
das relações étnico-raciais
Suborno; quantia em de protestos pelo país.
dinheiro que se oferece
e ensino de história e cultu- para alguém praticar O povo se reuniu em diversas situações nas ruas, com presença maciça dos
ra afro-brasileira, africana e algum ato ilícito. jovens, até que, em 14 de janeiro de 2011, Ben Ali fugiu da Tunísia para a Arábia
indígena e o TC Diversidade Saudita. Os vários enfrentamentos com a polícia do governo deram resultado
cultural. positivo para os manifestantes. Como as manifestações foram muito bem-suce-
didas e duraram menos de um mês, esse movimento popular contra o governo
de Ben Ali foi chamado de Revolução de Jasmim; era a primeira “flor que brotava”
da Primavera Árabe.
Logo após a saída do presidente Ben Ali, foi formado um novo governo de
transição até a posse de outros dirigentes eleitos. A Tunísia é vista pela comuni-
dade internacional como o único caso de sucesso da Primavera Árabe. Eleições
foram realizadas e as tensões entre as forças islâmicas e laicas não se converteram
em um confronto armado graças ao papel de mediação
Figura 31. Tunísia: político – 2018
da sociedade civil que, por isso, obteve o Nobel da Paz
Banco de imagens/Arquivo da editora

N
EUROPA em 2015.
O L
As manifestações na Tunísia inspiraram outras nos
S países próximos, alastrando-se por Egito, Líbia, Argélia,
EUROPA
Bahrein, Iêmen, Marrocos, Jordânia e Síria.
Biserta

Francois Mori/Reuters/Fotoarena
Túnis

Mar Mediterrâneo
ARGÉLIA Sfax

TUNÍSIA
Gabès

Capital de país LÍBIA


Cidade
Limites de país 30° N

0 145 290 km

10° L

Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar.


Figura 32. Zine El Abidine Ben Ali em Tunis (Tunísia), 2007. O ditador
7. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. p. 45. governou a Tunísia durante 23 anos.

62 Unidade 1 • Mundo contemporâneo

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62 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR

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Orientaç›es didáticas
A propagação da Primavera Árabe e seus resultados O caso do Egito serve de aler-
ta para as dificuldades de trans-
Egito
formação social quando não
O general Hosni Mubarak (1928-) foi eleito em 1981 e manteve-se no poder há sintonia entre as lideranças
até a Primavera Árabe. Muitas das suas sucessivas vitórias foram questionadas políticas e os diversos grupos
pela oposição, como em novembro de 2010, quando a Irmandade Muçulmana, sociais, políticos, econômicos
partido de oposição com matriz islâmica, denunciou fraudes eleitorais e se retirou e culturais de um país.
do pleito. Neste tópico é possível mo-
Também acusado de corrupção, o governo de Mubarak enfrentou resistên- bilizar a CECH2.
cias influenciadas pelos fatos que se passaram na Tunísia em 2010. O movi-
mento pela sua derrubada do poder usou as redes sociais para mobilizar a
população para uma greve geral, convocada por sindicatos de trabalhadores e
ativistas sociais. Os manifestantes se concentraram na praça Tahrir, no Cairo,
capital do país, em 25 de janeiro de 2011 (figura 33). Mubarak renunciou no dia
11 de fevereiro daquele mesmo ano.
Em 2012, Mohamed Morsi (1951-), da Irmandade Muçulmana, foi eleito pre-
sidente do Egito. Ele tomou medidas que apontavam para a criação de uma nova
constituição baseada em leis islâmicas, além de concentrar muitas decisões
políticas. Esses fatos levaram a novas manifestações que culminaram com a
deposição de Morsi, em 2013, e a ascensão do general Abdul Al-Sisi ao poder.
Entre outras ações, ele coordenou uma perseguição aos membros da Irmandade
Muçulmana, que causou cerca de mil mortos.
Uma onda de violência atingiu o Egito em 2014. Surgiram novos grupos po-
líticos que tentaram, por meio de manifestações públicas (cada vez mais raras,
já que estavam proibidas) e ações contra o Estado, desestabilizar o governo do
general Al-Sisi. Muitos descrevem seu governo como mais brutal e autoritário do
que o de Mubarak. Estima-se que, em quatro anos de governo, 60 mil pessoas
tenham sido presas por razões políticas, com uso recorrente da tortura. Além
disso, devido ao aumento dos casos de terrorismo e à instabilidade política, os
investimentos estrangeiros e o turismo no país diminuíram drasticamente, levan-
do a uma crise econômica.
Mosa’ab Elshamy/FlickrVision/Getty Images

Figura 33. Manifestantes


em protesto contra o
presidente Mubarak na
praça Tahrir, no Cairo
(Egito), em 2011.

Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 63

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 63


Orientações didáticas
Líbia
Convém destacar que o au-
tointitulado Estado Islâmico, Em 1969, o então coronel Muammar Kadafi (1942-2011) promoveu um golpe
que atua também em países contra o rei e instaurou a ditadura na Líbia (figura 34). Além disso, nacionalizou as
do norte da África, é uma das empresas de petróleo, principal fonte de renda do país, e adotou leis islâmicas.
principais forças envolvidas Isso era apenas o começo. Com a entrada de dinheiro estrangeiro, Kadafi investiu
na guerra da Síria, resultante em armas e passou também a apoiar ações de grupos terroristas.
da Primavera Árabe.

Max Rossi/Reuters/Fotoarena
Um diferencial apresentado
por esse grupo terrorista e que
dificulta o combate a ele é a sua
pretensão de formar um califa-
do. Ou seja, o Estado Islâmico
busca conquistar a autonomia
territorial sob o comando do
califa, seu líder religioso fun-
damentalista.
A esse respeito, leia o artigo
Surgimento e trajetória do Esta-
do Islâmico, de Cláudio Júnior
Damin. Os dois parágrafos a
seguir foram extraídos desse
artigo, que explica a trajetória
de formação do Estado Islâmico
e suas principais ações.
Zona de exclusão Figura 34. Muammar Kadafi em evento oficial em Roma (Itália), 2009. O ditador governou a Líbia
aérea por 42 anos.
Área com restrição ou
proibição do tráfego de Em 2011, a influência da Primavera Árabe chegou às cidades litorâneas do Me-
aeronaves. Os aviões, diterrâneo, as mais populosas da Líbia. Mesmo com o melhor padrão de vida entre
antes de decolar, têm
de pedir autorização.
todos os países africanos, os líbios queriam mais. Eles aspiravam por liberdade para
Sem isso, são escolher seus governantes e, assim, saíram às ruas, principalmente em Benghazi,
considerados aviões em fevereiro de 2011. Os rebeldes avançaram rapidamente e passaram a controlar
inimigos e podem ser
abatidos.
várias cidades da Líbia, mas o governo reagiu com a contratação de mercenários.
Diante da nova ofensiva das tropas de Kadafi, os rebeldes recuaram. As imagens
Estado Islâmico de tropas bombardeando civis levaram o Conselho de Segurança da ONU a impor
Grupo surgido no início
dos anos 2000, de uma uma zona de exclusão aérea à Líbia. O órgão também autorizou medidas mais
ramificação da Al drásticas, caso fossem necessárias, com o argumento de que era preciso acabar
Qaeda. Ganhou força com a morte de civis. Logo depois, uma coalizão de países liderados pela França
na década seguinte,
passando a controlar invadiu a Líbia. Tratava-se de uma ação da Otan, que contou com forte apoio dos
grandes áreas no norte Estados Unidos e do Reino Unido.
do Iraque e da Síria, com
Depois da ofensiva das tropas da coalizão, o governo de Kadafi não conseguiu
uso de muita violência e
crueldade: atentados resistir. Ele foi morto em outubro de 2011, em Sirte (Líbia), sua cidade natal.
suicidas, destruição de Logo após sua morte, a Otan retirou as tropas do país. Foi criado um Conselho
patrimônio histórico
milenar, decapitações
Nacional de Transição para preparar as eleições. Porém, uma série de eventos
transmitidas pela ocorreram após a deposição de Kadafi, muitos deles violentos, envolvendo grupos
internet, etc. Em 2017, que defendiam um país sob as leis islâmicas e outro, mais moderado. Em meio às
sofreram derrotas
territoriais, porém
lutas surgiram grupos terroristas em algumas áreas (o Estado Islâmico dominou
continuam atuando Sirte até 2016) e máfias de traficantes que lucram à custa de migrantes subsaa-
como organização rianos que tentam atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa. Nessa situação,
terrorista.
imagina-se que a instabilidade política deva ser longa na Líbia.
64 Unidade 1 • Mundo contemporâneo

Texto complementar
Surgimento e trajetória do Estado Islâmico
Desde agosto de 2014, depois, portanto, do anúncio da criação do Estado Islâmico, os Estados Unidos realizam ataques aéreos a po-
sições do grupo na Síria e no Iraque. Os norte-americanos formaram uma coalizão para combater o EI agregando países europeus e
também da região do Oriente Médio. O EI, ao que tudo indica, parou de avançar do ponto de vista territorial e suas fontes de financia-
mento estão sendo saturadas. Milhares de estrangeiros, no entanto, continuam afluindo à Síria para combater junto aos extremistas,
havendo renovação em seus contingentes. Muitos desses estrangeiros, aliás, já voltaram a seus países, se tornando ameaças terroris-
tas em potencial.

64 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
Iêmen
Comente com os alunos que
Manifestantes forçaram a renúncia do ditador Ali Abdullah o conflito no Iêmen está inse-
Saleh (1942-2017), presidente do Iêmen de 1978 a 2012. Foram rido em um contexto mais am-
convocadas eleições no mesmo ano e Abdrabbuh Mansour plo de disputa de poder entre
Hadi (1945-), que era vice de Saleh, chegou ao poder, mas en- duas potências regionais: Ará-
frentou resistências. Universitários, separatistas do sul, rebeldes bia Saudita e Irã. Isso pode ser
identificado pelo apoio dessas
hutis do norte, desprestigiados partidos políticos e ativistas is-

M
potências a grupos opostos. En-

oh
lâmicos: cada um passou a defender os próprios interesses.

am
m
quanto o Irã apoia os rebeldes

ed
Em janeiro de 2015, a situação culminou em uma guerra entre os am

H
ou
d/ hutis, a Arábia Saudita apoia o
hutis – apoiados pelo Irã e por iemenitas descontentes com a transição
Ge
tty
Im
ag
governo iemenita.
da administração – e o governo de Mansour Hadi – apoiado pelos sunitas
es
Sobre essa disputa regio-
e pela Arábia Saudita. Os hutis cercaram o palácio e colocaram o presidente e nal, denominada guerra fria
Figura 35. Garoto
seu gabinete em prisão domiciliar. Mansour Hadi conseguiu fugir para a cidade de iemenita carrega água do Oriente Médio, sugerimos
Áden, de onde passou a governar. potável com auxílio de a leitura dos seguintes arti-
A ONU tentou negociar um acordo de paz três vezes, sem sucesso. O ex- um carrinho de mão, em gos: 3 PERGUNTAS para en-
-presidente Saleh foi morto pelos hutis em 2017. Os jihadistas da Al Qaeda na Saná (Iêmen), 2018. tender a “guerra fria” entre Irã
e Arábia Saudita, que amea-
Península Arábica e rivais de organizações parceiras do Estado Islâmico têm se
ça desestabilizar ainda mais
aproveitado do caos, confiscando territórios no sul e cometendo ataques mortais. Hutis o Oriente Médio. BBC Brasil,
Em 2017, a ONU classificou a situação no Iêmen como a pior crise humanitária Membros de um grupo 15 nov. 2017. Disponível em:
do mundo. Além da guerra civil, havia milhões de pessoas desabrigadas morrendo rebelde, que segue uma
corrente do islamismo
<www.bbc.com/portuguese/
de fome e uma epidemia de cólera (figura 35). xiita conhecida como internacional-41980960>.
Síria zaidismo. Os zaidistas BUARQUE, Daniel. Entenda a
formam um terço da tensão entre Arábia Saudita
Bashar al-Assad (1965-), que governa o país desde o ano 2000, reprimiu dura- população do Iêmen. e Irã em que até o Brasil po-
mente os manifestantes, que exigiam sua saída. Estima-se que mais de 220 mil Jihadista de ter função. Uol, 9 nov. 2017.
pessoas tenham morrido nos confrontos com a polícia do governo, acusada de Termo utilizado no Disponível em: <https://noticias.
usar armas químicas contra a população. Essa ação gerou respostas de potências mundo ocidental para uol.com.br/internacional/
designar pessoas e
militares, que pressionaram al-Assad a destruir suas armas químicas em 2013. Em ultimas-noticias/2017/11/09/
grupos radicais que
2014, em reunião em Genebra (Suíça), o governo sírio não aceitou as condições entenda-a-tensao-entre-
utilizam a luta violenta e
dos rebeldes para pôr fim à guerra, que consistia em formar um governo de tran- o terrorismo em nome arabia-saudita-e-ira-que-ate-
do islamismo. o-brasil-pode-ter-funcao.htm?
sição que convocaria novas eleições no país (figura 36).
cmpid=copiaecola>. Acesso em:
nov. 2018.
Fatih Erel/Anadolu Agency/Getty Images

Figura 36. Reunião


durante a II Conferência
de Genebra (Suíça), 2014.
Nesse encontro, buscou-se
estabelecer a paz na Síria;
no entanto, não houve
consenso.

Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 65

A trajetória da Al-Qaeda no Iraque até tornar-se o Estado Islâmico mostra que essa organização é um desafio de monta para o Oci-
dente e também para os países do Oriente Médio. Mais do que uma simples organização terrorista sunita, o EI se transformou em um
grupo insurgente, com milícia significativa e com pretensões territoriais. As soberanias estatais, na região, parecem estar ameaçadas
por esse grupo que, com razoável taxa de sucesso, consegue obter ganhos territoriais a partir da exploração do sectarismo entre xiitas
e sunitas e da precariedade das capacidades estatais do Iraque e da Síria.
DAMIN, Cláudio Júnior. Surgimento e trajetória do Estado Islâmico. Boletim Meridiano 47, v. 16, n. 148, p. 26-33, mar.-abr. 2015.
Disponível em: <http://periodicos.unb.br/index.php/MED/article/view/14863/10964>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 65


Orientaç›es didáticas
Para compreender melhor Figura 37. Síria: confrontos no território – 2016

Banco de imagens/Arquivo da editora


N 39º L
o conflito na Síria, sugerimos
retomar a leitura sobre o Esta- Adus: Instituto de L
TURQUIA
Reintegração do
O
Kobane
do Islâmico apresentada neste
Refugiado S
Idlib Aleppo Hassakeh
Manual, na página 64.
‹ www.adus.org.br › Latakia Raqqa
Além disso, destacamos a 35º N Forças do regime de
Organização da Bashar al-Assad
importância de orientar os alu- Sociedade Civil que atua Mar Hula Hamah
Forças de oposição
Mediterrâneo Deir ez-Zor
Homs
nos a ler o mapa da figura 37, com os refugiados no Palmyra
Curdos
LÍBANO
que representa algumas das Brasil. Oferece curso de Países vizinhos destino de
SÍRIA refugiados sírios Com um
principais forças envolvidas no Língua Portuguesa e Damasco Ataques aéreos russos*
território cada
assistência jurídica, Ataques da aliança liderada
conflito sírio e a presença de re- buscando inserir o pelos Estados Unidos vez mais
Daraa
fugiados que são vítimas desse refugiado na sociedade
IRAQUE Capital de país dividido, hoje na
Cidades
conflito em todos os países vi- brasileira. Limites de país
Síria há muito
JORDÂNIA
zinhos, com exceção de Israel. *Localização aproximada das mais em jogo
Este conteúdo mobiliza a ha- 0 115 230 km
áreas-alvo da Rússia.
Número de ataques é desconhecido. do que derrubar
al-Assad.
bilidade EF09GE08.
Fontes: elaborado com base em ENTENDA os conflitos na Síria. Terra. Disponível em:
<www.terra.com.br/noticias/mundo/guerra-civil-da-siria/>; Syria: The Story of the Conflict.
BBC, 11 mar. 2016. Disponível em: <www.bbc.com/news/world-middle-east-26116868>.
Acessos em: out. 2018.

A guerra civil na Síria não pode mais ser vista apenas como uma tentativa de
democratizar o país. Diversos grupos islâmicos disputam o poder e possuem visões
distintas das leis islâmicas (figura 37). Parte da maioria sunita da Síria combate os
Sunita
alauitas, minoria à qual pertence al-Assad e muitos membros do governo. Em
Corrente do islamismo
que acredita ter relação 2014, o Estado Islâmico passou a apoiar os sunitas na guerra civil da Síria, o que
direta com Deus, por levou a intervenções militares dos Estados Unidos. Além das mortes, estima-se
seguir a Sunna que cerca de 5 milhões de sírios tiveram de abandonar suas casas, indo para cam-
(costumes) de Maomé,
descrita no Corão, livro pos de refugiados em países vizinhos ou migrando para outros países (figura 38).
sagrado da religião As duas principais fontes de renda do país – petróleo e agricultura – foram dizi-
muçulmana. madas pelos conflitos. A guerra destruiu quase metade dos centros médicos e
Alauita escolas da Síria. Em 2017, a guerra se refreou, com as tropas de Bashar al-Assad
Corrente minoritária do retomando dois terços do país.
islamismo, concentrada
na Síria. Seus membros
Alkis Konstantinidis/Reuters/Fotoarena

acreditam na existência
de guias intermediários
entre fiéis e Deus, por
isso são considerados
parte dos xiitas. Eles
seguem os doze imãs,
profetas descendentes
de Maomé, cujos
sucessores são aceitos
como líderes espirituais e
políticos.

Figura 38. Refugiados sírios em campo de refugiados na ilha de Lesbos (Grécia), 2017. A situação
dessas pessoas depende da solução da guerra civil que acontece em seu país de origem.

66 Unidade 1 • Mundo contemporâneo

66 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
Conflitos na África subsaariana: o caso da Nigéria Peça aos alunos que obser-
vem a localização geográfica
Palco de diversos conflitos, a Nigéria tem aumentado sua importância no con-
da Nigéria, no mapa da figura
tinente africano. Isso se deve à produção petrolífera, que desperta a atenção e o
39. Com o apoio de um mapa
interesse de muitos países, especialmente dos Estados Unidos e da China. É justa- político-regional da África, ex-
mente a atração do petróleo que gera problemas. O outro foco de tensões é a plique que a expressão África
divisão do país entre muçulmanos e católicos, com predomínio do primeiro grupo. subsaariana refere-se à região
Antiga colônia inglesa, a Nigéria tornou-se indepen- localizada, genericamente, ao
Figura 39. Nigéria: reservas de petróleo
dente em 1960. Poucos anos depois, teve início a Guer- e gás natural – 2013
sul do deserto do Saara.
ra de Biafra (1967-1970), um dos confrontos mais san-

Banco de imagens/Arquivo da editora


10° L
grentos do país, no qual morreram cerca de 600 mil
pessoas. A causa dessa guerra foi a tentativa de sepa- NÍGER
CHADE
ração do estado de Biafra, ao sul do país, que chegou a Lago
se declarar um país autônomo em 1967. Com o fim da BURKINA FASSO
Chade

guerra, a República de Biafra deixou de existir e a Nigéria Kano

ganhou os atuais contornos territoriais (figura 39). BENIN


10° N
Outro motivo da Guerra de Biafra foi a disputa pelo NIGÉRIA
Abuja
controle da exploração de petróleo, que é abundante no
TOGO

Ogbomosho
sul da região (figura 40). Como as reservas estavam em Ibadã
grande parte na República de Biafra, empresas transna- Lagos CAMARÕES

cionais de petróleo, em especial da França, procuraram Baía de Benin

apoiar o movimento autonomista para atender a seus


CONGO
N

interesses com a venda de petróleo. O apoio de transna- O L


Golfo da Guiné I. Bioko
Petróleo e gás natural
cionais petrolíferas dos Estados Unidos e do Reino Unido S
(Guiné Equatorial) Capital de país
Cidade
ao governo nigeriano foi importante para manter o país 0 220 440 km GUINÉ
EQUATORIAL Limites de país
unificado, ou seja, houve uma ação para evitar que a em- Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed.
presa francesa pudesse expandir sua influência na Nigéria. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. p. 45.
Depois da Guerra de Biafra, surgiram outros conflitos, dessa vez por causa da
divisão étnica e religiosa do país. Ao norte estão os hauçás, que são majoritaria-
mente muçulmanos. Os ibos, cristãos em sua maioria, habitam a área da antiga
República de Biafra. Os yoruba são o terceiro grupo populacional e estão divididos Figura 40. Extração de
petróleo em Lagos
entre muçulmanos e cristãos.
(Nigéria), 2018.
George Osodi/Bloomberg/Getty Images

Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 67

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 67


Orientações didáticas
Estima-se que a maioria da população da Ni-

Pius Utomi Ekpei/Agência France-Presse


É importante destacar pa-
ra os alunos que a expansão géria seja muçulmana (figura 41). Na década de
da religião islâmica para paí- 1980, surgiram tensões entre partidos muçulmanos
ses da África é um fenômeno que controlavam o norte e desejavam impor as leis
relativamente recente, tendo islâmicas em todo o país. Os cristãos reagiram e as
se intensificado com os pro- tensões rapidamente se transformaram em confli-
cessos de independência dos tos armados.
países da África, sobretudo na Não bastassem essas dificuldades, outras mi-
segunda metade do século XX. norias étnicas e religiosas, que se sentiam excluídas
Com essa expansão, verifi- dos ganhos gerados com a extração do petróleo,
ca-se o surgimento de grupos praticaram ações terroristas que resultaram em
fundamentalistas e extremistas,
muitas mortes nas décadas de 1990 e 2000, ge-
como o Boko Haram, responsá-
rando enormes prejuízos, pois seus alvos preferidos
vel por violações aos direitos hu-
manos na Nigéria, como pode ser eram os oleodutos. A intenção era parar a produção
observado no mapa da figura 42. de petróleo e diminuir o poder dos muçulmanos.
Este tópico mobiliza a habili- Figura 41. Mesquita em Em 2009, uma série de atentados marcaram a presença de um novo grupo
Lagos (Nigéria), 2017. A de ativistas na Nigéria: o Boko Haram, que significa “educação ocidental é proi-
dade EF09GE08 e o TC Educação
população da Nigéria é bida”. Formado por militantes islâmicos radicais, o grupo organizou várias ações
em direitos humanos.
de maioria muçulmana,
que resultaram em mortes de civis e prisão de mulheres adolescentes, com o
com parte da população
católica e de outras argumento de que elas precisam ser reeducadas de acordo com as normas da
minorias étnicas. sharia, a lei islâmica que não separa o Estado da religião e está baseada na inter-
pretação de textos sagrados e na opinião de líderes religiosos.
Em 2015, o Boko Haram controlava parte do território nigeriano e de países
vizinhos (figura 42) com o objetivo de criar um país com regras islâmicas. Nigéria,
Níger e Chade combateram o grupo, que, em 2015, se associou ao Estado Islâ-
mico, que atuava do mesmo modo em países como Síria e Iraque, com o objeti-
vo de criar um país onde os líderes religiosos dominem a vida política, baseados
na sharia.

Figura 42. Áreas controladas pelo Boko Haram – 2015


Banco de imagens/Arquivo da editora

13° L
NÍGER
9 de março NIGÉRIA
Cerca de 15 soldados do Chade Abuja
e do Níger morreram na luta pelo CHADE
controle de Damasak e Malam Fatouri. 0 690 km Zonas controladas no
Malam nordeste da Nigéria
Fatouri Boko Haram
N
Lago Chade Contestada
Baga
Governo
O L
Damasak
Monguno CHADE Cidades reconquistadas
S
Por militares
nigerianos
12°30’ N
Marte Por militares do
7 de março Chade e do Níger
Mais de 50 pessoas morreram Mafa Capital de país
em múltiplos atentados com
explosivos em Maiduguri.

BORNO
NIGÉRIA
Fonte: elaborado com base em
GOMES, Ana Ferreira. Estado
Gulani Islâmico expande-se para a
3 de março
África Ocidental ao aceitar a
Pelo menos 45
pessoas foram fidelidade do Boko Haram.
mortas num CAMARÕES Público, 30 set. 2015. Disponível
ataque em Njaba. em: <www.publico.pt/2015/
03/13/mundo/noticia/estado-
Limites internos islamico-aceita-a-fidelidade-
0 55 110 km
Limites de país do-boko-haram-1689011>.
Acesso em: out. 2018.

68 Unidade 1 • Mundo contemporâneo

68 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
A análise crítica dos posicio-
2. Os membros do Conselho
namentos do Brasil em relação
Brasil ficará de fora do Conselho de Segurança de Segurança da ONU
tratam dos assuntos mais
à sua participação no Conse-
lho de Segurança da ONU con-
da ONU ao menos até 2033 importantes da
organização, como o tribui para o desenvolvimento
O Brasil voltará a ocupar uma vaga rotativa no Conselho de Segurança envio de tropas das da CECH5.
Forças de Paz a países
da ONU em 2022, dez anos antes do que estava previsto. Mais alta instân- em situação de conflito, Sugerimos, além da leitura
resoluções de paz,
cia da ONU, o Conselho tem como objetivo cuidar da segurança e da paz decisões sobre bloqueios
do texto aqui proposto, a atua-
internacionais. econômicos, entre outros. lização das informações refe-
Ou seja, tomam medidas rentes ao posicionamento do
Segundo apurou a reportagem, o país fechou um acordo com Honduras, que afetam e
Brasil, por meio de sua política
que iria se candidatar para o biênio 2022-2023, mas cedeu sua “vez” para transformam a vida de
populações de diferentes externa, quando este conteúdo
o Brasil. Com isso, o Itamaraty conseguiu corrigir um descuido que tinha países. Se o Brasil fizesse
estiver sendo desenvolvido. O
levado o país a ficar fora do Conselho de Segurança até 2033, por não ter parte desse Conselho,
seu prestígio na ONU posicionamento e os princípios
apresentado candidatura nos últimos anos. [...] aumentaria, mas suas que fundamentam a política ex-
responsabilidades
A ausência simboliza uma mudança radical na política externa brasi- também. Por exemplo, terna do país podem mudar de
leira. No governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), a diplomacia ações militares gerariam acordo com as prioridades e os
despesas e poderiam
tinha ambições de mediar a paz entre israelenses e palestinos e chegou a resultar em mortes de
interesses do governo vigente.
apresentar uma proposta de acordo, em conjunto com a Turquia, para re- soldados brasileiros. As informações podem ser obti-
das nos sites governamentais,
solver a questão do programa nuclear do Irã.
em especial do Ministério das
Já sob Dilma Rousseff (2011-201�), não houve Distribuição de cadeiras no Conselho
Relações Exteriores. Disponível
interesse de fazer parte do Conselho. [...] de Segurança da ONU – 2017
em: <www.itamaraty.gov.br/>.

DACOSTA MAPAS/Arquivo da editora


Uma das principais bandeiras da política ex- ESTADOS Acesso em: nov. 2018.
UNIDOS
terna brasileira nos últimos anos era justamente
a reforma do CS para ampliar o número de mem- REINO
UNIDO

bros permanentes e torná-lo “mais legítimo e


representativo”. Só os membros permanentes FRANÇA

têm poder de vetar resoluções do órgão.


O Brasil tem um pleito histórico de ser um RÚSSIA

membro permanente num CS ampliado, com o


argumento de que a mudança refletiria melhor a CHINA

atual importância dos países emergentes.


A ausência do Brasil nos assentos rotativos
do CS não afeta diretamente esse pleito, mas tam- Membros
África
pouco ajuda. Se o Brasil não manifesta nem o
permanentes

América Latina
interesse por uma vaga temporária, fica difícil e Caribe
Ásia

levar a sério a pressão por reforma do CS, dizem


Europa Ocidental Leste Europeu
e outros

observadores.
Fonte: elaborado com base em TREVISAN, Rita; MOÇO, Anderson.
MELLO, Patrícia Campos. Brasil ficará de fora do Conselho de Segurança Para que serve o Conselho de Segurança da ONU? Nova Escola,
da ONU ao menos até 2033. Folha de S.Paulo, 17 mar. 2017. Disponível em: 1 ago. 2011. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/
<www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/03/brasil-antecipa-volta-para-o- 2231/para-que-serve-o-conselho-de-seguranca-da-onu>. Acesso
conselho-de-seguranca-da-onu-para-2022.shtml>. Acesso em: out. 2018. em: mar. 2015.

Atividades
1. Historicamente, qual é a principal reivindicação da política externa brasileira na ONU?
Quais são os principais argumentos dessa reivindicação?
2. Discuta com seus colegas quais são as vantagens em ser membro permanente do
Conselho de Segurança da ONU. Quais seriam as consequências para o Brasil?
1. A principal bandeira da diplomacia brasileira sempre foi a ampliação do Conselho de Segurança,
aumentando o número de membros permanentes. Isso tornaria o Sistema da ONU mais legítimo Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 69
e representativo. Além disso, refletiria melhor a atual importância dos países emergentes.

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 69


Orientações didáticas
Você em ação
A seção Você em ação, apre-
sentada sempre ao final dos capí-
tulos, busca verificar a apreensão
VOCÊ EM ação
dos conhecimentos adquiridos
pelos alunos, por meio da propo-
Pratique Os mediadores internacionais pediram a
sição de atividades. É esperado conclusão de um acordo em um ano, mas não
que, em um primeiro momento, 1. Descreva o que é o sistema internacional. apresentaram propostas para tentar resolver
os alunos organizem e sistema- 2. Apresente o principal motivo que levou ao surgi- as enormes divergências. […]
tizem tais conhecimentos, para mento da ONU. LAUB, Karen. Palestinos e Israel rumam para uma perigosa
que, em um segundo momento, paralisia. O Estado de S. Paulo, 2� set. 2011. Disponível em:
3. Pode-se dizer que os membros permanentes do <https://internacional.estadao.com.br/blogs/radar-global/
possam se dedicar ao desenvol-
Conselho de Segurança da ONU não representam analise-palestinos-e-israel-rumam-para-uma-perigosa-paralisia/>.
vimento de outras habilidades. Acesso em: out. 2018.
a nova ordem mundial? Justifique.
De modo geral, as atividades
trabalham as competências ge- 4. Quando e por que a ONU propôs a criação do Estado 10. Leia o texto a seguir e responda às questões.
rais propostas para a área de de Israel? Explique como seria dividida a Palestina.
Estados Unidos não são mais
Ciências Humanas pela BNCC, 5. Identifique os pontos polêmicos, na atualidade, para determinantes
como a capacidade de comu- que a paz seja estabelecida entre Israel e Palestina. No começo, os EUA cultivavam relações
nicação textual, oral, individual 6. De que modo a desigualdade social influenciou as boas com Egito, Israel e Arábia Saudita em um
e/ou em grupo. Além disso, elas manifestações no mundo árabe? cenário que parecia estável há anos. Mas, no
também buscam preparar os alu-
7. Faça uma linha do tempo dos acontecimentos du- Egito, os americanos não conseguiram acom-
nos para a argumentação diante
rante a Primavera Árabe nos países onde ela ocorreu. panhar o ritmo de mudanças, que levou ao po-
de situações contextualizadas,
e, em outros casos, abordam 8. Na Nigéria existem conflitos com causas variadas. der o islamista Mohammed Morsi, poucos me-
temas relacionados ao autoco- Quais são elas? Explique. ses depois deposto pelas Forças Armadas.
nhecimento e ao autocuidado. Os Estados Unidos gostam de eleições, mas
Analise os textos detestaram o resultado do pleito no Egito – uma
Pratique 9. Com base na leitura do texto a seguir, faça um re- vitória clara da Irmandade Muçulmana. E não
1. É um sistema dinâmico, sumo que aborde as posições de representantes de gostam de golpes militares (pelo menos não no
composto de diversos agen- Israel, da Palestina e dos mediadores internacionais. século 21), mas se sentem confortáveis com um
tes, como países, ONGs,
movimentos sociais, orga- Palestinos e Israel rumam para uma regime apoiado por militares, desde que eles se
nizações internacionais e perigosa paralisia comprometam a manter a paz com Israel.
empresas transnacionais. Com discursos aguerridos na ONU, os líde- Os Estados Unidos seguem sendo uma su-
2. A ONU surgiu em 1945, res palestino e israelense entrincheiraram-se perpotência, mas ela não dita mais o rumo do
quando cinquenta países em posições que aparentemente impedirão a Oriente Médio. […]
se reuniram em São Fran- retomada das conversações de paz e abrem CONNOLLY, Kevin. Primavera Árabe: dez consequências que
ninguém conseguiu prever. BBC, 13 dez. 2013. Disponível em: <https://
cisco (Estados Unidos) na uma temporada de confrontos sobre a questão www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/12/131213_primavera_
Conferência das Nações do Estado palestino. O presidente palestino, arabe_10consequencias_dg>. Acesso em: out. 2018.

Unidas para a Organiza- Mahmoud Abbas, agora procurará conseguir a) Identifique a visão do autor sobre os Estados
ção Internacional, cuja me- todo o apoio internacional possível, afirmam Unidos no Oriente Médio.
ta era aumentar a adesão assessores, na esperança de pressionar e isolar
à Declaração das Nações Israel e aumentar o custo político da preserva- b) Você está de acordo com ela? Justifique.
Unidas. A necessidade de ção dos territórios que este ocupou na guerra
Analise o mapa
promoção e a manutenção de 19�7.
da paz entre os países le- 11. Observe o mapa da figura 18 “Estados Unidos: visão
Abbas insiste que não voltará às conversa-
varam à criação da ONU. de mundo – 2013”.
ções se Israel não decretar um congelamento
3. Sim, pois os cinco membros dos assentamentos ou não aceitar as fronteiras a) Identifique para quais países havia maior trans-
permanentes do Conselho anteriores a 19�7 como ponto de partida. Ape- ferência de tropas? Que situação comum envol-
de Segurança são os ven-
sar de o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, via esses países?
cedores da Segunda Guer-
pedir novas negociações, [Abbas] não se mos- b) Em que parte do mundo existem mais bases
ra Mundial, que acabou há
trou disposto a considerar tais reivindicações. estadunidenses? Por quê?
mais de 70 anos. De lá para
cá, a organização mundial, 70 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo
as potências mundiais e as
potências econômicas mu-
daram. Logo, não faz sen-
tido manter esses países áreas internacionais: Jerusalém e Belém. Essa decisão da ONU dos acontecimentos para tornar a aprendizagem mais signifi-
como membros permanen- foi imposta aos palestinos, que até hoje não a aceitam. cativa.
tes e com poder de veto. 5. Ainda existem alguns pontos de discórdia, como o destino 8. Entre as causas estão as reservas de petróleo, cobiçadas por
4. Passada a Segunda Guer- de refugiados palestinos, o acesso à água e a instalação de muitos países, e a composição religiosa da população, dividi-
ra Mundial, em que milha- novas colônias de judeus em território palestino. da basicamente entre muçulmanos e católicos. Nos últimos
res de judeus foram mortos
6. A concentração de riquezas nas mãos de uma pequena par- anos, a Nigéria sofre com a atuação do Boko Haram, que usa
por nazistas, em 1948 foi métodos terroristas para impor as normas da sharia.
cela da população gerou indignação, que poderia explodir a
criado o Estado de Israel.
qualquer momento, como de fato ocorreu. Analise os textos
A Palestina seria dividida
em dois países, com duas 7. A atividade pode ser realizada em duplas. Peça aos alunos que 9. Podem-se abordar no resumo: a paralisia das negociações
organizem as informações, acrescentando imagens de alguns entre líderes de Israel e Palestina pela impossibilidade de
70 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR
flito. No mapa, é pos-
Analise as imagens 13. A imagem abaixo é o símbolo da ONU, que apre- sível observar que os
senta um tipo de projeção cartográfica que utiliza Estados Unidos envia-
12. Veja as charges a seguir: o Polo Norte como centro do mapa. Avalie o signi- ram tropas ao Iraque ao
a) Discuta com seus colegas qual das charges ex- ficado dessa escolha. Afeganistão, países que
pressa melhor a Primavera Árabe. a superpotência ocupou
b) Faça uma charge nova, utilizando elementos das militarmente nos últi-
duas imagens. Se necessário, retome os proce- mos anos, e que pas-
saram por guerras civis.

Reprodução/<https://nacoesunidas.org>
dimentos para elaborar charges na seção Você
em ação do Capítulo 1, página 37. b) Existem diversas bases
militares estaduniden-
© Chappatte in NZZ am Sonntag, Zurique, Suíça/www.globecartoon.com

ses no Oriente Médio e


no Afeganistão, dados
os interesses dos Es-
tados Unidos nessas
regiões (acesso a re-
cursos naturais, com-
bate ao terrorismo, entre
outros).
Símbolo da Organização Analise as imagens
das Nações Unidas (ONU). 12. A função da charge é, em
geral, ressaltar aspectos
da realidade de modo satíri-
Trabalhe em grupo co, por meio de uma ilustra-
Queda de ditadores na Primavera Árabe. Charge de Patrick
Chappate, 2015. 14. Em grupo, organizem um telejornal sobre o conflito ção. Os alunos devem ser
entre Israel e Palestina. Sigam as orientações. estimulados a analisar os
elementos das duas char-
Sergio Morettini/Acervo do cartunista

a) Cada grupo será responsável por uma etapa do


ges, por exemplo, a queda
trabalho: preparação da matéria; preparação do de ditadores e a capaci-
cenário e apresentação do telejornal. dade de mobilização que
b) Para elaborar a matéria, pesquisem em jornais, a internet permite para,
revistas e na internet notícias e reportagens atuais então, proporem um de-
sobre o conflito entre Israel e Palestina. senho novo.
c) Selecionem as reportagens e notícias que serão 13. A projeção escolhida utili-
transmitidas no telejornal. Redijam os textos a za o Polo Norte no centro
serem noticiados e preparem as entrevistas. do mapa, podendo gerar a
interpretação que os paí-
d) O nome do telejornal deve aparecer em desta- ses do Norte são o centro
que. Lembrem-se das roupas dos apresentado- do mundo, ou seja, seriam
res, dos microfones e das câmeras de gravação. mais importantes do que
e) Definam quem serão o apresentador, o comen- os países do Sul.
tarista, o repórter e ao menos dois entrevistados Trabalhe em grupo
como líderes dos países. 14. Os alunos podem desen-
15. Ao longo dos anos, o Brasil recebeu imigrantes de volver essa atividade em
vários países do mundo, inclusive das nações ára- conjunto com o professor
bes. Em grupo, façam uma pesquisa sobre a pre- de Língua Portuguesa, que
sença de representantes da comunidade árabe no poderá orientar a elabora-
município em que vivem. Sigam o roteiro abaixo. ção dos textos e o emprego
das técnicas de comunica-
a) De quais países eles imigraram para o Brasil e
A liberdade de expressão, ilustrada pelas vozes das redes
ção oral no telejornal. Ao
em que ano eles chegaram?
sociais, apavora junta militar que compõe o governo de propor a reflexão sobre a
b) Quais hábitos eles introduziram no Brasil? presença de imigrantes
transição do Egito. Charge criada para este livro pelo
cartunista Sergio Morettini. c) Que contribuições deram à cultura brasileira? de nações árabes no Bra-
sil, essa atividade mobiliza
Mundo pós-Guerra Fria • Capítulo 2 71 a CECH1.
15. Muitos costumes árabes
foram introduzidos no Bra-
sil, principalmente os liga-
concordância sobre os assentamentos israelenses em ter- vou mohammed Morsi ao poder e à vitória da Irmandade dos à culinária. Também é
ritório palestino e as fronteiras e o insucesso dos mediado- Muçulmana nas eleições. marcante a presença deles
res internacionais para resolver as divergências. Estimule b) Resposta pessoal. É possível propor um debate sobre o em atividades comerciais.
os alunos a consultar o conteúdo do capítulo para o resumo. papel atual dos Estados Unidos no Oriente Médio. Uma fonte de informação
Sugere-se também trazer notícias atuais sobre o conflito pa- sobre os árabes no Brasil
Analise o mapa
ra enriquecer a discussão. é o site da Agência de No-
10.a) Para o autor, apesar de os Estados Unidos serem superpo- 11. a) A transferência de tropas significa que nos lugares pa- tícias Brasil-Árabe. Dispo-
tência, não têm a mesma influência que tinham no passa- ra os quais elas são enviadas há interesse dos Estados nível em: <www.anba.com.
do sobre o Oriente Médio. O Egito, cujo ritmo de mudanças Unidos em invadir ou ocupar militarmente, o que muitas br>. Acesso em: out. 2018.
políticas não foi acompanhado pelos estadunidenses, le- vezes significa uma guerra civil ou a iminência de um con-

CAPÍTULO 2 – MANUAL DO PROFESSOR 71


Objetivos do capítulo Capítulo

3
• Compreender o contexto
econômico e tecnológico
em que ocorrem o aumento
Consumo, meio ambiente
do consumo e o advento do
consumismo.
e tratados ambientais
• Reconhecer e estabelecer
comparações entre as dife-
internacionais
rentes fontes renováveis e
não renováveis de energia.
• Identificar e problematizar Para iniciar
as ações de organismos,
eventos e acordos interna- Nas últimas décadas, o uso dos recursos naturais tem se intensificado. Para o
cionais voltados para a análi- desenvolvimento do modo de produção capitalista é necessário cada vez mais
se e proposição de soluções matérias-primas para a fabricação de mercadorias e níveis cada vez maiores de
para os desequilíbrios so- consumo. Essa maneira de produzir e consumir gera impactos ambientais que
cioambientais globais. atingem vários países. Por isso, alguns assuntos relacionados ao meio ambiente
devem ser tratados em escala internacional. Neste capítulo, você conhecerá esses
BNCC neste capítulo modos de produzir, a relação deles com o consumidor, as fontes de energia utili-
Habilidades zadas e alguns dos principais tratados ambientais, bem como as conferências da
EF09GE02 ONU sobre o tema.
EF09GE13 Observe a imagem.
EF09GE14
1. e 2. Respostas

Cristiana Vieira/Agência Estado


EF09GE15 pessoais. Esta é uma boa
oportunidade para
EF09GE18 introduzir a ideia de
desenvolvimento
Competências gerais sustentável, auxiliando os
1 2 3 5 7 9 10 alunos a compreender a
necessidade de reciclar
Competências materiais e de poupar
recursos naturais e
específicas de Ciências energia. Também cabe
Humanas uma conversa com o
professor de Arte para
2 3 6 discutir com mais
Competências profundidade a obra de
Frans Krajcberg.
específicas de
Geografia
1 5 6 7
Temas contemporâneos Obras de Frans Krajcberg
• Educação ambiental expostas no Jardim
Botânico em Curitiba
• Educação alimentar e nu- (PR), 2004. A produção
tricional artística do artista
• Educação para o consumo polonês naturalizado
brasileiro Frans Krajcberg
Orientações didáticas (1921-2017) foi marcada
pelo reaproveitamento
Para iniciar de árvores caídas, dando
Motive os alunos a refletir so- novo significado a elas.
bre a obra de Frans Krajcberg. A
seguir, apresentamos informa-
ções relevantes da vida e obra Atividades
desse artista, cuja produção 1. Qual é sua impressão sobre a obra retratada na foto?
enriquece a reflexão sobre a
2. O que você faria para reaproveitar algo e criar um objeto artístico?
relação sociedade-natureza e
os problemas ambientais de- 72 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo
correntes dessa relação.

Texto complementar dir um curto espaço de tempo no Paraná, muda-se para o Rio de
Janeiro, onde divide ateliê com o escultor Franz Weissmann. Suas
Frans Krajcberg pinturas desse período tendem à abstração, predominando tons
Frans Krajcberg (Kozienice, Polônia, 1921 – Rio de Janeiro, Rio ocre e cinza. Trabalha motivos da floresta paranaense, com ema-
de Janeiro, 2017). Escultor, pintor, gravador, fotógrafo. […] ranhados de linhas vigorosas.
Nascido na Polônia, Frans Krajcberg chega ao Brasil em 1948, […] em 1964, instala um ateliê em Cata Branca, Minas Gerais.
procurando reconstruir sua vida após perder toda a família em A partir desse momento ocorre em sua obra a explosão no uso da
um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial cor e do próprio espaço. Começa a criar as “sombras recortadas”,
(1939-1945). Com formação em engenharia e artes, realizada em nas quais associa cipós e raízes a madeiras recortadas. Nos pri-
Leningrado, sua carreira artística inicia-se no Brasil. Após resi- meiros trabalhos, opõe a geometria dos recortes à sinuosidade das

72 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
1 Indústria, consumo e consumismo Estimule a reflexão dos alu-
nos sobre a relação entre a
Atualmente vivemos o estágio da Terceira Revolução Industrial: a revolução abordagem apresentada e a
da informática, dos meios de comunicação, da informação, da velocidade e do participação de cada indivíduo
nos impactos ambientais por
consumo.
meio do consumo. O consumo
Com os avanços tecnológicos das últimas décadas, foi possível produzir mais, de produtos industrializados
em menor tempo e em diversos lugares. As multinacionais se espalharam pelo está atrelado a toda a cadeia
mundo e foram responsáveis por uma característica do espaço urbano atual: o produtiva, desde a produção
consumo de produtos industrializados. Assim, na atual fase do capitalismo, os ou extração da matéria-prima
hábitos de consumo e o acesso aos produtos e serviços sofreram grandes trans- até a destinação final dos re-
formações, influenciando a cultura de diversos povos, de maneira global (figura 1). síduos, embalagens e demais
A essa sociedade industrial que valoriza o consumo de forma excessiva, damos o subprodutos, passando pelo
consumo de energia e água para
nome sociedade de consumo.
a produção e o transporte das
Outra característica do modelo atual de produção está ligada ao fato de que matérias-primas e dos produtos
muitas dessas multinacionais são grandes corporações que dominam todos os finais. É importante diferenciar
estágios da produção (da matéria-prima à venda do produto final) e, muitas vezes, os conceitos de consumo e de
têm mais poder econômico que os países onde atuam. Assim, seus interesses se consumismo para estabele-
sobrepõem aos interesses das pessoas comuns, que são levadas a acreditar, por cer essa reflexão e motivar mu-
meio da publicidade e pela alta velocidade de informações, que, quanto mais bens danças de atitudes nos alunos.
de consumo elas comprarem, mais serão valorizadas na sociedade. Uma estratégia para isso pode
ser a apresentação do conceito
Além disso, nas últimas décadas, fabricam-se produtos que duram menos e
de pegada ecológica, que cor-
há lançamento constante de modelos que tornam o anterior ultrapassado. Essas responde à marca deixada pelo
estratégias são chamadas de obsolescência programada e de obsolescência consumo de recursos naturais
perceptiva. Figura 1. Indígenas
por um indivíduo ou grupos po-
waurá no Parque
A obsolescência programada ocorre quando um fabricante projeta seu pro- Indígena do Xingu (MT),
pulacionais. Esse conceito, o
duto para ter uma curta vida útil. Ou seja, o produto é fabricado para que se em 2016, registrando
cálculo da pegada ecológica e
torne obsoleto e deixe de funcionar em determinado período, levando o consu- pelo celular cerimônia de sugestões de atitudes que po-
midor a adquirir um novo. homenagem aos mortos. dem contribuir para a redução
A facilidade de acesso à dos impactos ambientais pro-
Já no caso da obsolescência perceptiva, o fabricante lança um modelo novo,
tecnologia é um dos vocados pelo consumo podem
com visual mais moderno, fazendo o produto de modelo anterior parecer ultra- ser acessados no site da ONG
aspectos que vêm
passado, mesmo que funcione. Assim, o consumidor, para se sentir valorizado na transformando o World Wildlife Fund (WWF-Bra-
sociedade, vai substituir o produto anterior por um mais moderno, garantindo o cotidiano de vários sil). Disponível em: <www.wwf.
lucro do fabricante. O melhor exemplo desses dois casos de obsolescência na grupos indígenas. org.br/natureza_brasileira/espe
atualidade é o de aparelhos celulares. ciais/pegada_ecologica/sua_pe
gada>. Acesso em: nov. 2018.
Luciola Zvarick/Pulsar Imagens
Dessa forma, contribui-se
para a mobilização da CECH3,
da CEG7, da CG10, do TC Edu-
cação ambiental e do TC Edu-
cação para o consumo.

73

formas naturais. Destaca-se a importância conferida às projeções Krajcberg viaja constantemente para a Amazônia e Mato Grosso,
de sombras em suas obras. e registra por meio da fotografia os desmatamentos e queimadas
Em 1972, passa a residir em Nova Viçosa, no litoral sul da Bahia. em imagens dramáticas. Dessas viagens, retorna com troncos e
Amplia o trabalho com escultura, iniciado em Minas Gerais. In- raízes calcinados, que utiliza em suas esculturas.
tervém em troncos e raízes, entendendo-os como desenhos no […] A paisagem brasileira, em especial a Floresta Amazônica, e
espaço. Essas esculturas fixam-se firmemente no solo ou bus- a defesa do meio ambiente marcam toda a sua obra.
cam libertar-se, direcionando-se para o alto. A partir de 1978, ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural. Disponível em:
atua como ecologista, luta que assume caráter de denúncia em <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10730/frans-krajcberg>.
seus trabalhos: “Com minha obra, exprimo a consciência revol- Acesso em: nov. 2018.
tada do planeta”.

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 73


Orientações didáticas

Gabor Kovacs Photography/Shutterstock


Se possível, exiba o docu-
mentário “A história das coisas”,
sugerido nesta página, na sala
de aula. Depois, proponha aos
alunos que, em grupos, façam
um levantamento das princi-
pais informações apresentadas,
comparando-as com o texto e as
imagens desta página. Promo-
Figura 2. Times
va uma conversa sobre o docu-
Square, em Nova York
mentário, pedindo aos alunos (Estados Unidos), 2017.
que apresentem argumentos A região atrai turistas
com base em questões como as do mundo todo e é
sugeridas abaixo e outras que conhecida por abrigar
você achar conveniente criar. muitas lojas,
1. Quais são as interseções restaurantes e teatros.
entre as duas abordagens?

Pedro Ladeira/Folhapress
2. Vocês acrescentariam al-
gum ponto para a reflexão
nessas duas abordagens?
A página favorece o desen-
volvimento do TC Educação
ambiental, do TC Educação
para o consumo, da CG7, da
CECH6 e da CEG6.

Figura 3. Lixão Estrutural


em Brasília (DF),
2017. O contato com o
lixo sem proteção coloca
em risco a saúde de
crianças e adultos.

O desenvolvimento tecnológico também permitiu, de maneira geral, um in-


cremento do padrão de vida, principalmente nas áreas urbanas. Esse incremento,
aliado ao papel da mídia e da publicidade, favoreceu um comportamento essencial
para a sociedade industrial em seu estágio atual: o consumismo, ou seja, o com-
portamento de comprar produtos em quantidade muito além das necessidades
A história das básicas de sobrevivência (figura 2).
coisas A sociedade de consumo e o comportamento consumista têm gerado proble-
Direção: Louis Fox. mas ambientais graves para o planeta, tanto os ligados à exploração dos recursos
Estados Unidos: Free naturais utilizados na fabricação desses produtos quanto os relacionados à geração
Range Studios, 2007.
21 min. de lixo, causada pelo descarte de produtos e embalagens (figura 3).
O curta-metragem traz Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), seriam necessários três
uma análise crítica sobre planetas para que todos pudessem viver de acordo com o modo de vida dos países
a construção da
sociedade industrial e
desenvolvidos. Por isso, é preciso lembrar que o acesso a esses bens e serviços
sobre como os nossos oferecidos pela sociedade de consumo é extremamente desigual. Enquanto nos
padrões de consumo países mais desenvolvidos a produção, o consumo e o desperdício ocorrem de
afetam o meio
ambiente.
forma exagerada, existem países onde a população não tem acesso a produtos e
serviços básicos como água, energia elétrica, alimentos diversos, saúde e habitação.
74 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

74 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
2 Fontes de energia Durante a leitura do gráfico
da figura 4, comente que, dos
Em uma sociedade industrial global, a demanda por energia é cada dez maiores produtores mun-
vez maior. A indústria precisa de energia em todo o seu proces- S ean
G ar
diais de petróleo, cinco (Arábia
dne
r/ R
eu Saudita, Iraque, Irã, Emirados
so: para o funcionamento de máquinas ligadas à produção/ te r
s/ F
ot
oa Árabes Unidos e Kuwait) são
extração e à transformação da matéria-prima e para o re
na
do Oriente Médio, região mar-
transporte. As pessoas também precisam de energia cada por conflitos e tensões
no seu dia a dia, uma vez que praticamente todas que trazem instabilidade e ris-
as ferramentas da sociedade urbano-industrial cos à dependência dessa fonte
funcionam à base de energia elétrica. energética. Além desses países,
O petróleo é a fonte de energia mais utiliza- a Venezuela passa por instabili-
da no mundo (figura 4 e 5). A preocupação com dades políticas internas. Figu-
ram, ainda, grandes potências
a utilização das fontes de energia e com os im-
econômicas (Estados Unidos,
pactos socioambientais de seus resíduos faz com
China e Rússia), cuja atuação
que o tema seja um dos mais importantes nas no mercado global de petróleo
conferências e convenções sobre o meio ambien- e derivados dificulta a autono-
te. A busca por maior eficiência energética e por mia dos países menos desen-
fontes de energia não poluentes é o primeiro passo volvidos.
para que haja equilíbrio entre desenvolvimento econô- O conteúdo da página favore-
mico e sustentabilidade ambiental (figura 5). ce o desenvolvimento da habili-
Figura 5. Barcos de dade EF09GE14 e da CECH2 do
Figura 4. Principais produtores de petróleo – 2016 limpeza tentam controlar TC Educação ambiental.
mancha de petróleo no

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


golfo do México, após
Arábia Saudita 569
vazamento causado por
uma explosão em
Estados Unidos 567 plataforma de extração,
em junho de 2010. Esse
foi o maior derramento
Rússia 541
de petróleo já resgistrado:
cerca de 5 milhões de
Canadá 216 barris espalhados por
75 mil km2.

China 215

Iraque 197

Irã 183

Emirados Árabes
176
Unidos

Kuwait 149

Venezuela 135

0 100 200 300 400 500 600


Toneladas por ano (em milhões)
Fonte: elaborado com base em WORLD Energy Council. Energy resources: Oil.
Disponível em: <www.worldenergy.org/data/resources/resource/oil/>. Acesso em: out. 2018.

Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 75

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 75


Orientaç›es did‡ticas
Com base na leitura da tabe- Energia renovável e não renovável
la, oriente os alunos a avaliar
as vantagens e as desvanta- As fontes de energia são recursos naturais e podem ser classificadas em dois
gens de cada fonte energética. tipos: renováveis, que podem ser repostas pela natureza ou conservadas pelo ser
A escolha da matriz energética humano, como a água e a biomassa – que gera os biocombustíveis –, e não re-
de um país deve considerar, nováveis, que não podem ser repostas pelo ser humano e cuja reposição pela
além da existência de reser- natureza demora muitos anos, como o gás natural, o carvão mineral e o urânio.
vas, seu potencial de produção Quando a fonte de energia não deixa resíduos após seu uso, ela é chamada de
de energia limpa. Quanto mais energia limpa. Observe a tabela.
diversificada for a matriz ener-
gética, menor o grau de depen- Fontes de energia
dência de um país diante das Não renováveis Renováveis
instabilidades na produção e
Principais Principais
distribuição de energia. Este Fonte Características Fonte Características
produtores produtores
conteúdo permite desenvol-
Fonte mais utilizada
ver a habilidade EF09GE18, Pouco utilizada no mundo, pois
mundialmente. Movimenta o Arábia
a CEG1, a CEG5 e o TC Educa- depende de condições climáticas China e
setor industrial e de Saudita
ção ambiental. Petróleo Eólica adequadas. Exige pouca Estados
transporte. Altamente e Estados
manutenção e é uma fonte de Unidos
poluente; gera CO2 e contribui Unidos
energia limpa.
para o aquecimento global.
Fonte pouco utilizada, pois depende
Fonte de energia
China e de condições climáticas adequadas China,
relativamente barata, com
Carvão Estados Solar e requer alto custo de implantação. Alemanha
alto teor calorífico. Libera CO2
Unidos Exige pouca manutenção e é uma e Japão
e fuligem na atmosfera.
fonte de energia limpa.
Sua implantação traz graves
Gera energia elétrica e a impactos ambientais, pois exige o
Estados
Gás vapor. Pode ser usado como Hidráulica alagamento de grande área para China
Unidos
natural combustível. Libera CO2 na (hidrelétrica) um reservatório. Depende da e Brasil
e Rússia
atmosfera. disponibilidade hídrica do país. É
uma fonte de energia limpa.
Fonte cara, exige grandes
Biomassa Obtida de materiais orgânicos
investimentos. Em caso de
(exceto fósseis), principalmente
acidente, causa graves danos Casaquistão Material orgânico Estados
(geralmente plantas. Pode gerar emprego nas
Nuclear à vida e ao ambiente. O e Canadá Unidos
vegetal) que pode áreas rurais, mas também causa
descarte do lixo radioativo é (urânio) e Brasil
ser transformado desmatamento para o plantio. É
um problema. Apesar disso, é
em biocombustível. uma fonte de energia limpa.
considerada uma fonte limpa.
Fontes: elaborada com base
em REN21. Energias
renováveis: relatório da Figura 6: Consumo mundial de energia: participação de energias renováveis – 2014

Banco de imagens/Arquivo da editora


situação mundial. p. 10-14.
Disponível em: <www.ren21.
net/wp-content/ Combustíveis fósseis
uploads/2016/11/REN21_
GSR2016_KeyFindings_ 78,3%
port_02.pdf>; WORLD Energy
Council. Energy Resources: Aquecimen- Hidrelétrica
Coal. Disponível em: <www. to por 3,9%
Energias renováveis biomassa/
worldenergy.org/data/
modernas geotérmico/
resources/resource/coal/>.
10,3% solar
Acesso em: out. 2018.
Todas as 4,2%
energias
renováveis Biomassa 1,4% 0,8%
19,2% tradicional Eletricidade Biocombustíveis
8,9% eólica/solar/
biomassa/
geotérmica
2,5%
Energia nuclear

Fonte: elaborado com base em REN21. Energias renováveis: relatório da situação mundial. p. 18. Disponível em:
<www.ren21.net/wp-content/uploads/2016/11/REN21_GSR2016_KeyFindings_port_02.pdf>. Acesso em: out. 2018.

76 Unidade 1 • Mundo contemporâneo

76 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
3 Fronteira política e meio ambiente Com relação à chuva ácida,
destaca-se que toda chuva é
Muitos dos temas ambientais precisam ser analisados e tratados em escala levemente ácida, ou seja, apre-
internacional porque suas causas e eventuais soluções ultrapassam as fronteiras senta um pH ligeiramente infe-
rior a 7, devido à presença de
dos países. Vários exemplos podem ser citados para demonstrar essa situação,
gás carbônico na atmosfera,
como é o caso da chuva ácida. Indústrias localizadas em um país podem emitir que reage com a umidade (va-
poluentes, que são transportados a outro por meio do vento e acabam poluindo-o por de água) e aumenta a aci-
(figura 7). A mesma coisa ocorre com países que compartilham rios. Caso um deles dez da água da chuva. Sugira
jogue material contaminante, poderá prejudicar o uso da água no país vizinho. aos alunos que pesquisem, em
revistas, jornais e na internet,

Goran Tomasevic/Reuters/Fotoarena
o que é chuva ácida, como se
forma e quais seus efeitos no
ambiente. Marque um dia para
a turma apresentar o que des-
cobriu. Estimule os alunos a
conversar sobre esse fenômeno
com base em questões como:
1. Como se forma a chuva
Figura 7. Incêndio em ácida?
usina química em Mossul 2. A chuva ácida provoca im-
(Iraque), em 2016. Gases pactos ambientais? Quais?
tóxicos emitidos no Iraque 3. O que pode ser feito para
poderiam ter atingido a minimizar a emissão de
Turquia, o que foi evitado poluentes na atmosfera e
pela mudança dos ventos. evitar a chuva ácida?
No mundo atual, as mercadorias são produzidas em uma complexa cadeia Este conteúdo permite o
Contexto desenvolvimento da CG1, da
produtiva. A carne de um hambúrguer consumido na Ásia, por exemplo, pode ter
¥ O que você mais CECH6, da CEG1 e do TC Edu-
vindo de um rebanho bovino criado em áreas que já foram ocupadas por florestas gosta de comer? cação ambiental.
tropicais. O simples ato de comer um sanduíche pode estar associado à destruição Sabe como esse
alimento é
de uma floresta (figura 8).
produzido? Imagine
Para evitar a devastação ambiental sem paralisar a atividade econômica – afi- quais são os
nal é preciso produzir bens, mercadorias e alimentos para viver –, foram criados impactos causados
para produzir sua
vários acordos e tratados internacionais, desde o século XX, que regulamentam a comida predileta e
relação entre sociedade e meio ambiente. A seguir, conheça os principais. não desperdice.
• É importante explorar a
Ricardo Teles/Pulsar Imagens

diversidade de alimentos
citados pelos alunos,
como alimentos regionais
e alimentos mais saudáveis
(pode-se envolver o
professor de Ciências,
nesse caso). Compare a
produção da comida
regional, caseira, com a
das redes de fast food ou
com alimentos
industrializados, desde a
produção até seu preparo,
conservação e transporte.
Figura 8. Área de floresta
transformada em
pastagem para a criação
extensiva de gado, em
Curionópolis (PA), 2016.

Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 77

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 77


Orientações didáticas
Comente que a FAO faz parte 4 ONU: conservação ambiental
da ONU; atua em favor da segu-
rança alimentar e da susten- e promoção da paz
tabilidade socioambiental na
produção agrícola e tem papel Temas ambientais estão presentes no debate interno promovido pela ONU
relevante nas relações interna- desde o seu surgimento. Como já foi apontado, a missão principal da ONU é man-
cionais. Pode-se encaminhar ter a paz. Por isso, a organização deve evitar a falta de alimentos no mundo,
a discussão para desenvolver
causa frequente de guerras no passado.
as habilidades EF09GE02 e
EF09GE13, a CG9 e o TC Edu- Diversas organizações internacionais das Nações Unidas também abordam
cação ambiental. problemas relacionados ao meio ambiente, como geração de energia, produção
de alimentos e desastres naturais, entre outros. Além disso, o acesso a recursos
naturais também já gerou muitos conflitos, e a ONU teve de tratar desses temas
para manter a paz.

Organização das Nações Unidas para a Alimentação


e a Agricultura (FAO)
Reprodução/<www.fao.org >

Cuidar da produção e da oferta de alimentos é uma das missões da Orga-


nização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (Food and
Agriculture Organization, FAO) (figura 9), com sede em Roma (Itália). A FAO
também promove estudos (figura 10) para avaliar a perda de solo por erosão e
a contaminação do solo pelo uso intensivo de agrotóxicos. Essas ações foram as
primeiras, no âmbito da ONU, relacionadas à temática ambiental.
Figura 9. Símbolo da Além disso, a FAO também tem programas de ajuda e assessoria aos go-
FAO. vernos para que os países possam modernizar suas atividades agrícolas, flores-
tais e pesqueiras.

Christian Science Monitor/Getty Images

Figura 10. Missão da FAO promove o desenvolvimento da agricultura em Maiduguri (Nigéria), 2017.

78 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

Texto complementar Objetivo 5: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Objetivo 6: Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e sanea-
Objetivo 1: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. mento para todos.
Objetivo 2: Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da Objetivo 7: Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessí-
nutrição e promover a agricultura sustentável. vel à energia para todos.
Objetivo 3: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, Objetivo 8: Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável,
em todas as idades. emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.
Objetivo 4: Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover Objetivo 9: Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva
oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. e sustentável e fomentar a inovação.

78 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Figura 11. Planisfério: desnutrição – 2015 Durante a leitura do mapa da

EGL PRODUÇÕES/Arquivo da editora


figura 11, destaque a situação do
OCEANO GLACIAL ÁRTICO continente africano, sobretudo
Círculo Polar Ártico da região subsaariana. Em mui-
tos países africanos ocorre um
processo de urbanização cres-
cente e acelerado; contudo, a
população empregada no setor
Trópico de Câncer primário ainda é predominante.
OCEANO
A discussão deste tema e a leitu-
OCEANO
PACÍFICO PACÍFICO ra do mapa mobilizam as habili-
Equador
0° dades EF09GE13 e EF09GE15.
OCEANO OCEANO Em 2015, a Cúpula das Nações
ATLÂNTICO ÍNDICO
Trópico de Capricórnio
Unidas para o Desenvolvimento

ch
Sustentável adotou 17 Objetivos

Meridiano de Greenwi
de Desenvolvimento Sustentá-
vel (ODS), dentre eles, o objeti-
% da popula•‹o N vo 2, citado no texto. O acordo é
De 0 a 5 OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO que eles sejam implementados
Círculo Polar Antártico
De 5 a 15 O L

Mais de 15
até 2030. Veja abaixo a lista dos
Sem dados
0° S 17 ODS e, para obter mais deta-
Limites de país 0 2 400 4 800 km lhes e inseri-los em sua prática
pedagógica, sugere-se acessar
Fonte: elaborado com base em BANCO Mundial. SDG Atlas 2018. Disponível em: <http://datatopics.wordbank.org/sdgatlas/SDG-02-zero-hunger.
a página da ONU Brasil, disponí-
html>. Acesso em: out. 2018. vel em: <https://nacoesunidas.
org/conheca-os-novos-17-obje
Segundo dados da ONU de 2015, uma em cada nove pessoas no mundo (cer- tivos-de-desenvolvimento-
ca de 795 milhões) ainda é subnutrida; a maioria delas vive em países em desen- sustentavel-da-onu>. Aces-
volvimento (figura 11). Ainda de acordo com esses dados, a má nutrição causa 45% so em: nov. 2018. Aqui é pos-
sível desenvolver a habilidade
das mortes de crianças abaixo dos cinco anos, anualmente.
EF09GE02.
A agricultura é uma das atividades que mais empregam trabalhadores no
mundo atual, sendo importante fonte de renda para as famílias rurais. Dados Atividade complementar
da ONU indicam que 40% da população global vive direta ou indiretamente • Proponha aos alunos forma-
rem grupos e pesquisar da-
de recursos ligados à agricultura e cerca de 80% da comida consumida no
dos relativos à desnutrição
mundo é produzida em pequenas fazendas, que utilizam técnicas tradicionais Interprete na África. Coloque a situa-
de cultivo. ¥ Com base no mapa ção-problema: se vocês par-
Dessa maneira, para atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 da figura 11, ticipassem de um grupo de
(Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e a melhoria da nutrição e identifique os estudos da FAO, responsá-
continentes que
promover a agricultura sustentável), seria preciso investir nos pequenos agriculto- concentram o maior
vel pela elaboração de pro-
res, ajudando-os a modernizar a produção, a manter a fertilidade do solo e a número de pessoas jetos visando ao aumento
aproveitar os recursos naturais sem exauri-los (vale lembrar que os ODS, também subnutridas. da segurança alimentar nos
são conhecidos por Objetivos Globais. Ao todo são 17 ODS, que promovem mu- países da África subsaaria-
• África e Ásia.
na, quais propostas vocês
danças nas pessoas e no planeta, sendo a erradicação da pobreza o ODS 1).
apresentariam para esses
Assim, seria possível aumentar a segurança alimentar e a nutrição dos mais países? Qual é a quantida-
pobres e a produção de alimentos não só para as comunidades locais, mas também de diária de alimento de que
para os mercados globais. uma pessoa precisa?
Entre os compromissos da FAO estão o combate à fome e à pobreza, a me- Este conteúdo favorece o de-
lhoria da nutrição, a busca da segurança alimentar, o desenvolvimento agrícola senvolvimento da CG10, da CE-
sustentável e o acesso de todas as pessoas, em todos os momentos, aos alimen- CH2, da CEG5, do TC Educação
tos necessários para uma vida saudável. alimentar e nutricional e do TC
Educação ambiental.
Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 79

Objetivo 10: Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles. e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
Objetivo 11: Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, Objetivo 16: Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
resilientes e sustentáveis. sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições efi-
Objetivo 12: Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. cazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
Objetivo 13: Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus Objetivo 17: Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global
impactos. para o desenvolvimento sustentável.
Objetivo 14: Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos ONU. Conheça os novos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Disponível
marinhos para o desenvolvimento sustentável. em: <https://nacoesunidas.org/conheca-os-novos-17-
objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-da-onu/>. Acesso em: nov. 2018.
Objetivo 15: Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas
terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 79


Orientações didáticas
A Unesco e as Reservas da Biosfera

Reprodução/
<www.UNESCO.org >
A Unesco fomenta e coorde-
na projetos voltados para a edu-
cação, a ciência e a cultura em Coube à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cul-
diversos países. Sugerimos que tura (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, Unesco) (fi-
os alunos pesquisem a atuação gura 12) organizar, em 1968, a Conferência Intergovernamental de Especialistas
da Unesco no Brasil. Eles podem sobre as Bases Científicas para Uso e Conservação Racionais dos Recursos da
Figura 12. Símbolo da
consultar o site da organização. Biosfera, conhecida mundialmente como Conferência da Biosfera. Nesse evento,
Unesco.
Disponível em: <www.unesco. foi adotado um modelo de conservação ambiental que passou a ser aplicado em
org/new/pt/brasilia>. Acesso todo o mundo: estabelecer áreas naturais que deveriam ser protegidas da ação
em: nov. 2018. Biosfera humana, chamadas de Reservas da Biosfera (figura 13).
Área que compreende
todos os lugares da Terra

Panther Media GmbH/Alamy/Fotoarena


onde existe vida.
Aproveite a oportunidade
para trabalhar com os alunos
a Sequência didática 3: As
organizações internacio-
nais e a questão ambiental,
disponível no material digital.

Figura 13. Reserva da


Biosfera de Waterberg,
A intenção era manter áreas para a conservação de espécies em sua dinâmica
localizada na província natural e, desse modo, criar um tipo de reserva das condições naturais do planeta
de Limpopo, na África para o encaminhamento de pesquisas. As pessoas que já se estabeleceram nessas
do Sul, 2017. áreas podem continuar a viver nelas, afinal, estão lá há muito tempo e não degra-
dam o ambiente de forma intensa. No entanto, existem casos em que as neces-
sidades para subsistência da população local ameaçam a conservação das reservas.
Nessas situações, o ideal é que a Unesco crie programas de estímulo a atividades
sustentáveis.
Por exemplo, as comunidades que vivem em torno da Reserva de Bia, em Gana,
ainda dependem muito da floresta, principalmente os agricultores, que, na baixa
estação da produção de cacau, entram na reserva para extrair recursos para a
subsistência deles, utilizando a queimada e o desmatamento. A Unesco tem im-
plantado na região projetos para diversificar a economia das comunidades locais
e reduzir a dependência da floresta. Atividades como cultivo de cogumelos, cria-
ção de caracóis e abelhas passaram a ser orientadas com o objetivo de aumentar
as opções de trabalho e renda.
80 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

Texto complementar
Os desdobramentos da Conferência de Estocolmo – 1972
O cenário internacional para o debate ambiental tornou-se propício após a Conferência de Estocolmo, tanto por ter levado a temáti-
ca ao patamar de tema fundamental à humanidade com relevância global quanto pelas discussões sobre os diferentes posicionamentos
entre os países e organismos participantes, além de trazer à tona o discurso ambientalista e os conflitos inerentes ao desenvolvimento
econômico e à justiça social planetária.
De fato, mesmo antes de Estocolmo, como já apontado, foram muitos os encontros internacionais, porém, sem a mesma dimensão
no envolvimento dos países, o que passou a mudar após 1972, detonando uma sequência de eventos, conferências e o estabelecimento
de acordos sem precedentes.

80 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas

Zig Koch/Pulsar Imagens


Apesar de ter obtido poucos
resultados práticos, a Conferên-
cia de Estocolmo, como também
é chamada a Conferência sobre
Meio Ambiente Humano, é reco-
nhecida atualmente como im-
portante ponto de partida para
a inserção da agenda ambiental
global nas agendas política e
econômica dos países. A esse
respeito, sugerimos a leitura na
íntegra da tese citada abaixo,
da qual reproduzimos um tre-
cho para leitura complementar.

Figura 14. Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em Morretes (PR), 2017

No Brasil, a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica foi criada em 1991 (figura 14). Contexto
Nela vivem várias comunidades, e muitas enfrentam dificuldades para manter o ¥ Você já visitou uma
atual estilo de vida porque leis ambientais restringem suas atividades e ainda não reserva ambiental?
foram criadas alternativas conservacionistas. Se já, onde ela ficava
e o que se lembra da
Educação ambiental é um assunto frequente nas reuniões da Unesco e foi o visita? Existe alguma
tema central de diversas reuniões na década de 1970. De modo geral, a intenção reserva ambiental
no município em
da entidade é despertar a população para uma ação comprometida com a quali-
que você vive ou
dade de vida e com a conservação ambiental. em um próximo?

Conferência sobre Meio Ambiente Humano • Uma visita a uma


unidade de conservação
poderia ser
Aos poucos, os temas ambientais foram ganhando importância no debate programada. Com uma
entre países. Em 1972, ocorreu a primeira reunião da ONU dedicada exclusivamen- equipe interdisciplinar,
com presença de
te a esse assunto. Trata-se da Conferência sobre Meio Ambiente Humano, rea- professores de Biologia,
lizada em Estocolmo (Suécia) (figura 15). Arte, História e
Educação Física, pode-
Naquela época, a poluição do ar estava entre as maiores preocupações dos -se montar uma série
participantes dessa conferência. Também havia interesse em tratar do acesso aos de atividades lúdicas
que permitam conhecer
recursos naturais. a área.
Paul Popper/Popperfoto/Getty Images

Figura 15. Conferência


de Estocolmo (Suécia),
em 1972.

Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 81

Neste aspecto, embora apenas de passagem, é importante ressaltar que Estocolmo–1972 deu início a um movimento internacional
que favoreceu a legitimidade dos acordos internacionais, locais, regionais e globais, tendo em vista o princípio da responsabilidade
de todos os países com o uso dos recursos naturais disponíveis.
Desde Estocolmo, viu-se florescer, por assim dizer, os princípios do Direito Ambiental, que fomentou o surgimento de convenções e
acordos, cujo propósito, com base nos fundamentos do Direito Internacional, buscava limitar os riscos e os impactos para eventos que
pudessem trazer prejuízos ambientais globais.
[…]
FERRARI, Alexandre Harlei. De Estocolmo, 1972, a Rio+20, 2012: o discurso ambiental e as orientações para a educação ambiental nas
recomendações internacionais. p. 80-81. Tese de doutorado defendida na Unesp, campus de Araraquara, em 2014.
Disponível em: <wwws.fclar.unesp.br/agenda-pos/educacao_escolar/3226.pdf>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 81


Orientações didáticas
Nessa primeira grande conferência da ONU dedicada ao tema ambiental, os
Fique por dentro países mais ricos propuseram aos mais pobres o crescimento zero, baseados em
Antes de ler o texto da seção, estudos que indicavam que os recursos naturais do planeta seriam insuficientes
peça aos alunos que respondam
para dar a toda a população humana condições iguais de consumo. Isso gerou
à pergunta do título: Os mode-
los de desenvolvimento dos uma resposta clara dos países mais pobres, que recusaram a proposta e reivindi-
países industrializados devem caram o direito ao desenvolvimento. Por isso, esse debate ficou conhecido como
ser seguidos? Zeristas 3 Desenvolvimentistas.
Estimule-os a argumentar Os países então reunidos decidiram criar um órgão da ONU para cuidar das
com base nos conhecimentos discussões internacionais ambientais: o Programa das Nações Unidas para o Meio
que eles já têm sobre o assunto. Ambiente (PNUMA).
Proceda, então, à leitura, ao fim
da qual os alunos devem veri- Fique por dentro
ficar se os argumentos levan-
tados estão de acordo ou não
com o que trata o texto. Esse Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados devem ser seguidos?
procedimento facilita o desen- O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir
volvimento da CG7. não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não seria possível.
Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quan-
tidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos
minerais, 200 vezes.
Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso redu-
zir os níveis observados nos países industrializados.
Os crescimentos econômico e populacional das últimas décadas têm sido marcados por
disparidades.
Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta,
eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos
metais e 85% da produção de madeira mundial.
WWF Brasil. O que é desenvolvimento sustentável? Disponível em: <www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/
desenvolvimento_sustentavel/>. Acesso em: out. 2018.
• Peça aos alunos que busquem casos de desenvolvimento sustentável que deram certo no mundo.
Caso seja possível, reúna a turma toda para debater as dificuldades enfrentadas na implantação
Atividade dessas políticas, sejam elas governamentais, sejam privadas.
¥ Em grupo, pesquisem casos de desenvolvimento sustentável. Depois, discutam alternativas de desenvol-
vimento que causem menos impactos ao ambiente e, ao mesmo tempo, contribuam para o crescimento
da economia.

PNUMA
Criado em 1972, o PNUMA (figura 16) começou a funcionar no ano seguinte, mas
só teve uma sede definitiva em 1984, em Nairóbi (Quênia). A criação do PNUMA
permitiu o surgimento da ordem ambiental internacional, um conjunto de tratados
internacionais que buscaram regular as ações humanas sobre o ambiente (figura 17,
na página seguinte).
Reprodução/<www.pnuma.org.br>

Entre as atividades do PNUMA está a produção de relatórios que ajudam a


conhecer a situação do mundo em relação a assuntos ligados ao meio ambiente,
como os desastres ambientais – que acontecem devido a secas prolongadas ou a
períodos de chuvas que causam deslizamento de terra e inundações. Também são
produzidos estudos sobre a conservação da biodiversidade e sobre o acesso à água
Figura 16. Símbolo do doce de qualidade pela população mundial. Além disso, são produzidos guias que
PNUMA. incentivam a adoção de práticas para um uso mais eficiente dos recursos naturais.

82 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

82 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas

Magdalene Mukami/Anadolu Agency/Getty Images


Gases que Fique por dentro
destroem a
camada de ozônio Atividade complementar
De acordo com o • Para ampliar a atividade pro-
Protocolo de Montreal, posta, pode-se sugerir aos
foram definidas como
destruidoras da camada
grupos o seguinte desafio:
de ozônio as seguintes Imaginem que vocês são res-
substâncias químicas: ponsáveis pela proposição
clorofluorcarbonos
(CFCs),
de um novo acordo interna-
hidroclorofluorcarbonos cional para o meio ambiente.
(HCFCs), halons, brometo Com base no que observam
de metila, tetracloreto em sua realidade local, re-
de carbono (CTC), gional e/ou nacional, qual
metilclorofórmio e
hidrobromofluorcarbonos
seria o objetivo do acordo?
(HBFCs). Eles têm Justifiquem suas escolhas
diferentes usos, como o e indiquem quais países de-
CFC, que não é um gás veriam participar do acordo
natural e é utilizado em e por quê.
máquinas de
refrigeração, por Essa atividade mobiliza a
Figura 17. Reunião de trabalho na sede do PNUMA, em Nairóbi (Quênia), 2016. exemplo, geladeira e CECH3, a CEG7 e a CG2.
freezer. Já o HCFC é
Desde então, houve um importante crescimento da quantidade de acordos usado para fabricar
espuma, entre outros
internacionais com o objetivo de tentar controlar a degradação ambiental, orga- produtos.
nizados a partir do PNUMA. Leia a seção Fique por dentro.

Fique por dentro

Acordos internacionais para o meio ambiente


Conheça os principais acordos internacionais que tratam de questões relativas ao meio ambiente,
seus objetivos e o ano em que foram firmados.

Principais acordos internacionais até a Rio-92


Nome Objetivo Ano

Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Regular o comércio de espécies ameaçadas de


1975
da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção extinção entre países-membros.

Convenção sobre Poluição Transfronteiriça de Longo


Reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera. 1983
Alcance

Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Diminuir a emissão de gases que destroem a
1988
Ozônio camada de ozônio.

Convenção da Basileia sobre o Controle de Regular o transporte de resíduos perigosos e


Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e estabelecer normas para a destinação final desses 1992
seu Depósito elementos.
Fonte: elaborado pelo autor.
• Sugere-se organizar a turma em quatro grupos para que todas as convenções possam ser
Atividade abordadas. Estimule os alunos a identificar quais países participam de todos os tratados e se países
importantes estão ausentes de alguma dessas discussões.
• Forme um grupo e pesquisem informações na internet sobre esses tratados internacionais e verifiquem
quais países participam deles. Depois, elaborem um cartaz com a principal mensagem de cada documen-
to e apresentem-no à classe.

Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 83

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 83


Orientações didáticas
Reforce com os alunos a 5 Da Rio-92 à Rio+20
importância de reuniões en-
volvendo diversos países e a Durante 20 anos, uma série de conferências foi realizada para discutir temas
construção coletiva de planos ambientais. Diferentemente da reunião de Estocolmo (Suécia), nesse período, as
de ações mundiais para temas
discussões não culparam a pobreza pela degradação ambiental, mas, sim, o mode-
ambientais.
lo de produção capitalista, que necessita de matéria-prima constantemente para
É interessante ressaltar que
produzir as mercadorias. Essa maneira de produzir consome bastante energia, além
o Brasil firmou compromissos
de gerar muito descarte rapidamente, o que causa sérios impactos ambientais.
na Agenda 21. Se achar pertinen-
te, peça que os alunos busquem
quais foram eles e se estão sen- Rio-92
do aplicados, tanto na escala
global quanto na escala local. Em 1992, mais de 170 países participaram da Conferência das Nações Unidas
Informações sobre a Agenda para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Rio-92, por ter sido
21 Brasileira estão disponíveis realizada no Rio de Janeiro (RJ). O evento também recebeu o nome de Eco-92
no site: <www.mma.gov.br/res (figura 18).
ponsabilidade-socioambiental/ Pela primeira vez em reuniões da ONU, as ONGs também puderam participar
agenda-21/agenda-21-brasileira. como membros das delegações dos países presentes. Essa conferência foi influen-
html>. Acesso em: nov. 2018. ciada por uma ideia divulgada um pouco antes, em 1987: o desenvolvimento
Tratar da ação do Brasil e de sustentável, que é uma forma de produzir mercadorias sem esgotar os recursos
outros países em planejamen- naturais atuais para que as gerações futuras também possam usufruir desses
tos participativos ambientais
recursos. Esse desafio ainda não foi alcançado.
mobilizam a CG10, a CECH6
e a CEG7.

José Varella/Agência Estado


Figura 18. Representantes
dos países em reunião
oficial da Eco-92, no
Rio de Janeiro (RJ), 1992.

O evento no Rio de Janeiro visava elaborar um plano de ação para recuperar


o planeta da degradação ambiental e que deveria ser aplicado até o ano 2000. Ele
ficou conhecido como Agenda 21. Mais duas declarações resultaram do evento
no Brasil: a Declaração de Florestas, na qual os países afirmaram que manteriam
as florestas, e a Declaração do Rio, que firmava o compromisso dos países em
manter o planeta em condições de ser habitado pelas gerações futuras.
Aproveitando a reunião de líderes e chefes de Estado, foram assinados mais
dois acordos muito importantes: a Convenção sobre Diversidade Biológica e a
Convenção sobre Mudanças Climáticas.
84 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

Da Rio-92 à Rio+20: avanços e retrocessos da Agenda 21 no Brasil


MARTINS, Clitia Helena Backx et al. Da Rio-92 à Rio+20: avanços e retrocessos da Agenda 21 no Brasil. Indicadores Econômicos FEE,
v. 42, n. 3, 2015. Disponível em: <http://revistas.fee.tche.br/index.php/indicadores/article/view/3455/3529>. Acesso em: nov. 2018.
Neste artigo, os autores procuram avaliar a implementação da Agenda 21 local nos municípios brasileiros ao longo das duas décadas
que se seguiram após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). Apontam avanços e retro-
cessos, questionando a eficácia das políticas adotadas em termos de sustentabilidade, estabilidade continuidade.

84 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


[…]
Convenção sobre Diversidade Biológica Engenharia c) Riscos mediados pela
genética acumulação de herbici-
A Convenção sobre Diversidade Biológica estabeleceu que a conservação da Conjunto de técnicas das e seus metabólitos
biodiversidade é importante para garantir a reprodução das espécies e de suas que alteram uma nas variedades e espé-
relações. Além disso, ela é a base da engenharia genética. De nada adianta ter espécie vegetal ou cies resistentes;
conhecimento para manipular genes se não existirem seres vivos que possam ser animal para a produção
d) Risco de transferência
de organismos
utilizados em estudos e experiências que favoreçam a pesquisa e a descoberta de geneticamente
horizontal das constru-
novos remédios, alimentos e materiais. modificados. Por
ções transgênicas para
exemplo, soja resistente o genoma de bactérias
Por isso, esse tratado internacional estabeleceu que, caso alguma tecnologia simbióticas tanto de hu-
a pragas.
ou produto venha a ser gerado a partir de um ser vivo que existe em um país, o manos quanto de ani-
país que o desenvolveu deve repassar o conhecimento àquele que mantém a in- Gene mais.
formação genética em uma área natural. Ou seja, o país que detém a informação Parte do DNA, molécula
que fica dentro de todas 2. Riscos ecológicos
genética deve receber a tecnologia desenvolvida a partir dela. as células que formam a) Erosão da diversidade
os seres vivos. O DNA das variedades de cul-

Ernesto Reghran/Pulsar Imagens


armazena toda a
turas em razão da ampla
informação para
introdução de plantas
determinar e transmitir
aos descendentes as
GM derivadas de um
características que grupo limitado de va-
moldam cada espécie. riedades parentais;
Cada gene é responsável b) Transferência não con-
por uma característica, trolada de construções,
por exemplo, a cor dos especialmente daquelas
olhos e do cabelo. que conferem resistên-
cia a pesticidas e pragas
Quilombola e doenças, em razão da
Habitante de polinização cruzada com
comunidade quilombola,
plantas selvagens de an-
formada por
cestrais e espécies rela-
descendentes de
cionadas. Os possíveis
africanos escravizados,
além de alguns
resultados são o declínio
indígenas e brancos na biodiversidade das
pobres, que, no passado, formas selvagens do an-
se refugiaram criando os cestral;
quilombos. Essa […]
população ainda
d) Efeitos adversos na bio-
mantém vínculo com a
terra e os costumes de
diversidade em razão de
seus ancestrais. proteínas transgênicas
tóxicas, afetando inse-
Caiçara tos não alvo […];
Habitante de e) Risco de rápido desen-
comunidade caiçara, volvimento de resistência
formada pela mistura de às toxinas implantadas
contribuições de no transgênico por in-
Figura 19. Comunidade caiçara situada em Ilhabela, litoral de São Paulo, 2017.
indígenas, colonizadores setos fitófagos, bactérias,
portugueses e africanos. fungos e outras pragas
Também foi estabelecido que o conhecimento associado de comunidades Vivem principalmente
devido à pesada pressão
tradicionais locais, que vivem em áreas protegidas, como povos indígenas, qui- em áreas litorâneas dos
seletiva;
estados do Rio de
lombolas e caiçaras, deve ser reconhecido no processo de desenvolvimento […]
Janeiro, São Paulo e
tecnológico e, por isso, ser remunerado de algum modo (figura 19). Paraná. Seu modo de
Depois da Rio-92, ocorreram novas rodadas de discussão sobre a ordem am- vida é, em geral, 3. Riscos agrotecnológicos
baseado na pesca, na […]
biental internacional. No caso da biodiversidade, um dos resultados do encontro
agricultura de
dos países-membros da Convenção foi o Protocolo de Biossegurança, assinado subsistência, no
c) Perda da eficiência do
transgênico resistente a
no ano 2000, em Cartagena (Colômbia). Esse documento estabeleceu normas para extrativismo e na
pragas em razão do culti-
o transporte de organismos geneticamente modificados, que devem ser obede- pequena produção de
mercadorias. vo extensivo das varieda-
cidas pelos países que adotaram o Protocolo. des GM por muitos anos;
d) Possível manipulação da
Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 85
produção de sementes
pelos donos da tecno-
logia “terminator”.
[…]
Orientações didáticas redução nos custos da produção. No entanto, junto com as novas
Ressalte a importância de tratar dos riscos decorrentes da utilização características, os organismos adquirem um conjunto de novas COSTA, Thadeu E. M. M. et al.
de organismos geneticamente modificados (OGM) na agropecuária para qualidades devido às atividades pleiotrópicas da nova proteína Avaliação de risco dos organis-
e às propriedades da própria construção, incluindo instabilida- mos geneticamente modifica-
a produção de alimentos. A esse respeito, sugerimos a leitura a seguir. dos. Revista Ciência & Saúde
de e seus efeitos regulatórios sobre os genes vizinhos. Todos os
fenômenos e eventos indesejáveis resultantes do crescimento e Coletiva. Rio de Janeiro, n. 1, v.
Texto complementar consumo dos OGM podem ser classificados em três grupos de 16, jan. 2011. Disponível em:
risco: alimentares, ecológicos e agrotecnológicos. <www.scielo.br/scielo.php?
Classificação dos riscos script=sci_arttext&pid
A inserção de novas construções no genoma de um organismo 1. Riscos alimentares =S1413-81232011000100035>.
supõe a melhora de suas propriedades, úteis ao ser humano, e a a) Efeitos imediatos de proteínas tóxicas ou alergênicas do OGM; Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 85


Orientações didáticas
Outro documento importante foi definido em 2010, em

Jiji Press/Agência France-Presse


Para aprofundar o tema da
Nagoya (Japão). Trata-se do Protocolo de Nagoya (figura
página, sugere-se a leitura do
texto complementar a seguir. 20), que regulamentou como será a participação dos países
nos benefícios que resultem da utilização de recursos ge-
Texto complementar néticos, o que interessa diretamente às comunidades tra-
dicionais, as maiores beneficiadas com essa decisão.
Vinte anos após Kyoto,
Por exemplo, se um laboratório desenvolver um remédio
especialistas torcem
para Paris ser diferente utilizando o conhecimento de uma comunidade tradicional,
ela deverá ser paga. Mas como será esse pagamento? Não
Em 11 de dezembro de
1997, o primeiro pacto glo- é simples definir, já que algumas comunidades não usam o
bal relacionado às mudan- Figura 20. Conferência das Partes da Convenção
dinheiro para expressar valor e outras têm mais de um líder,
ças climáticas era adotado.
sobre Diversidade Biológica, que resultou na o que não deixa claro a quem pagar o benefício. Enfim, o
Surgia o Protocolo de Kyoto. debate vai continuar por mais alguns anos para tentar re-
Vinte anos depois, a torcida assinatura do Protocolo de Nagoya, realizada em
de especialistas é para que 2010, no Japão. solver esses impasses.
sua baixíssima efetividade
não se repita com o Acordo
de Paris.
Convenção sobre Mudanças Climáticas
O tratado, que v isava Controlar as emissões de gases que aumentam o efeito estufa é o principal
diminuir as emissões de
gases-estufa de países de- objetivo da Convenção sobre Mudanças Climáticas. De acordo com o Painel
senvolvidos a pelo menos Intergovernamental das Mudanças Climáticas (International Panel of Climate
5% abaixo dos níveis re- Change – IPCC), órgão assessor da Convenção, para conter o aquecimento global,
gistrados em 1990, só en-
trou em vigor realmente em é preciso diminuir a emissão dos gases que retêm calor (figura 21).
2005. “Na prática, o proto- Isso gerou um impasse, pois tornou-se necessário definir quais países deveriam
colo não teve importância reduzir a emissão deles. Esse documento reconheceu que os países que mais lan-
nenhuma”, diz Paulo Arta-
xo, climatologista da USP. çaram gases de efeito estufa na atmosfera no passado deveriam ser os primeiros
André Nahur, coordenador a reduzir a emissão deles. Desse modo, países que ainda estavam em uma situação
do programa de mudanças econômica e social inferior poderiam ter a oportunidade de melhorar as condições
climáticas da ONG WWF da população, o que, segundo os modelos de desenvolvimento econômico atuais,
Brasil, afirma que recente-
mente as emissões de ga- implica aumentar a emissão de gases de efeito estufa. Para gerar emprego e
ses-estufa aumentaram no renda, é preciso aumentar a atividade econômica, o que leva à necessidade de
mundo – de 2015 a 2016, a aumentar a produção de energia, uma das fontes de emissão desses gases.
liberação foi a maior já re-
gistrada. Em 1997, foi assinado o Protocolo de Quioto, resultado de uma reunião na
O aumento das emissões cidade de Quioto (Japão). Esse protocolo confirmou o princípio adotado na Con-
é acompanhado por recor- venção sobre Mudanças Climáticas e determinou aos países que se industrializaram
des de temperatura – entre
primeiro que reduzissem as emissões de gases de efeito estufa entre 2008 e 2012.
os dez anos mais quentes já
registrados, nove estão no Os Estados Unidos não concordaram com o Protocolo e não o ratificaram, ficando
século 21 e 2016 é o recordis- sem a obrigação de diminuir as emissões desses gases. Os países da União Euro-
ta, até o momento –, de der- peia assumiram outra posição e concordaram em reduzir as emissões.
retimento das geleiras e de
outros desastres climáticos.

Ahmed Jadallah/Reuters/Fotoarena
Figura 21. Refinaria de
“O não cumprimento da
petróleo na Arábia Saudita,
meta de Kyoto coloca a so-
ciedade em uma velocidade 2018. Os combustíveis
de emissões que nos leva a gerados do refino do
cenários bem preocupantes. petróleo geram gases de
E o que tivemos em Kyoto efeito estufa quando
pode se repetir com Paris”, queimados. Países
diz Nahur. exportadores de petróleo
Segundo Márcio Astrini, se opõem à diminuição da
coordenador de políticas emissão desses gases, pois
públicas da ONG Greenpea- perderiam mercado para
ce, o novo acordo climáti-
seus produtos.
co firmado em Paris é mais
maduro, mais próximo de
ações concretas e ocorreu 86 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo
em um momento em que
não se debate mais a exis-
tência ou não das mudan-
ças climáticas – pelo menos
dentro da comunidade cien-
tífica séria.
[…] Artaxo afirma que, estrategicamente, o documento foi impor- criação dos mercados de carbono, mecanismo usado ainda hoje
tante para o reconhecimento de que o aquecimento global deve- na tentativa de controlar emissões.
IMPACTOS ria ser contido. WATANABE, Phillippe. Folha de S.Paulo, 9 dez. 2017.
Se a aplicação foi falha, o
O secretário de Mudança do Clima e Florestas do Ministério do Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/ambiente
Protocolo de Kyoto pelo me-
Meio Ambiente, Everton Lucero, afirma que o protocolo levou à /2017/12/1941952-vinte-anos-apos-kyoto-especialistas-torcem-
nos foi “divisor de águas” e para-paris-ser-diferente.shtml>.
criação de instituições e regras para monitoramento e transpa-
popularizou o problema das Acesso em: nov. 2018.
rência na questão do aquecimento global. Outro ganho, diz, foi a
mudanças climáticas.

86 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Na conferência da ONU sobre

KARIM JAAFAR/AL-WATAN DOHA/Agência France-Presse


Sugerimos acompanhar e
Mudanças Climáticas (COP18) em atualizar as informações re-
Doha (Catar), em 2012 (figura 22), lativas ao Acordo de Paris, le-
ficou decidido que o Protocolo de vando em conta as mudanças
Kyoto terá seu período de funcio- que ocorreram em razão, entre
namento prorrogado até 2020. outros, do cenário político bra-
Em 2015, na COP21, foi assinado sileiro entre 2016 e 2018. Por
o Acordo de Paris, que entrará em isso, proponha aos alunos que
vigor a partir de 2020. O principal façam uma pesquisa de notícias
objetivo do acordo, ratificado por atuais a esse respeito.
195 membros da Convenção do Cli- Ao assinar o Acordo, o Bra-
ma da ONU e a União Europeia, é sil assumiu o compromisso de
manter o aquecimento global “mui- reduzir as emissões de CO2 e
combater o desmatamento ile-
to abaixo dos 2 oC”. Segundo cientis- Figura 22. COP18, ocorrida em Doha (Catar), entre 26 de novembro e 7 de
gal, sobretudo na Amazônia.
tas ligados à ONU, se o aquecimento dezembro de 2012. Esses compromissos, deno-
global chegar aos 2 oC, o planeta estaria condenado a um “futuro sem volta”, com minados Intended Nationally
eventos que vão prejudicar a economia e a sociedade, como mudanças climáticas Determined Contributions (INDCs)
extremas e escassez de água (figura 23). – contribuições nacionalmen-
O texto do acordo também diz que todos os países do mundo devem fazer te determinadas –, podem ser
esforços para limitar o aumento da temperatura global a até 1,5 oC. Os pontos do consultados no site do Minis-
acordo também deverão ser revisados a cada cinco anos e os países desenvolvidos, tério das Relações Exteriores.
Mudanças Disponível em: <www.itamaraty.
em um primeiro momento, vão investir 100 bilhões de dólares por ano em medi-
climáticas gov.br/images/ed_desenvsust/
das de combate à mudança climática e de adaptação dos países em desenvolvi-
<www.andi.org.br/tags/ BRASIL-iNDC-portugues.pdf>.
mento. Porém, para garantir a participação dos Estados Unidos no acordo, apenas mudancas-climaticas-0> Acesso em: nov. 2018.
alguns pontos do documento terão força de lei internacional, sendo os outros Este site traz vasto
pontos de cumprimento voluntário. Mesmo assim, em 2017, o então presidente material de notícias
dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída dos Estados Unidos do acor- sobre mudanças
climáticas no Brasil e
do, alegando que só voltaria a integrá-lo quando houvesse cláusulas econômicas no mundo.
que ele considerasse justas ao país.
Flávio Tin/UOL/Folhapress

Figura 23. Mar encobre a faixa de areia na praia dos Ingleses, em Florianópolis (SC), em 2017. As
consequências das mudanças climáticas já são realidade em muitas cidades litorâneas brasileiras.

Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 87

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 87


Orienta•ões did‡ticas
Investigue com os alunos Rio+20
se a meta discutida na Rio+20
se concretizou na realidade lo- Em 2012, foi realizada uma reunião no Rio de Janeiro (RJ), a Conferência das
cal: existe alguma iniciativa, no Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, também chamada de Rio+20
município em que eles vivem, (figura 24), que teve como meta discutir a adoção de um modelo de desenvolvi-
voltada para a economia verde? mento econômico, denominado economia verde, capaz de:
Quais são os agentes envolvidos • não esgotar recursos naturais para que gerações futuras possam utilizá-los;
nessa iniciativa (governo, em-
• promover, ao mesmo tempo, a inclusão social de parcelas pobres da popu-
presas, movimentos sociais)?
lação sem que elas esgotem ainda mais as reservas naturais.
Essas iniciativas são conheci-
das na sociedade local? Se não

Jorge Araújo/Folhapress
existem iniciativas como essas,
como elas poderiam ser incenti-
vadas? Essas e outras questões
estimulam o desenvolvimento
da CEG5.

Figura 24. ONGs realizam protesto contra a utilização de combustíveis fósseis, durante a Rio+20,
no Rio de Janeiro (RJ), 2012.

Rio+20
<www.rio20.gov.br> Pensar em formas de produção que gerem poucos impactos ambientais e
O site traz informações promovam o acesso dos mais pobres a uma vida melhor é bastante complexo.
sobre a Conferência das
Com a globalização, em geral, aumentam as dificuldades para conseguir emprego
Nações Unidas sobre
Desenvolvimento e a riqueza fica concentrada, o que resulta em elevado nível de desemprego, até
Sustentável, a Rio+20, mesmo de mão de obra qualificada, como se verifica atualmente em países como
ocorrida em 2012.
Descubra mais sobre a Espanha e Grécia.
importância desse Na Rio+20, pela primeira vez na história da ONU, um cidadão pôde se mani-
encontro e seus
principais resultados
festar diretamente, sem precisar estar vinculado à delegação de um país ou ser
acessando as diversas membro de uma ONG. Leia a seção Olhar cidadão, na página seguinte.
seções em “Sobre a
Conferência”.
Além disso, esse evento também teve como objetivo discutir novas formas de
organização dos países para enfrentar esses desafios.
88 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

88 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Olhar cidadão Olhar cidadão
As atividades propostas na
Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável seção contribuem para mobili-
zar a CG5 e a CECH2, uma vez
O governo brasileiro propôs uma forma diferente para a participação dos cidadãos na Rio+20, um
que indicam a inserção da cul-
diálogo direto, sem mediação de países e de ONGs, como costuma ocorrer em reuniões da ONU, o qual tura digital na compreensão e
recebeu o nome de Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. posicionamento de problemas
Em conjunto com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Ministério das do mundo contemporâneo.
Relações Exteriores do Brasil criou uma plataforma, na qual qualquer pessoa com acesso à internet podia
se manifestar sobre temas como acesso à água, à alimentação sadia, conservação de florestas, diminui-
ção da pobreza, produção energética, entre outros, todos vinculados ao desenvolvimento sustentável.
Esses assuntos foram discutidos em fóruns coordenados por pesquisadores de diferentes países.
Mais de 10 mil pessoas participaram dessa primeira etapa, que definiu propostas para serem votadas.
Em uma segunda etapa, cerca de 60 mil pessoas votaram e escolheram dez propostas em cada fórum,
que foram apresentadas e discutidas em plenário na Rio+20 (veja a imagem), quando foram selecionadas
três propostas por grupo e incluídas nas decisões finais dessa reunião.

Luiz Roberto Lima/Futura Press

Estande no calçadão da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), 2012, onde foram apresentados projetos como parte
da mobilização da cidade pela Rio+20. 1. Resposta pessoal. Discuta com os alunos possibilidades e limitações da utilização da
internet para decisões referentes a questões políticas, principalmente sobre o que envolve a participação ativa da sociedade em
discussões multilaterais que, em geral, ficam a cargo dos Estados, seus agentes centrais. No entanto, é importante
Atividades analisar em que medida as contribuições dos internautas são, de fato, incorporadas nas decisões finais.
1. Você acredita que a internet pode ser usada para decidir questões políticas?
2. Qual assunto entre os apresentados no texto você julga ser mais importante? Justifique.
2. Resposta pessoal. Independentemente do tema que cada aluno escolher, é importante refletir sobre a necessidade de discussão
dos assuntos de interesse comum em fóruns Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 89
multilaterais, pois eles demandam cooperação entre os países.

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 89


Orientações didáticas
Motive os alunos a refletir 6 As ONGs ambientalistas
sobre a realidade local (escola,
bairro, município), questionan- Muitas organizações não governamentais ambientalistas atuam em várias
do-os se identificam a prática escalas: local, regional, nacional e até internacional. Na escala local, elas costumam
da coleta seletiva nesses espa-
lutar por problemas que ocorrem no município em que atuam, como a poluição
ços. Se não existe, estimule-os
a pensar em soluções para de uma lagoa, a conservação de uma área natural, o estabelecimento da coleta
sua implantação e a divulgar Coleta seletiva seletiva (figura 25), entre outros. Em geral, as ONGs de escala local costumam ser
a importância da coleta sele- Forma de coletar o lixo, bastante atuantes e promovem ações públicas para mobilizar a população local.
separando os resíduos
tiva na comunidade local. Eles
sólidos e orgânicos dos

Ricardo Silva/Fotoarena
podem, por exemplo, criar ví- recicláveis, a fim de dar
deos para serem divulgados destinos diferentes para
em redes sociais, orientando eles e contribuir para a
a população sobre a correta conservação do meio
ambiente.
separação do lixo ou incenti-
vando os moradores e o poder
público a criar um programa
com essa finalidade. Desenvol-
ve-se, dessa forma, a CG10, a
CECH3, a CECH6, a CEG7 e o TC
Educação ambiental.
Greenpeace Brasil
<www.greenpeace.org/
brasil/>
O site dessa organização
ambientalista
disponibiliza diversas
informações sobre o
Figura 25. Em Blumenau (SC), existem coletores de materiais recicláveis e também de lixo não
meio ambiente e os
projetos em prol de sua reciclável. Foto de 2018.
proteção.
A escala de ação regional ocorre quando um problema abrange mais de um
município. Por exemplo, a gestão da bacia hidrográfica de um rio exige uma aná-
lise regional, pois o rio atravessa muitos municípios.
ONGs que trabalham na escala nacional têm seu foco nos grandes temas re-
lacionados ao ambiente, como a conservação de determinado bioma (a Mata
Atlântica no Brasil, por exemplo) e a escolha da fonte adequada para gerar energia
Quem se importa? elétrica. Essas organizações costumam manter escritórios e ativistas em várias
Direção: Mara Mourão.
cidades do país que, de algum modo, estejam envolvidas com o problema.
Brasil: Mamo Filmes/ Existem, por fim, as ONGs internacionais. Elas funcionam como uma organi-
Grifa Filmes, 2012. zação internacional, com sedes locais, mas conectadas a um comando central, que
93 min.
influencia bastante a atuação no país em que operam. Como exemplo, podem-se
Filmado em sete países,
o documentário citar organizações que lutam contra a instalação de usinas nucleares para gerar
acompanha 18 energia e pelo controle das emissões de gases de efeito estufa.
empreendedores e suas
ideias e ações pelo
Os temas ambientais internacionais estão em discussão há bastante tempo e
mundo. O filme serve devem continuar a ocupar a agenda política de muitos países. Afinal, esses temas
de inspiração para as têm origem, consequências e eventuais soluções sempre envolvendo mais de um
pessoas tomarem
consciência do próprio
país. As ONGs ajudam nesse processo ao denunciar ações como contaminação
poder de transformação, ambiental ou o desmatamento de uma área natural protegida, mas não participam
para mudar realidades das decisões, que ocorrem nas reuniões das Convenções Internacionais Ambientais.
sociais, ambientais e
políticas.
O Brasil tem uma posição de destaque nas discussões ambientais internacionais.
Veja a seção Enquanto isso no Brasil na página seguinte.
90 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

90 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
Nesta seção sugerimos mo-
tivar os alunos a direcionar a
O Brasil na ordem ambiental internacional atenção para a realidade em que
vivem, procurando identificar
Dadas as condições geográficas do Brasil, o país costuma ser apontado como
quais características ambientais
uma potência ambiental. Entre as características naturais do país, a enorme biodi- locais e regionais contribuem
versidade, importantes reservas de água doce, o tamanho do território e a insolação para confirmar o que o texto
em grande área na maior parte do ano garantem a capacidade de manter os biomas afirma sobre as potencialida-
naturais e de produzir alimentos em larga escala (veja a imagem). des ambientais do país e por
Em um momento em que manter reservas de informação genética é estratégi- quê. Essa abordagem contribui
co, pois delas poderão surgir novos materiais, remédios, fontes de energia e alimen- para o desenvolvimento da CG7
tos, um país com as reservas naturais como as do Brasil leva vantagem sobre os e da CECH6.
demais. Por isso, é muito importante contribuir para evitar a retirada da vegetação • De acordo com o texto,
dos biomas localizados em território brasileiro. o Brasil destaca-se
como uma potência
O Brasil dispõe de reservas de água doce superficiais e subterrâneas suficientes ambiental mundial em
para garantir a produção de alimentos e o abastecimento humano, ainda que a água razão de sua grande
biodiversidade e de
seja escassa no Semiárido nordestino e em algumas regiões metropolitanas, como suas reservas hídricas.
Recife (PE), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). O tamanho do território
e o nível de insolação
Esse conjunto de características é usado pelos negociadores brasileiros nas rodadas durante o ano todo
garantem a manutenção
de discussão sobre a ordem ambiental internacional, tanto em seus pronunciamentos de biomas e a produção
como nas articulações para que as propostas do país tenham maior aceitação. de alimentos. Essa
biodiversidade é
Resultado de anos de presença em foros multilaterais ambientais, o Brasil cos- estratégica, pois
tuma atuar em conjunto com a China e a Índia, países que ainda mantêm importan- também consiste em
reservas de informação
tes estoques de biodiversidade e que convergem em relação a sua conservação e genética para a
produção de novos
uso. Outra bandeira brasileira é o combate à desigualdade no acesso aos recursos materiais, remédios,
naturais no mundo. fontes de energia e
alimentos. Por isso, o
Além disso, o Brasil já foi sede de reuniões muito importantes, como a Rio-92, Brasil se destaca nas
a Conferência das Partes da Convenção de Biodiversidade 2006, realizada em Curi- negociações que
envolvem a ordem
tiba, e a Rio+20, em junho de 2012. ambiental internacional.
Delfim Martins/Pulsar Imagens

Rio São Francisco em


Piaçabuçu (AL), 2018.
Também chamado de rio
da integração nacional,
nasce no estado de Minas
Gerais, passando por Bahia,
Sergipe, Alagoas e
Pernambuco.

Atividade
¥ Discuta com os colegas: o Brasil pode ser considerado uma potência ambiental?
Justifique.

Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 91

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 91


Orientações didáticas
Você em ação
A seção Você em ação, apre-
sentada sempre ao final dos
capítulos, busca verificar a
VOCÊ EM ação
apreensão dos conhecimen-
tos adquiridos pelos alunos,
Pratique 5. Leia o texto a seguir e responda às questões.
por meio da proposição de ati- A escritora Lygia Fagundes Telles escreveu
vidades. É esperado que, em um 1. Explique por que alguns problemas ambientais de- em sua obra A disciplina do amor: Nas minhas
primeiro momento, os alunos vem ser tratados na escala internacional. Dê um andanças, fui parar na África e lá conversei com
organizem e sistematizem tais exemplo. aqueles homens da Unesco, os bons, não os bu-
conhecimentos, para que, em rocratas. Um deles me disse: “Cada vez que
um segundo momento, possam 2. Elabore um texto sobre a atuação da ONU na con-
morre um velho africano é uma biblioteca que
se dedicar ao desenvolvimento servação ambiental. O texto deve abordar ao me-
se incendeia”. Fiquei pensando no nosso índio.
de outras habilidades. nos os seguintes aspectos:
Pensando na Amazônia. Índio, escritor e árvo-
De modo geral, as atividades • relação com seus objetivos; re � as três espécies em processo de extinção.
trabalham as competências ge- • histórico da ação da ONU nesse campo; PORRITT, Jonathon. Salve a Terra.
rais propostas para a área de São Paulo: Globo/Círculo do Livro, 1��1. p. 1��.

Ciências Humanas pela BNCC, • dificuldades enfrentadas.


a) Explique a associação feita no texto entre a morte
como a capacidade de comuni- 3. Relacione as principais decisões da Rio-92 com sua de um velho africano e a perda de uma biblioteca.
cação textual, oral, individual
vida cotidiana. b) Discuta com os colegas o que você entendeu
e/ou em grupo. Além disso, elas
desse trecho.
buscam preparar os alunos pa- 4. Explique como é possível conciliar o desenvolvi-
ra a argumentação diante de mento econômico com a conservação ambiental. 6. Compare as vantagens e as desvantagens do uso de
situações contextualizadas Dê exemplos. combustíveis fósseis e da biomassa (biocombustíveis).
e, em outros casos, abordam
temas relacionados ao auto- Analise o mapa
conhecimento e ao autocui-
dado. As atividades em grupo, 7. Analise o mapa a seguir.
em especial, contribuem para
que os alunos desenvolvam Planisfério: degradação da vegetação – 2000-2016
a empatia e a cooperação, o
EGL Produções/Arquivo da editora

OCEANO GLACIAL ÁRTICO N


senso de responsabilidade e Círculo Polar Ártico

a cidadania. O L

Pratique S

1. Porque suas causas e possí- Trópico de Câncer


Desmatamento
no Sahel
veis soluções ultrapassam OCEANO OCEANO
PACÍFICO PACÍFICO Fonte:
as fronteiras dos países. Equador
0° elaborado
OCEANO OCEANO
com base em
Exemplos: chuva ácida, con- ATLÂNTICO ÍNDICO
BANCO Mundial.
taminação de rios, transpor- Trópico de Capricórnio Reflorestamento 15 Life on Land.
bem-sucedido no Disponível em:
Meridiano de

te de resíduos perigosos,
Greenwich

sul da China 0 3 380 6 760 km


<http://
Desmatamento
mudanças climáticas, en- datatopics.
no Chaco
Emissão de carbono por ano worldbank.org/
tre outros. Círculo Polar Antártico (em g/m2) sdgatlas/SDG-
15-life-on-land.
2. Os alunos podem abordar –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 html>. Acesso

as alterações no ambien- em: out. 2018.

te no período de atuação
a) Com base no mapa apresentado, identifique os continentes onde se encontram as regiões que sofrem
da ONU. Podem fazer uma
grave degradação da vegetação.
análise comparativa en-
tre a Conferência de Meio b) Observe o mapa da figura 11 “Planisfério: desnutrição – 2015 (% da população)” e compare-o com o mapa
Ambiente Humano (1972) desta página, “Planisfério: degradação da vegetação – 2000-2016”. Identifique uma região onde a desnu-
e a Conferência das Na- trição é grande e onde também ocorre a grave degradação da vegetação.
ções Unidas para o Meio c) A pobreza é o único fator de degradação da vegetação? Justifique.
Ambiente e o Desenvolvi-
mento (1992). Podem tratar 92 Unidade 1 • Mundo contemporâneo
do surgimento do Programa
das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e dos entra-
ves políticos, econômicos e 3. Sugira uma pesquisa dos resultados da Rio-92 para enrique- 5. a) Refere-se ao conhecimento das populações tradicionais, pas-
sociais enfrentados na im- cer a reflexão sobre o impacto das decisões, como a mitiga- sado oralmente de geração em geração. A sabedoria desses
plementação de políticas ção das mudanças climáticas, a proteção da biodiversidade povos é de grande riqueza e diversidade, assim como uma
socioambientais. Podem, biblioteca. Perder qualquer um dos dois é inestimável quan-
e as metas definidas na Agenda 21.
ainda, destacar o papel
de fóruns de discussão de 4. Utilizar de forma consciente e racional os recursos naturais do considerado o valor do conhecimento.
questões ambientais, co- para reduzir a pressão sobre o ambiente e diminuir os resí- b) A discussão deve valorizar o conhecimento das comunida-
mo a Convenção do Clima duos; combater a pobreza com a criação de empregos e renda des tradicionais e sua importância para novas descobertas.
e a Convenção da Diversi- a partir de atividades que não degradem o ambiente, como nos 6. Os combustíveis fósseis apresentam elevado poder calorífe-
dade Biológica. programas da Unesco na Reserva da Biosfera de Bia, em Gana. ro, porém são recursos finitos e poluentes. Já os biocombus-

92 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


ancestrais e atividades
Analise a imagem de empreendedorismo
que protegem a diver-
8. Analise a tirinha a seguir, relacionando-a ao papel da publicidade na sociedade de consumo.
sidade biológica.
© Joaquín Salvador Lavado (Quino)/Fotoarena

b) A valorização da mulher
do meio rural – o con-
curso pode ajudar na
valorização de suas ati-
vidades; produção sus-
Tira de Mafalda, do tentável – a produção de
cartunista argentino alimentos sem o uso de
Quino. agrotóxicos e com ma-
QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes. nejo do solo, importante
por questões ecológicas,
Analise o texto e a imagem
econômicas e de saúde;
9. Leia o texto a seguir e observe a foto para respon- a) Identifique no texto os objetivos do concurso. atividade de empreende-
der às questões. b) Indique três fatores ligados ao projeto e avalie dorismo que proteja a di-
FAO realiza concurso de receitas e sua importância para a sociedade. versidade ecológica – é
negócios sustentáveis para mulheres rurais importante que sejam
c) Elabore um texto explicativo para a imagem da desenvolvidos projetos
notícia.
Reprodução/FAO, Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura
de produção agrícola que
não agridam o meio am-
Trabalhe em grupo biente.
c) O texto deve conter ele-
10. Em grupo, escolham uma ONG ambiental que atua
mentos que aparecem
no seu município ou estado e pesquisem informa-
na imagem: mulheres
ções sobre o trabalho que ela desenvolve.
rurais, produtos orgâ-
a) Pesquisem em jornais, revistas e na internet e nicos, frutas tropicais,
procurem saber: receitas caseiras.
A campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos
• os principais pontos que a ONG defende; Trabalhe em grupo
promove o reconhecimento das contribuições das
agricultoras para a produção sustentável de alimentos. • quando foi criada; 10. Se possível, organize uma
• como funciona; visita da turma a alguma
Estão abertas até 30 de setembro as inscri-
• como consegue recursos para se manter; ONG que atue no municí-
ções para o concurso Saberes e Sabores: as Mu- pio. A atividade deve ser
• quais são os principais desafios a enfrentar.
lheres Rurais no resgate da alimentação tradi- estruturada antes da saída
cional saudável e na proteção à biodiversidade. b) Na classe, partilhem as informações descobertas a campo. Para isso, procu-
É possível concorrer em duas categorias: recei- e discutam: Qual a importância das ONGs na re identificar uma ou mais
tas e saberes gastronômicos ou empreendimen- preservação do meio ambiente?. Justifiquem ONGs e faça contato com
tos agrícolas. A iniciativa é da Organização das com exemplos estudados no capítulo. suas lideranças para pos-
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricul- 11. Em grupo, elaborem uma campanha contra o con- sibilitar a visita.
tura (FAO) e da ONU Mulheres. sumismo e divulguem-na na escola. 11. A atividade consiste em fa-
A premiação busca valorizar o papel das a) Escolham o tema: consumismo de qual produto?
zer a conexão entre o con-
mulheres rurais na produção sustentável de Podem ser produtos consumidos na escola, ou
sumismo e o desperdício
alimentos saudáveis e nutritivos. Outro objeti- um produto da moda, ou mesmo desperdício de
de recursos naturais. Peça
vo é reconhecer seus conhecimentos ancestrais água e comida no intervalo da escola.
aos alunos que pesquisem,
e atividades de empreendedorismo que prote- por exemplo, a quantidade
b) Pesquisem sobre a publicidade que incentiva o de água gasta na fabrica-
gem a diversidade biológica. O prêmio é parte
consumismo do produto escolhido ou ações da ção de um produto que uti-
da campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com
sociedade que induzem ao desperdício do recur- lizam no dia a dia.
Direitos, implementada pelas duas agências da
so escolhido.
ONU e parceiros do governo brasileiro. [...]
FAO realiza concurso de receitas e negócios sustentáveis para c) Escolham o slogan da campanha, pensem nas
mulheres rurais. ONUBR, 12 jul. 2018. Disponível em: <https://
nacoesunidas.org/fao-realiza-concurso-de-receitas-e-negocios-
ferramentas e nos locais de divulgação (escola
sustentaveis-para-mulheres-rurais/>. Acesso em: out. 2018. ou comunidade).

Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 93

tíveis são renováveis e produzem baixos índices de poluição, Analise a imagem


mas podem incentivar o desmatamento. 8. Mafalda percebe que a publicidade na televisão está ditando
Analise o mapa regras de consumo e comportamento, mas faz a avaliação
7. a) África e América do Sul. de que isso ocorre porque as pessoas não são incentivadas
b) África subsaariana. a pensar no que são e, sim, no que têm.
c) Não. Apesar de a pobreza induzir à degradação ambien- Analise o texto e a imagem
tal em alguns casos, o problema está ligado a outros fa- 9. a) Os objetivos do concurso são valorizar o papel das mu-
tores, como o desmatamento causado por madeireiras lheres rurais na produção sustentável de alimentos sau-
e mineradoras. dáveis e nutritivos e reconhecer seus conhecimentos

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 93


Orientações didáticas
Geografia em outras
Geografia em outras linguagens
linguagens Arte visual
Esta seção, encontrada sem-
pre no final de uma unidade,
convida os alunos a estabelecer Antipropaganda durante a COP21
relações entre os conteúdos de Durante a conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP21), realizada em
Geografia estudados e outras Paris, capital da França, em 2015, um grupo de artistas espalhou cartazes nos pon-
linguagens e disciplinas. tos de ônibus da cidade, com conteúdo crítico e irônico dirigido aos chefes de Es-
Nesta unidade, a seção tem tado e às grandes corporações.
o objetivo de ampliar o repertó-
O coletivo de arte denominado Brandalism reuniu esses artistas para criar car-
rio cultural dos alunos e discutir
criticamente a atuação das cor- Coletivo tazes com anúncios e propagandas falsas como forma de protesto contra o mode-
porações internacionais na vida Grupo independente lo atual de desenvolvimento predominante no mundo, que leva ao consumismo
que propõe ações de insustentável e a diversos impactos socioambientais.
da população. Aproveite o mo- diversas naturezas a
mento para aprofundar o papel serem implementadas O coletivo foi criado no Reino Unido e é conhecido como um dos maiores mo-
dos dirigentes dos países que em um contexto de vimentos antipropaganda do mundo, atuando com o objetivo de parodiar anúncios
intervenção pública e
assinaram o Acordo de Paris criados por grandes empresas. Leia a reportagem a seguir para compreender melhor
urbana.
em adotar medidas de contro- o trabalho artístico do coletivo.
le das mudanças climáticas em Parodiar
curso, bem como a capacidade Imitar; copiar. Intervenção urbana critica COP�� em Paris
das propagandas e anúncios de
Cidade Luz A conferência climática anual COP21 [...] foi recebida com intervenções
estimular o consumo excessivo
Denominação dada à urbanas críticas espalhadas pela Cidade Luz. O coletivo de arte Brandalism,
e provocar diversos impactos
cidade de Paris, capital que reúne colaboradores ao redor do globo, usou criatividade e apropriação
na vida das pessoas e no meio da França.
ambiente. Sua temática explora do espaço urbano para denunciar a incapacidade das lideranças mundiais
a habilidade EF09GE02. de solucionarem os problemas ambientais. Conhecidos por suas práticas de
Mais informações sobre o subvertising (ação de parodiar anúncios comerciais ou políticos com a inten-
coletivo de arte denominado ção de manifestar a própria posição a respeito dos anunciantes), o grupo
Brandalism podem ser obtidas espalhou cerca de �00 cartazes pela cidade, apontando a situação ambiental
no site (em inglês). Disponível do planeta.
em: <http://brandalism.ch>.
Fotos: Reprodução/<www.brandalism.ch>

Acesso em: nov. 2018.

Cartaz instalado pelo coletivo Brandalism Artista retrata problemas Ex-presidente dos Estados Unidos
critica o excesso de consumo e a socioambientais enfrentados pela Barack Obama. O coletivo critica os
produção de lixo associada às grandes população que vive nas grandes cidades. impactos ambientais provocados pelas
marcas. Paris, 2015. Paris, 2015. atividades petrolíferas estadunidenses.
Paris, 2015.

94 Unidade 1 ¥ Mundo contemporâneo

94 UNIDADE 1 – MANUAL DO PROFESSOR


1. Os pontos de ônibus de
Orientações didáticas
As ações foram uma provocação a grandes empresas, algumas delas
Paris foram escolhidos Convide o professor de Ar-
patrocinadoras do evento, que, apesar dos discursos em defesa do meio am- porque, além de estarem
te e o de Língua Portuguesa
biente, são, segundo o coletivo, poluentes e provocam impactos negativos no situados na cidade de
realização da COP21, para investigar com a turma
ecossistema. [...] contam com grande outros tipos de paródias artís-
movimentação de
Segundo o Brandalism, os anúncios são “ligações entre a publicidade, o pessoas, o que permite ticas (filmes, canções, obras
consumismo, a dependência de combustíveis fósseis e as alterações climáticas”. maior visibilidade às de arte, etc.).
questões levantadas
Aproximadamente 80 artistas de 1� países diferentes participaram da ação. pelo grupo. Os pontos Além de favorecer um traba-
INTERVENÇÃO urbana critica COP21 em Paris. Gazeta do Povo, 1º dez. 2015. Disponível em: <www.gazetadopovo. de ônibus abrigam, lho integrado com os compo-
com.br/haus/estilo-cultura/intervencao-urbana-critica-cop21-em-paris/>. Acesso em: out. 2018. tradicionalmente,
propagandas e anúncios nentes curriculares de Arte e
de grandes corporações, Língua Portuguesa, a ativida-
Reprodução/<www.brandalism.ch>

e os artistas utilizaram
esses locais para
de contribui para o desenvol-
parodiá-los. vimento da CG3.
2. Resposta pessoal. Em resumo
Espera-se que o aluno
indique que as Esta seção, presente ao final
intervenções urbanas de todas as unidades deste vo-
propostas pelo coletivo
de arte Brandalism lume, resume em tópicos os te-
produzem um conteúdo mas estudados nos capítulos 1,
crítico ao papel das
grandes corporações
2 e 3. Ela pode ser utilizada pelos
internacionais na vida da alunos, por exemplo, para a reali-
população, sobretudo zação de uma espécie de autoa-
em relação ao consumo
excessivo e aos valiação: Quais são os temas que
impactos provocados no eu preciso revisar?
meio ambiente.
A seção tem o objetivo
de ampliar o repertório
cultural dos alunos e Para aferir os conhecimen-
discutir criticamente a
Primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe (1954-), é retratado pelos artistas do coletivo de arte atuação das corporações
tos dos alunos a partir do es-
Brandalism, como forma de criticar as elevadas emissões de gases de efeito estufa, que internacionais na vida da tudo desta unidade, apresente
contribuem para as mudanças climáticas em curso. Paris, 2015. população. Aproveite o a Proposta de acompanha-
momento para
aprofundar a discussão mento de aprendizagem,
sobre o papel dos diponível no material digital.
Atividades dirigentes dos países
que assinaram o Acordo
1. Por que o coletivo de arte escolheu instalar os cartazes em pontos de ônibus da de Paris para adotar
cidade de Paris? medidas de controle das
mudanças climáticas em
2. Em sua opinião, qual a importância das intervenções urbanas realizadas pelo cole- curso, bem como sobre
tivo de arte? aácapacidade das
propagandas e anúncios
de estimular o consumo
excessivo e provocar
diversos impactos na
Em resumo vida das pessoas e no
meio ambiente.

Nesta unidade você estudou:


• no capítulo 1: a expansão do capitalismo e a hegemonia europeia, as duas guerras mundiais, o mundo bipolar, as características
da Guerra Fria, os Estados Unidos e sua influência após a Segunda Guerra Mundial, a União Soviética e sua influência após a
Segunda Guerra Mundial, a cortina de ferro, a corrida armamentista, a corrida espacial, os blocos de países da época: Otan e
Pacto de Varsóvia, o processo de globalização;
• no capítulo 2: mundo pós-Guerra Fria, o realismo e o multilateralismo, as organizações internacionais, a ONU e seu funciona-
mento, o papel do FMI, do Banco Mundial, da OMC, das ONGs e dos movimentos sociais, o mundo unipolar e multidimensional
e o papel da superpotência militar. Além disso, tensões mundiais como o conflito árabe-israelense, a Primavera Árabe e seus
desdobramentos e o caso da Nigéria, na África;
• no capítulo 3: indústria, consumo e consumismo, fontes de energia, problemas ambientais e fronteira política; a atuação da ONU
(FAO, Unesco e Pnuma) nos temas ambientais; as grandes conferências sobre meio ambiente – Estocolmo, Rio-92 e Rio+20;
Convenção de Biodiversidade e de Mudanças Climáticas, o papel das ONGs.

Consumo, meio ambiente e tratados ambientais internacionais • Capítulo 3 95

CAPÍTULO 3 – MANUAL DO PROFESSOR 95


Objetivos da unidade
A unidade 2 dá início à abor-
dagem regional, tendo como ob-
jeto principal a compreensão
Europa:

2
das múltiplas características
do continente europeu, como os Unidade
aspectos físicos, ambientais e
político-econômicos. A aborda-
gem integrada desses aspectos
em três capítulos possibilitará
o velho mundo
estabelecer relações entre os
conteúdos propostos, de modo
que o aluno possa desenvolver
se renova
a leitura do mundo com base em
espaços distintos daqueles de
seu cotidiano. Mobiliza-se, as-
sim, a CECH5 e a CEG3.

Aproveite a oportunida-
de para consultar o Plano
de desenvolvimento do bi- CAPÍTULOS
mestre, disponível no mate-
rial digital. 4 Quadro físico e
recursos naturais
da Europa
Habilidades da BNCC
5 Europa: economia,
trabalhadas nesta sociedade e
unidade integração
EF09GE02 Analisar a atuação
6 Rússia e Turquia:
das corporações internacio- a transição
nais e das organizações eco- euro-asiática
nômicas mundiais na vida da
população em relação ao con-
sumo, à cultura e à mobilidade.
EF09GE07 Analisar os com-
ponentes físico-naturais da
Eurásia e os determinantes
histórico-geográficos de sua
divisão em Europa e Ásia.
EF09GE08 Analisar trans-
formações territoriais, con-
siderando o movimento de
fronteiras, tensões, confli-
tos e múltiplas regionali-
dades na Europa, na Ásia e
na Oceania.
EF09GE09 Analisar caracte-
rísticas de países e grupos de
países europeus, asiáticos e
da Oceania em seus aspectos
populacionais, urbanos, polí-
ticos e econômicos, e discutir Manifestantes em Londres (Reino Unido)
suas desigualdades sociais e contra a saída do Reino Unido da União
econômicas e pressões so- Europeia, em 2016.
bre seus ambientes físico-
-naturais. 96
EF09GE10 Analisar os im-
pactos do processo de in-
dustrialização na produção
e circulação de produtos e
culturas na Europa, na Ásia EF09GE14 Elaborar e interpretar gráficos de barras e de setores, EF09GE16 Identificar e comparar diferentes domínios morfocli-
e na Oceania. mapas temáticos e esquemáticos (croquis) e anamorfoses geo- máticos da Europa, da Ásia e da Oceania.
gráficas para analisar, sintetizar e apresentar dados e informa- EF09GE17 Explicar as características físico-naturais e a forma
EF09GE13 Analisar a im-
ções sobre diversidade, diferenças e desigualdades sociopolíticas de ocupação e usos da terra em diferentes regiões da Europa, da
portância da produção
agropecuária na sociedade ur- e geopolíticas mundiais. Ásia e da Oceania.
bano-industrial ante o proble- EF09GE15 Comparar e classificar diferentes regiões do mundo EF09GE18 Identificar e analisar as cadeias industriais e de inova-
ma da desigualdade mundial com base em informações populacionais, econômicas e socioam- ção e as consequências dos usos de recursos naturais e das di-
de acesso aos recursos ali- bientais representadas em mapas temáticos e com diferentes ferentes fontes de energia (tais como termoelétrica, hidrelétrica,
mentares e à matéria-prima. projeções cartográficas. eólica e nuclear) em diferentes países.

96 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Além da referência à União
Nesta unidade você vai estudar um continente composto de países com um passado Europeia, pode-se ampliar a con-
importante para diferentes povos, já que dominaram muitas partes do mundo na versa inicial sobre a Europa por
história. Primeiramente, você vai conhecer as características morfoclimáticas e a hi- meio dos conhecimentos que os
alunos têm a respeito de povos,
drografia da Europa, entre outros aspectos que influem na organização econômica e
culturas e fatos que envolvem
social do continente. Em seguida, vai conhecer os principais aspectos socioeconômi- esse grupo de países. Verifique,
cos dos países europeus e entender como ocorreu a formação da União Europeia e a por exemplo, o que sabem sobre
crise que se instalou no bloco nos últimos anos. Para encerrar, estudará características os movimentos migratórios que
socioeconômicas da Rússia e da Turquia e verá que esses dois países ocupam uma historicamente ocorreram entre
posição estratégica ao funcionar como passagem terrestre para a Ásia. o Brasil e os países europeus.
Justin Tallis/Agência France-Presse
A vinda de imigrantes euro-
peus ao Brasil no fim do século
XIX e ao longo do século XX é um
fenômeno com profundas mar-
cas na cultura e na formação do
espaço geográfico brasileiro.
Atividade
Converse com os alunos e
aproveite para fazer um diag-
nóstico do conhecimento pré-
vio deles sobre o tema. Você
pode enriquecer a discussão
inicial com imagens, charges
e até mesmo com pequenos
textos jornalísticos que abor-
dem os desafios enfrentados
pela União Europeia atualmen-
te. Estimule o levantamento
de hipóteses sobre os benefí-
cios de fazer parte de um bloco
regional. Não se preocupe em
aprofundar os conteúdos neste
momento, pois serão estuda-
dos mais detalhadamente no
decorrer da unidade.

Atividade
¥ O que você sabe sobre a União Europeia? Quais são as vantagens de um país
entrar ou permanecer em um bloco de integração política e econômica?

97

BNCC nesta unidade


Competências gerais Temas contemporâneos
• Educação ambiental
1 2 3 4 7 9 10
• Educação alimentar e nutricional
Competências específicas de Ciências Humanas • Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso
1 2 3 4 5 6 7 • Educação em direitos humanos
• Saúde
Competências específicas de Geografia • Ciência e tecnologia
1 2 3 4 5 6 7 • Diversidade cultural
UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR 97
Objetivos do capítulo Cap’tulo

4
• Conhecer os principais as-
pectos físicos (relevo, hidro-
grafia, clima e vegetação)
do continente europeu e
Quadro físico e recursos
associá-los à ocupação e
à transformação do espa-
naturais da Europa
ço dessa região.
• Identificar e problematizar os
principais desafios da Euro-
pa na atualidade, em especial Para iniciar
1. Trata-se de uma fonte
no que se refere à produção de energia considerada
sustentável de energia para limpa (por não emitir Neste capítulo você vai conhecer características do quadro físico do continen-
gases tóxicos), de
a manutenção do modo de baixo impacto
te europeu, que tem um relevo diversificado, combinando elevadas e baixas alti-
vida de seus povos. ambiental e tudes, e sua relação com a produção e o modo de vida europeus. Na Europa,
inesgotável.
2. O potencial de energia muitos rios são usados como hidrovias, tornando-se um importante elo entre os
BNCC neste capítulo solar é maior em países. O clima, de temperaturas mais baixas se comparadas às dos trópicos, exi-
regiões que
Habilidades apresentam altas ge maior consumo de energia. Por isso, garantir o suprimento de energia limpa e
EF09GE07 temperaturas, baixa segura tem sido um dos desafios do continente.
nebulosidade e poucas
EF09GE16 chuvas. Veja a imagem a seguir.
EF09GE17

Santiago Urquijo/Getty Images


Competências gerais
1 2 7
Competências
específicas de Ciências
Humanas
3 5
Competências
específicas de
Geografia
1 2 3 5 6
Temas contemporâneos
• Educação ambiental
• Ciência e tecnologia

Orientações didáticas
Para iniciar
Verifique se os alunos co-
nhecem o sistema de geração
de energia solar. Questione-os
se essa opção seria viável na
região em que vivem, conside-
rando os aspectos climáticos Usina solar localizada na província de Badajoz (Espanha). Fotografia de 2016.
regionais, como a quantidade
de dias ensolarados ao longo 3. O sul da Europa é a Atividades
do ano. Informações a esse região mais favorável
ao aproveitamento da 1. Quais são as vantagens do uso da luz solar para a geração de energia?
respeito podem ser encontra-
energia solar porque é
das em: ENERGIA solar. Dispo- a que apresenta as 2. Quais são as condições naturais que favorecem o aproveitamento da energia solar?
nível em: <www2.aneel.gov. temperaturas mais
elevadas do continente
3. Você saberia dizer qual região da Europa é mais favorável ao aproveitamento da
br/aplicacoes/atlas/pdf/03- e poucas chuvas. energia solar? Por quê?
energia_solar(3).pdf>. Acesso
em: nov. 2018. 98 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova
Este conteúdo mobiliza a
CEG1 e o T C Ciência e tecno-
logia.

98 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
1 Relevo, hidrografia, recursos minerais Verifique o conhecimento
dos alunos sobre o conceito de
e energéticos planície, introduzido nos anos
anteriores do Ensino Funda-
O continente europeu é, na realidade, uma grande península da Ásia. A enor- mental. Se necessário, retome
me massa de terra que compõe a Europa e a Ásia é chamada de Eurásia. A divisão esse conceito, associando-o à
da Eurásia em dois continentes predominância do processo de

Cultura Creative/Agência France-Presse


sedimentação.
segue critérios históricos e cultu-
rais, sendo definidos como limi- As planícies citadas no texto
tes naturais entre Europa e Ásia encontram-se em bacias sedi-
mentares, ou seja, em áreas
os montes Urais (figura 1) e o mar
onde ocorrem rochas que se
Cáspio. Dois países têm territó- formaram pela sedimentação
rios nos dois continentes: Rússia e compactação de sedimentos.
e Turquia (figura 2). Esse processo continua predo-
minante no tempo geológico
atual, uma vez que nessa região
as altitudes são inferiores às do
Figura 1. Os montes Urais, na Rússia, entorno. Ou seja, os rios depo-
estabelecem a fronteira natural entre sitam os sedimentos trazidos
Europa e Ásia. Fotografia de 2015. das áreas de maior altitude, de
maneira geral localizadas mais
Figura 2. Continente europeu – 2016 ao sul da Europa e da Ásia. Essa
característica geomorfológica
Catherine Abud/Arquivo da editora


OCEANO GLACIAL ÁRTICO Península
pode ser melhor observada no
Porção de terra emersa
Meridiano de Greenwich

cercada de água em
mapa “Europa: relevo” da pá-
todas as direções, gina 100.
exceto em uma delas, Este conteúdo mobiliza
Círculo Polar Ártico
pela qual se liga a um
continente.
as habilidades E F09GE07 e
á lti c o

ÁSIA E F09GE17.
ar B

Mar
do
M

Norte OCEANO
PACÍFICO
OCEANO
Mar

ATLÂNTICO Mar
Negro
Cásp

Mar
io

Med
iterrâ
neo
N
Mar da
Nápoles: o homem
Ma

China Trópico de Câncer


rV

O L
do monte Vesúvio
erm

ÁFRICA
Mar da
elh

Arábia Golfo de
Produção: Rádio
o

S Bengala
0 1585 3170 km Limites de pa’s Audições Itália (RAI).
OCEANO ÍNDICO
Itália, 2016. 13 min.
Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 32.
Nesse documentário, é
retratada a cidade de
Grande parte da Europa apresenta altitudes mais baixas, até 200 m (veja o Nápoles, com quase 1
mapa da figura 3 na próxima página). Elas correspondem a planícies localizadas milhão de habitantes. Sua
em bacias sedimentares, como a planície Germano-Polonesa, junto ao mar Bálti- população vive na base
do vulcão mais temido do
co, e a planície Sarmática, que se projeta na direção nordeste. mundo. O personagem
Nas altitudes mais baixas ocorre o aproveitamento agrícola. Em países como central é um napolitano
que trabalha como guia
França, Itália, Espanha e Portugal, por exemplo, são cultivadas uvas para a produ- turístico. Apaixonado pelo
ção de vinhos. Espanha e Portugal também se destacam como produtores de monte Vesúvio, ele conta
azeitonas. Mais ao norte, nos Países Baixos, ocorre a criação intensiva de animais um pouco das histórias
desse gigante atualmente
combinada à agricultura. Nas planícies Germano-Polonesa e Sarmática é mais adormecido.
frequente a produção de cereais, como ocorre na Alemanha e na Polônia.
Quadro físico e recursos naturais da Europa • Capítulo 4 99

CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR 99


Orientações didáticas
Oriente os alunos na leitura Figura 3. Europa: relevo

Catherine Abud/Arquivo da editora


do mapa da figura 3 e associe Cír
c ulo OCEANO GLACIAL Mar de
Po ÁRTICO Barents
as diferentes altitudes às for- la rÁ
rtic
o
mas de relevo predominantes.

S
Península

M
VO

O
de Kola
Por exemplo, as grandes planí-

N
NA
ga

TE
ue

S
ND
cies encontram-se em regiões CA

or
Gree no de

U
I

RA
N

CA
ÁT

h
de altitudes de 0 a 200 me-

nwic

da

IS
RM

ES
ar

dia
M SA

S
tros, e as cadeias montanhosas E

Meri
I

PE
ÍC
AN

AL
atingem altitudes superiores a PL
3 000 metros. Galdhopiggen
(2 472 m) PLANALTO

o
DE VALDAI

lti c
Outro aspecto marcante da


Mar do PLANALTO
geografia física da Europa é o PLANALTO DE VOLGA

ar
Norte
M CENTRAL RUSSO
litoral bastante recortado, dan- ÁSIA
do origem a penínsulas, golfos, PLANÍCIE GERMANO-POLONESA

a
ch
mares, fiordes (na Noruega, OCEANO an
C a na l d a M Tatra DEPRESSÃO
principalmente), entre outras ATLÂNTICO (2 642 m) CASPIANA Mar
CÁR Cáspio
configurações de relevo. Baía
PA
T Elbrus
MACIÇO

OS
Essas características foram de S Glockner (5 633 m)
CENTRAL P E (3A797 m) CÁUCASO
Biscaia
FRANCÊS AL lp
consideradas pelas populações Mt. Branco
(4 807 m)
es
Di Mar Altitude
Pireneus ná
em seus processos de uso e ar Negro (em metros)

M
Ap ric
en Ad os
Península Aneto in riá BÁLCÃS
ocupação do território euro- Ibérica (3 404 m) ar
os tic
o Olimpo
4 000
3 000

M
Ti (2 917 m)
peu, como a intensa ocupação rre Vesúvio 2 000

Pin
no (1277 m) ÁSIA 1000 N

Ma
do
agropecuária nas planícies, as Mulnacén Etna Mar
500

r
E st (3 748 m) (3 323 m) 200
reito ge

E
aglomerações urbanas às mar- de Gibraltar Mar M Jônico u 0 O L
ed -28
it
gens dos rios e a construção de 0 540 1 080 km er
ÁFRICA rân Pico S
0° eo
portos no litoral.
Fontes: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 42; CALDINI, Vera;
ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva; 2013. p. 114.

A leste, junto ao mar Cáspio, está a depressão Caspiana, que fica cerca de 28 m
abaixo do nível médio do mar, e a oeste formação semelhante, de menor extensão,
nos Países Baixos. Ainda no extremo leste encontram-se os montes Urais, conside-
rados o limite entre a Europa e a Ásia.
Na península da Escandinávia, no norte da
AZAM Jean-Paul/hemis.fr/Easypix Brasil

Europa, estão os Alpes Escandinavos, que se


estendem por uma faixa de cerca de 300 km
de largura (no ponto mais largo), por cerca de
1 700 km de comprimento. O ponto mais ele-
vado é o cume da montanha Galdhopiggen, que
está a 2 472 m acima do nível médio do mar.
O ponto mais elevado da Europa ocidental é
o monte Branco, 4 807 m acima do nível médio
do mar, localizado nos Alpes. Na parte oriental, é
o monte Elbrus, com 5 633 m, localizado no Caú-
caso. Nos Pireneus, o ponto mais elevado é o pico
do Aneto, 3 404 m acima do nível médio do mar
(figura 4).
Na Europa ocorrem eventos sísmicos que
Figura 4. Pico do Aneto, na província de Huesca (Espanha), que faz
parte dos Pireneus. Esse conjunto de montanhas fica na divisa algumas vezes causam grandes danos à popu-
entre a Espanha e a França. Fotografia de 2017. lação. Leia a seção Fique por dentro.

100 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova

100 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Após a leitura sobre o ter-
Terremoto de Áquila remoto de Áquila, motive os
alunos a buscar informações
Em 2009, um terremoto chegou atualizadas sobre a ocorrên-
Itália: localização de Áquila
a 6,3 na Escala Richter, afetando cia de terremotos no continen-

Catherine Abud/Arquivo da editora


Capital de país
milhares de pessoas. Seu epicentro Cidade
Escala Richter te europeu, comparando-os ao
foi próximo a Áquila, cidade medieval Limites de país Escala criada em 1935 de Áquila, ocorrido em 2009.
por Charles Richter e
localizada no centro da Itália (veja o Beno Gutenberg, com Pode-se, ainda, pedir a eles
mapa). Nesse episódio, 309 pessoas valores de 2 a 10, que que façam uma pesquisa sobre
morreram e cerca de mil ficaram fe- mede a energia os vulcões ativos atualmente nes-
liberada por um
ridas, além de centenas de casas te- ITÁLIA se continente, bem como as for-
M terremoto. Quanto
rem sido destruídas (veja a foto). ar
Ad maior a energia mas de proteger a população dos
Áquila
riá
liberada pelo efeitos das erupções; por exem-
Não foi o primeiro episódio que Roma
tic
o
terremoto, mais alto é plo, o monitoramento e os planos
causou transtornos à cidade de cerca o número registrado
Mar de evacuação de áreas de risco.
de 73 mil habitantes, de acordo com 40° N Tirreno na escala. Não houve,
até o momento, Para outras curiosidades e
o Istituto Nazionale di Statistica. O
N registro de terremotos informações sobre vulcões na
primeiro registro de um sismo é do que tenham atingido Europa e no mundo, comparti-
Mar
ano de 1315. Daquele ano até 2009 O L
Jônico
o valor 10 na Escala
lhe com os alunos, os links a
Richter.
foram registrados mais cinco abalos S seguir: Conheça os principais
sísmicos de elevada intensidade. 0 160 320 km
vulcões ativos do mundo e sai-
14° L
ba onde eles estão. Globo.com.
Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico
escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 43.
Disponível em: <http://educacao.
globo.com/artigo/conheca-os-

Giorgio Cosulich/Getty Images


principais-vulcoes-ativos-do-
mundo-e-saiba-onde-eles-estao.
html>. “Bomba-relógio” está à
beira de explodir na Europa e
• Discuta com os ninguém faz nada para contê-
alunos a relação -la. Sputinik Brasil. Disponível
entre os sismos
ocorridos na Itália e a em: <https://br.sputniknews.
proximidade do país com/europa/201708299225276-
com o limite entre
placas tectônicas
campos-flgreos-napoles-italia-
(placa Euro-Asiática e plano-evacuacao-catastrofe-
placa Africana). Além vulcao/>. Acesso em: nov. 2018.
disso, é importante
associar os tremores Com esse conteúdo é desen-
à atividade vulcânica volvida a habilidade EF09GE17,
de algumas regiões
daquele país. bem como a CG1, a CECH5, a
CEG1 e a CEG3.
Casa em ruínas em
Áquila (Itália), em 2010.
Mesmo um ano após o
terremoto, as destruições
causadas por ele ainda
faziam parte do
cotidiano da população.

Atividade
• Observe no mapa acima a localização de Áquila. Faça uma pesquisa na internet e descubra por que ocorrem
terremotos na Itália, como o de Áquila.

Quadro físico e recursos naturais da Europa • Capítulo 4 101

41 PM PDG_GEO_9ANO_U2_Cap04_096a113.indd 101 11/22/18 7:41 PM

CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR 101

PDG_MP_GEO_9ANO_U2_Cap04_096a113.indd 101 7/5/19 1:48 PM


Orientações didáticas
Para abordar a temática das Hidrografia e hidrovias
hidrovias europeias, sugerimos
retomar as características geo- Um conjunto importante de rios percorre a Europa (figura 5). Junto a eles
morfológicas, como os rios de desenvolveram-se importantes concentrações urbanas e industriais. A seguir,
planície que favorecem a im- estão destacados os principais rios da Europa.
plantação desse tipo de trans- O rio Danúbio tem 2 860 km de
porte. As hidrovias apresentam Figura 5. Europa: principais rios – 2016 extensão e atravessa diversos países,

EGL PRODUÇÕES/Arquivo da editora


vantagens econômicas e am- C ír
cul

da Alemanha à Romênia e à Ucrânia,
oP
olar
bientais em relação aos demais Ártic
o
onde está seu delta. Ao longo de seu
modais, sobretudo ao transpor-

h
curso estão importantes cidades eu-

nwic
te rodoviário.

Gree
OCEANO
Ri
o ropeias, como Viena (Áustria), Buda-

no d e
al
Chame a atenção dos alunos

D
ATLÂNTICO Rio Volga
peste (Hungria), Bratislava (Eslováquia)

r al
U ÁSIA
io

ia
para a importância da inser-
e Belgrado (Sérvia). Ele é usado para

Merid

R
Mar do
ção da variável ambiental no Norte Mar

planejamento de obras para a


Báltico Mar
de Aral
navegação em parte do seu curso,
Rio Ri
tanto por navios de cruzeiro quanto
Rio
sa
Tâmi Ri V

oE

Ri o
ampliação ou a adequação de

ístu
oR
Dn

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por navios de carga. Em 1992 foi con-

a
i

la
en
trechos navegáveis de rios e la- io

ep
R
M

o
S ar

er

en
gos. Alterações nas calhas de s
cluído o canal Reno/Meno/Danúbio
a

pi
o
(figura 6), que ligou esses rios, aumen-
Rio Pó Rio
rios (aprofundamento, alarga- Dan
úbi o Mar Negro
Rio Douro N
mento, construção de eclusas, Rio Tejo tando para 3 200 km o percurso flu-
O L
entre outras) podem alterar o ÁSIA vial, ligando o mar do Norte ao mar
regime de vazão de rios e la- S
Negro, o que intensificou o fluxo de
0 570 1 140 km
gos, provocando interferências ÁFRICA
navios no rio Danúbio.
Mar Mediterrâneo

nos ecossistemas aquáticos. Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 42.
Aqui se contempla a CECH3
e a CEG1.

Claude Huot/Shutterstock
Delta
Área na qual o rio
Aproveite a oportunidade chega ao mar, por
para trabalhar com os alu- meio de vários canais.
nos a Sequência didática Um delta pode
resultar da dinâmica
1: A hidrografia europeia,
fluvial, quando o rio
disponível no material digital. deposita sedimentos
em áreas de pequena
oscilação de marés,
mas também pode
resultar da dinâmica
das marés, que, caso
sejam intensas,
podem criar bancos de
areia na foz do rio,
produzindo um delta. Figura 6. Navio no canal Reno/Meno/Danúbio, em Nuremberg (Alemanha), 2017. Ao fundo,
observa-se uma eclusa, construção que possibilita às embarcações que subam ou desçam por
áreas de um rio com grandes desníveis.

Por atravessar tantos países, o Danúbio conta com um tratado de cooperação


internacional, criado em 1998, do qual fazem parte 14 países, que se comprome-
Contexto
teram a manter o rio em condições de navegabilidade e sua água com qualidade
• Apesar de haver que permita o consumo humano. O delta do Danúbio está entre os mais conser-
grandes rios no
Brasil, o número de vados do mundo, abrigando numerosas espécies de pássaros e peixes. Nele vivem
hidrovias é reduzido. muitas comunidades tradicionais. Para saber mais sobre o tema, leia a seção Olhar
Por que isso ocorre? interdisciplinar, na página 104.
• Vale discutir com os alunos o modelo de transporte adotado no Brasil, que prioriza a rodovia, bem
102 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova como as dificuldades de integrar rios relacionadas aos impactos ambientais
(retificação de rios, por exemplo) e sociais (desalojamento da população ribeirinha).

Texto complementar
Hidrovias no Brasil: perspectiva histórica, custos e institucionalidade
De forma geral, a diferença de custo entre o transporte hidroviário, o ferroviário e o rodoviário é considerável. Isto é válido tanto em
uma hidrovia com condições naturais favoráveis, onde apenas pequenas intervenções de dragagem sejam necessárias, quanto em hi-
drovias que demandem até a construção de eclusas. Como há uma clara vantagem do transportador hidroviário (privado) em relação
às ferrovias e rodovias, por incorrer em custos bem mais baixos que o frete que consegue cobrar, parte dos custos com a implantação e
manutenção das hidrovias pode ser bancada por eles. Em outras palavras, a cobrança de alguma forma de pedágio pelo uso da hidro-

102 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Pelo rio Reno, com seus 1 230 km de extensão, circulam muitos navios, prin-
É possível também encami-
cipalmente depois da integração ao Danúbio. Na bacia do Reno, destaca-se a região nhar um debate com a turma
do vale do rio Ruhr (veja o mapa da figura 7), que apresenta a maior concentração sobre a proposta apresentada
populacional da Alemanha e abriga o maior parque industrial da Europa. Nesse no texto complementar abaixo,
vale, algumas cidades alemãs abrigam indústrias farmacêuticas, químicas, eletrô- que se inicia na página anterior
nicas e automotivas. Os rios Reno e Ruhr são fundamentais para escoar a produ- deste Manual. De acordo com os
ção até Roterdã, nos Países Baixos (Holanda), onde está um dos portos mais autores, diante das vantagens
movimentados do mundo. econômicas do transporte hidro-
viário (menor custo), os órgãos
responsáveis pela implantação
Figura 7. Alemanha: vale do rio Ruhr – 2017
da infraestrutura hidroviária
EGL PRODUÇÕES/Arquivo da editora

7º L
deveriam adotar a cobrança de
pedágio para o transporte hidro-
viário no Brasil. Pergunte aos
alunos o que acham dessa pro-
pe posta. Motive-os a buscar mais
Rio Lip
Rio
Re

o informações para fundamentar


n

sua argumentação, mobilizando


a CG7 e a CECH6.
51º 45’ N

Bottrop Gelsenkirchen
Dortmund
Oberhausen
Essen Bochum
Rio R u h
r

Duisburg

O L

Limites internos
S Fonte: elaborado com base em
Rios Diercke Drei Universalatlas.
0 9 18 km
Cidades Braunschweig: Westermann
Schulbuch, 2017. p. 51, 54.

Outros rios de destaque são o Volga, o mais extenso da Europa (3 692 km),
que está localizado na Rússia, onde passa pela capital, Moscou, e por uma zona
industrializada; o Sena (776 km), por onde passam navios que levam produtos
industriais fabricados na França até o canal da Mancha (braço de mar que liga o
oceano Atlântico ao mar do Norte, separando a Grã-Bretanha da França); e o
Douro (897 km), localizado na península Ibérica, que passa por Portugal e Espanha
e tem em suas margens os cultivos de azeitona e de uva (figura 8).
LuisCostinhaa/Shutterstock

Figura 8. Vista do rio


Douro, em Mesão Frio
(Portugal), 2018.
Considerado um dos rios
mais bonitos do mundo,
tem importância
fundamental para a
economia da região, que
se destaca pelos cultivos
de uva e de azeitona.

Quadro físico e recursos naturais da Europa • Capítulo 4 103

via é possível, permitindo ao transportador hidroviário privado ainda obter lucro em sua operação. A arrecadação com o pedágio per-
mitiria, também, a manutenção e melhoria da hidrovia, atraindo mais usuários. A criação de uma entidade responsável por manter e
operar as hidrovias, cobrando pedágio pelo uso da infraestrutura construída, é viável economicamente e permitiria a manutenção das
condições de navegabilidade das hidrovias com baixa dependência do orçamento público. […]
POMPERMAYER, Fabiano M.; CAMPOS NETO, Carlos; PAULA, Jean M. de. Hidrovias no Brasil: perspectiva histórica,
custos e institucionalidade. Texto para Discussão, Brasília/Rio de Janeiro, p. 33-34, fev. 2014.
Disponível em: <http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/2714/1/TD_1931.pdf>.
Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR 103


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar – Olhar interdisciplinar Ciências
Ciências
O rio Danúbio atravessa di- Diversidade biológica e social no delta do Danúbio
versos países europeus e é in-
Por abrigar muitas espécies e por manter áreas naturais bem conservadas, o delta do Danúbio foi
tensamente utilizado para o
transporte de pessoas e de car- reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1990. Para sua conservação, foram cria-
gas. Comente com a turma que das a Reserva da Biosfera do Delta do Danúbio, que é administrada pela Romênia, em 1990, e a Reserva
há uma preocupação com seu da Biosfera do Danúbio, administrada pela Ucrânia, em 1998. Na parte da Romênia, a área foi destinada
equilíbrio ambiental, motivada à conservação ambiental muito antes, no ano de 1938.
pela elevada biodiversidade em

Stelian Porojnicu/Alamy/Fotoarena
seu delta. Com esse conteú-
do é desenvolvida a habilidade
EF09GE17, bem como a CEG5.

Concentração de aves na Reserva da Biosfera do Delta do Danúbio, na Romênia, 2018.

No delta do Danúbio vivem 331 espécies de pássaros em uma área de aproximadamente 6 260 km2.
Muitas aves passam por lá quando estão migrando. Outras a têm como local para procriar. Vivem no
delta diversas espécies de peixes, anfíbios e répteis, além de insetos, aranhas, moluscos e crustáceos,
totalizando mais de 4 mil espécies. Em relação à flora, são mais de 2 mil espécies, com destaque para
plantas aquáticas.
Diferentemente de outras unidades de conservação, na Reserva da
Unidade de
Biosfera do Delta do Danúbio a presença de população tradicional é admitida. conservação
Em 25 localidades com presença humana, viviam cerca de 15 mil pessoas em Área delimitada
2015, de acordo com a Autoridade da Reserva da Biosfera do Delta do Danúbio. protegida por lei com o
Elas vivem da pesca (cerca de 20%) e da agricultura (cerca de 30%), mas de- objetivo de preservar
e/ou conservar suas
senvolvem também outras atividades, como o comércio (16%) e o turismo condições naturais.
(15%). As demais atividades estão voltadas à gestão da área e aos serviços de
saúde e educação.
• Considerando que a região do delta do rio Danúbio está preservada, diversas espécies de pássaros
Atividade encontram boas condições de alimentação (elevada biodiversidade) e de sobrevivência (habitat
conservado), seja de forma permanente, seja no período de migração ou reprodução.
• Quais condições ambientais do delta do Danúbio levam a atrair tantos pássaros?

104 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova

104 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Recursos minerais e energéticos Na leitura e interpretação do
mapa da figura 9, destaque que
Na Europa existem recursos minerais diversos, em especial o carvão, que des- ele não apresenta as fontes al-
de a Revolução Industrial é utilizado como fonte de energia. Encontram-se também ternativas de energia, como bio-
minerais que podem ser usados pela indústria, como o minério de ferro (figura 9). massa, solar e eólica.
Observe que, além das reservas de minério de ferro e carvão mineral, há a pre- A presença marcante de fon-
sença de cobre, chumbo, entre outros minerais. tes não renováveis, com desta-
que para o petróleo, o carvão
Figura 9. Europa: recursos minerais e energéticos – 2013 mineral e o gás natural, reflete a
Catherine Abud/Arquivo da editora


rcu
lo
OCEANO N elevada dependência regional e
Po GLACIAL
lar
Árti
co ÁRTICO
O L
global das fontes não renováveis
e fósseis. Sugerimos retomar as
h
nwic

S
discussões sobre as fontes de
Gree

OCEANO energia, apresentadas no capí-


o de

ATLÂNTICO
tulo 3. Este conteúdo contempla
dian

a CEG1, a CEG5 e o TC Ciência e


Meri

tecnologia.
Mar do Mar
Norte Báltico
ÁSIA

Petróleo
(grandes depósitos)
Petróleo
M Gás natural
ar
Cá Carvão
sp (grandes depósitos)
io
Mar Negr
o Carvão Fonte: elaborado com base em
Minério de ferro CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda.
Cobre Atlas geográfico Saraiva. São
ÁSIA Paulo: Saraiva, 2013. p. 186;
Chumbo
Zinco
BOCHICCHIO, Vincenzo R. Atlas
0 550 1100 km
Mar mundo Atual. São Paulo: Atual,
ÁFRICA Bauxita
0° Mediterrâneo 2009. p. 63.

Na Europa há diferentes fontes de geração de energia, incluindo as renováveis,


pois a sustentabilidade é um dos objetivos da política energética da União Europeia.
Na Alemanha, a energia eólica tem aumentado sua presença (figura 10), assim
como a solar, na Espanha. Mas essas fontes alternativas ainda não são suficientes
para suprir a demanda, o que faz os países europeus importarem grande parte da
energia consumida. Leia a seção Olhar interdisciplinar na página seguinte.
Silas Stein/picture alliance/Getty Images

Figura 10. Parque


eólico entre as cidades
de Lengede e Söhlde
(Alemanha), 2017.

Quadro físico e recursos naturais da Europa • Capítulo 4 105

CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR 105


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar – Olhar interdisciplinar Matemática
Matemática
Procure relacionar a discus- Importação de energia
são apresentada na seção Olhar
Na Europa, os invernos são rigorosos, com temperaturas muito baixas. Para aquecer residências e
interdisciplinar, sobre o uso de
sistemas de aquecimento na Eu- escritórios, os europeus precisam usar muita energia, parte dela proveniente de fontes importadas. Veja
ropa, com a realidade em que os o gráfico a seguir, cujos valores são dados em toneladas equivalentes de petróleo.
alunos vivem.
Europa: importação de energia – 2005-2015
Verifique se eles utilizam al- Tonelada

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


gum recurso tecnológico para 100 equivalente de
obter conforto térmico (aque- petróleo
90 Unidade de medida
cedores ou condicionadores de

Toneladas equivalentes de petr—leo


80 de energia, definida
ar) e qual é a fonte de energia por convenção,
mais utilizada no Brasil para 70 igual ao calor
fazer esses aparelhos funcio- 60 liberado na
narem (energia hidrelétrica) e combustão de uma
os principais impactos decor-
50 tonelada de
40 petróleo cru.
rentes da geração dessa ener-
gia (alagamentos de grandes 30
Fonte: EUROSTAT. Energy
áreas para a implantação de hi- 20 Dependency Rate. Disponível
drelétricas, por exemplo). Esta em: <https://ec.europa.eu/
10 eurostat/statistics-explained/
seção permite a mobilização da index.php?title=File:Energy_
CECH5, da CEG2 e do TC Edu- 0 dependency_rate,_
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 EU-28,_2005-2015_(%25_
cação ambiental. of_net_imports_in_gross_
inland_consumption_and_
bunkers,_based_on_tonnes_
Petróleo bruto Gás natural Todos os produtos Combustíveis sólidos of_oil_equivalent)_YB17.
png>. Acesso em: out. 2018.
Cynthia Farmer/Shutterstock

Nos países europeus,


a maioria das casas
possui sistemas de
calefação para
suportar o frio.

Atividades 1.Petróleo bruto. 2. Gás natural.


1. Identifique a fonte de energia que mais dependeu de importação no período de 2005 a 2015.
2. Qual foi a fonte de energia com maior aumento na importação entre 2005 e 2015?

Na matriz europeia, a energia nuclear chega a cerca de 30% do total, de


acordo com dados de 2015 do Parlamento Europeu. Apesar da forte pressão para
erradicar a energia nuclear, ela ainda está presente em muitos países. Leia a
seção Olhar cidadão.
106 Unidade 2 • Europa: o velho mundo se renova

Texto complementar
Usos da radiação ionizante na saúde
A radiação ionizante, ao atravessar um material, pode provocar mudanças nos átomos e nas moléculas, enquanto, ao mesmo tempo,
a própria radiação sofre atenuação. Essas características são usadas para diagnósticos, tratamentos, esterilização de material hospita-
lar ou de alimentos, controle de insetos transmissores de doenças, dentre outras aplicações em Saúde. Os radioisótopos são escolhidos
de forma a ter a energia e a meia-vida conveniente para cada utilização específica. […]
A atenuação da radiação ao atravessar um material depende do seu número atômico e da sua densidade. Por exemplo, em nosso cor-
po, os ossos atenuam mais a radiação que o tecido mole; a atenuação também pode indicar alterações no tecido (inflamações, infecções
ou presença de formações não esperadas, como nódulos benignos ou malignos). É possível, então, usar a radiação para adquirir uma
imagem anatômica, através da transmissão de raios X.

106 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Olhar cidadão Olhar cidadão
É possível ampliar a dis-
Energia nuclear: fim ou alternativa de geração de energia elétrica? cussão sobre o uso da energia
nuclear, abordando o seu uso
Nos últimos anos, assistiu-se a uma movimentação social na Europa de pessoas desempregadas, em
medicinal.
busca de novos postos de trabalho. Porém, outro assunto mobilizou a sociedade: o fim do uso da energia
nuclear. Diga aos alunos que uma das
formas mais conhecidas desse
Em 2011, um forte terremoto, seguido de tsunami, atingiu uma usina nuclear no litoral de Fukushima, uso é a aplicação dessa técnica
no Japão, o que liberou radiação, causando contaminação e mortes em uma vasta área. Esse acidente na obtenção de imagens por meio
intensificou o debate sobre os riscos do uso da energia nuclear. da radiação, como os raios X.
Os resíduos radioativos podem causar a contaminação da população por Radioativo Abaixo, reproduzimos parte de
muitos anos. Por isso, é necessário que haja alguns cuidados técnicos para seu Material que emite um texto sobre este assunto
radiação nuclear, isto é,
armazenamento. Eles consistem no isolamento desses materiais em recipientes energia proveniente do
para ser consultado. Esta seção
especiais, como caixas e tambores revestidos de aço e concreto, que são depo- núcleo dos átomos mobiliza a CG2.
sitados em locais não povoados, onde ficam por muitas décadas. O período de (partículas que formam
a matéria) de alguns
isolamento depende do tempo que cada material radioativo demora para se elementos químicos. Ela
desintegrar, variando entre 50 e 300 anos. é produzida quando o
núcleo sofre alguma
Países como a França ainda utilizam usinas nucleares para gerar energia e alteração. A radiação
resistem aos apelos da sociedade. Outros, como a Alemanha, aumentaram a possui grande poder de
utilização de fontes alternativas, como a eólica, e buscam erradicar o uso das interação com as células
humanas, por isso pode
usinas nucleares até 2020. Na Bélgica, dois reatores foram fechados por suspei- ser danosa à saúde.
ta de falhas nas paredes, que poderiam gerar vazamento de radiação.
Entretanto, um novo argumento tem sido usado pelos defensores da energia nuclear: o aquecimen-
to global. A energia nuclear é apresentada como alternativa à queima de combustíveis fósseis, como o
petróleo e o carvão, já que emite muito menos gases de efeito estufa.
a) Informações sobre os
efeitos da radioatividade
Sebastien Bozon/Agência France-Presse
na saúde podem ser
encontradas em sites
como o do Greenpeace
(Disponível em: <www.
greenpeace.org/brasil>.
Acesso em: out. 2018.),
que tem entre suas linhas
de ação o combate à
energia nuclear.
b) Além do acidente de
Fukushima, os maiores
acidentes nucleares foram
o de Chernobyl, na
Ucrânia, em 1986, que
afetou a Europa, e o de
Three Miles Islands, nos
Estados Unidos, em 1979.

Manifestação contra o
uso de energia nuclear
em Chalampé (França),
2014.

Atividade
¥ Reúna-se com alguns colegas e, em grupo, façam uma pesquisa sobre os impactos da radiação nuclear
nos seres humanos. Procurem saber:
a) qual é a relação entre o tempo de exposição e os efeitos que ela pode causar;
b) quais foram os principais acidentes nucleares já ocorridos e quais foram suas consequências.

Quadro físico e recursos naturais da Europa • Capítulo 4 107

Os raios X são colimados em direção aos órgãos em estudo do paciente, através do ajuste do equipamento, para atingir a região de
interesse. A fim de evitar a radiação espalhada para regiões do corpo que não precisam ser irradiadas, são usadas proteções para ór-
gãos específicos, como gônadas ou tireoide. Na radiologia diagnóstica, os raios X são atenuados de forma diferenciada, dependendo da
densidade do órgão em estudo. Os equipamentos mais simples usam chapas fotográficas para a obtenção da imagem. Em equipamen-
tos mais sofisticados, a chapa fotográfica é substituída por detectores cintiladores, cuja informação é processada com técnicas digitais,
produzindo imagens diretamente na tela de um computador. […]
CARVALHO, Regina P. de.; OLIVEIRA, Silvia Maria V. de. Aplicações da energia nuclear na saúde. São Paulo/Viena: SBPC/IAEA, 2017. p. 37.
Disponível em: <www.cnen.gov.br/images/cnen/documentos/edu cativo/aplicacoes-energia-nuclear-na-saude.pdf>.
Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR 107


Orientações didáticas
Certifique-se de que os alu- 2 Clima e oferta hídrica
nos reconhecem o conceito de
amplitude térmica, que é a dife- Na Europa há a presença de cinco tipos de clima (figura 11). Nas altas latitudes
rença entre a temperatura má- ocorre o clima Polar, com temperaturas muito baixas no inverno e máximas pró-
xima e a mínima em um certo
ximas a 10 oC no verão. O clima Frio também apresenta temperaturas baixas, mas
período de tempo. Essa é uma
característica marcante prin- com ocorrência maior de insolação, o que permite uma elevada amplitude térmi-
cipalmente dos climas Frio e ca anual. O clima Frio de Altitude apresenta temperaturas baixas, com pouca
Temperado, que pode ser reco- variação ao longo do ano.
nhecida em notícias sobre as
variações do tempo na Europa, Figura 11. Europa: clima

Catherine Abud/Arquivo da editora


rc 0°
sobretudo no verão (ondas de ul
o OCEANO GLACIAL
Po

h
enwic
calor) e no inverno (nevascas). lar ÁRTICO
Ár
tic
o

re
Este item mobiliza as habili-

de G
dades EF09GE16 e EF09GE17,

iano
bem como a CG1.

Merid
OCEANO
ATLÂNTICO

Mar
do
Norte ÁSIA

Temperado
Mediterrâneo
Frio
Mar
Frio de Altitude
Cáspio
Polar
Mar Negro N

O L
Fonte: elaborado com base
ÁSIA
em CALDINI, Vera; ÍSOLA,
S
Leda. Atlas geográfico
Mar
ÁFRICA
0 615 1 230 km
Saraiva. São Paulo: Saraiva,
Mediterrâneo
2013. p. 170.

A maior parte do continente está sob o clima Temperado, que resulta em


estações bem definidas e elevada amplitude térmica (figuras 12 e 13). As tempe-
raturas mais elevadas da Europa estão na faixa Mediterrânea, onde os verões são
quentes e secos e os invernos mais amenos, se comparados aos dos demais tipos
de clima apresentados. As chuvas ocorrem nos meses de outono e inverno.

Ivoha/Alamy/Fotoarena
ian woolcock/Alamy/Fotoarena

Figura 12. Ponte Carlos, em Praga (República Tcheca), no verão Figura 13. Ponte Carlos, em Praga (República Tcheca), no
de 2016. inverno de 2016.

108 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova

108 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Pluviosidade e oferta hídrica Figura 14. Europa: pluviosidade Peça aos alunos que obser-

Catherine Abud/Arquivo da editora


Cí 0°
rc vem o mapa da figura 14 e reto-
As chuvas são frequentes na maior par-
ul OCEANO GLACIAL

ch
o
Po

enwi
lar ÁRTICO mem o mapa da figura 5 “Europa:
te do continente europeu (figura 14). Ob- Ár
tic
principais rios – 2016”, na página

e Gre
o

serve, no mapa, que predomina uma plu- 102. Comente que a região mais

d
ano
viosidade média entre 500 e 1 000 mm por chuvosa do continente engloba

di
OCEANO
ano. Na faixa de clima Polar chove menos,

Meri
ATLÂNTICO ÁSIA rios perenes e que é importante,
entre 250 e 500 mm por ano, mesmo vo- por exemplo, para a implantação
lume que ocorre na Andaluzia (Espanha) e Mar
do
de hidrovias.
no leste do continente. N Norte
Fique por dentro
O L Leia com os alunos o artigo
S sobre as tempestades de 2018
Mar
Cáspio
que causaram inundações histó-
Mar Negro ricas em Veneza (Itália). Comen-
Alterações climáticas – Agência Europeia te que o fenômeno da maré alta
do Ambiente em Veneza, chamada de águas
‹www.eea.europa.eu/pt/themes/climate/intro› 0 615 1 230 km Mar
Precipitação média altas, sempre existiu, pois ela é
anual (em mm)
Mediterrâneo
O texto trata das iniciativas tomadas pela União Europeia cercada por uma laguna e pe-
1000
para enfrentar a questão das alterações climáticas. Fonte: elaborado com base em CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. 500 lo mar, tendo sido construída
Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 171. 250
0 sobre várias ilhotas. Em geral,
o fenômeno dura somente al-
gumas horas. No entanto, com
o aumento da intervenção hu-
Fique por dentro mana na natureza, o fenômeno
se intensifica, causando graves
Veneza inundada após tempestades no norte da Itália prejuízos, como essa inundação
A Itália tem sofrido nos últimos dias com fortes ventos e chuvas que deixaram ao menos oito de 2018.
mortos no país e fecharam escolas e pontos turísticos por temor à segurança dos moradores. Se considerar oportuno, pro-
Em Veneza, famosa por seus canais, as autoridades dizem que ��� da cidade está debaixo d’água. ponha à turma uma pesquisa
de notícias relacionadas a fe-
A praça São Marcos, famoso ponto turístico, fechou na segunda�feira à tarde, logo após as
nômenos climáticos.
águas alcançarem o patamar de “águas altas”, de �,�� m. É o quarto nível mais alto registrado
em toda a história da cidade. Este conteúdo possibilita a
mobilização da CG1, da CECH3,
Os ventos da tempestade que inundou Veneza alcançaram ��� km/h. Mesmo com todas as
da CEG1 e da CEG6, além do TC
dificuldades, muitos turistas e moradores locais tentam seguir com suas vidas, como em dias Educação ambiental.
normais.
Algumas pessoas decidiram andar pelas plataformas de madeira que são instaladas quando
há inundações.
Outros, incluindo turistas, calçaram botas e tiraram os sapatos para circular pelas ruas. Os
comerciantes se esforçaram para manter a água longe de suas mercadorias.
Agora que Veneza, e toda a região mais ampla de Vêneto, estão em alerta vermelho, os mo�
radores foram alertados para interrupções no transporte público e problemas de infraestrutura.
Meteorologistas alertam que o mau tempo deve continuar nos próximos dias.
AS IMAGENS impressionantes de Veneza inundada após tempestades no norte da Itália. Folha de S.Paulo, �� out. ����.
Disponível em: <www�.folha.uol.com.br/turismo/����/��/as�imagens�impressionantes�de�veneza�inundada�apos�
tempestades�no�norte�da�italia.shtml>. Acesso em: nov. ����.

• Veneza sofre com o fenômeno das águas altas (acqua alta) quando a maré sobe e inunda principalmente as áreas mais baixas da
cidade. As transformações no ambiente (com aterramento das margens da laguna) e o desenvolvimento industrial provocaram
Atividade um desequilíbrio e, por isso, cada vez mais as marés invadem a cidade, o que pode causar grandes prejuízos,
como em 2018, quando as águas alcançaram 1,56 m.
¥ A cidade de Veneza, na Itália, sofre com inundações constantes. Pesquise por que se diz que Veneza
está afundando.

Quadro físico e recursos naturais da Europa • Capítulo 4 109

CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR 109


Orientaç›es didáticas
Nesse momento, pode-se 3 Vegetação e conservação ambiental
promover um debate sobre o
tema desmatamento da vege- Diversos tipos de vegetação estão presen-
tação original. Destaque que Figura 15. Europa: vegetação original
tes na Europa (figura 15), mas essa diversidade

Catherine Abud/Arquivo da editora



as florestas Temperada e Sub- Cí
rc OCEANO GLACIAL
é bem menor se comparada à de países tropi-

ich
ul
o ÁRTICO
tropical estão entre as mais Po

eenw
afetadas. Isso ocorre em razão
la rÁ
rtic cais. Partindo do norte, nas elevadas latitudes,
o

r
encontra-se a Tundra, onde ocorrem liquens,

de G
da ocupação dessas áreas por
musgos, gramíneas e poucos arbustos. Na

o
i ian
atividades agropecuárias, uma ÁSIA

Merid
vez que se trata de uma região Floresta Boreal, também chamada de Taiga,
que apresenta clima favorável predominam as coníferas (pinheiros em forma
(Temperado) e extensas áreas
Mar
de cone) e há pouca diversidade de espécies,
com solos férteis. do
Norte
se for tomada como parâmetro a vegetação
O elevado poder de consumo presente em países tropicais.
do mercado europeu contribuiu
OCEANO
Nas áreas antes ocupadas pela Floresta
para a intensa ocupação dessas ATLÂNTICO Temperada ocorreram as maiores transforma-
Mar
áreas, reduzindo drasticamente Cáspio ções. O uso intensivo do solo para a produção
a vegetação original. Este item
mobiliza a habilidade EF09GE17,
Mar Negro
N agrícola, seguido pela industrialização e urba-
bem como a CG1, a CEG1 e o TC O L
nização, deixou poucos vestígios dessa forma-
Educação ambiental. S
ção florestal. Nas áreas originalmente cobertas
Floresta Boreal (Taiga)
Mar
Mediterrâneo
0 585 1 170 km
pela Vegetação Mediterrânea, com arbustos
Florestas Temperada
e Subtropical Fonte: elaborado com base em CALDINI, Vera;
que resistem a verões secos e invernos chuvo-
Estepe e Pradaria
Vegetação Mediterrânea
ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. São sos, a situação não é muito diferente.
Paulo: Saraiva, 2013. p. 172.
Vegetação de Altitude

Conservação ambiental
Tundra

A conservação ambiental é fundamental para manter as condições adequadas


de vida na Terra. Na Europa, essa questão está avançando com o apoio de muitos
países europeus, que estão de acordo em recuperar, com o replantio de vegetação
original, até 2020, ao menos 15% de suas áreas degradadas. Para atingir essa meta
será necessário criar novas unidades de conservação e manter as já existentes,
como o Parque Nacional de Doñana, na Espanha, onde vive o lince ibérico (Lynx
pardinus), considerado um dos felinos ameaçados de extinção (figura 16).
Líquen
Ser vivo que se forma da A degradação da cobertura vegetal no continente europeu colabora para uma
associação entre fungos biodiversidade menor que a encontrada nos trópicos. Veja, na seção Enquanto isso
e algas.
no Brasil, como está a recuperação de áreas degradadas no nosso país.
Musgo
Ramon Carretero/Alamy/Fotoarena

Pequeno vegetal que se


desenvolve em áreas
úmidas.

Gramínea
Planta com mais de
Figura 16. Lince ibérico,
10 mil espécies, muitas
das quais rasteiras, em Andaluzia (Espanha),
constituídas por vários 2016. O animal, que está
tipos de ervas que, em em risco de extinção, é
alguns lugares, levam o endêmico da península
nome popular de capim. Ibérica e pode chegar a
Existem também cerca de 1 metro, da
gramíneas que são mais
cabeça até a cauda,
altas, como o bambu.
pesando 27 quilos.

110 Unidade 2 • Europa: o velho mundo se renova

110 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
Para o aprofundamento e a
ampliação da seção Enquanto
Recuperação de áreas degradadas Compactação isso no Brasil, sugerimos que
do solo proponha aos alunos questões
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, em 2015 o Brasil tinha cerca de Processo de redução da para estabelecer uma compara-
30 milhões de hectares de áreas degradadas ocupadas com pecuária bovina exten- porosidade do solo, que ção entre a realidade europeia e
siva. Esse modelo de criação de animais se mostra pouco eficiente e exige cada vez pode ocorrer pela
a realidade deles. Existem áreas
pressão exercida sobre
mais novas terras, já que o gado é criado solto, sem controle alimentício; além de ele pelo pisoteio, seja de de vegetação original na região
pisotear, compacta o solo e dificulta seu reaproveitamento. animais, seja de em que vivem? Atualmente, há
O Ministério da Agricultura tem como meta recuperar 15 milhões de hectares humanos, como ocorre desmatamento nessa região?
em trilhas em áreas
de terras degradadas até 2020. Para isso, procura estimular os agricultores a mudar naturais. O solo
Os alunos conhecem alguma
suas práticas, oferecendo cursos de agricultura orgânica e estimulando a introdu- compactado torna-se
iniciativa voltada para a recu-
mais denso, diminuindo peração de áreas desmatadas
ção de sistemas agroflorestais, nos quais a produção agrícola é introduzida em meio
a capacidade de ou para a conservação de áreas
a áreas florestadas ou a floresta é recuperada em uma área degradada. Nesse se- infiltração de água e, remanescentes de vegetação
gundo caso, o mais frequente é o repovoamento com as espécies originais combi- com isso, de penetração original?
nado com o cultivo de produtos de interesse comercial. Quando esse processo é das raízes das plantas.
Esse exercício contribuirá
realizado nas margens de rios, além de recuperar a biodiversidade, recria as condições Agricultura para o desenvolvimento da ha-
para que as fontes hídricas não se esgotem. orgânica bilidade EF09GE17, bem como
Tipo de cultivo que não
a CECH5 e a CEG3.
utiliza fertilizantes
Andre Dib/Pulsar Imagens

químicos ou agrotóxicos.
Podem ser usados
fertilizantes naturais e há
um cuidado com a
irrigação, com o uso
racional da água.
Objetiva-se o manejo
correto do solo, a
prevenção da erosão e a
não contaminação das
águas subterrâneas, etc.

Criação de gado em Gameleiras (MG), 2015. Áreas florestais são desmatadas para a criação de gado e sofrem degradação pela
compactação do solo causada pelo pisoteio.

Atividade
• Explique como a combinação de cultivos pode ajudar na recuperação de uma
área degradada. • A combinação de cultivos, como os sistemas agroflorestais, traz uma série de vantagens ambientais,
como a recuperação da fertilidade do solo pela presença de vegetais que contribuem para a ciclagem
de nutrientes; a redução da erosão; o aumento da diversidade de espécies; a recriação de condições para que fontes hídricas não se
esgotem; entre outras. Quadro físico e recursos naturais da Europa • Capítulo 4 111

CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR 111


Orientações didáticas
Você em ação
A seção Você em ação, apre-
sentada sempre ao final dos
capítulos, busca verificar a
VOCÊ EM ação
apreensão dos conhecimen-
tos adquiridos pelos alunos,
Pratique a União apresentou uma estratégia atualizada
por meio da proposição de ati- com o objetivo central de travar a perda de
vidades. É esperado que, em um 1. Caracterize o relevo europeu e relacione-o com seu biodiversidade �…� na Europa até ����, �…� e
primeiro momento, os alunos uso pela agricultura. reforçando sua contribuição para a redução
organizem e sistematizem tais
2. Identifique a importância socioeconômica dos rios da perda de biodiversidade a nível mundial.
conhecimentos, para que, em
europeus apresentados neste capítulo. COMISSÃO Europeia. Compreender as políticas da União Europeia:
um segundo momento, possam ambiente. Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia.
se dedicar ao desenvolvimento 3. Quais são os argumentos usados pelos defensores p. ��. Disponível em: <http://dosriosaosoceanos.altervista.org/
fichas/Pol�C��ADticas_para_o_ambiente_UE_pt.pdf>.
de outras habilidades. da manutenção de usinas nucleares em países eu- Acesso em: out. ����.
De modo geral, as atividades ropeus? Quais são as consequências disso?
trabalham as competências ge- 4. Qual é o clima predominante no território europeu? a) Relacione os aspectos estudados no capítulo aos
rais propostas para a área de Lembre-se dos tipos climáticos brasileiros e apon- que são citados no texto.
Ciências Humanas pela BNCC, te qual deles é mais semelhante ao clima europeu b) Identifique os aspectos do texto que se relacio-
como a capacidade de comuni- que você identificou. Justifique. nam à saúde e à qualidade de vida.
cação textual, oral, individual c) Quando a União Europeia definiu um plano de
5. Identifique o tipo de vegetação original da Europa
e/ou em grupo. Além disso, elas
mais ameaçado atualmente. Por que isso ocorre? ação para a biodiversidade? Quando foi atualiza-
buscam preparar os alunos pa-
do e por que precisou ser alterado?
ra a argumentação diante de
situações contextualizadas Analise o texto
e, em outros casos, abordam Analise a imagem
6. Leia o texto e responda às questões.
temas relacionados ao auto- 7. Observe a charge e responda: A qual tipo climático
conhecimento e ao autocui- Biodiversidade
europeu ela pode ser associada? Justifique.
dado. As atividades em grupo, Um dos principais objetivos da política

The Flying McCoys, Gary & Glenn McCoy © 2014 Gary & Glenn McCoy/Dist. by Andrews McMeel Syndication
em especial, contribuem para ambiental europeia é proteger a trama de
que os alunos desenvolvam
vida que nos envolve. A natureza enfrenta
a empatia e a cooperação, o
senso de responsabilidade e várias ameaças em todo o mundo, e a biodi�
a cidadania. versidade �termo utilizado para sublinhar a
riqueza do mundo natural com todas as suas
Pratique
espécies e variedade genética� está em declí�
1. A maior parte do territó- nio em todo o planeta. �…�
rio europeu é composta
A biodiversidade é, por si só, importante.
de planícies. Nas meno-
res altitudes e em terras Mas também está na origem de fluxos vitais
mais planas ocorre o apro- de bens, como os alimentos, os combustíveis,
veitamento agrícola. Nas as fibras e os medicamentos, e presta alguns
planícies Germânica e Nor- serviços essenciais, como a regulação do cli�
te-Europeia destaca-se a ma, a prevenção de inundações, a purificação
produção de cereais. Na das águas, a polinização e a formação dos so�
França, Itália, Espanha e los. Todos esses aspectos são necessários à
Portugal são cultivadas prosperidade econômica, à segurança, à saúde
uvas para a produção de vi-
e à qualidade de vida.
nhos e, nos Países Baixos,
A União Europeia adotou o seu primeiro
há a criação de animais
combinada à agricultura. plano de ação para a biodiversidade em ����.
2. Junto aos rios europeus sur- Posteriormente, no início de ����, alguns me�
giram grandes concentra- ses apenas após a adoção de uma agenda am�
Fonte: GoComics. The Flying McCoys. Disponível em: <www.go
ções urbanas e industriais. biciosa à escala mundial em Nagoia, no Japão, comics.com/theflyingmccoys/2014/02/04>. Acesso em: nov. 2018.

Além da utilização da água


112 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova
para consumo doméstico,
comercial e industrial, os
rios são utilizados para a
navegação de navios de cru-
zeiro e de carga. Por exem- 3. Na Europa há grande demanda de energia, não suprida pelas 5. É a Floresta Temperada, em razão da utilização intensiva do
plo, o rio Reno percorre uma fontes internas do continente. Defensores da energia nuclear solo para a produção agrícola, seguida da industrialização e da
das zonas mais industria- argumentam que, além de suprir a demanda crescente, ela é urbanização. Sobraram apenas fragmentos dessa vegetação.
lizadas do mundo, sendo uma alternativa aos combustíveis fósseis, que intensificam Analise o texto
fundamental para o escoa- as mudanças do clima. Contudo, seus resíduos radioativos 6. a) Entre os aspectos estudados, destaca-se a perda da bio-
mento de mercadorias até geram muitos riscos, mesmo com controle rigoroso. diversidade na Europa com a intensificação da produção
o porto de Roterdã (Países 4. O clima predominante na Europa é o Temperado. No Brasil, o agrícola, da industrialização e da urbanização. Também
Baixos), um dos principais clima Subtropical é o que mais se aproxima, por apresentar foi abordada a dependência do ser humano em relação à
do continente. as temperaturas mais baixas do território brasileiro. biodiversidade, em razão de sua necessidade de recursos

112 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Analise os mapas
Analise os mapas 8. a) Existe uma relação direta
entre clima e vegetação,
8. Analise e compare os mapas da figura 11, “Europa: clima”, e da figura 15, “Europa: vegetação original”. Depois,
pois o desenvolvimento
faça o que se pede.
da vegetação depende
a) Explique a relação entre clima e vegetação. de elementos climáti-
cos, como temperatura
b) Cite um exemplo dessa relação verificável nos mapas.
e umidade.
b) Pode-se observar essa
Analise os gráficos correlação, por exem-
plo, no extremo norte do
9. Interprete o gráfico e responda às perguntas a seguir:
continente, com a Tun-
dra distribuída na área
Europa: dependência energética – 2005-2015 (% de importações) de clima Polar.
Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

Analise os gráficos
125
9. a) Em 2005, Dinamarca e
Toneladas equivalentes de petróleo

100
75 Noruega. Em 2015, Es-
50 tônia e Noruega.
25 b) Bélgica, Lituânia, Gré-
0
cia, Alemanha, Países
–25
Baixos, Reino Unido, Re-
–50
–575
pública Tcheca, Polônia,
–600 Dinamarca, Turquia e Ma-
–700 cedônia.
–725 10. a) Mínimas de 10 °C duran-
União Europeia
Chipre
Malta
Luxemburgo
Irlanda
Bélgica
Lituânia
Portugal
Itália
Espanha
Grécia
Alemanha
Áustria
Eslováquia
Hungria
Países Baixos
Letônia
Eslovênia
Croácia
Finlândia
França
Reino Unido
Bulgária
República Tcheca
Suécia
Polônia
Romênia
Dinamarca
Estônia
Turquia
Macedônia
Montenegro
Kosovo
Sérvia
Islândia
Albânia
Noruega
te o inverno e máximas
próximas de 25 °C du-
rante o verão.
b) As chuvas são concen-
tradas nos meses de in-
2005 2015 Salto de valor, maior que a escala do gráfico verno e os verões são
pouco chuvosos.
Fonte: EUROSTAT. Energy Dependency Rate. Disponível em: <https://ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.php?title=File:Energy_ c) Mediterrâneo.
dependency_rate_%E2%80%94_all_products,_2005_and_2015_(%25_of_net_imports_in_gross_inland_consumption_and_bunkers,_based_
on_tonnes_of_oil_equivalent)_YB17.png&oldid=345036>. Acesso em: out. 2018.

a) Identifique os dois países que menos dependiam da importação de energia em 2005 e em 2015.
b) Quais países apresentaram aumento na dependência de energia entre 2005 e 2015?

10. O climograma a seguir representa um dos tipos de clima do


Climograma
continente europeu. Analise-o.
Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

Precipitação Temperatura
a) Descreva a variação de temperatura. (mm) (°C)
b) Descreva a distribuição das precipitações. 500 50
450 45
400 40
c) Identifique o tipo de clima existente no continente europeu 350 35
representado no gráfico. 300 30
250 25
200 20
150 15
100 10
50 5
0 0
J F M A M J J A S O N D
Meses

Fonte: CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico


Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 170.

Quadro físico e recursos naturais da Europa • Capítulo 4 113

naturais. Por fim, há a preocupação com a recuperação como esses fatores podem contribuir para a qualidade
de áreas degradadas e a proteção de áreas preservadas. de vida e a saúde.
Os países europeus buscam recuperar 15% de suas áreas c) Ela definiu um plano em 2006, atualizado em 2011, em
degradadas até 2020 e estão criando novas unidades de função de uma agenda cuja meta era diminuir a perda da
conservação. biodiversidade até 2020.
b) Diversos aspectos podem ser citados, como alimentos,
combustíveis, fibras e medicamentos; a regulação das Analise a imagem
condições do clima, a purificação das águas, a preven- 7. Ao clima Polar, que ocorre nas altas latitudes da Europa. Ca-
ção de inundações, a formação dos solos e a polinização. racteriza-se por temperaturas extremamente baixas no in-
Incentive a discussão para que possam compreender verno e máximas próximas a 10 °C no verão.

CAPÍTULO 4 – MANUAL DO PROFESSOR 113


Objetivos do capítulo Capítulo

5
• Identificar e compreender o
espaço econômico europeu
e o processo de integração
entre os países desse conti-
Europa: economia,
nente na formação da União
Europeia, da zona do euro e
sociedade e integração
do Espaço Schengen.
• Reconhecer as potencia-
lidades socioeconômicas 1. Resposta pessoal. Estimule
dos países da Europa oci-
os alunos a expor seus
conhecimentos sobre a União
Para iniciar
dental e sua relação com a Europeia, bloco criado para
cooperação entre os países Durante séculos os países europeus dominaram muitas partes do mundo.
acolhida de refugiados de europeus.
outras regiões do mundo. 2. Resposta pessoal. Verifique Porém, o continente também foi palco de duas guerras mundiais. Para evitar
os conhecimentos prévios
• Problematizar as dificulda- dos alunos sobre a
novos confrontos, surgiu a ideia de estabelecer maior cooperação entre os países.
des de aceitação de diferen- organização dos países em Neste capítulo você conhecerá a organização econômica e social dos países
ças, manifestadas por meio blocos que, em geral, têm
objetivos como cooperação europeus, a constituição da União Europeia e os impactos que essa importante
da xenofobia, e as dificul- econômica e fortalecimento experiência de integração causou no continente e no mundo. Conhecerá também
dades de manutenção do político dos países-membros.
3. Resposta pessoal. Os alunos os problemas internos, bem como os efeitos da crise financeira na União Europeia
atual estágio de integração podem citar blocos como o
entre os países-membros Mercosul e a Aladi.
da primeira década do século XXI.
da União Europeia. Também serão abordados temas relativos às economias de maior destaque
no continente, assim como as atividades econômicas mais relevantes, nos dias
BNCC neste capítulo atuais, sem deixar de lado os desafios da integração cultural perante os fluxos
Habilidades migratórios.
EF09GE02 Observe a imagem.
EF09GE09

CLEMENT-MANTION Pierre-Olivier/Alamy/Fotoarena
EF09GE10
EF09GE13
EF09GE14
EF09GE18
Competências gerais
1 7 9 10
Competências
específicas de Ciências
Humanas
1 2 3 5 7
Competências
específicas de
Geografia
3 4 6 7
Temas contemporâneos
• Educação ambiental
Sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas (Bélgica), 2018.
• Educação alimentar e nu-
tricional
• Saúde Atividades
• Processo de envelheci- 1. O que você sabe sobre a União Europeia?
mento, respeito e valori-
2. Por que os países se organizam em blocos?
zação do idoso
• Educação em direitos hu- 3. Você conhece algum bloco de países do qual o Brasil participa?
manos 114 Unidade 2 ¥ O velho mundo se renova
• Diversidade cultural

Orientações didáticas tes, que somam seus esforços e suas ações para atingirem um
objetivo comum, ou seja, aprender novos conceitos e conteúdos e
Para iniciar
desenvolver suas habilidades. De modo semelhante, os países for-
Para ilustrar o significado da formação de um bloco político- mam blocos de integração para se fortalecerem diante de outros
-econômico de países, pode-se comparar esse tipo de organização atores da economia e da política internacional, buscando o desen-
com a formação de grupos de trabalho entre os alunos. Os grupos volvimento por meio da cooperação entre si. Aqui contemplamos a
são feitos para promover a cooperação e a troca entre os integran- habilidade EF09GE02.

114 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
1 A economia europeia Durante a leitura do mapa da
figura 1, destaque a diferença
A Europa é o berço do capitalismo, da Revolução Industrial e da sociedade regional interna no continen-
moderna ocidental. A partir das Grandes Navegações europeias, o capitalismo te europeu: com exceção da
Rússia, cuja parte europeia se
ampliou-se e tomou proporções mundiais. Graças à Revolução Industrial, iniciada
encontra na porção leste do con-
na Inglaterra, as indústrias e seus produtos se expandiram pelo mundo todo. Os tinente, os países que apresen-
europeus influenciaram diversos povos com sua cultura e sua ideologia. tam os maiores PIB se localizam
Na Europa estão estabelecidas sedes na porção oeste do continente,
de grandes empresas multinacionais, al- Figura 1. Europa: PIB (em milhões de dólares) – 2017 ou seja, na Europa ocidental. São

EGL PRODUÇÕES/Arquivo da editora


Cí 0º
gumas das mais importantes regiões in-
rcu
lo
Pol
ar Á
exemplos de potências econô-
rtico
dustriais e alguns dos maiores Produtos micas regionais a Alemanha e o

Gree no de
Internos Brutos (PIBs) do mundo (figura 1). Reino Unido, cujas áreas indus-

h
nwic
dia
triais se destacam no mapa da
Além disso, em 2017, a Europa foi a região

Meri
figura 2. Este conteúdo permi-
com maior exportação de serviços no mer-
te desenvolver as habilidades
cado mundial. Essas características, po- OCEANO
ATLÂNTICO EF09GE09 e EF09GE10, a
rém, não ocorrem da mesma maneira em ÁSIA CECH7 e a CEG4.

M
todo o continente: o Leste Europeu, que

ar

s
integrava o antigo bloco socialista, ainda

pi
Mar Negro

o
N
Aproveite para trabalhar
apresenta menor dinamismo econômico. Menos de 0,25 o material audiovisual, que
O L De 0,25 a 1,15 discute o tema Industrializa-
Fonte: elaborado com base em BANCO De 1,15 a 2,62
Mundial. GDP (current US$). Disponível em: S
Mar Mediterrâneo ção dos países europeus.
<https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP. ÁFRICA De 2,62 a 4,87
0 770 1 540 km
MKTP.CD?display=default&view=map>. Limites de país
Acesso em: out. 2018.

Indústria na Europa Reino Unido


Estado soberano
O continente europeu foi o primeiro a se industrializar. Atualmente, as princi- formado por quatro
pais áreas industriais da Europa estão localizadas na área central do continente, países: Inglaterra,
Escócia, País de Gales
sendo o Leste Europeu e a península Ibérica regiões com menor industrialização. e Irlanda do Norte.
Alemanha, Itália, França, Suíça, Áustria,
Bélgica, Países Baixos e Reino Unido Figura 2. Europa: regiões industriais – 2013

Catherine Abud/Arquivo da editora


concentram a maior produção indus-
Cír
cu
lo
OCEANO GLACIAL
Pol
ar Á ÁRTICO
trial da Europa, constituindo o centro
rtico

dinâmico de sua economia (figura 2).


eenwich

Perm

Os países europeus mais industria- Ufa


no de Gr

OCEANO Helsinque São Petersburgo


lizados concentram indústrias diversi- ATLÂNTICO Laroslav Nizni Novgorod
Meridia

Moscou
ficadas: siderúrgica, naval, automobi-
ltico

Mar Riga

lística, aeronáutica, têxtil, química, Glasgow do


Norte
Malmo ar
M Minsk
eletrônica, entre outras. Também abri- Dublin
Manchester Hamburgo Varsóvia
Roterdã Berlim
gam sedes de grandes empresas de Londres
Dresden Cracóvia Dnepropetrovsk Rostov
Mar
prestação de serviços, como bancos e
Bruxelas
Frankfurt Cáspio
Paris

seguradoras. Veja a seguir algumas Genebra Budapeste


Bucareste Mar Negro
Batumi
Tbilisi

Lyon Milão
características das principais regiões
Bordeaux 0 520 1 040 km
Oviedo Bilbao Toulouse
Bolonha
industriais da Europa. Marselha
Barcelona
N
Área industrial
Madri
Nápoles Capital de país
O L
Fonte: elaborado com base em CALDINI, Cidade
Mar Med
Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico 0°
it
e r r ân eo S Limites de país
Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 113.

Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 115

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 115


Orientações didáticas
Alemanha

Goran Jakus/Shutterstock
Após a leitura do texto, convi-
de os alunos a localizar no mapa Um dos países mais industrializados do mundo, a Ale-
da figura 2 (página 115) as re- manha apresenta uma vantagem geográfica: situa-se no
giões industriais da Alemanha, centro da Europa, o que facilita o acesso terrestre aos de-
do Reino Unido, da França e da
mais países do continente (figura 3). Atualmente, a indústria
Itália. É importante destacar
que essas regiões não estão continua a ser um pilar na economia da Alemanha, apesar
isoladas nos respectivos países de o setor de serviços ter ganhado importância nas últimas
e tampouco no espaço indus- décadas. O modelo econômico alemão se baseia, sobretu-
trial europeu e mundial, visto do, em produtos tecnológicos e em uma malha de peque-
Figura 3. Estação de
que há uma rede integrada de nas e médias empresas que empregam grande parte dos trabalhadores do país.
trem em Munique
produção formada por esses es-
(Alemanha), 2017. Os Exporta equipamentos e produtos sofisticados, que dependem de muita pes-
paços no contexto da atual fase
países da Europa estão quisa científica e tecnológica para seu desenvolvimento. Os principais setores
da Revolução Industrial, marca- conectados por uma industriais estão estabelecidos principalmente no vale do Ruhr, na bacia hidro-
da pela internacionalização da extensa malha ferroviária. gráfica do rio Reno, por causa da presença de reservas de carvão mineral e da
produção. Aqui contemplamos
parcialmente as habilidades
facilidade de escoamento da produção pelo rio até o porto de Roterdã, nos
Tecnopolo Países Baixos.
EF09GE09 e EF09GE18. Região onde são
desenvolvidas as novas Em Stuttgart e em Wolfsburg estão as sedes de grandes indústrias de auto-
tecnologias. móveis. Da Alemanha, essas empresas comandam fábricas distribuídas pelo mun-
Caracterizam-se por
do, em países como Brasil, China e México.
dispor de universidades
e centros de pesquisa, Em Leverkusen encontra-se uma das maiores empresas do setor químico, que
empresas inovadoras, produz remédios e materiais químicos usados em processos industriais e mantém
mão de obra qualificada,
recursos estatais
fábricas em muitos países, incluindo o Brasil, com duas unidades em São Paulo (SP)
e privados. e uma em Belford Roxo (RJ).

Reino Unido
Fox Photos/Getty Images

O setor industrial do Reino Unido, primeiro país do mun-


do a se industrializar, atualmente está decrescendo, em ra-
zão da concorrência internacional. Os altos salários britânicos
e sua legislação rigorosa afastam os investidores, o que con-
tribui para a decadência de antigos centros industriais, como
Liverpool, Manchester e Sheffield (figura 4). As principais
indústrias atuais são: siderúrgica, química, automobilística,
aeronáutica, petroquímica e eletrônica. O tecnopolo de
Cambridge é um dos principais parques tecnológicos do país,
concentrando indústrias de informática e biotecnologia.
Figura 4. Manchester
(Reino Unido), 1936. França
Berço da Revolução
Industrial, cidades Muitas empresas do setor industrial e financeiro têm origem francesa e estão
industriais inglesas, presentes em vários países do mundo, inclusive no Brasil, atuando na produção de
prósperas naquele automóveis e no setor de comércio varejista, entre outros. Em Paris, capital da-
período, hoje encolhem quele país, estão as sedes de empresas com atuação mundial e de importantes
economicamente.
universidades. No seu entorno concentra-se grande parte das indústrias do país.
Trata-se do principal polo da economia da França.
Outras cidades de destaque são Marselha e Lyon, nas quais se encontram
importantes universidades e centros de pesquisa, além de muitas indústrias. Tou-
louse, Montpellier, Rennes e Nantes possuem empresas de tecnologia de ponta,
como a aeroespacial. Outro setor de destaque para a economia é o de cosméticos.
A França é o principal exportador mundial de perfumes.
116 Unidade 2 ¥ O velho mundo se renova

116 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Itália Olhar interdisciplinar –
No norte da Itália, na região do vale do rio Pó, está localizado o maior centro Matemática
industrial e também o centro financeiro do país. Devido a esse fator, há marcante Com base nos dados apre-
desigualdade econômica entre o norte e o sul do país (figuras 5 e 6). Em Milão, Turim sentados na seção, relacione a
e Gênova, concentram-se as principais regiões industriais, com a presença dos seto- intensa troca comercial entre a
Alemanha e a França, bem como
res automobilístico, de eletrônicos, têxtil, químico, petroquímico e alimentício. Do
com outros países da Europa
total de exportações, cerca de 85% são de produtos industrializados.
ocidental (Espanha, Itália, Bél-
gica, Reino Unido e Países Bai-

Kana Movana/Shutterstock

lindasky76/Shutterstock
xos), ao fato de participarem
do mesmo bloco econômico,
a União Europeia, para que os
alunos construam o conceito de
integração regional que será re-
tomado e aprofundado na pági-
na 124. Apenas Estados Unidos
e China, duas potências econô-
micas mundiais, figuram entre
os países não europeus como
maiores destinos das exporta-
ções da Alemanha e da França.
Figura 5. Gênova (Itália), 2018. É uma próspera cidade no Figura 6. Nápoles (Itália), 2018. O sul do país é notadamente As atividades propostas con-
norte do país. mais pobre e com diversos problemas socias. tribuem para o desenvolvimen-
to das habilidades EF09GE09,
EF09GE10, EF09GE14, da CEG3
Olhar interdisciplinar Matemática e da CG1.

França e Alemanha: potências exportadoras


Observe, nos gráficos a seguir, os principais parceiros comerciais da França e da Alemanha no mer-
cado internacional, de acordo com o valor das exportações.

França: exportações – 2017 Alemanha: exportações – 2017


(em milhões de dólares) (em milhões de dólares)

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

Alemanha 78 804 Estados Unidos 126 360

Espanha 41 267 França 118 773

Itália 40 192 China 97 774


Estados
38 623 Reino Unido 94 819
Unidos
Bélgica 37 317 Países Baixos 91 278
0

0
0

00

00
0
00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00

00
10

20

30

40

50

60

70

80

30

60

90

12

15

Fonte: UNCTADSTAT. Maritime Profile: France, 2017. Disponível em: Fonte: UNCTADSTAT. General Profile: Germany. Disponível em:
<http://unctadstat.unctad.org/CountryProfile/MaritimeProfile/en- <http://unctadstat.unctad.org/CountryProfile/GeneralProfile/en-
GB/251/index.html>. Acesso em: out. 2018. GB/276/index.html>. Acesso em: out. 2018.

1. Foi mais importante para a Alemanha, porque o valor das exportações desse país para os Estados
Atividades Unidos representa mais do que o triplo do valor das exportações feitas pela França.
1. O mercado consumidor dos Estados Unidos foi mais importante para a França ou para a Alemanha em
2017? Justifique.
2. A balança comercial da França em relação à da Alemanha apresentou superavit ou deficit em 2017? Use
os dados das tabelas para fundamentar sua resposta.
2. A balança comercial da França apresentou deficit em relação à da Alemanha. Enquanto o valor de suas exportações para a Alemanha
foi de 78 804 milhões de dólares, o valor das importações foi de 118 773 milhõesEuropa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 117
de dólares. Portanto, a balança comercial da França teve um saldo negativo de 39 969 milhões de dólares.

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 117


Orientações didáticas
Apresente aos alunos as ca- Agropecuária na Europa
racterísticas da agropecuária na
Europa e, depois, oriente-os na A produção agrícola europeia é bastante diversificada e mecanizada, com
leitura do mapa, destacando os elevada produção. Entre os principais cultivos estão o trigo, o centeio, a cevada, a
baixos percentuais de pessoas batata, a uva e a beterraba.
empregadas na agricultura nos Na França, a produção de vinhos deve ser destacada porque combina a
países europeus. Esse fato se agricultura tradicional das uvas com a indústria de bebidas, setor importante
deve, em grande parte, à ele- nas exportações do país. Nos países mediterrâneos, como Portugal, Espanha e
vada mecanização da produ- Grécia, além da produção de uvas, há o cultivo de oliveiras (azeitonas), das quais
ção agrícola nesses países. A
é extraído o azeite (figura 7).
leitura e a interpretação desse
mapa, em conjunto com o con- Por tratar-se de uma produção mo-
De Agostini/Getty Images
teúdo abordado, favorecem o dernizada, a agropecuária emprega
desenvolvimento da habilidade pouca mão de obra (figura 8), porém
EF09GE13 e da CEG4. qualificada. A maior parte das unidades
produtoras é de pequenas propriedades
de estrutura familiar, com a produção
destinada aos mercados locais. Ainda
assim, a produção não é suficiente para
abastecer a população, e é necessário
importar produtos alimentícios.
Outra característica do mercado de
produtos agropecuários europeu é a
valorização de produtos orgânicos, isto
é, aqueles cultivados sem o uso de an-
tibióticos, hormônios, agrotóxicos ou
fertilizantes químicos, e que não sejam
transgênicos. Leia a seção Fique por
Figura 7. Oliveiras em Andaluzia (Espanha), 2016. A Espanha é o maior
dentro, na página seguinte.
exportador mundial de azeite de oliva.

Figura 8. Europa: emprego na agricultura (% do total) – 2017


Cír
EGL PRODUÇÕES/Arquivo da editora

cu 0º
lo
Menos de 9,60 Pol
ar Á
rtico
De 9,60 a 21,20
h
nwic

De 21,20 a 34,35
Gree

De 34,35 a 51,62
o de

Sem dados
dian

Limites de país
Meri

OCEANO
Mar
ATLÂNTICO de
Aral

Mar
Cáspio
N
Mar Negro
O L

S
ÁSIA

0 570 1 140 km
ÁFRICA Mar Mediterrâneo

Fonte: elaborado com base em BANCO Mundial. Employment in Agriculture. Disponível em: <https://data.
worldbank.org/indicator/SL.AGR.EMPL.ZS>. Acesso em: out. 2018.

118 Unidade 2 ¥ O velho mundo se renova

Texto complementar
A agricultura familiar e a produção de alimentos orgânicos
[...] a agricultura orgânica apresenta-se como uma possibilidade ceber um novo tratamento por meio das bases agroecológicas, a
de uma agricultura sustentável. viabilidade econômica desse mercado encontra-se em considerá-
[...] muitos agricultores buscam empreender novas práticas agroe- vel ascensão, favorecendo o aumento da produção e melhorando
cológicas. Geram, dessa forma, uma agregação de valor a esses a renda dos agricultores. Buainain (2003) ressalta que a crescente
produtos, pela diferenciação ecológica e atendem à demanda de demanda por produtos orgânicos possibilita a expansão e geração
um mercado que visa consumir esse alimento de maior qualidade. da renda para os produtores familiares.
Tendo em vista as vantagens ao consumir os alimentos orgâni- Diante da necessidade da diversificação da produção pelos pe-
cos, tanto para a saúde humana quanto para o ambiente, por re- quenos produtores, Beltrão (2002) destaca a facilidade e a melhor

118 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Promova a leitura do texto em
Alemanha, a meca da comida orgânica conjunto com a turma e ressalte
os benefícios dos produtos or-

Axel Schmidt/Getty Images


Qual a diferença entre um ovo gânicos para a saúde. Destaque
orgânico e um convencional? À a importância desses produ-
primeira vista, nenhuma. O que tos para a economia europeia
muda é o processo que se esconde e os cuidados exigidos em seu
nos bastidores: nada de agrotóxi- cultivo.
cos, confinamento de animais nem Atividade complementar
cultivos intensivos. “É mais sus- • Proponha aos alunos uma
tentável”, resume Joyce Moewius, pesquisa sobre a produção e
da BÖLW, organização que congre- o consumo de alimentos orgâ-
ga diversas empresas do ramo na nicos no bairro ou no municí-
Alemanha, o principal mercado pio em que vivem. Motive-os a
Fazenda de cultivo de alimentos orgânicos em Brodowin (Alemanha), 2017. entrevistar alguns moradores
orgânico da Europa e o segundo A agricultura orgânica é muito valorizada na Alemanha.
e verificar se essas pessoas
do mundo, atrás apenas dos Esta- consomem produtos orgâ-
dos Unidos. A União Europeia (UE) trabalha desde 2014 numa nova normativa para regular um nicos e se conhecem seus
negócio que em 2015 cresceu acima de 7% e movimentou 75 bilhões de euros (285 bilhões de reais) benefícios à saúde e ao am-
no mundo todo. A falta de consenso sobre vários temas, em especial a polêmica sobre o nível de biente. Eles também podem
pesticidas, desencadeou uma guerra em Bruxelas e transformou a normativa numa das mais deba- buscar informações sobre a
existência de um mercado lo-
tidas da história da Comissão de Agricultura.
cal onde esse tipo de alimento
Ecológico, biológico, orgânico... são todos sinônimos. A chave não está no produto final; o que é vendido e, caso não exista,
certifica é o processo. “A legislação diz como é produzido, rotulado e controlado”, diz Moewius. questionar se a comunidade
Os agricultores orgânicos europeus são proibidos de utilizar agrotóxicos (mas é permitida uma tem interesse e condições de
lista fechada de substâncias contra pragas e produtos fitossanitários naturais) e de dar antibió- implementar um. Contribui-se,
ticos aos animais, que devem receber luz natural e poder se mexer livremente pelo campo. […] assim, para o desenvolvimen-
to da habilidade EF09GE13, da
Para obter a certificação ecológica, é preciso abrir mão de qualquer tipo de fertilizante du-
CECH3, da CEG7, da CG10, do
rante três anos. O que muitos consumidores não sabem é que produtores recebem o selo mesmo TC Educação ambiental, do TC
que o produto final contenha resíduos de substâncias químicas proibidas para esse tipo de ali- Educação alimentar e nutri-
mento. Isso desde que o nível das substâncias não supere certo limite – o mesmo permitido para cional e do TC Saúde.
a comida convencional. “O problema é que a contaminação pode chegar de qualquer lugar”,
afirma Isabelle Buscke, que dirige em Bruxelas a Federação Alemã de Associações de Consumi-
dores (VZBV, na sigla em alemão). “Se o seu vizinho é um agricultor tradicional, você não pode
evitar que o vento leve os pesticidas que ele usa para os seus cultivos.” […]
A agricultura ecológica é reconhecida por uma sociedade cada vez mais preocupada com o
bem-estar, a saúde e o meio ambiente. Há lojas especializadas na Alemanha e noutros países
europeus, e os alimentos biológicos inundam os supermercados de comida tradicional. Mas o
preço continua sendo uma das principais barreiras ao consumo. “Os produtos orgânicos costu-
mam ser entre 30% e 50% mais caros”, diz Von Maztlan, mas “muitos cidadãos estão dispostos
a pagar por isso.” “Não é uma questão de que seja mais saudável, pois a nutrição de hoje é fan-
tástica, tanto a orgânica como a convencional. É porque provoca menos danos à natureza.” […]
DELLE FEMMINE, Laura. Alemanha, a meca da comida orgânica. El País, 31 ago. 2017. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/
brasil/2017/08/24/internacional/1503591539_332082.html>. Acesso em: out. 2018.

1. No cultivo ou na criação orgânica não são utilizados produtos como agrotóxicos ou hormônios que
possam prejudicar a saúde do consumidor. Além disso, essa produção não agride o meio ambiente com
Atividades poluição do ar, dos solos ou da água.
1. De acordo com o texto, quais são os principais benefícios do alimento orgânico para o consumidor?
2. Aponte o principal empecilho para o maior consumo de produtos orgânicos por parte da população.
2. O preço dos produtos orgânicos ainda é alto, o que dificulta que todos possam comprá-los.
Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 119

adaptação por esses agricultores aos princípios da agricultura or- (2006), esse fator de consumo é determinado pelo nível de instru-
gânica, sobretudo pela indução do equilíbrio ecológico, reciclagem ção dos consumidores, ao constatar que pessoas mais instruídas,
de nutrientes, insumos caseiros, conservação do solo e controle de com maior acesso à informação e poder aquisitivo razoável são os
pragas e doenças de maneira ecológica. A utilização de insumos maiores consumidores desses produtos, o que de fato os caracteriza
próprios e naturais na cultura acarreta também uma diminuição como um grupo de consumidores diferenciados e mais exigentes.
nos custos de produção, tornando-a mais lucrativa ao produtor. […]
Apesar dos vastos benefícios que cercam o consumo de alimentos PADUA, Juliana B.; SCHLINDWEIN, Madalena M.; GOMES, Eder P. Agri-
orgânicos, e mesmo com a expansão gradativa desse mercado, mui- cultura familiar e produção orgânica: uma análise comparativa consideran-
tos consumidores ainda optam por adquirir os produtos convencio- do os dados dos censos de 1996 e 2006. Revista Interações. Campo Grande,
nais. Essa condição pode estar relacionada ao preço dos produtos n. 2, v. 14, p. 227-228, jul./dez. 2013. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/
orgânicos, por serem mais elevados em comparação aos alimentos inter/v14n2/a09v14n2.pdf>. Acesso em: nov. 2018.
convencionais. De acordo com estudos realizados por Mesquita
CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 119
Orientações didáticas
Exponha a relação entre a 2 População e espaço urbano
industrialização e o êxodo ru-
ral, discorrendo sobre a atra- O processo de urbanização está diretamente ligado ao de industrialização. A
ção de pessoas para a cidade
urbanização dos países europeus vem ocorrendo desde a Revolução Industrial; as
pela indústria, bem como pela
cidades abrigam os trabalhadores
expulsão de trabalhadores do
campo devido à mecanização Figura 9. Europa: densidade demográfica (habitantes por km2) – 2016 que buscam emprego nas fábricas
e precisam morar próximos a elas.

EGL PRODUÇÕES/Arquivo da editora


30º L
das lavouras.
Durante o trabalho com o
OCEANO GLACIAL ÁRTICO Com a mecanização do campo, o
tópico “Qualidade de vida e en- processo se intensificou e mais
velhecimento da população”, Círculo Polar Ártico
Á
trabalhadores saíram das áreas
destaque a importância da polí- rurais para viver em cidades.
tica de bem-estar social para a Atualmente, em muitos países eu-

B á l tico
Mar
elevação do IDH dos países eu- do ropeus, mais de 70% da população
Norte Mar Moscou ÁSIA
ropeus. Aborde os argumentos vive em áreas urbanas, chegando
favoráveis e contrários a essa OCEANO
Londres
a 97,3% na Bélgica e 89,9% no
política – como a promoção de ATLÂNTICO Paris
Reino Unido, segundo dados da
qualidade de vida e os custos N
ONU-Habitat. Observe o mapa ao

M
Mar Negro
ao Estado – e estimule os alu-

ar
lado (figura 9), da densidade de-


Roma O L

spi
nos a expressar suas opiniões

o
sobre o assunto. S mográfica na Europa. Verifica-se
ÁFRICA
O conteúdo desta página pro-
Mar Mediterrâneo 0 790 1 580 km
que a população geralmente se
picia o desenvolvimento da ha- Menos de 1
Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça Maria Lemos.
concentra nas áreas mais indus-
bilidade EF09GE09 e da CECH7. De 1 a 10 Moderno atlas geográfico. São Paulo: Moderna, 2016. p. 24. trializadas do continente.
De 10,1 a 50
De 50,1 a 200
Mais de 200
Qualidade de vida e envelhecimento da população
N. KERSTENETZKY, Celia L.;
Aglomeração com
mais de 10 milhões
Entre os dez primeiros países que aparecem no topo do ranking do Índice de
GUEDES, Graciele P. O Wel-
de habitantes Desenvolvimento Humano (IDH), que mede a qualidade de vida dos países, sete são
fare State resiste? Desen-
Limites de país
europeus (tabela 1). Todos os países do continente possuem IDH alto ou muito alto.
volvimentos recentes do A elevada qualidade de vida é resultado das políticas de bem-estar social que
estado social nos países da vigoraram por várias décadas nos países europeus após a Segunda Guerra Mundial.
OCDE. Revista Ciência & Saú- Os países, depois da guerra, precisavam recuperar não apenas
de Coletiva. Rio de Janeiro, Tabela 1. Ranking do Índice a economia, mas também a qualidade de vida e a dignidade
n. 7, v. 23, jul. 2018. Dispo- de Desenvolvimento Humano – 2018 de seus cidadãos. A política ou Estado de bem-estar social
nível em: <www.scielo.br/
pdf/csc/v23n7/1413-8123- Posição País IDH (Welfare State, em inglês) baseia-se na concepção de que as
csc-23-07-2095.pdf>. Aces- 1o Noruega 0.953 decisões e os investimentos necessários para assegurar a
so em: nov. 2018. 2o
Suíça 0.944 qualidade de vida das pessoas são atribuições do Estado.
o Dessa forma, o governo vai investir na área da saúde, da
Neste artigo, as autoras 3 Austrália 0.939
analisam alguns dos princi- educação, da moradia, do aquecimento, na geração de em-
4o Irlanda 0.938
pais indicadores da evolução pregos, na qualidade do trabalho, tornando-se o responsável
5o Alemanha 0.936
do estado de bem-estar so- por garantir o bem-estar da sociedade.
6o Islândia 0.935
cial em países da OCDE entre No entanto, devido aos altos gastos nesse tipo de política,
1980 e 2016. Em particular, 7o Hong Kong 0.933 há muitas críticas a ela. Segundo os críticos do Estado de bem-
avaliam se a crise iniciada em 8o Suécia 0.933 -estar social, o governo deveria investir mais na economia do
2007-2008 teria implicado
9o Cingapura 0.932 país do que na sociedade, pois, se o país enriquecer, as pes-
contração do estado social.
10 o
Países Baixos 0.931 soas poderão cuidar de sua qualidade de vida sem o auxílio do
Fonte: elaborado com base em IDH 2018: Brasil ocupa a 79a
Estado. Em razão da recente crise que assolou o continente,
posição. Uol, 14 set. 2018. Disponível em: <https://noticias.uol.com. muitos países europeus deixaram de adotar a política de bem-
br/internacional/ultimas-noticias/2018/09/14/idh-2018-brasil-ocupa-a-
79-posicao-veja-a-lista-completa.htm>. Acesso em: out. 2018. -estar social, entre eles Reino Unido, Irlanda, Grécia e Espanha.
120 Unidade 2 • O velho mundo se renova

Texto complementar
[…]

Os novos movimentos de refugiados, em particular os que se têm dirigido à Europa desde o início da segunda década do século XXI,
têm colocado profundos desafios à observação e análise teórica dos fluxos, bem como ao regime internacional de direitos humanos e ao
enquadramento legal existente. Com as novas caraterísticas e causalidades dos movimentos migratórios, as categorias tradicionais de
análise, que alicerçaram a produção científica e muitos instrumentos jurídicos, estão hoje colocadas em causa. É neste ponto que se tem
argumentado que a distinção entre “migrantes” e “refugiados” é cada vez menos clara, tornando difíceis a análise e regulação destes movi-
mentos. Não é fácil – nem é talvez possível – distinguir a “intensidade” das causas de repulsão e as formas assumidas pelo sancionamento
(político, social, econômico) dos países de destino, isto é, o papel e as características do efeito de atração.

120 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Martin Thomas Photography/Alamy/Fotoarena
Orientações didáticas
A melhoria da qualidade de vida influi diretamente nas caracte-
Pergunte aos alunos se eles
rísticas demográficas dos países, pois uma de suas principais conse-
já ouviram falar no Estatuto do
quências é o aumento da longevidade. Em muitos países europeus, Idoso, documento destinado a
além do aumento da longevidade houve redução das taxas de natali- regular os direitos assegurados
dade, o que causa muita preocupação, pois a população não se renova: às pessoas com idade igual ou
os adultos envelhecem e se aposentam e não há jovens suficientes superior a 60 anos. Pergunte so-
para repor a mão de obra. Ainda o alto número de idosos e aposenta- bre a situação e a qualidade de
dos eleva o custo previdenciário e demanda investimentos em saúde Figura 10. Idosos em vida dos idosos que os alunos
e lazer para a terceira idade (figura 10). restaurante em Braga conhecem. É possível conhe-
Para tentar resolver esse problema, muitos países têm revisado suas políticas (Portugal), 2017. O cer a Lei n. 10.741/2003, que
previdenciárias, aumentando o número de anos que seus cidadãos devem traba- envelhecimento está dispõe sobre o Estatuto, nes-
lhar antes de poderem se aposentar e adotando políticas de incentivo à natalida- entre os maiores te endereço: <www.planalto.
problemas desse país, gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.
de, como licenças-maternidade extensas e garantia de emprego à mulher após o
cuja população é uma 741compilado.htm>. Acesso em:
retorno dessa licença. Mesmo assim, as taxas de mortalidade em muitos países
das mais idosas do nov. 2018. Esse conteúdo permi-
europeus são maiores do que as de natalidade e, em um futuro próximo, há a continente europeu. te desenvolver o TC Processo
tendência de redução no número de habitantes. de envelhecimento, respeito
e valorização do idoso.
Imigrações e xenofobia Ao abordar o tópico “Imigra-
Outra forma de resolver o problema da demanda por mão de obra em países ções e xenofobia”, estimule os
alunos a refletir e expor suas
europeus seria o incentivo à imigração. Muitos imigrantes que vivem na Europa já
opiniões e percepções sobre
vêm suprindo essa demanda, trabalhando principalmente em cargos que exigem
esses problemas sociais com
menor qualificação e que o europeu, por ser muito qualificado, rejeita. Devido, muito respeito e sempre guia-
porém, ao elevado número de imigrantes e às sucessivas crises econômicas en- dos pelos Direitos Humanos. Se
frentadas pelos países europeus nos últimos anos, um problema se tornou fre- necessário, motive-os a pes-
quente: a xenofobia (figura 11). Xenofobia
Sentimento de
quisar notícias recentes sobre
Muitos europeus, incentivados pela mídia e por discursos políticos extremistas, desconfiança, temor ou possíveis manifestações xenó-
acreditam que os imigrantes disputam as vagas de emprego com eles e que in- antipatia por pessoas fobas e/ou discriminatórias em
terferem nas questões culturais, descaracterizando os padrões europeus de com- estrangeiras. Em relação a determinados grupos
situações extremas, a
portamento, vestimenta e religião, entre outros. xenofobia resulta em
socioculturais no país. Pode-se
Esse discurso deu origem a manifestações racistas, perseguições e declarações hostilidade e violência. propor um debate em sala sobre
de ódio contra esses imigrantes. Tal situação se agravou nos anos de 2010, quan- as seguintes questões:
do crises e tensões em países da África e da Ásia geraram novas ondas de imigra- 1. Existe xenofobia no Brasil?
ções para a Europa. Muitos países europeus impuseram rigorosas leis imigratórias, 2. Existe xenofobia ou algum
passando a não aceitar novos imigrantes, fechando fronteiras, aumentando a tipo de discriminação no
fiscalização e deportando os imigrantes ilegais (figura 12). lugar onde vocês vivem?
3. O que as autoridades de-
Charles Platiau/Reuters/Fotoarena

Marko Djurica/Reuters/Fotoarena
vem fazer para enfrentar
essas questões?
Espera-se, dessa forma, apro-
ximar a discussão da questão
da xenofobia na Europa, procu-
rando compreender as causas
desse tipo de problema e como
ele se instala em uma socieda-
de, bem como a responsabili-
dade das autoridades frente a
esses problemas. Mobilizam-se,
Figura 11. População protesta contra casos de racismo e Figura 12. Em 2015, a Hungria fechou sua fronteira com a assim, o TC Educação em direi-
xenofobia em Paris (França), 2017. “Não toque no meu amigo”, Sérvia para impedir a passagem de refugiados sírios que tos humanos, o TC Diversidade
em tradução livre, é a frase escrita nas mãos de papel. tentavam chegar à Alemanha. cultural, a CECH1, a CECH2, a
CEG6 e a CG9.
Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 121

As novas realidades questionam os velhos conceitos e interpretações, no plano teórico, e as reações das sociedades de origem e
de destino, no plano prático. Os fluxos atuais resultam de uma combinação complexa de mecanismos de atração e repulsão, en-
volvendo a agência individual e fatores estruturais de enquadramento supraindividuais. É da interação complexa e dinâmica en-
tre decisões racionais dos agentes, incluindo a escolha dos meios e dos países de destino, e fatores de enquadramento, incluindo o
contexto econômico, social e político, bem como redes organizadas de contrabando e tráfico de migrantes, que resultam os fluxos
migratórios em concreto. É também a partir desta interação que se explica a forte mutabilidade e variedade dos fluxos, porque são
impulsionados por mudanças mais densas, imbricadas e complexas do que em épocas anteriores.
[…]
OLIVEIRA, Catarina R.; PEIXOTO, João; GÓIS, Pedro. A nova crise dos refugiados na Europa: o modelo de repulsão-atração revisitado e os desafios para as
políticas migratórias. Revista Brasileira de Estudos de População. Belo Horizonte, n. 1, v. 34, p. 92-93, jan./abr. 2017.
Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rbepop/v34n1/0102-3098-rbepop-34-01-00073.pdf>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 121


Orientações didáticas
Explorar representações Explorar representações
Distribua entre os alunos
uma cópia do mapa mudo do
continente europeu, que pode
ser encontrado no site do IBGE. Mapa de fluxos
Disponível em: <http://geoftp.
ibge.gov.br/produtos_educacio Os mapas de fluxos são utilizados para representar fenômenos que indicam
nais/mapas_mudos/mapas_do_ fluidez e deslocamento de qualquer natureza. Com esse tipo de mapa é possível
mundo/europa.pdf>. Acesso identificar, por exemplo, a origem e o destino de movimentos migratórios, de trocas
em: nov. 2018. comerciais, de rotas de transportes, de correntes marítimas, etc.
A seção contribui para o de- Em geral, para construir o mapa de fluxo, utilizam-se setas cuja espessura varia
senvolvimento da habilidade conforme a intensidade do movimento. Observe o mapa a seguir.
EF09GE14, da CEG4 e da
CECH7. Planisfério: comércio de mercadorias por região – 2016 (exportações em bilhões de dólares)

EGL Produções/Arquivo da editora



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América
do Norte

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ÁSIA

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Trocas inter-regionais
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300
e

ÁFRICA
Gre iano d
ich

100
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id

20
Mer

*Comunidade dos
Estados Independentes

Fonte: elaborado com base em SCIENCE PO. Atelier Cartographie. Disponível em: <http://cartotheque.sciences-po.fr/media/Commerce_de_
marchandises_2016/2810>. Acesso em: out. 2018.
Mapa sem escala e orientação.
Note que as setas mais espessas representam os maiores fluxos de trocas co-
merciais, superiores a 1 trilhão de dólares, como os que se observam, por exemplo,
entre a Ásia (origem) e a Europa ou América Anglo-Saxônica (destino). As setas menos
espessas representam fluxos menores, abaixo de 100 bilhões de dólares, que podem
ser exemplificados pelas trocas comerciais entre a Europa e a América Latina.

Mãos à obra

Como visto nos capítulos 4 e 5, a Europa é um dos Observando as etapas a seguir, você poderá cons-
principais destinos de migrantes e refugiados de diver- truir um mapa de fluxos e identificar alguns dos prin-
sas regiões do mundo, que se dirigem a esse continen- cipais movimentos migratórios internos europeus.
te em busca de melhores condições de vida, trabalho Você precisará de uma régua para estabelecer as
e renda. No entanto, os fluxos migratórios internos, isto espessuras das setas e de um mapa mudo da Europa
é, entre os próprios países da Europa, também são im- para representar os principais fluxos migratórios in-
portantes para a dinâmica populacional do continente. ternos do continente.
122 Unidade 2 • O velho mundo se renova

122 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
Etapa 1 Etapa 2 Se necessário, na Etapa 1,
O primeiro passo é interpretar os fluxos migra- Com base nos dados do gráfico para os países auxilie os alunos a localizar os
tórios apresentados no gráfico a seguir, identificando escolhidos, estabeleça os intervalos para representar países escolhidos para represen-
os países de origem e de destino, assim como a quan- o número de imigrantes por meio das setas de dife- tar os fluxos migratórios.
tidade pessoas que se deslocaram. rentes espessuras. Na Etapa 2, as setas de mi-
Depois, escolha alguns dos fluxos presentes no Utilize as informações do quadro abaixo para de- gração entre os países ficarão
com as seguintes medidas:
gráfico para serem representados em um mapa. terminar as espessuras das setas.
Utilizando um atlas, localize no mapa mudo do con- • Setas de 0,5 cm: Polônia
Espessura da seta – Reino Unido; Portugal –
tinente europeu, distribuído pelo professor, os países Intervalo
(em cm) França; Belarus – Rússia;
envolvidos nos fluxos migratórios representados no
Até 1 milhão de imigrantes 0,5 • Setas de 1 cm: Romênia –
gráfico.
Itália; Rússia – Alemanha;
Entre 1,1 milhão
1 Turquia – Alemanha; Polô-
Europa: principais fluxos migratórios – 2015 e 2 milhões de imigrantes
nia – Alemanha;
Entre 2,1 milhões
Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

1,5 • Setas de 2 cm: Ucrânia –


Rússia – e 3 milhões de imigrantes
Rússia; Rússia – Ucrânia.
Ucrânia
Acima de 3,1 milhões Acompanhe os alunos duran-
2
de imigrantes te a execução das Etapas 3 e 4,
Ucrânia –
Rússia auxiliando-os caso apresentem
dificuldades.
Etapa 3
Polônia –
Alemanha Desenhe no mapa as setas proporcionais refe-
rentes a cada fluxo escolhido. Lembre-se de que a
Turquia –
Alemanha base da seta representa a origem do fluxo e a ponta
representa o destino.
Rússia –
Alemanha Etapa 4
Romênia – Para finalizar o mapa, crie a legenda na porção
Itália inferior, desenhando novamente as setas, suas res-
pectivas espessuras e intervalos. Insira os demais
Belarus –
Rússia elementos obrigatórios: o título, a orientação (indica-
ção da direção norte) e a fonte dos dados levantados.
Portugal –
França Etapa 5
Polônia – Reúna-se com os colegas e o professor para dis-
Reino Unido cutir os resultados apresentados pelo mapa de fluxos
0 1 2 3 4
elaborado por vocês. Também comente com eles
Migrantes (em milh›es) como foi a experiência de produzir um mapa de flu-
xos e as dificuldades encontradas na realização des-
Fonte: IOM. World Migration Report 2018. Disponível em: <https://
publications.iom.int/system/files/pdf/wmr_2018_en.pdf>. Acesso em: se trabalho. 1. A desigualdade socioeconômica
out. 2018. regional é um dos principais
fatores que estimulam os fluxos
2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos indiquem o aprendizado de uma nova língua, a migratórios internos na Europa.
adaptação a diferentes hábitos e costumes e o preconceito contra o estrangeiro como as principais Parte da população de países
Atividades dificuldades encontradas pelos imigrantes quando chegam no país de destino. como Polônia, Romênia, Turquia e
Ucrânia, onde as taxas de
1. Indique um fator que contribui para a ocorrência de fluxos migratórios internos na desemprego são maiores, os
Europa. salários são mais baixos e a
infraestrutura pública é mais
2. Em sua opinião, quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos imigrantes precária, dirige-se aos países de
economia mais dinâmica, como
quando chegam ao país de destino? Rússia, Alemanha, Reino Unido e
França, em busca de trabalho,
3. Por que os movimentos migratórios, em geral, são representados por meio de ma- renda e melhores condições de
pas de fluxos? vida.
3. Os mapas de fluxos são os mais apropriados para indicar fluxos migratórios, pois eles
representam fenômenos dinâmicos, caracterizados pela fluidez e Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 123
deslocamento de pessoas, mercadorias ou qualquer outro tipo de movimento.

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 123


Orientaç›es didáticas
Convide os alunos a analisar 3 A União Europeia
o mapa desta página e destaque
o processo histórico de integra- A União Europeia (UE) é o bloco regional do mundo que mais aprofundou a
ção ocorrido entre os países do cooperação entre seus membros (figura 13). Podem ser verificados muitos resul-
continente europeu desde os
tados decorrentes disso,
primeiros anos pós-Segunda
Figura 13. União Europeia – 2018 como a criação de uma zona
Guerra Mundial, passando por
de livre-comércio, a livre cir-

Catherine Abud/Arquivo da editora


Cí 0°
rc
ulo
diversos estágios e objetivos

h
N

nwic
Po
culação de trabalhadores, a
lar
Árt
de integração. Esse processo ico

Gree
adoção de uma moeda co-
O L
teve início quatro décadas an- União Europeia

o de
mum e a fundação do Parla-

dian
tes do Mercosul, por exemplo, Ivan Jaf e André Martin.
S
1952

Meri
cujo tratado de criação (Tratado São Paulo: Ática, 2006.
SUÉCIA FINLÂNDIA 1973
mento Europeu. A criação de
1981
de Assunção) foi assinado em Conheça um pouco mais
OCEANO
ATLÂNTICO ESTÔNIA
1986 uma força de defesa euro-
1991. Aqui, é possível desen- sobre a União Europeia e REINO
Mar do 1995 peia já foi discutida muitas
LETÔNIA
volver a habilidade EF09GE02. as mudanças trazidas UNIDO
Norte
2004
por ela aos países
IRLANDA DINAMARCA LITUÂNIA
2007
vezes, mas não houve acor-
do entre todos os membros.
PAÍSES
europeus. O livro narra a BAIXOS
POLÔNIA
2013
Aproveite a oportunidade BÉLGICA ALEMANHA
história de um menino REPÚBLICA
Limites
de país
para trabalhar com os alu- que se vê forçado a ir LUXEMBURGO
TCHECA
ESLOVÁQUIA
nos a Sequência didática para uma pequena ÁUSTRIA HUNGRIA

aldeia em Portugal. Lá FRANÇA ESLOVÊNIA


ROMÊNIA
2: União Europeia: histó- CROÁCIA
ele conhece um velho PORTUGAL Mar Negro
ria e desafios, disponível tio e por intermédio dele ESPANHA ITÁLIA
BULGÁRIA

no material digital. toma conhecimento de


ÁSIA Fonte: elaborado com base em UNIÃO
algumas das mudanças GRÉCIA
Europeia. Os 28 países da UE. Disponível
decorrentes da criação ÁFRICA em: <https://europa.eu/european-union/
da União Europeia. 0 535 1070 km MALTA
about-eu/countries_pt>. Acesso em:
Mar Mediterrâneo CHIPRE
out. 2018.

Parlamento Europeu
É a instituição parlamentar da União Europeia, composta de representantes
políticos dos países-membros do bloco, escolhidos por meio de eleição direta, a
cada cinco anos.
Alguns historiadores identificam na união de Bélgica, Países Baixos e Luxembur-
go, em 1944, que resultou no Benelux – da sigla composta dos nomes desses países,
em que a sílaba “ne” corresponde a Países Baixos (Netherlands, em inglês) –, a pri-
meira organização que inspirou a criação da União Europeia.
Outro momento importante rumo a uma maior cooperação entre países eu-
ropeus ocorreu em 1952, ano de criação da Comunidade Europeia do Carvão e do
Aço (Ceca), resultado de um tratado assinado em Paris (França) que reuniu Alema-
nha, Bélgica, França, Países Baixos, Itália e Luxemburgo. Esses países decidiram
União Europeia não cobrar as taxas de importação e exportação sobre o comércio de carvão e
‹http://europa.eu/ aço quando as transações fossem entre eles.
index_pt.htm› Em 1957, os seis países que formaram a Ceca criaram o Mercado Comum Eu-
O site em português
ropeu, também chamado de Comunidade Econômica Europeia (CEE), que previa,
da União Europeia
apresenta diversas entre outras medidas, a liberação do fluxo de trabalhadores entre seus integrantes.
informações sobre essa Em 1973, mais três países ingressaram na CEE: Dinamarca, Irlanda e Reino Unido.
união econômica e
Em 1981 foi a vez da Grécia. Cinco anos mais tarde, Espanha e Portugal passaram
política. Clique na aba
“Sobre a UE” e conheça a ser membros do bloco, constituindo a “Europa dos doze”.
mais sobre o bloco Em 1985, França, Alemanha, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo decidiram
e os países que fazem
parte dele.
eliminar o controle das fronteiras comuns, facilitando o fluxo de pessoas. Era o
começo do Espaço Schengen. Leia sobre ele na seção Fique por dentro.
124 Unidade 2 • O velho mundo se renova

124 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Durante a leitura do mapa,
Espaço Schengen destaque a diversidade de po-
sições dos países europeus
O Acordo de Schengen, firmado em 1985, facilitou o fluxo de pessoas entre países europeus. Ele foi frente ao Acordo Schengen, o
assinado na cidade de Schengen (Luxemburgo), que se localiza próximo à tríplice fronteira entre Alemanha, que denota que, apesar do ele-
França e Luxemburgo. Inicialmente, esses três países, além de Bélgica e Países Baixos, concordaram em vado nível de integração histo-
fortalecer suas fronteiras externas e em eliminar o controle interno. Isso tornou mais simples a vida de ricamente construído por esses
sua população e de turistas, que não necessitavam mais apresentar documentos para circular entre eles. países, os interesses nacio-
Aos poucos, outros países aceitaram os termos do acordo e passaram a fazer parte dessa área de livre nais também influenciam seu
circulação de pessoas, o Espaço Schengen. posicionamento em face dos
compromissos impostos por
Em 1999, o Acordo de Schengen foi integrado à União Europeia, mas nem todos os seus membros
tratados e acordos. Assim, Is-
aderiram completamente a ele. O Reino Unido e a Irlanda não aceitaram as normas e ainda exigem docu- lândia, Noruega e Suíça, que
mento de identidade dos europeus, mas concordaram em trocar informações com os demais países, prin- não integram a União Europeia,
cipalmente relativas a segurança e controle do terrorismo. Por outro lado, há países que não fazem parte assinaram o Acordo de Schen-
da UE, mas integram o Espaço Schengen, como Islândia, Suíça e Noruega. O acordo também prevê que, gen para autorizar o fluxo de
em situações excepcionais, alguns países retomem o controle fronteiriço temporariamente. Veja o mapa. cidadãos em seus territórios.
A seção permite o desenvolvi-
Europa: Espaço Schengen – 2018 mento da habilidade EF09GE02
Cí 1. A abolição de fronteiras facilita e da CEG6.

Catherine Abud/Arquivo da editora


rc 0°
N u lo
Po
la r
OCEANO significativamente o fluxo de
Ár GLACIAL pessoas e dos negócios entre
h

L tic
nwic

O o
ÁRTICO países vizinhos, uma vez que
ISLÂNDIA
Gree

S
população e turistas não
precisam mais de documentos
o de

para ingressar em cada um dos


dian

países que conformam um


id
Meri

espaço de livre circulação.


OCEANO FINLÂNDIA 2. Porque, assim como a Irlanda,
ATLÂNTICO NORUEGA não aceitou as normas adotadas
para a criação desse espaço de
SUÉCIA livre circulação e continua a
ESTÔNIA
Mar exigir documento dos europeus,
REINO LETÔNIA mas concordou em trocar
UNIDO do DINAMARCA
IRLANDA Mar informações com os outros
Norte Báltico LITUÂNIA
países, como as relativas à
PAÍSES segurança e ao controle do
BAIXOS terrorismo.
ALEMANHA POLÔNIA
LUXEMBURGO
BÉLGICA
REPÚBLICA
LIECHTENSTEIN TCHECA
ESLOVÁQUIA
FRANÇA SUÍÇA ÁUSTRIA
HUNGRIA
ESLOVÊNIA ROMÊNIA Estados-membros
ITÁLIA da União Europeia
L

CROÁCIA Mar Negro pertencentes ao


GA

Espaço Schengen
ESPANHA
U

BULGÁRIA
RT

Estados-membros
PO

da União Europeia
não pertencentes ao
GRÉCIA ÁSIA Espaço Schengen

Países terceiros
pertencentes ao
Espaço Schengen
0 390 780 km ÁFRICA MALTA
Limites de país
Mar Mediterrâneo CHIPRE

Fonte: elaborado com base em PARLAMENTO Europeu. Schengen: o alargamento da zona europeia de
livre circulação. Disponível em: <www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/security/20180216S
TO98008/schengen-o-alargamento-da-zona-europeia-de-livre-circulacao>. Acesso em: out. 2018.

Atividades
1. Quais são as vantagens de abolir fronteiras com os países vizinhos?
2. Explique por que o Reino Unido não é membro integral do Espaço Schengen.

Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 125

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 125


Orientações didáticas
Em uma reunião dos países-membros do Mercado Comum Europeu

Thinkstock/Getty Images
Para motivar a leitura aten-
ta do mapa desta página, pro- realizada em 1993, redefiniu-se esse nome para União Europeia e foi
ponha aos alunos o desafio de criada uma moeda comum, o euro (figura 14). Seis anos depois, o euro
compará-lo com os dois mapas já era usado em transações comerciais, mas só em 2002 chegou como
anteriores (páginas 124 e 125) dinheiro circulante (cédulas e moedas) nos países que o aceitaram como
e identificar os três países da moeda, criando-se a zona do euro (figura 15).
Europa ocidental que expressam
posicionamentos distintos de
acordo com as variáveis apre- Figura 14. Os países que adotaram o
Figura 15. União Europeia: países da zona do euro – 2018

Catherine Abud/Arquivo da editora



sentadas – Islândia, Noruega e euro podem imprimir sua marca Cí
rc
ul
o
OCEANO GLACIAL
ÁRTICO
nacional nas moedas. Na fotografia,
Po
Suíça. Esses países, cada um lar

ich
Ár
tic
moedas de Portugal.

w
o
por suas respectivas razões

reen
de G
políticas e/ou econômicas, não

o
dian
figuram na União Europeia e

Meri
na zona do euro, embora per- FINLÂNDIA

tençam ao Espaço Schengen. Países-membros


Espaço dos OCEANO SUÉCIA
da UE que
adotaram o euro
mais novos – ATLÂNTICO
ESTÔNIA Novos membros
da UE: adoção
União Europeia REINO
Mar
do
LETÔNIA obrigatória após
DINAMARCA Mar um período
UNIDO
‹http://europa.eu/kids- IRLANDA Norte Báltico LITUÂNIA transitório
Países-membros
corner/index_pt.htm› PAÍSES
da UE que não
BAIXOS adotaram o euro
Página da União ALEMANHA
POLÔNIA Cidade (sede do
BÉLGICA
Europeia destinada aos Banco Central
LUXEMBURGO Frankfurt REPÚBLICA Europeu)
jovens, na qual estão TCHECA Limites de país
ESLOVÁQUIA
disponíveis jogos FRANÇA ÁUSTRIA
HUNGRIA
interativos que ESLOVÊNIA ROMÊNIA
permitem conhecer mais

AL
CROÁCIA
Mar Negro
os países do bloco e seu
TUG ESPANHA ITÁLIA
funcionamento. BULGÁRIA
POR

N GRÉCIA ÁSIA

O L ÁFRICA
Crise migratória 0 430 860 km
MALTA

De 2013 a 2015 houve S Mar Mediterrâneo CHIPRE

uma intensificação sem Fonte: elaborado com base em UNIÃO Europeia. The Euro. Disponível em:
precedentes do fluxo <https://europa.eu/european-union/about-eu/money/euro_en#purpose-of-the-euro>.
de imigrantes para a Acesso em: out. 2018.
Europa. São pessoas
que fogem de conflitos
Outras decisões tomadas naquela reunião foram a permissão para a livre cir-
armados e da
pobreza extrema, culação de cidadãos europeus entre os países-membros; estímulo à livre circulação
principalmente do de mercadorias entre os países do bloco; criação do Banco Central Europeu, loca-
Oriente Médio e da
lizado em Frankfurt (Alemanha) para fiscalizar as contas dos países-membros.
África. O aumento
desse fluxo resultou em A partir daí, a União Europeia viu seu grupo de países crescer. Em 1995, ingres-
inúmeras tragédias, saram a Áustria, a Finlândia e a Suécia. Dez países se tornaram membros em 2004:
como milhares de
afogamentos no Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e
Mediterrâneo. Embora a República Tcheca. Em 2007, entraram para o bloco a Bulgária e a Romênia. A
chegada de refugiados Croácia passou a fazer parte da União Europeia em 2013.
à costa europeia tenha
diminuído O Parlamento Europeu é formado por 751 deputados, que elegem o presiden-
consideravelmente a te da Comissão Europeia, a instituição responsável por formular políticas e pro-
partir de 2016, a
postas de leis e por aplicar a legislação da União Europeia. No Parlamento se
questão continua
gerando preocupação e discutem, desde 2009, ano em que o Tratado de Lisboa passou a vigorar, o orça-
atritos políticos entre os mento e a política agrícola do bloco. Outra questão em debate diz respeito à
países-membros da
crise migratória. Leia a seção Fique por dentro sobre a posição da Comissão
União Europeia.
Europeia em relação a esse debate.
126 Unidade 2 • O velho mundo se renova

126 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
O fluxo de refugiados de di-
Comissão Europeia relança debate sobre controle de fronteiras no espaço Schengen versas regiões do mundo em
direção aos países europeus
[…] O chamado código Schengen autoriza a livre circulação dentro de uma zona formada por faz surgirem novos desafios ao
26 países europeus, 22 deles membros da União Europeia (UE). Porém, em caso de crise migra- Acordo de Schengen. Esta seção
tória como a de 2015, os controles nas fronteiras nacionais podem ser reestabelecidos durante tem o objetivo de abordar esses
um período de até dois anos. desafios e os diferentes posicio-
Mas a Comissão se questiona sobre a possibilidade de ampliar essa medida de exceção para namentos dos países europeus
até três anos. O debate foi lançado após os inúmeros pedidos de flexibilização da regra feitos de diante da crise migratória.
alguns países, como França e Alemanha.
O controle das fronteiras foi recentemente imposto pela Dinamarca, Suécia, Noruega, Áustria
e Alemanha. Esses países alegam principalmente a luta contra crise migratória. Já a França
reestabeleceu os controles após os atentados de novembro 2015 e o manteve em razão da amea-
ça terrorista. A medida está em vigor até 31 de outubro para os franceses. No caso dos demais
países, a exceção termina no dia 11 de novembro.
A Comissão Europeia ressaltou que a crise migratória não pode mais ser um argumento para
prolongar os controles. Principalmente após o registro de uma queda notável no número de
migrantes ilegais que entravam no bloco pela costa da Grécia.
O temor com esse debate é de que o princípio da livre circulação de pessoas, que rege o es-
paço Schengen, comece a se diluir. O comissário europeu encarregado das Relações Internas,
Dimitris Avramopoulos, declarou que os 26 membros do bloco “guardam a possibilidade de in-
troduzir controles em suas fronteiras em caso de ameaça para a segurança do país”. Porém, ele
ressaltou que esse tipo de medida deve ser “excepcional”.
COMISSÃO Europeia relança debate sobre controle de fronteiras no espaço Schengen. G1, 27 set. 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/
mundo/noticia/comissao-europeia-relanca-debate-sobre-controle-de-fronteiras-no-espaco-schengen.ghtml>. Acesso em: out. 2018.

Akos Stiller/Bloomberg/Getty Images

Policiais fazem controle da fronteira no espaço Schengen, em Passau (Alemanha), 2016.


1. Essa postura de alguns países reflete os receios e as queixas de parte da população europeia diante da
Atividades crise migratória intensificada entre 2013 e 2015, além do temor em relação ao aumento de atentados
terroristas em território europeu.
1. Identifique os motivos que têm levado países integrantes do Espaço Schengen a reestabelecer o contro-
le fronteiriço. 2. A Comissão Europeia teme que uma situação temporária e excepcional (a crise migratória) se torne
argumento para que o princípio de livre circulação de pessoas seja abandonado definitivamente.
2. Explique por que a Comissão Europeia manifesta preocupação em relação ao controle das fronteiras.

Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 127

Texto complementar
Schengen na berlinda
O espaço Schengen está na berlinda desde os atentados em Paris, em novembro do No mês passado, a Comissão Europeia indicou que pode permitir aos países que
ano passado. Além do medo do terrorismo, a onda de refugiados buscando a todo fazem parte do espaço Schengen o restabelecimento do controle fronteiriço por
preço abrigo na Europa tem feito países do bloco reavaliarem suas políticas de asilo. dois anos para conter o fluxo migratório. Podemos dizer que nunca o conceito de
Governos europeus impuseram controles reforçados e construíram barreiras e Europa sem fronteiras foi tão colocado à prova.
cercas em suas fronteiras. Alemanha, Suécia e Áustria, que acolheram 90% dos […]
mais de 1 milhão de pessoas em 2015, anunciaram planos para limitar a entrada de FONSECA, Letícia. Fluxo de refugiados coloca em risco
novos refugiados. Para manter a segurança interna, vários países europeus estão Europa sem fronteiras. RFI – As vozes do mundo. Disponível em: <http://br.rfi.fr/europa/
fechando temporariamente suas fronteiras. 20160215-linha-direta>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 127


Orientações didáticas
A crise da Grécia, associada 4 A crise europeia e o Brexit
à crise econômica da própria
União Europeia, desencadeada A União Europeia conseguiu ampliar o mercado para vender produtos fabrica-
em 2008, trouxe um período de dos nos países mais industrializados do bloco. Ao mesmo tempo, oferecia ajuda
instabilidade ao processo de
para o desenvolvimento de membros mais pobres por meio de empréstimos para
integração que se manifesta,
por exemplo, nas preocupações promover melhorias, como metrô e linhas de trens. Espanha, Grécia e Portugal são
exemplos dos que foram beneficiados com

Dursun Aydemir/Anadolu Agency/Getty Images


expostas por Portugal quanto à
sua relação com esse bloco. O esse tipo de apoio da União Europeia. Esse
texto complementar a seguir modelo atraiu outros países que desejavam
mostra parte desse cenário. se tornar membros do bloco.
O ingresso de mais países trouxe proble-
mas para o bloco, pois nem todos estavam
em condições de seguir as normas estabe-
lecidas, como conter os gastos do governo,
a inflação (aumento geral de preços) e os
obstáculos da burocracia. Desse modo, al-
guns países começaram a enfrentar dificul-
Figura 16. O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras (o terceiro, da dades para cumprir seus compromissos e
esquerda para a direita) fala aos líderes da União Europeia na sede do pagar suas dívidas, como ocorreu com Grécia
Conselho Europeu, em Bruxelas (Bélgica), em fevereiro de 2015, e Portugal em 2009, o que ocasionou uma
durante reunião para negociar a dívida da Grécia. forte crise (figura 16).
As consequências da crise para os países europeus são variadas. A primeira é
a instabilidade da moeda (euro). Ainda não se sabe até quando a União Europeia
vai conseguir ajudar seus membros em dificuldades financeiras a saldar dívidas de
curto prazo. Com a diminuição da atividade econômica, caiu a oferta de empregos
(figura 17). No auge da crise, países europeus sofreram ataques especulativos. Leia
na seção Fique por dentro como funciona a especulação financeira.
A crise também gerou o aumento da intolerância contra imigrantes. As tensões
sociais nos países da União Europeia são evidenciadas pelos protestos contra a
presença de estrangeiros e também pelas manifestações de imigrantes reivindi-
cando garantias sociais. Nesse contexto, o Reino Unido decidiu sair do bloco.

Andrea Comas/Reuters/Fotoarena
Entenda a crise
da Grécia
‹www.terra.com.br/
economia/infograficos/
entenda-a-crise-na-
grecia›
O site mostra em ordem
cronológica os principais
acontecimentos
relacionados aos
primeiros anos da crise
na Grécia. Esses eventos
estão representados em
uma linha do tempo,
com fotos e textos
explicativos.
Figura 17. População faz fila em busca de oferta de empregos em Madri (Espanha), 2016.

128 Unidade 2 ¥ O velho mundo se renova

Texto complementar
O futuro Europeu
As duas crises – a crise nacional e a crise europeia – mudaram os termos de referência do debate estratégico em Portugal e, pela pri-
meira vez desde o Tratado de Maastricht, voltou a haver um debate interno sobre as políticas externas portuguesas. A confiança das
elites portuguesas no futuro da Europa (e no seu próprio futuro europeu) foi posta em causa. A integração europeia era vista como um
processo irreversível, a moeda única era suposta ser imune às crises e a União Europeia era representada como um dos polos funda-
mentais do sistema internacional, mas os últimos anos revelaram uma realidade mais complexa.

128 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações did‡ticas
Fique por dentro Ao abordar a seção Fique por
dentro, certifique-se de que os
alunos compreenderam o que é
A especulação financeira
a especulação financeira e de
Quando os países necessitam de dinheiro, podem recorrer a empréstimos bancários. Posteriormen- que forma ela interfere no en-
te, devem pagar aos bancos, mas com um acréscimo sobre o valor emprestado. Quando os governos dividamento dos países, agra-
têm alguma dificuldade para saldar as dívidas, pode ocorrer uma especulação financeira. vando a crise financeira.
Veja um exemplo: um país tem uma dívida a pagar nos próximos meses no valor de R$ 1 milhão, Para ampliar a compreensão
mas não tem dinheiro para quitá-la. Então, ele lança no mercado financeiro um título, que pode ser dos motivos que levaram à saída
comprado por investidores. Esse título é uma declaração na qual o governo garante que vai pagar do Reino Unido da União Euro-
peia (Brexit) e da repercussão
futuramente ao investidor o valor inicial do título mais os juros, sendo que o prazo para esse paga-
internacional desse processo,
mento é maior que o prazo de vencimento da dívida do país. O governo se compromete a pagar sobre
pode-se propor aos alunos uma
o valor do título, por exemplo, juros de 3% ao mês e, como garantia de pagamento, apresenta os pesquisa em jornais, revistas e
indicadores financeiros do país. Os investidores, para conseguir mais vantagens, não compram os tí- na internet de notícias a respei-
tulos, isto é, não aceitam as condições que o governo oferece, ou seja, especulam para tirar proveito to desse tema. Promova uma
da situação. Para conseguir o dinheiro e pagar as dívidas, o governo fica sem alternativa e acaba au- troca de informações entre os
mentando os juros oferecidos para 4%, por exemplo, atendendo à expectativa dos especuladores. alunos para que socializem e
Essa manobra vai au- contraponham as informações
Louisa Gouliamark/Agência France-Presse

mentar a dívida do país que levantaram em suas pes-


e prejudicá-lo ao longo quisas. Esse conteúdo favorece
o desenvolvimento da CECH2
do tempo, mas rende-
e da CG7.
rá mais divisas aos que
emprestam dinheiro ao
governo por meio da
compra de seus títulos.

Gregos protestam contra


políticas financeiras do
governo, em Atenas
(Grécia), 2015.

1. O governo de um país decide lançar um título no mercado financeiro quando está com dificuldade para
Atividades saldar suas dívidas.
1. De acordo com o texto, em que tipo de situação o governo de um país decide lançar um título no mer-
cado financeiro?
2. Descreva como os especuladores atuam.

2. Os especuladores, para obter vantagem, não compram os títulos nas condições iniciais oferecidas pelo
Brexit governo. Eles esperam até que o governo, sem alternativas para pagar suas dívidas, aumente os juros
oferecidos, de forma a atender às expectativas de maiores ganhos dos investidores.

Brexit é o termo usado para designar a saída do Reino Unido da União Europeia.
Deriva da junção das palavras em inglês Britain (Grã-Bretanha) e exit (saída).
Depois de duas crises envolvendo países da União Europeia, em 2008 e 2011,
em 2016 houve um referendo no Reino Unido para consultar a população sobre a
permanência ou não do país no bloco. A maioria votou pela saída do país do bloco
(tabela 2, na página seguinte).
Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 129

[…] Os principais dirigentes europeus admitiram a possibilidade do fim do euro e da própria UE, os perigos de fragmentação, com
a inversão do processo de integração regional, passaram a estar presentes no cálculo das estratégias nacionais e o declínio relativo da
Europa Ocidental na balança das regiões internacionais tornou-se uma percepção corrente.
SOUSA, Teresa de; GASPAR, Carlos. Portugal, a União Europeia e a crise. Revista Relações Internacionais. Lisboa, n. 48, dez. 2015.
Disponível em: <www.scielo.mec.pt/scie lo.php?script=sci_arttext&pi d=S1645-91992015000400007>.
Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 129


Orientações didáticas
Durante a leitura da tabela, Tabela 2. Referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia
além do resultado equilibrado do (% votos)
referendo (ambos os lados pró- País Permanecer Sair
ximos a 50%), destaque o ele- Inglaterra 46,6 53,4
vado percentual de escoceses Irlanda do Norte 55,8 44,2
que votaram pela permanência Escócia 62 38
do Reino Unido na União Euro- País de Gales 47,5 52,5
peia (superior a 60%). Reino Unido (total) 48,1 51,9
Fonte: elaborado com base em EU Referendum Results. BBC News. Disponível em: <www.bbc.com/news/politics/
eu_referendum/results>. Acesso em: out. 2018.

Os principais argumentos utilizados pelos defensores da saída foram: a neces-


sidade de aumentar o controle de fronteiras e questões de segurança; a defesa
Texto complementar da soberania nacional perante as decisões da União Europeia; queixas em relação
Brexit realimenta às contribuições financeiras para o bloco; e, por fim, a proteção da identidade
o sonho de cultural britânica, que estaria sendo comprometida pela grande quantidade de
independência da estrangeiros no país.
Escócia
A partir da formalização do pedido de saída, ocorrida em 2017, o Reino Unido
“Mal posso esperar para ter
outro referendo”, comenta Ke- passou a ter dois anos para concluir o processo. Entre as possíveis consequências
vin Gibney à margem do rio do Brexit, podemos citar a desvalorização do euro e da libra, variações nos mer-
Clyde, em Glasgow. Na con- cados financeiros, saída de grandes empresas europeias do Reino Unido, maior
sulta popular de 2014, o esco-
cês de 46 anos ficou do lado rigor nas políticas de imigração, além de influenciar outros países da União Euro-
dos perdedores. Mas ele espe- peia a fazer o mesmo. Há ainda um forte descontentamento da Escócia, integran-
ra que a independência vença te do Reino Unido, o que pode reacender os anseios separatistas de parte dos
da próxima vez – se o governo
da Escócia realmente obtiver o
escoceses (figura 18).
mandato para um segundo voto

Russell Cheyne/Reuters/Fotoarena
sobre sua saída do Reino Unido.
“Tudo depende de se West-
minster vai fincar pé e não
permitir que aconteça”, diz
Gibney à DW. Ele dirige a
companhia Independence
Live, especializada em live Figura 18. Escoceses
streaming de eventos nacio- protestando contra o
nalistas. Por enquanto, con- Brexit em Edimburgo
tudo, muitos nacionalistas (Escócia), 2018. Após o
escoceses estão simplesmen- anúncio do Brexit,
te contentes por a questão de escoceses voltam a discutir
um segundo referendo sobre
a independência da
a independência ter voltado
Escócia, que, em votação
à pauta do dia.
em 2014, decidiu
No discurso de abertu-
permanecer no
ra da convenção do Parti-
do Nacional Escocês (SNP) Reino Unido.
em Aberdeen, no sábado 18,
a primeira-ministra Nicola O continente europeu tem exercido papel de liderança mundial há séculos e,
Sturgeon apresentou os de- atualmente, sua maior força político-econômica é a União Europeia. Principal
talhes do referendo que ela
bloco regional do mundo, a União Europeia é resultado de décadas de aproximação
propõe. O tema está no ar
desde 23 de junho de 2016, e cooperação entre países. Porém, a crise financeira, o controle temporário de
quando o eleitorado britâni- fronteiras e o processo do Brexit têm levantado dúvidas sobre o futuro do bloco.
co optou pela saída da União Apesar disso, é importante para o Brasil manter relações de cooperação com a
Europeia, embora a maioria
dos escoceses tenha votado União Europeia, para garantir investimentos e ampliação do mercado de expor-
contra. tação do país. Leia na seção Enquanto isso no Brasil como se organiza a coopera-
[...] ção entre o Brasil e o bloco europeu.
“No fim desse processo,
ou o povo da Escócia opta- 130 Unidade 2 ¥ O velho mundo se renova
rá pelo pacote do Brexit do
governo do Reino Unido, ou
escolherá a independência”,
declarou há poucos dias o mi-
nistro escocês para o Brexit, opção pela incerteza, com pontos de interrogação que iam desde Trabalhista. Entretanto, a legenda que dominou por tanto tempo
Michael Russell. a futura moeda até a filiação à UE. a política na Escócia está hoje em baixa.
[...] Algumas dessas questões permanecem sem resposta, mas uma Neste ínterim, os conservadores escoceses emergiram como
Repercussões na União Escócia independente tem agora bem melhor probabilidade de paladinos pró-união. Sua temperamental líder, Ruth Davidson, é
Europeia contar com a boa vontade de Bruxelas – mesmo descontando-se popular, mas a fama do partido continua sendo tóxica na maior
Ainda assim, o lado pró- as apreensões quanto a abrir um precedente para os secessionis- parte da Escócia pós-industrial.
-independência tem chances tas espanhóis. […]
numa segunda rodada. Du- O tom da próxima campanha de referendo também poderá ser GEOGHEGAN, Peter. CartaCapital, 19 mar. 2017. Disponível em:
rante a campanha anterior, bem diferente. Em 2014, o vitorioso movimento unionista Better <www.cartacapital.com.br/internacional/brexit-realimenta-o-sonho-de-
o “sim” era decididamente a Together era principalmente composto por ativistas do Partido independencia-da-escocia>. Acesso em: nov. 2018.

130 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
Ao analisar as relações en-
tre o Brasil e a União Europeia,
Comunica o conjunto Brasil�União Europeia � ez anos a Parceria é mobilizada a CECH5.
Estratégica
Celebram-se hoje os 10 anos da Parceria Estratégica Brasil-União Euro-
peia, estabelecida pela Declaração de Lisboa, em 4 de julho de 2007.
Nesta década, expandiram-se os investimentos de parte a parte: a UE é
o maior investidor no Brasil e o Brasil já é hoje o quinto maior investidor na
União Europeia. Ambos são importantes parceiros comerciais, com trocas
que já alcançam mais de US� 30 bilhões de janeiro a junho deste ano – ex-
portações brasileiras de US� 16,85 bilhões e importações de US� 15 bilhões.
A celebração do décimo aniversário da Parceria Estratégica ocorre em
momento importante para o futuro

Chico Ferreira/Pulsar Imagens


das relações bilaterais, com a inten-
sificação das negociações do Acordo
de Associação Mercosul-União Eu-
ropeia, neste semestre em que o
Brasil assume a presidência pro
tempore do Mercosul.
Brasil e UE são tradicionais alia-
dos na defesa do multilateralismo e
dos valores democráticos, a promoção
da paz e da segurança internacionais,
na expansão do comércio e na elimi-
nação das barreiras comerciais, na
geração de empregos e no fomento à
competitividade e inovação.
As relações entre o Brasil e a
União Europeia aliam a força da
Mineradora em Poconé (MT), 2018. O minério de ferro é um dos principais
tradição e o impulso constante da
produtos não agrícolas exportados pelo Brasil para a União Europeia.
renovação. Ao longo desses dez
anos, aprofundou-se a cooperação em temas globais, ciência e inovação,
tecnologia da informação e das comunicações, energia, direitos humanos,
mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável e temas econômicos.
O Brasil foi um dos primeiros países a estabelecer relações diplomáticas
com a então Comunidade Econômica Europeia, em 1960, e está convencido
de que a Parceria Estratégica Brasil-União Europeia continuará a se apro- 1. A aproximação resultou
fundar nos próximos anos, com renovados e crescentes benefícios concretos no aumento dos
investimentos da União
para nossas sociedades. Europeia no Brasil e
BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Comunicado conjunto Brasil-União Europeia: dos investimentos
dez anos da Parceria Estratégica, 4 jul. 2017. Disponível em: <www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ brasileiros na União
notas-a-imprensa/16723-dez-anos-da-parceria-estrategica-brasil-uniao-europeia>. Acesso em: out. 2018. Europeia. Além disso, a
cooperação promoveu
avanços em diversos
temas, tais como
energia e direitos
Atividades humanos.
2. Sim, pois essa
1. Aponte os avanços resultantes da aproximação do Brasil com a União Europeia. aproximação promove
o diálogo e a
2. Lembre-se dos conceitos estudados anteriormente e responda: a aproximação cooperação entre os
Brasil-União Europeia representa o multilateralismo? Justifique. países.

Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 131

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 131


Orientações didáticas
Você em ação
A seção Você em ação, apre-
sentada sempre ao final dos
capítulos, busca verificar a
VOCÊ EM ação
apreensão dos conhecimen-
tos adquiridos pelos alunos,
por meio da proposição de ativi-
Pratique
dades. É esperado que, em um 1. Analise a importância da indústria no continente europeu.
primeiro momento, os alunos
2. Caracterize a agropecuária europeia quanto à modernização e a mão de obra utilizada.
organizem e sistematizem tais
conhecimentos, para que, em 3. Explique dois problemas gerados pelo envelhecimento da população de um país.
um segundo momento, possam 4. Aponte e explique os motivos que levam os países vizinhos à União Europeia desejarem ingressar no bloco.
se dedicar ao desenvolvimento
5. Destaque e comente uma das consequências da crise econômica na Europa.
de outras habilidades.
De modo geral, as atividades 6. Relacione a crise da Europa ao Brexit.
trabalham as competências ge-
rais propostas para a área de Analise o mapa
Ciências Humanas pela BNCC, 7. Analise o mapa a seguir e, depois, responda às questões.
como a capacidade de comu-
nicação textual, oral, individual a) Descreva as rotas migratórias representadas.
e/ou em grupo. Além disso, elas b) Explique as principais motivações dos migrantes que utilizam essas rotas.
buscam preparar os alunos pa-
ra a argumentação diante de Rotas migratórias para Europa – 2015
situações contextualizadas e,

EGL PRODUÇÕES/Arquivo da editora



em outros casos, abordam te-
mas relacionados ao autoco-
nhecimento e ao autocuidado.
As atividades em grupo, em es-
pecial, contribuem para que os ALEMANHA

alunos desenvolvam a empatia


h
nwic

e a cooperação, o senso de res-


Gree

Munique
ponsabilidade e a cidadania. ÁUSTRIA
o de
dian

Pratique ESLOVÊNIA
Meri

1. A indústria surgiu na Eu- CROÁCIA


Belgrado
BÓSNIA- Mar Negro
ropa no século X VIII e -HERZEGOVINA SÉRVIA
desde então vem sendo 40º
ITÁLIA Presevo
N
uma importante atividade TURQUIA
MACEDÔNIA (parte europeia)
econômica no continente. Tessalônica
TURQUIA
Atualmente, a Europa con- (parte asiática)
centra sedes de grandes
multinacionais e indústrias Atenas
GRÉCIA
de todos os tipos, desde as
mais tradicionais, como a
TUNÍSIA I. Lampedusa I. Kos
têxtil, até as de tecnologia (ITA) (GRE)
Mar Mediterrâneo
avançada, como a aeroes- N

pacial e de informática. Trajetórias percorridas


O L por imigrantes
2. A agropecuária europeia uti- Capital de país
liza técnicas modernas de S
LÍBIA
Cidades
produção, com intensa me- 0 270 540 km Limites de país

canização. Por isso, neces-


Fonte: elaborado com base em CONHEÇA os principais pontos do plano europeu de combate à crise migratória. Folha
sita de pouca mão de obra, de S.Paulo, 28 ago. 2015. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/08/1674806-conheca-os-principais-
que é altamente qualificada. pontos-do-plano-europeu-de-combate-a-crise-migratoria.shtml>. Acesso em: out. 2018.

3. Um dos problemas é a fal-


132 Unidade 2 • O velho mundo se renova
ta de reposição da mão de
obra, pois os adultos en-
velhecem e não há jovens
para trabalhar e gerar a
mesma produção. Outro nado pelas potências europeias, que devem ajudá-los por meio nas manifestações públicas, tanto por parte dos imigrantes
problema são os elevados de empréstimos de recursos para a criação de infraestrutura. como da população europeia. O desemprego é crescente e as
gastos com saúde e previ- Além disso, há a expectativa do aumento de investimentos medidas de austeridade provocam grande insatisfação social.
dência, pois esses idosos privados e a geração de novos empregos. 6. A crise europeia foi um dos motivos do Brexit, pois o Reino
serão aposentados e pre- 5. A crise na Europa gerou uma série de consequências. Num pri- Unido não quer mais estar condicionado às decisões do blo-
cisarão de uma vida digna. meiro momento, desestabilizou o euro e, depois, ampliou as dú- co no que diz respeito ao socorro financeiro dos países em
4. Ao se integrar ao bloco, es- vidas sobre o equilíbrio financeiro dos países. Essa situação crise. Além disso, os momentos de crise aumentam a imigra-
ses países poderão ter seu aumentou a intolerância a imigrantes e manteve o continente ção, e o Reino Unido quer, cada vez mais, limitar a entrada de
desenvolvimento impulsio- em clima de tensão social. Essa tensão pode ser observada imigrantes no país.

132 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


fazem intensos negó-
Analise o gráfico Migrantes na Copa do Mundo – 2018 cios e comércio entre si.
b) O continente africano
8. Analise o gráfico a seguir e responda às questões. Migrantes População de
Seleção recebe menos serviços
no time (%) migrantes no país (%)
da Europa devido ao re-
Europa: exportações de serviços – 2017 França 78,3 6,8 duzido poder de consu-
Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

América Latina África Suíça 65,2 24 mo da maioria de sua


4% 2% população e das defi-
América Anglo-Saxônica Bélgica 47,8 12,1
Europa ciências nas redes de
16% Inglaterra 47,8 9,2
48%
infraestrutura, que di-
Alemanha 39,1 11,3 ficultam a distribuição
Portugal 30,4 8 dos serviços.
Espanha 17,4 10 Analise a imagem
Ásia e Oceania
30% Suécia 17,4 8 9. a) A charge representa as
Dinamarca 13 8,2 recentes iniciativas to-
Fonte: elaborado com base em UNCTAD. Disponível em: <http://
unctadstat.unctad.org/wds/TableViewer/tableView. Islândia 4,3 8
madas por vários países
aspx?ReportId=135718>. Acesso em: out. 2018. da União Europeia para
Fonte: KHANNA, Ashish. FIFA World Cup 2018: How Migrant Players
Are Shining for Their “Doosri Country”. InsideSport, 23 jun. 2018. bloquear a entrada de
a) Qual é a região que mais recebe serviços expor- Disponível em: <https://data.oecd.org/migration/foreign-born- imigrantes e refugiados.
tados por países europeus? Justifique. population.htm>. Acesso em: out. 2018.
b) A decisão de bloquear a
b) Qual é a região que recebe menos serviços ex- entrada de imigrantes,
a) De acordo com a crítica do jogador Romelu
portados da Europa? Por que isso ocorre? tomada por vários gover-
Lukaku, como o racismo e a xenofobia se ma-
nos, foi motivada por te-
nifestam?
Analise a imagem mores fundamentados
b) Quais são os dois países com o maior percen- no discurso xenofóbi-
9. Observe a charge e responda às questões. tual de imigrantes (ou descendentes de imi- co, intensificados com
grantes) em sua seleção de futebol e os dois
© 2016 Robert Ariail-The State/Dist. by
Andrews McMeel Syndication for UFS

a crise migratória. Entre


países com o maior percentual de imigrantes esses temores estão a
(ou descendentes de imigrantes) em sua po- ameaça do terrorismo,
pulação total? a suposta perda de em-
pregos para os imigran-
Trabalhe em grupo tes, o custo financeiro e
a perda dos valores cul-
11. Reúna-se com alguns colegas para criar e encenar turais nacionais.
um programa de entrevistas sobre o Brexit e seus
Analise o texto e a tabela
possíveis desdobramentos. Sigam as orientações.
a) Qual é a situação histórica representada? 10. a) Lukaku faz um desaba-
a) Definam três personagens: fo destacando que os
b) O que motivou essa situação?
Um entrevistador, que fará as perguntas. europeus não aceitam
erros de descendentes
Analise o texto e a tabela Dois convidados, que farão comentários. O con- de imigrantes, o que evi-
vidado A vai discutir as razões do Brexit; o convi- dencia uma atitude ra-
10. Leia a seguir um trecho de entrevista dada por Ro- dado B vai tratar dos possíveis desdobramentos.
melu Lukaku, jogador belga de origem congolesa, cista e xenofóbica.
que criticou a forma como a mídia abordava sua b) Retomem o conteúdo do capítulo e pesquisem, b) Na seleção de futebol,
origem. Depois, analise a tabela. em jornais, em revistas e na internet, notícias e França e Suíça; na po-
reportagens atuais sobre o assunto. pulação total, Suíça e
Quando as coisas iam bem… eles me cha- Bélgica.
mavam de Romelu Lukaku, o atacante belga. c) Montem um roteiro para cada personagem com
as informações coletadas. Ele servirá de guia no Trabalhe em grupo
Quando as coisas não iam bem, eles me cha-
momento da apresentação do programa de en- 11. Estimule os alunos a criar
mavam de Romelu Lukaku, o atacante belga de
trevistas para a turma. um programa dinâmico,
ascendência congolesa. […] com caráter lúdico, mas
SIMÕES, I. Negros e árabes na Copa do Mundo: uma análise sobre d) No final da apresentação, convidem os especta-
é importante deixar claro
nacionalidade e migrações no futebol. Trivela, 4 jul. 2018. Disponível em: dores (colegas de turma) a participar, fazendo
<https://trivela.com.br/negros-e-arabes-na-copa-do-mundo-uma-analise- que o roteiro precisa ser
sobre-nacionalidade-e-migracoes-no-futebol/>. Acesso em: nov. 2018. perguntas e comentários.
elaborado com cuidado,
Europa: economia, sociedade e integração • Capítulo 5 133 com base nas informações
obtidas no capítulo e na
pesquisa a ser realizada.

Analise o mapa b) Os migrantes que se dirigem ao continente europeu a partir


7. a) O mapa apresenta quatro rotas migratórias: duas pelo nor- da Tunísia e da Líbia geralmente são africanos fugindo de
te da África e duas pela Turquia. A primeira sai da Tunísia e guerras ou da pobreza. Os que atravessam a Turquia geral-
atravessa o Mediterrâneo em direção à Itália. A segunda sai mente são árabes fugindo de conflitos, como os da Síria.
da Líbia e também atravessa o Mediterrâneo em direção à Analise o gr‡fico
Itália. As duas outras rotas indicadas saem da Turquia em 8. a) A principal região de destino dos serviços exportados por
direção à Grécia, atravessando toda a Europa Central até países europeus é a própria Europa. Isso ocorre porque o
a Alemanha. continente é formado por mais de cinquenta países, que

CAPÍTULO 5 – MANUAL DO PROFESSOR 133


Objetivos do capítulo Cap’tulo

6
• Reconhecer e compreender
características geográficas,
históricas e aspectos atuais
da Rússia e da Turquia, do
Rússia e Turquia: a
ponto de vista físico-territo-
rial, geopolítico, econômico
transição euro-asiática
e populacional.
• Estabelecer relações en-
tre conteúdos geográficos 1. Resposta pessoal.
e expressões artísticas no
Procure levantar o
conhecimento prévio
Para iniciar
âmbito das Artes Plásticas, dos alunos
bem como desenvolver no- incentivando uma A Rússia e a Turquia estão em uma posição geográfica estratégica, pois são
conversa sobre a
ções de cidadania por meio Rússia. Descubra o passagem entre a Europa e a Ásia. Outro aspecto comum aos dois países é a heran-
de um projeto com interface que eles sabem acerca
das características
ça de antigos impérios, que dominaram vastas áreas no passado. Neste capítulo
com a Geografia. gerais da população, da você verá características geográficas, históricas e aspectos atuais desses países.
economia e do
território russo. Não se Observe a imagem a seguir.
BNCC neste capítulo preocupe em obter

Laborant/Shutterstock
respostas precisas, os
Habilidades temas serão estudados
EF09GE08 ao longo deste
capítulo.
EF09GE09 2. Aproveite para
relembrar com os
EF09GE10 alunos o contexto da
Guerra Fria e o papel
EF09GE13 da União das
EF09GE14 Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS).
EF09GE15 Comente que o
território da Rússia é
EF09GE18 menor que o da extinta
União Soviética, bem
Competências gerais como a população.
Além disso, entre
1 3 4 7 10 outras diferenças, a
Competências Rússia possui um
sistema político com
específicas de Ciências eleições diretas e
Humanas apresenta uma
economia capitalista.
1 3 4 5 6 7
Competências
específicas de
Geografia
2 3 6 7 Mascote da Copa do
Tema contemporâneo Mundo de Futebol na Praça
do Manege, em 2018. O
• Educação ambiental
Kremlin (ao fundo)
representou o centro de
Orientações didáticas poder da União Soviética
durante a Guerra Fria e,
Para iniciar
atualmente, representa o
Relembre com os alunos fa- centro de poder russo.
tos sobre a Rússia veiculados
durante a Copa do Mundo, em Atividades
2018. Caso tenham dificuldades
1. Você acompanhou pelos meios de comunicação a Copa do Mundo de 2018? O que
ou necessitem de mais informa-
ções, sugerimos promover uma descobriu sobre a Rússia durante o evento?
breve pesquisa em revistas e 2. De acordo com seus conhecimentos, quais seriam as principais diferenças entre a
jornais e na internet. Rússia atual e a União Soviética, no período da Guerra Fria?
Páginas de agências de turis- 134 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova
mo, por exemplo, podem desper-
tar o interesse sobre o tema. O
site mantido pelo Ministério da
Educação e Ciência da Federa-
ção Russa também é uma das
opções para essa pesquisa. Dis-
ponível em: <http://pt.russia.
edu.ru/russia/>. Acesso em: nov.
2018. Esse conteúdo mobiliza a
CG1 e a CECH5.

134 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orienta•›es didáticas
1 Rússia: entre a Europa e a Ásia Sugerimos abordar a temáti-
ca da Rússia e da antiga União
A Rússia é herdeira de um enorme território, que se estende da Ásia à Europa. Soviética juntamente com o
Ela foi formada pela conquista de terras pelos czares, muitas vezes com o uso de componente curricular de His-
Czar
tória, destacando o papel de-
violência (figura 1). Título dos imperadores
russos de meados do cisivo da União Soviética na
século XVI até 1917. Segunda Guerra Mundial para
Figura 1. Império Russo: extensão e conquistas – 1689-1900 conter a expansão da Alema-
Bessarábia
Catherine Abud/Arquivo da editora

CANADÁ
ANA (RUN) Expansão do
OCEANO Império Russo nha nazista no sentido leste
ATLÂNTICO ALASCA
(vendido aos 1689 Área historicamente
GROENLÂNDIA
(DIN)
EUA em 1867)
De 1690 a 1725 ligada à Romênia e que
após ela invadir a Polônia, em
ISLÂNDIA
(DIN) Estreito de
Mar De 1726 a 1800
desde o século XX faz setembro de 1939.
de De 1801 a 1815
parte da Moldávia.
GRÃ-BRETANHA Bering
Bering

lar Ártico
OCEANO GLACIAL ÁRTICO De 1816 a 1900
Território Aproveite a oportunidade
DINAMARCA reconhecido
Revolução Russa

o Po
SUÉCIA em 1858
para trabalhar com os alu-
de 1917
c ul
ALEMANHA
M

r B á l t i co FINLÂNDIA Mar de Territórios


a

Cír
POLÔNIA Helsinque Barents
KAMCHATKA vassalos
nos a Sequência didática
ÁUUSTRIA- Varsóvia Riga
USTRIA-
USTRIA- Is. Kurilas Zonas de Sequência de eventos
Minsk São (cedidas
-HUNGRIA influência
que culminou com o fim 3: A Rússia e a polarização
Rio

UCRÂNIA Petersburgo ao Japão


ROMÊNIA (1703) Le Mar de
IS

eper na em 1875) Império Russo


Kiev ni
do regime czarista, a
Okhotsk
RA

mundial, disponível no ma-


Rio D

Moscou em 1900
Ri o I e n i s s

Odessa b I. Sakhalina
U

TERRITÓRIO
Rio O
ES

(1875-1905) Cidades
posterior instauração do
M

DE AMUR
terial digital.
ar

NT

SIBÉRIA
Ne

MO

ol
regime socialista e a
Rio Vo l g a Khabarovsk (1858)
gro

ob Ri
i

Batumi CÁUCASO oT
Ri OCEANO
o

Rio A
Fonte: elaborado formação da União das
Ob

IMPÉRIO Tbilisi Lago m ur


OTOMANO o Omsk (1716) Baikal PACÍFICO
Harbin Vladivostok
i

Yerevan com base em


ásp

Repúblicas Socialistas
Irkutsk (1661) (1898) (1860)
Baku Mar de TURQUESTÃO
ar C

Aral MANCHÚRIA LACOSTE, Yves.


Soviéticas (URSS).
N
Géopolitique: la
M

Teerã
MONGÓLIA
Bukhara Porto Arthur
Tashkent (1898-1905) O L longue histoire
PÉRSIA
0 1 160 2 320 km
d’aujourd’hui. Paris:
CHINA
AFEGANISTÃO S Larousse, 2009.
ÍNDIA (RUN) 90° L
p. 149.

Veja que, na direção ocidental, o Império Russo chegou até a Polônia e a


Bessarábia, e envolvia parte do mar Negro e do mar Cáspio. Na direção oriental,
estendia-se até o mar de Bering.
Parte do território russo está localizada na Europa e outra, na Ásia. Essa loca-
lização deixou o país em uma posição estratégica, já que ele pode ser um dos
caminhos para uma maior integração terrestre entre os dois continentes.
Entre 1922 e 1991, a Rússia foi parte de um país mais extenso, a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ou apenas União Soviética, que levou sua
influência a pontos mais afastados da capital, Moscou, em direção à Europa. Ape-
sar da presença de outras culturas e povos, os russos praticamente dominavam
culturalmente a União Soviética.

A União Soviética
Com a Revolução Russa de 1917, que transformou radicalmente a estrutura
social da Rússia, os czares foram expulsos do poder e os revolucionários assumiram
o controle do Estado. Teve início um novo período que resultou na formação da Doutor Jivago
União Soviética, em 1922. Observe no mapa da figura 2, na página seguinte, que Direção: David Lean.
a presença soviética chegava até a Polônia. Estados Unidos: MGM,
Durante quase trinta anos, a economia da União Soviética foi regida pelos 1965. 197 min.

Planos Quinquenais, estabelecidos a cada cinco anos pelo poder central. Por meio A Revolução Russa de
1917 é o cenário para a
deles as atividades econômicas eram planejadas. O setor agrícola foi organizado história, que apresenta
em cooperativas e em fazendas do Estado. Já o setor industrial priorizou as indús- de forma figurativa os
trias de base, para depois focar na produção de bens necessários à população. diversos aspectos
histórico-sociais desse
Esse sistema permitiu ao país equipar-se militarmente e participar ativamente da importante período.
Segunda Guerra Mundial.
Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 135

CAPÍTULO 6 – MANUAL DO PROFESSOR 135


Orientações didáticas
Para que os alunos possam Figura 2. União Soviética – 1922-1991

Catherine Abud/Arquivo da editora


conhecer melhor as dificuldades OCEANO Estreito de
Mar de
ATLÂNTICO Bering
enfrentadas pela CEI para avan- Mar do OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Bering

çar no processo de integração Norte

regional, sugerimos a leitura do

ti c o
M
trecho do artigo a seguir. ar lt ic
o

Ár
Kaliningrado B á Murmansk

ar
Riga Tallinn

l
OCEANO

Po
Vilnius

lo
Leningrado PACÍFICO

cu
Minsk r
Arkhangelsk Cí
Chisinau Moscou
M Kharkov N
Gorki

ar
Rostov-

N
-na-Donu Kuybyshev

eg
Khabarovsk O L

ro
Stalingrado Ufa Sverdlovsk

Yerevan io Omsk Novosibirsk Vladivostok S

sp
a r Cá
Baku Irkutsk
União Soviética
M
Fonte: elaborado com base em Limites de país
Ashgabat
MILNER-GULLAND, R. R. et al. Tashkent Alma-Ata
Capital de país
Cultural Atlas of Russia and Bukhara Bishkek
former Soviet Union. Barcelona: Dushambe 0 865 1 730 km Cidades
Ediciones Folio, 2007. 90° L

A União Soviética rivalizou com os Estados Unidos entre o fim da Segunda Guer-
ra Mundial e o começo da década de 1990, período da Guerra Fria, como já foi abor-
dado. Essas duas potências disputavam o desenvolvimento de novas armas e a con-
quista do espaço, caracterizando uma corrida armamentista e uma corrida aero-
espacial. Além disso, procuravam influenciar países e atraí-los para seus interesses.
A União Soviética mostrava-se como uma alternativa de poder até começar a
enfrentar problemas de abastecimento de alimentos, o que gerou revoltas e, com
outros fatores, culminou em sua desintegração, em 1991.

A Comunidade dos Estados Independentes


Para manter a articulação econômica entre os antigos integrantes da União
Soviética, formou-se a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que repre-
sentou uma solução para que os países não fossem desabastecidos repentinamen-
te, já que suas economias eram complementares. A CEI reunia as antigas repúbli-
cas da União Soviética, com exceção de Estônia, Letônia e Lituânia. Com o passar
do tempo, o bloco passou a ter outros objetivos políticos e econômicos.
De início, os critérios de integração
Figura 3. Comunidade dos Estados Independentes (CEI) – 2017
que sustentavam a CEI foram efetivos,
Catherine Abud/Arquivo da editora

OCEANO
ATLÂNTICO
mas, aos poucos, disputas econômicas e
co

OCEANO GLACIAL ÁRTICO


r Árti

Mar OCEANO
geopolíticas entre a Rússia e os outros
ola

do PACÍFICO

membros comprometeram a unidade do


oP

Norte
ul
rc

bloco. Em 2005, o Turcomenistão deixou


RÚSSIA

BELARUS
de ser um membro pleno para tornar-se
um membro associado; em 2009, a Geór-
MOLDÁVIA
UCRÂNIA
RÚSSIA
gia abandonou o bloco. A Ucrânia, embo-
Mar
Negro
ra não costume comparecer a cúpulas e
CASAQUISTÃO
reuniões da CEI, continuou formalmente
spio

ARMÊNIA
0 945 1 890 km N como membro da organização. Seu afas-
Mar Cá

AZERBAIJÃO
USBEQUISTÃO
Membros O L tamento ampliou-se a partir de 2014, em
TURCOMENISTÃO QUIRGUISTÃO
TAJIQUISTÃO
Limites de país S90° L
razão de graves conflitos com a Rússia,
Fonte: elaborado com base em CISSTAT. Commonwealth of Independent States (CIS).
que veremos adiante. Em 2017, a CEI reu-
Disponível em: <www.cisstat.com/eng/frame_about.htm>. Acesso em: out. 2018. nia 11 países (figura 3).
136 Unidade 2 • Europa: o velho mundo se renova

Texto complementar
Comunidade dos Estados Independentes: repensando o imperialismo russo
Os dados mostram que 89% do território da antiga URSS faz parte da CEI, o haja vista os conflitos étnico-políticos constantes na Chechênia, Geórgia, Mol-
que também facilita a existência de algumas normas comuns […], principalmen- dávia, Tajiquistão, Armênia, Azerbaijão, entre outros. Isso demonstra que, tendo
te aquelas relativas às questões distributivas e tarifárias do mercado energético, a Rússia um papel de destaque como potência regional e global, assim como a
como as relativas ao petróleo, gás e carvão […]. Uma vez tendo sido por tanto China, Índia, dentre outros, deve cuidar da estabilidade regional, o que acaba lhe
tempo “colonizados” pelos russos, a união é facilitada pelo fator linguístico […], dando um tom imperialista, muito criticado pelos antigos membros da URSS.
bem como através de alguns valores compartilhados, como o modo parecido Devido à crise europeia, a CEI teve um período de instabilidade financeira,
como os negócios são vistos. Contudo, o processo de mudança ainda ocorre, apresentando déficits significativos no Balanço de Pagamentos de vários de seus

136 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
O retorno da Rússia Para iniciar a abordagem dos
dados populacionais e econômi-
Desde o fim da União Soviética, a Rússia passou por várias transformações, Taxi Blues cos da Rússia, verifique se os
o que leva muitos estudiosos a apontá-la como uma nação emergente, que Direção: Pavel Lungin. alunos sabem que ela é o maior
consegue influenciar outros países, além de promover melhorias na qualidade França/União Soviética: país do mundo. Pergunte se o
Lenfilm, 1990. 110 min.
de vida de sua população. A herança de parte dos armamentos da antiga União país tem grande potencial agrí-
O filme narra a relação
Soviética, o elevado potencial de recursos naturais e a postura geoestratégica entre um taxista e um
cola. Apesar do tamanho de seu
do governo nas últimas duas décadas têm confirmado o destaque russo no saxofonista durante o fim território, em razão do inverno
mundo atual. da União Soviética, bastante rigoroso, o cultivoé in-
mostrando uma paisagem viável em boa parte do ano. Este
O território russo é o maior do mundo, com 17 075 200 km2. A extensão de sua que passava por conteúdo permite a mobilização
costa é de 37 653 km (figura 4). Porém, estima-se que apenas 8% dessas terras profundas transformações
da habilidade EF09GE09.
e o cotidiano do cidadão
sejam cultiváveis em razão dos invernos rigorosos e de grandes áreas com perma-
dessa época. No momento de realizar a
frost, tipo de solo que permanece congelado por longos períodos.
Minha felicidade leitura do mapa da figura 4, co-
Direção: Sergei Loznitsa.
mente com os alunos que a po-
Figura 4. Rússia: político – 2016 Alemanha/Ucrânia/ pulação russa é formada por
Catherine Abud/Arquivo da editora

OCEANO
Repúblicas autônomas Mar de N
Países Baixos: Ma.ja.de diversas etnias. Esse fato se
Orkrugs (distritos autônomos) Bering
ATLÂNTICO OCEANO GLACIAL
Oblasts autônomos O L Fiction/Arte/Kinofilm, torna um dos obstáculos para a
ÁRTICO
Krais (territórios) 2010. 127 min. Federação, visto que nem todas
Cidades federais Chukotka S
NORUEGA
NORUEGA Oblasts (províncias) Durante a jornada de um aceitam fazer parte da Rússia e
Limites de país OCEANO
caminhoneiro, que cruza

co
SUÉCIA PACÍFICO

Árti
reivindicam a formação de um
com diferentes

lar
M

rB
Estado autônomo.
a

Po
álti c o
personagens, o filme
FINLÂNDIA Mar de
Kamchatka
ulo
POLÔNIA LET
POLÔNIA LETÔNIA
ÔNIA Barents
ES
ESTÔNIA
ÔNIA Karélia rc
traça um painel histórico Esse é o caso da Chechênia,

LITUÂNIA
São
e comportamental da
BELARUS Petersburgo
província localizada no sul do
Nenets
Mar de
Okhotsk
Rússia após o fim do
UCRÂNIA Moscou Komi
Yakútia
império soviético. país, na região do Cáucaso, e
Mar
Negro Mordóvia Mari El
Yamalo-Nenets que luta pela independência,
Perm

Krasnodar
Chuváchia Udumúrtia
Tatarstão
Khabarovsk muitas vezes recorrendo a aten-
Adigueia Khanty-Mansi Krasnoyarsk
Karachevo-
Cherkássia Stavropol Bashkortostão
Província
JAPÃO
Interprete tados terroristas. Esse conteú-
Kabardino-
Kalmíkia
Buriátia Autônoma Primorye do contribui para a mobilização
Chechênia Judaica ¥ Observe a foto e
da CECH1 e da CECH4.
Balkária Lago Zabaykalsk
Ossétia Daguestão Baikal Mar do
do Norte Mar CHINA Japão responda: Qual é o
Khakhássia (Mar do
Ingushétia Cáspio
Mar de
CASAQUISTÃO Altai
Tuva COREIA Leste)
principal contraste
Altai
TURCOMENISTÃO
TURCOMENIS O
Aral DO NORTE
NORTE apresentado na
Lago Balkhash 0 690 1 380 km COREIA
IRÃ
USBEQUIS
USBEQUISTÃO 90° L
MONGÓLIA
DO SUL paisagem de
Moscou?
Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro, 2016. p. 46.
• O contraste entre os edifícios antigos e os atuais, mais modernos.

Em 2018, a população da

bellena/Shutterstock
Rússia superava os 144 milhões
de habitantes, de acordo com
o Banco Mundial. Depois da ca-
pital, Moscou (figura 5), que ti-
nha cerca de 12 milhões de ha-
bitantes, São Petersburgo era a
segunda cidade mais populosa,
com cerca de 5 milhões de ha-
bitantes. Leia a seção Olhar in-
terdisciplinar.

Figura 5. Moscou
(Rússia), 2018.

Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 137

países-membros. Muitos destes tiveram seu crescimento afetado, principalmente so, que acaba interferindo em seu relacionamento com os demais membros. Isso
os Países Bálticos, Hungria, Croácia, Romênia, Ucrânia e a Bulgária. Ademais, ocorre porque, além do ressentimento destes em relação ao passado histórico
“as situações específicas de cada um destes países são diferentes entre si e o fato de dominação russa, novos conflitos surgem nas tentativas de conciliação dos
de estarem a ser tratados de forma agrupada e indistinta chegou a criar alguma interesses específicos de cada Estado, visto que estes países não possuem uma
tensão entre a Comissão Europeia, o FMI, a Europa e os Estados Unidos.” […]. tradição cooperativa comum. Assim, cada parte busca apenas a maximização
A união monetária, por sua vez, só existe entre a Rússia e a Bielo-Rússia e, mes- de seus ganhos, impedindo uma coordenação integrativa.
mo com muito esforço, a CEI ainda precisa de muitas reformulações para que OLIVEIRA, Luiza S. de. Comunidade dos Estados Independentes: repensando
possa de fato cumprir sua função plena enquanto grupo regional e de integração. o imperialismo russo. Conjuntura Internacional. Disponível em: <https://
A partir do exposto podemos afirmar, portanto, que as dificuldades que o pucminasconjuntura.wordpress.com/2013/05/08/comunidade-dos-estados-
grupo enfrenta se devem principalmente ao posicionamento hegemônico rus- independentes-repensando-o-imperialismo-russo/>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 6 – MANUAL DO PROFESSOR 137


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar – Olhar interdisciplinar História
História
Para que os alunos percebam São Petersburgo: uma cidade de muitos nomes
os motivos e as implicações da
Na localidade em que hoje está São Petersburgo, os suecos edificaram, em 1611, o Forte Nyenskans.
mudança de um topônimo, suge-
rimos propor-lhes uma pesquisa Em 1703, o czar Pedro I, o Grande, tomou a cidade do controle sueco e fundou o Forte Pedro e
para que descubram nomes de Paulo, dando origem a São Petersburgo. Ele estava interessado em criar um novo porto para a Rússia,
municípios da região ou do esta- além de uma nova capital.
do onde vivem e que tenham sido Durante a Primeira Guerra Mundial, a cidade teve seu nome alterado. A Alemanha era inimiga da
alterados ao longo da história. Rússia, o que levou o governo da época a suprimir os termos alemães do nome da cidade (Sankt e Burg).
Se não houver nenhum caso A cidade passou a chamar-se Petrogrado, uma homenagem a seu criador.
na região ou no estado, pode-se Com a Revolução Socialista, o nome da cidade mudou para Leningrado em 1924, em homenagem
escolher um exemplo de outro ao líder revolucionário Vladimir Lenin (1870-1924).
estado do Brasil. Por exemplo,
selecionamos o caso do municí-
Em 1991, um plebiscito definiu o retorno ao nome original. O fim da União Soviética chegava também
pio Presidente Sarney (MA), que à antiga capital da Rússia.
está em processo de alteração

Drozdin Vladimir/Shutterstock
do nome, como mostra o artigo
a seguir. Possibilita-se, assim,
mobilizar a CECH5.

Vista de São Petersburgo (Rússia), 2017.


1. Onde atualmente se localiza a cidade de São Petersburgo, os suecos construíram o Forte Nyenskans (1611). A
Atividades região foi dominada pelo czar Pedro I, o Grande, em 1703, que fundou o Forte Pedro e Paulo, dando origem a
São Petersburgo. Ele tinha interesse em criar um novo porto para a Rússia, bem como uma nova capital.
1. Associe a criação da cidade de São Petersburgo com sua localização e com as primeiras obras de Pedro I,
o Grande.
2. Imagine os motivos por que um governante altera o nome de uma cidade. Quais as vantagens de uma
ação como essa?
2. A alteração do nome de uma cidade pode ocorrer, por exemplo, em virtude de rupturas políticas radicais, como a Revolução
138 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova Socialista de 1917 ou a dissolução da União Soviética (1991), momentos que levaram a
mudanças de denominação da cidade de São Petersburgo. Também pode ocorrer em razão de homenagem ou outras motivações
específicas, como um conflito. Em geral, o nome de uma cidade simboliza o poder de seus governantes (locais, regionais e nacionais).

Texto complementar
Assembleia Legislativa do Maranhão aprova plebiscito para a mudança
do nome do município de Presidente Sarney
A Assembleia Legislativa do Maranhão aprovou […] um projeto que prevê a realização de um plebiscito para a mudança do nome do
município de Presidente Sarney, a 149 quilômetros da capital São Luís. O município de 17 mil habitantes foi batizado em homenagem
ao ex-presidente da República José Sarney, do PMDB.
O projeto de Decreto Legislativo no 009/2017, de autoria do deputado estadual Bira do Pindaré (PSB), tem como objetivo regularizar
o nome do município, que de acordo com o deputado e segundo a Constituição Federal proíbe que o nome de pessoas vivas seja atri-
buído a bens públicos ou de qualquer natureza, incluindo cidades.

138 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
Indicadores sociais Oriente os alunos na leitu-
ra do mapa da figura 6, identi-
Para um país que, de algum modo, esteve no comando de ações internacionais ficando os fixos (reservas de
durante anos, a situação social da Rússia poderia ser melhor. De acordo com o gás e petróleo), representados
Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016, elaborado pelo Programa das Pravda on-line por meio de símbolos diferen-
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a expectativa de vida ao nascer ‹http://port.pravda.ru› ciados por cores, e os fluxos
na Rússia era de 70,3 anos, mais baixa que a de países como o Canadá, por exem- Portal em língua (transporte), representados por
plo. Quanto à escolaridade, a média do período de estudo era de 12 anos. portuguesa de um setas contínuas e tracejadas e
centenário jornal russo, com o uso de diferentes cores.
Entre as mulheres com mais de 25 anos de idade, 89,6% concluíram ao menos ainda em circulação.
o Ensino Médio, percentual que sobe para 92,5% no caso dos homens, para a mes- Apresenta reportagens Comente sobre o grande po-
ma faixa etária e nível escolar. Os homens estavam mais presentes no mercado de e artigos de opinião, tencial de expansão no setor
pela visão russa, sobre energético da Rússia e identifi-
trabalho: 71,7% do total da população masculina trabalhava, enquanto 56,6% das temas do país e do que as áreas que ainda poderão
mulheres estavam empregadas. As mulheres representavam, na época, apenas 14,5% mundo.
ser exploradas. Historicamente,
do Parlamento, enquanto na Suécia, por exemplo, elas ocupavam 43,6%. o esforço político do governo
Ainda de acordo com o PNUD, em estimativa divulgada em 2018, a Rússia es- central russo para garantir a
tava na 49a posição entre os países do mundo quanto ao Índice de Desenvolvimen- integração e o domínio da gran-
to Humano (IDH), apresentando a pontuação de 0,816, considerada muito alta. de extensão territorial do país
(abordado nas páginas anterio-
Atividades econômicas res) também passa pelo interes-
se em manter o controle sobre a
Apesar do rigor das baixas temperaturas, predominante no território russo, as exploração das reservas de gás
exportações agrícolas têm aumentado nos últimos anos, segundo o Ministério da e petróleo apontadas no mapa.
Agricultura do país. Mesmo assim, os produtos de origem agropecuária represen- Com este conteúdo é pos-
tam apenas cerca de 6% das exportações do país, destacando-se: cereais, açúcar, sível mobilizar a habilidade
batatas e carnes de frango e suína. EF09GE18 e a CEG2.
A Rússia ocupa uma posição importante no mundo como grande fornecedora de
fontes de energia e de recursos naturais, em especial o petróleo e o gás natural. Para
escoar essa produção – incluindo o fornecimento para a Europa ocidental –,
o território russo apresenta uma ampla rede de oleodutos e gasodutos (figura 6).

Figura 6. Rússia: exploração de gás e petróleo – 2013


Catherine Abud/Arquivo da editora

100° L
OCEANO Estreito
de Bering Mar
ATLÂNTICO de Bering
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
tico
r Ár

OCEANO
Mar de
ola

Barents PACÍFICO
Mar de Reservas de petróleo
oP

Kara
ul

Em exploração
rc

Em vias de ser explorada


Reservas de gás
Mar de
Okhotsk Em exploração
RÚSSIA Em vias de ser explorada
Mar
Negro Identificada

Transporte

Lago Porto
Baikal
M

Oleoduto existente
ed
M errâ
it

Oleoduto em construção
ar n

Fluxo por navios petroleiros


eo

N
Gasoduto existente
Gasoduto em construção
Mar Cáspio O L
Rota polar
0 810 1 620 km
S Limites de país

Fonte: elaborado com base em TÉTART, Frank. Grand Atlas 2014. Paris: Autrement, 2013. p. 21.

Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 139

“Não é possível ter o nome de pessoas vivas atribuídas a nomes de municípios, como acontece nesse caso. Sabemos que o município
de Presidente Sarney leva o nome do ex-senador e ex-presidente José Sarney, que continua vivo. É preciso que haja o plebiscito e a po-
pulação possa aprovar como manda a lei, a alteração do nome”, afirmou o deputado.
O município de Presidente Sarney foi fundado em 1o de janeiro de 1997 e possui 17 mil habitantes. A cidade fica na região conheci-
da como Baixada Maranhense e faz limite com as cidades de Pinheiro, Santa Helena e Pedro do Rosário. Segundo o Tribunal Superior
Eleitoral, o município possui 14 575 eleitores. Desse total, cerca de 34,81% têm o ensino fundamental incompleto.
ASSEMBLEIA Legislativa do Maranhão aprova plebiscito para a mudança do nome do município de
Presidente Sarney. O Sul, 19 out. 2017. Disponível em: <www.osul.com.br/
assembleia-legislativa-do-maranhao-aprova-plebiscito-para-mudanca-do-nome-do-municipio-de-presidente-sarney/>.
Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 6 – MANUAL DO PROFESSOR 139


1. O segundo grupo mais exportado é o de bens manufaturados.
2. A pauta de exportações russa é pouco diversificada, já que se concentra na exportação de combustíveis fósseis.
Orientações didáticas
Interprete Figura 7. Rússia: exportações – 2017
Peça aos alunos que façam
1. Depois dos

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


a leitura do gráfico da figura 7 Outros
combustíveis, qual é Itens alimentícios
e converse sobre as pautas de 4%
7%
o grupo de produtos
exportações da Rússia. Qual mais exportado pela Metais e minérios
é o principal produto exporta- Rússia? 8%
do? Veja se eles conseguem 2. Podemos afirmar
relacionar a importância dos que a Rússia
combustíveis para a economia apresenta uma pauta
do país com o mapa da figura 6, de exportações bem
diversificada? Bens manufaturados
na página anterior, que mostra 24%
Por quê?
a infraestrutura existente para Combustível
efetivar essa exportação. Este 57%
conteúdo possibilita a mobiliza-
ção da habilidade EF09GE14.
Fonte: UNCTADSTAT. General Profile: Russian Federation. Disponível em: <http://unctadstat.unctad.org/
Para aproximar a discussão CountryProfile/GeneralProfile/en-GB/643/index.html>. Acesso em: out. 2018.

sobre a anexação da Crimeia à O gráfico da figura 7 apresenta a pauta de exportações da Rússia em 2017. A
Rússia da realidade brasileira, Área de influência
Refere-se ao alcance venda de petróleo e gás natural, combustíveis muito importantes para o setor de
proponha uma situação fictícia espacial da influência transportes e para o aquecimento nos meses de inverno, é responsável por mais
de anexação de parte do terri- social, política,
tório brasileiro a outro país. Ou, econômica, cultural ou
da metade das exportações do país.
ainda, a anexação de parte do militar de uma área de
território de um país vizinho maior grandeza ou Ucrânia: a guerra de volta à Europa?
potência sobre outra.
ao Brasil.
Referendo Nos últimos anos, graves conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, que também
Comente que, na faixa de fron-
teira, são comuns as migrações Consulta, sobre um envolvem interesses da União Europeia (UE), têm ganhado repercussão mundial.
assunto de interesse Em 2013, o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, anunciou a intenção
entre os países. Cite o exemplo público, à população de
da presença marcante de brasi- uma cidade, um Estado de romper negociações para a associação do país à União Europeia e de promover
leiros em território paraguaio, os ou uma nação, em que maior aproximação econômica com a Rússia. Contudo, grande parcela da população
chamados “brasiguaios”. são apurados votos. ucraniana era pró-União Europeia e não concordou com esse novo posicionamento
Determina se uma lei ou
Provoque a reflexão e a ca- resolução importante do governo, dando início a intensos e prolongados protestos. Nas manifestações,
pacidade de análise e de argu- será adotada ou não prédios públicos foram destruídos e os embates com as tropas do governo causaram
mentação, propondo algumas pelo governo. inúmeras mortes. Yanukovych foi deposto e se exilou na Rússia em 2014.
questões. A grande concentra- A parcela da população ucraniana que apoiava a aproximação com a Rússia, por
ção de brasileiros vivendo em
sua vez, posicionou-se contra a deposição de Yanukovych
Igor Golovniov/AP Photo/Glow Images

parte do território do Paraguai


justificaria a realização de um
e também iniciou protestos na porção leste do país e na
plebiscito nessa região para Crimeia (figura 8).
decidir sobre a anexação des- A Crimeia é uma república autônoma que pertencia
se território ao Brasil? Quais à Ucrânia. Seu território está localizado em uma penín-
seriam as possíveis implica- sula no mar Negro, que é o único acesso de território
ções políticas, econômicas e ucraniano ao mar Mediterrâneo e, por isso, é de grande
sociais de uma medida como importância estratégica, abrigando uma importante base
essa? Essa atividade possi- naval russa, além de ser cortada por gasodutos e possuir
bilita o trabalho com a CG7, a
importantes reservas de gás.
CECH6 e a CEG3.
A maioria da população da Crimeia é de etnia russa
e se manifestou contra a deposição de Yanukovych e a
Figura 8. Manifestantes
favor da associação com a Rússia. Em março de 2014 foi realizado um referendo
ucranianos pró-Rússia
protestam em comício
no qual mais de 96% dos votantes decidiram que a Crimeia deveria se separar da
em Luhansk (Ucrânia), Ucrânia e ser anexada à Rússia (figura 9, na página seguinte). O resultado deu ao
2014. governo de Moscou a legitimidade de que necessitava para controlar completa-
mente a península e ampliar sua área de influência estratégica.
140 Unidade 2 • Europa: o velho mundo se renova

140 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
Catherine Abud/Arquivo da editora Figura 9. Ucrânia: secessão da Crimeia – 2014 A questão sobre o impasse
35° L
N
da Crimeia permite mobilizar a
RÚSSIA habilidade EF09GE08. Propo-
UCRÂNIA
O L
Kiev
Kharkov
nha à turma que realize uma
S
pesquisa de notícias recentes
UCRÂNIA
Donetsk
a serem apresentadas em for-
ma de telejornal ou programa
Odessa
de rádio pelos alunos para que
Armyansk
Strilkove 0 270 540 km
CRIMEIA atualizem a situação da região.
Mar Negro
Motive-os a redigir seus pró-
Mar de Azov prios textos jornalísticos, que
podem ser elaborados com a
CRIMEIA
Kertch colaboração do professor de
RÚSSIA Língua Portuguesa. Esta ativi-
Feodosia
45° N
dade possibilita a mobilização
N
Simferopol
da CG1, da CG4, da CECH1 e
da CEG3.
O L Sebastopol

Balaklava Mar Negro Fonte: elaborado com base em


Capital de país
S UKRAINE Crisis in Maps. BBC, 18 fev.
Cidades 2015. Disponível em: <www.bbc.com/
0 40 80 km
Limites de país news/world-europe-27308526>. Acesso
em: out. 2018.

Porém, o referendo e a anexação da Crimeia não foram reconhecidos pelo


governo da Ucrânia, tampouco pelos Estados Unidos e pela União Europeia, que
julgaram a manobra uma agressão internacional e, em retaliação, impuseram um
bloqueio econômico à Rússia.
Em maio de 2014 foi eleito um novo presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko.
Entre suas primeiras ações estava a assinatura de um acordo de livre-comércio com
a União Europeia. Esse fato gerou forte reação do governo russo, que ameaçou cor-
tar o fornecimento de gás à Ucrânia no inverno. No mesmo mês, os estados ucra-
nianos de Donetsk e Luhansk, localizados no extremo leste do país, realizaram refe-
rendos. Os resultados também apontaram a separação de ambos os estados e sua
anexação à Rússia (figura 10). O governo ucraniano reagiu, o que resultou em uma
guerra civil, na qual os rebeldes se-
paratistas pró-Rússia se confronta- Figura 10. Ucrânia: conflito no leste – 2014
ram com as tropas do governo, que
Catherine Abud/Arquivo da editora
BELARUS N
lutavam para garantir a integridade Kiev
RÚSSIA RÚSSIA

do território ucraniano. Até meados UCRÂNIA


O L

de 2018, esse impasse ainda não MOLDÁVIA Odessa S

havia sido resolvido. ROMÊNIA


0 470 km CRIMEIA
Sloviansk
Assim, a Ucrânia tem sido, nos Kramatorsk
UCRÂNIA
últimos anos, palco de disputas en- Artemivsk Luhansk
Kostyantynivka
tre União Europeia e Rússia por am- Regiões reivindicadas
pelos separatistas
Krasnoarmiisk
Horlivka
pliação de suas áreas de influência Áreas pró-Rússia que se
Mariinka Donetsk
48° N
autodeclararam independentes
econômica e geopolítica. Até o mo- por meio de referendo realizado
em 11 de maio de 2014
mento, as duas partes conseguiram Capital de país
vitórias parciais, mas a um custo Cidades
Mariupol
Limites de país
muito alto para os ucranianos, que, Limites internos Mar de Azov
0 60 120 km
36° L
além das mortes, tiveram parte do
Fonte: elaborado com base em UKRAINE Crisis in Maps. BBC, 18 fev. 2015. Disponível em:
país destruída. <www.bbc.com/news/world-europe-27308526>. Acesso em: out. 2018.

Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 141

CAPÍTULO 6 – MANUAL DO PROFESSOR 141


Orientaç›es did‡ticas
Na leitura do mapa “Império 2 Turquia: entre o Oriente Médio
Otomano – séculos XVI a XIX”,
chame a atenção dos alunos e a Europa
para que observem a exten-
são do território sob domínio do Assim como a Rússia, a Turquia também descende de um importante império
Império Otomano em três con- do passado. Trata-se do Império Otomano, cujo núcleo se concentrava nos limites
tinentes: Ásia, África e Europa. territoriais turcos atuais. Leia a seção Olhar interdisciplinar.
O controle de pontos estraté-
gicos para o comércio marítimo
Olhar interdisciplinar História
e terrestre (canal de Suez, es-
treito de Bósforo e parte do mar
Mediterrâneo, por exemplo) foi O Império Otomano
fundamental para a expansão O Império Otomano começou a se desenvolver por volta de 1300, a partir da liderança de Osman I
desse império entre os sécu- (1258-1327). Ele conduziu os turcos muçulmanos na conquista de terras do enfraquecido Império
los XVI e XIX. Bizantino. Osman I e os líderes que o sucederam expandiram o Império, que viveu seu auge entre os
Caso haja acesso à internet séculos XV e XVI, englobando parte do Oriente Médio, do Leste Europeu e do norte da África (veja o
na escola, sugerimos que peça mapa). Em 1453, os otomanos tomaram a cidade de Constantinopla, capital do Império Bizantino,
aos alunos uma pesquisa de mudaram o nome para Istambul e fizeram dela sua capital.
imagens da cidade de Istambul,
O Império Otomano começou a perder poder e terras a partir do século XVI
que, por meio de sua arquitetu- Império Bizantino
ra, monumentos e demais carac- e seguiu enfraquecendo até o século XX, quando se aliou à Alemanha na Pri- Continuação do Império
terísticas culturais, expressa a meira Guerra Mundial (1914-1918) e, juntos, foram derrotados. O Império se des- Romano do Oriente, que
mantelou e, em 1923, foi criada a República da Turquia. perdurou de 395 a 1493,
sua centralidade e a capacidade quando Constantinopla
de polarização do Império Oto- O Império Otomano deixou um legado cultural importante para as nações (antiga Bizâncio, hoje
mano e da atual Turquia. árabes, especialmente para a Turquia. Em Istambul, é possível observar constru- Istambul) foi tomada
ções de arquitetura árabe, como a Mesquita Azul. pelos turcos otomanos.
Esse conteúdo mobiliza a
CECH7 e a CEG3.
Império Otomano – séculos XVI a XIX
Catherine Abud/Arquivo da editora

N
OCEANO

M
ATLÂNTICO

ar
Buda O L


Kaffa

sp
io
Sarajevo Mar Negro S
Sófia
Kars
Constantinopla
(Istambul)
Gallipoli
Konya
Aleppo

Mar Damasco Bagdá


Mediterrâneo

Cairo
0 520 1040 km
cer
e Cân
ico d
Império Otomano, 1512 Tróp
Conquistas com Selim I e Suleimão I, 1512-1566
Conquistas 1566-1683 Fonte: elaborado
Território otomano independente de fato em 1815 com base em
Império Otomano, 1815 HAYWOOD, John.
Atlas histórico do
Centro administrativo otomano
mundo. Colônia:
Limites de país (atuais) Konemann, 2001.
30° L
p. 154-155.

1. Sim, Constantinopla tinha uma posição estratégica ao ligar a Europa à Ásia.


Atividades 2. Podem ser citados a religião predominante, o islamismo, e outros aspectos culturais, como a arquitetura.
1. Observe o mapa e analise a posição de Constantinopla. É possível afirmar que essa cidade tinha uma
posição estratégica? Explique.
2. Identifique características da atual Turquia que podem ser consideradas heranças do Império Otomano.

142 Unidade 2 • Europa: o velho mundo se renova

PNUD. Human Development Report 2016. Disponível em: <www.br.undp.org/content/dam/brazil/docs/RelatoriosDesenvolvimento/


undp-br-2016-human-development-report-2017.pdf>. Acesso em: nov. 2018.
Relatório da PNUD, um órgão da ONU, com dados de 2016 relativos ao desenvolvimento humano (em inglês).
RELATÓRIO do PNUD destaca grupos sociais que não se beneficiam do desenvolvimento humano. PNUD Brasil, 21 mar. 2017. Disponível
em: <www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/articles/2017/03/21/relat-rio-do-pnud-destaca-grupos-sociais-que-n-o-
se-beneficiam-do-desenvolvimento-humano.html>. Acesso em: nov. 2018.
Artigo aborda os progressos alcançados pelo desenvolvimento humano, que, porém, não atingem todas as pessoas.

142 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Território e população Promova uma reflexão com
os alunos e realize um debate
Com um território de 774 820 km2, a Turquia está em uma posição estratégi- com base nos dados sobre a Tur-
ca (figura 11), pois permite a ligação terrestre entre a Europa e o Oriente Médio quia apresentados nesta página:
por meio de pontes sobre o estreito de Bósforo. “Apenas 43,5% das mulheres ha-
A Turquia possuía cerca de 80 milhões de habitantes em 2016, de acordo com viam concluído o Ensino Médio,
o Banco Mundial. Nas últimas décadas, a população turca vem apresentando uma enquanto entre os homens es-
redução das taxas de natalidade e sua pirâmide reflete um país em transição se indicador chegava a 64,8%”.
demográfica (figura 12). Questione-os sobre as pos-
síveis causas e também as
implicações sociais e econô-
Figura 11. Turquia: político – 2018 Figura 12. Turquia: pirâmide etária – 2016
micas desses dados sobre o

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


Catherine Abud/Arquivo da editora

N 100+
RÚSSIA 95 - 99 Ensino Médio.
Mar Negro 90 - 94
BULGÁRIA O L 85 - 89
80 - 84
Quanto às causas, é preciso
GEÓRGIA Masculina 75 - 79
Feminina
Istambul S 70 - 74 tratar de diferenças culturais,
GRÉCIA 65 - 69
ARMÊNIA 60 - 64 visto que, em determinados
Bursa 55 - 59
Ancara 50 - 54 grupos de seguidores da reli-
45 - 49
40° N IRÃ 40 - 44 gião islâmica, as mulheres não
35 - 39
Izmir Konya 30 - 34 têm direito ao estudo e à pro-
25 - 29
Antalya Adana Gaziantep 20 - 24 fissionalização. Com relação
Mersin 15 - 19
IRAQUE 10 - 14 às consequências, pode-se in-
0 190 380 km
Mar Mediterrâneo SÍRIA 5-9
40° L 0-4 serir a questão do cálculo das
Região de Mármara Região do Mediterrâneo Região do Sudeste da Anatólia
Região do Egeu Região da Anatólia Central Capital de país 4 3.2 2.4 1.6 0.8 0 0 0.8 1.6 2.4 3.4 4 perdas no IDH em decorrência
Região do Mar Negro Região da Anatólia Oriental Cidade População (em milhões) Idades População (em milhões)
da desigualdade de gênero, ou
Fonte: elaborado com base em NATIONS Online. Turkey Map. Disponível Fonte: CIA. The World Factbook. Disponível em: <www.cia.gov/library/ seja, o Índice de Desigualdade
em: <www.nationsonline.org/oneworld/map/turkey-map.htm>. Acesso em: publications/the-world-factbook/geos/tu.html>. Acesso em: out. 2018.
out. 2018. de Gênero (IDG), do Programa
das Nações Unidas para o De-
De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016, a expecta- senvolvimento (PNUD). Essa
tiva de vida ao nascer na Turquia era de 75,5 anos. Quanto à escolaridade, a média abordagem possibilita mobili-
de anos de estudo era de 7,9 anos, ou seja, menos que o necessário para concluir Contexto zar a CECH4 e a CEG6.
o Ensino Fundamental, que, em geral, é de 8 anos. Apenas 43,5% das mulheres ¥ Quais cidades
haviam concluído o Ensino Médio, enquanto entre os homens esse indicador che- brasileiras têm
gava a 64,8%. funções que podem
ser associadas às de
Istambul e Ancara,
Principais cidades na Turquia? Por quê?

Cerca de 72% da população turca era


urbana em 2016, de acordo com o Banco Boris Stroujko/Shutterstock

Mundial. Istambul, a maior cidade do país,


com cerca de 13,5 milhões de habitantes na
área metropolitana, é dividida pelo estreito
de Bósforo. Uma pequena parte de seu ter-
ritório está localizada na Europa e a outra
parte, na Ásia, o que dá à cidade um caráter
muito particular (figura 13).
Ancara, com 4,5 milhões de habitantes, é
a capital da Turquia e sede do governo e do
poder de Estado. Istambul é o polo econômi-
co e cultural do país.
Figura 13. Mesquita Azul, no lado europeu de Istambul (Turquia), 2016.
Ao fundo, a parte asiática da cidade.
• No Brasil, Ancara pode ser associada a Brasília, capital federal, e Istambul, a São Paulo. A primeira concentra os poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, enquanto na segunda estão as sedes das Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 143
principais empresas que atuam no país.

PNUD apresenta índice para medição da desigualdade de gênero. Observatório Brasil da igualdade de gênero, 10 nov. 2010. Disponível
em: <www.observatoriodegenero.gov.br/menu/noticias/pnud-apresenta-indice-para-medicao-da-desigualdade-de-genero/>. Acesso
em: nov. 2018.
Artigo apresenta o novo índice que compõe o Relatório de desenvolvimento humano da PNUD.

CAPÍTULO 6 – MANUAL DO PROFESSOR 143


Orientações didáticas
Ao abordar as atividades eco- Atividades econômicas
nômicas da Turquia, sugerimos
que destaque a importância da Os produtos que a Turquia exporta são bastante diversificados, o que constitui
elevada participação das expor- uma vantagem para o país, pois, se algum item tem seu preço diminuído, outro
tações de bens manufaturados pode compensar com uma eventual valorização. No
Figura 14. Turquia: exportações – 2017 gráfico da figura 14, observamos que o principal grupo
(78%) se comparada à do Brasil,

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


onde essas exportações corres- de produtos exportados é o de bens manufaturados.
pondem a cerca de 50%. Em 2016, a Turquia era a 29a maior economia de
Itens alimentícios 11%
Por terem valor agregado exportação do mundo. Ouro, carros, caminhões e peças
maior que o dos produtos bá- de veículos eram seus principais produtos de exporta-
sicos, os bens manufaturados ção, cujos principais destinos eram Alemanha, Reino
tendem a tornar a economia de Metais e minérios 4% Unido, Itália e Estados Unidos.
um país mais sólida. Em 2017, Por causa das condições naturais do território turco,
os produtos básicos se destaca- apenas 35% das terras são aráveis e quase 20% das ter-
ram nas exportações brasileiras. Bens manufaturados 78% ras cultivadas são irrigadas. As frutas representam mais
Interprete de três quartos dos produtos agrícolas. A Turquia é o maior
Peça aos alunos que obser- produtor mundial de damascos, avelãs e figos. Também
vem o mapa da figura 15 e, se Outros 7%
merece destaque a produção de azeitonas, uvas e trigo.
necessitarem, ajude-os a inter- Rússia e Turquia têm uma posição geográfica es-
pretar a imagem. Tanto a Rússia tratégica que permite a ligação terrestre entre a Euro-
como a Turquia possuem oleo- 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
pa e a Ásia (figura 15).
dutos e gasodutos que interli- Fonte: UNCTADSTAT. General Profile: Turkey. Disponível em: A Rússia tem procurado ampliar suas áreas de influên-
gam a região do mar Cáspio com <http://unctadstat.unctad.org/CountryProfile/GeneralProfile/en-
GB/792/index.html>. Acesso em: out. 2018. cia na Europa e no mundo. Um de seus principais recursos
a Europa, o que é uma grande
vantagem estratégica a ambos estratégicos são as fontes de energia, em especial o petróleo e o gás natural, fornecidos
os países. Este conteúdo per- a países europeus. Além disso, a Rússia integra, com Brasil, Índia, China e África do Sul,
mite a mobilização das habili- um bloco de cooperação política que criou um novo banco, que pode financiar projetos
dades EF09GE09 e EF09GE15. desses países e de outros mais pobres. Leia a seção Enquanto isso no Brasil.

Interprete Figura 15. Mar Negro: ambiente estratégico – 2015

Catherine Abud/Arquivo da editora


¥ Analise o mapa e 40º L
RÚSSIA
Centro Cultural Brasil responda: O que a Moscou
Rússia e a Turquia
Turquia apresentam em
<www.brasilturquia.com.br> comum? 50º N
ESLOVÁQUIA Kiev
Para conhecer mais so- ÁUSTRIA CASAQUISTÃO
• A Rússia e a Turquia UCRÂNIA
bre a Turquia, o site do Cen- têm uma posição HUNGRIA Volgogrado
tro Cultural Brasil Turquia geográfica estratégica,
que permite a ligação
oferece informações sobre terrestre entre a
BÓSNIA- ROMÊNIA Odessa
-HERZEGOVINA
cultura, pontos turísticos, Europa e a Ásia, e SÉRVIA
possuem um sistema Novorossisk
entre outras. de gasodutos e ITÁLIA Tuapse Mar
ALBÂNIA BULGÁRIA Mar Negro
oleodutos que Cáspio
interligam a região do GEÓRGIA Tbilisi
mar Cáspio à Europa. Istambul Baku
GRÉCIA Ancara AZERBAIJÃO
TURQUIA Erzurum AZB
Atenas (parte asiática)

Fonte: elaborado com base em N


SCIENCESPO. L’Environnement
stratégique de la mer Noire. L
O
Disponível em: <http:// Oleoduto existente Limites de país
cartotheque.sciences-po.fr/ Mar Mediterrâneo Oleoduto em projeto Cidades
S
media/Lenvironnement_ Gasoduto existente Capital de país
strategique_de_la_mer_ 0 280 560 km Gasoduto em projeto
Noire_2015/1429/>. Acesso em: ou abandonado
out. 2018.

144 Unidade 2 • Europa: o velho mundo se renova

MARTELLO, Alexandro. Em ano de saldo comercial recorde, produtos básicos são quase metade das exportações. G1, 7 jan. 2018. Dis-
ponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/em-ano-de-saldo-comercial-recorde-produtos-basicos-sao-quase-metade-das-
exportacoes.ghtml>. Acesso em: nov. 2018.
Artigo apresenta o saldo comercial recorde do Brasil em razão, principalmente, das exportações de commodities.

144 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
A leitura sobre o banco do
Brics pode ser associada à
O Banco do Brics abordagem proposta nas orien-
tações didáticas da página an-
Em uma reunião do Brics – bloco de países que reúne Brasil, Rússia, Índia,
terior, com a seguinte questão:
China e África do Sul – realizada em Fortaleza, em 2014, os representantes desses 1. A ideia é que o Novo
Banco de a criação do banco do Brics po-
países decidiram criar o Novo Banco de Desenvolvimento. Trata-se de uma alter- Desenvolvimento apoie deria contribuir para a estabili-
projetos de
nativa ao modelo que tem no FMI e no Banco Mundial os principais financiadores infraestrutura nos dade econômica do Brasil? De
de países. países que compõem o que forma?
Brics (Brasil, Rússia,
Sua meta é apoiar projetos de infraestrutura nos países que integram o bloco. Índia, China e África do Comente que o banco pro-
Foram destinados aos seus cofres 50 bilhões de dólares inicialmente, podendo che- Sul), o que trará,
consequentemente,
posto pelos países emergentes
gar a 100 bilhões. Por ano, estima-se que um terço do capital inicial seja destinado mais recursos e poderia fomentar a produção e
investimentos ao Brasil.
a financiamentos nos primeiros anos de funcionamento. A origem dos recursos é a 2. O Novo Banco de
a exportação de bens manufa-
seguinte: 41% da China, 18% do Brasil, 18% da Rússia, 18% da Índia e 5% da África Desenvolvimento pode turados, de maior valor agre-
constituir uma gado e que exige mão de obra
do Sul. alternativa ao modelo
mais qualificada, aumentando
A sede do banco é em Xangai, na China, cuja presidência é rotativa, com du- de financiamento que
as potencialidades de desen-
tem no FMI e no Banco
ração de cinco anos, de acordo com a seguinte ordem: Índia, Brasil, Rússia, África Mundial seus pilares volvimento do país.
do Sul e China. O banco tem um Conselho de Administração, presidido pelo Brasil, principais e,
consequentemente,
e um Conselho de Governadores, presidido pela Rússia. A África do Sul sedia o diminuir a influência das
potências ocidentais
primeiro escritório regional do banco e outros países poderão ingressar no futuro, nas decisões dos
mas os sócios iniciais terão de manter em conjunto o controle sobre, no mínimo, países que compõem
o Brics.
55% do banco.
Bai kelin/Imaginechina/Agência France-Presse

Balcão de recepção de um edifício de escritórios do Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelo Brics, em Xangai (China), 2017.

Atividades
1. Quais são os interesses do Brasil em criar o Novo Banco de Desenvolvimento?
2. De que modo o Novo Banco de Desenvolvimento pode alterar a estrutura de finan-
ciamento de projetos no mundo?

Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 145

CAPÍTULO 6 – MANUAL DO PROFESSOR 145


Orientações didáticas
Você em ação
As atividades propostas na se-
ção Você em ação possibilitam
a retomada de conceitos e con-
VOCÊ EM ação
teúdos abordados neste capítulo,
associados ao desenvolvimento
de habilidades e competências
Pratique
gerais propostas para a área de 1. Faça uma linha do tempo mostrando os principais 4. Explique a importância do estreito de Bósforo para
Ciências Humanas pela BNCC. momentos da história da Rússia descritos neste o comércio europeu e para o Oriente Médio.
Pratique capítulo. 5. Compare a pauta de exportações da Turquia com
1. Antes de 1917 – Domínio 2. Relacione a produção agrícola e o clima na Rússia. a da Rússia.
dos czares. O território russo 3. Explique a importância da posição geográfica da 6. Caracterize a situação etária da população da
se estendia até a Polônia e a Rússia em relação à Europa. Turquia.
Bessarábia. 1917 – Revolu-
ção Russa. Mudança radical
na estrutura social do país:
Analise o mapa
expulsão dos czares e toma- 7. Analise o mapa a seguir:
da do poder pelos revolucio-
nários. 1922 – Formação da União Europeia: infraestrutura de fornecimento de gás – 2013
União das Repúblicas Socia-

Catherine Abud/Arquivo da editora



listas Soviéticas (URSS), cuja Cí OCEANO GLACIAL ÁRTICO
rc
ul
oP
presença chegava à Alema- ola
r Árt
nha. Economia com base nos ico
NORUEGA
Planos Quinquenais. A partir 22,7%
de 1945 – Início da Guerra RÚSSIA
25%
Fria e da corrida espacial e
armamentista. Problemas de OCEANO
abastecimento de alimentos ATLÂNTICO
Moscou
e origem de revoltas. 1991
– Desintegração da URSS e
formação da Comunidade
TRINIDAD E UCRÂNIA
dos Estados Independen- TOBAGO* 0,9% Mar
Cáspio
tes (CEI) para a preservação
Baku
das relações econômicas Mar Negro

entre as antigas repúblicas Istambul


socialistas. A partir de 1991
– O país passou por diversas
transformações, tornando-
Mar Mediterrâneo
-se uma nação emergente. N
Gree no de

Catar
h

9,1%
nwic

Atualmente – Ocupa posição


ia

O L ARGÉLIA LÍBIA
Merid

intermediária. Apresenta al- 11% NIGÉRIA* 0,6% EGITO


0 585 1170 km
S 3,6% 1%
guns indicadores sociais pio-
Infraestrutura de Pontos de interconexão Principais fornecedores Fonte: elaborado com base em
res que os dos países ricos, importação de gás externos de gás (em %) SCIENCESPO. Infrastructures
mas seu Índice de Desenvol- Atuais Terminais de Importações da d’approvisionnement en gaz de
vimento Humano (IDH) é al- gás natural União Europeia (%) l’Union Européenne. Disponível
Principais em: <http://cartotheque.
Gasodutos Total: 82,4%
to, segundo estimativas do Projetos sciences-po.fr/media/
PNUD em 2018. Infrastructures_dapprovi
Capital de país Limites de país sionnement_en_gaz_de_
2. A Rússia é o país com o Cidade Países-membro da UE lUnion_europeenne_
2013/1338/>. Acesso em: out.
maior território do mundo, *A escala do mapa não permite representar o território destes países.
2018.
mas apenas 8% de suas ter-
ras são agricultáveis, em
a) Explique a importância da Ucrânia na exportação do gás russo para a União Europeia.
razão dos invernos rigoro-
sos e de grandes áreas com b) Dê exemplo de uma situação em que a Rússia usou o fornecimento de gás como instrumento de poder.
permafrost. Apesar disso,
as exportações agropecuá- 146 Unidade 2 • Europa: o velho mundo se renova
rias têm aumentado nos úl-
timos anos, com destaque
para cereais, açúcar, batata
e carnes de frango e suína. 4. As pontes sobre o estreito de Bósforo ligam a Europa à Ásia, o com um aumento do valor. A Rússia se destaca na exportação de
3. A posição geográfica do ter- que facilita o comércio entre os países dos dois continentes. A recursos naturais energéticos, como o petróleo e o gás natural.
ritório russo é estratégica, cidade de Istambul, a maior da Turquia, é dividida pelo estreito, 6. A população da Turquia vem apresentando uma diminuição nas
porque o país possui terras de forma que parte de seu território fica na Europa e parte no taxas de natalidade nas últimas décadas. Sua pirâmide etária
na Europa e na Ásia e serve Oriente Médio. é típica de um país em transição demográfica. O predomínio de
de passagem entre os dois 5. A pauta de exportação da Turquia é mais diversificada que a rus- adultos representa uma vantagem, pois significa que a maioria
continentes. Essa condição sa. Essa diversificação constitui uma grande vantagem porque, da população está em idade economicamente ativa.
facilita as relações comer- se o preço de algum produto diminui, outros podem compensar
ciais com os países euro-
peus e os asiáticos.

146 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Analise a imagem
Analise a imagem Os EUA invadem o Afeganistão e o Iraque, e
8. A charge ilustra o território
ninguém fala nada. Agora, quando outra potên- da Ucrânia sendo disputa-
8. Explique a crise na Ucrânia com base nos elemen- cia nuclear vem à tona reclamar seu quinhão no do pela Rússia e pela União
tos da charge a seguir. xadrez imperial e geopolítico, aí as críticas não Europeia. Por essa aborda-
poderiam ser maiores. Que coisa, não? gem, a anexação da Crimeia
e os conflitos separatistas
Vassoler: O fato de eu ser contrário à ane-
do leste ucraniano seriam

Dave Granlund/Politicalcartoons.com/Cagle Cartoons


xação da Crimeia pela Rússia não significa, de disputas entre as potências
forma alguma, que eu concorde com as inva- por ampliação de sua área
sões do Afeganistão e do Iraque pelos Estados de influência. Para analisar
Unidos. Não me reduza a essa lógica estanque a charge com base em as-
da Guerra Fria. pectos geopolíticos, suge-
rimos retomar as reflexões
Korietski: Vamos aos fatos. Em 1954, o líder sobre a questão da anexa-
soviético Nikita Kruchev deu a Crimeia de pre- ção da Crimeia pela Rússia,
sente para a Ucrânia, que, à época, era uma das nas páginas 140 e 141. Po-
repúblicas socialistas soviéticas. A Crimeia, de-se propor aos alunos a
Charge de Dave Granlund, 2014. vale frisar, pertencia anteriormente à Rússia. elaboração de outras char-
ges alusivas a essa questão
Agora veja: desde o colapso da URSS, os Estados
Analise o texto Unidos vêm utilizando os países vassalos da
geopolítica atual.

Otan para apontar mísseis em nossa direção. Analise o texto


9. Leia o texto a seguir, que traz uma entrevista com
9. a) O entrevistado é a favor
um ex-soldado do exército russo. Depois, responda As fronteiras europeias estão todas cercadas.
da anexação da Crimeia
às perguntas. Considerando-se, então, que (1) a Crimeia pela Rússia. Ele conside-
era nosso território, (2) a Ucrânia só adquiriu ra que a Rússia só está
Às portas do bunker de Stalin, um existência independente após o colapso da retomando um território
diálogo na Rússia contemporânea
URSS e (3) os EUA vêm nos cercando, a decisão que era seu e foi “dado
O diálogo travado a seguir aconteceu em da população da Crimeia de se juntar à Fede- de presente” à Ucrânia
frente ao bunker de Stalin, há pouco mais de quando ela fazia parte
ração Russa – população que, em sua maioria, da URSS, ou seja, os rus-
uma semana, na cidade de Samara, a aproxi- é composta de russos étnicos –, por meio do sos teriam direito a ele.
madamente mil quilômetros da capital russa. referendo realizado no início de 2014, parece- b) O entrevistado faz com-
Esperava para entrar no abrigo subterrâneo -me bastante acertada. […] parações entre Rússia e
construído para o líder bolchevique durante a VASSOLER, Flávio Ricardo. Às portas do bunker de Stalin, um Estados Unidos, alegan-
Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Samara diálogo na Rússia contemporânea. Carta Capital, 21 jul. 2018. Disponível
em: <www.cartacapital.com.br/revista/1012/as-portas-do-bunker-de-
do que os Estados Uni-
teria se transformado em capital da União So- stalin-um-dialogo-na-russia-contemporanea>. Acesso em: out. 2018. dos invadiram o Iraque
e o Afeganistão e “usam”
viética, caso Moscou tivesse sucumbido aos os países europeus para
invasores nazistas. a) Qual é a posição do entrevistado em relação à
“apontar mísseis” para a
Enquanto aguardava na fila, conversei com anexação da Crimeia pela Rússia? Justifique. Rússia. Ele trata as situa-
o ex-soldado do Exército Vermelho Valeri b) O que o entrevistado pensa sobre os Estados ções como uma continui-
Borissovitch Korietski, de 70 anos, que lá esta- Unidos? Relacione à Guerra Fria. dade da disputa travada
entre Rússia e Estados
va para oferecer aos turistas a possibilidade de
tirar fotos com uniformes militares soviéticos Trabalhe em grupo Unidos no contexto da
Guerra Fria.
ao lado de um antigo retrato do ditador Josef 10. Em grupo, façam um levantamento de caracterís- Trabalhe em grupo
Stalin (1878-1953). ticas atuais da Rússia e da Turquia. Busquem infor-
10. Pode-se organizar a sala
Flávio Ricardo Vassoler: O que você acha mações sobre: em dois grupos para que
da Rússia atual sob a batuta de Vladimir Putin a) território (área, principais características físicas); cada um trabalhe com
e como o senhor vê os recentes conflitos em um país. Vale estimular
b) população (composição, religião, línguas faladas); os alunos a exercitar a re-
que o país se envolveu?
Valeri Borissovitch Korietski: Imagino que, c) atividades econômicas (exportações, principais presentação gráfica, como
produtos importados); a elaboração de gráficos
como boa parte da comunidade internacional,
de setor e de barras, além
você deve estar bastante insatisfeito com a d) indicadores sociais (expectativa de vida ao nas- de buscar imagens que re-
Rússia por causa da Crimeia. É curioso... cer, escolaridade média e renda per capita). presentem os aspectos
mencionados sobre cada
Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 147 país. São boas fontes de
informações os sites da Câ-
mara Brasil-Rússia <www.
camarabrasilrussia.org.
Analise o mapa b) A Europa importa grande quantidade de gás russo, que é usa- br/> e do Centro Cultural
Brasil Turquia <www.bra
7. a) A Ucrânia está localizada entre a Rússia e a União Europeia e do no aquecimento de casas e empresas no inverno. Durante
a crise com a Ucrânia, a Rússia ameaçou cortar o fornecimen- silturquia.com.br> . Aces-
diversos gasodutos que levam o gás da Rússia para os países
to do gás para o país, o que prejudicaria a população. so em: out. 2018.
do bloco passam pelo território da Ucrânia.

CAPÍTULO 6 – MANUAL DO PROFESSOR 147


Orientações didáticas
Geografia em outras
Geografia em outras linguagens
linguagens Artes plásticas
Além de ampliar o repertório
cultural dos alunos e explorar a
CG3, esta seção trabalha a habi- Vincent van Gogh e o consumo de suas obras de arte
lidade EF09GE10 ao propor ao Vincent van Gogh é um dos pintores mais importantes da Europa. Nascido em
aluno que tome a obra do pintor 1853 na cidade de Zundert, nos Países Baixos, tornou-se artista aos 27 anos e, ao
holandês Van Gogh como base longo de sua vida conturbada, permeada de dramas psicológicos, pintou mais de
para uma reflexão sobre a difu-
400 quadros, desenvolvendo uma técnica artística muito particular, com pinceladas
são e o aumento da circulação
de produtos e culturas propor- curvas, expressivas e de cores vibrantes.
cionados pela lógica da indus- Além de inúmeros retratos e autorretratos, Van Gogh se dedicou à pintura de
trialização. Se julgar necessário, paisagens e naturezas-mortas. Em 1890, faleceu na cidade de Auvers-sur-Oise, na
trabalhe o conteúdo em conjun- França, aos 37 anos. Leia o texto a seguir para saber mais sobre a vida e a obra
to com o professor de Arte, com do artista.
o intuito de explorar melhor as
técnicas de pintura desenvol- Van Gogh
vidas pelo artista. A genialidade de Vincent van Gogh somente foi reconhecida após a sua
Para ampliar as possibilida- morte. Em vida, o artista holandês, que passou fome e frio, viveu em barracos
des de abordagem das obras de e conheceu a miséria, vendeu apenas uma pintura – “O Vinhedo Vermelho”.
Vincent van Gogh, sugerimos a Em maio de 1990, uma de suas mais conhecidas obras, “O Retrato de Dr.
leitura do texto complementar Gachet”, pintado um século antes, justamente no ano de sua morte, foi co-
“Impressionismo e fotografia mercializado por US� 82,5 milhões.
de street style: metáfora visual
Maior expoente do pós-impressionismo,
Reprodução/Museu Van Gogh, Amsterdã, Holanda.

e imagens da cidade”. O trecho


ao lado de Paul Gauguin e Paul Cézanne,
aborda a releitura de obras des-
se pintor por meio de fotografias Vicent Willen van Gogh foi sempre susten-
e suas respectivas análises no tado pelo irmão Theodorus, com quem tro-
contexto da produção do espaço cou mais de 750 correspondências, docu-
urbano contemporâneo. mentos fundamentais para um estudo mais
aprofundado de sua arte. Na sua fase mais
produtiva (1880/90), Van Gogh foi comple-
tamente ignorado pela crítica e pelos artis-
tas. Atualmente, os seus quadros estão en-
tre os mais caros do mundo. […]
UOL Educação. Van Gogh. Uol. Disponível em:
<https://educacao.uol.com.br/biografias/van-gogh.htm>.
Acesso em: out. 2018.

A maior parte das obras de arte de Van


Gogh está exposta, atualmente, em museus
situados em cidades como Amsterdã, Paris
e Nova York. Suas pinturas são amplamente
conhecidas, e as cores, as curvas, os traços
e as pinceladas que as distinguem tornaram-
-se referências apreciadas e consumidas em
diversos locais do mundo. Observe duas das
pinturas mais famosas do artista.

Autorretrato, de Vincent
van Gogh, 1888 (óleo sobre
tela, 65 cm 3 50 cm).

148 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova

Texto complementar
Impressionismo e fotografia de street style: metáfora visual e imagens da cidade
O espaço urbano é a expressão das forças sociais, políticas, econômicas, intelectuais e artísticas. Desperta inquietação e atrai a atenção
de poetas, pintores e fotógrafos, pois abriga fenômenos como a multidão e a moda, desde a modernidade. Esta última, por sua vez, nas-
ceu como uma manifestação cultural da sociedade industrial e permitiu, ao movimento impressionista, envolver-se com a sociedade, a
cultura, a ciência e a tecnologia da época em que ocorreu.
O recorte dado ao tema, neste artigo, concentra-se na relação entre pinturas do Impressionismo e as fotografias de street style. A escolha
tem origem no projeto de pesquisa em andamento junto ao programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Estadual de
Londrina visando à leitura de imagens em ambientes urbanos. Este trabalho pretende, portanto, discutir as similaridades entre as pinturas

148 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Reprodução/Museu Van Gogh, Amsterdã, Holanda.

Reprodução/Vincent Van Gogh/Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA


Em resumo
Esta seção, presente ao fi-
nal de todas as unidades des-
te volume, resume em tópicos
os temas estudados ao longo
dos capítulos 4, 5 e 6. Ela po-
de ser utilizada pelos alunos,
por exemplo, para a realização
de uma espécie de autoavalia-
ção: Quais são os temas que eu
preciso revisar?

Girassóis, de Vincent
van Gogh, 1889
(óleo sobre tela, A noite estrelada, de Vincent van Gogh, 1889
95 cm 3 73 cm). (óleo sobre tela, 92 cm 3 73 cm).

Atividade
Leia a reportagem a seguir e responda à questão.

Obras do pintor Vincent van Gogh viram estampas de roupas e


tênis de marca para skatistas
O Museu Van Gogh e a marca californiana de calçados e roupas de ska- • As criações do pintor
tista [...] fizeram uma parceria para lançar roupas e tênis da marca com Van Gogh tornaram-se
referência, consumidas
estampas de obras clássicas do pintor pós-impressionista Vincent van Gogh no mundo todo em
(1853-1890). De acordo com a marca, as novas peças estarão à venda no razão dos avanços da
industrialização, que
mundo inteiro [...]. O Museu Van Gogh vai dedicar parte dos lucros desse possibilitaram ampliar a
projeto para a preservação do legado e obra do artista, “garantindo o seu produção e a circulação
de produtos e culturas.
acesso para as futuras gerações”. A coleção da marca foi dividida em quatro Embora o artista tenha
vendido apenas um
grupos a partir das pinturas “Caveiras”, “Amendoeira em Flor”, “Girassóis” quadro durante a vida,
e o autorretrato de Van Gogh. As imagens estarão estampadas em camisetas, suas criações são
apreciadas em diversos
tênis, jaquetas, bonés e em outros acessórios. […] museus e se tornaram
OBRAS do pintor Vincent van Gogh viram estampas de roupas e tênis de marca para skatistas. Folha de S.Paulo, objeto de consumo,
29 jul. 2018. Disponível em: <https://f5.folha.uol.com.br/estilo/2018/07/obras-do-pintor-vincent-van-gogh-viram- como aponta a
estampas-de-roupas-e-tenis-de-marca-para-skatistas.shtml>. Acesso em: out. 2018. reportagem.

• Com base no que foi discutido, como é possível relacionar a ampla difusão e o
consumo em massa das criações do pintor Van Gogh aos impactos proporcionados
pelo processo de industrialização?

Em resumo

Nesta unidade você estudou:


• no capítulo 4: domínios morfoclimáticos da Europa, hidrografia e hidrovias europeias, recursos minerais e fontes de energia de
países europeus, diversidade climática e oferta hídrica, conservação ambiental nos países europeus;
• no capítulo 5: características gerais da economia, indústria, agricultura, população e espaço urbano da Europa, formação da
União Europeia, espaço Schengen, zona do euro, crise europeia, Brexit;
• no capítulo 6: a União Soviética, a CEI e o retorno da Rússia ao cenário mundial, principais atividades econômicas da Rússia, o
recente conflito entre Rússia e Ucrânia, Turquia: território, população e principais atividades econômicas.

Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 149

impressionistas e as fotografias de moda contemporânea, com foco no principal ponto em comum, a intenção de retratar, além da indu-
mentária, a paisagem urbana.
Assim, o questionamento levantado é: de que forma as pinturas impressionistas e as fotografias de street style articulam metáforas vi-
suais no sentido de retratarem imagens da cidade?
As referências bibliográficas abordam o contexto da modernidade, história da arte e conceitos de urbanidade. A leitura de imagens
tem respaldo nos fundamentos da semiologia e, para a análise, foram selecionadas imagens célebres do movimento Impressionista e fo-
tografias do blog The Sartorialist.
GERMANOVIX, Vanessa. Impressionismo e fotografia de street style: metáfora visual e imagens da cidade. In SILVA, Jacicarla S.; BRANDINI, Laura T.
(Org.). Anais Eletrônicos do IX Colóquio de Estudos Literários, Londrina, p. 591-592, set. 2015. Disponível em: <www.uel.br/eventos/estudosliterarios/pages/
arquivos/Vanessa%20Germanovix_texto%20completo.pdf>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 6 – MANUAL DO PROFESSOR 149


Orientações didáticas
Cidadania ativa
Além de promover novas ex-
periências, mobilizar o trabalho
em equipe e contribuir para a
Cidadania ativa
conscientização da comunidade
escolar sobre aspectos da se-
gurança alimentar e nutricio- Horta comunitária
nal, essa seção tem o objetivo Para garantir a segurança alimentar da população, muitas cidades do mundo todo vêm criando projetos
de discutir com os alunos a im- para cultivar hortas comunitárias e produzir alimentos saudáveis, sem o uso de agrotóxicos e fertilizantes
portância da produção agríco-
químicos. Esses alimentos são distribuídos gratuitamente aos moradores ou comercializados com preços
la comunitária para garantir o
reduzidos. Conheça a experiência da cidade de Todmorden, no norte da Inglaterra.
acesso da população local aos
recursos alimentares.
Uma cidade inteira na Inglaterra que pode ter comida de graça
Para auxiliar no desenvol-
vimento do projeto, utilize o Em Todmorden, a alimentação saudável é mais do que barata, ela pode ser gratuita. Mas isso
“Manual para escolas: a escola nem sempre foi assim.
promovendo hábitos alimentares Localizada na região de West Yorkshire, Inglaterra, a cidade é exemplo de como a iniciativa de
saudáveis”, desenvolvido pelo um pequeno grupo de pessoas pode transformar completamente a vida de toda uma comunidade.
Ministério da Saúde. Disponível Essa mudança começa com duas mulheres que souberam transformar um sonho em realidade:
em: <http://bvsms.saude.gov. Pamela Warhurst e Mary Clear.
br/bvs/publicacoes/horta.pdf>. Pamela, ou Pam, participava de uma conferência sobre as mudanças climáticas em 2007 quando
Acesso em: out. 2018. Ele des- o palestrante, o professor Tim Lang, sugeriu que a humanidade deveria começar a plantar mais comi-
creve as etapas de preparação
da pelo bem do planeta. A ideia criou raízes na cabeça de Pam, que passou a refletir sobre como culti-
de hortas em escola, bem como
os alimentos que poderão ser var mais alimentos poderia ser um gatilho para a
mudança social. A semente para a criação de uma
Richard Wareham Fotografie/Alamy/Fotoarena

cultivados e os benefícios tra-


zidos para a comunidade local. cidade comestível foi a primeira a ser plantada. […]
Sobre o tema horta comu- Hoje quem caminha pela cidade encontra um
nitária, sugerimos a leitura da cenário completamente transformado. Há planta-
monografia “A sustentabilidade ções comunitárias em centros de saúde com apoio
através da horta escolar: um es- de médicos e enfermeiros. Há jardins comestíveis
tudo de caso”, cujo resumo está na área da estação policial. Até mesmo residências
reproduzido a seguir. sociais convidaram o grupo para plantar em seus
terrenos, trazendo benefícios aos inquilinos. As
escolas também ganharam suas próprias hortas,
além de aulas de educação ambiental. Tudo isso
contando apenas com o trabalho de voluntários.
Para chegar a esse ponto, o projeto se baseia no
que são chamados três pratos. O prato da comuni-
dade busca unir e empoderar a população ao fazer
com que as pessoas se sintam parte dos espaços pú-
blicos. O prato da aprendizagem tem como objetivo
educar os cidadãos sobre a alimentação e desenvolver
habilidades culinárias. Por último, o prato dos negó-
cios é focado em fortalecer a economia local. […]
DUTRA, Mari. Uma cidade inteira na Inglaterra que pode ser comida
de graça. Hypeness. Disponível em: <www.hypeness.com.br/2017/10/
uma-cidade-inteira-na-inglaterra-que-pode-ser-comida-de-graca/>.
Acesso em: out. 2018.

Horta comunitária em área residencial de


Todmorten, na Inglaterra, em 2017.

150 Unidade 2 ¥ Europa: o velho mundo se renova

Texto complementar
A sustentabilidade através da horta escolar: um estudo de caso
A presente monografia relata as atividades desenvolvidas em uma escola pública da rede estadual de ensino sediada na cidade de
Santa Rita, PB. O estudo foi desenvolvido com alunos do ensino fundamental e médio em dois momentos, o primeiro ao longo do ano
de 2012 e o segundo entre o fim de 2012 e final de 2013. O primeiro momento incluiu a realização de um estudo piloto e o segundo a
culminação das atividades desenvolvidas através de uma exposição científico-cultural. Metodologicamente o estudo está baseado na
pesquisa etnográfica e estudo de caso. O projeto objetivou a reflexão sobre práticas educativas que permitissem a sensibilização ecoló-

150 UNIDADE 2 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es did‡ticas
Mãos à obra Na fase de realização do
projeto, durante a etapa 3, os
alunos vão utilizar diferentes
Nesse projeto, a proposta é mobilizar alunos, professores, coordenadores, diretores e demais funcionários
ferramentas. Oriente-os sobre
da escola com o objetivo de criar um espaço para o cultivo de alimentos. A horta comunitária poderá ser na os cuidados que precisam to-
própria escola ou em locais próximos, como praças, parques e canteiros de rua. mar e o manuseio correto das
ferramentas, como a postura
Etapa 1 correta, manter a distância dos
Com a supervisão dos professores, da coordenadoria ou da diretoria da escola, busquem um local ocioso colegas, não brincar com as fer-
e apropriado para ser transformado em uma horta comunitária. Quanto maior for o espaço, mais alimentos ramentas. Peça que realizem a
poderão ser cultivados. Além disso, é importante estarem atentos às condições físicas do local. É fundamen- atividade com atenção para evi-
tal que haja: tar acidentes.
• incidência direta de raios solares; • solo adubado; Essa seção explora a ha-
bilidade EF09GE13, a CG10,
• disponibilidade de água; • circulação de ar. a CECH3, a CEG7 e a TC Edu-
cação ambiental.
Etapa 2
Após a escolha do local, é necessário fazer o planejamento da horta comunitária. Com o auxílio do pro- Para aferir os conheci-
fessor, organizem-se em grupos. Caberá a cada grupo escolher um tipo de alimento e se responsabilizar mentos dos alunos duran-
te o estudo desta unidade,
pelos cuidados do cultivo durante os próximos meses. É necessário buscar alimentos locais, adaptados às
apresente a Proposta de
condições climáticas da região. Cada grupo deverá pesquisar os cuidados necessários para o desenvolvimen- acompanhamento de apren-
to adequado do alimento. dizagem, disponível no ma-
terial digital.
Etapa 3
Esta etapa envolve os preparativos para o início do cultivo, a começar pela limpeza do terreno para
deixá-lo pronto para a semeadura. Cada grupo deverá ser responsável por retirar o mato e capinar a terra de
uma parte do canteiro. As sementes e as mudas poderão ser adquiridas em feiras livres próximas à escola ou
em outras hortas comunitárias, assim como as ferramentas necessárias para o cultivo. Vejam quais são as
ferramentas de que vocês vão precisar para o trabalho na horta:
• Enxada: para capinar o solo, fazer covas e retirar o mato.
• Pá estreita: para afofar a terra e ajudar na colheita.
• Rastelo: para varrer folhas secas e ervas daninhas da horta.
• Pá cortadeira: para facilitar o processo de mistura da terra.
• Luvas: para proteger as mãos e evitar ferimentos.

Etapa 4
Com as sementes, as mudas e o terreno preparado, é hora de iniciar a semeadura. Cada grupo deverá
fazer pequenas covas no canteiro a fim de plantar as sementes e as mudas do alimento escolhido. Os grupos
devem organizar com o professor o tempo que será destinado para cuidar dos cultivos nos próximos meses.
Lembrem-se de que é necessário adubar o solo constantemente para que a horta tenha sucesso. Restos de
frutas e verduras do lixo doméstico, por exemplo, são uma importante fonte de nutrientes para os solos.

Etapa 5
Os alimentos plantados poderão ser distribuídos a todos da comunidade escolar. Pode haver uma re-
orientação das medidas ao longo do desenvolvimento da horta em caso de necessidade. Isso deve ser
discutido entre alunos, professores e funcionários da escola. Aproveitem o momento para discutir a im-
portância da produção agrícola comunitária como forma de garantir o acesso da população local aos re-
cursos alimentares.
Rússia e Turquia: a transição euro-asiática • Capítulo 6 151

gica, ambiental e alimentar, possibilitando uma análise crítica-reflexiva através da elaboração e manutenção de uma horta sustentável.
Esta associação entre a teoria e a prática permitiu que o ensino de ciências e biologia fosse mais prazeroso e significativo. Em suma,
estas referidas atividades buscaram promover um espaço vivencial e interativo nos níveis social e ambiental que desencadeassem nos
educandos habilidades e competências voltadas para a conservação do meio ambiente e sua sustentabilidade.
SANTOS, Odilani Sousa dos. A sustentabilidade através da horta escolar: um estudo de caso.
Monografia (Licenciatura em Ciências Biológicas) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2014.
Disponível em: <www.ccen.ufpb.br/cccb/contents/monografias/2014.2/
a-sustentabilidade-atraves-da-horta-escolar-um-estudo-de-caso.pdf>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 6 – MANUAL DO PROFESSOR 151


Objetivos da unidade
• Reconhecer as caracterís-
ticas físicas e naturais do
continente asiático, asso-

3
Ásia: novo polo
ciando-as à ocupação hu-
mana e identificando suas Unidade
potencialidades econômi-
cas e socioambientais.
• Analisar um grupo de países
que se destaca na economia
e geopolítica asiáticas, no
da economia
contexto regional e mundial:
China, Japão, Tigres Asiáti-
cos, Índia, Paquistão e Irã.

Aproveite a oportunidade
para consultar o Plano de de-
senvolvimento do bimestre,
disponível no material digital.
CAPÍTULOS
Habilidades da BNCC
trabalhadas nesta 7 Quadro físico e
recursos naturais
unidade da Ásia
EF09GE02 Analisar a atuação
8 China, Japão e
das corporações internacio- Tigres Asiáticos
nais e das organizações eco-
nômicas mundiais na vida da 9 Índia, Paquistão
e Irã
população em relação ao con-
sumo, à cultura e à mobilidade.
EF09GE04 Relacionar di-
ferenças de paisagens aos
modos de viver de diferen-
tes povos na Europa, Ásia e
Oceania, valorizando identi-
dades e interculturalidades
regionais.
EF09GE08 Analisar trans-
formações territoriais, con-
siderando o movimento de
fronteiras, tensões, conflitos
e múltiplas regionalidades na
Europa, na Ásia e na Oceania.
EF09GE09 Analisar caracte-
rísticas de países e grupos de
países europeus, asiáticos e
da Oceania em seus aspectos
populacionais, urbanos, polí-
ticos e econômicos, e discutir
suas desigualdades sociais
e econômicas e pressões
sobre seus ambientes físi-
Xangai (China), 2018.
co-naturais.
EF09GE10 Analisar os im-
152
pactos do processo de in-
dustrialização na produção
e circulação de produtos e
culturas na Europa, na Ásia
e na Oceania. EF09GE16 Identificar e comparar diferentes domínios morfocli-
EF09GE15 Comparar e clas- máticos da Europa, da Ásia e da Oceania.
sificar diferentes regiões do EF09GE17 Explicar as características físico-naturais e a forma
mundo com base em infor- de ocupação e usos da terra em diferentes regiões da Europa,
mações populacionais, eco- da Ásia e da Oceania.
nômicas e socioambientais
representadas em mapas
temáticos e com diferentes
projeções cartográficas.

152 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Atividade complementar
Para muitos analistas contemporâneos, os países asiáticos devem ser o principal mo- • Oriente os alunos a formar
tor das atividades econômicas no século XXI. Para entender o porquê, você vai explo- cinco grupos. Cada grupo
rar o relevo, os rios, os minerais e os recursos energéticos, importante fonte de co- vai pesquisar, em jornais,
mércio internacional. Em seguida, vai conhecer os motivos que levaram a China a uma revistas ou na internet, uma
notícia recente sobre países
posição de destaque no mundo atual e entender como o Japão se tornou um país que
do continente asiático, con-
influencia seus vizinhos, formando a primeira geração de Tigres Asiáticos. Para fechar, forme orientações a seguir:
vai saber mais sobre a Índia, um país que emerge como potência no século XXI em Grupo 1: notícia relacionada
razão de seus atributos geográficos e militares, além de conhecer o Paquistão e o Irã, à economia, como crise ou
que também se destacam em alguns aspectos no cenário internacional. crescimento de um país ou de
Yibo Wang/Shutterstock uma região, acordos comer-
ciais, blocos econômicos, etc.
Grupo 2: notícia relacionada
à política, como o resultado
de uma eleição presidencial,
a assinatura de algum acor-
do entre países, etc.
Grupo 3: notícia relacionada
à cultura, como uma festa
típica, produção cinemato-
gráfica, etc.
Grupo 4: notícia relaciona-
da a aspectos físicos, como
clima, vegetação, relevo ou
hidrografia.
Grupo 5: notícia relacionada
ao ambiente, como desmata-
mento ou reflorestamento de
áreas, poluição ou despoluição
de rios, lagos e oceanos, etc.
Marque um dia para a apre-
sentação dos resultados.
Promova um momento de
socialização, ressaltando
aspectos da geografia asiá-
tica que serão aprofundados
ao longo da unidade. Após o
fim do capítulo 9, você pode
sugerir aos alunos que reto-
mem o conteúdo das notícias
obtidas aqui e façam nova
apresentação incluindo as
descobertas que fizeram ao
longo do estudo da unidade,
para que percebam o percur-
so de aprendizagem.
Atividades Atividades
1. Quais são os elementos antigos e os elementos contemporâneos presentes na 1. Espera-se que os alunos as-
paisagem retratada? Podemos associá-los a referências culturais do Ocidente e sociem elementos antigos e
do Oriente? Explique. contemporâneos e identifi-
quem traços da arquitetura
2. O que você sabe sobre a China? Converse com seus colegas sobre a população do chinesa nas formas, cores
país e o destaque da economia chinesa no mundo atual. e nos detalhes das constru-
ções orientais em contraste
153 com as linhas retas dos pré-
dios de arquitetura ocidental
contemporânea. Se neces-
sário, ajude os alunos a es-
tabelecer tais relações.
BNCC nesta unidade 2. Resposta pessoal. Explore
os conhecimentos prévios
Competências gerais Temas contemporâneos dos alunos a respeito da
1 2 3 5 6 7 9 10 • Educação ambiental China. Incentive-os a citar
Competências específicas de Ciências Humanas aspectos econômicos, de-
• Educação em direitos humanos
mográficos e socioculturais
1 2 3 4 5 6 7 • Ciência e tecnologia desse país. Não é necessá-
Competências específicas de Geografia rio aprofundar o assunto,
1 2 3 4 5 6 7 pois ele será desenvolvido
ao longo da unidade.

UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR 153


Objetivos do capítulo Cap’tulo

7
• Reconhecer e estabelecer
relações entre os aspectos
físicos e naturais do conti-
nente asiático, bem como
Quadro físico e recursos
sua relação com a organi-
zação da vida em sociedade.
naturais da Ásia
• Identificar e problematizar
formas de preservação da
biodiversidade no continen-
te asiático. Para iniciar

BNCC neste capítulo Neste capítulo você vai conhecer características do quadro físico do continen-
Habilidades te asiático. Inicialmente, vai explorar aspectos do relevo, da hidrografia e dos re-
cursos naturais. Depois, conhecerá como é a distribuição dos tipos climáticos e a
EF09GE15
dinâmica das monções, que regula a pluviosidade, principalmente na Índia. Por fim,
EF09GE16 estudará a vegetação e a conservação ambiental nos países asiáticos.
EF09GE17 Veja a obra de Utagawa Hiroshige (1797-1858).
Competências gerais
Reprodução/Museu de Belas Artes de Boston, EUA.

1 3 5 6 10
Competências específi-
cas de Ciências Humanas
2 3 5 6 7
Competências
específicas de
Geografia
1 3 4 5 7
Temas contemporâneos
• Educação ambiental
• Ciência e tecnologia

Orientações didáticas
Para iniciar
Caso a turma tenha feito a ati-
vidade complementar proposta
na abertura da unidade (página
153), pode-se sugerir ao grupo 4
que apresente novamente a
notícia relacionada a aspectos
físicos do continente asiático.
Caso a atividade não tenha si-
do feita, retome o que os alunos
lembram a respeito do vulcanis- Hara: Mount Fuji in the Morning (Monte Fuji pela manh‹, em português), de Utagawa Hiroshige,
mo, explorando os elementos 1834 (gravura sobre madeira; tinta sobre papel de 22 cm x 34,7 cm). A obra representa a paisagem
da gravura do artista japonês japonesa, com campos de arroz e trabalhadores à frente e, ao fundo, o monte Fuji.
Utagawa Hiroshige com pergun- • Além do monte Fuji – um vulcão ativo, que também é o ponto mais alto do Japão e constitui um dos
símbolos mais conhecidos do país – incentive os alunos a apresentar outros elementos naturais de lá
tas como: quais são as vanta- que conheçam: montanhas, desertos, rios, fatores climáticos, vegetação, entre outros. Você pode
gens e os riscos de viver próximo Atividade pedir a eles que tragam imagens ou façam desenhos.
a um vulcão ativo? (Vantagens:
solos férteis, turismo; riscos: ¥ O artista representou uma vista do monte Fuji, no Japão. O que você conhece sobre
erupções mais intensas, que esse país?
podem provocar a destruição
154 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia
de plantações e construções e
a morte de pessoas e animais.).
Possibilita-se, assim, desenvol-
ver parcialmente a habilidade
EF09GE17 e a CG3.

154 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
1 Relevo, hidrografia, recursos minerais e Para retomar conceitos de
Geologia (tectonismo e formação
energéticos dos continentes, dobramentos),
sugerimos que os alunos aces-
No continente asiático sem o Atlas Escolar on-line do
Figura 1. Ásia: relevo e principais rios
estão as montanhas mais IBGE. Disponível em: <https://

Catherine Abud/Arquivo da editora


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altas do mundo, como o OT atlasescolar.ibge.gov.br/a-ter

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Acesso em: nov. 2018. Esse atlas
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de placas torna essa área


Pico OCEANIA
90° L

vulnerável à ocorrência de Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro, 2016. p. 46.
frequentes abalos sísmicos (tremores de terra).

Sampers Erik/Hemis.fr/Agência France-Presse


No Himalaia, o K2, a segunda maior mon-
tanha do mundo, com cerca de 8 671 m acima
do nível médio do mar, é considerado o mon-
te mais difícil da Terra para escalada. Até 2014,
apenas cerca de 300 pessoas haviam chegado
ao seu cume, entre elas um brasileiro.
Na região do continente onde se estende
o deserto de Gobi (figura 2), entre o norte da
China e o sul da Mongólia, predominam alti-
tudes com mais de 1 000 m. Outra área de-
sértica está a oeste, na península Arábica, com
altitudes mais baixas que as verificadas no
deserto de Gobi.
A maior depressão da Terra também está na
Ásia: o mar Morto, com 392 m abaixo do nível Figura 2. Vista do deserto de Gobi em Gansu (China), durante o
médio do mar. Ele fica entre Israel e Jordânia. inverno, 2015.

Quadro físico e recursos naturais da Ásia • Capítulo 7 155

CAPÍTULO 7 – MANUAL DO PROFESSOR 155


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Como os alunos viram na pá-
gina anterior, o K2, no Himalaia, O brasileiro que conquistou o K2
é a segunda maior montanha
Apenas um brasileiro chegou ao cume do K2: Waldemar Niclevicz (1966-), um
do mundo, com cerca de 8 671 Alpinista
m. Entre as cerca de 300 pes- paranaense de Foz do Iguaçu, em julho de 2000. Leia como ele se tornou
Esportista que pratica
soas que até 2014 fizeram a um alpinista. escalada de altas
escalada da montanha mais Embora eu tenha nascido em Foz do Iguaçu, bem longe das monta- montanhas (de pelo
menos 2 500 metros de
perigosa da Terra está o bra- nhas, acabei me tornando um alpinista de uma maneira natural. Até os
altitude), na qual se
sileiro da Waldemar Niclevicz. meus doze anos vivia com os pés no chão, subia em árvores, brincava na necessita de
Comente que o K2 também barranca dos rios e sempre estava no meio do mato […]. treinamento,
acompanhamento e
é conhecido como a montanha Mudamos então para Curitiba, eu perdi a minha floresta, os meus
equipamento
da morte, porque, de cada qua- rios, mas logo descobri um novo paraíso, a serra do Mar do Paraná. Co- apropriados.
tro alpinistas que embarcam mecei a caminhar, a acampar e, aos poucos, ter as primeiras noções do
na aventura de escalada até Espeleologia
que é o montanhismo.
o topo, um morre tentando al- Ciência que estuda a
Com 18 anos eu me mudei para a região de Itatiaia [que fica na divi- dinâmica das cavidades
cançá-lo. Nevascas intensas,
sa entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais], onde morei por três naturais, as cavernas e
avalanches imprevisíveis, pa- as grutas. Não se
anos. Foi lá que vim a aprender a usar o equipamento técnico, como
redões gigantescos e instabi- resume a simples
lidade climática são algumas cordas e mosquetões. exploração das
das adversidades enfrentadas Nesta mesma época, 1985, eu realizei minha primeira grande aven- cavidades; busca
analisar sua formação e
pelos montanhistas. tura: uma viagem através da Bolívia e Peru, com o desejo de fazer o Ca-
evolução e as formas
Após a leitura do texto, co- minho Inca a Machu Picchu. Foi uma viagem decisiva para a minha vida, de vida originais.
mente com os alunos as dificul- respirei pela primeira vez o ar rarefeito das altas montanhas, pisei pela
dades que Niclevicz enfrentou primeira vez na neve, apaixonei-me pela cultura e pelo povo andino.
antes de se tornar alpinista pro- Não parei mais de viajar! Mas para viver viajando era preciso dinheiro, assim comecei a traba-
fissional. Destaque sua perse- lhar numa pequena fábrica de mochilas em Curitiba e, nos fins de semana, guiava grupos de tu-
verança na realização de seu ristas para as montanhas e para as cavernas. Nessa época, 1987, já havia feito cursos de Alpinismo
sonho e na efetivação de um e de Espeleologia, e estava prestes a me formar em Turismo pela Universidade Federal do Paraná.
estilo de vida, contemplando,
Meu trabalho não me dava muito dinheiro, mas sim entusiasmo suficiente para juntar um
assim, a CG6.
pouco mais do que cem dólares e viajar por um mês pela Cordilheira dos Andes [...]. E foi assim,
Atividades dormindo em banco de praças, viajando de ônibus ou de carona, sempre com uma mochila bem
1. Waldemar Niclevicz tornou- pesada nas costas, que fui buscando as montanhas e me tornando um alpinista.
-se alpinista de maneira Atualmente, com muito orgulho,
Abele Blanc/www.niclevicz.com.br

natural. Passou por dife-


considero-me um alpinista profissio-
rentes experiências em sua
nal, pois consigo realizar belos e im-
vida até se profissionalizar
nesse tipo de esporte. portantes projetos em várias monta-
2. Até os doze anos de ida- nhas ao redor do mundo.
NICLEVICZ, Waldemar. Disponível em:
de viveu em Foz do Iguaçu <www.niclevicz.com.br/waldemar/
(PR). Brincava nas barran- nasci-em-foz-do-iguacu/>.
Acesso em: out. 2018.
cas dos rios e subia em ár-
vores. Quando se mudou Waldemar Niclevicz, no cume do monte K2,
para Curitiba, capital do no Himalaia, em julho de 2000.
estado, passou a caminhar,
acampar e aprender um Atividades
pouco sobre montanhis- 1. De que maneira Waldemar Niclevicz se tornou alpinista?
mo na Serra do Mar do Pa-
2. Identifique as etapas que ele seguiu até conquistar as montanhas mais altas do mundo.
raná. Com 18 anos, ao se
mudar para a região de Ita- 3. Mesmo envolvido em aventuras pelo mundo, ele concluiu o Ensino Superior em Turismo. Estabeleça uma
tiaia (RJ/MG/SP), adquiriu relação entre essa área e a atividade que ele desenvolve atualmente.
conhecimentos sobre a uti-
lização de equipamento 156 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia
técnico do montanhismo
(como cordas e mosque-
tões) e realizou sua primei-
ra grande viagem, quando
fez cursos de alpinismo e espeleologia, e se formou em Turis- de conhecimento técnico em razão dos riscos associados a
sentiu, pela primeira vez,
mo. Dessa forma, com bastante vontade, conseguiu buscar eles, o que valoriza a atuação do profissional do turismo na
o ar rarefeito e a neve, nos
as montanhas e tornar-se alpinista profissional. orientação de pessoas que desejam realizar tais atividades.
Andes. A partir de então fez
muitas viagens. Para con- 3. Discuta com os alunos que existem diferentes tipos de turis-
tinuar a viajar, trabalhou mo, por exemplo, o de aventura, no qual o turista experimen-
em uma pequena fábrica ta desafios em áreas naturais, com segurança. O alpinismo,
e foi guia de turismo com assim como caminhadas na mata, rapel, rafting, entre tan-
o objetivo de obter recur- tos outros, constitui uma prática do turismo de aventura.
sos financeiros. Também Vale lembrar que a realização desses esportes requer gran-

156 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Hidrografia Estimule os alunos a asso-
ciar as inundações provoca-
Na Ásia encontram-se rios de grande importância em vários aspectos. A seguir, das pelos rios asiáticos com
conheça mais sobre alguns deles. as inundações que ocorrem em
diversas cidades e regiões do
Rio Azul e rio Amarelo Brasil, sobretudo durante o ve-

Lin mu/Imaginechina/Agência France-Presse


Na China estão importantes rios; alguns usados rão. Explore a percepção deles
para gerar energia elétrica, outros para abasteci- em relação a esse problema,
que afeta a vida de milhares
mento humano e uso industrial de suas águas. O
de pessoas anualmente, bem
maior rio chinês é o Yang-tsé (também chamado como sobre a responsabilidade
de rio Azul), o terceiro maior rio do mundo, com do poder público em resolvê-lo.
cerca de 6 300 km de extensão. Ele é usado para Esse conteúdo possibilita o de-
transporte e abriga a maior hidrelétrica do mundo: senvolvimento da habilidade
Três Gargantas (figura 3). EF09GE17 e da CEG1.
O segundo maior rio da China é o Huang-ho,
ou rio Amarelo, com 5 464 km de extensão (figura
4), que fica ao norte do rio Azul (reveja a figura 1).
Estudos arqueológicos apontam que foi em suas
margens que surgiu a civilização chinesa. Atualmen-
te, ele é usado para transporte e abastecimento Figura 3. Vista da hidrelétrica de Três Gargantas, no rio Azul
(China), 2018.
humano, agrícola e industrial.

Wang Peng/Xinhua/Agência France-Presse


Esses dois rios chineses têm características co-
muns: nascem em elevadas altitudes e correm para
uma planície. Como resultado, no verão, época de
maior degelo no planalto do Tibete, esta região re-
cebe mais água, que, somada às chuvas das monções
(as quais serão estudadas a seguir), gera problemas
de inundação (figura 5). Por isso o governo chinês
adotou medidas para evitar prejuízos, como a criação
de uma lei de controle de cheias que estabelece
critérios para a ocupação das margens dos rios.

Figura 5. População se desloca por


meio de barcos após inundação em
Jiujiang (China), em 2016. Figura 4. Vista aérea do rio Amarelo, em Wuzheng (China), 2018.
Hu guolin/Imaginechina/
Agência France-Presse

157

CAPÍTULO 7 – MANUAL DO PROFESSOR 157


Orientações didáticas
Olhar cidadão Olhar cidadão
Estimule os alunos a relatar
se conhecem alguma localidade China proíbe turismo nas fontes do rio Amarelo
que tenha sido prejudicada pe-
la atividade turística. Comente As autoridades da China anunciaram que vão proibir a entrada de turistas na reserva na-
que, no Brasil, há unidades de tural onde se encontra a nascente do rio Amarelo, o segundo mais longo da Ásia, devido aos
conservação em que a visita- problemas ambientais que está causando o crescente número de turistas […].
ção pública é proibida. Se julgar A reserva de 19 100 quilômetros quadrados na comarca tibetana de Madoi (província oci-
pertinente, compartilhe o tex- dental de Qinghai) foi afetada por atividades humanas que “prejudicaram o frágil ecossistema
to complementar abaixo com do planalto”, incomodando a vida selvagem e pondo em perigo outros turistas, afirmou o sub-
a turma, que trata de políticas diretor da região protegida, Gan Xuebin.
públicas brasileiras voltadas à A melhoria das comunicações na região, até tempos recentes muito remotos, gerou um
proteção ambiental.
grande aumento do turismo na fonte de um dos rios mais importantes da China, berço da sua
civilização e em cuja bacia vivem cerca de 140 milhões de pessoas.
O Amarelo, com 5 400 quilômetros de extensão, nasce como outros grandes rios da Ásia
(Yang-tsé, Mekong, Bramaputra) no planalto tibetano, um frágil ecossistema afetado pela mu-
dança climática e outras consequências da atividade humana.
CHINA proíbe turismo nas fontes do rio Amarelo. G1, 28 maio 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/
china-proibe-turismo-nas-fontes-do-rio-amarelo.ghtml>. Acesso em: out. 2018.

Gina Corrigan/Robert Harding Heritage/Agência France-Presse


Rio Amarelo, na província de Qinghai, (China), 2015. 2. Resposta pessoal. O turismo pode impactar negativamente o meio
ambiente e a cultura das comunidades. Poluição e aumento da
especulação imobiliária são exemplos dos malefícios do chamado turismo predatório. Em contrapartida,
Atividades quando bem planejadas, as atividades turísticas podem aquecer as economias locais e ajudar na difusão do
conhecimento sobre os aspectos culturais e naturais das regiões.
1. De acordo com o texto, o que causou o aumento do turismo na região da nascente do rio Amarelo?
1. A melhoria dos serviços de comunicação.
2. Discuta com seus colegas como as atividades turísticas podem prejudicar ou ajudar uma localidade.

158 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia

Texto complementar
O que é uma Reserva Biológica
A Reserva Biológica (REBIO) é uma área natural instituída pelo poder público com o objetivo de preservação integral de todos os
seres vivos daquele ambiente (biota) e demais atributos naturais, onde não é permitida interferência humana direta ou modificações
ambientais. Essa categoria de Unidade de Conservação, assim como a Estação Ecológica, figura entre as mais restritivas às atividades
dos seres humanos.
A visitação pública é proibida exceto quando houver objetivo educacional. Pesquisas científicas precisam de autorização prévia e es-
tão sujeitas ao plano de manejo de cada REBIO e às restrições do órgão responsável por administrá-la. Intervenções podem ocorrer
para manejo, recuperação de ecossistemas alterados e preservação da biodiversidade.

158 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Rio Indo e rio Ganges Providencie um mapa político
O rio Indo, diferentemente dos rios Azul e Amarelo, é um rio transfronteiriço, da Ásia. Oriente os alunos a reto-
ou seja, passa por mais de um país: nasce na China, corre pela Índia, na região da mar o mapa da página 155 (figu-
ra 1) e compará-lo com o mapa
Caxemira, e chega ao Paquistão, onde deságua no mar Arábico (reveja a figura 1).
político da Ásia para que loca-
Em seu percurso, de 3 200 km, a água é usada para a agricultura e o abastecimen- lizem os rios transfronteiriços
to humano (figura 6). Nos últimos anos Indo, Ganges, Tigre e Eufrates.

Sirio Carnevalino/Alamy/Fotoarena
têm ocorrido enchentes vigorosas de- Peça aos alunos que localizem
vido à intensificação das precipitações no mapa político o curso apro-
no período chuvoso. ximado desses rios (que pode
O rio Ganges nasce na Índia e che- ser obtido no mapa físico). Em
ga até Bangladesh, o que também o seguida, levante as possíveis
divergências e dificuldades que
classifica como um rio transfronteiri-
podem surgir em consequência
ço. Em seus 2 500 km de extensão,
do estabelecimento de limites
corre um grande volume de água, que político-territoriais (limites dos
é usado para irrigação e abastecimen- países), que não necessaria-
to humano. mente coincidem com a localiza-
Em 2010, uma série de manifesta- ção e delimitação de fenômenos
ções fez com que o projeto de cons- naturais (nesse caso, os rios).
trução de uma hidrelétrica no rio Gan- Uso excessivo de águas do país
ges fosse cancelado. A mobilização a montante, poluição e outras
formas de degradação, limitação
contra a obra tinha um motivo impor- Figura 6. Vale do rio Indo, na fronteira entre Paquistão e China, em 2015.
à circulação de embarcações,
tante: ela barraria as águas do rio,
entre outras questões, podem

Amar Deep/Pacific Press/LightRocket/Getty Images


considerado sagrado pelos hindus, ser apontadas como complica-
violando seu ciclo natural. Para os hin- dores para a gestão comum das
dus, o rio Ganges tem um significado águas dos rios transfronteiriços.
especial, já que muitas atividades re-
ligiosas são realizadas às suas margens
e também em seu leito (figura 7). Um
dos problemas atuais do Ganges é sua
poluição elevada, que pode compro-
meter o uso pelos religiosos que nele
se banham.

Figura 7. Pessoas banham-se


no rio Ganges, em Allahabad
(Índia), 2016.

Rio Tigre e rio Eufrates


Entre os rios Tigre e Eufrates desenvolveram-se as primeiras civilizações
humanas. A ocupação de suas margens é muito antiga: nelas se formaram alguns
dos primeiros núcleos urbanos. Registros arqueológicos mostram que povos do
passado construíram um sistema de controle de cheias do Tigre e do Eufrates,
o que possibilitou a agricultura.
O rio Tigre tem 1 900 km de extensão, nasce na Turquia e passa pela Síria,
Iraque e Irã. A maior cidade às suas margens é Bagdá, capital do Iraque. Ele é
fundamental para o abastecimento hídrico, já que atravessa uma área com baixa
pluviosidade. O rio Eufrates é mais extenso: tem 2 780 km de comprimento.
Ele também começa na Turquia e segue pela Síria e pelo Iraque.
Quadro físico e recursos naturais da Ásia • Capítulo 7 159

As reservas biológicas foram criadas pelo artigo 5o Lei de Proteção aos Animais (Lei 5 197/1967), porém com a instituição do SNUC,
o artigo foi revogado e substituído pelo art. 10o da Lei 9 985/2000 (Lei do SNUC).
A criação de uma reserva biológica ocorre por ato do poder público, que deve ser precedido de estudo técnico [...]. As REBIOS federais
são administradas pelo ICMBio. Na esfera estadual e municipal, a administração fica a cargo dos respectivos órgãos ambientais. Como
são áreas de domínio público, propriedades particulares porventura dentro dos seus limites devem ser desapropriadas.
Até abril de 2015, o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) informa que existem 59 reservas biológicas no país: 30
na esfera federal, 23 na esfera estadual e 6 na municipal. Exemplos de REBIO são: Reserva Biológica Bom Jesus, Reserva Biológica Poço
das Antas, Reserva Biológica Estadual Banhado do Maçarico, Reserva Biológica das Perobas e a Reserva Biológica Estadual do Sassafrás.
O que é uma reserva biológica. O Eco, 18 maio 2015.
Disponível em: <www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/29129-o-que-e-uma-reserva-biologica>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 7 – MANUAL DO PROFESSOR 159


Orientaç›es didáticas
Para estimular a leitura do Recursos minerais e energéticos
mapa e a percepção dos alu-
nos acerca da diversidade de Na Ásia há muitas reservas minerais, tanto para uso energético quanto para
recursos minerais e sua impor- outros fins. No primeiro caso, as reservas de carvão da China são fundamentais
tância na Ásia, pode-se solicitar para garantir o suprimento de energia que movimenta as indús-

Haidar Mohammed Ali/Agência France-Presse


que façam uma pesquisa sobre trias localizadas em seu território. Na Rússia, em sua porção
o uso e a aplicação dos mine- asiática, também se encontram importantes reservas de carvão
rais que constam na legenda mineral e de gás, que é exportado para muitos países europeus,
do mapa (figura 9). O propósi- como já foi visto.
to é motivar a turma a associar
Outro recurso natural importante para uso energético é o
esses recursos naturais ao seu
cotidiano e reconhecer a impor- petróleo, bastante presente na península Arábica (figura 8). No
tância deles para a economia comércio mundial desse produto, a Ásia tem grande importância.
dos países asiáticos. A leitura A Rússia e, principalmente, a região do Oriente Médio, com des-
do mapa temático desta página taque para a Arábia Saudita, o Iraque e o Irã, são os maiores ex-
explora, parcialmente, a habili- portadores do planeta.
dade EF09GE15. Verifica-se uma grande diversidade de minerais. Existem re-
servas de minério de ferro na Índia, importantes reservas de es-
tanho em Mianmar, e de manganês na China e na Índia, país que
também tem reservas de bauxita, estanho e cobre (figura 9).

Figura 8. Técnico verifica equipamento


em refinaria de petróleo, em Nassíria
(Iraque), 2015.

Figura 9. Ásia: recursos minerais e energéticos

Catherine Abud/Arquivo da editora


80° L

c o
rti
Á
l ar
Po
lo
cu
Cí r

EUR
EUROPA

r
ce
ân
C
de
ico
óp
Tr

Principais jazidas minerais


Carvão
Petróleo
OCEANO
Minério de ferro
PACÍFICO
Cobre
Tungstênio
Manganês ÁFRICA
Chumbo 0° N r
do
ua
Zinco Eq
OCEANO
Cromo O L
ÍNDICO
Bauxita
Níquel S
Estanho 0 900 1 800 km

Limites de país

Fonte: elaborado com base em BOCHICCHIO, Vincenzo R. Atlas mundo Atual. São Paulo: Atual, 2009. p. 69.

160 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia

160 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
2 Clima e oferta hídrica Durante a leitura do mapa,
chame a atenção dos alunos pa-
Por se tratar de um continente que se estende ra a grande diversidade climáti-
Figura 10. Ásia: clima ca da Ásia. É importante que eles
do equador ao círculo polar Ártico, verificam-se di-

Catherine Abud/Arquivo da editora


N
façam a leitura comparada com
ferentes tipos climáticos na Ásia (figura 10).
O L o mapa “Ásia: relevo e principais
O clima Equatorial está presente principalmente

o
ic
t
r Ár rios” da página 155 (figura 1),
ol a
na Indonésia, na Malásia e na Índia. Países como Índia, Cí r c u
lo P S
com destaque para a influên-
Malásia e Tailândia têm grande porção de seu territó- EUROPA
EUR
cia do fator relevo (cordilheira
rio em clima Tropical. Nesses países as chuvas são do Himalaia, principalmente)
abundantes. e da grande variação latitudi-
A maior parte do continente apresenta climas e nal. Os alunos podem também

r
nc

de comparar o mapa desta página
Frio e Temperado. No planalto do Tibete predomina Tró
pic
o

(figura 10) com um mapa de


o clima Frio de Altitude, com temperaturas baixas OCEANO
clima do Brasil, identificando
quase o ano todo (figura 11). PACÍFICO
semelhanças (climas Equato-
ÁFRICA
A Ásia também apresenta extensas regiões de 0° OCEANO do
r rial, Tropical, Semiárido e Sub-
ua
clima Desértico. O Oriente Médio encontra-se prati- ÍNDICO Eq
tropical) e diferenças (demais
camente inteiro em área de clima Desértico Quente. 0 985 1970 km
tipos de clima, não encontrados
Os Desertos Frios se localizam na Ásia Central e na 80° L
no Brasil). Após a comparação
região que abrange o norte da China e o sul da Mon- Fonte: elaborado com base em CALDINI,
Equatorial
Tropical
dos tipos climáticos, estimule a
Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. turma a refletir sobre como es-
gólia, onde fica o deserto de Gobi. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 170.
Subtropical
Temperado
Mediterrâneo
sas características climáticas
interferem na organização da
Li heng/Imaginechina/Agência France-Presse

Semiárido
Desértico Quente
Desértico Frio vida em sociedade dos povos
Frio
Frio de Altitude
que habitam essas regiões do
Polar globo, sobretudo nas atividades
agropecuárias. Dessa forma,
possibilita-se o desenvolvimen-
to das habilidades EF09GE16 e
Figura 11. Pessoa caminha EF09GE17 e da CEG3.
em meio a neve durante o
inverno em Lhasa (Tibete),
2015.

Pluviosidade e oferta hídrica Figura 12. Ásia: pluviosidade

Catherine Abud/Arquivo da editora


80° L N

As chuvas são frequentes na parcela Tropical e


o

O L
c

Equatorial do continente asiático. Mas existem áreas


rti

a
ol
oP
de pluviosidade muito baixa, que formam os desertos Círc
ul S

(figura 12). EUR


EUROPA

Na Ásia ocorre variação na pluviosidade ao longo OCEANO


PACÍFICO
do ano devido à diferença de temperatura entre o
oceano e o continente, que se manifesta principal- ce
r

n

mente na Índia. Leia a seção Fique por dentro. Tró
pic
o de

Precipitação média
anual (em mm)
2 000 ÁFRICA
1 000 r
500 0° OCEANO ua
do
250 ÍNDICO Eq
0

Fonte: elaborado com base em CALDINI,


0 985 1970 km
Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico
Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 171.

Quadro físico e recursos naturais da Ásia • Capítulo 7 161

CAPÍTULO 7 – MANUAL DO PROFESSOR 161


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Oriente os alunos a compa-
rar os meses do ano que corres- Monções na Índia
pondem ao verão e ao inverno
na Ásia e no Brasil: o inverno Durante o período chuvoso no continente asiático, ocorrem chuvas torrenciais, em especial na Índia.
ocorre de junho a setembro no Elas resultam da presença de ventos sazonais que trazem ora as massas de ar úmidas provenientes do
hemisfério sul e de dezembro oceano, fenômeno chamado de monção oceânica, ora as massas de ar secas, que têm origem no Himalaia,
a março no hemisfério norte, fenômeno chamado de monções continentais. As monções oceânicas chegam no verão indiano e as
enquanto o verão ocorre de de- continentais no inverno (veja os mapas).
zembro a março no hemisfério Na época das monções de verão, é comum haver enchentes, que causam dificuldades para a popu-
sul e de junho a setembro no lação do país (veja a foto a seguir). Por sua vez, na predominância das monções de inverno, a seca (ob-
hemisfério norte. serve o climograma) pode trazer problemas de abastecimento de água tanto para a agricultura quanto
Para ampliar sua leitura so- para o consumo humano.
bre o fenômeno das monções,
1. A imagem retrata a
sugerimos buscar o conceito Índia: ventos de monções monção oceânica
da Física chamado calor espe- que, durante o verão,
Catherine Abud/Arquivo da editora

80° L N 80° L
Verão Inverno traz massas de ar
cífico das substâncias (leia o AFEGANISTÃO O L AFEGANISTÃO úmidas do oceano e
texto complementar abaixo). CHINA gera alagamentos
Nesse caso, o calor específico S CHINA frequentes na Índia.
PAQUISTÃO NEP PAQUISTÃO 2. De acordo com o
está relacionado com o tempo IRÃ BUTÃO IRÃ NEP BUTÃO
AL AL climograma, é mais
necessário para o aquecimento Trópico BANGLADESH Trópico BANGLADESH
provável ocorrerem
e o resfriamento da água (ocea- de Câncer de Câncer inundações como a
ÍNDIA MIANMAR ÍNDIA MIANMAR retratada na imagem
no Índico) e da terra (continente Alta entre os meses de junho
Baixa
asiático), que originam os flu- Mar pressão Ventos pressão e setembro.
Golfo de
Arábico
Bengala secos Ventos
xos dos ventos responsáveis secos N
Mar
pelas monções de verão (chu- Ventos Arábico Golfo de
úmidos Ventos Bengala O L
vosas) e de inverno (secas). A úmidos
Fonte: elaborado com base
seção favorece o desenvolvi- SRI LANKA OCEANO Baixa SRI LANKA S em CALDINI, Vera; ÍSOLA,
OCEANO Alta pressão Leda. Atlas geográfico
mento da habilidade EF09GE16 ÍNDICO pressão 0 440 880 km ÍNDICO 0 440 880 km
Saraiva. São Paulo: Saraiva,
e da CECH5. 2013. p. 171.
Prabhat Kumar Verma/ZUMA Wire/Alamy Live News/Fotoarena

Mumbai (Índia)

Banco de imagens/Arquivo da editora


Precipitação Temperatura
(mm) (¡C)
900 45

800 40

700 35

600 30

500 25

400 20

300 15

200 10
Monções causam enchente em Allahabad (Índia), 2018. 100 5

Fonte: CLIMATE Data. Mumbai. Disponível em: 0 0


J F M A M J J A S O N D
<https://pt.climate-data.org/asia/india/maharashtra/
Meses
Atividades mumbai-29/>. Acesso em: out. 2018.

1. Observe a foto acima. Ela indica a atuação de qual tipo de monção na Índia?
2. Analise o climograma de Mumbai e relacione-o com a foto. Em quais meses do ano é mais provável ocor-
rer esse tipo de monção na Índia?

162 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia

Texto complementar
No estudo de termodinâmica, um conceito útil para quantificar uma certa quantidade de calor transferida a um sistema é o conceito
de calor específico. Uma definição simples pode ser dada assim: o calor específico é a quantidade de calor que deve ser transferida a
1 g de uma substância para que a sua temperatura seja elevada em 1 °C. Conforme se sabe, essa quantidade de calor varia de substância
para substância e, então, o calor específico é um parâmetro que caracteriza uma dada substância. […]
SILVA, Wilton P. da et. al. Medida de calor específico e lei de resfriamento de Newton: um refinamento na análise dos dados experimentais. Revista
Brasileira de Ensino de Física, São Paulo, n. 4, v. 25, dez. 2003. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rbef/v25n4/a10v25n4.pdf>. Acesso em: nov. 2018.

162 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
3 Vegetação e conservação ambiental Assim como feito com os ma-
pas anteriores, sugerimos uma
Como reflexo da variedade de tipos climá- leitura comparada deste mapa
Figura 13. Ásia: vegetação original (figura 13) com os de relevo, cli-
ticos, na Ásia também existe uma diversidade

Catherine Abud/Arquivo da editora


80° L N
ma e pluviosidade, destacando

ti c o
de formações vegetais (figura 13).

Ár
que a vegetação é influencia-

ar
O L

l
Po
Partindo do norte em direção ao sul, en- rc
ul
o
da pelos demais elementos da

contra-se inicialmente a Tundra, vegetação S
natureza e, ao mesmo tempo,
EUROPA
OCEANO
rasteira típica de áreas polares (figura 14). Du- PACÍFICO influencia-os. A Floresta Tropi-
rante o inverno, o solo permanece congelado cal e a Equatorial, por exemplo,
quase todo o ano. Depois há uma larga faixa interferem na quantidade de

r
ce
n
de Floresta Boreal, também chamada de Taiga, e
Câ vapor presente na atmosfera,
od
pic contribuindo para a formação
vegetação de pequena biodiversidade, com- Tró

de climas úmidos (maior plu-


posta de coníferas – árvores em forma de
Florestas Tropical viosidade no sudeste do con-
cone e folhas pontiagudas (figura 15). Mais ao çFRICA e Equatorial
0° OCEANO Florestas
ad
or Temperada tinente asiático).
sul estão as formações vegetais que apresen- ÍNDICO qu
e ESubtropical
A leitura atenta das fotogra-
tam florestas densas, de grande biodiversida- Floresta Boreal (Taiga)
Vegetação Mediterrânea fias, associada à descrição das
de, compostas de árvores de grande porte e 0 1075 2150 km
Savana
características das diversas for-
Estepe e Pradaria
folhas largas, como as florestas Equatorial e Fonte: elaborado com base em CALDINI, Vegetação de Altitude mações vegetais, contribuirá
Tropical (figura 16). Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. Tundra
São Paulo: Saraiva, 2013. p. 172. Deserto
para uma melhor apreensão das
características físicas do conti-
nente asiático. Aqui contempla-
Sergey Drozd/Alamy/Fotoarena

Victor Nikitin/Alamy/Fotoarena
mos a habilidade EF09GE16, a
CG1 e a CEG4.

Figura 14. Tundra no norte dos Urais (Rússia), durante o verão, 2017. Figura 15. Floresta Boreal na Sibéria (Rússia), 2017.

Lamberto Jesus/Alamy/Fotoarena

Figura 16. Floresta Tropical em Chiang Mai (Tailândia), 2017.

Quadro físico e recursos naturais da Ásia • Capítulo 7 163

CAPÍTULO 7 – MANUAL DO PROFESSOR 163


Orientações didáticas
Explorar representações Explorar representações
Peça aos alunos exemplos
de situações do cotidiano em
que as pessoas têm acesso a
imagens de satélite, como nos Imagens de satélite e o monitoramento ambiental
noticiários televisivos, jornais,
revistas, sites de busca e loca- As imagens de satélite são uma importante ferramenta capaz de auxiliar o
lização de pontos da superfície planejamento ambiental. Elas são obtidas por meio da técnica denominada senso-
terrestre, etc. Caso a escola ofe- riamento remoto, que consiste na detecção de informações sobre a superfície
reça laboratório de informática Funcionamento do terrestre por meio de um sensor instalado nos satélites que orbitam a Terra. Tais
com acesso à internet, é possí- processo de detecção informações geram uma imagem e são transmitidas para uma estação de recepção
vel buscar a imagem de satélite de informações sobre a localizada em qualquer ponto do planeta.
do bairro ou do município em superfície terrestre e Observe o esquema abaixo para compreender melhor como são obtidas as
que a escola se localiza. geração das imagens
imagens de satélite.
O Atlas escolar, do IBGE, dis- de satélite.
ponibiliza uma ferramenta na

Adilson Secco/Arquivo da editora


qual é possível encontrar ani- Satélite/sensor
mações para facilitar o entendi- Fonte
mento do processo de obtenção de energia
(sol)
e de tratamento de imagens de
satélite. Disponível em: <https://
atlasescolar.ibge.gov.br/concei
tos-gerais/conceitos-e-tecnicas.
html>. Acesso em: nov. 2018.
O trabalho em grupo pro- Energia
Radiação
refletida
posto nesta seção possibilita
o desenvolvimento das habili-
dades EF09GE15, EF09GE16,
EF09GE17 e mobiliza a CG5, Estação de
CECH3, a CEG3 e a CEG4. recepção

Fonte: elaborado com base em CURSO de introdução às técnicas de sensoriamento remoto. Disponível em: <www.ufpa.br/epdir/images/docs/
paper 64.pdf>. Acesso em: nov. 2018.
Ilustração em cores fantasia sem proporção de tamanho e de distância.

Com as imagens de satélite, é pos-


NASA/NOAA/U.S. Department of Defense

sível elaborar, por exemplo, mapas te-


máticos que monitoram as áreas com
vegetação nativa sujeitas ao desmata-
mento, queimadas e levantar os dados
de perda ou ganho de cobertura vege-
tal de uma determinada localidade.

Imagem de satélite de parte


do Sudeste Asiático registra
queimadas identificadas pelos
pontos vermelhos, em 2017.

164 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia

164 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
Mãos à obra A Etapa 1 oferece aos alunos
a oportunidade de explorar pla-
As florestas localizadas no Sudeste Asiático estão taformas digitais que utilizam
Etapa 2 imagens de satélite para de-
entre as formações vegetais que mais sofrem com o
Após explorar a plataforma, o próximo passo é tectar as áreas que sofreram
desmatamento no mundo. Na Indonésia, por exemplo,
realizar o levantamento de dados de perda de cober- desmatamento recentemente.
10% da cobertura florestal nativa foram removidos
tura arbórea registrados por alguns países do Sudeste Para facilitar a leitura do mapa,
entre 2001 e 2014. sugira que desabilitem as ca-
Asiático e compará-los com os de outros países do
O trabalho proposto nas etapas a seguir tem o madas que representam a área
mundo. Nesse caso, você deve utilizar a ferramenta
objetivo de permitir o levantamento de dados recen- de cobertura arbórea atual e a
situada na porção direita do mapa para encontrar os
tes de perda de cobertura arbórea, com base em sis- área de ganho de cobertura ar-
dados dos países desejados. Escolha um país de cada bórea, representadas, respec-
tema de monitoramento via satélite.
vez e anote a área de perda, cujos números são repre- tivamente, pelas cores verde e
Para tanto, você precisará de um computador com sentados pela cor rosa. Utilize o quadro abaixo como azul. Caso tenham dificuldade
acesso à internet. exemplo para reunir os dados. em acessar o portal, sugere-se
a impressão dos mapas que
Etapa 1 Perda de área de retratam os anos 2001 a 2017.
O primeiro passo é acessar a plataforma digital Países cobertura arbórea Apresente-os em sala de aula
que disponibiliza imagem de satélite e mapa com os (2001-2017) para que a turma possa identi-
dados de perda de cobertura arbórea em diversas re- Indonésia 24 363 789 hectares ficar as áreas que mais foram
giões do mundo. desmatadas.
Malásia 7 289 863 hectares
Para isso, visite o portal Global Forest Watch (dis- Na Etapa 2, auxilie os alunos
ponível em: ‹www.globalforestwatch.org/map›; aces- Angola 2 448 059 hectares a levantar os dados referentes
so em: out. 2018). O site pode ser acessado em portu- a cada país. Se for necessário,
República Democrática do peça ajuda ao professor de Lín-
guês escolhendo a opção “PORTUGUÊS (BRASIL)” no Congo 11 993 357 hectares
gua Inglesa, pois a plataforma
menu que aparece na parte superior da tela. Peru 2 672 414 hectares digital não traduz os nomes dos
Observe as áreas de desmatamento entre 2001 e países para a Língua Portugue-
2017, ativando a ferramenta presente na porção infe- Brasil 50 889 088 hectares
sa. Caso os alunos tenham di-
rior do mapa. Note que as áreas que foram desmata- ficuldade em acessar o portal,
das são representadas pela cor rosa. Etapa 3 sugere-se disponibilizar os da-
Você poderá analisar melhor a situação de cada Após levantar os dados, elabore um breve texto dos na lousa.
país aumentando a escala e alterando a base cartográ- comparando as áreas de desmatamento nos países Na Etapa 3, se os países to-
fica para a imagem de satélite, com o auxílio da ferra- do Sudeste Asiático com os demais países indicados mados como exemplo forem os
menta disponível na porção direita do mapa. As ferra- no quadro. escolhidos pelos alunos, eles
devem observar que, duran-
mentas à esquerda permitem habilitar e desabilitar as Em seu texto, busque comparar, além das áreas
te o período retratado, o Bra-
diferentes camadas, possibilitando visualizar, por exem- desmatadas em cada país, as atividades humanas res-
sil apresentou a maior área de
plo, somente as áreas com cobertura vegetal ou so- ponsáveis pelo desmatamento. desmatamento entre os paí-
mente as áreas desmatadas. Também é possível veri- ses pesquisados, pois possui a
ficar quais foram as atividades humanas responsáveis Etapa 4
maior parcela territorial coberta
pelo desmatamento, identificando, por exemplo, as Após finalizar o texto, apresente o resultado do por florestas. Indonésia e Malá-
áreas de urbanização e de ocupação agrícola. seu trabalho para o professor e os colegas. sia, representantes do Sudeste
Explore a plataforma e observe a situação do des- Converse também sobre a experiência de analisar Asiático, também apresenta-
matamento da cobertura vegetal em países de dife- o desmatamento com base em um sistema de moni- ram números significativos,
considerando a menor exten-
rentes continentes. toramento via satélite.
1. A partir da interpretação das imagens de satélite, é possível mapear e monitorar periodicamente alguns aspectos são territorial deles. A Repúbli-
ambientais visíveis na superfície terrestre, como as áreas de desmatamento de determinada localidade. ca Democrática do Congo, um
Atividades dos maiores países da África,
1. Qual é a importância das imagens de satélite para o monitoramento ambiental? também apresentou grandes
áreas de desmatamento.
2. Em sua opinião, o que pode ser feito pelas autoridades de cada país para diminuir as áreas de perda de co-
bertura arbórea?
2. Resposta pessoal. Os alunos poderão indicar que o aumento da fiscalização e da aplicação das leis ambientais são medidas
que poderão ser adotadas pelas autoridades dos países a fim de diminuir as Quadro físico e recursos naturais da Ásia • Capítulo 7 165
áreas de perda de cobertura arbórea.

CAPÍTULO 7 – MANUAL DO PROFESSOR 165


Orientações didáticas
Pode-se ampliar a discussão Conservação ambiental
sobre a importância da biodiver-
sidade para a saúde humana Conservar o ambiente também significa proteger os animais que nele vivem.
com base no conceito de biodi- No caso da Índia, uma das maiores preocupações nos últimos anos é com os tigres
versidade (leia o texto comple- (figura 17).
mentar abaixo). Dessa forma, Durante um longo tempo, esses animais

Sylvain Cordier/Biosphoto/Agência France-Presse


justifica-se a necessidade e a foram caçados no país para ter sua pele reti-
pertinência da criação de áreas rada e comercializada. Essa prática quase ex-
de preservação (no caso da Ín- tinguiu a espécie na Índia. Em 2006, o gover-
dia, voltadas para a preservação
no criou a National Tiger Conservation
dos tigres). Esse conteúdo per-
mite mobilizar a CECH6, a CEG1 Authority (NTCA) – Autoridade Nacional de
e o TC Educação ambiental. Conservação do Tigre, em português –, que
está vinculada ao Ministério de Meio Ambien-
te, Florestas e Mudança Climática do país.
Cabe a ela administrar as reservas de tigres,
uma das modalidades de unidades de prote-
ção ambiental da Índia (figura 18). Em 2014
foram fotografados 1 540 animais, de acordo
com a NTCA. Esse número vem crescendo nos
últimos anos, o que pode indicar que a criação
Figura 17. Tigres (adulto e jovem) no Parque Nacional de Ranthambore
(Índia), 2016. Uma das espécies de tigre mais conhecidas é o tigre-de- de reservas para esses animais viverem está
-bengala, em perigo de extinção. funcionando.

Contexto Figura 18. Índia: reservas de tigres – 2014

Catherine Abud/Arquivo da editora


80° L
¥ Que espécie de AFEGANISTÃO
animal da família
dos felídeos, como o
CHINA
tigre, está ameaçada PAQUISTÃO
de extinção no Corbett
Brasil? Você acredita Dudhwa
que criar reservas Sariska NEPAL Namdapha
Pakke
especiais para esse Ranthambhore Valmiki
BUT O
BUTÃO Nameri
Buxa
tipo de animal viver Mukundara Manas Kaziranga
Panna ncer
seria possível no Bandhavgarh Sanjay Dubri BANGLADESH Trópico
de Câ

Brasil? Satpura Palamau Dampa


Achanakmar
Kanha Sundarban VIETNÃ
Melghat Pench
• Tanto a onça-pintada Nawegaon- MIANMAR
quanto a onça-preta e a Bor -Nazgira Similipal
Tadoba-Andhari Satkosia LAOS
onça-parda poderiam Udandti-
ser citadas pelos Mar Kawal -Sitanadi Golfo de
Sahyadri Bengala
alunos. Todas estão Arábico
Indravati
ameaçadas de extinção
no Brasil, onde não há TAILÂNDIA
Dandeli-Anshi
legislação sobre a Bhadra N
criação de reservas
Nagarahole CAMBOJA
CAMBOJ
especiais para animais. O L
Bandipur
O Sistema Nacional de
Mudumalai
Unidades de Anamalai S
Conservação (Snuc) Parambikulam Reservas de tigres
0 220 440 km
prevê unidades de Penyar Limites de país
preservação, nas quais
animais e demais seres
vivos não podem ser Fonte: elaborado com base em NATIONAL Tiger Conservation Authority. Map Showing Tiger Reserves. Disponível
afetados. Os alunos em: <https://projecttiger.nic.in/map/42_6_MapShowingTigerReserves.aspx>. Acesso em: out. 2018.
podem discutir se esse
instrumento de gestão No Brasil, foi criado, em 2011, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas
seria ou não suficiente
para evitar a extinção de Desastres Naturais (Cemaden) para tentar prever e enfrentar as cheias dos rios.
das diversas espécies Leia sobre o trabalho desse órgão na seção Enquanto isso no Brasil.
de onça.
166 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia

Texto complementar
O termo biodiversidade, hoje consagrado na literatura, refere-se à diversidade biológica para designar a variedade de formas de
vida em todos os níveis, desde microrganismos até flora e fauna silvestres, além da espécie humana. Contudo, essa variedade de se-
res vivos não deve ser visualizada individualmente, mas sim em seu conjunto estrutural e funcional, na visão ecológica do sistema
natural, isto é, no conceito de ecossistema.
[...]
A literatura científica tem mostrado essa tendência, enfocando nos valores ético, econômico, cultural, recreativo, intelectual, cien-
tífico, espiritual, emocional e estético da biodiversidade (Alho, 2008); custos ambientais e econômicos da erosão de solos (Pimentel

166 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
Sugira aos alunos que visi-
tem o site do Cemaden, no qual
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de podem acessar diferentes do-
cumentos de monitoramento
Desastres Naturais (Cemaden) Equipe de resgate efetuado pelo Centro, além de
Depois de uma sucessão de desastres ocorridos por causa de chuvas intensas, inspecionam área após trabalhar on-line com mapas in-
entre outros fatores (veja a imagem do deslizamento ao lado), o governo deslizamento de terra terativos. Disponível em: <www.
em Niterói (RJ), 2018.
brasileiro criou, em 2011, o Centro Nacional de Monitoramento cemaden.gov.br>. Acesso em:
e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), localizado em nov. 2018.
São José dos Campos (SP). A instituição tem como meta A seção mobiliza diferentes
estabelecer meios para prever a ocorrência de chu- competências e temas contem-
vas intensas. Além disso, procura desenvolver for- porâneos da BNCC: CG1, CG5,
CG10, CECH2, CECH3, CECH7,
mas de enfrentar as consequências das chuvas
CEG4, CEG5, CEG7, TC Educa-
que costumam ocorrer no Brasil.
ção ambiental e o TC Ciência
Para isso, o Cemaden estuda a situação dos e tecnologia.

rance - Presse
rios e a geologia do território brasileiro, buscan-
do identificar as áreas que estarão mais sujeitas

nc i a F
a ter problemas no período chuvoso. Outra meta

Agê
do Cemaden é dialogar com a Defesa Civil – ór-

za /
ou
gão encarregado de atuar no apoio aos afetados

oS
nd
na
em casos de desastres – para estabelecer formas

er
F

de comunicação eficientes que permitam o desloca-


mento da população em tempo hábil, de modo a evitar
mortos e feridos.
Diversos pluviômetros foram instalados para me-
dir a chuva. Alguns são automáticos e enviam, sem
necessidade de um operador, informações para
o Cemaden (veja a imagem ao lado). Outros, se-
miautomáticos, precisam que alguém faça a
leitura da quantidade de água recebida e envie

re s s
a informação ao órgão. Essa operação é reali-

utur a P
zada por membros da comunidade, que são

u iz / F
treinados para essa função. Além disso, eles tam-
zR
ac a
bém recebem formação para avisar os vizinhos a
sL
ca

respeito do que fazer em caso de chuvas intensas.


Lu

A intenção é desenvolver na população mais conhe-


cimento sobre os riscos que os desastres podem trazer
e ensinar-lhe como enfrentá-los.
1. Membros da comunidade podem ser treinados para ler os Sala de acompanhamento das situações de risco
pluviômetros e enviar informações ao Cemaden, além de avisar os
do Cemaden, em São José dos Campos (SP), 2015.
vizinhos sobre o que fazer em caso de chuvas intensas. O Cemaden,
por sua vez, estuda a situação dos rios e sua relação com a geologia para compreender quais são as áreas mais sujeitas a desastres
naturais no período chuvoso. Também busca enfrentar as consequências das chuvas; comunica-se com a Defesa Civil no apoio
à população afetada e no estabelecimento de comunicação para que a
Atividades população se desloque da área de risco, evitando mortes e feridos.

1. O que pode ser feito para evitar mortos e feridos em caso de desastres naturais?
Como o Cemaden pode ajudar?
2. No município em que você vive existem áreas que podem trazer riscos à população
em caso de chuvas intensas? Quais? Justifique sua resposta.
2. Resposta pessoal. É importante ter cautela ao levantar essas informações, pois pode ocorrer que alunos vivam em áreas de risco.
A comunicação de risco deve ser feita com muito cuidado para que não Quadro físico e recursos naturais da Ásia • Capítulo 7 167
cause pânico e ações precipitadas da população.

et al., 1995) e como a saúde humana depende da biodiversidade (Chivian & Bernstein, 2008; Mindell, 2009a). Em países considera-
dos detentores de alta biodiversidade, com grande território, como o Brasil, a questão da biodiversidade tem enorme relevância, de
importância estratégica, incluindo o destaque político no contexto global. Em consequência, o uso e a ocupação do solo, com avan-
ço em áreas naturais, têm forte implicação com a saúde e o bem-estar humano.
[...]
ALHO, Cleber J. R. Importância da biodiversidade para a saúde humana: uma perspectiva ecológica. Revista Estudos Avançados, São Paulo, n. 74,
v. 26, p. 151, 2012. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ea/v26n74/a11v26n74.pdf>.
Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 7 – MANUAL DO PROFESSOR 167


Orientações didáticas
Você em ação
A seção Você em ação, apre-
sentada sempre ao final dos
capítulos, busca verificar a
VOCÊ EM ação
apreensão dos conhecimen-
tos adquiridos pelos alunos,
por meio da proposição de ati-
Pratique
vidades. É esperado que, em um 1. Descreva como foi formada a cordilheira do Himalaia. 4. Explique por que o rio Ganges se diferencia dos
primeiro momento, organizem e
2. Por que a região do Himalaia está sujeita a abalos demais rios apresentados no capítulo.
sistematizem tais conhecimen-
sísmicos frequentes? 5. Os rios Tigre e Eufrates possuem características
tos, para que, em um segundo
3. Na Ásia há muitas reservas de recursos minerais e comuns. Aponte duas delas.
momento, possam se dedicar
ao desenvolvimento de outras energéticos. Aponte ao menos um país rico em: 6. Justifique por que na Ásia há tantos climas e for-
habilidades. a) petróleo; c) carvão. mações vegetais diferentes.
De modo geral, as atividades b) minério de ferro; 7. O que são as monções e como elas podem afetar
trabalham as competências ge- a vida das populações?
rais propostas para a área de
Ciências Humanas pela BNCC, Analise os mapas
como a capacidade de comuni-
cação textual, oral, individual e/ 8. Reveja o mapa da figura 10 “Ásia: clima” e o da figura 13 “Ásia: vegetação original”.
ou em grupo. Além disso, elas a) Identifique o tipo de vegetação predominante nas áreas de clima Frio. Descreva essa vegetação.
buscam preparar os alunos pa-
ra a argumentação diante de b) Identifique o tipo de vegetação predominante nas áreas de clima Tropical. Descreva essa vegetação.
situações contextualizadas, 9. Imagine um viajante que sai do sul da Índia até o norte da Rússia, em linha reta, como indicado no mapa a
e, em outros casos, abordam seguir. Identifique as áreas que ele atravessa quanto aos seguintes aspectos:
temas relacionados ao autoco-
nhecimento e ao autocuidado. Ásia: regiões
a) tipos de clima;
Catherine Abud/Arquivo da editora

As atividades em grupo, em 1 EMIRADOS ÁRABES UNIDOS OCEANO N


2 CATAR
especial, contribuem para que GLACIAL ÁRTICO b) tipos de vegetação;

ic o
3 BAHREIN
O L

Á rt
os alunos desenvolvam a em-
c) formas de relevo.
la r
Po
patia e a cooperação, o senso de S
lo u
ír c
responsabilidade e a cidadania. C

Pratique
1. Por dobramentos da litosfera EUROPA
RÚSSIA
(parte asiática)
resultantes do encontro das
M
a TURQUIA Mar
placas tectônicas Euro-Asiá- Me r (parte Ne
asiática)
di

gr

COREIA JAPÃO
tica e Indiana. Nela estão
ter

o
r Cáspi

DO NORTE

eo CASAQUISTÃO
r
n

MONGÓLIA e
localizadas as montanhas LÍBANO SÍRIA
USBEQUISTÃO Câ
nc
Ma

ISRAEL COREIA de
mais altas do mundo: o Eve- EGITO
JORDÂNIA TURCOMENISTÃO
QUIRGUISTÃO
DO SUL
óp
i co
(parte IRAQUE TAJIQUISTÃO Tr
rest (8 848 m de altitude) e
Mar Vermelho

asiática) CHINA
KUWAIT IRÃ
o K2 (8 671 m de altitude). 3 AFEGANISTÃO
OCEANO
2. Porque a região localiza- ARÁBIA
2
1
PAQUISTÃO
TAIWAN PACÍFICO
SAUDITA NEPAL BUTÃO
-se na área de contato das BANGLADESH
OMÃ FILIPINAS
placas tectônicas Euro-A- IÊMEN
ÍNDIA
MIANMAR
LAOS
siática e Indiana, que se TAILÂNDIA VIETNÃ
0 990 1980 km
do
r 0º
movimentam em sentidos CAMBOJA
Eq
ua

opostos e se sobrepõem. A Oriente Médio BRUNEI


SRI LANKA
MALDIVAS
energia liberada pelo atri- Ásia Setentrional e Central M A L Á S I A

Sul e Sudeste da Ásia CINGAPURA


to desse contato é a causa
Extremo Oriente I N D O N É S I A
dos frequentes abalos sís- Limites de país OCEANO ÍNDICO TIMOR-LESTE
90º L OCEANIA
micos (tremores de terra).
3. a) Arábia Saudita, Iraque, Fonte: elaborado com base em Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro, 2016. p. 47.

Irã, Catar. 168 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia


b) China e Índia.
c) China e Rússia.
4. Porque ele tem um significado
especial para os hindus, que
o consideram sagrado e rea- 5. Sugestões de respostas: nas proximidades do Tigre e do Eu- 6. Porque o continente asiático é muito vasto. É atravessado
lizam nele muitas atividades frates formaram-se alguns dos primeiros núcleos urbanos por três paralelos (círculo polar Ártico, trópico de Câncer, li-
religiosas. Por causa disso, da história humana; as civilizações que se desenvolveram às nha do equador) e tem grande extensão leste-oeste. O ter-
há impasses quanto à sua suas margens criaram um sistema de controle de cheias que ritório é marcado pela presença das maiores montanhas do
utilização para fins que vio- permitiu a prática da agricultura; nascem na Turquia; percor- mundo, de rios e desertos extensos, planícies e planaltos e
lem seu ciclo natural, como a rem mais de um país do continente asiático (rio Tigre: Turquia, sofre a influência de oceanos e mares.
construção de hidrelétricas. Síria, Iraque e Irã; rio Eufrates: Turquia, Síria e Iraque).

168 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


9. a) Equatorial, Tropical, Frio
Analise as imagens rios do Centro Internacional para o Desenvol- de Altitude, Desértico
vimento Integrado das Montanhas (ICIMOD), Frio, Temperado, Frio,
10. Identifique a formação vegetal representada em as geleiras diminuíram 21% no Nepal e 22% no Polar.
cada imagem e aponte ao menos um país asiático Butão nos últimos 30 anos. […] b) Florestas Tropical e
em que ela pode ocorrer.
As 54 000 geleiras do Himalaia alimen- Equatorial, Savana, Flo-

Victor Nikitin/Alamy/Fotoarena
a) tam com água os oito maiores rios da Ásia, restas Temperada e Sub-
entre eles – Indo, Ganges, Brahmaputra, tropical, Vegetação de
Yangtze e rio Amarelo – suscetíveis de serem Altitude, Estepe e Pra-
afetados pelo stress hídrico nas próximas dé- daria, Deserto, Estepe
e Pradaria novamente,
cadas, com potenciais consequências para o
Floresta Boreal (Taiga),
1,3 bilhão de pessoas. Tundra.
Apoiados pelo projeto de pesquisa finan- c) Planalto de Decã, planície
ciado pela Suécia e realizado pela ICIMOD du- Indo-Gangética, planal-
b) rante três anos, os especialistas descobriram

Ket Sang Tai/Alamy/Fotoarena


to do Tibete (Himalaia) e
que as 10 geleiras observadas estão em pro- planície da Sibéria.
cesso de derretimento em uma velocidade que Analise as imagens
acelerou entre 2002 e 2005. De acordo com os 10. a) Taiga, que ocorre em paí-
resultados de um outro estudo, o volume de ses como Rússia asiá-
neve que cobre a região diminuiu de maneira tica, Mongólia e China.
significativa nos últimos 10 anos. Foto de floresta Boreal
“Estes relatórios fornecem um novo ponto na Rússia, 2018.
de comparação e informações sobre as zonas b) Florestas Tropical e
c)
Aygul Sarvarova/Alamy/Fotoarena

geográficas específicas para compreender a Equatorial, existentes


mudança climática em um dos ecossistemas em países asiáticos
mais vulneráveis do mundo”, comentou o pre- como Tailândia, Índia,
Laos e Mianmar. Foto
sidente do IPCC [Painel Intergovernamental
do parque Tawau Hills,
sobre Mudanças Climáticas], o indiano Rajen-
na Malásia, 2018.
dra Pachauri.
c) Vegetação Mediterrâ-
CIENTISTAS confirmam derretimento das geleiras do Himalaia.
Veja, 6 maio 2016. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/ciencia/ nea, que ocorre em paí-
cientistas-confirmam-derretimento-das-geleiras-do-himalaia/>. ses como Turquia, Síria e
Camille Delbos/Alamy/Fotoarena

d) Acesso em: out. 2018.


Iraque. Foto da baía de
¥ Por que o derretimento das geleiras do Himalaia é Amos, na Turquia, 2015.
uma ameaça para 1,3 bilhão de pessoas? d) Deserto, frequente em
países como Arábia Sau-
Trabalhe em grupo dita, Iêmen, Omã, Catar,
Irã, Paquistão e Jordânia.
12. Reúna-se com colegas e, em grupo, percorram um Foto na Jordânia, 2017.
dos rios apresentados no capítulo usando uma fer- Analise o texto
ramenta de visualização de mapas, que pode ser
11. As geleiras do Himalaia
Analise o texto encontrada gratuitamente na internet. Sigam as
abastecem os oito maio-
orientações.
11. Leia o texto a seguir e responda à questão. res rios da Ásia. Portan-
a) Escolham um dos rios. A partir daí, façam um to, a redução das geleiras
Cientistas confirmam derretimento percurso virtual para capturar imagens ao longo compromete o volume de
das geleiras do Himalaia de seu curso que apontem a ocupação humana água desses rios e, conse-
Novos estudos científicos sobre o derreti- e as cheias do rio. quentemente, põe em risco
mento das geleiras do Himalaia revelam o im- b) Identifiquem cada uma das imagens e o local o abastecimento de água
que representam. e de alimentos de mais de
pacto das mudanças climáticas na região e a
1 bilhão de pessoas.
ameaça que pesa sobre 1,3 bilhão de habitantes. c) Montem um mural com o percurso do rio e as
Segundo os estudos publicados em três relató- imagens para exibir em classe. Trabalhe em grupo
12. Organize os grupos de
Quadro físico e recursos naturais da Ásia • Capítulo 7 169 modo que todos os rios
sejam contemplados. Na
ferramenta de visualiza-
ção de mapas há imagens
7. São um fenômeno típico do sul e sudeste asiáticos (Índia, Pa- Analise os mapas dos rios que podem ser co-
quistão e Bangladesh). Resultam da presença de ventos sa- piadas e coladas, com a
8. a) Predomina a Floresta Boreal (Taiga), vegetação de peque- respectiva localização e
zonais que ora trazem massas de ar úmidas do oceano para
na biodiversidade, composta de coníferas – árvores em autoria, se houver, bem co-
o continente (monção oceânica, no verão), ora massas de ar
forma de cone e folhas pontiagudas. mo a data. Se você achar
secas que têm origem no Himalaia (monções continentais,
no inverno). Nas monções de verão, ocorrem chuvas torren- b) Predominam a Floresta Tropical e a Equatorial, formações oportuno, a turma pode
ciais e são frequentes as enchentes; nas de inverno, há difi- vegetais que apresentam florestas densas, com árvores também usar imagens de
culdade de abastecimento de água. de grande porte e folhas largas, e grande biodiversidade. outras fontes, lembrando-
-se sempre de dar os devi-
dos créditos.

CAPÍTULO 7 – MANUAL DO PROFESSOR 169


Objetivos do capítulo Capítulo

8
• Identificar e comparar as-
pectos histórico-culturais
e socioeconômicos de paí-
ses asiáticos, em especial
China, Japão e
o Japão, a China e os Ti-
gres Asiáticos, bem como
Tigres Asiáticos
sua inserção na economia
mundial.
• Reconhecer e caracterizar
os blocos econômicos Apec Para iniciar
e Asean, que contam com a
participação de países asiá- Neste capítulo você vai conhecer países com grande tradição cultural, cujo
ticos, e seus atuais desa- passado histórico advém de civilizações antigas – a China e o Japão –, e identificará
fios ligados à cooperação semelhanças e diferenças entre eles. Se, por um lado, o Japão é o país mais desen-
e à integração econômica. volvido da Ásia, por outro, a China é a nação mais populosa do mundo e tem vivido,
nas últimas décadas, o período de maior desenvolvimento econômico de sua histó-
BNCC neste capítulo ria. Também participam desse cenário os Tigres Asiáticos, um grupo de nações que
Habilidades se destaca pela recente modernização de sua economia, ancorada em aspectos
EF09GE02 centrais do modelo japonês.
EF09GE08 Observe a imagem desse conjunto habitacional em Hong Kong, Região Admi-
EF09GE09 nistrativa da China, com mais de 7 milhões de habitantes. Alguns de seus bairros
EF09GE10 chegam a ter 50 mil habitantes por quilômetro quadrado.
EF09GE15

Anthony Wallace/Agência France-Presse


EF09GE17
Competências gerais
1 2 7
1. Espera-se que os
Competências alunos identifiquem
problemas como
específicas de Ciências espaços muito
Humanas reduzidos das unidades
habitacionais e
2 3 4 5 6 7 privacidade limitada.
Competências 2. Dificuldades na
específicas de mobilidade urbana,
como tráfego
Geografia congestionado e
transporte público
1 2 3 4 5 superlotado,
Tema contemporâneo problemas ambientais,
como poluição do ar e
• Educação ambiental excesso de lixo,
segregação
socioespacial, etc.
Orientações didáticas
Conjunto habitacional
Para iniciar em Hong Kong
Após a leitura do texto de (China), 2018.
abertura de capítulo e a obser-
vação da foto, peça aos alunos 3. O objetivo dessa

que verifiquem suas percepções


questão é sensibilizar Atividades
os alunos para os
sobre possíveis problemas as- problemas comuns às 1. A imagem representa alguns problemas de moradia que os habitantes de Hong
grandes cidades
sociados à moradia no município asiáticas. Kong enfrentam. Quais são eles?
em que vivem, ou até mesmo a Possivelmente, eles se
2. Aponte outros problemas urbanos que os habitantes de Hong Kong devem enfrentar.
lembrarão de cidades
realidades de outros municípios como Tóquio, Xangai,
da região ou do estado. Sugira Beijing, Seul, Mumbai,
3. Em sua opinião, esses problemas são exclusivos de Hong Kong? Indique outros
que verifiquem as possíveis so- entre outras. grandes centros urbanos asiáticos que podem apresentar problemas semelhantes.
luções que as autoridades ou
170 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia
lideranças têm buscado para
amenizar os problemas liga-
dos à moradia e os resultados
alcançados.

170 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
1 China Dinastia
Sequência de reis ou
Inicie a abordagem do tópi-
co sobre a China apresentando
rainhas considerados
A história da China é milenar. Vestígios históricos indicam que por volta de aos alunos um panorama sobre
membros de uma
8000 a.C. a agricultura começou a ser praticada junto ao rio Amarelo (Huang mesma família que se sua história milenar e algumas
sucedem no trono. características deste império.
Ho). Em 3000 a.C., a cultura do arroz se disseminou nessa região.
Pergunte a eles o que conhe-
No vale do rio Amarelo também se constituíram as primeiras dinastias Catapulta cem sobre o passado da China,
chinesas – a partir de 2200 a.C. (dinastia Xia ou Hsia), segundo a tradição po- Lançador de objetos a
partir do movimento de
mobilizando-os para a explora-
pular, ou a cerca de 1700 a.C. (dinastia Shang), de acordo com evidências histó- um “braço”, muito usado ção da seção Fique por dentro.
ricas. Entre 221 a.C. e 206 a.C., um governante da dinastia Qin instituiu um em guerras no passado.
Fique por dentro
império que só seria derrubado em 1911, depois de atravessar uma fase de A seção pode motivar uma
decadência. breve pesquisa na comunidade
Nesse longo período, a China tornou-se um dos maiores impérios da histó- escolar sobre o conhecimento
ria e contribuiu para o avanço científico da humanidade. Diversas invenções A extraordinária ou as percepções que as pes-
história da China
importantes foram desenvolvidas. Leia a seção Fique por dentro e conheça as soas têm sobre a China.
Sérgio P. Couto. São
criações chinesas que ganharam o mundo. Paulo: Universo dos Peça aos alunos que ela-
No século XX, a China passou por muitas transformações, especialmente Livros, 2014. borem um questionário para
com a Revolução Chinesa, antes de reaparecer como um dos países mais im- O livro aborda diversos verificar entre professores e
períodos e fatos da alunos quais invenções cita-
portantes do mundo. Leia a seção Olhar interdisciplinar.
história da China, desde das no texto, ou outras ligadas
a Antiguidade até o
à China, estão presentes no
século XXI.
cotidiano deles.
Fique por dentro Ao final, crie um momento de
socialização dos resultados da
Papel, pólvora, bússola e macarrão pesquisa. Dessa forma, mobi-
liza-se uma abordagem com a
Graças à China, o papel, a pólvora, a bússola e o macarrão, entre

DEA Picture Library/The Granger Collection/Glow Images


CEG2 e a CG2.
outras coisas, fazem parte de nossa vida.
O papel surgiu durante a dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.), criado por Atividade
Ts’ai Lun (50-121), cortesão chinês. Ele misturou fibras vegetais com Na produção da linha do tem-
po, oriente os alunos a registrar
tecido usado em redes (veja a imagem ao lado).
mudanças importantes do obje-
Na dinastia Tang (618 d.C.-907 d.C.) foi inventada a pólvora, no sé- to desde sua descoberta, tanto
culo IX. Pouco depois ela passou a ser empregada em combates, sendo em termos materiais como de
arremessada de catapultas na forma de bombas. uso. Esta atividade possibilita a
A bússola foi criada na China por volta do século IV a.C., sendo usada mobilização da CEG2 e a CG2.
para orientação e navegação. Segundo registros, Zheng He (1371-1435)
realizou sete viagens oceânicas entre 1405 e 1433 com esse instrumento.
O macarrão é outra invenção chinesa, de cerca de 2000 a.C., feito
com milhete, um tipo de cereal. Marco Polo (1254-1324), explorador
italiano, teria levado o macarrão à Itália depois de visitar a China, mas
há registros de produção da massa do macarrão na Itália em 1279, pou- Ilustração chinesa do século X em
co antes do retorno de Marco Polo. papel.
• Vale explorar a curiosidade dos alunos estimulando-os a buscar objetos diversificados. Entre as invenções
chinesas que não são citadas no texto estão: papel-moeda, seda, tipo (usado na impressão), garfo, sino, pipa
Atividade (também chamada de papagaio, pandorga ou raia em algumas localidades), sismógrafo, tinta, entre outras.
¥ Reúna-se com alguns colegas e, em grupo, façam um levantamento de outras invenções chinesas e es-
colham uma delas para pesquisar. Procurem saber:
a) quando foi criada; b) qual era seu uso no passado; c) a importância dessa invenção hoje.
Façam um cartaz ilustrado com uma linha do tempo sobre a invenção escolhida e exponham à classe.

China, Japão e Tigres Asiáticos • Capítulo 8 171

CAPÍTULO 8 – MANUAL DO PROFESSOR 171


2. Durante a Revolução Cultural, Mao Tsé-tung envolveu jovens das áreas urbanas para modernizar o desenvolvimento chinês, o
que conduziu a mudanças no Partido Comunista Chinês e à criação de políticas sociais para educação, saúde, agricultura e
combate à fome. No entanto, foi marcada por violência contra suspeitos de deslealdade política ao regime e à figura de Mao.
Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar – Olhar interdisciplinar História
História
Para ampliar as discussões Revolução Chinesa
sobre a Revolução Chinesa, su-
A Revolução Chinesa foi um processo social de longa duração, com mudanças de percurso.
gere-se a leitura do Texto com-
plementar abaixo. Caso tenha A primeira Revolução Chinesa ocorreu em 1911, quando o médico Sun Yat-sen (1866-1925), liderou um
oportunidade, compartilhe o movimento que derrubou a monarquia, representada pela dinastia Manchu, na época submissa aos in-
texto com os alunos. teresses de países europeus, que viam a China como destino para seus produtos e exigiam o controle de
As mudanças no processo portos. Ele enfrentou resistência em parte do país, mas conseguiu estabelecer uma república na China.
produtivo industrial chinês es- A segunda Revolução Chinesa foi liderada por Mao Tsé-tung (1893-1976), que levou a China a adotar o
tão associadas a um contexto socialismo e o nome de República Popular da China, em 1949. A coletivização das terras, a nacionalização
mais amplo de mudanças no de empresas estrangeiras e o controle da economia pelo Estado fizeram com que alguns antigos dirigentes
país, promovidas por Mao Tsé- fugissem para a ilha de Taiwan, como Chiang Kai-shek (1887-1975), general que combateu os comunistas.
-Tung e Deng Xiaoping, e que Lá ele se tornou presidente da República da China (Taiwan), não reconhecida pelo governo chinês até hoje.
se estendem aos dias atuais.
Mao planejava levar o país a um novo estágio de desenvolvimento e para tal estabeleceu, entre 1958
Outra sugestão para os alu- e 1960, o Grande Salto para Frente, uma série de medidas para acelerar o desenvolvimento do país, que
nos é o filme Balzac e a costu-
afetaram a produção agrícola e industrial. O fracasso dessa iniciativa levou ao lançamento de outra es-
reirinha chinesa (Direção: Dai
Sijie. China e França, 2001. 116 tratégia, conhecida como Revolução Cultural, que durou de 1966 a 1976. Mao queria que a China seguis-
se um modelo de socialismo diferente do

Xinhua/Agência France-Presse
min). Ambientado no período
da Revolução Cultural chinesa, praticado na União Soviética, no qual os
o filme narra a história de um integrantes do governo viviam com mor-
grupo de jovens enviados para domias, ao contrário do restante da popu-
uma comunidade agrícola para lação. Para isso, Mao envolveu jovens que
ser reeducados. A partir desse viviam nas cidades para modernizar o de-
enredo, é possível entender me- senvolvimento chinês, o que levou a mu-
lhor aquele período da história
danças no Partido Comunista da China e à
da China.
criação de políticas para educação e saúde,
Este conteúdo mobiliza as além de aumentar a produção de alimentos
CG1, CECH2 e CECH4.
e combater a fome. A Revolução Cultural
foi marcada por repressão e violência con-
tra suspeitos de oposição política ao regime
e a seu líder. Ela chegou ao fim com a mor-
te de Mao Tsé-tung, em 1976, e a subida de
Deng Xiaoping (1904-1997) ao poder.

Guarda Vermelha na Praça da Paz Celestial, em


Beijing (China), durante a Revolução Cultural,
em 1966. A Guarda Vermelha era um movimento
formado, em sua maioria, por jovens e estudantes
que viajavam pela China, indo a escolas,
universidades, aldeias e cidades para ensinar os
pensamentos de Mao Tsé-tung.
1. Com a queda da dinastia Manchu, a China rompeu com a submissão de seus governantes aos interesses europeus, que
controlavam seus portos, o que repercutiu nas atividades da população. Além disso, a república substituiu a monarquia como
forma de governo. Por outro lado, houve a coletivização das terras, a nacionalização de empresas estrangeiras e o controle da
Atividades economia pelo Estado. As primeiras iniciativas de Mao Tsé-tung afetaram a produção agrícola e industrial
e levaram milhões de chineses à morte devido à fome. Houve forte propaganda ideológica do comunismo,
1. No século XX a China passou de uma monarquia para uma República Popular. Quais foram as consequências
dessas mudanças para a população? expressa na Revolução Cultural. Com o tempo, o Partido Comunista chinês
criou políticas para educação e saúde e aumentou a produção de alimentos.
2. Identifique as principais mudanças promovidas pela Revolução Cultural na China. Hoje a China se
destaca por sua
economia e influência política, mas apresenta sérios problemas sociais.
172 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia

Texto complementar
Era Mao e a industrialização da China
Ao se analisar o processo de industrialização chinês, usualmente parte-se da tomada de poder por Deng Xiaoping, em 1978. Foi argumentado neste artigo que o proces-
so de modernização da indústria chinesa pós-1978 foi facilitado pelas reformas implementadas por Mao Tsé-Tung no período anterior (1949-1976). Compreender essas
reformas significa, em última instância, antecipar o ponto de partida para o sucesso pós-1978.
A quebra do imobilismo político e social, espelhado na conduta revolucionária imposta por Mao Tsé-Tung durante todo o seu governo, buscava em última instância evitar
a solidificação e a imobilização de uma nova estrutura de classes. Para que uma nação consiga avançar rumo à industrialização é necessário que reformas estruturais sejam
realizadas, reformas estas que demandam uma alteração importante nos mecanismos de incentivo para acumulação, muitas vezes inviabilizada pelo imobilismo. A quebra
do imobilismo na era Mao Tsé-Tung de certa forma garantiu a criação de uma sociedade mais igualitária, bem como um constante movimento rumo à industrialização. Este
fator foi fundamental para viabilizar as mudanças sociais e econômicas – necessárias à criação e ao fortalecimento da indústria pesada –, bem como a incorporação do Estado

172 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Ocupação humana e indicadores sociais Na leitura da foto de plantação
de arroz, retome a denomina-
Os números relacionados à China
Figura 1. China: político – 2016 ção “agricultura de jardinagem”,
(figura 1) são elevados. É o país mais popu- uma das práticas tradicionais de

Catherine Abud/Arquivo da editora


90° L Lago
RÚSSIA
loso do mundo, com cerca de 1,38 bilhão Baikal
agricultura realizada em países
de habitantes em 2016, segundo o National Harbin OCEANO com regiões montanhosas, en-
Bureau of Statistics of China (NBSC), distri- MONGÓLIA
R
Changchun Mar do
Japão
PACÍFICO
tre eles a China.
RIO Shenyang
buídos por um território de 9 598 050 km2.
Urumqi (Mar do
TE
IA
IN COREIA Leste) Nesse tipo de agricultura,
XINJIANG ÓL Pequim DO NORTE JAPÃO
G
Para controlar o crescimento populacional, MO
N PEQUIM
Tianjin TIANJIN COREIA muito comum no cultivo de ar-
DO
o governo chinês criou uma lei, na década 30° NINGXIA
Jinan Qingdao SUL
Províncias
Regiões
roz em diversos países asiáti-
N Lanzhou
de 1970, que determinava que um casal ÍNDIA
Municipais
TIBETE Sian
Nanquim
Repúblicas cos, são construídos terraços ou
Xangai XANGAI Autônomas
poderia ter apenas um filho, havendo ex- N
NEPAL
Shengdou
CHONGQING
Wuhan Hangzhou Regiões “degraus”, de modo a melhorar
Administrativas
Chongqing
BUTÃO Especiais o aproveitamento do solo e das
ceções para as minorias étnicas, que não
Nanchang
O L Área reivindicada
TAIWAN pela República
águas por meio da irrigação. Es-
precisavam obedecer a essa lei, e para ca- BANGLADESH GUANGXI Cantão (Controlado
desde1949 pela
Popular da China
S ZHUANG
República Popular
Capital de país
te conteúdo contribui para o de-
sais rurais, caso seu primeiro filho fosse 0 660 1 320 km
MIANMAR VIETNÃ MACAU HONG
KONG
da China) Cidade
Limites de país senvolvimento das habilidades
LAOS
uma menina. Em 2013 a lei foi alterada TAILÂNDIA FILIPINAS
I. Hainan Limites internos
EF09GE09 e EF09GE17. Além
para permitir que um casal possa ter dois Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfi co escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 47.
da CECH3, CEG1 e CEG2.
filhos, desde que o pai ou a mãe seja filho único. Em 2015, devido ao envelhecimen-
to da população e à queda da população economicamente ativa, a política do filho Aproveite a oportunidade
único foi abolida e o governo autorizou os casais a terem dois filhos. para trabalhar com os alu-
O processo de ocupação do território chinês levou à formação de “três Chinas”: nos a Sequência didática
a da faixa litorânea, a do interior e a do oeste. Na faixa litorânea estão localizadas 2: Aspectos econômicos e
as principais áreas industrializadas do país, como Shenyang, ao norte; a capital sociais da China, disponível
Beijing (também conhecida como Pequim), Xangai; e Guangzhou, ao sul. As indús- no material digital.
trias também estão presentes em cidades como Nanquim e Chongqing (figura 2),
ambas localizadas no interior da

Chen shichuan/Imaginechina/Agência France-Presse


China, área em que a agricultu-
ra predomina (figura 3). A China
do oeste é menos ocupada em
razão de fatores naturais, como
Rádio Internacional
o deserto de Gobi, ao norte, e da China
elevadas montanhas a oeste, ‹http://portuguese.cri.cn›
onde vivem os tibetanos, povo Página da Rádio
que reivindica autonomia polí- Internacional da China,
tica em relação à China. faz transmissões e
apresenta informações
sobre a China em
Dr. Gilad Fiskus/Alamy/Fotoarena

português.
Figura 2.
Trabalhadores em China – TV Cultura
linha de montagem ‹http://tvcultura.com.br/
de motores de videos/5164_materia-
motos em de-capa-china.html›
Chongqing (China), Nessa reportagem,
2016. conheça mais sobre a
China e suas mudanças
recentes. Entenda
também quais são os
desafios enfrentados
Figura 3. Plantação
pelo gigante chinês no
de arroz em terraços, século XXI e suas
em Guillin (China), principais perspectivas.
2017.

China, Japão e Tigres Asiáticos • Capítulo 8 173

nas diversas estruturas sociais e produtivas existentes. A existência dessa indústria pesada foi importante para viabilizar o processo de industrialização acelerado pós-1978.
Tanto a formação da indústria de insumos agrícolas, quanto a ampliação da área irrigada foram fundamentais para viabilizar o aumento da produtividade auferido pela re-
forma agrária implementada por Deng Xiaoping após sua chegada ao poder, em 1978. Essa reforma classificada como um dos pontos determinantes para o avanço da economia
chinesa no período recente, conforme se mostrou neste artigo, foi amplamente beneficiada pelos avanços herdados da era Mao Tsé-Tung.
Estas foram apenas algumas reformas realizadas no período compreendido entre 1949 e 1976 que influenciaram decisivamente o processo de transformação industrial ace-
lerado do período subsequente. Obviamente, o legado deixado por Mao não se esgota nesses itens. Tampouco se pode afirmar que inexistiram incoerências em seu projeto
de desenvolvimento. Tendo essas restrições em mente, buscou-se aqui resgatar algumas contribuições para este processo de industrialização que certamente é um dos mais
bem-sucedidos do último século.
MILARÉ, Luís Felipe L.; DIEGUES, Antônio Carlos. Contribuições da era Mao Tsé-Tung para a industrialização chinesa. Revista de Econonia Contemporânea,
Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 376-377, maio-ago. 2012. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/rec/v16n2/a09v16n2.pdf>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 8 – MANUAL DO PROFESSOR 173


Orientações didáticas
Após a leitura do texto, pro- Figura 4. China: expectativa de vida ao Figura 5. China: mortalidade infantil
cure retomar o socialismo que nascer (em anos) – 2000-2016 (por mil) – 2000-2016

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


Expectativa de vida (em anos) Mortalidade infantil (por mil)
era adotado na URSS, visto no 77,0 40
capítulo 6, e comparar com o 76,5
76,0 35
socialismo de mercado adotado
75,5
pelo governo chinês. Monte na 75,0 30

lousa um quadro comparativo 74,5


25
74,0
para facilitar a compreensão
73,5
dos alunos, caso apresentem 20
73,0
dificuldade para compreensão. 72,5 15
72,0
Para entender melhor o que 71,5 10
é o socialismo de mercado, su- 71,0
2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016
gerimos a leitura do artigo O de- Anos Anos
senvolvimento do socialismo
Fonte: THE WORLD Bank. Life Expectancy at Birth. Disponível em: Fonte: THE WORLD Bank. Mortality Rate. Disponível em: <https://data.
de mercado, que aborda outra <https://data.worldbank.org/indicator/SP.DYN.LE00.IN?end=2016&locati worldbank.org/indicator/SH.DYN.MORT?locations=CN>. Acesso em:
ons=CN&start=2000>. Acesso em: out. 2018. out. 2018.
vertente desse pensamento
econômico, mais alinhado ao
modelo inglês. A seguir, repro- Os indicadores sociais chineses mostram uma melhoria na situação do país nos
duzimos um trecho desse ar- últimos anos (figuras 4 e 5). Observe que a expectativa de vida ao nascer está au-
tigo. Este conteúdo possibilita mentando, enquanto a mortalidade infantil diminui. Já a média de anos de estudo
a mobilização da habilidade era de 7,6 anos, em 2015, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016.
EF09GE09 e da CECH2.
Abertura econômica
A China iniciou a abertura econômica no final da década de 1970, quando
Socialismo de
adotou o chamado socialismo de mercado. Passou a admitir a presença de capi-
mercado
Sistema tal externo, desde que os investidores se tornassem sócios de chineses. Além
político-econômico disso, o governo criou as Zonas Econômicas Especiais, nas quais são permitidos
adotado pela China, investimentos externos na produção para exportação. Desse modo, a China mo-
apresenta
dernizou-se e passou a ser considerada a “fábrica do mundo”. O resultado pode
características do
planejamento estatal do ser observado na figura 6.
socialismo (planos
quinquenais, Figura 6. China: abertura econômica – 2013
predomínio de
Catherine Abud/Arquivo da editora

90° L
empresas estatais) N Litoral de economia
combinadas com RÚSSIA dinâmica
Interior agrícola
características do O L
Periferia
capitalismo S
Polo de inovação
(investimentos privados, MANC
Centro de grande
desenvolvimento
HÚRIA
investimentos externos, XINJIANG
TIBETE Nome de região

concorrência entre MONGÓLIA


Abertura ao estrangeiro
empresas, etc.). Harbin Deltas e portos
abertos a
Shenyang investimentos
Zonas Econômicas Pequim
Zona Econômica
Especial (ZEE)
Especiais TIBETE COREIA DO
NORTE Migração
Foram criadas na Tianjin
Para regiões dinâmicas

segunda metade da Sian COREIA JAPÃO Para regiões menos


N

povoadas
EP

AL DO SUL
década de 1970, em ÍNDIA
Chengdou Xangai Para o exterior
regiões urbanizadas e Tró
pic BUTÃO Wuhan Frente pioneira
od
portuárias, com o eC
ânc
er ÍNDIA l Chongqing
Corredor econômico
R i o A zu do Extremo Oriente
objetivo de instalar BANGLADESH Para América Limites de país
indústrias de produtos e Europa

voltados à exportação. OCEANO MIANMAR


Cantão Fonte: elaborado com
Tornaram-se grande TAIWAN base em CALDINI,
ÍNDICO VIETNÃ Vera; ÍSOLA, Leda.
foco de investimento 0 530 1 060 km LAOS Hong Kong OCEANO
Atlas geográfico
estrangeiro na China. Para
Sudeste
PACÍFICO Saraiva. São Paulo:
TAILÂNDIA Asiático FILIPINAS Saraiva, 2013. p. 144.

174 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia

Texto complementar
Do socialismo marxista ao socialismo de mercado
A visão de mundo dos socialistas de mercado, em larga medida, não se baseia no marxismo, mas no socialismo fabiano e nas cren-
ças do partido trabalhista inglês.
De fato, boa parte do debate ocorre entre economistas da London School of Economics (Lerner e Durbin), fundada por membros da
Fabian Society (casal Webb). Durbin, um dos participantes do debate, foi durante a guerra assistente pessoal de Clement Attlee, mais
tarde eleito primeiro-ministro pelo Partido Trabalhista.

174 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Outra consequência da modernização econô-

Benjamin Ginsberg/Alamy/Fotoarena
Ao fazer a leitura do mapa da
mica promovida na China foi o intenso processo figura 8 com os alunos, procure
de urbanização. Em 1970, a população urbana no destacar a pertinência desse tipo
país era inferior a 20%; em 2017, a taxa já era de de representação cartográfica.
58%. Esse processo resultou de um forte êxodo Trata-se de uma projeção ci-
rural, acompanhado de um acelerado crescimento líndrica que coloca a China no
urbano, impulsionado pela concentração, nas ci- centro do mapa, de modo a faci-
dades, das atividades mais dinâmicas e capazes litar a representação e a visuali-
de gerar novos empregos. Na China existem mui- zação dos fluxos (exportações e
tas megacidades: Beijing, Tianjin, Guangzhou, importações da China com seus
Shenzhen, Xangai (figura 7). Essas cidades reúnem principais parceiros comerciais).
migrantes das mais variadas procedências, atraídos Possibilita-se, assim, o de-
pelas múltiplas oportunidades oferecidas pelo di- senvolvimento das habilidades
namismo econômico. Elas apresentam, porém, inúmeros desafios: problemas de Figura 7. Xangai é uma EF09GE10 e EF09GE15 e da
mobilidade urbana, como congestionamentos e superlotação dos veículos de das cidades com maior CEG4 e a CECH7.
transporte público; problemas ambientais, como poluição do ar e excesso de lixo; população urbana do
mundo. Foto de 2017.
expulsão das populações de baixa renda para bairros periféricos, entre outros.
Entre os mais importantes parceiros comerciais da China estão os Estados
Unidos, principal destino dos produtos chineses. Em termos de fornecimento de
produtos para a China, destaca-se o vizinho asiático, o Japão (figura 8). Megacidade
Aglomerado urbano
com mais de 10 milhões
Figura 8. China: principais destinos de exportação e
de habitantes.
origem de importação (% sobre o total) – 2013

Catherine Abud/Arquivo da editora


N 160° L

O L

Círculo Polar Ártico


S
43,1% ÁSIA
46,0%
15,6
%
EUROPA 16,7%

14,3 ESTADOS OCEANO


% 6,8%
7,9% UNIDOS
CHINA JAPÃO ATLÂNTICO
8,3%
6,0% Trópico de Câncer
2% 6,5
4, %
0,1

OCEANO
ÁFRICA
%

PACÍFICO
Equador

OCEANO
OCEANO 6,0 América
0,1

ATLÂNTICO %
ÍNDICO Latina
%

OCEANIA Trópico de Capricórnio

Exportação
Importação
0 3230 6460 km Círculo Polar Antártico
Memórias de
Limites de país
Xangai
Fonte: elaborado com base em UNCTAD. UNCTAD Handbook of Statistics 2014. p. 46, 58. Disponível em: Direção: Jia Zhang-ke.
<https://unctad.org/en/PublicationsLibrary/tdstat39_en.pdf>. Acesso em: out. 2018. China/Países Baixos:
Xstream Pictures
Nos últimos anos, a presença chinesa se consolidou no mundo. Grande parte Limited, 2010. 118 min.
de todos os produtos industrializados comercializados tem origem nesse país, o Documentário que
apresenta a trajetória de
que permitiu o crescimento da economia e a melhoria da renda da população. 18 moradores de Xangai,
Esse crescimento, contudo, acarretou problemas ambientais. Leia a seção Olhar que contam sua vida e a
interdisciplinar, na página seguinte. Essas características, associadas ao poderio relação que
desenvolveram com a
militar, já levam alguns analistas a afirmar a existência de uma nova bipolaridade maior cidade chinesa.
no século XXI, dessa vez entre China e Estados Unidos.
China, Japão e Tigres Asiáticos • Capítulo 8 175

Na esfera teórica, os autores são influenciados tanto pela teoria neoclássica quanto pelo keynesianismo que acabara de surgir.
Além da substituição do marxismo pela teoria neoclássica como ferramenta teórica – o que muda significativamente a natureza da aná-
lise e a forma como se enxerga uma futura sociedade socialista –, algumas crenças marxistas são rejeitadas pelos socialistas de mercado.
Um dos aspectos do socialismo inglês é a rejeição da ditadura do proletariado em favor da democracia parlamentar inglesa. Durbin
[…], por exemplo, critica vigorosamente a ideia da ditadura (condenando inclusive os métodos totalitários na Rússia), em favor do so-
cialismo democrático. […]
Fabio Barbieri. O desenvolvimento do socialismo de mercado, p. 20-21.
Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rgpp/article/view/97823/96623>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 8 – MANUAL DO PROFESSOR 175


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar – Olhar interdisciplinar Ciências
Ciências
Após a leitura do texto so- Guerra contra a poluição começa a dar frutos na China
bre o combate à poluição na Durante muito tempo, a China colocou o crescimento econômico à frente do meio ambiente.
China, peça aos alunos que
Como resultado, se tornou uma das maiores potências planetárias, enquanto a população de suas
proponham ações para redu-
grandes cidades vivia mergulhada em fumaça. Isso até 2014, quando no dia 4 de março o pri-
zir as emissões de poluentes
atmosféricos no município ou meiro-ministro Li Keqiang anunciou uma mudança nos rumos do país: “Vamos declarar guerra
na região onde vivem. à poluição assim como declaramos guerra à pobreza”.
Essas ações podem ser des- Quatro anos depois, um estudo realizado pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos,
cobertas na pesquisa proposta mostra que a China está vencendo o combate. Em algumas cidades, a concentração de partículas
na atividade. caiu até 32% no período. [...]
Mobilizam-se, dessa forma, Para atingir o objetivo, o primeiro a perder espaço foi o carvão mineral. Além de fechar todas
a CECH3, a CEG5 e o TC Edu- as minas do país, as novas termelétricas que o utilizavam como combustível foram proibidas.
cação ambiental. As já existentes, tiveram que reduzir emissões. As que não conseguiram, tiveram o carvão subs-
tituído por gás natural como matriz energética.
Enquanto algumas ações foram mais óbvias, como restringir o número de carros das ruas
de grandes cidades como Pequim, Shangai e Guangzhou, outras iniciativas foram consideradas
agressivas. Em muitas casas e negócios, os aquecedores movidos a carvão foram removidos. Sem
estratégia para substituição, muitos passaram o rigoroso inverno expostos ao frio.
Segundo o estudo, no entanto, essa estratégia já apresenta resultados animadores. Dados de
204 prefeituras chinesas mostram que os residentes podem viver, em média, até 2,4 anos a mais
graças ao declínio da poluição atmosférica. 
Quanto maior – e poluída – a cidade, maiores os ganhos. Em Pequim, os cerca de 20 milhões
de moradores viveriam 3,3 anos a mais; 5,3 anos em Shijiazhuang; e 4,5 anos em Baoding. “Nota-
velmente, nossas pesquisas sugerem que as melhoras na expectativa de vida seriam experimen-
tadas em todas as idades, não somente em velhos ou em jovens”, afirmaram os pesquisadores.
Apesar dos dados apontarem a vitória

Sipa Asia/ZumaPress/Glow Images


chinesa na batalha contra a poluição, a
guerra ainda está longe de ter um fim. A
poluição do ar chinês ainda é superior ao
que a Organização Mundial da Saúde con-
sidera seguro. Quando esse dia chegar,
toda a população ganharia até 4,1 anos a
mais de vida
GUERRA contra a poluição começa a dar frutos na China.
Galileu, 12 mar. 2018. Disponível em: <https://
revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/03/
guerra-contra-poluicao-comeca-dar-frutos-na-china.html>.
Acesso em: out. 2018.

Poluição do ar vista em Beijing (China), 2015.


• Incentive os alunos a pesquisar o tema na internet e a conversar com moradores do município em que vivem,
Atividade de diferentes faixas etárias, no sentido de verificar suas percepções acerca da qualidade do ar na cidade e
dos impactos da poluição atmosférica na saúde humana. Peça também que acessem as páginas oficiais da
¥ Em grupo, façam uma pesquisa sobre os impactos da poluição do ar no organismo. Procurem saber:
prefeitura e da agência ambiental municipal para obter mais in-
a) as consequências para o aparelho respiratório; formações sobre as ações governamentais desenvolvidas para
minimizar o problema. Caso vivam em municípios sem poluição,
b) como a poluição do ar afeta pessoas com doenças cardiovasculares; buscar depoimentos em páginas da
internet, seja em vídeos, seja em
c) os impactos nas crianças e nos idosos; textos veiculados pela imprensa.

d) como está a poluição do ar no município em que você vive e quais medidas foram adotadas para
combatê-la.

176 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia

176 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
China e Estados Unidos Após a leitura do texto com
os alunos e o esclarecimento
O comércio com os Estados Unidos foi fundamental para que a economia
de dúvidas, convide-os para
chinesa crescesse nas últimas décadas. A China é parceira comercial preferencial
pesquisar o valor de expor-
dos Estados Unidos, o que permite que empresas estadunidenses recebam finan- tações e importações entre
ciamento para se instalarem no país oriental. Nos últimos anos, os investimentos China e Estados Unidos e China
estrangeiros no país se diversificaram, e o Japão e até o Brasil passaram a instalar e Brasil. Em seguida, peça que
indústrias em território chinês. comparem os valores comercia-
Apesar de os Estados Unidos serem um grande parceiro comercial, o país tem lizados entre os países, assim,
alguns problemas com a China. Temas como o respeito aos direitos humanos e à será possível dimensionar a par-
propriedade intelectual têm produzido tensão entre eles. O volume de negócios, ceria comercial entre os países .
contudo, tem feito com que essas

The Yomiuri Shimbun/Associated Press/Glow Images


questões não sejam tão radicaliza-
das e não se tornem motivo para um
rompimento diplomático ou even-
tuais conflitos (figura 9). Se os Esta-
dos Unidos veem a China como um
imenso mercado consumidor, esta,
por sua vez, ganha investimentos e
tecnologia com a presença dos gru-
pos estadunidenses.
Em 2018, o presidente dos Esta-
dos Unidos Donald Trump anunciou
a adoção de tarifas de importação
sobre diversos produtos chineses:
eletrônicos, peças para a indústria
aeronáutica, medicamentos, maqui-
nários, entre muitos outros bens.
Desde a campanha eleitoral à presi- Figura 9. Donald Trump (à esquerda), presidente dos Estados Unidos, e Xi Jinping
dência, Trump atacava a relação co- (à direita), presidente da República Popular da China, em Beijing (China), 2017.
mercial do país com a China. As medidas protecionistas adotadas seriam resposta
a um suposto roubo de propriedade intelectual e de tecnologia de empresas
americanas pelo governo chinês. Em contrapartida, a China prometeu taxar pro-
dutos dos Estados Unidos. Analistas temem que uma “guerra comercial” prejudique
toda a economia mundial.

O dragão chinês China moderna


Rana Mitter. Porto
De acordo com o Ranking de Força Militar 2018, publicado pelo Global Firepower
Alegre: L&PM, 2011.
– organização que se dedica ao levantamento e publicação de dados sobre milita- Buscando trazer uma
rização no mundo –, a China detém o maior contingente armado do mundo, com visão inovadora, a autora
um efetivo de mais de 2,6 milhões de militares, sendo que 80% desses soldados analisa a China sob
diferentes aspectos.
estão na ativa. É uma potência nuclear, participa como membro permanente do Entre em contato com
Conselho de Segurança da ONU e tem a maior população do planeta. assuntos polêmicos
Quando se discute o sistema internacional, a China não pode ser ignorada. O país relacionados à
sociedade, à inserção no
tem atraído investimentos, além de desenvolver tecnologias de ponta, como a produ- comércio internacional
ção de satélites artificiais e de foguetes. Por isso, possui armas sofisticadas, como e ao modelo
mísseis e submarinos nucleares e aviões de alta capacidade militar. Apesar desse poder, político-econômico
chinês.
enfrenta problemas internos. Leia a seção Fique por dentro, na página seguinte.

China, Japão e Tigres Asiáticos • Capítulo 8 177

CAPÍTULO 8 – MANUAL DO PROFESSOR 177


1. Não. Embora a maior parte das disputas atuais ocorra na Ásia, a ilha de Taiwan constituía uma possibilidade de contenção
do socialismo chinês durante a Guerra Fria. Naquele contexto, o governo dos Estados Unidos aprovou uma lei no
Congresso (1979), ainda válida, que permitiu ao país colaborar para a proteção da ilha. Além disso, vale comentar que,
Orientações didáticas durante a década de 1990, a China recuperou Macau, área sob domínio
Fique por dentro Fique por dentro português desde o século XVI, e Hong Kong, administrada pelo Reino
Unido desde 1842.
A análise das disputas ter-
ritoriais na Ásia envolvendo a Disputas territoriais
China e outros países possibi-
lita o desenvolvimento da ha- No âmbito diplomático, a China enfrenta problemas com disputas territoriais.
bilidade EF09GE08. Se achar A ilha de Taiwan, ocupada desde 1949 por dissidentes da Revolução Chinesa e que chegou a se afir-
conveniente, peça aos alunos mar como república autônoma – conhecida como Taiwan ou República de Formosa –, não é reconhecida
que façam uma pesquisa mais pelo governo chinês (veja o mapa).
aprofundada sobre esses terri- Durante a Guerra Fria, Taiwan representou uma possibilidade de contenção do comunismo chinês,
tórios citados no texto. sendo apoiada pelos Estados Unidos. Em 2010, o governo de Taiwan fechou um acordo econômico com
a China, que prevê a redução das taxas de importação e exportação, o que gerou muitos protestos da
oposição na ilha, que analisou a medida como um passo importante dos chineses para anexar Taiwan à
China. No mesmo ano, porém, o governo de Taiwan gastou mais de 6 bilhões de dólares em compras de
armas dos Estados Unidos, o que gerou protestos do governo chinês.
Outra parte da China que reivindica autonomia é o Tibete. A presença chinesa nesse território teve
início em 1720, quando líderes tibetanos pediram ajuda contra os mongóis, que ameaçavam seu territó-
rio. O Tibete procurou consolidar sua independência, mas desde 1950 a China ocupa o território que
pertencia aos tibetanos.
Há, ainda, uma área em litígio na fronteira com a Índia. Essa disputa resultou da guerra entre os dois
países, em 1962, na qual a China avançou, segundo a Índia, cerca de 43 mil km na Caxemira. Por outro
lado, a China afirma que a Índia avançou cerca de 90 mil km no estado de Arunachal Pradesh, junto ao
Tibete. Em 2013, os governos da China e da Índia concordaram em estabelecer uma comissão para dis-
cutir a questão, em busca de uma solução que contemple os interesses dos dois países.
Além disso, a China enfrenta
problemas com o Japão, que reivin- China: disputas territoriais – 2013

Catherine Abud/Arquivo da editora


dica para si o domínio de ilhas ina-
100° L

bitadas junto a Taiwan, que tam-


bém deseja exercer o controle
sobre elas. Especula-se que na área
existam importantes reservas de Pequim
gás natural no mar. Desde o final
do século XIX as ilhas eram ocupa-
das pelos japoneses, mas, após a Aksai Chin

Segunda Guerra Mundial, os Esta- CHINA ân


ce
r
eC
dos Unidos comandaram ações nas
N
i cod
TIBETE p
Tró

ilhas até 1972. A partir daí a China


Taipé Ilhas Senkaku
O L
(Diaoyu)

reivindicou a posse das ilhas, ini- S


TAIWAN
OCEANO
ciando um conflito, até agora de Território em disputa PACÍFICO
Ilhas Pratas
palavras, com o Japão. Capital de país
Limites de país Ilhas Paracel
0 610 1220 km Ilhas Spraty
Limites internos

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial.
São Paulo: Moderna, 2013. p. 59.

Atividades 2. Porque existe uma especulação de que nas ilhas sem população próximas a Taiwan existam reservas
significativas de gás natural no mar.
1. As disputas territoriais apresentadas no texto envolvem apenas países asiáticos? Por que você acha que
isso ocorre?
2. Explique por que ilhas sem população seriam importantes para China, Taiwan e Japão.

178 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia

178 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
2 Japão Figura 10. Japão: político – 2016 O tópico faz uma apresenta-

Catherine Abud/Arquivo da editora


RÚSSIA ção sobre algumas característi-
O Japão é um país insular, com 377 800 km2 cas do Japão. Permite mobilizar
(figura 10) e 126,9 milhões de habitantes em 2016,
HOKKAIDO
Sapporo
as habilidade EF09GE09 e
EF09GE17.
segundo o Relatório do Banco Mundial de 2017. Ilhas Kurilas
(território sob controle
CHINA
A estrutura de produção japonesa e a divisão da Converse com os alunos e
russo e reivindicado
pelo Japão)

COREIA procure destacar a importância


riqueza entre a população levam o país a exce- DO
lentes indicadores sociais. NORTE Mar do Japão
TOHOKU da educação para o desenvolvi-
(Mar do Leste)
Sendai mento de um país. Pode-se ins-
Sua expectativa de vida está entre as maiores tigá-los a refletir sobre questões
COREIA
do mundo. Em 2015, era de 83,7 anos, segundo o DO SUL CHUBU
KANTO
locais, como a valorização da
Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016. Nagoya Tóquio
CHUGOKU Quioto Yokohama escola por parte da comunida-
Hiroxima
A taxa de mortalidade infantil era de apenas 5
Kobe Osaka

SHIKOKU KINKI OCEANO de (escola, bairro, município) e


por mil. Além disso, a média de anos de estudo Fukuoka
PACÍFICO ações que poderiam ser toma-
era de 12,5 anos. Toda a população tinha comple- Mar da KYUSHU das para promover a maior va-
tado o Ensino Médio, e cerca de 60%, o Ensino China Oriental
lorização da educação.
Superior, mostrando que o índice educacional do 30° N
É possível discutir ainda so-
Japão é um dos mais elevados do mundo. bre a relação concreta entre a
Por conta do território reduzido, o país tem Capital de país
Ilhas Ryukyu
N
educação e o crescimento do
cidades com elevada concentração populacional. Cidades O L país, como o desenvolvimen-
Na região metropolitana de Tóquio (figura 11), Limites de país
Limites internos
0 270 540 km
S
to da cidadania, da cultura e
onde fica a capital do país, em 2018 viviam mais 140° L da formação de mão de obra
de 37 milhões de habitantes, segundo o Depar- Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed.
Rio de Janeiro, 2016. p. 47.
mais qualificada para fomen-
tamento de Assuntos Econômicos e Sociais das tar a ciência e as atividades
Nações Unidas. Outra aglomeração urbana importante é Osaka-Kobe, com cerca Figura 11. Edifícios que econômicas e administrati-
utilizam tecnologias vas em geral.
de 11 milhões de habitantes.
avançadas são algumas Essa construção promoverá
A concentração populacional no Japão formou uma megalópole, ou seja, um
conjunto de metrópoles próximas umas das outras e muito articuladas entre si
marcas de Tóquio a mobilização da CECH2.
(Japão), 2017. Ao fundo,
(figura 12, na página seguinte). observa-se o monte Fuji.

Sea
n Pa
vo n e
/A la
my/F
otoa
rena

179

CAPÍTULO 8 – MANUAL DO PROFESSOR 179


Orientações didáticas
Oriente os alunos na leitura Figura 12. Japão: megalópole – 2013

Catherine Abud/Arquivo da editora


N
do mapa da figura 12, identifi- RÚSSIA
Megalópole inicial
cando as áreas abrangidas pela O L
Expansão da megalópole
Área muito urbanizada
megalópole japonesa, caracte- I. Hokkaido
S Aterros industriais
rizada pelos intensos fluxos de Aeroporto internacional
pessoas, mercadorias, informa- Shinkansen (trem de grande
COREIA velocidade)
ções e capitais entre as metró- DO Pontes e viadutos principais
NOR
NORTE Mar do Japão
poles que a compõem. (Mar do Leste)
40° L
Tecnopolos
Eixo de dinamismo e
Além disso, há um processo expansão metropolitana

de conurbação em curso entre Aglomerações urbanas


(mil habitantes)
essas cidades, sendo que algu- Niigata
Sendai De 350 a 499
mas já se encontram conurba- COREIA Nagano
De 500 a 2 000
DO SUL Mais de 2 000
das. Ainda que em proporções Kanazawa Toyama
Hachioji
Tóquio Cidade mundial
bem menores, vale a compara- Okayama I. Honshu Funabashi
Mar Interior Chiba
ção com a megalópole brasileira Quioto NAGOYA Tráfego marítimo
Sagamihara (milhões de toneladas)
Hiroxima Kawasaki
Kobe
em formação, composta de São Kitakyushu Yokohama 500
Fukuoka Shizuoka
Paulo e Rio de Janeiro e, ainda, I. Shikoku Hamamatsu
De 200 a 300
OCEANO 100
as áreas adjacentes, como o Nagasáqui
PACÍFICO Limites de país
Kumamoto OSAKA
Vale do Paraíba, a região me- Japão I. Kyushu Higashiosaka
Sakai Fonte: elaborado com base em
tropolitana de Campinas e da João O. Nunes. São
0 190 380 km FERREIRA, Graça M. L. Atlas
geográfico: espaço mundial.
Baixada Santista. Mobiliza-se, Paulo: Ática, 2005. 132° L
São Paulo: Moderna, 2013. p. 106.
assim, a CECH5. O livro mostra como o
Aborde as estratégias utiliza- Japão se tornou uma das Os elevados índices econômicos e sociais do Japão impressionam se lembrar-
nações mais ricas do mos que o país esteve sob regime feudal até o século XIX. Porém, de 1868 a 1912,
das pelo governo japonês para
mundo, destacando o
a industrialização do país no fi- período conhecido como passou por uma grande mudança iniciada pelo imperador Mutsuhito (1852-1912),
nal do século XIX e os conflitos “milagre japonês”. que ficou conhecido como Meiji. Esse imperador promoveu alterações radicais na
decorrentes de sua postura ex- Conheça mais sobre a estrutura econômica e política japonesa.
pansionista. Ressalte a impor- história desse país e
entenda melhor a sua O imperador combateu o xogunato, sistema político baseado no domínio
tância dos Estados Unidos na
posição de destaque no militar, e estabeleceu o ensino obrigatório na Constituição. Mas a mudança mais
reconstrução do Japão, relacio- sistema internacional do
significativa foi a criação de um sistema de organização empresarial, conhecido
nando o apoio estadunidense ao século XXI.
contexto da Guerra Fria. como zaibatsu.
Esses conteúdos favorecem
o desenvolvimento das habili- Economia japonesa
dades EF09GE08 e EF09GE09.
Os zaibatsus foram criados para permitir o surgimento de grandes empresas
no Japão. O governo ajudou famílias importantes a concentrar atividades bancárias
e industriais, o que lhes conferiu muito poder econômico. Foi dessa forma que
surgiram empresas que existem até hoje, atuando nos setores de produção auto-
Embaixada do
Japão no Brasil mobilística, mineração, telecomunicações, seguros, entre outros.
‹www.br.emb-japan.go. A partir da industrialização, ocorrida no final do século XIX, o Japão adotou a
jp/itprtop_pt/index. estratégia de conquistar novos territórios. Essa postura expansionista levou
html› a conflitos com a China, a Coreia e a Rússia, que só foram resolvidos com a der-
O site da embaixada do
rota do Japão na Segunda Guerra Mundial.
Japão no Brasil traz
notícias e informações Como já foi estudado, o Japão se rendeu na Segunda Guerra Mundial apenas
sobre o Japão e sua após o lançamento das bombas atômicas em Hiroxima e Nagasáqui. Logo depois
relação com o Brasil.
Em “Divulgação e
se iniciou o período da Guerra Fria e o Japão passou a ser um território importan-
Cultura”, acesse te do ponto de vista estratégico para os Estados Unidos por causa de sua proxi-
“Informações sobre o midade com a União Soviética e a China. Esse motivo levou os Estados Unidos a
Japão” e conheça mais
sobre o país.
realizar grandes investimentos para a reconstrução do país, impulsionando a eco-
nomia japonesa, que registrou o maior crescimento entre 1950 e 1980.
180 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia

Texto complementar
A convivência harmônica com a água: uma lição japonesa
É inspirador observar o que ocorreu no Japão com a gestão das águas e o uso do solo. Aquele país é um arquipélago cercado de ma-
res e oceanos e muito rico em fontes de água, originárias de suas montanhas. O Japão tem topografia montanhosa – 70% da superfície
constituem os alpes japoneses, espinha dorsal do arquipélago, com ocupação humana rarefeita.
Os alpes japoneses são, em sua maior parte, ocupados por florestas, que servem para a proteção dos solos e o controle da erosão. Ainda
que a maior parte das florestas seja de propriedade privada, sua exploração e a comercialização do produto são usualmente feitas por meio
de associações florestais. Sendo o país de clima temperado, a vegetação demora oitenta anos para ser explorável, e, dessa forma, as flores-
tas são consideradas como poupança, mais do que como investimento de retorno em curto prazo. […]

180 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Oleksandr Rupeta/NurPhoto/Getty Images Figura 14. Japão: uso da terra – 2013 Na leitura do mapa da figu-

Catherine Abud/Arquivo da editora


Região industrial RÚSSIA
Arroz cultivado em
ra 14, destaque a importância
campos alagados das áreas de floresta. São áreas
Culturas variadas e frutas
Floresta Sapporo predominantemente de relevo
Limite norte de cultura Muroran montanhoso e que, por serem
Capital de país Arroz
Cidades
(uma colheita
no verão)
recobertas de florestas, contri-
COREIA 40° L
buem para o equilíbrio hidroló-
DO NORTE gico dos solos do país.
Mar do Japão Amoreira
(Mar do Leste) Sendai Arroz
(duas colheitas
A esse respeito, sugere-se a
Niigata por ano)
Chá
leitura do trecho de artigo apre-
COREIA
DO SUL Toyama Laranja
sentado na seção Texto com-
Tóquio N
plementar, no qual se nota a
Osaka
Nagoya importância dada à cobertura
O L
Kitakyushu vegetal de áreas montanhosas
S com o intuito de conter as inun-
OCEANO dações durante a estação das
Banana
PACÍFICO chuvas mais intensas, no verão.
0 230 460 km
132° L Este conteúdo possibilita o
Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas trabalho com as habilidades
Figura 13. Robô recepcionista em hotel de Tóquio (Japão), 2018. geográfico: espaço mundial. São Paulo: Moderna, 2013. p. 106. EF09GE09 e EF09GE17, além
de mobilizar a CECH3 e a CEG1.
Paralelamente ao crescimento econômico, o Japão conseguiu desenvolver O item “Comércio internacio-
tecnologia de ponta, em especial nas áreas de eletrônica, computação e teleco- nal” favorece o desenvolvimento
municações (figura 13). O país se tornou um grande exportador de produtos in- da habilidade EF09GE10.
dustrializados, inclusive de carros. Esse conjunto de fatores propiciou o aumento
da renda da população, uma das mais ricas do mundo.
Apesar da forte concentração industrial e do espaço físico limitado, no Japão
também se desenvolvem atividades agrícolas (figura 14). O país é grande produtor
de arroz para consumo interno.

Comércio internacional
Com relação aos produtos exportados, o Japão está entre os principais forne-
cedores de carros, máquinas e navios. O país também aparece com destaque na
produção de eletroeletrônicos. Porém, é um importador de alimentos e de recur-
sos naturais.
O principal parceiro comercial do país são
os Estados Unidos, seguido pela China (figura Figura 15. Japão: principais parceiros (exportações
em milhões de dólares) – 2017
15). Os países europeus também estabelecem
Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

um comércio importante com o Japão, mas os Estados 135 060


Unidos
países asiáticos e os do Oriente Médio apre-
sentam um volume maior de negócios. China 132 786

A movimentação de navios é intensa nos Coreia do Sul 53 308


portos japoneses, e o de Yokohama é o prin-
cipal do país. De acordo com a administração Taiwan 40 644
desse porto, por ele passaram 35 677 navios
Hong Kong 35 437
em 2016, que transportaram cerca de 291,7
milhões de toneladas. Desse volume, 30 mi- 0 30 000 60 000 90 000 120 000 150 000
lhões de toneladas foram destinadas para ou- Fonte: elaborado com base em UNCTAD. General Profile: Japan. Disponível em:
<http://unctadstat.unctad.org/CountryProfile/GeneralProfile/en-GB/392/index.
tras partes do país. html>. Acesso em: out. 2018.

China, Japão e Tigres Asiáticos • Capítulo 8 181

No Japão, houve um aprendizado social sobre os riscos e custos dessa ocupação inadequada dos vales. Preservam-se os fundos de vale
não edificados nas cidades, com canais abertos e parques lineares, que são inundados com as chuvas. Quando as águas se vão, não deixam
danos econômicos ou sociais. No Japão, programas intensos de florestamento de encostas, de criação de cooperativas florestais e de pro-
teção à cobertura vegetal reduziram as inundações nas planícies e os prejuízos à economia agrícola. […]
O florestamento dos alpes japoneses foi estratégico para conter sedimentos e erosões. Programas intensos de proteção de encostas reduzi-
ram as inundações. Cooperativas florestais foram criadas para administrar as florestas e manejá-las de forma sustentável, usando a madeira
para mobiliário e construção civil. As medidas de prevenção e controle evoluíram e, hoje, compreendem a manutenção integral da cobertu-
ra de florestas nas áreas montanhosas, a construção de represas para conter a terra que escorre das montanhas junto com a água de chuva e a
proteção de encostas por meio de redes metálicas ou de plástico, que previnem os deslizamentos de terra. […]
RIBEIRO, Maurício A. A convivência harmônica com a água: uma lição japonesa. Estudos Avançados, São Paulo, v. 22, n. 63, p. 239-241, 2008.
Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ea/v22n63/v22n63a17.pdf>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 8 – MANUAL DO PROFESSOR 181


Orientações didáticas
Antes de iniciar a leitura do Influência do Japão
texto com os alunos, retome a
situação do Japão após a Se- O Japão aparece como importante centro de produção tecnológica; entretanto,
gunda Guerra Mundial. Procu- seu papel vai além. Empresas e grupos financeiros japoneses estão entre os maio-
re organizar as informações res do mundo.
por meio de tópicos na lousa. Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão, sob ocupação dos Estados Unidos,
O item “Infuência do Japão” promulgou a Constituição de 1947, na qual estabelece a renúncia “para sempre” à
mobiliza a habilidade EF09GE10, guerra, atribuindo às forças armadas a função de defender seu território e não
pois o Japão é um país altamen- atacar outros. Em 1967, na Guerra Fria, o governo proibiu a exportação de armas
te industrializado e tornou-se a países comunistas e, em 1976, aos demais países.
um produtor e exportador de
Apesar dessas restrições, desenvolveu tecnologias para produtos que também
armamentos para fins militares.
podem ser usados para fins militares. Esse fato o tornou um produtor potencial
Na atividade do boxe Con- de armamentos. Desde o início da década de 1990, o Japão passou a investir em
texto, vale destacar que tanto
Contexto defesa e, nos últimos anos, tem exportado equipamentos e tecnologia destinados
o Brasil como o Japão adotaram,
no início do século XXI, políticas à produção armamentista. Em 2014, o governo japonês decidiu retomar as vendas
¥ Assim como o Japão,
externas no sentido de se afir- o Brasil também
de armas a países vizinhos.
mar como potências regionais deseja ter uma Segundo o Ranking de Força Militar 2018, em 2018, as forças armadas do Japão
e aumentaram sua participação cadeira permanente contavam com mais de 310 mil militares, sendo que 80% deles estavam na ativa.
no Conselho de
nos eventos e decisões em es- Segurança da ONU. O orçamento de defesa foi de 44 bilhões de dólares. Esse grande volume de re-
cala global. Em sua opinião, qual cursos aplicados na área militar indica que as intenções japonesas não são apenas
No entanto, essa política po- dos dois países deve de defesa, mas de ampliar sua influência no mundo (figura 16).
ocupar essa posição?
de variar de acordo com o go-
Seria possível a Prova disso é a aspiração japonesa, expressa várias vezes, de integrar o
verno que estiver na condução ambos ingressar no Conselho de Segurança da ONU como membro permanente, caso ele venha a
do país, o que precisa ser consi- Conselho de
Segurança?
ser alterado.
derado ao propor-se a pesquisa
sobre a atuação dos dois países

Albert Gonzalez Farran/Agência France-Presse


• Resposta pessoal.
no cenário internacional para Pode-se organizar os
alunos em dois grupos,
responder à questão. Ela pos- de forma que cada um
sibilita a mobilização da CG7, deles pesquise as
da CECH6 e da CEG5. motivações de um dos
países para ingressar de
maneira permanente no
Conselho de Segurança
da ONU.
A partir disso, promova
uma discussão, na qual
cada grupo represente
os interesses do Estado
pesquisado. Ao final,
converse com os alunos
sobre o papel do
Conselho de Segurança
e as possibilidades
ligadas à sua reforma.

Figura 16. Soldados


japoneses desembarcam
em Juba (Sudão do Sul),
em 2016, em missão
de manutenção de
paz da ONU.

O Japão exerce enorme influência em grande parte do Sudeste Asiático e


mantém relações com muitos países (figura 17, na página seguinte). Os Tigres
Asiáticos, que serão estudados adiante, só alcançaram notoriedade e desenvol-
vimento em virtude dos investimentos japoneses.

182 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia

182 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Catherine Abud/Arquivo da editora Figura 17. Japão: influência econômica – 2013 Peça aos alunos que obser-
OCEANO GLACIAL
N vem o mapa da figura 17. Diante
Zona de influência japonesa
ÁRTICO no Pacífico da grande quantidade de infor-
O L
Círculo Polar Ártico Polos da tríade, rivais e mações representadas, pode-se
complementares
RÚSSIA
S
Principais praças financeiras solicitar que formem duplas ou
asiáticas (o tamanho indica
UE a relevância)
trios para que cada um deles fi-
JAPÃO
Fluxo de matérias-primas que responsável por fazer a lei-
COREIA DO SUL Fluxo de mão de obra
OCEANO EUA OCEANO tura e a compreensão de uma
CHINA especializada
PACÍFICO ATLÂNTICO
Trópico de Câncer Fluxo de mão de obra de baixa das informações do mapa.
qualificação
FILIPINAS Havaí MÉXICO
TAILÂNDIA Países integrados à dinâmica
(EUA)
japonesa
Eles deverão anotar no ca-

Equador MALÁSIA Com investimentos prioritários: derno suas conclusões. Caso
China, Rússia, Austrália, Chile,
CINGAPURA
BRASIL Argentina, Brasil, Nova Zelândia tenham alguma dificuldade, pe-
INDONÉSIA OCEANIA Com saídas para o Pacífico e
Tokelau Taiti
Ilha de Páscoa potenciais concorrentes
ça que consultem outros mapas
Trópico de Capricórnio
AUSTRÁLIA Tigres Asiáticos: Coreia do Sul, ou mesmo outras fontes sobre
OCEANO CHILE Taiwan, Hong Kong, Cingapura
ÍNDICO ARGENTINA o referido tópico. Por fim, pro-
Novos Tigres Asiáticos: Tailândia,
NOVA
0 3230 6460 km ZELÂNDIA
Indonésia, Malásia, Filipinas mova a troca de informações
Limites de país
160° L
entre os grupos, de modo que
todos se apropriem dos dados
Fonte: elaborado com base em LÉZY, Emmanuel; NONJON, Alain. Cartes en main: la cartographie aux concours.
Paris: Ellipses, 2013. p. 130. representados.
Em seguida, inicie o tópico
3 Os Tigres Asiáticos sobre os Tigres Asiáticos apre-
sentando o contexto no qual es-
ses países se desenvolveram,
Tigres Asiáticos é a denominação dada ao conjunto de países da Ásia que, a por meio de investimentos ja-
partir de investimentos japoneses, atingiram elevado nível de desenvolvimento poneses realizados a partir da
tecnológico e econômico. A primeira geração dos chamados Tigres Asiáticos, década de 1960.
formada por Cingapura, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan, recebeu investimen-
tos japoneses e passou a montar produtos que anteriormente eram fabricados
somente no Japão.
Em pouco tempo, esses países desenvolveram tecnologia própria, principal-
mente a Coreia do Sul (figura 18), que adotou o modelo japonês dos zaibatsus e
criou os chaebols (grupos que se transformaram em marcas mundiais coreanas).
sayan uranan/Shutterstock

Figura 18. Seul, capital da


Coreia do Sul, é um dos
mais importantes centros
econômicos da Ásia. Foto
de 2018.

China, Japão e Tigres Asiáticos • Capítulo 8 183

CAPÍTULO 8 – MANUAL DO PROFESSOR 183


Orientações didáticas
Figura 19. Tigres Asiáticos: político – 2016 Os Tigres Asiáticos consegui-
Apresente a segunda geração
ram desenvolver produtos e tecno-

Catherine Abud/Arquivo da editora


120° L
dos Tigres Asiáticos e, partir do RÚSSIA N

mapa da figura 19, estimule os Mar do


logia nas áreas de informática, ele-
trônica e indústria automobilística,
Japão
MONGÓLIA (Mar do
O L
alunos a identificar os países COREIA Leste)
er
que compõem a primeira e a NORTE
DO NOR JAPÃO
APÃO S
de

nc
e passaram a exportá-los para o
segunda geração dos Tigres. COREIA
Seul
Tr
óp
ico
mundo todo.
Pode-se propor aos alunos a
DO SUL
O crescimento dos Tigres da pri-
elaboração de gráficos de bar- CHINA meira geração possibilitou e incen-
ras ou de colunas com base nos tivou o surgimento dos Tigres da
dados fornecidos pela tabela
Taipé
segunda geração, também chama-
presente na página. TAIWAN dos Novos Tigres (figura 19). São
Oriente-os na definição dos Hong Kong países do Sudeste da Ásia, como
intervalos a serem utilizados Hanói OCEANO
MIANMAR
LAOS
S
(CHINA)
PACÍFICO
Indonésia, Malásia, Tailândia e Viet-
como referência. Pode-se dis- nã, que, nas décadas de 1980 e 1990,
Manila
tribuir aleatoriamente o gráfico TAILÂNDIA
VIETNÃ FILIPINAS
r 0°
também passaram a produzir e a
a ser elaborado individualmente do
exportar produtos a preços compe-
Bangcoc CAMBOJA
CAMBOJ ua
Eq
pelos alunos (população, expec-
tativa de vida, gastos com educa- titivos e que foram bem-aceitos no
ção e média de anos de estudo). A
mercado mundial. Para isso, a prin-
Estes conteúdos possibilitam
M A L Á S I A
I cipal estratégia foi o uso de mão de
Kuala Lumpur
o desenvolvimento das habili-
CINGAPURA
Cingapura
S obra intensiva, como ocorreu nos
É
dades EF09GE09 e EF09GE10. N setores de calçados e de vestuário.
I D O
N
Primeira Geração
Jacarta
Segunda Geração
OCEANO Capital de país
ÍNDICO 0 650 1300 km
AUSTRÁLIA
Cidade Fonte: elaborado com base em
Limites de país IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed.
Rio de Janeiro, 2016. p. 47.

Observe na tabela a seguir que os Tigres Asiáticos não são semelhantes, quan-
do se analisam seus dados.
Tigres Asiáticos: dados selecionados – 2016
Gastos com
População Expectativa de Média de anos
País educação
(milhões) vida (anos) de estudo
(% do PIB)
Cingapura 5,6 83,2 3,3 11,6
Coreia do Sul 51,2 82,1 5 12,2
Hong Kong* 7,3 84,2 3,4 11,6

Negócios com Taiwan** 23,5 80,2 Sem dados Sem dados


Japão, Coreia do Sul Indonésia 261 69,1 3,58 7,9
e China Malásia 31,1 74,9 4,38 10,1
Gilmar Masiero. São
Paulo: Saraiva, 2007.
Tailândia 68,8 74,6 5,8 7,9
O livro apresenta um Vietnã 94,5 75,9 6,6 8
panorama da história,
*Hong Kong é uma Região Administrativa pertencente à China, mas dispõe de dados porque foi
da sociedade e das
atividades econômicas anexado mais recentemente e manteve a oferta de informações.
de Japão, Coreia do Sul **THE WORLD Factbook. CIA. Disponível em: ‹www.cia.gov/library/publications/the-world-
e China, abordando factbook/geos/tw.html›. Acesso em: out. 2018. Taiwan não é reconhecido como um país pela
também as relações China, por isso nem sempre seus dados estão disponíveis.
desses países com
Fonte: UNDP. Human Development Report 2016. PNUD, 2016. Disponível em: <www.br.undp.org/content/dam/brazil/
o Brasil. docs/RelatoriosDesenvolvimento/undp-br-2016-human-development-report-2017.pdf>; THE WORLD Bank. Countries
and Economies. Disponível em: <https://data.worldbank.org/country>. Acessos em: out. 2018.

184 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia

184 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
4 Blocos de países Na leitura do mapa da figura
20, destaque a localização dos
Quando países se agrupam, eles facilitam o comércio e o intercâmbio, o que países que compõem a Asean.
aumenta a atividade econômica. Na Ásia, dois blocos de países se destacam: Eles se encontram em uma re-
gião marcada pela passagem de
a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) e a Associação de Coopera-
importantes rotas comerciais
ção Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec). de navegação, em grande par-
te direcionadas para as potên-
Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) cias mundiais China e Japão, já
abordadas em itens anteriores
Desde 1967, a Associação das Nações do
Figura 20. Asean – 2018 deste capítulo.
Sudeste Asiático congrega países dessa re-

Catherine Abud/Arquivo da editora


gião. Inicialmente, um órgão com caráter
político, que visava garantir a paz regional,
a associação foi reformulada em 1992, quan- Trópico de Câncer

do se transformou em um bloco para a coo- MIANMAR


peração política e econômica entre os paí- LAOS

ses-membros: Brunei, Camboja, Cingapura, TAILÂNDIA VIETNÃ


Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, CAMBOJA OCEANO
Tailândia e Vietnã (figura 20). PACÍFICO
FILIPINAS
Os países reunidos em blocos também
OCEANO
passam a se observar mutuamente, o que ÍNDICO
BRUNEI
M A L Á S I A
favorece práticas políticas e econômicas mais
CINGAPURA Equador
transparentes e democráticas (figura 21). 0°
N

Ao completar 30 anos, em 1997, os países- O L


I N D O N É S I A
-membros decidiram criar uma Comunidade
Econômica das Nações do Sudeste Asiático S

por meio da Asean. A meta era construir a 0 740 1480 km Países-membros


120° L
integração até 2015, mas essa data foi rede-
Fonte: elaborado com base em ASEAN. ASEAN Member States. Disponível em:
finida para 2020. <https://asean.org/asean/asean-member-states/>. Acesso em: out. 2018.
The Asahi Shimbun/Getty Images

Figura 21. Reunião de


cúpula da Asean, em
Cingapura, 2018.

China, Japão e Tigres Asiáticos • Capítulo 8 185

CAPÍTULO 8 – MANUAL DO PROFESSOR 185


Orientações didáticas
Comente com os alunos que Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec)
a chegada, em 2017, de Donald
Trump à presidência dos Es- Muitos analistas comentam que o século XXI é o século do Pacífico. A emer-
tados Unidos trouxe novos gência da China como potência econômica, de um lado, e a dos Estados Unidos,
elementos às negociações in- de outro, indicam que essa visão pode estar correta.
Figura 22. Bob Hawke,
trabloco na Apec, como mostra Bob Hawke (1929-), primeiro-ministro da Austrália, lançou a ideia de uma as-
o trecho do artigo abaixo. Este idealizador da Apec,
discursa no fórum da
sociação entre países do Pacífico quando visitava Seul (Coreia do Sul), em 1989.
conteúdo mobiliza a EF09GE02.
Apec em Jiaxing (China), Seu pronunciamento promoveu um encontro de 12 países em Camberra (Austrália)
2016. no mesmo ano, do qual resultou a Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico
(figuras 22 e 23). Participaram desse evento Austrália, Brunei,

VCG/Getty Images
Canadá, Cingapura, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas,
Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia e Tailândia. Depois,
foram agregados China, Hong Kong e Taiwan, em 1991; México
e Papua-Nova Guiné, em 1993; Chile, em 1994; e, por fim, Peru,
Rússia e Vietnã, em 1998.
Apesar de a ideia de associação entre esses países ter sido
lançada em 1989 com ampla aceitação, foram necessários mais
quatro anos para que ela fosse efetivada. Ou seja, entre 1989 e
1993, a Apec era uma reunião informal de países. Ela só foi oficia-
lizada em 1993, nos Estados Unidos.
O maior objetivo da Apec é promover a integração regional e
estimular a cooperação técnica e econômica. Porém, as diferenças
de nível de desenvolvimento econômico entre seus membros di-
ficultam a integração e mesmo a cooperação entre os países.

Figura 23. Planisfério: Apec – 2018

Catherine Abud/Arquivo da editora


N
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
ALASCA Círculo Polar Ártico
O L (EUA)
RÚSSIA
CANADÁ
S
ESTADOS JAPÃO
UNIDOS CHINA COREIA
DO SUL
Trópico de Câncer TAIWAN
MÉXICO HONG KONG
OCEANO TAILÂNDIA FILIPINAS
ATLÂNTICO VIETNÃ OCEANO
BRUNEI
Equador OCEANO MALÁSIA PACÍFICO

PACÍFICO CINGAPURA INDONÉSIA PAPUA-
Meridiano de Greenwich

NOVA-GUINÉ
PERU OCEANO
Trópico de Capricórnio ÍNDICO
CHILE AUSTRÁLIA

NOVA
ZELÂNDIA

Círculo Polar Antártico OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

0º 0 3100 6200 km
Países-membros

Fonte: elaborado com base em APEC. Member Economies. Disponível em: <www.apec.org/About-Us/About-
APEC/Member-Economies>. Acesso em: out. 2018.

Como visto, a Ásia abrange países com muito dinamismo econômico, apesar
de alguns deles ainda não terem conseguido elevar a qualidade de vida de sua
população. Esse será o desafio a ser enfrentado nas próximas décadas, o que pode
gerar boas oportunidades ao Brasil. Leia a seção Enquanto isso no Brasil.
186 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia

Texto complementar
Donald Trump volta a endurecer o tom contra países asiáticos
“Não vamos deixar que os Estados Unidos continuem a ser pre- vogar não foi mais do que a defesa do nacionalismo econômico
judicados. Vou pôr sempre a América primeiro, tal como espero e de acordos bilaterais, em detrimento de acordos multilaterais.
que todos os que aqui se encontram o façam com os vossos países.” Trump queixou-se ainda das regras da Organização Mundial do
Foi desta forma clara que Donald Trump se dirigiu aos líderes da Comércio não serem observadas por outros países. Em específico,
Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla inglesa), no disse que os Estados Unidos reduziram as barreiras do mercado e
encontro que se realiza em Danang, Vietnã. extinguiram tarifas aduaneiras, mas os outros países não corres-
Dito de outra forma, a mensagem de “comércio livre, recípro- ponderam da mesma forma.
co e justo” que a Casa Branca adiantava que o presidente iria ad- […]

186 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
Convide os alunos para pes-
quisar sobre a situação atual
O Brasil e a Ásia das relações comerciais entre
o Brasil e os países asiáticos
O Brasil tem importantes relações comerciais e políticas com a China, o Japão e
citados.
os Tigres Asiáticos.
Uma das questões a serem
Com a China, o país mantém comércio regular de insumos, principalmente Insumo observadas nessa atualização
minério de ferro e produtos agrícolas, como a soja (veja a imagem). Em 2017, os Elemento necessário de notícias é o tipo de produto
chineses investiram 10,6 bilhões de dólares no Brasil e continuam interessados, para produzir ou mercadoria que o Brasil ex-
mercadorias ou serviços,
principalmente, em projetos de infraestrutura, como ferrovias e energia. porta e importa desses países,
como matéria-prima,
Além disso, também houve aumento da cooperação acadêmica, que pode gerar equipamentos, capital, procurando identificar se houve
bons frutos. Algumas universidades brasileiras, como a Universidade Estadual de horas de trabalho, etc. alguma mudança significativa.
Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), criaram centros de Por exemplo, passar a exportar
produtos de maior valor agre-
pesquisa dedicados à China. Outras, como a Universidade de São Paulo (USP), inten- 1. Os alunos devem
identificar que a troca gado, visto que, atualmente,
sificaram relações com universidades chinesas em campos relacionados com mu- de conhecimentos
pode, dentro de algum destacam-se as exportações
danças climáticas, energia e conservação da biodiversidade. tempo, significar de commodities agrícolas e mi-
O Japão, por sua vez, é grande importador de recursos naturais, como bauxita avanços mais rápidos
nerais do Brasil para os países
de ambos os países
e minério de ferro. Além disso, imigrantes japoneses começaram a se fixar no em pesquisa sobre asiáticos. Desse modo é possí-
Brasil desde o início do século XX e hoje seus descendentes já estão na terceira e assuntos de interesse vel mobilizar a CECH5.
mútuo, como as
quarta gerações no Brasil. mudanças climáticas,
os problemas
Em relação aos Tigres Asiáticos, o Brasil recebeu investimentos de empresas relacionados à geração
coreanas que montam automóveis e produtos eletrônicos no país. São também de energia, a
conservação da
compradores de insumos para a produção, em especial os recursos naturais. natureza e outros.
A soma de esforços e
As relações com esses países asiáticos devem ser fortalecidas nos próximos anos, investimentos
pois eles estão entre os que apresentam as melhores possibilidades de crescimento proporciona uma gama
de soluções mais
de atividades econômicas. ampla para cada uma
das áreas estudadas.
Paulo Whitaker/Reuters/Latinstock

2. O Brasil é um
importante fornecedor
de insumos,
principalmente
recursos naturais, para
a indústria do Japão e
dos Tigres Asiáticos.
Fora isso, indústrias
que montam
automóveis e
eletrodomésticos
instalaram-se no Brasil.

Navio chinês sendo


carregado com soja no porto
de Santos, Santos (SP), 2015.

Atividades
1. Em sua opinião, qual é a importância da cooperação acadêmica entre Brasil e China?
2. Que relação é possível estabelecer entre o Brasil e as indústrias do Japão e dos Tigres
Asiáticos?

China, Japão e Tigres Asiáticos • Capítulo 8 187

A Administração Trump decidiu retirar os Estados Unidos da de Trump, seguiu-se o do homólogo chinês, Xi Jinping. “Devemos
Parceria Transpacífico (TPP), acordo comercial atingido em 2015 dirigir a globalização econômica, ou devemos hesitar e parar pe-
e assinado em 2016 por 11 países da APEC e os Estados Unidos. rante o desafio? Devemos aprofundar em conjunto a cooperação
[…] Com a China fora desta parceria, o Japão é o principal interes- regional ou devemos seguir os nossos caminhos separados?.” Qual
sado em salvá-la. Mas a ausência do primeiro-ministro do Canadá, líder da globalização acabado de entronizar, respondeu: “A abertura
Justin Trudeau, de uma reunião ensombrou o futuro do acordo. traz progresso, enquanto a reclusão é um atraso.”
“Vejo uma enorme mudança. Vejo a escalada da antiglobalização, AVÓ, César. Donald Trump volta a endurecer o tom contra países
asiáticos. Diário de Notícias, 11 nov. 2017. Disponível em: <www.dn.pt/
de mais políticas viradas para dentro, o que ironicamente está con-
mundo/interior/donald-trump-volta-a-endurecer-o-tom-contra-
tra o ideal da criação da APEC”, comentou o primeiro-ministro da paises-asiaticos-8909356.html>. Acesso em: nov. 2017.
Malásia, Najib Razak. Em contraste com o discurso protecionista

CAPÍTULO 8 – MANUAL DO PROFESSOR 187


Orientações didáticas
Você em ação
As atividades propostas na
seção Você em ação possibi-
litam a retomada de conceitos
VOCÊ EM ação
e conteúdos abordados nes-
te capítulo, associados ao de- Pratique
senvolvimento de habilidades e
1. Explique por que se pode afirmar que existem “três Chinas”.
competências gerais propostas
para a área de Ciências Huma- 2. Identifique e explique a estratégia adotada pelo governo chinês para permitir o ingresso de investimentos
nas pela BNCC. estrangeiros no país.
3. Descreva como ocorreu a modernização no Japão.
Pratique
1. Porque, em razão do proces- 4. Caracterize o papel do Japão na formação dos Tigres Asiáticos.
so de ocupação, é possível 5. Explique como os Tigres Asiáticos de segunda geração se formaram.
identificar três regiões com
características diferentes. Analise a tabela
Na faixa litorânea, localizam- 6. Observe novamente a tabela “Tigres Asiáticos: dados selecionados – 2016”, na página 184.
-se as principais áreas in- a) Qual é o país mais populoso?
dustrializadas. Na China do
b) Em qual país a população vive mais?
interior predomina a agri-
cultura, ainda que existam c) Qual país gasta mais em educação? Por quê?
algumas indústrias. A China d) Qual país tem a escolaridade mais elevada?
do oeste é a menos ocupada e) Qual país é mais eficiente no gasto com educação? Justifique sua resposta.
em razão de fatores naturais,
como o deserto de Gobi (ao Analise o mapa
norte) e a presença de mon- 7. Analise a anamorfose a seguir e responda às questões:
tanhas elevadas (a oeste). a) Localize a China e o Japão na anamorfose.
2. No fim da década de 1970,
b) Identifique as três regiões que apresentam as maiores exportações comerciais do mundo. Cite alguns dos
o governo chinês iniciou a
países que se destacam.
abertura econômica do
país, em parceria com os
Estados Unidos. Contudo, Planisfério: total de mercadorias exportadas – 2016

EGL Produções/Arquivo da editora


a presença de capital ex-
terno somente era permi-
tida se os investidores se
tornassem sócios de chine-
ses. Além disso, o governo
criou as Zonas Econômicas
Especiais, nas quais são
permitidos investimentos
externos na produção para
exportação. Desse modo,
a China modernizou-se e
passou a ser considerada
Taxa de crescimento
a “fábrica do mundo”. anual (%)
3. O imperador Mutsuhito (Mei- Menos de –7
De –7 a –2
ji) promoveu mudanças na
De –2 a 0
estrutura econômica e na De 0 a 2
política. Combateu o xogu- De 2 a 7
nato e estabeleceu o ensino Mais de 7
obrigatório na Constituição.
Fonte: elaborado com base em UNCTAD. Total Merchandise Trade. Disponível em: <http://stats.unctad.org/handbook/MerchandiseTrade/
A principal medida que le- Total.html>. Acesso em: out. 2018.
vou à modernização foi a Mapa sem escala.
criação de um sistema de
organização empresarial 188 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia
(zaibatsu), que ampliou o
poder econômico japonês.
4. Os investimentos japone-
ses em Cingapura, Coreia desenvolver a própria tecnologia e a ampliar sua importância. Analise a tabela
do Sul, Hong Kong e Taiwan 5. A partir da década de 1980, outros países do Sudeste Asiá- 6. a) O país mais populoso é a Indonésia.
favoreceram o desenvolvi- tico, incentivados pelo surgimento dos Tigres da primeira b) Em Hong Kong, na China.
mento tecnológico e cientí- geração, passaram a produzir e a exportar mercadorias a c) O país que gasta mais em educação é o Vietnã: cerca de 6,6%
fico desses países, a ponto preços competitivos, que foram bem-aceitas no mercado do seu Produto Interno Bruto (PIB).
de serem considerados Ti- internacional. No caso da segunda geração (Indonésia, Ma-
d) A Coreia do Sul.
gres Asiáticos. Em pouco lásia, Tailândia e Vietnã), a estratégia foi a utilização de mão
e) Cingapura, que investe cerca de 3,3% de seu PIB em educação
tempo, eles começaram a de obra intensiva.
e apresenta elevada média de anos de estudo (11,6 anos).

188 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


últimas décadas. Esse
Analise as imagens processo foi viabilizado
pela abertura econômica
8. Observe as imagens a seguir. Ao fundo está Pudong, o distrito financeiro de Xangai (China), em dois períodos a investimentos exter-
distintos. nos, que atraiu grandes
Stringer/Reuters/Fotoarena

Chen guanglin/Imaginechina/Agência France-Presse


empresas multinacionais
e fortaleceu as empresas
chinesas, além de inves-
timentos do governo em
infraestrutura.
Analise os gráficos
9. a) Os indicadores de pobre-
za no leste da Ásia e Pa-
cífico caíram de 61,4%
para 3,7%.
b) Alguns dos fatores que
Xangai (China), 1987. Xangai (China), 2018. podem explicar a acen-
tuada diminuição da
a) Aponte as principais mudanças que podem ser observadas nas paisagens retratadas em épocas distintas. pobreza nessa região
b) Explique o que essas mudanças refletem. são a industrialização
e a consequente am-
pliação de empregos e
Analise os gráficos a) Identifique o que ocorreu nos indicadores de renda, além de investi-
pobreza na região do Leste da Ásia e Pacífico. mentos públicos em edu-
9. Compare os gráficos a seguir e responda às questões.
cação, moradia e saúde,
b) Apresente um fator que justifique o ocorrido.
Taxa de pobreza (%) – 1990 que contribuíram para a
melhoria na qualidade de
Trabalhe em grupo
Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

Região
vida nos países que for-
Leste da Ásia e Pacífico 61,4
10. Reúna-se com alguns colegas e, em grupo, façam mam os Tigres Asiáticos.
África subsaariana 54,4
uma pesquisa para aprofundar os conhecimentos Trabalhe em grupo
Sul da Ásia
44,6 sobre um dos Tigres Asiáticos. Sigam as orienta- 10. Pode-se pedir que, com base
América Latina e Caribe
16 ções abaixo. na pesquisa e na discussão
Oriente Médio e
norte da África 6,2 realizadas, a turma organize
a) Escolham um país para buscar informações sobre
Europa e Ásia central um grande painel sobre os
1,7 economia e sociedade. Exemplos:
Outros 0,5 Tigres Asiáticos, com ma-
• principais acontecimentos históricos; pas, imagens e informações
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Porcentagem da população • línguas faladas no país e os principais aspectos que ofereçam um panorama
culturais; das características econô-
• principais produtos exportados; micas, sociais e culturais
Taxa de pobreza (%) – 2013
dos países estudados.
Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

Região • presença de empresas;


Leste da Ásia e Pacífico 3,7 • presença de população no Brasil;
África subsaariana 41 • influências culturais desse país nos costumes
Sul da Ásia 14,7 e no consumo (tais como música, roupa, ali-
América Latina e Caribe 4,9 mentação, produtos) de alguns brasileiros na
Oriente Médio e
norte da África
2,3 atualidade.
Europa e Ásia central 2,2 b) Organizem as informações pesquisadas para
Outros 0,6 apresentá-las à classe.
0 10 20 30 40 50 c) Em classe, com as informações dos demais
Porcentagem da população
grupos, discutam semelhanças e diferenças
Fonte: THE WORLD Bank Group. Atlas of Sustainable Development
Goals 2018. p. 2. Disponível em: <https://openknowledge.worldbank.
que podem ser levantadas entre esses países
org/handle/10986/29788>. Acesso em: out. 2018. e o Brasil.

China, Japão e Tigres Asiáticos • Capítulo 8 189

Assim como Cingapura, Hong Kong possui alto investimen- Bélgica e Holanda; Extremo Oriente, com destaque para Ja-
to em educação, 3,4% do PIB, e tem elevada média de anos pão, China e Coreia do Sul; e Sudeste Asiático, com destaque
de estudos (11,6 anos). para Malásia, Indonésia e Vietnã.
Analise o mapa Analise as imagens
7. a) O Japão está representado em vermelho, no extremo leste 8. a) Observa-se a forte verticalização da paisagem, marcada pela
do mapa, e a China, em amarelo claro, logo a oeste do Japão. construção de grandes arranha-céus com arquitetura moderna.
b) As regiões que mais exportam e os países que se destacam b) A transformação na paisagem urbana de Xangai reflete o
são: Europa, com destaque para França, Alemanha, Suíça, intenso crescimento econômico da economia chinesa nas

CAPÍTULO 8 – MANUAL DO PROFESSOR 189


Objetivos do capítulo Capítulo

9
• Abordar e correlacionar as-
pectos físicos, econômi-
cos, socioculturais da Índia,
do Paquistão e do Irã, bem
como suas relações com o
Índia, Paquistão e Irã
Brasil em alguns desses
aspectos.
• Compreender aspectos geo-
políticos que envolvem Ín- 1. Provavelmente os
dia, Paquistão e Irã em seus
alunos citarão as
diferenças nos trajes
Para iniciar
contextos regionais, além dos noivos. No
de suas inserções no es- casamento hindu, há o Neste capítulo você vai estudar três países que se sobressaem por seu pode-
uso de muita cor na
paço geográfico mundial. roupa e nos adereços; rio militar no continente asiático. O primeiro é a Índia, que tem uma das maiores
na sociedade ocidental,
a noiva costuma usar
populações do mundo, além de grande número de profissionais altamente quali-
BNCC neste capítulo vestido branco e o ficados, o que a diferencia entre os países que estão assumindo maior destaque
noivo, terno e gravata.
Habilidades
É possível que os
no mundo. Em seguida, vai conhecer mais sobre o Paquistão, que, como a Índia,
EF09GE04 alunos apontem tem armas nucleares, mas papel pouco relevante na economia e na política inter-
também que em nossa
EF09GE08 sociedade as nacionais. Para encerrar, o Irã, que tem grande capacidade de influenciar outros
EF09GE09
cerimônias de países da região.
casamento em geral
EF09GE10 ocorrem no interior de Observe a imagem e responda às questões.
um templo e com a
Competências gerais presença de um padre,

Sam Panthanky/Agência France-Presse


pastor, etc.
1 7 9 10 2. Espera-se que os
alunos se lembrem de
Competências símbolos e
específicas de Ciências características das
religiões indianas, do
Humanas uso predominante de
1 2 4 5 6 roupas coloridas, de
pratos típicos, etc.
Competências
específicas de
Geografia
6 7
Tema contemporâneo
• Educação em direitos hu-
manos

Orientações didáticas
Para iniciar
Se julgar pertinente, amplie Noivos indianos durante
a abordagem inicial das carac- uma cerimônia típica de
terísticas culturais dos demais casamento hinduísta em
países a serem estudados nes- Ahmedabad (Índia), 2017.
te capítulo: o Paquistão e o Irã.
Comente com os alunos que,
além dessa cena típica de um Atividades
casamento indiano, ou mesmo 1. Aponte algumas diferenças entre a cerimônia de casamento hindu vista na imagem
as representações desse evento e a de um típico casamento ocidental que você já presenciou ou viu por meio de
social na sociedade ocidental, filmes, fotos ou relatos.
existe ainda uma grande diver-
sidade de culturas dentro des- 2. Lembre-se de outras diferenças que você conhece entre a cultura ocidental e a
ses países, cada qual com seus cultura indiana.
ritos e tradições para as mais
190 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia
diferentes situações.
Para exemplificar, pode-se
citar os ritos e as tradições dos
povos indígenas do Brasil, cujo
casamento, por exemplo, não
ocorre da mesma forma que
na cultura judaico-cristã oci-
dental. Este conteúdo mobiliza
a CECH1 e a CECH2.

190 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
1 Índia Comente com os alunos que,
na sociedade indiana, a tradição
Do mesmo modo que a China, a Índia descende de antigas civilizações, cujos tem um peso muito grande. O
Hinduísmo sistema de castas, divisão so-
preceitos e modos de vida ainda exercem grande influência sobre a população. O Religião politeísta, ou
cial com origem no hinduísmo
hinduísmo, religião professada por mais de 80% da população indiana, define o in- seja, que cultua várias
divindades, muito e que não admite a mobilidade
divíduo a partir de sua hereditariedade, baseando-se em um sistema de castas, o que
praticada na Índia, no social, foi abolido pela Constitui-
para alguns estudiosos é uma das razões da manutenção das desigualdades sociais Nepal, no Paquistão e ção, mas ainda assim continua
da Índia. Apesar de abolido pela Constituição promulgada após a independência do em Bangladesh. As a existir. Esse conteúdo relacio-
país, que ocorreu em 1947, o sistema de castas persiste, por força da tradição. principais divindades
nado à sociedade indiana mo-
são: Brahma, criador do
Universo; Vishnu, força biliza a habilidade EF09GE09.
Divisão social e mobilidade que garante a Para ampliar o entendimento
manutenção e a
sobre a questão da desigual-
A divisão da sociedade em castas hierarquizadas tem uma história muito an- estabilidade do Universo;
Shiva, força que destrói dade sociocultural e socioeco-
tiga, uma vez que se origina do hinduísmo, uma religião milenar. Na Índia atual, e transforma o Universo. nômica na Índia, sugerimos a
muitos hindus mantêm essa divisão social – principalmente em áreas menos ur- leitura do artigo “Racismo na
banizadas –, perpetuando valores e costumes ancestrais. Índia? Cor, raça e casta em con-
De acordo com a tradição, o sistema de castas não admite mobilidade social. texto”. Leia, a seguir, o resumo
Sua estrutura é piramidal, contendo milhares de castas divididas em quatro desse artigo. Este trabalho cola-
bora com a mobilização da CG9,
grandes grupos. Na base da pirâmide estão os sudras, que são os servos e os
da CECH1 e do TC Educação em
artesãos. Em seguida, vêm os vaixás, que são os comerciantes e os camponeses.
direitos humanos.
Depois aparecem os xátrias, casta formada pelos militares. No topo estão os
brâmanes, casta constituída por sacerdotes e estudiosos. Já os párias, também Aproveite a oportunidade
chamados de dalits ou intocáveis, realizam tarefas consideradas menores, como para trabalhar com os alu-
serviços de limpeza; não fazem parte das castas. nos a Sequência didática
O sistema de castas vem de 3: Índia: aspectos econô-
Brahma, divindade criadora do Figura 1. Sistema de castas na Índia micos, sociais e disputas

Banco de imagens/Arquivo da editora


por territórios, disponível
Universo. Segundo a crença, os Brâmanes: Os sacerdores, que se chamavam
brâmanes, representavam a classe mais elevada no material digital.
brâmanes nasceram da cabeça da sociedade.

de Brahma; os xátrias, dos braços;


Aproveite para traba-
os vaixás, das pernas; e os sudras,
lhar o material audio-
dos pés da divindade (figura 1). Xátrias: Guerreiros com poder político.
visual, que discute o tema
O pertencimento a cada cas- Índia.
ta é definido pelo nascimento e
por hereditariedade. A proibição Vaixás: Comerciantes e camponeses.
do casamento entre pessoas de
diferentes origens torna impos- Sudras: Servos e artesãos.

sível a mudança de casta ao lon- Párias: Eram os marginalizados da sociedade.


go da vida. A consequência mais
evidente desse sistema é a per- Fonte: elaborado com base em ENCYCLOPÆDIA Britannica.
Caste. Disponível em: <www.britannica.com/place/India/
petuação da desigualdade social. Caste#ref487277>. Acesso em: out. 2018.
Muitos indianos, porém, questionam essa tradição, principalmente aqueles que
vivem em grandes centros urbanos. Por sua vez, o governo tem implementado
políticas públicas, como a criação de cotas em universidades, com o objetivo de
facilitar a mobilidade social.
Mesmo sendo poucos os casos, já existem indianos de castas inferiores em
papel de destaque na Índia atual. São pequenos avanços, mas a questão das cas-
tas e da discriminação social ainda é um dos grandes desafios para o futuro da
maioria dos indianos. Leia a seção Fique por dentro.
Índia, Paquistão e Irã • Capítulo 9 191

Texto complementar
Racismo na Índia? Cor, raça e casta em contexto
Cor e raça estão entre as categorias-chave mais comuns usadas as estratégias para seu combate desenvolvidas pelos dalits e pelos
nos estudos sobre o fenômeno do racismo no mundo ocidental. siddis elucidam a insuficiência e inadequação de usos a-históricos
Quando se fala em discriminação na Índia, o termo casta é aquele desses dois conceitos para entendermos os múltiplos planos e as
ao qual é geralmente atribuído maior poder explicativo. A análise diferentes facetas dos processos de inclusão e exclusão vivencia-
de dois casos específicos – os dalits e os siddis (descendentes de dos pelos dois grupos em questão.
escravos africanos radicados no estado de Karnataka) – revela di- HOFBAUER, Andreas. Racismo na Índia? Cor, raça e casta em contexto.
versas inter-relações e entrelaçamentos na construção, delimitação Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, n. 16, p. 190-191, 2015.
e transformação das categorias raça e casta – e isto não apenas no Disponível em: <www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-335220
subcontinente indiano. As diferentes formas de discriminação e 15000200153&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 9 – MANUAL DO PROFESSOR 191


1. Espera-se que os alunos observem que a impossibilidade de mobilidade social
Orientações didáticas limita as opções de vida das pessoas, pois determina, desde o nascimento, os
caminhos que cada um pode percorrer, de acordo com o pertencimento a um
Fique por dentro Fique por dentro grupo social específico.
Nas atividades da seção Fi-
que por dentro, motive os alu- Quais as razões dos protestos dos dalits, a casta mais baixa da Índia
nos a olhar também para as
Pelo menos nove membros da casta [sic] mais baixa da sociedade indiana – os dalits, ou in-
formas de preconceito e de dis-
criminação existentes na socie- tocáveis e impuros – foram mortos […] na repressão policial a uma série de marchas e protestos
dade brasileira. Pergunte a eles que ocorreram em ruas de várias cidades do norte da Índia. Televisões locais mostraram mani-
de que forma o preconceito e a festantes queimando delegacias, destruindo automóveis e bloqueando ferrovias. Há também
discriminação são percebidos vídeos e fotos de dalits sendo golpeados por grupos de policiais com cassetetes no meio da rua.
na realidade local. É importante […]
instigá-los, ainda, a apresentar Desde 1995, pessoas que ofendam um membro da casta dalit em público na Índia estão su-
maneiras de enfrentar esses jeitas a prisão em flagrante, graças à chamada Lei de Prevenção das Atrocidades. Porém […] o
graves problemas sociais. Supremo discute uma mudança na lei, aumentando etapas prévias a qualquer ordem de prisão
Mobilizam-se, dessa forma, a nesses casos. A justificativa da Corte é evitar abusos em prisões cautelares – realizadas de ma-
CG1, a CECH4 e a CEG6. neira preventiva ou provisória, antes do julgamento da causa e da condenação da pessoa acusa-
da de agressão. […] no final de 2016, 90% dos 145 mil casos envolvendo agressões a dalits ainda
estavam à espera de julgamento na Índia. E apenas 10% dos casos de agressões a dalits que foram
julgados em 2016 envolveram denúncias falsas ou exageradas, ainda segundo o jornal. […]
A segregação dos dalits a atividades braçais relacionadas sobretudo ao manejo dos dejetos
da sociedade, como a manipulação de fossas e do lixo, não impediu a ascensão de políticos e in-
telectuais ao longo da história indiana.
Os casos de dalits que obtêm destaque nacional, entretanto, não são comuns. O atual presi-
dente da Índia, Ram Nath Kovind, no poder desde 2017, foi o segundo dalit eleito para o cargo,
que existe no país desde 1950. Com formação na área do direito, Kovind foi advogado, parlamen-
tar e governador do estado de Bihar antes de chegar à Presidência. […]
O advogado, economista e político Bhimrao Ramji Ambedkar foi outro dalit de destaque no
país. Ele liderou um dos maiores movimentos contra as discriminações do sistema de castas na
história indiana. Ambedkar foi ministro da Justiça de 1947 a 1951, nos primeiros anos da Índia
como república independente, período no qual trabalhou para ampliar as garantias de proteção
legal aos membros de sua cas-
ta. Ele se tornou budista em
1956 e, com isso, inspirou
muitos dalits indianos a faze-
rem o mesmo.
CHARLEAUX, João Paulo. Quais as razões
dos protestos dos dalits, a casta mais baixa da
Índia. Nexo, 6 abr. 2018. Disponível em: <www.
nexojornal.com.br/expresso/2018/04/06/

Katia Christodoulou/Reuters/Fotoarena
Quais-as-razões-dos-protestos-dos-dalits-
a-casta-mais-baixa-da-Índia>.
Acesso em: out. 2018.

Ram Nath Kovind, dalit eleito


para a Presidência da Índia.
Foto de 2018.

2. Os conflitos refletiram a revolta dos dalits em relação a uma discussão que estava ocorrendo na
Suprema Corte indiana, que visava ao abrandamento da Lei de Prevenção das Atrocidades. As
Atividades mudanças propostas diminuiriam as garantias do direito dos dalits de não serem ofendidos em público.
1. Em sua avaliação, como a impossibilidade de mobilidade social pode afetar a vida das pessoas?
2. Explique os fatos que motivaram os protestos dos dalits.

192 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia

192 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações did‡ticas
Influência regional, potência mundial? Comente com o alunos que a
Índia, além de ser “exportado-
A importância regional da antiga “Joia da Coroa”, como era denominada a Índia ra de cérebros” e geradora de
quando ainda era colônia inglesa, entre 1858 e 1947, deve-se a vários fatores. O inovações tecnológicas, ela é
principal foi sua confirmação como po- também, destaque no setor de
tência nuclear, tendo desenvolvido de Figura 2. Índia: político – 2014 call centers, centrais telefônicas
forma autônoma seu projeto desde 1974 que fazem atendimento de tele-

Catherine Abud/Arquivo da editora


Território sob controle

TÃO
e consolidado seu poder armamentista a paquistanês e marketing para empresas mul-

ANIS
reivindicado
partir dos testes com mísseis atômicos pela Índia tinacionais de língua inglesa,
principalmente para empresas

AFEG
JAMMU- Território sob
em maio de 1998. -Caxemira controle chinês
e reivindicado estadunidenses.
O país é banhado pelo oceano Índico, 11
pela Índia
Território sob CHINA Grande parte da população
tendo a leste o golfo de Bengala e a oes- 10 controle da Índia
PAQUISTÃO e reivindicado indiana fala inglês em razão
te o mar Arábico. A posição geográfica 9 Nova
pelo Paquistão
de o país ter sido uma colônia
– que dá ao país duas costas e enorme Délhi
NE 8 britânica.
PA
L
faixa litorânea – faz parte dos elementos UTTAR
PRADESH
1 BUTÃO O

que determinam sua influência regional. RAJASTÃO 2 7

BA
3

NG
Além disso, seu território é extenso, com BIHAR 6

LAD
3 287 260 km2, e pode aumentar, caso as MADHYA
4 Trópico

ESH
5 de Câncer
GUJARAT
áreas que o país reivindica junto ao Pa- PRADESH
CHHATTISGARH
quistão e à China sejam incorporadas Mar
ORISSA OESTE
BENGALA MIANMAR
Arábico
(figura 2). MAHARASHTRA
Golfo de
A Índia chegou a mais de 1,32 bilhão Bengala

de habitantes em 2016, de acordo com o Território indiano


ANDHRA
Relatório do Banco Mundial em 2017. Do GOA
PRADESH
1 - Sikkim
ponto de vista socioeconômico, a Índia KARNATAKA
2 - Assam
3 - Meghalaya
destaca-se por possuir a maior classe mé- OCEANO
4 - Tripura
5 - Mizoram
dia do mundo, estimada em cerca de ÍNDICO
TAMIL
6 - Manipur
250 milhões de habitantes, o que lhe ga- N KERALA NADU
7 - Nagalândia
8 Is.
- Arunachal
Andaman Pradesh
rante um importante mercado consumi- 9 - eHaryana
nicobar
O L 10 - Punjab
dor interno, abastecido por empresas SRI LANKA 11 - Himachal Pradesh

locais e por grupos estrangeiros. Também S Capital de país


Limites de país
é considerada a maior democracia do pla- 0 320 640 km
80° L
Limites internos
neta, já que tem o maior colégio eleitoral
Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro, 2016.
do mundo, com cerca de 814,5 milhões p. 47.

de votantes em 2014.
O desenvolvimento científico e tecnológico indiano decorre do investimen- Doutor
Pessoa que recebeu o
to na formação de pessoas em nível superior. A Índia é um dos países com maior título de nível
número de doutores e é considerada uma “exportadora de cérebros”, já que universitário “doutor”,
muitos de seus cientistas atuam em empresas de alta tecnologia no exterior, após concluir a
graduação, o mestrado e
como aquelas ligadas à informática nos Estados Unidos. Além disso, tem capa- o doutorado, em geral
cidade de gerar inovações tecnológicas em seu próprio território. nessa sequência. O
doutorado visa
A cidade de Bangalore é chamada de Vale do Silício indiano por concentrar aprofundar o
laboratórios, universidades e empresas voltadas para a inovação tecnológica. conhecimento
A Índia é apontada por muitos analistas como uma potência mundial acadêmico e comprovar
a capacidade de
emergente. Um conjunto de características contribui para essa condição, desenvolver pesquisa
como a capacidade de produzir uma bomba nuclear, grande população e original sobre
mercado consumidor. Além disso, possui multinacionais, principalmente no determinado campo de
estudos.
setor metalúrgico.
Índia, Paquistão e Irã • Capítulo 9 193

CAPÍTULO 9 – MANUAL DO PROFESSOR 193


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar – Olhar interdisciplinar História
História
Esta seção Olhar interdis- Gandhi e a independência da Índia
ciplinar, que apresenta o líder
Mohandas Gandhi, chamado Mahatma (“grande alma”), foi o maior líder da independência da Índia
indiano Mahatma Gandhi, pro-
põe uma reflexão associada à da colonização britânica.
CECH6 e à CEG7. Advogado formado em Londres, Gandhi viveu e trabalhou na África do Sul, onde passou a lutar
Se julgar pertinente no âm- pelos direitos dos indianos e contra a discriminação racial da África do Sul. Em 1914, voltou para a Índia
bito da realidade local, regional e iniciou seu trabalho pela independência do país.
e nacional, promova um debate Ficou conhecido pela estratégia da não violência e da desobediência civil, repudiando conflitos
entre os alunos sobre as situa- armados e incentivando a resistência pacífica, mesmo diante de prisões e de execuções de manifes-
ções que demandam ações de tantes. Entre suas formas de protesto estavam greves, jejuns e recusa de pagamento de impostos à
resistência pacífica, na defesa metrópole.
dos direitos humanos funda-
Em 1930, liderou a Marcha para o Sal, quando dezenas de milhares de manifestantes marcharam cerca
mentais e do direito à vida e
à liberdade de expressão, por de 200 km até o litoral para fazer o próprio sal, o que era proibido pela metrópole.
exemplo. Dessa forma, é pos- Em agosto de 1947, ou seja, logo após a Segunda Guerra Mundial, depois de várias prisões, negocia-
sível mobilizar a CG7, a CG10 ções e com apoio da burguesia indiana, Gandhi atingiu seu objetivo maior: o Reino Unido concordou
e o TC Educação em direitos com a independência da Índia. Porém, ao contrário do que ele esperava, hindus e muçulmanos não
humanos. concordaram entre si e acabaram dividindo o país, formando o Paquistão, para os muçulmanos, e a Índia,
para os hindus.
es
Gandhi foi assassinado em 1948 por um extremista hindu que não
ag

Gandhi y
Im
concordava com sua defesa de uma Índia unida, com hindus e muçulma-
tt
Ge

nos, mas ainda hoje é reverenciado no país, que dedica a ele um museu
e/

Direção: Richard Attenbo-


hi v
A rc

rough. Reino Unido/Índia: nacional e diversas estátuas, entre outras homenagens. Seus feitos e seu
on
H ult

Goldcrest Films, 1982. discurso de respeito e igualdade são reconhecidos no mundo inteiro.
191 min.
O filme retrata a vida, as

GandhiServe India/AKG/Fotoarena
transformações, as ideias e
as lutas de Mahatma Gandhi,
desde que é expulso do va-
gão da primeira classe de
um trem na África do Sul até
seu assassinato em 1948.
Às margens do rio O indiano Mahatma
sagrado Gandhi (1869-1948),
Direção: Deepa Mehta. Ca- líder da independência
nadá/Índia: Mongrel Media, da Índia, em 1941.
2005. 117 min.
O filme retrata a época
em que a Índia buscava sua Mahatma Gandhi
independência política, na acompanhado por milhares
década de 1930. Um gru- de pessoas durante a
po de mulheres viúvas luta Marcha para o Sal em
contra as rígidas restrições Dandi (Índia), 1930.
sociais impostas pela socie-
1. Entre as expressões ou palavras-chave, podem estar: independência, resistência pacífica, não violência,
dade indiana. Atividades desobediência civil, direitos, igualdade.

1. Identifique no texto e escreva cinco expressões ou palavras-chave ligadas às lutas lideradas por Gandhi.
2. Avalie a dificuldade de um movimento de resistência pacífica nos dias de hoje.
2. Entre as dificuldades estão a falta de lideranças políticas pacifistas, a interferência
194 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia de grandes potências econômicas em questões políticas nos países e o milionário
comércio internacional de armas, que não vê benefícios em revoltas não armadas.

Texto complementar
O conflito Índia × Paquistão
Conflitos territoriais são ainda muito presentes no mundo contemporâneo, alterando a geografia do mundo através de questões po-
líticas. Índia e Paquistão travam um embate que parece interminável sob a região da Caxemira.
A Caxemira é disputada desde o fim da colonização britânica. A Organização das Nações Unidas tem buscado intervir para a pacifi-
cação do movimento, porém sem êxito. Segundo uma resolução da ONU datada em 1947, a população local deveria decidir a situação
política da Caxemira por meio de um plebiscito acerca da independência do território. Tal plebiscito, porém, nunca aconteceu e a Ca-
xemira foi incorporada à Índia, o que contrariou as pretensões do Paquistão e da população local – de maioria muçulmana – e levou à

194 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
Caxemira: disputa territorial Em razão da complexidade do
Sikhs conflito Índia-Paquistão, que en-
Embora a maioria da população na Índia siga o hinduísmo, há minorias muçul- volve também a China, potência
Pessoas que seguem o
manas, cristãs, sikhs e budistas concentradas em determinadas partes do terri- sikhismo, religião asiática estudada no capítulo
tório, o que resulta em movimentos separatistas e em conflitos com países vizinhos. fundada no século XV, anterior, pode-se ampliar essa
Um desses conflitos ocorre na Caxemira, onde a maioria da população é muçul- na atual área de divisa abordagem.
entre a Índia e o
mana e pretende passar para o domínio do Paquistão, outra potência nuclear que Paquistão, e que mistura Proponha aos alunos uma
rivaliza com a Índia pelo predomínio político regional (figura 3). Diante da instabi- elementos do hinduísmo simulação diplomática com os
lidade na região e movida por suas pretensões geoestratégicas, a China ocupou e do islamismo em suas agentes envolvidos na questão
crenças.
uma pequena área da Caxemira (figura 4). da Caxemira. Para isso, pode-se
organizar a sala em três gru-
pos, cada qual representando
B.K. Bangash/AP Photo/Glow Images

Figura 4. Região da Caxemira – 2013


um dos três países envolvidos

Catherine Abud/Arquivo da editora


85º L
Territórios reivindicados
pela Índia no conflito.
AFEGANISTÃO Islamabad Ocupado pelo
Paquistão
Ocupado pela
Oriente-os primeiramente a
CHINA China
IRÃ PAQUISTÃO Délhi Limite da região
definir as regras do debate e a
NEPAL da Caxemira
Karachi
Nova BUTÃO
Limites de país
agenda de trabalhos com os
Trópic Délhi
o de Cân
cer ÍNDIA BANGLADESH Capital de país
Cidades
tópicos a serem cumpridos. O
Mar Calcutá MIANMAR
Arábico objetivo é a promoção de um

AFEGANISTÃO
Golfo TAJIQUISTÃO 77º L
Mumbai de
Bengala CHINA debate respeitoso e a constru-
OCEANO Hyderabad Azad
Caxemira Aksai
ção de uma solução pacífica

H
ÍNDICO N M Chin 34º N para o impasse que envolve a

I
A
0 720 1440 km L A
Jammu-Caxemira I A
O L
região. Este conteúdo possibilita
mobilizar a CECH1 e a CECH2.
PAQUISTÃO ÍNDIA
Violências étnicas 0 325 km
Atentados terroristas SRI LANKA S

Figura 3. Manifestação a favor da independência da Fontes: elaborado com base em CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas
geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 145; SIMIELLI, Maria
Caxemira, em Islamabad (Paquistão), 2018. Elena. Geoatlas. 34. ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 98.

Quando Índia e Paquistão, que disputam o domínio da região, realizaram


testes nucleares em 1998, provando ao mundo que ambos detêm tecnologia de
fabricação da bomba atômica, o equilíbrio entre os dois países ganhou nova
dimensão.
Dada a instabilidade política de áreas próximas às fronteiras desses países, a
guerra nuclear em uma das regiões mais pobres do mundo tornou-se uma pos-
sibilidade concreta. Porém, quando se analisa o poderio militar dos dois países, a
Índia dispõe de Forças Armadas com um grande número de soldados e melhores
equipamentos de guerra, como aviões e carros de combate.

Principais atividades econômicas


Com o fim do domínio inglês a partir de 1947, a Índia passou por muitas trans-
formações. A economia se diversificou com o aumento do número de indústrias
e com alterações na agricultura e no setor de serviços.
A industrialização indiana apresenta semelhanças com a brasileira. Ela se baseou
na substituição de importações, ou seja, deu-se prioridade à instalação de fábri-
cas que pudessem produzir mercadorias consumidas no próprio país e que antes
eram importadas do Reino Unido.
Após essa fase inicial, o governo passou a investir em infraestrutura, como a
construção de ferrovias. Para produzir trilhos e trens, dois setores foram impulsio-
nados: a siderurgia e a metalurgia.
Índia, Paquistão e Irã • Capítulo 9 195

guerra de 1947 a 1948. O conflito termina com a divisão da Caxemira: cerca de um terço fica com o Paquistão (Caxemira livre e Terri-
tórios do Norte) e o restante ficaria com a Índia.
A Índia é de maioria hindu e o Paquistão de maioria muçulmana. Os paquistaneses nunca ficaram contentes com essa divisão desi-
gual, principalmente com o fato de a região da Caxemira – que tem a maioria de sua população muçulmana – permanecer sob domí-
nio indiano […].
Desde então essa região já foi palco e motivo de duas das três guerras que ocorreram entre Índia e Paquistão, tornando-se um proble-
ma de segurança internacional, pois ambos os países desenvolveram armas nucleares.
PEREIRA, Diego M.; GURJÃO, Rafael R. Índia e Paquistão: uma questão geopolítica chamada Caxemira. Disponível em:
<http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal14/Geografiasocioeconomica/Geografiapolitica/12.pdf>.
Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 9 – MANUAL DO PROFESSOR 195


Orientações didáticas
No momento da leitura do Agricultura
mapa da figura 5, sugerimos Na década de 1950, uma série de técnicas agrícolas foi introduzida no país,
que retome as características iniciando a chamada Revolução Verde, que consistiu na modernização da agricul-
do clima de monções estuda-
tura pelo uso de agrotóxicos, máquinas agrícolas, novas variedades de sementes
das no capítulo 7 (seção Fique
por dentro – Monções na Ín- e técnicas de irrigação em vastas áreas com monocultura (figuras 5 e 6).
dia, página 162). Esse regime
climático é essencial para a Figura 5. Índia: uso da terra e principais
centros industriais – 2013
produção agrícola, bem como

Narjnder Nenu/Agência France-Presse


Catherine Abud/Arquivo da editora
N 80° L
para o abastecimento hídrico
O L
da população indiana. CHINA
S

PAQUISTÃO
Délhi
R
THA
DE NEPAL
BUTÃO
B
TO

ER
DES
Kanpur

BA
NG
Trópico

LA
Ahmadabad ES de Câncer

D
H
Vadodara Jamshedpur
Calcutá MIANMAR
Surat
Criação extensiva
de gado
Mumbai Pune Golfo de
Bengala Culturas variadas
Hyderabad
Arroz
Vishakhapatnam
Trigo
OCEANO
Chá
ÍNDICO Algodão
Juta
Chennai Cana-de-açúcar
Bangalore (Madras)
Centro industrial
importante
Madurai Alta tecnologia
Cochin Petróleo
0 410 820 km SRI Limites Carvão
LANKA de país Ferro

Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas Figura 6. Preparo da terra para cultivo de arroz, em Amritsar
geográfico: espaço mundial. São Paulo: Moderna, 2013. p. 101.
(Índia), 2018.

Com a mecanização da agricultura, muitos empregos foram perdidos nas


áreas rurais da Índia, resultando na migração das pessoas para áreas urbanas, uma
das razões para a formação de enormes favelas em cidades como Mumbai e Nova
Délhi, capital da Índia (figura 7). Estes são os centros urbanos mais populosos do
país e estão entre as maiores megacidades do mundo.
O uso de sementes e agrotóxicos importados aumentou o custo de produção.
Houve também uma concentração das terras, que contribuiu para expulsar tra-
balhadores do campo.

Damian Pankowiec/Shutterstock
Figura 7. Favela em
Mumbai (Índia), 2018.

196 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia

Texto complementar
Bollywood
Os números de Bollywood, diante do universo de 1,32 bilhão de pessoas, surpreendem. De 1o de abril de 2016 a 31 de março de 2017,
1 986 filmes foram produzidos em 43 línguas indianas diferentes (28 idiomas oficiais). As temáticas são quase sempre as mesmas, a
censura de costumes é visível (nada de beijos escandalosos. Cenas de sexo? Nem pensar). “Romance e comédia são os temas mais abor-
dados em Bollywood. As pessoas adoram ter momentos de satisfação e absorver bons sentimentos. As pessoas gostam de sair das salas
de cinema sorrindo”, conta [o ditetor Malav], Rajda. Filmes em línguas hindi, tamil, telugu, bangla, malayalam e bhojpuri formam a
maioria das produções indianas. […]

196 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Indústria e serviços A Índia tem uma das maio-
Nas décadas de 1960 e 1970, o governo proi- res economias do mundo. Sua

Punit Paranjpe/Agência France-Presse


biu a presença de empresas estrangeiras no indústria começou a se desen-
volver nas décadas de 1960 e
país, como forma de incentivar o desenvolvi-
1970 e hoje, além de grande
mento de indústrias locais. Mas, a partir de 1980, exportador de bens de consu-
passou a autorizar os investimentos externos, mo, também se tornou um gran-
que foram realizados nos setores de produção de fornecedor de mão de obra
de automóveis, geração de energia, turismo e qualificada, principalmente re-
infraestrutura. Ao mesmo tempo, as empresas lacionada ao setor de informá-
do país prosperaram e conseguiram desenvolver tica. Esse conteúdo mobiliza a
a produção de bens de consumo, como auto- habilidade EF09GE10.
móveis, que são fabricados tanto para o mer- Para fazer um contraponto
cado interno como para exportação (figura 8). entre Índia e Brasil, sugerimos
Entretanto, foi a partir da década de 1990 que estabeleça uma compara-
ção entre os indicadores sociais
que a Índia passou a se destacar no mundo. O
Figura 8. Vista de rua de Mumbai (Índia), 2014. O modelo de carro desses dois países, com base
país tornou-se fornecedor de mão de obra no Relatório de Desenvolvimen-
popular que se destaca no primeiro plano foi exportado para muitos
qualificada. Muitos jovens indianos foram re- to Humano de 2017. Disponível
países.
crutados por universidades e empresas esta- em: <www.br.undp.org/content/
dunidenses e europeias para desenvolver pro-

Marco Saroldi/Shutterstock
brazil/pt/home/library/idh/rdhs-
gramas de computador. Estima-se que o país brasil/relatorio-nacional-de
tenha cerca de 1,5 milhão de programadores, senvolvimento-humano-2017.
que atuam em empresas nacionais e estran- html>. Acesso em: nov. 2018.
geiras. Muitos desses jovens retornaram ao Oriente os alunos na compa-
país e criaram empresas inovadoras, que de- ração dos dados e instigue-os
senvolvem programas de computador e robôs, a levantar as possíveis causas
usados na automação da produção industrial das diferenças encontradas,
bem como as iniciativas gover-
de muitos países.
namentais que poderiam melho-
Outra forte atividade econômica do país é rar esses dados estatísticos.
a produção cinematográfica, a maior do mun- Esta atividade proporciona o
do, com a produção de quase dois mil filmes trabalho com a CECH5.
por ano. A maior parte é produzida em Mum- Para ampliar o quadro descri-
bai, pela indústria de cinema conhecida como tivo da Índia do ponto de vista
Bollywood, responsável pela produção de fil- de suas potencialidades eco-
mes falados em hindi, a língua de grande par- Figura 9. Outdoor de filme indiano, em língua hindi, em nômicas, pode-se mencionar
te da população indiana (figura 9). Chennai (Índia), 2016. a sua produção cinematográfi-
ca, a maior do mundo. De forma
Indicadores sociais geral, ela é pouco conhecida no
Ocidente em razão da influên-
Os indicadores sociais indianos não melhoraram da mesma forma que os eco- cia do cinema estadunidense
nômicos. Em 2016, a expectativa de vida era de 68,5 anos. A média de anos de e europeu.
estudos era de 6,3 anos, ou seja, pouco mais da metade do Ensino Fundamental,
se considerarmos um ciclo de 8 anos, como ocorre em muitos países. Quando se
analisa esse dado em termos de gênero, as mulheres tinham 4,8 anos de estudo Quem quer ser um
em média, e os homens, 8,2 anos, em 2016, segundo o Relatório de Desenvolvi- milionário?
mento Humano de 2017. Direção: Danny Boyle. Reino
Com elevada pobreza, a Índia enfrenta desafios para melhorar a qualidade de Unido: Celador Films/Film 4,
vida de sua população. Em 2016, 27,8% da população estava em extrema pobreza, 2008. 120 min.
segundo o mesmo relatório. Ficção que narra a trajetó-
ria de um jovem nascido na
Índia, Paquistão e Irã • Capítulo 9 197
favela de Dharavi, a maior de
Mumbai, que se inscreve em
um programa popular de per-
guntas e respostas. As res-
Com o sucesso de filmes recentes, que trazem a temática do país de Gandhi, como Quem quer ser um milionário?, O exótico Hotel postas são dadas com base
Marigold e Lion, o cinema indiano talvez esteja ganhando a chance de se globalizar. Mas uma dúvida permanece: será que nossos limi- em passagens de sua vida.
tados olhares e sentimentos ocidentais trocariam o “H’ de Hollywood pelo “B” de Bollywood?
Você acredita na possibilidade de coproduções Brasil-Índia? Há um interesse deles em ampliar a participação além dos mercados
já existentes, como Estados Unidos e Europa…
Quando voltei da Índia, me dei conta de como o Brasil (e a América Latina como um todo) não conhece nada do cinema indiano e
bem pouco da cultura indiana, que vai além da yoga e do Kama Sutra. Existe um campo enorme de possibilidades, mas as diferenças
culturais, a distância geográfica e a ausência de uma comunidade indiana no Brasil são empecilhos grandes. […]
VIEIRA, José Carlos. Uma visita aos estúdios de Bollywood, maior indústria de cinema da Índia. Correio Braziliense, 10 dez. 2017.
Disponível em: <www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2017/12/10/interna_diversao_arte,646591/
industria-incessante-bollywood-na-india-produz-em-alta-velocidade.shtml>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 9 – MANUAL DO PROFESSOR 197


Orientações didáticas
Peça aos alunos que ob- 2 Paquistão
servem o mapa da figura 10
e comente que o Paquistão se Como ocorreu com a Índia, o Paquistão tornou-se um país independente em
encontra na faixa limítrofe do 1947, como parte da Comunidade Britânica de Nações, mas com uma diferença:
Oriente Médio, região da Ásia
concentrava uma enorme população de islâmicos. Em 1956, o país foi redefinido
com grande concentração de
seguidores da religião islâmica. como uma república islâmica, da qual fazia parte o atual Bangladesh. Esse fato
atraiu parte da população muçulmana da Índia. Ao mesmo
A Índia, seu país vizinho a Figura 10. Paquistão: político – 2016 tempo, parte da população hindu do Paquistão mudou-se para
leste, no entanto, é de maioria

Catherine Abud/Arquivo da editora


70° L

de seguidores da religião hindu.


CHINA a Índia. Esses deslocamentos ocorreram principalmente junto
Essa diferença cultural é um aos estados de Punjab, no Paquistão, e Caxemira, na Índia,
dos componentes da rivalida- Islamabad causando conflitos que ainda hoje não foram resolvidos (re-
veja o mapa da figura 4). Em 1971, Bangladesh tornou-se in-
Peshawar
Rawalpindi
de existente entre esses dois IRÃ ÍNDIA
países, evidenciada, entre ou- AFEGANISTÃO
dependente, o que deixou o Paquistão com sua área atual de
Faisalabad Gujranwala
tras questões, com a disputa Quetta Lahore 796 095 km2 (figura 10). A depender do resultado do litígio com
pela Caxemira, como já foi visto Multan 30° N a Índia, essa área pode ser alterada.
anteriormente neste capítulo. P A Q U I ST Ã O
De acordo com o Banco Mundial, a população do país era
0 260 520 km

N
de cerca de 193,2 milhões, em 2016. A maioria da população
Hyderabad Capital de país é muçulmana. Parte dela veio do Afeganistão, depois que as
O L
Mar Karachi
Cidade
Limites de país
Forças Armadas dos Estados Unidos invadiram aquele país em
Arábico
busca de um líder terrorista que teria comandado os atentados
S

Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico


escolar. Rio de Janeiro, 2016. p. 47. de 11 de setembro de 2001.

Atividades econômicas e indicadores sociais


A agricultura gera cerca de 40% dos empregos e 25% do PIB do Paquistão.
No comércio internacional, o país aparece como fornecedor de produtos primários
e com baixo nível de industrialização. Segundo o OEC (Observatory of Economic
Complexity), em 2016, os principais produtos vendidos foram têxteis (roupas e
tecidos) e arroz, representando, respectivamente, cerca de 30% e 7% das expor-
tações daquele ano (figura 11).
De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2016, a expectati-
va de vida no país era de 66,4 anos. A média de anos de estudo chegava a 5,1 anos.
As mulheres tinham 3,7 anos de estudo em média, e os homens, 6,5 anos. Parte
expressiva da população paquistanesa vivia em extrema pobreza: 26,5% do total.

Asim Hafeez/Bloomberg/Getty Images


Figura 11. Trabalhadores
em indústria têxtil em
Carachi (Paquistão), 2016.

198 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia

198 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
3 Irã Na leitura do mapa da figura
12, peça aos alunos que desta-
A República Islâmica do Irã apresen- Figura 12. Irã: político – 2016 quem os elementos que lhes
ta um grande território (figura 12) loca- chamam a atenção em relação

Catherine Abud/Arquivo da editora


55° L
ARMÊNIA AZERBAIJÃO TURCOMENISTÃO à localização do Irã. Ajude-os
lizado no Oriente Médio, com destacada
Mar a identificar a importância do
posição geográfica no golfo Pérsico. TURQUIA
AZB
Cáspio
golfo Pérsico, que dá acesso
Tabritz
Herdeiro do Império Persa, o Irã resis- Ardabil
às rotas comerciais do oceano
tiu à presença europeia no Oriente Mé-
Sabzevar
Urmia Rasht Babol Gorgan Índico, mar Vermelho, canal de
dio e passou a ser alvo do interesse do Teerã
Mashhad
Suez e mar Mediterrâneo.
mundo ocidental no início do século XX, Hamadan
Kermanshash Além disso, destaque o fato
quando foram descobertas reservas de AFEGANISTÃO
de o Irã, de cultura persa, fazer
petróleo. Em 2016, de acordo com o IRÃ Yazd
Birjand fronteira com países de culturas
Banco Mundial, sua população era de IRA
IRAQUE
bem distintas, como a muçulma-
80,2 milhões de habitantes. Parte che- Abadan
Kerman na (Iraque e Afeganistão), turca
gou ao país nos últimos anos como re- Shiraz
(Turquia), entre outras. Essas
fugiada do Afeganistão, que foi ocupado KUWAIT
KUWAIT Bam Zahedan
diferenças, somadas aos inte-
resses sobre o controle de ex-
por tropas estadunidenses após o aten- N Golfo
Pérsico Bandar Abbas ploração e comércio do petróleo,
tado de 11 de setembro de 2001. Outra O L
ARÁBIA
são fatores de tensão nas rela-
SAUDITA
parte pertencia a um país que “deixou BAHREIN OMÃ
ções internacionais da região.
S
de existir”, o Curdistão. CATA
C
CATAR
ATA Golfo de
Omã Esse item permite a mobiliza-
Capital de país
Cidades
EMIRADOS
ÁRABES
Trópico de Cân
cer
ção da habilidade EF09GE08.
Fonte: elaborado com base em IBGE. Limites de país UNIDOS OMÃ
0 210 420 km
Atlas geográfico escolar. Rio de Janeiro, 2016. p. 49. Quando for abordar o tema do
programa nuclear e o bloqueio
Programa nuclear e bloqueio econômico econômico ao Irã, sugerimos
que peça aos alunos uma pes-
O Irã gerou desconfiança em muitos países por manter um programa nuclear quisa para atualizar o contex-
suspeito de enriquecer urânio, processo básico para a construção de bomba atô- to da tensão entre os Estados
mica. Por isso enfrentou sanções do Conselho de Segurança da ONU em 2006, Unidos e o Irã. Em 2018, os es-
2007 e 2008, que resultaram em proibição à exportação de armas. As preocupa- Império Persa tadunidenses, sob o governo
ções aumentaram quando, em 2012, anunciou o lançamento de um míssil terra-ar Império erguido e Trump, decidiram sair do Acordo
comandado inicialmente Nuclear e retomar as sanções
(que poderia ser carregado com armamento nuclear) e o domínio da produção de por Ciro, o Grande, econômicas contra o país do
combustível atômico. Isso intensificou o boicote econômico ao país, que se recu- sucedido por seu filho Oriente Médio.
sava a receber visitas internacionais a suas instalações nucleares, alegando que Dario I e demais
imperadores, entre os Essa temática é relevante em
tinham fins pacíficos. séculos VI a.C. e IV a.C. virtude da grande importância
Em 2015 houve um novo acordo entre o Irã e as principais potências nucleares, Ele se expandiu por do Irã e também por afetar dire-
o que levou o país a reduzir suas centrífugas de beneficiamento de urânio para terras que hoje são parte
de Irã, Iraque, Líbano,
tamente as políticas de relações
cerca de 6 mil, contra os 19 mil anteriores. Além disso, o país concordou que a Líbia, Grécia, exteriores de diversos países do
Agência Internacional de Energia Nuclear fizesse uma visita às suas instalações Afeganistão, Jordânia, mundo, incluindo o Brasil, que
nucleares. Em 2016, depois da inspeção, o acordo entrou em vigor. Como não foi Israel, Egito, Turquia, tem acordos comerciais com es-
Kuwait, Palestina,
encontrado nada que indicasse a possibilidade de chegar à bomba atômica, o Geórgia, Chipre,
ses dois países. Possibilita-se,
bloqueio econômico foi suspenso. Casaquistão,
assim, desenvolver a CECH2.
Turcomenistão,
Desde que assumiu a Presidência dos Estados Unidos, em 2017, Donald Trump
Azerbaijão e Paquistão.
passou a questionar o Acordo Nuclear, alegando violação dos termos. Assim, em O Império Persa deixou
2018, os Estados Unidos saíram do Acordo e prometeram restaurar as sanções um legado para as
civilizações posteriores,
econômicas, criando incertezas e tensões.
como o sistema de
Mesmo com o bloqueio econômico, os Estados Unidos acompanham a situa- abastecimento de água
ção política e econômica do Irã, auxiliando, inclusive, tropas do exército curdo no e irrigação, inclusive em
regiões áridas.
combate contra o Estado Islâmico (EI). Leia a seção Olhar interdisciplinar.
Índia, Paquistão e Irã • Capítulo 9 199

CAPÍTULO 9 – MANUAL DO PROFESSOR 199


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar – Olhar interdisciplinar História
História
Utilize o trecho do texto jor- Os curdos
nalístico a seguir para explicar
aos alunos quem é o povo curdo,
Os curdos, estimados em 30 milhões de
Curdistão: político – 2014
sua origem e onde vive. pessoas, lutam pela reconstrução de seu país,

Catherine Abud/Arquivo da editora


45° L
o Curdistão, que se situava em terras que hoje Mar Negro GEÓRGIA Curdistão
Capital de país
pertencem a Armênia, Irã, Iraque, Síria e Turquia Limites de país
Texto complementar ARMÊNIA
(veja o mapa). Turquia e Irã concentram a maior Ierevan AZERBAIJÃO
Quem são os curdos? parte de curdos, cerca de 15 milhões e 14 mi- N
AZ
Os curdos são um povo sem B Mar
Estado que vive em Iraque, lhões de pessoas, respectivamente. Parte deles O L
TURQUIA Cáspio

Irã, Turquia e Síria. De ori- também foi para a Europa, em especial Alema-
nha e França.
S
gem indo-europeia, eles des-
cendem dos medos da Pérsia
antiga, que fundaram um A autonomia dos curdos tem sido comba- IRÃ

império no século VII a.C. tida pelos países em que esse povo está pre- 36° N

Ri
E

o
Em sua maioria muçulma- sente há anos. Em 1988, o líder e ditador do

ufr

Rio
SÍRIA e

at
nos sunitas, com minorias
Iraque, Saddam Hussein (1937-2006), coman-

T
s

igre
não muçulmanas e muitas LÍBANO

vezes formações políticas e dou o genocídio de 5 mil curdos que habita- Damasco
Bagdá
vam uma região de jazidas de petróleo. Na
laicas, os curdos estão es- IRAQUE
0 180 360 km
tabelecidos em uma área de
cerca de meio milhão de qui- Turquia, os curdos conseguiram vitórias, como
Fonte: elaborado com base em THE KURDISH Project. Where is
lômetros quadrados. o ensino do curdo como língua opcional. Tam- “Kurdistan”? Disponível em: <https://thekurdishproject.org/kurdistan-
map/>. Acesso em: out. 2018.
O número total de curdos bém foram autorizadas a produção e a veicu-
varia dependendo da fonte, lação de jornais, rádios e programas de televisão em curdo. Porém, no Irã, eles são discriminados.
de 25 a 35 milhões de pes-
soas. A maioria vive na Tur- Com a ascensão do Estado Islâmico entre 2014 e 2017, as forças militares curdas receberam arma-
quia (12 a 15 milhões, 20% da mento e apoio militar liderado pelos Estados Unidos e foram essenciais na derrota territorial do grupo
população do país), à frente extremista, principalmente no norte da Síria. Com isso, antigos anseios dos curdos por autonomia e
de Irã (cerca de 6 milhões,
menos de 10%), Iraque (4,69 independência ganharam força e repercussão.
milhões, entre 15% e 20%) e 1. Os territórios que no passado faziam parte do Curdistão hoje pertencem a Armênia, Irã, Iraque, Síria e
Síria (mais de dois milhões, Atividades Turquia.
15%). Situados em zonas do 1. Os antigos territórios curdos pertencem a quais países atualmente?
interior, o povo curdo conse-
guiu preservar seus diferentes 2. Qual é o principal país de destino dos curdos? 2. Boa parte dos curdos que saíram das áreas do seu antigo
domínio foi para a Europa, tendo como principais países de
dialetos, suas tradições e um
modo de organização basea- destino a Alemanha e a França. A maior parte dos curdos, porém, fixou-se na Turquia e no Irã.
do em clãs. Existem também
importantes comunidades
Atividades econômicas e indicadores sociais
curdas no Azerbaijão, Ar-
mênia e Líbano, bem como O Irã tem indústrias e bom desenvolvimento tecnológico, mas o bloqueio
na Europa, principalmente econômico dos últimos anos restringiu sua presença no comércio internacional à
na Alemanha. exportação de petróleo.
ENTENDA quem são os curdos,
Apesar das dificuldades em razão do bloqueio, apresenta melhores indicadores
povo sem Estado que quer inde- Oriente Médio: uma
pendência. O Globo, 25 set. 2017.
região de conflitos sociais que Índia e Paquistão. Em 2016, conforme o Relatório de Desenvolvimento
Disponível em: <https://oglobo.
globo.com/mundo/ & tensões Humano da ONU, a expectativa de vida era de 75,6 anos, e a média de anos de
entenda-quem-sao-os-curdos- Nelson B. Olic e Beatriz estudo chegava a 8,8 anos. As mulheres tinham 8,5 anos, e os homens, 9,1 anos
povo-sem-estado-que-quer- Canepa. São Paulo: de estudo, em média.
independencia-21867045>. Moderna, 2012.
Acesso em: nov. 2018. A Índia, apesar de se destacar no setor de serviços e na exportação de alguns
Neste livro são
discutidos os principais
produtos industrializados, ainda não beneficiou a maior parte de seus habitantes
conflitos do Oriente com a riqueza obtida. O Paquistão, por sua vez, possui armamento nuclear, como
Médio e os interesses a Índia, mas ainda está aquém em termos de presença internacional. As relações
internos e externos que
tensionam a região.
do Brasil são mais regulares com a Índia do que com os demais países. Leia a seção
Enquanto isso no Brasil.
200 Unidade 3 • Ásia: novo polo da economia

Texto complementar
As relações econômicas entre Índia e Brasil: trajetória e perspectivas
[…] as relações tanto econômicas quanto políticas estabelecidas entre Brasil e Índia têm se expandido de forma crescente. Cada dia
mais, os dois países têm transcendido sua mera condição de semelhança (subdesenvolvimento, posição sul, tamanho, população, etc.)
para atingir uma identificação e complementaridade bastante grande.
Sua relação, antes apenas baseada em elementos econômicos, é agora composta por um caráter político. Diversos acordos têm sido formalizados
e a tendência é que de agora em diante haja um aumento nestes acordos e sua relação seja cada vez mais pautada por uma cooperação sul-sul.
Atualmente, a Índia não pode ser considerada uma ameaça ao crescimento brasileiro, pois desempenha um papel diferente na pauta
de exportações mundiais, especializando-se em áreas diferentes das brasileiras, mas em um futuro próximo é uma possível ameaça.

200 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
Para ampliar as discussões
1. Brasil e Índia
sobre as relações bilaterais en-
Brasil-Índia: cooperação antiga e produtiva apresentam vários
interesses em comum,
tre Brasil e Índia, sugerimos a
leitura de trecho do artigo “As re-
As relações entre Brasil e Índia são antigas e levaram, aos poucos, a uma busca como segurança
energética e alimentar, lações econômicas entre Índia e
de interesses comuns em organizações internacionais. O primeiro acordo entre os ampliação do Conselho Brasil: trajetória e perspectivas”,
dois países data de 1968 e visava aumentar o comércio entre eles. Bem mais tarde, de Segurança da ONU,
na parte inferior deste Manual,
cooperação científica e
em 2002, foi criada a Comissão Mista Ministerial de Cooperação Política, Econômi- aumento do comércio nas páginas 200 e 201.
ca, Científica, Tecnológica e Cultural Brasil-Índia, que tem como objetivo reunir bilateral. Além disso,
eles integram o Brics e
ministros dos dois países para tratar de temas internacionais que envolvem inte- o G20.
resses mútuos. 2. A Índia constitui um
dos maiores mercados
Nesse fórum bilateral, discute-se o comércio entre eles e promovem-se debates consumidores do
mundo e apresenta
que auxiliam em seu posicionamento no Brics (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, grande
China e África do Sul) e no G20 (bloco que reúne as vinte economias mais impor- desenvolvimento
científico e
tantes do mundo), entre outros fóruns de países. tecnológico. Dessa
forma, estabelecer
Além disso, foi criado o Diálogo Estratégico para discutir assuntos como segu- relações comerciais e
rança energética e alimentar e temas como a ampliação do Conselho de Segurança técnico-científicas com
os indianos é muito
da ONU. Participam desse diálogo o Ministro das Relações Exteriores do Brasil e o interessante para o
Assessor de Segurança Nacional da Índia. Brasil.

Em 2005, surgiu o Conselho Científico Brasil-Índia, que avalia projetos de coo-


peração científica em temas de interesse comum. Em 2018, os dois países assinaram
um projeto de cooperação em biotecnologia.
Como resultado dessa longa relação, as exportações brasileiras para a Índia
passaram de cerca de 300 milhões de dólares, em 2001, para mais de 3,3 bilhões de
dólares, em 2016, segundo o Observatory of Economic Complexity (OEC).
Ricardo Fonseca/Ascom/MCTIC

Encontro da Comissão
Mista Ministerial de
Cooperação Política,
Econômica, Científica,
Tecnológica e Cultural
Brasil-Índia, no Itamaraty,
em Brasília (DF), 2018.

Atividades
1. Indique três temas em que Brasil e Índia possuem interesses em comum.
2. Por que é vantajoso ao Brasil estabelecer relações com a Índia?

Índia, Paquistão e Irã • Capítulo 9 201

Contudo, para tanto, precisa resolver, ou ao menos melhorar, a questão da falta de emprego de forma a superar a pobreza e privação
enfrentada no país.
Mundialmente falando, exportar manufaturas se tornou uma atividade marcadamente mais competitiva. Portanto, no continente
latino-americano, as possibilidades de se utilizar as manufaturas para a geração de empregos e para a manutenção do seu status de re-
gião em desenvolvimento são pequenas.
O que se pode concluir, portanto, é que atualmente Índia e Brasil tenderão a continuar sua aproximação e que suas produções são
complementares, não apenas entre si, mas também para o mundo. Contudo, é importante manter a atenção para o futuro desenvolvi-
mento dessa relação que promete ser promissora, mas que também corre o risco de ser conflitante em diversos aspectos.
HAFFNER, Jacqueline A. H.; MONTEIRO, Larissa de O. V. As relações econômicas entre Índia e Brasil: trajetória e perspectivas. 3o Encontro Nacional
ABRI 2011. Disponível em: <www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000122011000200032&script=sci_arttext>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 9 – MANUAL DO PROFESSOR 201


Orientações didáticas
Você em ação
As atividades propostas na se-
ção Você em ação possibilitam
a retomada de conceitos e con-
VOCÊ EM ação
teúdos abordados neste capítulo,
associados ao desenvolvimento
de habilidades e competências
Pratique
gerais propostas para a área de 1. Apresente as dificuldades que o sistema de castas 7. No caderno, copie a tabela a seguir, preencha com
Ciências Humanas pela BNCC. pode gerar para o combate à pobreza na Índia. os dados sobre os países estudados no capítulo e
Pratique 2. Indique a principal semelhança entre a industriali- responda às questões.
1. O sistema de castas foi abo- zação indiana e a brasileira.
Índia Irã Paquistão
lido pela Constituição, po- 3. Analise como a Revolução Verde afetou o meio
rém boa parte dos hindus ambiente e a sociedade indianos. Expectativa
ainda preserva essa divisão de vida
4. Indique o setor da economia que projetou a Índia
social, sobretudo em áreas
no mundo e explique como isso ocorreu. Tempo médio
menos urbanizadas. Assim,
as políticas de combate à 5. Caracterize o papel do Paquistão no comércio mun- de estudo
pobreza esbarraram nas dial. (homens)
tradições da população, que 6. O bloqueio econômico é uma estratégia que alguns Tempo médio
aceita a não mobilidade so- de estudo
órgãos ou países utilizam para levar outro país a
cial como preceito religioso. (mulheres)
aceitar determinadas intervenções.
2. A industrialização indiana
a) Explique os motivos que levaram o Conselho de a) Em qual dos três países as mulheres estão mais
e a brasileira basearam-se
Segurança da ONU a instaurar os bloqueios eco- próximas da média de anos de estudo dos ho-
na substituição de impor-
nômicos sobre o Irã. mens?
tações, priorizando a ins-
talação de fábricas para b) Aponte os impactos do bloqueio sobre as con- b) Qual país apresenta os piores indicadores sociais?
produzir no país o que an- dições econômicas do Irã. Justifique.
tes era importado.
3. A Revolução Verde, com a
mecanização da agricul-
Analise a imagem
tura, provocou desempre- 8. A cultura indiana é muito expressiva do mundo oriental, porém, como várias outras, ela apresenta influências
go nas áreas rurais, o que da cultura ocidental. Identifique, na foto a seguir, elementos da cultura tradicional indiana misturados com
resultou na migração para elementos da cultura ocidental contemporânea.
as áreas urbanas, levando à

Vivvi Smak/Shutterstock
formação de favelas, como
em Mumbai e Nova Délhi.
Além disso, o uso de semen-
tes e agrotóxicos importa-
dos aumentou o custo da
produção. A concentração
de terras contribuiu para a
expulsão de trabalhadores
do campo e as grandes fa-
zendas monocultoras re-
duziram a biodiversidade.
Rios e lençóis freáticos fo-
ram contaminados por agro-
tóxicos.
4. Foi o setor de informática. A
Índia ganhou projeção mun-
dial após a década de 1990, Rua comercial em Nova Délhi (Índia), 2017.
tornando-se fornecedora
de mão de obra qualificada 202 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia
para universidades e em-
presas estadunidenses e
europeias. Além disso, fo-
ram criadas diversas em- 6. a) Na primeira década do século XXI, o Irã gerou desconfian- b) Ele levou à queda das exportações e atingiu sua economia,
presas inovadoras ligadas ça por manter um programa nuclear suspeito de enriquecer pois a participação no comércio internacional ficou restrita à
à informática e à robótica. urânio, processo básico para a construção de bomba atô- exportação de petróleo.
5. O Paquistão é fornecedor mica. O Conselho de Segurança da ONU aplicou sanções ao 7. Dados da tabela: Expectativa de vida: Índia – 68,5 anos; Irã –
de produtos primários e país, como a proibição da exportação de armas. Em 2012, o 75,6 anos; Paquistão – 66,4 anos. Tempo médio de estudos
tem baixo nível de indus- Irã anunciou o lançamento de um míssil terra-ar e o domínio (homens): Índia – 8,2 anos; Irã – 9,1 anos; Paquistão – 6,5
trialização. Em suas ex- da produção de combustível atômico, intensificando o blo- anos. Tempo médio de estudos (mulheres): Índia – 4,8 anos;
portações destacam-se os queio econômico ao país. Irã – 8,5 anos; Paquistão – 3,7 anos.
produtos têxteis (roupas e
tecidos) e o arroz.

202 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Analise o mapa
Analise o mapa 9. a) Na leitura do mapa, além
das direções dos fluxos,
9. Observe o mapa ao lado e res- Ásia: refugiados – 2013
os alunos precisam le-
ponda:

Catherine Abud/Arquivo da editora


N 90° L Para Estados Unidos
Fluxo de refugiados var em conta o aspecto
OCEANO GLACIAL (mil pessoas)
a) Qual país do Oriente Médio O L REINO
quantitativo observando

o
UNIDO ÁRTICO De 5,0 a 25,0

r tic
recebeu mais refugiados PAÍSES BAIXOS De 25,1 a 50,0 a espessura das setas.


S

la
em 2012? ALEMANHA
lo
Po De 50,1 a 100,0
O país que mais recebeu
cu
C ír De 100,1 a 500,0
b) O que motivou esse grande refugiados foi o Irã.
fluxo de refugiados? RÚSSIA De 500,1 a 1 300,0 b) O Irã tornou-se o princi-
TUR
pal destino de refugia-
QUIA

er
Para AZERBAIJÃO dos porque seu território

nc
ARMÊNIA


Líbia USBEQUISTÃO
LÍBANO faz fronteira com Afega-

de
SÍRIA
Palestina

o
TURCOMENISTÃO ic
IRAQUE TAJIQUISTÃO óp nistão e Iraque. Esses
Tr
ARÁBIA IRÃ AFEGANISTÃO CHINA Para Estados OCEANO
Pa ado os
Es nid
SAUDITA PAQUISTÃO Unidos países geraram gran-
U

ra s
t
Tibete PACÍFICO
BANGLADESH
des fluxos de migrantes
Para NEPAL
Canadá Para Estados 0° que fugiam da violência,
Unidos
ÍNDIA LA da instabilidade política
OS Para Estados
MIANMAR Unidos
VIETNÃ e econômica, intensifi-
CAMBOJA
Eq
uad TAILÂNDIA cadas desde as inter-
or SRI LANKA PAPUA-
Fonte: elaborado com base Para -NOVA venções das Forças
MALÁSIA GUINÉ
França Para
em FERREIRA, Graça M. L. I N D O N É S I A
Atlas geográfico: espaço
Austrália
Para
Armadas dos Estados
0 1 325 2 650 km
mundial. São Paulo: Moderna, Para
Estados Unidos
França Unidos e seus aliados
2013. p. 100.
após os atentados terro-
ristas de 11 de setembro
Analise o gráfico de 2001.
10. O gráfico a seguir representa o comportamento da China e Índia revivem “Grande Jogo” Analise o gráfico
expectativa de vida na Índia e no Paquistão entre por influência militar 10. O gráfico mostra o aumen-
1960 e 2016. Descreva esse comportamento e apre- to da expectativa de vida
A Índia está apresentando o lançamento
sente os fatores que ajudam a explicá-lo. na Índia e no Paquistão.
de seu míssil de longo alcance, nesta semana,
como um grande êxito de seu poder militar. Em 1960, era de 45 anos
Expectativa de vida ao nascer (em anos) – 1960-2015 no Paquistão e de pouco
Isso ocorre apenas alguns meses depois de
Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

Idade mais de 40 anos na Índia.


70 ter sido anunciada a intenção de Beijing de dis- Em 2015, foi por volta de
Paquistão Índia
por de instalações nas Ilhas Seychelles para 66 anos no Paquistão e cer-
65
abastecer seus navios militares. Essa intenção ca de 68 anos na Índia. Os
60 foi lida em Nova Délhi na forma de “China abri- fatores que explicam esse
55
rá sua primeira base no Oceano Índico”, segun- aumento são urbanização,
do a manchete de um jornal indiano. modernização e aumento
50 Esses episódios poderiam ser considerados da produção agrícola e in-
os últimos atritos de uma relação tensa e com- dustrialização, que propi-
45
plicada, sobretudo tendo em conta que ambos ciaram a elevação do PIB,
repercutindo em melhoria
40
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
os países disputaram uma guerra em 1962.
no acesso à alimentação e
Ano Mas é também uma relação inevitável, já que
à saúde. Porém, se compa-
Fonte: elaborado com base em THE WORLD Bank. Life Expectancy Índia e China compartilham quase 4 mil qui- rados a países desenvolvi-
at Birth. Disponível em: <https://data.worldbank.org/indicator/SP.
DYN.LE00.IN?locations=PK-IN>. Acesso em: out. 2018.
lômetros de fronteira. […] dos, eles ainda têm muito
CHINA e Índia revivem “Grande Jogo” por influência militar. BBC, 21 a melhorar.
abr. 2012. Disponível em: <www.bbc.com/portuguese/
Analise o texto noticias/2012/04/120419_china_india_ac>. Acesso em: out. 2018. Analise o texto
11. A disputa entre a China e a Índia por influência ¥ Discuta com seus colegas as implicações, para o 11. Oriente os alunos a buscar
militar no oceano Índico foi tema de uma notícia mundo e para a Índia, da instalação de uma base um mapa e localizar as ilhas
publicada pela BBC em 21 de abril de 2012. Leia o militar chinesa no oceano Índico. Anote no cader- Seychelles, a Índia e a Chi-
texto a seguir. no os principais pontos discutidos. na. Depois, devem analisar
a posição da China e da Ín-
Índia, Paquistão e Irã • Capítulo 9 203 dia em relação às ilhas para
discutir a questão. Lembre-
-os dos interesses chineses
nos recursos naturais da
a) No Irã, onde o tempo médio de estudo das mulheres é apro- Analise a imagem África e peça que levantem
ximadamente meio ano inferior ao dos homens. 8. Os elementos da tradição indiana aparecem na arquitetura, hipóteses acerca das impli-
b) Paquistão. Apresenta a menor expectativa de vida e os me- nos riquixás e nas imagens dos deuses. Quanto aos elemen- cações de uma base militar
nores índices de escolaridade, para homens e mulheres. tos ocidentais, é possível notar veículos motorizados, roupas chinesa nesse continente.
ocidentais e letreiros escritos em inglês.

CAPÍTULO 9 – MANUAL DO PROFESSOR 203


Orientações didáticas
Geografia em outras
Geografia em outras linguagens
linguagens Literatura
Por meio de um texto não
literário, a proposta é aprofun-
dar o conteúdo a respeito do As paisagens e o desenvolvimento da China
desenvolvimento da China, ao Na obra Armas, germes e aço: o destino das sociedades humanas, o autor Jared
instigar o aluno a relacionar as Diamond estuda o modo de viver de diferentes povos e as relações que eles esta-
paisagens do país com o esta- belecem com a natureza. Ele destina um capítulo para retratar as características das
belecimento de modos de vida
paisagens da China, relacionando-as com a forma de organização dos agrupamen-
distintos. Esta seção explora a
habilidade EF09GE04. tos humanos presentes em diferentes regiões, o que reflete na atual diversidade de
grupos étnicos do país.
Para obter mais informa-
ções e reflexões sobre a obra de Leia o fragmento abaixo para saber mais sobre a história milenar desse país, que
Jared Diamond, sugerimos a se tornou uma das maiores potências geopolíticas no cenário internacional.
leitura da resenha da qual ex- A primeira prova de algo diferente na Ásia oriental vem da China, onde
traímos o trecho a seguir. restos de plantações, ossos de animais domésticos, cerâmica e ferramentas
de pedra polida �neolítico� surgem por volta de 7500 a.C. […]. Pelo menos
podemos dizer que a China foi um dos primeiros centros mundiais de do-
mesticação de plantas e animais.
Na realidade, a China pode ter englobado dois ou mais centros indepen-
dentes de origens da produção de alimentos. Já mencionei as diferenças
ecológicas entre a China setentrional, fria e seca, e a meridional, úmida e
quente. A uma determinada latitude, há também distinções ecológicas entre
as planícies litorâneas e os pla-
Reprodução/Biblioteca do Congresso, Washington DC, EUA.

naltos do interior do país. Plan-


tas silvestres diferentes nascem
nesses ambientes desiguais e
assim haveria uma variedade
disponível para agricultores
principiantes em várias partes
da China. De fato, as mais anti-
gas culturas identificadas eram
duas espécies de milhete, resis-
tentes à seca, no norte, mas o
arroz era do sul, sugerindo a pos-
sibilidade de existirem centros
separados de domesticação de
plantas.

Ilustração de 1969 do artista


chinês Jião Bingzhen,
retirada do Guia ilustrado de
cultivo e tecelagem: vida
rural na China.

204 Unidade 3 ¥ Ásia: novo polo da economia

Texto complementar
Colapso: como as sociedades escolhem o sucesso ou o fracasso. Rio de Janeiro, Record, 2005. Jared Diamond
Depois de ter explorado o tema “por que há sociedades humanas mais ‘bem-sucedidas’ do que outras?” em “Armas, Germes e Aço”
(1998), Jared Diamond agora explora o outro lado da moeda: por que algumas sociedades humanas trilharam o caminho do colapso,
ao longo da nossa história conhecida. O autor examina sociedades do passado e do presente, tendo sempre como pano de fundo as va-
riáveis ambientais que podem ter influenciado no fracasso destas sociedades.

204 UNIDADE 3 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Os sítios chineses que apresentam os primeiros indícios de plantações 1. Os alunos devem
indicar que as Em resumo
também continham ossos de porcos, cachorros e galinhas domésticos. Esses condições climáticas,
animais e plantas domesticados foram juntando-se gradualmente a outros. por exemplo, Sugerimos utilizar os resu-
contribuíram para o mos dos capítulos para promo-
Entre os animais, o búfalo-da-índia era muito importante �para puxar arado�, desenvolvimento de
determinados tipos de ver um fechamento da unidade.
além do bicho-da-seda, dos patos e gansos. Os produtos agrícolas chineses plantas, que se Pode-se pedir aos alunos que
posteriores incluem feijão, soja, cânhamo, frutas cítricas, chá, damascos, tornaram a base da
formem trios para fazer a lei-
agricultura e da
pêssegos e peras. Assim como o eixo Leste-Oeste da Eurásia permitiu que alimentação de povos tura dos resumos. Em seguida,
muitos desses animais e plantas chineses se difundissem para oeste nos específicos da China cada aluno deverá ficar respon-
antiga. No norte do
tempos antigos, espécies domesticadas da Ásia ocidental também seguiram país, o clima mais frio e sável por refazer brevemente o
para leste em direção à China e lá tornaram-se importantes. […] seco possibilitou o percurso de um dos capítulos,
desenvolvimento do
O tamanho e a diversidade ecológica da China geraram muitas culturas milhete, cultivo explicando-o aos colegas. Se
locais isoladas, distinguíveis arqueologicamente por seus estilos diferentes de resistente aos baixos necessário, ele poderá retomar
índices de as páginas do capítulo de sua
cerâmica e artefatos. No quarto milênio a.C., essas culturas locais se expan- pluviosidade. No sul, as
temperaturas mais incumbência para relembrar os
diram geograficamente e começaram a interagir, a competir entre si e a se altas e a abundância de principais conceitos e conteú-
juntar. Assim como as trocas de espécies domesticadas entre regiões ecologi- chuvas criaram as
dos estudados.
condições para o
camente diversas enriqueceram a produção chinesa de alimentos, as trocas cultivo de arroz. As
entre regiões culturalmente diversas enriqueceram a cultura e a tecnologia diferentes paisagens Para aferir os conhecimen-
da China contribuíram
chinesas, e a acirrada competição entre tribos centralizadas adversárias de- para uma grande tos dos alunos durante o estu-
terminou a formação de Estados cada vez maiores e mais centralizados. […] variedade de povos do desta unidade, apresente
com modos de vida a Proposta de acompanha-
Os extensos rios que atravessam a China de leste a oeste �o rio Amarelo distintos. Atualmente,
mento de aprendizagem,
no norte, o Yang-tse no sul� facilitaram a difusão de culturas agrícolas e de o país abriga mais de
50 grupos étnicos disponível no material digital.
tecnologia entre a costa e o interior, enquanto sua vasta extensão Leste-Oes- diferentes.
2. Espera-se que os
te e um terreno relativamente favorável, que acabou permitindo a junção alunos mencionem que
dessas duas redes fluviais por meio de canais, facilitaram as trocas entre o esses rios facilitaram a
difusão de culturas
norte e o sul. Todos esses fatores geográficos contribuíram para a unificação agrícolas e de
cultural e política precoce na China, ao passo que a Europa ocidental, com uma tecnologia entre a
costa e o interior da
área semelhante mas um terreno mais acidentado e nenhum rio para unificar, China, contribuindo
resistiu à unificação cultural e política até hoje. […] para a unificação
cultural e política
DIAMOND, Jared. Armas, germes e aço: os destinos das sociedades humanas. 18. ed. precoce do país.
Rio de Janeiro: Record, 2016. p. �02.

Atividades
1. Com base no texto de Jared Diamond, indique um exemplo que demonstre a influência exercida pelas con-
dições naturais da paisagem no modo de vida dos povos que viveram na China antiga.
2. Qual é o papel dos rios Huang-ho (rio Amarelo) e Yang-tse (rio Azul) no desenvolvimento da China?

Em resumo

Nesta unidade você estudou:


• no capítulo 7: domínios morfoclimáticos, recursos naturais da Ásia, principais rios asiáticos, recursos minerais e energéticos,
oferta hídrica, conservação de tigres;
• no capítulo 8: ocupação humana e indicadores sociais da China, relação entre China e Estados Unidos, poderio militar chinês,
características geográficas e economia do Japão, comércio internacional do Japão, influência do Japão no mundo, formação dos
Tigres Asiáticos de primeira e de segunda gerações, blocos de países – Asean e Apec;
• no capítulo 9: Índia – sistema de castas, influência regional e inserção no mundo, disputas territoriais, principais atividades
econômicas, indicadores sociais; Paquistão – atividades econômicas e indicadores sociais; Irã – programa nuclear e bloqueio
econômico, atividades econômicas e indicadores sociais.

Índia, Paquistão e Irã • Capítulo 9 205

Diamond examina casos que são conhecidos como exemplos clássicos da insensatez humana com relação aos seus recursos naturais
como, por exemplo, o colapso da sociedade da ilha de Páscoa, de outras sociedades polinésias, dos Maias em Yucatán e dos Anasazis, na
grande bacia da América do Norte. Numa segunda parte do livro, o autor examina sociedades contemporâneas que podem (ou não) estar
trilhando os seus próprios caminhos para o colapso e, ao final, tece considerações sobre quais lições podemos tomar do passado. […]
HANAZAKI, Natalia. Colapso: como as sociedades escolhem o sucesso ou o fracasso. Rio de Janeiro, Record, 2005. Jared Diamond.
Ambiente e Sociedade, Campinas, v. 9, n. 2, jul./dez. 2006. Disponível em: <www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S1414-753X2006000200010>. Acesso em: nov. 2018.

CAPÍTULO 9 – MANUAL DO PROFESSOR 205


Objetivos da unidade
Ao longo da unidade 4, os alu-
nos são convidados a conhecer
diferentes aspectos da Oceania

Oceania e as

4
e das zonas polares. No capítu-
lo 10, são apresentados aspec- Unidade
tos do quadro físico da Oceania:

zonas polares
relevo, recursos minerais e mi-
neração marinha, clima e vege-
tação original; no capítulo 11,
são estudadas características
da economia, sociedade e po-
pulação da Oceania: Melanésia,
Micronésia, Polinésia, Austrália
e Nova Zelândia; no capítulo 12,
o tema de estudo compreen-
de a redução das geleiras nos
polos e as disputas territoriais
nessas regiões.

Aproveite a oportunida- CAPÍTULOS


de para consultar o Plano
10 Quadro físico e
de desenvolvimento do bi- recursos naturais
mestre, disponível no mate- da Oceania
rial digital.
11 Austrália, Nova
Zelândia e demais
países
Habilidades da BNCC
12 Disputas
trabalhadas nesta territoriais nos
unidade polos
EF09GE01 Analisar critica-
mente de que forma a hege-
monia europeia foi exercida
em várias regiões do planeta,
notadamente em situações de
conflito, intervenções milita-
res e/ou influência cultural em
diferentes tempos e lugares.
EF09GE03 Identificar diferen-
tes manifestações culturais
de minorias étnicas como for-
ma de compreender a multi-
plicidade cultural na escala
mundial, defendendo o princí-
pio do respeito às diferenças.
EF09GE09 Analisar caracte-
rísticas de países e grupos de
países europeus, asiáticos e Vista do Outback, o deserto vermelho da
da Oceania em seus aspectos Austrália, em Nova Gales do Sul, 2017.
populacionais, urbanos, políti- Paisagens como esta representam mais da
cos e econômicos, e discutir metade do território daquele país. Mesmo
suas desigualdades sociais e assim, a maior nação da Oceania é uma
econômicas e pressões sobre das mais desenvolvidas do mundo.
seus ambientes físico-naturais.
EF09GE10 Analisar os im- 206
pactos do processo de in-
dustrialização na produção
e circulação de produtos e
culturas na Europa, na Ásia
e na Oceania. EF09GE12 Relacionar o processo de urbanização às transforma- EF09GE15 Comparar e classificar diferentes regiões do mundo
EF09GE11 Relacionar as mu- ções da produção agropecuária, à expansão do desemprego es- com base em informações populacionais, econômicas e socioam-
danças técnicas e científi- trutural e ao papel crescente do capital financeiro em diferentes bientais representadas em mapas temáticos e com diferentes
cas decorrentes do processo países, com destaque para o Brasil. projeções cartográficas.
de industrialização com as EF09GE14 Elaborar e interpretar gráficos de barras e de setores, EF09GE16 Identificar e comparar diferentes domínios morfocli-
transformações no traba- mapas temáticos e esquemáticos (croquis) e anamorfoses geo- máticos da Europa, da Ásia e da Oceania.
lho em diferentes regiões do gráficas para analisar, sintetizar e apresentar dados e informa- EF09GE17 Explicar as características físico-naturais e a forma
mundo e suas consequên- ções sobre diversidade, diferenças e desigualdades sociopolíticas de ocupação e usos da terra em diferentes regiões da Europa, da
cias no Brasil. e geopolíticas mundiais. Ásia e da Oceania.

206 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Aproveite a foto reproduzida
A Oceania e os polos possuem muitos recursos naturais. O acesso a essas riquezas na abertura da unidade para
introduzir a discussão sobre
gera disputas entre países, já que são fundamentais no mundo globalizado, pois são
a Oceania e as zonas polares.
matérias-primas para as fábricas. Nesta unidade, você verá como ocorre a integra-
Pergunte aos alunos o que eles
ção dessas partes do mundo. Para iniciar, conhecerá a importância dos recursos conhecem sobre este deserto,
naturais da Oceania. Depois, poderá analisar as transformações territoriais ao longo que cobre mais da metade do
da história e as manifestações das minorias étnicas desse continente. Para finalizar, território australiano, e se co-
você poderá identificar a importância da localização estratégica dos polos, os recur- nhecem outras características
sos naturais neles existentes, os interesses internacionais que envolvem as zonas naturais ou socioeconômicas
polares e o modo de vida de alguns povos do Ártico. da Oceania. Neste momento,
Nick Fox/Alamy/Fotoarena
deve-se realizar apenas uma
sondagem inicial, uma vez que
essas características serão es-
tudadas ao longo da unidade.
Atividades
1. Espera-se que os alunos
concluam que a paisagem
se refere a um lugar de cli-
ma Desértico.
2. África, América e Ásia.

BNCC nesta unidade


Competências gerais
1 2 3 6 7 10
Competências
específicas de Ciências
Humanas
1 3 4 5 6 7
Competências
específicas de
Geografia
1 2 3 4 5 6 7
Temas contemporâneos
• Educação ambiental
• Diversidade cultural
• Processo de envelheci-
mento, respeito e valori-
zação do idoso

Atividades
1. Em sua opinião, como é o clima no lugar retratado na imagem?
2. Em que outros continentes ocorrem clima e tipo de vegetação semelhantes ao
da imagem?

207

EF09GE18 Identificar e analisar as cadeias industriais e de ino-


vação e as consequências dos usos de recursos naturais e das
diferentes fontes de energia (tais como termoelétrica, hidrelé-
trica, eólica e nuclear) em diferentes países.

UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR 207


Objetivos do capítulo Cap’tulo

10
• Conhecer aspectos do qua-
dro físico da Oceania.
• Estudar o relevo, os recur-
sos minerais e a mineração
Quadro físico e recursos
marinha. naturais da Oceania
• Estudar o clima e a vege-
tação original da Oceania.

BNCC neste capítulo Para iniciar


Habilidades
EF09GE09 Neste capítulo você vai conhecer as características naturais de um continente
muito afastado do Brasil: a Oceania. Você verá que o continente é composto de um
EF09GE15
conjunto de ilhas e da Austrália, única massa de terras emersas de grande dimensão.
EF09GE16
Em nossos estudos, dois países receberão maior atenção: a Austrália, que se desta-
EF09GE17 ca pela localização estratégica e por seus recursos minerais, e a Nova Zelândia, país
EF09GE18 de grande variedade de paisagens naturais.
Competências gerais Observe a foto abaixo. Ela representa uma atividade mineradora na qual a Aus-
6 7 trália tem grande destaque mundial. Por meio dessa exploração obtém-se um mi-
Competências específi- nério que é a segunda principal fonte energética da atualidade. Sua exploração e
cas de Ciências Humanas sua utilização, porém, causam grandes impactos ambientais.
3 6 7

Carla Gottgens/Bloomberg/Getty Images


Competências
específicas de
Geografia
1 2 3 4 6
Temas contemporâneos
• Educação ambiental
• Diversidade cultural

Orientações didáticas
Para iniciar
Antes de introduzir o tema e
comentar a imagem de abertura
do capítulo, explore os conhe-
cimentos prévios dos alunos
sobre os aspectos naturais da
Oceania: relevo, vegetação, flo-
ra e fauna, recursos naturais e
curiosidades. Verifique se eles
conhecem pontos turísticos da
Oceania e áreas importantes de
preservação ambiental, como a
Mineradora de carvão, que é usado em usinas termelétricas, próxima ao porto de Newcastle (Austrália), em 2015.
Grande Barreira de Corais, situa-
da no litoral do estado australia-
no de Queensland, considerada Atividades
Patrimônio Mundial da Unesco 1. Qual é o minério retratado na imagem? Carvão mineral.
desde 1981. Grande parte des- 2. Quais são os impactos ambientais ocasionados pela exploração e pelo uso desse
sa formação natural é protegida minério? Na extração a céu aberto são necessárias grandes escavações, que intensificam os
pelo Parque Nacional da Grande processos erosivos, impactam a cobertura vegetal e a fauna, havendo ainda o risco de
contaminação das águas pelos resíduos oriundos da lavagem do carvão. Quanto ao
Barreira de Corais, que ajuda a 208 Unidade 4 ¥ Oceania e as zonas polares uso, o maior impacto está relacionado aos gases de efeito estufa liberados no
limitar impactos causados pela momento da queima.
interferência humana, como a
pesca e o turismo.
Em relação ao carvão mine- desse recurso mineral está relacionado aos gases de efeito estu-
ral, ressalte os impactos ori- fa liberados em sua queima. Estimule os alunos a tecer comentá-
ginados pela extração a céu rios sobre essa atividade extrativa e apontar possíveis soluções,
aberto, que, ao exigir grandes como a substituição desse recurso por outros, porém conside-
escavações, intensificam os rando sua viabilidade.
processos erosivos, causam Este conteúdo mobiliza a CECH3, a CEG1, a CEG2 e o TC Educa-
danos à cobertura vegetal e à ção ambiental.
fauna locais e ampliam o ris-
co de contaminação das águas
por resíduos. Além disso, o uso

208 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
1 Quadro físico da Oceania Retome os conceitos de re-
levo e recurso mineral para dar
A Oceania é formada pela Austrália e um grande conjunto de ilhas, a maioria início ao estudo do tema. Em
delas no oceano Pacífico. A Austrália, chamada de país continente e de ilha con- seguida, analise com os alunos
tinente por suas dimensões, está voltada também para o oceano Índico. o mapa da figura 1, de modo a
identificar a localização e os
aspectos geográficos do conti-
Relevo e recursos minerais nente, formado por uma enorme
As ilhas da Oceania apresentam grande diversidade de formas do relevo e de quantidade de ilhas, ressaltan-
recursos minerais (figura 1). Na Nova Guiné, ilha de origem vulcânica, encontram- do a diversidade de formas de
-se as altitudes mais elevadas, incluindo o monte Jaya, que chega a 5 030 m acima relevo e recursos minerais pre-
do nível médio do mar. Porém, essa parte da ilha pertence à Indonésia e, portanto, sentes. Destaque a importância
dos recursos minerais para a
faz parte da Ásia.
economia dos países em termos
de geração de energia, recursos
Figura 1. Oceania: relevo e recursos minerais e energéticos
internos e exportação.
Catherine Abud/Arquivo da editora

Leste de Greenwich 180° Oeste de Greenwich


AMÉRICA
ÁSIA Ao observar o mapa, peça
Trópico de Câncer
que façam anotações no cader-
Placa
das no sobre as áreas de concen-
Placa Filipinas
OCEANO
Principais jazidas tração dos recursos minerais
Euro- minerais e energéticas
-Asiática
PACÍFICO
Minério de ferro
e energéticos do continente.
Placa Petróleo Proponha que sistematizem a
Carolina Equador Carvão
0° análise montando uma tabela
PAPUA-NOVA Cobre
I. Nova GUINÉ Placa do Chumbo
com a indicação dos locais de
Guiné Pacífico Manganês ocorrência desses recursos.
G R OR

Placa Prata
Mar de Esse tema permite tratar al-
AN A L

Mar dos
C

Timor Corais Fiji Ouro


DE ÍNE

Bauxita guns aspectos contemplados


BA A

Trópico de Capricórnio
RR

Níquel nas habilidades EF09GE16 e


EIR

AUSTRÁLIA Zinco
Placa EF09GE17, na CECH7 além de
A

de Altitude (em metros)


N Nazca possibilitar o trabalho com o TC
Kosciusko 1 000
(2 228 m)
500
Educação ambiental.
OCEANO I. Tasmânia O L 200
ÍNDICO NOVA 0
Placa Mar da
Indo-Australiana Tasmânia ZELÂNDIA S
Pico Aproveite a oportunidade
0 1 060 2 120 km Limites entre as para trabalhar com os alunos
Placa Antártica placas tectônicas a Sequência didática 1: As
Fontes: elaborado com base em FERREIRA, Graça L. M. Atlas geográfico: espaço mundial. São Paulo: Moderna, 2013. características físico-na-
p. 110; TEIXEIRA, Wilson e outros. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. p. 104; BOCHICCHIO, turais da Oceania e o uso
Vincenzo Raffaele. Atlas mundo atual. São Paulo: Atual, 2009. p. 81.
de seus recursos naturais,
disponível no material digital.
A Austrália situa-se na mesma placa tectônica da Nova Guiné e da ilha da
Tasmânia. No passado, esse conjunto formava uma única massa contínua de ter-
ras emersas. Em um período mais quente do planeta, milhares de anos atrás,
houve uma elevação das águas dos oceanos, “ilhando” os pontos mais altos e
resultando na atual configuração.
A maior parte do relevo australiano é formada por terrenos com altitudes infe-
riores a 500 m, como pode ser visto no mapa da figura 1. Na costa leste, está loca-
lizada a cordilheira Australiana, onde se observam as altitudes mais elevadas do país,
além do ponto mais alto, o monte Kosciusko, com 2 228 m de altitude.
O país também é conhecido pelo seu relevo submarino, que apresenta a Gran-
de Barreira de Corais, a maior formação de recifes de corais do mundo, que se
estende por mais de 2 mil km na costa nordeste, no estado de Queensland. Leia
sobre a formação de recifes na seção Olhar interdisciplinar.
Quadro físico e recursos naturais da Oceania • Capítulo 10 209

GRANDE Barreira de Coral da Austrália sofreu “colapso catastrófico”. Diário de notícias, 19 abr. 2018. Disponível em: <www.dn.pt/socie
dade/interior/grande-barreira-de-coral-da-australia- sofreu-colapso-catastrofico---revista-nature-9270412.html>. Acesso em: nov. 2018.
A reportagem anuncia a morte de um terço dos corais que formam a superfície da Grande Barreira de Corais em 2016, em razão do
aumento da temperatura das águas do oceano.

CAPÍTULO 10 – MANUAL DO PROFESSOR 209


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar – Olhar interdisciplinar Ciências
Ciências
Neste trabalho interdiscipli- Como se formam os recifes?
nar com a área de Ciências, fa- O coral nada mais é que um pequeno animal marinho, que vive em colônias – geralmente
ça com os alunos a leitura do
em mares de temperatura amena, como nas regiões tropicais e subtropicais. Enquanto está vivo,
texto que explica o que são co-
esse organismo secreta à sua volta um esqueleto de carbonato de cálcio, substância extraída da
rais, recifes, barreiras e atóis.
Esteja atento para solucionar água do mar. Após sua morte, novas colônias desenvolvem-se sobre essa estrutura rígida, for-
eventuais dúvidas da turma. mando, com o tempo, os paredões calcáreos que chamamos de recife. O processo todo demora,
Chame a atenção para o fato de obviamente, milhares de anos.
os corais serem de fundamental “Existem três tipos de recifes de coral: franjas, barreiras e atóis”, afirma a bióloga Flora Ha-
importância para a biodiversi- del, da Universidade de São Paulo (USP). Sua formação geralmente começa pelas praias, esten-
dade marinha, pois servem de dendo-se até 400 metros mar adentro. Nesse estágio inicial, eles são batizados de franjas. Já as
abrigo para diversas espécies barreiras surgem quando a erosão das praias afasta o recife da beira-mar. É o caso da mais fa-
de peixes, algas, crustáceos mosa dessas formações, a Grande Barreira de Corais, na Austrália, com 2 000 quilômetros de
entre outras. Estimule-os a ob-
extensão. O atol, por sua vez, é como um anel, formado quando essas barreiras circundam al-
servar a imagem e destaque a
diversidade de cores e as for-
guma ilha que, também devido à erosão, deixa de existir.
mas representadas. Os recifes de coral têm vital importância para a manutenção do equilíbrio biológico, por servirem
de abrigo para uma enorme diversidade de espécies de peixes, algas, crustáceos e outras criaturas
É possível explorar nesta se-
ção a habilidade EF09GE16, a marinhas que vivem e se reproduzem sob sua proteção. Eles também estão entre os mais ameaçados
CG7, a CEG6 e o TC Educação pela elevação da temperatura da Terra, pois o aquecimento dos mares pode levá-los à extinção.
ambiental. Franjas, barreiras e atóis
Três diferentes tipos de recife são criados pela erosão
1. Os recifes de coral começam a se formar a partir da praia, estendendo-se mar adentro.
Nesse estágio, são chamados de franjas
2. Com a erosão, a praia vai se afastando do recife, formando um canal entre eles. Aí então,
a franja muda de nome, para barreira
3. A erosão pode fazer a ilha desaparecer por completo. Nesse caso, resta só o anel de recife
em torno dela, que passa a ser conhecido como atol
COMO se formam os recifes? Superinteressante, 4 jul. 2018. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/
como-se-formam-os-recifes/>. Acesso em: out. 2018.
Travelscape Images/Alamy/Fotoarena

Foto submarina da Grande Barreira de Corais, no litoral da Austrália, 2017.

Atividade
¥ Identifique a principal ameaça à Grande Barreira de Corais da Austrália. Justifique.
• O aumento da temperatura das águas oceânicas é a principal ameaça à barreira de corais
210 Unidade 4 ¥ Oceania e as zonas polares na Austrália, pois os corais são seres vivos e podem morrer caso a água aqueça demais.

210 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas

eye35.pix/Alamy/Fotoarena
A imagem da figura 2 mos-
tra o monte Cook, situado na
Ilha do Sul. Explore-a com os
alunos e verifique seus conhe-
cimentos prévios em relação a
essas montanhas geladas da
Nova Zelândia. O monte Cook,
na cordilheira Alpes do Sul, é o
ponto mais elevado do país, com
3 764 m de altitude. Destaque
o fato de que esse arquipéla-
Figura 2. Vista do monte go está situado em uma falha
Cook, na Ilha do Sul geológica ativa, no contato de
(Nova Zelândia), 2018. duas placas tectônicas: a In-
do-Australiana e a do Pacífico,
Na Nova Zelândia, formada por um conjunto de ilhas, o destaque fica para as o que resulta na ocorrência de
ilhas do Norte e do Sul, as maiores em área. Na última, está situada a cordilheira vulcões ativos e abalos sísmi-
Alpes do Sul, que se projeta na porção oeste da ilha, com o monte Cook, o mais cos no território neozelandês.
elevado do país, com 3 764 m de altitude (figura 2). Por outro lado, o vulcanis-
O arquipélago está situado em uma falha geológica ativa, no contato de duas mo ativo propicia à Nova Ze-
placas tectônicas: a Indo-Australiana e a do Pacífico. Por isso, existem muitos lândia um elevado potencial
vulcões ativos e os abalos sísmicos são recorrentes no território neozelandês. geotérmico. Esta é mais uma
oportunidade para trabalhar a
Na Oceania, há recursos minerais e energéticos nas terras emersas da Austrália,
interdisciplinaridade com a área
da Nova Zelândia e de Papua-Nova Guiné. A Austrália possui grandes reservas de de Ciências, explicando aos alu-
carvão mineral, ferro, ouro, cobre e bauxita, além de petróleo em menores propor- nos esse tipo de aproveitamento
ções. As extensas minas de carvão mineral garantem o fornecimento de cerca de energético. A energia geotér-
60% da energia elétrica e correspondem a 16% das exportações australianas. mica, ou energia geotermal, é
O vulcanismo ativo na Nova Zelândia propicia ao país um elevado potencial obtida do calor do interior da Ter-
geotérmico. As usinas geotérmicas contam com tubulações que canalizam o vapor ra. Por isso, as áreas nas quais
d’água do interior do subsolo para centrais geotérmicas (figura 3). Nessas centrais, esse calor está mais próximo à
o vapor gira turbinas que movimentam geradores de eletricidade. superfície são favorecidas, co-
mo é o caso da Nova Zelândia.
Na porção marítima da Oceania também existem importantes reservas de
Este tópico permite traba-
recursos minerais. Leia a seção Fique por dentro.
lhar as habilidades EF09GE16,
Robert Harding Heritage/Agência France-Presse

EF09GE18 e o TC Educação
ambiental.

Figura 3. Usina geotérmica


de Wairakei, uma das
maiores centrais
geotérmicas da Nova
Zelândia, 2015.

Quadro físico e recursos naturais da Oceania • Capítulo 10 211

MERCADO global da indústria geotérmica. Portal energia: energias renováveis, 2 mar. 2017. Disponível em: <www.portal-energia.com/
mercado-global-da-industria-geotermica/>. Acesso em: nov. 2018.
O texto traz explicações sobre a energia geotérmica, uma das fontes de energia renovável menos conhecidas, e apresenta uma série
de dados sobre o mercado geotérmico mundial.

CAPÍTULO 10 – MANUAL DO PROFESSOR 211


• É importante desenvolver com os alunos um debate sobre a importância da mineração e os impactos socioambientais
associados a essa atividade. Você pode comparar a exploração de minérios na Oceania com outros exemplos do Brasil, a partir
Orientações didáticas da análise de vídeos ou textos jornalísticos. Estimule o levantamento de
Fique por dentro Fique por dentro hipóteses acerca de possíveis formas de mitigação ou minimização dos
problemas. Entre as alternativas, é importante destacar o consumo consciente; a
Oriente a leitura do texto, que reutilização/reciclagem de resíduos; a busca por tecnologias adequadas; e o
cumprimento da legislação ambiental.
trata da mineração marítima, Mineração no mar
em conjunto com a observa-
ção do mapa da página. Verifi- Com a crescente demanda por recursos minerais, as reservas que ocorrem nas terras emersas
que se os alunos apresentam começam a diminuir rapidamente. Por isso, algumas empresas já começaram a vislumbrar a retira-
dificuldades na leitura do mapa, da de recursos naturais do fundo oceânico. Na porção marítima da Oceania estão localizadas im-
cuja projeção privilegia o ocea- portantes reservas de manganês, cobalto e sulfitos polimetálicos (sais que combinam elementos
no Pacífico, onde se localizam metálicos, formados em nódulos na superfície marinha), que são alvo de mineradoras.
importantes reservas de recur- Em 2014, Papua-Nova Guiné fez um acordo com uma empresa canadense para iniciar a explo-
sos minerais. Os alunos devem ração de ouro no mar, seguida pela Nova Zelândia, que autorizou a mineração de fosfato, de acor-
notar a grande concentração de
do com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
manganês, sulfitos polimetáli-
cos e cobalto na zona marítima Podem ocorrer sérios problemas ambientais com a retirada de material do fundo oceânico. A
da Oceania. Estimule-os a fa- introdução de uma sonda na superfície marinha gera muito ruído, o que afasta a população de
zer comparações com outras peixes. Além disso, gera uma movimentação de resíduos, que podem se espalhar pela área, conta-
áreas representadas no mapa minando o fundo do mar, e chegar até a costa, onde estão as maiores reservas de biodiversidade
e a identificar as reservas mi- do mundo.
nerais no fundo oceânico pró-
ximo ao litoral brasileiro.
Planisfério: reservas no fundo oceânico de manganês, cobalto e sulfitos polimetálicos – 2014
A seção mobiliza as habili-
Catherine Abud/Arquivo da editora

180°

dades EF09GE09 e EF09GE15, OCEANO GLACIAL ÁRTICO


bem como as CECH3, CECH6,
CEG6 e o TC Educação am-
biental.
OCEANO
ATLÂNTICO

Equador OCEANO

PACÍFICO

OCEANO
ÍNDICO

O L

S
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
0 2580 5160 km

Sulfitos polimetálicos Manganês Cobalto Limites de país

Fonte: UNEP. Wealth in the Oceans: Deep Sea Mining on the Horizon? p. 2. Disponível em: <https://europa.eu/capacity4dev/unep/document/
unep-global-environmental-alert-service-geas-may-2014-wealth-oceans-deep-sea-mining-horizon>. Acesso em: out. 2018.

Atividade
¥ Discuta com os colegas os impactos da mineração no fundo do mar e alternativas para redução do uso
de recursos minerais.

212 Unidade 4 • Oceania e as zonas polares

212 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Clima e vegetação Figura 4. Oceania: clima O estudo de clima e vege-

Catherine Abud/Arquivo da editora


Leste de Greenwich 180° Oeste de Greenwich AMÉRICA tação da Oceania deve ser ini-
ÁSIA
Grande parte da Oceania está si- Trópico de Câncer
ciado pela análise dos mapas
tuada na faixa Tropical e na Equatorial da página. O mapa da figura 4
(figura 4). Os países insulares e Papua- OCEANO
apresenta a diversidade de ti-
PACÍFICO
-Nova Guiné têm climas Tropical e pos climáticos presentes na
Equador
Equatorial; por isso, recebem chuvas PAPUA-

Oceania, que vai desde o clima
-NOVA
regulares. GUINÉ Equatorial até o Desértico. Nes-
Parte da Austrália e a Nova Zelândia sa análise, oriente os alunos
a comparar este mapa com o
estão na faixa Temperada. Uma longa Trópico de Capricórnio
AUSTRÁLIA mapa da figura 1, reproduzido
extensão do território australiano está N
Equatorial na página 209, para que esta-
sob influência do clima Desértico, com NOVA O L
Tropical
beleçam relações entre a ocor-
ZELÂNDIA Subtropical
precipitação inferior a 250 mm. Uma I. Tasmânia
Mar da S
Mediterrâneo rência dos tipos climáticos e as
faixa Semiárida ocorre ao redor da zona
Tasmânia Temperado
OCEANO
ÍNDICO
Semiárido formações de relevo. As partes
árida, deixando pequena parte do ter- 0 1 430 2 860 km
Desértico
Rios
mais quentes do continente es-
ritório australiano com climas Tropical tão situadas nas faixas tropical
Fonte: elaborado com base em CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. São
e Subtropical. Mais ao sul, encontra-se Paulo: Saraiva, 2013. p. 170.
e equatorial, entre a linha do
ainda o clima Mediterrâneo. equador e o trópico de Capricór-
Figura 5. Oceania: vegetação nio. Boa parte da Austrália está
Na Nova Zelândia o clima Temperado

Catherine Abud/Arquivo da editora


Leste de Greenwich 180° Oeste de Greenwich AMÉRICA sob o domínio do clima Desérti-
ÁSIA
predomina. O volume de chuva é elevado, Trópico de Câncer co, enquanto na Nova Zelândia
chegando a mais de 2 000 mm por ano predomina o clima Temperado.
na costa oeste. No resto do território, elas OCEANO
É importante que sejam per-
PACÍFICO
são bem distribuídas ao longo do ano. cebidas as relações entre locali-
Equador
Em relação à vegetação original, na PAPUA-

zação geográfica, clima e relevo,
-NOVA
Oceania encontram-se diversas forma- GUINÉ bem como seus reflexos nas
ções (figura 5). paisagens. As florestas tropi-
As florestas Tropical e Equatorial Trópico de Capricórnio cais e equatoriais, por exemplo,
AUSTRÁLIA ocorrem nas ilhas e na porção
ocorrem nas diversas ilhas que integram N Vegetação
Mediterrânea
norte e nordeste da Austrália;
a Oceania, bem como na Nova Guiné e NOVA O L
Florestas Tropical
e Equatorial na Nova Zelândia e na faixa su-
nas porções norte e nordeste da Austrá- I. Tasmânia
ZELÂNDIA
Mar da S
Florestas Temperada
e Subtropical deste da Austrália encontram-se
lia. Na Nova Zelândia e na faixa sudeste OCEANO Tasmânia
Estepe e Pradaria
florestas temperadas; as zonas
ÍNDICO
da Austrália estão as florestas Tempera- 0 1 430 2 860 km
Deserto Quente
Rios árida e semiárida australianas
da e Subtropical. No sul da Austrália, na possuem vegetação típica de
Fonte: elaborado com base em CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. São
faixa com clima Mediterrâneo, a forma- Paulo: Saraiva, 2013. p. 172. Deserto e de Estepe.
ção vegetal original é a Vegetação Me- Se possível, selecione ante-
Carla Gottgens/Bloomberg/Getty Images
diterrânea, que cedeu espaço ao cultivo cipadamente imagens de dife-
da videira, destinado à produção de uvas rentes tipos de paisagem da
para a indústria de vinhos no país (figu- Oceania, evidenciando aspec-
ra 6). Na zona árida e na semiárida da tos relacionados ao clima local,
Austrália encontram-se a vegetação tí- e apresente-as aos alunos. Re-
force conceitos sobre dinâmica
pica de Deserto Quente e a Estepe.
climática, como altitude, latitu-
de, continentalidade e maritimi-
Figura 6. Colheita de uvas em dade, entre outros.
Eden Valley (Austrália), 2018.
Este tópico mobiliza a habili-
dade EF09GE16 e a CEG4.
Contexto
¥ Que tipo de floresta presente na
Austrália não ocorre no Brasil?
• No Brasil encontra-se a Floresta Tropical, como na Austrália, mas não há Floresta Mediterrânea. Vale comentar com os alunos
que, na América do Sul, esse tipo de formação vegetal só ocorre em Quadro físico e recursos naturais da Oceania • Capítulo 10 213
uma parte do Chile.

CAPÍTULO 10 – MANUAL DO PROFESSOR 213


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
O texto da seção Fique por
dentro apresenta informações O Outback é inóspito, quase surreal, mas sim: ele existe
sobre o deserto vermelho da Aus-
Tão singular quanto a barreira �de corais�, o Outback, o deserto vermelho da Austrália, é para
trália, conhecido como Outback,
onde, nos dias de verão, a tem- os fortes. No verão, a temperatura durante o dia raramente é menor que 40 °C – e pode ir bem
peratura raramente é inferior a além disso.
40 °C. Observe com os alunos Pele e mucosas esturricam. O pó cor de ferrugem arranha os pulmões. Nuvens de mosca
a imagem que mostra o Uluru, ameaçam invadir todos os orifícios faciais. Se até então você ainda não tinha aberto os olhos
um monólito situado na porção para o poder da cultura aborígine, pense: eles vivem há milênios num lugar em que seu frágil
central da Austrália, no Parque corpinho não sobreviveria nem por um dia sem a parafernália da vida moderna.
Nacional de Uluru-Kata Tjuta, no O Outback ocupa �0� do território do país e se espalha por uma área de �,3 milhões de qui-
deserto do Outback. Pergunte a lômetros quadrados – o tamanho da Floresta Amazônica. No Parque Nacional Uluru-Kata Tjuta,
eles qual é a sensação que têm
a grande atração é Uluru, a pedra de 3,� quilômetros de comprimento e 348 metros de altura
ao ver a imagem desse local.
que emerge na planície.
O texto também faz menção
Para o povo aborígine Pitjantjatjara, o maior monólito do mundo é Aborígine
aos aborígines, oferecendo a
a mais sagrada das catedrais. Justamente por isso, é de uma atroz falta Habitante original do
oportunidade de introduzir al- território australiano.
gumas informações sobre os de respeito escalá-la, algo que alguns �...� continuam fazendo apesar dos
habitantes originais do terri- apelos da população local.
tório australiano, num trabalho Sua imagem é um soco no peito. Em suas paredes, milhares de anos de chuvas esculpiram
interdisciplinar com a área de formas insólitas que são, aos olhos dos pitjantjatjaras, evidências deixadas pelas entidades que
História. Aproveite o momento criaram o Universo.
para promover uma roda de con- Nos desertos por onde andei, sempre tive a sensação de estar num lugar muito fora do trivial.
versa sobre o aspecto sagrado O céu é mais azul. A paisagem tem um contorno mais nítido. Chovem estrelas. No Outback,
do Uluru para o povo Pitjantjat- porém, tive a sensação de passar dois dias meio fora do mundo. �...�
jara e sua crença de que esca- SETTI, Adriana. O melhor da Austrália: praia, deserto, urbanismo e zero estresse. Viagem e turismo, 12 jan. 201�. Disponível em: <https://
lar o monólito representa uma viagemeturismo.abril.com.br/materias/um-tour-pelo-melhor-da-australia-praia-deserto-vida-urbana-e-zero-estresse/>. Acesso em: out. 2018.
“atroz falta de respeito”.

Aldo Manganaro/Shutterstock
Esta seção permite mobilizar
a habilidade EF09GE17, a CG6,
a CEG3 e a CEG6, além do TC
Diversidade cultural.

Vista do Uluru, monólito situado no norte da área central da Austrália, no Parque Nacional de Uluru-Kata Tjuta, 2018.

Atividades
1. Explique por que o monólito é muito importante para os aborígines da região.
Porque, para eles, o Uluru representa um espaço sagrado, que contém evidências de entidades que criaram o Universo.
2. Cite duas características do deserto australiano descritas no texto.
Entre as características citadas, estão: temperaturas acima de 40 °C, ar seco, pó vermelho, céu muito azul e extensão
equivalente à da Floresta Amazônica.
214 Unidade 4 ¥ Oceania e as zonas polares

214 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
Faça a leitura compartilhada
do texto e peça aos alunos que
Recifes em risco observem a imagem. O texto
Pairando sobre um recife no mar de Abrolhos, o biólogo Rodrigo Leão revela os fatores de estresse
Moura aponta para uma colônia desbotada de corais-de-fogo, depois arrasta ambiental que intensificam as
o dedo indicador como uma navalha pela própria garganta, num sinal de ameaças aos corais de Abro-
guilhotina. A visibilidade debaixo d’água não é das melhores, mas a mensa- lhos, como a pesca excessiva,
gem é clara: o coral está morto. E nem é preciso abrir uma investigação para a poluição das águas e a pro-
determinar a causa. As evidências estão espalhadas à nossa volta por todo liferação de algas. Segundo o
o recife, na forma de corais anêmicos, brancos como fantasmas. �…� texto, “o branqueamento em
É natural que eventos de branqueamento ocorram de tempos em tempos, massa dos recifes de Abrolhos
sem maiores consequências para os recifes. O que preocupa os pesquisado- mostra que esse ecossistema
está se aproximando de um co-
res é a frequência desses eventos, a quantidade de corais afetados e o acú-
lapso de grandes proporções”.
mulo disso com outros fatores de estresse ambiental – como sobrepesca,
É importante promover a refle-
poluição e proliferação de algas – que reduzem a capacidade dos corais de
xão dos alunos em relação à
sobreviver ao branqueamento. “Desde 1��� eu venho pra cá praticamente importância da preservação da
todos os anos e essa escalada de degradação está cada vez mais intensa, cada biodiversidade e dos prejuízos
vez mais rápida”, alerta Moura. aos ecossistemas provocados
Localizado entre o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo, com 4� mil pelas ações humanas.
quilômetros quadrados, o Banco dos Abrolhos é a região de maior biodiver- Anomalia térmica
Comportamento de Promova a interdisciplinarida-
sidade marinha do Atlântico Sul. Abriga uma série de ecossistemas recifais temperaturas médias de com a área de Ciências e apro-
únicos, com espécies e configurações estruturais que não existem em ne- diferente do habitual. veite para acrescentar algumas
nhum outro lugar do mundo. No texto, refere-se ao informações sobre o arquipéla-
“O branqueamento em massa dos recifes de Abrolhos mostra que esse aquecimento anormal
das águas dos oceanos.
go. Em 1832, Abrolhos recebeu a
ecossistema está se aproximando de um colapso de grandes proporções”, visita do naturalista inglês Char-
completa Moura. “Caso os episódios de anomalias térmicas les Darwin. Atualmente, o Parque
desse tipo se tornem mais intensos e frequentes, os corais Ma
rc o
sA
me
Nacional Marinho dos Abrolhos,
não vão resistir.” �…�
nd
/P
uls
ar
além de guardar parte significati-
Os corais são a base biológica fundamental de
Im
va do maior banco de corais e da

ag
en
todo o ecossistema recifal. Sem eles, o recife dei- maior biodiversidade marinha do

s
xa de ser uma estrutura viva, dinâmica, em Atlântico Sul, protege alguns dos
constante transformação, e passa a ser uma principais berçários de jubarte e
estrutura inerte, equivalente a um amontoado é a única região do planeta on-
de é possível encontrar o coral
de pedras. E se em cima disso desaparecem
Mussismilia braziliensis, conhe-
os peixes herbívoros, o recife passa a ser do-
cido por coral-cérebro, além de
minado por algas filamentosas de crescimen- algumas espécies de tartarugas
to rápido, deflagrando um processo gradual marinhas ameaçadas de extin-
de deterioração da biodiversidade de todo o ção e aves como a grazina e o
sistema. É como se uma floresta tropical fosse atobá. Entretanto, esse santuário
substituída por um terreno baldio. �…� ecológico encontra-se ameaça-
ESCOBAR, Herton. Recifes em risco. Estadão, 21 ago. 201�. do. Há registros da existência de
Disponível em: <http://infograficos.estadao.com.br/
especiais/recifes-em-risco/>. Acesso em: out. 2018. aproximadamente 1 300 espé-
1. Em uma faixa marítima situada entre o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo.
cies no arquipélago, das quais
Corais em Abrolhos (BA) 45 estão sob ameaça.
Atividades afetados pelo
branqueamento em Estimule os alunos a obser-
1. Qual é a localização do Banco dos Abrolhos?
2016. var a imagem da Grande Bar-
2. Quais são os fatores de estresse ambiental que intensificam as ameaças aos corais reira de Corais australiana, na
de Abrolhos? 2. Pesca excessiva, poluição e proliferação de algas. página 210, e comparar com
3. Explique a importância dos corais para o ecossistema de recifes. a imagem dos corais de Abro-
3. Os corais são a base biológica que sustenta todo o ecossistema de recifes. Sem eles, o recife deixa de lhos, verificando a diferença
ser uma estrutura viva, reduzindo-se a um amontoado de pedras. Quadro físico e recursos naturais da Oceania • Capítulo 10 215 de tonalidade de cores entre
ambos os corais.
Proponha aos alunos uma
pesquisa sobre a situação atual
do Parque Nacional Marinho dos
Parque Nacional Marinho dos Abrolhos/ICMBio Abrolhos.
<www.icmbio.gov.br/parnaabrolhos/o-que-fazemos.html> A seção mobiliza a CEG1,
Site traz informações sobre o arquipélago de Abrolhos e sua área de proteção. Acesso em: nov. 2018. a CEG6 e o TC Educação am-
biental.

CAPÍTULO 10 – MANUAL DO PROFESSOR 215


Orientações didáticas
Você em ação
As atividades propostas na
seção Você em ação possibi-
litam a retomada de conceitos
VOCÊ EM ação
e conteúdos abordados nes-
te capítulo, associados ao de-
senvolvimento de habilidades e
Pratique
competências gerais propostas 1. Explique a formação geológica da Austrália e das grandes ilhas que se situam em suas proximidades: Papua-
para a área de Ciências Huma- -Nova Guiné e Tasmânia.
nas pela BNCC.
2. Considerando a distribuição do relevo, indique onde se localizam as minas de carvão da Austrália. Aponte a
Pratique importância delas para a economia do país.
1. A Austrália e as ilhas de 3. Explique o funcionamento de uma usina geotérmica.
Nova Guiné e Tasmânia
situam-se na mesma pla- 4. Relacione o clima e a vegetação predominantes na Austrália. Caracterize essa vegetação.
ca tectônica e formavam 5. Identifique o tipo climático e a vegetação predominantes no norte da Austrália.
uma massa contínua de 6. As agências de turismo costumam vender viagens para a Nova Zelândia ressaltando a variedade de suas
terra que se separou há mi-
paisagens. O visitante pode tanto esquiar em montanhas cobertas de neve como fazer trilhas por áreas de
lhares de anos. De acordo
florestas ou aproveitar as praias. Justifique essas possibilidades, relacionando-as a aspectos naturais do
com estudos geológicos,
país.
isso ocorreu em um período
mais quente, que elevou a 7. A Austrália e a Nova Zelândia são mundialmente conhecidas por serem países cuja fauna inclui animais que
água do oceano. só existem lá, como o coala, o canguru e o diabo-da-tasmânia, na Austrália, e o kiwi, o kakapo e a tautara,
2. As minas de carvão se lo- na Nova Zelândia. Com base nessa afirmação, escreva um pequeno texto sobre a biodiversidade na Ocea-
calizam na porção leste da nia. Apresente uma hipótese para a ocorrência de certas espécies apenas nos países mencionados.
Austrália, próximo à cordi-
lheira Australiana. O carvão Analise os gráficos
tem grande importância na
8. Faça a leitura dos gráficos a seguir.
economia do país porque é
utilizado na produção de 60%
da energia elétrica e também Nova Zelândia: matriz elétrica – 2016 Austrália: matriz elétrica – 2015
corresponde a 16% das ex- Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


portações australianas.
3. As usinas geotérmicas con-
tam com tubulações que Hidráulica
perfuram, extraem e cana- Outras renováveis 10,9%
lizam o vapor d’água do inte- 18,4%
Outras renováveis
rior do subsolo para centrais 16,1%
Hidráulica
geotérmicas. Nessas cen- Combustíveis fósseis
57,8%
trais, o vapor gira turbinas 23,8% Combustíveis fósseis
73%
que, por sua vez, movem
geradores de eletricidade.
4. Os climas secos – árido e
semiárido – predominam
na Austrália, assim como
a vegetação de Deserto e
a de Estepe, que apresen-
tam plantas adaptadas à
Fonte: elaborado com base em CIA. World Factbook. Disponível em: Fonte: elaborado com base em CIA. World Factbook. Disponível em:
escassez de água. <www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/nz.html>. <www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/as.html>.
5. No norte da Austrália pre- Acesso em: out. 2018. Acesso em: out. 2018.

dominam o clima e a Flo-


resta Tropical. A partir da análise dos dados representados nos gráficos, referentes à Austrália e à Nova Zelândia, avalie qual
6. A Nova Zelândia é um país dos países possui a matriz elétrica mais sustentável. Justifique.
formado por ilhas de pe- 216 Unidade 4 • Oceania e as zonas polares
quena dimensão territo-
rial, na zona temperada do
globo, com áreas monta-
nhosas próximas ao litoral.
Assim, apresenta diversas exemplos de espécies citadas no enunciado. Espera-se que Analise os gráficos
paisagens naturais a cur- mencionem que essas espécies têm seu habitat em ilhas 8. A matriz elétrica da Nova Zelândia é mais sustentável, pois
tas distâncias entre si. muito afastadas dos demais continentes há bastante tem- mais de 76% das fontes utilizadas são renováveis e limpas.
7. Oriente os alunos a comen- po. Essas distâncias oceânicas seriam barreiras geográfi- Já na Austrália, 73% da geração de eletricidade depende
tar a biodiversidade do con- cas para a migração e a dispersão das espécies para outros de combustíveis fósseis, que são muito poluentes e não
tinente tomando como base continentes. renováveis.

216 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


o potencial é maior) e a
9. O climograma a seguir refere-se à cidade de Sydney, zona rural só provocou danos em alguns edi- existência de prepara-
na Austrália. Caracterize o comportamento de tem- fícios mais antigos e não causou nenhuma fa- ção prévia da infraes-
peratura e precipitação e identifique o tipo climá- talidade �...�. trutura e da população
tico representado. Até então, acreditava-se que a região não (construções com ma-
estivesse propícia a um terremoto desta esca- teriais mais flexíveis e
Sydney (Austrália) la. De fato, até aquele momento não se sabia menos pesados, trei-
nem mesmo que parte da falha geológica cru- namento da população,
Banco de imagens/Arquivo da editora

Precipitação Temperatura zava a cidade, pois não havia registros de um etc.).


(mm) (¡C)
400 40 tremor como este há milhares de anos. �...�
350 35
300 30
O que não se sabia era que o pior ainda es-
250 25 tava por vir.
200 20
150 15 Seis meses depois, próximo ao meio-dia de
100 10 uma terça-feira, com o centro da cidade lotado,
50 5
0 0 uma das réplicas do primeiro terremoto, porém
J F M A M J J A S O N D
Meses
com o epicentro localizado na área urbana e mais
próximo à superfície que o primeiro, alcançou
Fonte: elaborado com base em WORLD Meteorological
Organization. Sydney. Disponível em: <http://
magnitude �.3, atingiu em cheio e levou ao chão
worldweather.wmo.int/en/city.html?cityId=300>. Acesso a segunda maior cidade da Nova Zelândia.
em: out. 2018.
Foram 24 segundos que mudaram quase
dois séculos de história da cidade.
Analise o mapa �...� Fachadas e varandas desmoronaram e
10. Observe o mapa abaixo e localize as seguintes cida- ao menos dois edifícios altos entraram em co-
des: Alice Springs, Fremantle, Darwin e Camberra. lapso, fazendo com que suas lajes desabassem
umas sobre as outras e causassem a maior par-
Austrália: maiores cidades – 2016 te das 18� mortes que foram registradas.
VIVENDO sob a ameaça de um terremoto na Nova Zelândia.
Catherine Abud/Arquivo da editora

N
Vida cigana, 2� jan. 201�. Disponível em: <https://vidacigana.com/
christchurch-terremoto-nova-zelandia/>. Acesso em: out. 2018.
O L
Darwin

S Oceania: eventos tectônicos


Alice
Catherine Abud/Arquivo da editora

Trópico de Capricórnio Springs


Placa
Euro-Asiática Placa Norte-
N -Americana
AUSTRÁLIA
Brisbane OCEANO
Perth
PACÍFICO O L
Placa Juan
de Fuca
Fremantle Sydney S Placa do
Adelaide Capital de país Caribe
Placa
Vitória Camberra Cidades das
OCEANO Melbourne Filipinas Placa
Carolina Placa de
ÍNDICO 0 810 1620 km Equador Placa do Pacífico Cocos

140° L
Placa
Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Fiji
OCEANO Placa de
Rio de Janeiro, 2016. p. 53. Nazca
PACÍFICO
Placa Indo-Australiana Vulcões
Agora, analise o mapa da figura 4 “Oceania: clima”, Limite entre as
Wellington
e identifique o tipo climático de cada cidade. Christchurch
placas tectônicas
Círculo de fogo
Capital de país
Analise o texto e o mapa 0 2 745 5 490 km
150º O
Placa Antártica Cidades

Fonte: elaborado com base em TEIXEIRA, Wilson e outros. Decifrando


11. Leia o texto e analise o mapa a seguir. a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. p. 104.

Vivendo sob a ameaça de um terremoto A partir da leitura do texto e da análise da imagem,


na Nova Zelândia responda:
A história de Christchurch começou a mu- a) Por que ocorreram os terremotos em Christchurch?
dar para sempre em setembro de 2010. Na ma- b) Além da magnitude do fenômeno, quais são os
drugada do dia 4, um terremoto de magnitude fatores relacionados à capacidade de destruição
�.1 atingiu a cidade, mas por ter ocorrido na dos terremotos?

Quadro físico e recursos naturais da Oceania • Capítulo 10 217

9. As temperaturas atingem em torno de 11 ºC no inverno e 22 ºC Analise o texto e o mapa


no verão. Trata-se de um clima relativamente úmido, com chu- 11. a) Os terremotos de alta magnitude são decorrentes da liberação
vas bem distribuídas ao longo do ano. Também não há grandes de energia proveniente do atrito liberado do encontro de duas
amplitudes térmicas. Os verões são frescos e os invernos, pou- placas tectônicas. No caso da Nova Zelândia, o encontro das
co rigorosos. O clima de Sydney é temperado oceânico. placas Indo-Australiana e do Pacífico criaram falhas geológi-
Analise o mapa cas, tornando o arquipélago bastante instável.
10. Alice Springs – Desértico; Fremantle – Mediterrâneo; Darwin b) Outros fatores relacionados são: a densidade demográfi-
– Tropical; Camberra – Subtropical. ca e das construções da área atingida (em áreas urbanas,

CAPÍTULO 10 – MANUAL DO PROFESSOR 217


Objetivos do capítulo Capítulo

11
• Estudar características da
economia, da sociedade e da
população da Oceania: Mela-
nésia, Micronésia, Polinésia,
Austrália, Nova Zelândia
Austrália e Nova Zelândia. e demais países
BNCC neste capítulo
Habilidades
EF09GE01 Para iniciar
EF09GE03
EF09GE09 Neste capítulo, você vai estudar as transformações territoriais e algumas ca-
EF09GE10 1. Resposta pessoal. racterísticas históricas e socioeconômicas dos países da Oceania. Vai conhecer a
Alguns alunos podem
conhecer algo sobre o
organização do espaço econômico da Austrália e da Nova Zelândia, o processo de
EF09GE11
esporte e citar que ele colonização inglesa e seus impactos sobre os povos originários desses territórios.
EF09GE14 é disputado por duas
Completando o estudo da Oceania, conhecerá ainda os principais aspectos geo-
equipes de treze
EF09GE15 jogadores (em uma de gráficos da Melanésia, da Micronésia e da Polinésia, os três grandes grupos de
suas variações mais
Competências gerais conhecidas), em um ilhas que integram o continente.
1 2 6 campo retangular, com Analise a imagem e responda às atividades.
uma bola oval.
Competências

Geoffroy Van Der Hasselt/Agência France-Presse


específicas de Ciências
Humanas
3 4 5 7
Competências
específicas de
Geografia
2 3 4
Temas contemporâneos
• Diversidade cultural
• Educação ambiental
• Processo de envelheci-
mento, respeito e valori-
zação do idoso

Orientações didáticas
Para iniciar
Antes de introduzir o tema e
comentar a imagem de abertura
do capítulo, retome alguns as-
pectos estudados no capítulo
anterior, como o relevo, a vege-
tação e os recursos minerais e
energéticos da Oceania. Em se- Jogadoras da seleção feminina de rugby da Nova Zelândia executam o haka, dança típica do povo maori, após a vitória na Copa
guida, analise com os alunos do Mundo de Rugby em Paris (França), 2018. O rugby é um dos esportes mais populares da Oceania. Tem origem na Inglaterra,
a foto da página, que mostra onde já atraía o interesse do grande público no fim do século XIX.
jogadoras da seleção neoze- 2. O rugby é popular na Oceania porque a colonização britânica disseminou
landesa de rúgbi executando Atividades o esporte no continente há mais de cem anos.

o haka antes de uma partida. 1. O que você sabe sobre o rugby?


Estimule os alunos a descrever 2. Por que esse esporte é um dos mais populares na Oceania?
a cena representada, os gestos
e a postura das jogadoras em 218 Unidade 4 ¥ Oceania e as zonas polares
campo. Explique o significado
do haka ou, se preferir, solicite
uma pesquisa.
Haka é o nome dado à dan- seus adversários como uma dança de guerra em homenagem ao seu
ça dos maoris, povo nativo das povo, invocando o espírito guerreiro e reverenciando os ancestrais.
ilhas neozelandesas. Por meio A palavra haka é formada pela junção de ha, que significa “res-
dela, que expressa a paixão, piração da vida”, e ka, que significa “a ira”. Portanto, quer dizer ba-
o vigor e a identidade maori, sicamente “respiração da ira”. A prática dessa dança serve como
mantém-se a tradição. Antes de preparação dos jogadores para enfrentar a disputa, assim como os
qualquer disputa,as jogadoras guerreiros maoris fazem antes de iniciar uma batalha.
e os jogadores do time neoze-
landês feminino e masculino de É possível mobilizar a habilidade EF09GE03, a CG6 e o TC Di-
rúgbi executam o haka diante de versidade cultural.

218 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
1 Austrália Antes de iniciar o estudo des-
te capítulo, retome algumas in-
A Austrália está entre os dez maiores países em extensão formações do capítulo anterior
sobre a Austrália e faça uma
territorial do mundo. Entre as atividades econômicas desenvolvidas
breve explanação sobre suas
no país, destacam-se a exploração de minerais em larga escala características gerais, verifican-
e o turismo (figura 1). País de colonização inglesa, possui uma do os conhecimentos prévios
população composta também de povos originários. dos alunos sobre esse país da
360b/Shutterstock
Figura 1. Formações Oceania. Ouça os comentários
Colonização calcárias conhecidas por e esclareça eventuais dúvidas.
Doze Apóstolos, no Reforce características da for-
As terras correspondentes à atual Austrália foram povoadas milhares de anos Parque Nacional Port mação histórica e territorial da
antes da chegada dos europeus. Os aborígines, primeiros habitantes dessas Campbell, estado de Oceania e lembre-os de que na
Victoria, são um dos
terras, lá se estabeleceram entre 50 mil e 60 mil anos atrás, de acordo com estu- Austrália, assim como na Nova
cartões-postais da
dos arqueológicos. Para alguns, viviam nessas terras cerca de 1 milhão de aborígi- Austrália. Foto de 2018.
Zelândia, apesar da colonização
nes até o início da ocupação do território pelos britânicos, no fim do século XVIII. inglesa, ainda habitam povos
originários.
Eles eram caçadores e seminômades, ou seja, permaneciam por um tempo em
certo local e depois migravam para outras terras. Explore com a turma a ima-
gem que retrata as formações
No século XVII, navegadores holandeses exploraram a costa da atual Austrá-
calcárias conhecidas por Doze
lia e deram-lhe o nome de Nova Holanda, mas não tomaram iniciativas coloniza-
Apóstolos, no estado de Victo-
doras. Isso seria feito pelos ingleses a partir de 1770, quando o capitão James Cook ria, um dos cartões-postais da
explorou e mapeou a costa leste para o governo britânico. Austrália. Peça que descrevam
Em 1788, depois da independência dos Estados Unidos, os britânicos transfor- a paisagem. Essas formações
maram o território da atual Austrália em colônia penal e passaram a ocupá-lo, des- são resultantes de processos
considerando os habitantes aborígines. Estima-se que mais de 160 mil prisioneiros, de erosão. Aproveite a oportu-
muitos condenados por pequenos crimes, tenham sido levados para a colônia penal nidade para retomar os conhe-
britânica. Os aborígines resistiram à ocupação, mas os britânicos dizimaram grande cimentos dos alunos sobre o
parte deles e conseguiram expulsá-los para o interior. Leia sobre a relação dos co- fenômeno da erosão, promo-
vendo uma roda de conversa.
lonos ingleses com os aborígines na seção Olhar interdisciplinar.
Com o tempo, os ingleses tomaram posse das terras, enviando homens livres Em seguida, aborde os as-
pectos relativos à população,
para colonizá-las (figura 2). As terras foram declaradas de domínio da Coroa
destacando a presença dos
inglesa, que as dividiu em seis colônias.
aborígines, povo nativo de ca-
çadores seminômades que se
Reprodução/Coleção particular

estabeleceu nas terras que


atualmente constituem o ter-
ritório australiano entre 50 mil
e 60 mil anos atrás. Estima-se
que havia cerca de 1 milhão
de aborígines até o início da
ocupação britânica, no fim do
século XVIII. Observe com os
alunos a imagem que repre-
senta a chegada dos ingleses
à Austrália. Estimule-os a fa-
zer a leitura, identificando os
elementos presentes.
É possível explorar as habili-
Figura 2. A criação da
dades EF09GE03 e EF09GE09, a
Austrália, de Algernon
CG6 e o TC Diversidade cultural.
Mayow Talmage, 1937
(litografia).
Aproveite para traba-
Austrália, Nova Zelândia e demais países • Capítulo 11 219 lhar o material audio-
visual, que discute o tema
Oceania.

PELLEGRINI, Luis. Haka maori, um grito de guerra em forma de dança. Brasil247, 21 jul. 2015. Disponível em: <www.brasil247.com/pt/247/
revista_oasis/189658/Haka-Maori-Um-grito-de-guerra-em-forma-de-dan%C3%A7a.htm/>. Acesso em: nov. 2018.
A reportagem descreve a tradição do haka, cujas manifestações de fundo ritualístico envolvem dança, percussão e palavras organi-
zadas em estrutura poética, com versos que muitas vezes descrevem aventuras e epopeias de ancestrais.

CAPÍTULO 11 – MANUAL DO PROFESSOR 219


Orientações didáticas
Dando continuidade ao es- População
tudo da população australiana,
convide os alunos a observar a Resultado da colonização inglesa, a população australiana, estimada em cerca
imagem da mulher de origem de 24,9 milhões pelo Australian Bureau of Statistics em 2018, é formada por descen-
aborígine (figura 3), etnia que dentes de europeus, por imigrantes de várias nacionalidades, que compõem 5%
representa cerca de 1% da popu- desse total, e por aborígines (figura 3), cerca de 1% da população total.
lação total do país, e que ainda Ainda hoje os aborígines são discriminados na sociedade australiana. A maio-
hoje é discriminada. A maioria
ria vive em áreas afastadas, e os que habitam as grandes cidades recebem sa-
dessas pessoas vive em áreas
afastadas e as que habitam as lários até três vezes mais baixos do que os dos brancos, além de sofrer com o
grandes cidades recebem sa- desemprego e viver em condições precárias.
lários até três vezes inferiores Como grande parte da Austrália é dominada pelos climas árido e semiárido, a
aos dos brancos, são mais su- maioria da população australiana vive na costa leste do país, onde ficam as cidades
jeitas ao desemprego e muitas de Sydney e Melbourne. Em razão do número relativamente reduzido de habitan-
vivem em condições precárias.
tes, o governo incentiva a imigração de profissionais, sendo, portanto, encontradas
Pergunte aos alunos o que eles
sabem sobre o povo aborígine. pessoas de diversas nacionalidades no país, como ingleses, irlandeses, escoceses,
Estimule-os a estabelecer para- italianos, alemães, chineses e indianos (figura 4).
lelos entre características des- A Austrália apresenta excelentes indicadores de saúde, educação e renda. Em
ses povos e de outros povos 2017, o país estava na terceira posição no ranking do Índice de Desenvolvimento
tradicionais, como os indígenas Humano (IDH), atrás somente da Noruega e da Suíça.
brasileiros, por exemplo. Peça
que indiquem aspectos seme-
Davidf/E+/Getty Images

lhantes e diferentes no tocante


aos costumes tradicionais e às
atuais condições de vida des-
sas populações.
Em seguida, examine com a Figura 3. Mulher de origem aborígine
turma a imagem dos imigrantes tira foto ao lado da ponte da baía de
(figura 4) e comente o fato de Sydney, em Sydney (Austrália), 2014.
o governo australiano incenti-
var a imigração, mas dificultar
o processo de obtenção de re-
sidência permanente e cida-
dania. Questione-os sobre os
possíveis motivos dessa polí-
tica governamental e ouça as

Stefan Postles/Getty Images


respostas, intervindo se ne-
cessário. Comente também os
excelentes indicadores de saú-
de, educação e renda da Aus-
trália, que em 2017 ocupava
a terceira posição no ranking
do Índice de Desenvolvimen-
to Humano (IDH). Instigue os Figura 4. Apesar de o governo
alunos a levantar hipóteses incentivar a imigração, o
que justifiquem a situação fa- processo de obtenção de
vorável do país. residência permanente e,
Ressalte a importância histó- depois, de cidadania pode levar
rica das populações originais e mais de uma década. Na foto,
solicite à turma a realização de família recebe o certificado de
cidadania australiana, em
uma pesquisa sobre os povos
Camberra (Austrália), 2015.
nativos da Austrália, orientan-
do-os a buscar informações em 220 Unidade 4 ¥ Oceania e as zonas polares
livros, revistas de História ou na
internet. Os dados podem ser re-
gistrados no caderno e depois
utilizados para a confecção de
cartazes acompanhados de ima-
gens previamente selecionadas.
Esta é mais uma oportuni-
dade de explorar as habilidades
EF09GE03 e EF09GE09, a CG6 e
a CECH4, além de contemplar o
TC Diversidade cultural.

220 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar História Olhar interdisciplinar –
História
Ultrapassando vedações e resgatando memórias A leitura do texto ajuda a
entender alguns aspectos do
A Austrália foi uma colônia britânica a partir do final do século XVIII. Os povos indígenas
processo de colonização do ter-
haviam chegado há aproximadamente 60 mil anos quando, em 1788, os primeiros colonos, ritório australiano, originalmen-
majoritariamente condenados, desembarcaram no continente. Os ingleses declararam que a te habitado pelos aborígines e
Austrália era terra nullius – ou seja, sem habitantes humanos – e assim justificaram a apropria- transformado em colônia bri-
ção das terras indígenas e a ocupação do continente. Tomaram como suas as terras férteis e tânica. No fim do século XVIII,
forçaram os indígenas a habitar as zonas áridas do interior. Esta primeira fase da colonização desembarcaram no continente
da Austrália, na qual a terra foi apropriada, foi também caracterizada pela mortalidade indíge- os primeiros colonos britânicos,
a maior parte deles criminosos
na, atribuída a quatro motivos principais: homicídios, abusos sexuais, doenças e fome […].
condenados. Ressalte a situa-
Os séculos seguintes continuaram a assistir à saída forçada dos povos indígenas australianos ção de marginalização a que os
do seu território, das suas terras habitáveis, a vê-los mortos a tiro, envenenados, massacrados. povos nativos foram submeti-
A violação e o rapto de mulheres indígenas eram comuns. Nos finais do século XVIII, entre dos após a colonização, que se
250 000 a 750 000 indígenas australianos habitavam o continente mas, em 1911, estima-se manteve após a independência
que restavam apenas 31 000 […]. Numa lógica de eliminação, milhares de indígenas australianos da Austrália.
perderam a vida. Os sobreviventes a estes genocídios foram segregados em missões cristãs e Observe com os alunos a ima-
reservas. E, apesar de se ter verificado um aumento considerável da população indígena aus- gem que retrata um grupo de
traliana desde 1911 até hoje, o seu nível de vida continua significativamente mais baixo do que aborígines. Depois, convide-os
a responder às questões pro-
a média nacional, e suas condições de vida permanecem deterioradas e empobrecidas. […]
postas na seção. Por fim, esti-
A violência praticada contra os povos indígenas foi, de modo geral, suprimida nos escritos his- mule os alunos a propor ideias
tóricos australianos do século XX, em um culto de esquecimento praticado em escala nacional. […] e ações que contribuam para a
MOTA, Sara Pargana. Ultrapassando vedações e resgatando memórias. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/campos/ valorização dessas populações.
article/viewFile/20204/17355>. Acesso em: out. 2018.
Esta seção permite desen-
P.C. Poulsen/Hulton Archive/Getty Images

volver a habilidade EF09GE01,


a CECH3, a CECH4 e a CECH5.

Aproveite a oportunidade
para trabalhar com os alu-
nos a Sequência didática
2: Os povos originários da
Oceania, disponível no ma-
terial digital.

A relação criada pelos


colonizadores se
manteve mesmo
após a independência
da Austrália, com a
marginalização dos
povos nativos. Foto
de 1900.

Atividades
1. Qual foi a justificativa dos ingleses para a ocupação da Austrália. O que ocorreu com os habitantes
nativos? 1. Os ingleses não consideravam os nativos habitantes humanos e assim justificaram a apropriação de suas
terras férteis, fazendo-os se dirigir para o interior árido. Houve ainda mortes, abusos sexuais, doenças e fome.
2. Compare os impactos da colonização europeia sobre os povos nativos na Austrália e na América Latina.
2. Tanto na Austrália como na América Latina, os europeus ocuparam as
terras dos povos que nelas viviam, expulsando-os para o interior e Austrália, Nova Zelândia e demais países • Capítulo 11 221
dizimando a população com doenças, assassinatos e outros abusos.

Os aborígenes
<www.survivalbrasil.org/povos/aborigenes>
A página da ONG Survival apresenta uma série de informações sobre o povo nativo da Austrália: história, como vivem e quais pro-
blemas enfrentam.

CAPÍTULO 11 – MANUAL DO PROFESSOR 221


Orienta•›es did‡ticas
Introduza o estudo da eco- Economia
nomia australiana por meio da
observação do mapa da figura Austrália: das No território australiano, as atividades industriais e agropecuárias estão presen-
5. Em seguida, peça aos alunos praias ao deserto tes, mas a maior parte da economia do país é representada pelo setor de serviços.
que avaliem quais são as prin- Alberto Schwanke. Porto A produção de bovinos e de ovinos é importante no país e ocupa grande
Alegre: Artes e Ofícios,
cipais atividades desenvolvidas parte do território australiano (figura 5). A Austrália está entre os maiores expor-
2002.
e registrem as informações no tadores de carne do mundo, e parte dessa produção segue para países europeus.
O livro é um relato da
caderno para a elaboração de viagem de dois Entre os produtos agrícolas, o trigo é o de maior destaque, sendo um item
um gráfico. brasileiros que relevante nas exportações da Austrália. O cultivo da cana-de-açúcar também é
percorreram mais de
Os alunos devem observar importante, destinando-se ao mercado interno, para a produção de açúcar. Apenas
10 mil quilômetros pela
a predominância da criação Austrália. Por meio dessa 10% do território apresenta áreas agricultáveis, mas o uso de tecnologias moder-
de bovinos e ovinos, que ocu- aventura, descubra nas permite uma produção elevada.
pa grande parte das terras, e a muito mais sobre esse
país, como suas
existência de vários espaços
paisagens, seus
Figura 5. Austrália: atividade econômica – 2013
não cultiváveis, corresponden-

Catherine Abud/Arquivo da editora


habitantes e sua cultura. N Região industrial

GRA N D
Mar de Mar de Arafura
tes às áreas desérticas, no oes- Timor
B Agricultura de cana-de-açúcar
U B
te do país, que fazem com que Darwin O L Cultura de trigo

E
Golfo de B
Criação intensiva de bovinos (leite)

AR
parte do território australiano OCEANO Carpentária

R EI
S Criação extensiva de bovinos
ÍNDICO
esteja sujeita à seca e à falta de

RA
CO Criação extensiva de ovinos
RA
água potável. Perth é a cidade L ÍN Floresta
GRANDE DESERTO

EA
mais seca entre as metrópoles Áreas não cultivadas
F ARENOSO
Trópico de Capricórnio CM
australianas (veja a sugestão F DESERTO DE Produção principal
GIBSON
de texto). Brisbane
B Bauxita
GRANDE DESERTO CM Carvão mineral
Passe à análise do gráfico DE VITÓRIA
CZ
CZ Chumbo e zinco
F Ferro
presente na página para que os ustralia CM U Urânio
Perth ía A na
alunos identifiquem os princi- Ba Sydney
e
nd Cidade com mais de 1 000 000
pais produtos exportados. Por Embaixada da G ra Adelaide Camberra de habitantes
OCEANO
meio desses dados, é possível Austrália no Brasil Melbourne PACÍFICO
Cidade
Capital de país
perceber o papel de destaque ‹www.brazil.embassy. I. Tasmânia Rio
Hobart
do minério de ferro na pauta gov.au/brasportuguese/ Rio intermitente

de exportações do país. home.html› 140° L


0 595 1190 km Limites internos

O site traz informações Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. São Paulo:
Este tópico possibilita mobi- diversas sobre a Moderna, 2013. p. 111.
lizar as habilidades EF09GE09 Austrália, assim como
e EF09GE10 e a CECH7. sobre a relação do país Como vimos, a Austrália possui grandes reservas minerais. Por isso, em suas
com o Brasil. Acesse exportações, destacam-se ferro, carvão, ouro, alumínio, petróleo e gás liquefeito de
“Informações sobre a
Austrália” para conhecer petróleo (figura 6). O país também fornece para o exterior produtos bovinos e vinhos.
mais sobre o território, a
história, a população e a Figura 6. Austrália: exportações – 2016 (em %)
cultura australiana.

Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora


25

20
20
16
15
%
10
10
7,3

5
2,2 1,8 1,8
Fonte: elaborado com base em 0
OEC. Australia. Disponível em: Minério Briquete Ouro Gás liquefeito de Óxido Minério Petróleo
<https://atlas.media.mit.edu/en/ de ferro de carvão petróleo (GLP) de alumínio de cobre bruto
profile/country/aus/>. Produto
Acesso em: out. 2018.

222 Unidade 4 • Oceania e as zonas polares

IDOETA, Paula A.; BARIFOUSE, Rafael. Como 5 cidades do mundo estão combatendo a falta d’água. BBC, 22 mar. 2017. Disponível em:
<www.bbc.com/portuguese/internacional-39351153>. Acesso em: nov. 2018.
A reportagem aborda o cenário de escassez de água que afeta diversas regiões do mundo, destacando cinco iniciativas empreendi-
das em cidades que buscam solucionar problemas de abastecimento, entre elas Perth, na Austrália.

222 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
O texto desta seção permi-
Você nem imagina qual é a origem do nome “canguru” te um trabalho interdisciplinar
com Língua Portuguesa ao tra-
Os cangurus são animais típicos da Austrália, sendo inclusive o animal-símbolo do país.
tar das origens da palavra can-
No entanto, você nem imagina a história por trás do nome atribuído a esse marsupial. guru, nome do animal símbolo
De acordo com o livro “De onde vêm as palavras: origens e curiosidades da língua portuguesa”, da Austrália. Trata-se de uma
o autor Deonísio da Silva, professor, escritor e etimologista brasileiro, membro da Academia Bra- teoria ou lenda, muito presen-
sileira de Filologia, explica que o nome do “canguru” foi dado a partir de um engano. te no folclore da Austrália, da
Inglaterra e de outros países,
Ainda segundo o autor, os navegantes ingleses que chegaram primeiro na Austrália se de-
que é disseminada por meio
pararam com o animal estranho e diferente daqueles que estavam acostumados a observar. de diversas fontes literárias ao
Então, indagaram os nativos que viviam por lá sobre qual seria o nome do animal que carregava redor do mundo.
seus filhotes em um tipo de bolsa e andava dando saltos. Sem entender absolutamente nada do Oriente a leitura do texto e
que o inglês falava, o aborígene teria respondido em uma das mais de 100 línguas faladas na promova uma roda de conversa
Oceania naquela época: kan ghu ru, que significaria, de acordo com a história “nós não te enten- a fim de que os alunos façam
demos”. Depois de insistir em uma discussão sem futuro por algum tempo, os ingleses acabaram comentários e compartilhem
por adotar a frase como o nome do animal. suas impressões. Estimule-os
AMBROSIO, Leonardo. Você nem imagina qual é a origem do nome “canguru”. Mistérios do mundo.
a contar histórias ou curiosi-
Disponível em: <https://misteriosdomundo.org/8770-2/>. Acesso em: out. 2018. dades que conheçam sobre a
origem de diferentes palavras.
Arco Images GmbH/Alamy/Fotoarena

Aproveite para mencionar ou-


tros animais típicos da Austrália,
como o coala e o ornitorrinco.
Se julgar oportuno, solicite aos
alunos uma pesquisa sobre as
espécies animais existentes
nesse país para trabalhar tam-
bém a interdisciplinaridade com
Ciências.
Esta seção permite explorar
em parte a CG6.

Família de cangurus no Parque Nacional de Sturt, em Nova Gales do Sul (Austrália), 2017.

Obs.: A história acima é muito antiga e trata-se de uma teoria/lenda, por isso é extremamente difícil encontrar
provas concretas sobre sua veracidade. No entanto, está presente de forma muito ampla no folclore da Austrália,
da Inglaterra, e de outros países, e em diversas literaturas ao redor do mundo.

• Existem inúmeras palavras faladas no Brasil que têm origem indígena: capivara, carioca, catapora,
Atividade Guanabara, jaú, mingau, muamba, peteca, pindaíba, pororoca, tocaia, tamanduá.
¥ Em países colonizados, é muito comum encontrarmos palavras que se originaram de idiomas de povos
nativos. Indique algumas palavras de origem indígena utilizadas no Brasil.

Austrália, Nova Zelândia e demais países • Capítulo 11 223

Australian Bureau of Statistics


<www.abs.gov.au>
Essa página traz diversos dados estatísticos sobre a Austrália (em inglês).

CAPÍTULO 11 – MANUAL DO PROFESSOR 223


Orientações didáticas
Explorar representações Explorar representações
Esta seção tem o objetivo de
explorar e representar pirâmi-
des etárias. Oriente a turma na
análise do gráfico, esclarecendo Pirâmides etárias
eventuais dúvidas. É importante
os alunos constatarem as altas Alguns dados da dinâmica populacional de um país podem ser representados por
taxas de natalidade e o predomí- meio de pirâmides etárias. Essas representações gráficas apresentam a distribuição
nio de população jovem e adul- da população em um local de acordo com o sexo e a idade em determinado período.
ta em 1970, evidenciadas pela As pirâmides etárias são compostas de dois gráficos de barras horizontais: a
base larga e pelo topo estreito metade direita da linha horizontal representa a população feminina, e a metade
da pirâmide etária. esquerda, a masculina. O eixo vertical é dividido por faixas etárias em ordem cres-
O trabalho aqui proposto ex- cente. Dessa forma, a base da pirâmide representa as crianças e jovens (0-19 anos),
plora a habilidade EF09GE14 o meio equivale à população adulta (20-60 anos) e o topo é constituído pelos
ao permitir que os alunos ela- grupos de idosos (acima de 60 anos).
borem e interpretem gráficos
de barras representados pelas Os eixos horizontais são formados por barras sobrepostas, que indicam o
pirâmides etárias para analisar, número da população em cada faixa etária. Em geral, o número é representado
sintetizar e apresentar dados por valores percentuais. Observe a pirâmide etária da Austrália em 1970.
e informações sobre diferen-
ças populacionais entre a Aus- Austrália: pirâmide etária – 1970
trália e o Brasil. Essa atividade

Banco de imagens/Arquivo da editora


poderá ter uma abordagem in- População: 12 904 760
terdisciplinar e ser trabalhada
em conjunto com o professor Masculina Feminina
de Matemática.

80 1 0,5% 0,9%
75 – 79 0,6% 1,0%
70 – 74 0,9% 1,3%
65 – 69 1,4% 1,6%
60 – 64 1,9% 2,0%
55 – 59 2,4% 2,4%
50 – 54 2,5% 2,6%
45 – 49 3,1% 3,0%
40 – 44 3,3% 3,1%
35 – 39 3,0% 2,8%
30 – 34 3,2% 3,0%
25 – 29 3,7% 3,4%
Em 1970, a pirâmide etária
20 – 24 4,5% 4,3%
da Austrália apresentava
uma base larga – o que 15 – 19 4,4% 4,2%
indica altas taxas de 10 – 14 4,9% 4,7%
natalidade e o predomínio
5–9 5,0% 4,7%
de população jovem e
adulta – e um topo estreito, 0–4 4,9% 4,7%
já que a expectativa de vida
no país não era tão elevada. 10% 8% 6% 4% 2% 0% 2% 4% 6% 8% 10%
Fonte: elaborado com base em POPULATIONPYRAMID.NET. Austrália. Disponível em: <www.populationpyramid.
net/pt/austr%C3%A1lia/1970/>. Acesso em: nov. 2018.

224 Unidade 4 • Oceania e as zonas polares

224 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


1. O aluno deverá indicar que, entre 1970 e 2017, a base da pirâmide estreitou, porque as taxas de
natalidade diminuíram na Austrália. Além disso, o meio e o topo da pirâmide ficaram robustos, o Orientações didáticas
Mãos à obra que indica que a população do país se tornou madura e a expectativa de vida aumentou. É
importante notar que ao longo do período a população do país aumentou em todas as faixas etárias. Explorar representações
Caso julgue pertinente, o
Agora, com base na tabela a seguir, você vai ela- trabalho pode ser realizado de
Austrália: população – 2017 (em %)
borar a pirâmide etária que retrata a população da modo que todos os alunos exe-
Austrália em 2017. Para tanto, você precisará de uma Faixas etárias Homens Mulheres cutem as etapas ao mesmo tem-
folha de papel milimetrado, sulfite ou folha de cader- po. Leia as instruções da Etapa
85-89 0,5 0,7 1 e disponibilize um tempo para
no, além de régua e lápis de cor. Leia as instruções
que eles realizem o que se pe-
abaixo. 90-94 0,2 0,4 de. Ao final do tempo combi-
nado, avance para a Etapa 2 e
Austrália: população – 2017 (em %) Acima de 95 0 0,1
assim sucessivamente. Durante
Fonte: elaborada com base em POPULATIONPYRAMID.NET. Australia. a realização de cada uma das
Faixas etárias Homens Mulheres
Disponível em: <www.populationpyramid.net/pt/austr%C3%A1lia/2017/>. etapas, verifique se os alunos
Acesso em: nov. 2018.
0-4 3,3 3,1 apresentam dúvidas e auxilie-os
se houver dificuldades.
Etapa 1
5-9 3,3 3,1 Na Etapa 3, lembre aos alu-
Trace uma linha horizontal de 12 cm na folha mi- nos que cada centímetro na bar-
10-14 3,1 2,9 limetrada. Essa linha representará o percentual da ra horizontal corresponde a 1%
15-19 3,1 2,9
população. Subdivida a linha horizontal em 12 partes da população, portanto não é
iguais. Cada parte representará 1% da população aus- necessário fazer conversão de
20-24 3,5 3,2 traliana. A metade direita da linha horizontal repre- valores para representá-los no
sentará a população feminina australiana e a metade gráfico.
25-29 3,7 3,6
esquerda, a população masculina. Após a finalização da pirâ-
mide etária e socialização dos
30-34 3,8 3,7
Etapa 2 resultados, solicite aos alunos
35-39 3,3 3,3 No centro da linha horizontal, trace uma linha que realizem as atividades pro-
postas na seção. A atividade 2 é
vertical de 10 cm. Subdivida essa linha em 20 partes
40-44 3,3 3,4 uma oportunidade para que os
iguais. Cada parte representará uma faixa etária in- alunos possam visitar o site do
45-49 3,2 3,3 dicada na tabela. IBGE e explorar os dados dispo-
nibilizados.
50-54 3,2 3,2 Etapa 3
Promova uma discussão so-
55-59 3,1 3,1
Desenhe o comprimento de cada barra horizon- bre a evolução da pirâmide etá-
tal de forma proporcional ao percentual da população ria do Brasil e da Austrália. Esse
60-64 2,7 2,8 de acordo com o sexo e a faixa etária. pode ser um bom momento pa-
ra trabalhar o TC Processo de
65-69 2,5 2,5 Etapa 4 envelhecimento, respeito e
70-74 1,9 2,0 Pinte as barras dos lados esquerdo e direito de valorização do idoso.
acordo com o sexo. Insira o título, o ano e a fonte dos
75-79 1,3 1,4 dados e, em seguida, apresente o resultado para os
demais colegas e para o professor. Coletivamente,
80-84 0,9 1,1
analisem e comparem os trabalhos.
2. Ao comparar as pirâmides etárias, poderão notar similaridades entre elas, como a base estreita, demonstrando a diminuição das taxas
de natalidade nos dois países. No entanto, a maior parte da população brasileira está concentrada na faixa etária de 0 a 34 anos, o que
significa que se trata de um país ainda considerado jovem. A pirâmide da Austrália concentra elevados percentuais de
população nas faixas etárias acima de 20 anos e, em especial, entre os idosos, demonstrando que o
Atividades país é considerado maduro do ponto de vista populacional e com elevados índices de expectativa de vida.
1. Compare a pirâmide etária da Austrália de 1970, apresentada na página anterior, com a de 2017, elabora-
da por você. Indique as principais mudanças demográficas ocorridas ao longo do período.
2. Busque a atual pirâmide etária brasileira no site do IBGE (disponível em: ‹https://educa.ibge.gov.br/›; acesso
em: out. 2018) e compare-a com a pirâmide etária australiana de 2017. Em seguida, indique as principais
diferenças populacionais entre os dois países.

Austrália, Nova Zelândia e demais países • Capítulo 11 225

CAPÍTULO 11 – MANUAL DO PROFESSOR 225


Orientações didáticas
Antes de iniciar o estudo so- 2 Nova Zelândia
bre a Nova Zelândia, relembre
alguns aspectos abordados no Do mesmo modo que a Austrália, a Nova Zelândia foi colonizada por ingleses.
capítulo anterior sobre o país e Antes, porém, em 1642, o navegador holandês Abel Tasman (1603-1659) esteve lá,
faça uma breve explanação so-
mas foi recebido com hostilidade pelos maoris, o povo que habitava as terras.
bre suas características gerais,
averiguando os conhecimen- Os europeus só retornariam às ilhas que hoje formam a Nova Zelândia em 1769,
tos prévios dos alunos sobre por meio de James Cook. Por isso os ingleses reivindicaram aquele território.
o território neozelandês. Ouça
os comentários e esclareça as População
possíveis dúvidas.
História dos maoris: Os maoris foram os primeiros povos a se estabelecer nas ilhas do Norte e do
Reforce as características da
formação histórica e territorial um povo da Sul. Eles têm tradições, como cantos, danças e tatuagens no rosto, que se man-
da Nova Zelândia, que, assim Oceania têm ainda hoje (figura 7). Embora preservem suas tradições e vínculos culturais,
como a Austrália, foi colonizada Claire Merleau-Ponty e as comunidades maoris se encontram bastante integradas com a cultura ociden-
Cécile Mozziconacci.
por ingleses, embora em 1642 São Paulo: SM, 2007.
tal, adquirindo, por exemplo, hábitos alimentares e de vestimenta (figura 8). A
já tivesse sido visitada por um
Nesse livro, o leitor tem
relação deles com os colonizadores europeus, embora parecida com a dos aborí-
navegador holandês, recebido contato com a história gines australianos, teve algumas diferenças, como você poderá ler na seção Olhar
com hostilidade pelos maoris. dos maoris, os primeiros interdisciplinar.
Ressalte a inserção, na socieda- habitantes do território
onde se constituiu a Na Nova Zelândia, a população total estimada em 2018 era de cerca de 4,8
de neozelandesa, da população
maori, que se adaptou ao mo-
Nova Zelândia. Conheça milhões de pessoas, de acordo com o Statistics New Zealand. Desse total, cerca
as lendas e as tradições de 15% eram maoris ou descendentes deles. Cerca de 90% da população vivia em
do de vida ocidental, ainda que desse povo.
preservando suas tradições e cidades. No campo concentrava-se principalmente a população maori tradicional.
vínculos culturais (veja suges-

Nick Perry/AP Photo/Glow Images


tão a seguir).
Peça aos alunos que obser-
vem as imagens de uma apre-
sentação de dança tradicional
e de uma família maori. Esti-
mule-os a comentar esses re-
gistros para que identifiquem a
fusão entre elementos tradicio-
nais da cultura maori e o modo
de vida moderno da sociedade
neozelandesa.
Este tópico possibilita desen-
volver as habilidades EF09GE01,
EF09GE03 e EF09GE09, além
das CECH4 e CECH5 e do TC Di-
versidade cultural. Encantadora de
baleias
Direção: Niki Caro. Nova
Zelândia: Newmarket
Films, 2002. 101 min.
O filme, que se passa na Figura 7. Apresentação de dança
Nova Zelândia, retrata
tradicional dos maoris em
uma antiga lenda do
povo maori e representa
Waitangi (Nova Zelândia), 2015.
hábitos e costumes dos
es
habitantes tradicionais
ag
Im

das ilhas que formam et


ty

/G
o país. Figura 8. Família maori en
t RF
om
na Nova Zelândia, 2017. h ot o
s/ M
nazp

226 Unidade 4 ¥ Oceania e as zonas polares

100% New Zealand


<www.newzealand.com/br/maori-culture/>
O site apresenta um amplo painel da cultura maori da Nova Zelândia, com diversas seções: Haka – maori (danças maori de guerra),
Kapa Haka (artes performáticas tradicionais), Powhiri (cerimônias de boas-vindas), Purakau (lendas maori) e outras.

226 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar História Olhar interdisciplinar –
História
Nova Zelân ia é os maoris, garante acor o e 1840 Nesta proposta de trabalho in-
No caso da Nova Zelândia, considerar seus primeiros habitantes os legítimos donos das terdisciplinar com a área de His-
tória, o texto explica de que forma
terras não é uma questão ideológica. Hábeis comerciantes desde que se estabeleceram no Pací-
o povo maori da Nova Zelândia
fico, os Maori desenvolveram relações amigáveis com a Inglaterra já no início do século 19,
conquistou o reconhecimento
permitindo inclusive que colonos ingleses vivessem no país. Em meados de 1800, no entanto, de sua cultura e de seu idioma
ações criminosas destes colonos, aliadas a pressões externas da França e dos Estados Unidos, com o Tratado de Waitangi, um
levaram os chefes Maori a solicitar uma intervenção da coroa britânica, que propôs um acordo acordo firmado em 1840 e que
pelo qual a Nova Zelândia passaria a fazer parte do protetorado britânico, sendo todos os seus deu início a um processo coloni-
habitantes considerados cidadãos ingleses. Ao mesmo tempo, no entanto, foi garantida aos zador teoricamente harmônico e
Maori a soberania política, bem como o direito inalienável à posse das terras e à propriedade de mutuamente vantajoso.
todos os recursos naturais do país, podendo estes ser comercializados se assim entendessem Promova um debate sobre
os seus proprietários. Assinado em 1840, o acordo, conhecido como Tratado de Waitangi, foi o o texto, incentivando os alu-
início de um processo colonizador teoricamente harmônico e mutuamente vantajoso, visto que nos a comentar a iniciativa de
daria aos Maori acesso às tecnologias e ao conhecimento ocidentais. instalação na Nova Zelândia
O tratamento respeitoso dos britânicos para com os Maori todavia ficou só no papel. In- de uma universidade maori e
vasões, desapropriações e confiscos ilegais de terras, promovidos por meio do uso da força de oferta de cursos sobre cul-
(massacres de Maori foram comuns entre 1860 e meados do século passado), bem como um tura e tradição desse povo nos
forte racismo e o completo desrespeito ao Tratado de Waitangi, acabaram reduzindo grande institutos Wãnanga. Pergunte
parte da população Maori à condição de miseráveis e excluídos sociais, econômicos e políticos. ainda a opinião deles sobre a
Obrigados a viver nos centros urbanos, foram perdendo os laços tribais (maior força da cultu- questão da posse das terras
ra Maori), representando ainda hoje a maior fatia das estatísticas sobre população carcerária, maoris perdidas pelo desrespei-
desemprego e usuários de álcool e drogas. to dos europeus ao Tratado de
Waitangi. Solicite à turma uma
A expulsão do campo e a exploração de mão de obra barata nas fábricas principalmente
pesquisa sobre a situação atual
depois da 2a Guerra Mundial, no entanto, acabaram servindo como fermento para a constituição
dessas terras.
de várias organizações de defesa dos direitos indígenas (os Maori foram muito engajados nos
movimentos sindicais, antirracistas, feministas e antiguerra na década de 70) […]. Esta seção permite desen-
volver a habilidade EF09GE01,
Para minimizar as pressões, o governo resolveu ceder em outras questões, como o reconhe-
as CG1, CG6, CECH3, CECH4
cimento da cultura e da língua Maori, antiga demanda dos movimentos de soberania indígena
e CECH5, e o TC Diversidade
do país. Hoje, os Maori possuem a maior universidade da Nova Zelândia, com campi em quase
cultural.
todas as grandes cidades (o Fórum Social Aotearoa

Smith Collection/Gado/Getty Images


ocorreu no campus de Porirua, Wellington), assis-
tência médica diferenciada e programas de recupe-
ração das tradições Maori. Estas concessões, porém,
não resolveram nem os problemas de pobreza da
maioria das tribos nem fizeram com que os Maori
desistissem de lutar pelos seus direitos. A discussão
sobre a posse da costa e do mar neozelandeses con-
tinua, assim como continuam os processos por per-
das de terras e violações do Tratado de Waitangi. […]
GLASS, Verena. 28/11/2003. Nova Zelândia é dos maori, garante acordo de A Universidade de Waikato, na Nova Zelândia,
1840. Carta Maior, 28 nov. 2003. Disponível em: <www.cartamaior.com.br/?/
Editoria/Sem-editoria/Nova-Zelandia-e-dos-maori-garante-acordo-
oferece cursos sobre cultura e tradição maori. Foto
de-1840/27/906>. Acesso em: out. 2018. de 2017.
• Os maoris tiveram sua cultura e idioma
reconhecidos, possuem uma universidade, assistência médica diferenciada e programas de
Atividade recuperação das tradições. Porém, ainda reivindicam a posse das terras perdidas pelo desrespeito
dos europeus ao Tratado de Waitangi.
¥ Identifique as conquistas realizadas pelos maoris na Nova Zelândia e apresente as principais reivindicações
atuais desse povo ao governo.

Austrália, Nova Zelândia e demais países • Capítulo 11 227

CAPÍTULO 11 – MANUAL DO PROFESSOR 227


Orientações didáticas
Explore com os alunos o ma- Economia
pa da figura 9 “Nova Zelândia:
atividade econômica – 2013” e Considerado um país de renda elevada, a Nova Zelândia possui indústrias de
peça que avaliem as principais vários setores na capital, Wellington, e em Auckland, a maior cidade em termos
atividades desenvolvidas no populacionais (figuras 9 e 10). Também se destaca a criação de bovinos e de ovinos.
país, registrando as informa- Os principais produtos exportados têm como mercado a Austrália, pela proximi-
ções no caderno. Eles devem dade geográfica. Destacam-se a exportação de produtos de origem animal, como
notar que boa parte do território leite, carne bovina, lã, manteiga e queijos. Outros produtos exportados são ma-
neozelandês é ocupada por flo- deira e vinho. A produção agropecuária neozelandesa é marcada pelo uso de
restas e há alguns espaços não tecnologia e por ser intensiva, dadas as dimensões de seu território.
cultivados. Destaque a predomi-
nância da criação de ovinos. Em Outra atividade importante para o país é o turismo. A Nova Zelândia atrai
seguida, oriente-os a observar muitos visitantes interessados em turismo de aventura e na prática de esportes,
a imagem de Auckland, maior já que o país reúne áreas naturais montanhosas, propícias para caminhadas e
cidade da Nova Zelândia, que escalada, e praias, onde se pode praticar surfe e mergulho.
concentra cerca de um terço
da população do país.
Figura 9. Nova Zelândia: atividade econômica – 2013
Atividade complementar

Catherine Abud/Arquivo da editora


N

• Proponha aos alunos uma


O L
pesquisa sobre o turismo na
Nova Zelândia, a partir dos S

seguintes tópicos: Auckland

a) principais pontos turís-


Mar da
ticos;
Tasmânia
b) atividades esportivas
praticadas; 41° S
Wellington
c) pontos mais elevados Região industrial
Cultura de trigo
do território;
Floresta Christchurch
d) reservas naturais; Áreas não cultivadas
OCEANO
e) receita anual arrecada- Criação intensiva
de bovinos (leite) PACÍFICO
da por meio do turismo Criação extensiva
de ovinos
(em dólares); Capital de país
Invercargill

f) curiosidades do territó- Figura 10. Auckland é a Cidades 0 215 430 km


173° L
rio neozelandês. maior cidade da Nova
Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial.
Zelândia e concentra

Klanarong Chitmung/Shutterstock
Por fim, peça aos alunos que São Paulo: Moderna, 2013. p. 111.
confeccionem um mapa e que cerca de um terço da
assinalem nele os locais e as população do país. Foto
atividades identificados na pes- de 2018.
quisa, utilizando símbolos pa-
ra representar cada um deles,
além de criar uma legenda.
Este tópico possibilita mobi-
lizar a habilidade EF09GE09 e
as CECH7, CEG3 e CEG4.

228

228 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientaç›es didáticas
3 Melanésia, Micronésia e Polinésia Peça aos alunos que ob-
servem o mapa da figura 11 e
Além da Austrália e da Nova Zelândia, vários outros países integram a Oceania. oriente-os a rever a localização
Eles têm seus territórios situados nas numerosas ilhas do continente, que são da Melanésia, da Micronésia
e da Polinésia, assim como a
divididas em três grupos: Melanésia, Micronésia e Polinésia (figura 11).
regionalização do continente.
Comente o significado do no-
Figura 11. Oceania: político – 2014
me desses conjuntos de ilhas.
Catherine Abud/Arquivo da editora

Leste de Greenwich 180° Oeste de Greenwich


Is. Ogasawara
Is. Midway
Melanésia significa “ilhas dos
(JAP)
I. Laysan
HAVAÍ (EUA)
Trópico de Câncer negros”, em razão da cor da pe-
(EUA)
I. Wake Pearl Harbor
ILHAS
MARIANAS DO NORTE
Ilhas
Ha I. Havaí
le de seus habitantes originais;
M va
í
Micronésia significa “peque-

P
IS. GUAM I ILHAS MARSHALL I. Johnston O OCEANO
C
R I. Kingman
L PACÍFICO nas ilhas”; e Polinésia, “muitas
I
FEDERAÇÃO O I. Palmyra
N
PALAU DOS ESTADOS N Testes nucleares ilhas”. O primeiro grupo de ilhas
M DA MICRONÉSIA É
I. Howland
I. Baker
I. Kiritimati É Equador
E S 0° Presença de é o que se localiza mais próximo
KIRIBATI I. Jarvis
L NAURU I armas nucleares
S

I. Malden
PAPUA- A ILHAS Is. Fenix I. Starbuck Is. Marquesas Pequenos países
da Austrália, estendendo-se da
I

-NOVA GUINÉ N SALOMÃO

A
TUVALU Is. Tokelau
É insulares independentes Papua-Nova Guiné até a Nova
A

I. Flint POLINÉSIA
S Is. Wallis SAMOA
e Futuna IS. FRANCESA
Is. T
VANUATUI SAMOA ILHAS
COOK I. Bora Bora
ua Áreas de soberania Zelândia; o segundo e o terceiro
A FIJI I. Taiti

m
I. Níue Is. d

otu
a S Papeete Mururoa da Austrália
Trópico de Capricórnio
NOVA
CALEDÔNIA
TONGA ociedade
Is. Tubuai
conjuntos estão mais distantes
Fangataufa Is. Pitcairn
da Nova Zelândia do território australiano.
AUSTRÁLIA
I. Rapa I. Sala-y-Gomez
I. Norfolk Is. Kermadec dos Estados Unidos
Geraldton Território das (CHI)
Ilhas do Mar
dos Corais I. Páscoa da França
Ao realizar a leitura da ima-
(CHI)
I. do Norte N do Reino Unido
gem da figura 12, ressalte o fa-
OCEANO
NOVA
ZELÂNDIA Is. Chatham
to de Palau e Kiribati terem se
Tasmânia Mar da O L
Tasmânia
Bases militares destacado como pontos de dis-
ÍNDICO I. do Sul
Is. Antípodas dos Estados Unidos
Is. Auckland S puta entre potências durante a
da França
0 1 260 2 520 km Segunda Guerra Mundial, devido
Is. Macquarie I. Campbell POLINÉSIA Nome de região
à sua localização estratégica.
Fonte: elaborado com base em FERREIRA, Graça M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. São Paulo: Moderna, Comente também a utilização
2013. p. 111.
das ilhas sob domínio francês,
como o atol Mururoa, para tes-
Entre os países da Melanésia estão Papua-Nova Guiné, que se destaca pela
tes de armas nucleares pela
presença de uma rica biodiversidade; Fiji, cuja economia se baseia na produção de França durante décadas.
açúcar e de gengibre, seus principais produtos de exportação, além do turismo, que
Este tópico possibilita mobi-
atrai visitantes o ano todo graças ao clima tropical, o que garante um bom nível de lizar as habilidades EF09GE01,
vida à população; e Ilhas Salomão, que, ao contrário de Fiji, apresentam baixos indi- Figura 12. Recifes de EF09GE09 e EF09GE15 e a
cadores sociais e agricultura de subsistência na maior parte do território. coral, em Palau, 2018. CECH3.
Fazem parte da Micronésia países
Pete Niesen/Alamy/Fotoarena
como Palau e Kiribati, que não têm o
mesmo desenvolvimento de Fiji. Esses
países se destacaram como pontos de
disputa de potências durante a Segun-
da Guerra Mundial. A presença de atóis
de coral (figura 12) é uma atração tu-
rística pouco explorada, pela falta de
infraestrutura para receber hóspedes.
Na Polinésia estão países como
Samoa, que tem no turismo sua ativi-
dade principal, além de ilhas sob do-
mínio francês, como o atol de Muru-
roa, que foi usado por décadas para
testes de armas nucleares pela França.
Austrália, Nova Zelândia e demais países • Capítulo 11 229

CAPÍTULO 11 – MANUAL DO PROFESSOR 229


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
O texto desta seção permite
um trabalho interdisciplinar com Ilhas no Pacífico Sul desaparecem devido a aumento do nível do mar
a área de Ciências ao tratar do
Um grupo de cientistas alertou em um estudo sobre o desaparecimento de cinco ilhas desa-
desaparecimento de ilhas no
bitadas do Pacífico Sul devido ao aumento do nível do mar, que ameaça arrasar outros territórios
Pacífico Sul em razão da erosão
costeira e do aumento do nível insulanos da região. […]
do mar a um ritmo que supera O estudo, publicado na revista “Environmental Research Letters”, examinou 33 territórios
a média de 3 mm por ano. Um das Ilhas Salomão através de imagens aéreas e por satélite que datam entre 1947 e 2014, e uti-
dos fatores causadores desse lizaram o conhecimento da população local.
fenômeno é o aquecimento glo- O pesquisador, de origem peruana, qualificou de “drástico” o desaparecimento das cinco ilhas
bal, que faz com que o gelo dos – chamadas Kale, Zollies, Rehana, Kakatina e Rapita – que aconteceu em poucas décadas.
polos derretam, aumentando o “Esta situação não se viu, pelo menos de forma sistemática e com a mesma velocidade, em
nível das águas. outros lugares do Pacífico”, disse León. [...]
Se julgar oportuno, solicite O estudo reflete, além disso, que em duas das ilhas estudadas a erosão produzida no litoral
aos alunos uma pesquisa sobre destruiu populações que datavam de 1935 e obrigou a realocação das comunidades locais.
outras causas do aumento do Os cientistas, chefiados por Simon Albert, da Universidade de Queensland, assinalam que o
nível do mar e os locais amea-
aumento do nível das águas no norte das Ilhas Salomão foi de entre sete a dez milímetros anuais
çados por esse fenômeno no
durante as últimas duas décadas.
mundo. Estimule-os a pensar
em possíveis soluções para Um ritmo que supera a média mundial de três milímetros por ano, segundo León.
evitar a ocorrência desse tipo Este fenômeno, que não é registrado com a mesma rapidez na região sul do país insulano, se
de problema ambiental. atribui parcialmente à mudança climática, que devido ao aumento das temperaturas faz com
Esta seção permite mobilizar que os polos se derretam e aumente o nível das águas.
as CG2 e CECH3 e o TC Educa- Outro fator regional que segundo apontam os especialistas incidiu no desaparecimento dos
ção ambiental. territórios são os ventos alísios “que sopram e acumulam água na parte oeste do Pacífico”.
Apesar de “o aquecimento (global) ser o cenário, se deve levar em conta os ventos e as cor-
rentes (marítimas)”, avaliou León.
Por isso, nas Ilhas Salomão se registra um notável movimento de ondas, o que provoca uma
rápida erosão dos terrenos insulanos.
Os pesquisadores constataram que desde a década de 90 o processo de desaparecimento
aconteceu com uma maior rapidez no norte das Ilhas Salomão.
Os cientistas advertem que o fenômeno
Fiona Goodall/Getty Images

poderia se repetir em mais lugares do Pací-


fico, como em Papua-Nova Guiné, e territó-
rios do oceano Índico.
Outros arquipélagos insulanos do
Pacífico Sul como Kiribati, Vanuatu e Ilhas
Marshall também lutam pela sobrevivência
de suas ilhotas por causa do progressivo
aumento do nível das águas.
Ilhas ao sul do oceano Pacífico, como Funafuti, que pertence a
Tuvalu, um país insular, estão sofrendo com o aumento do nível ILHAS no Pacífico Sul desaparecem devido a aumento do
nível do mar. G�, 12 maio 2016. Disponível em: <http://g1.globo.
do mar em decorrência dos efeitos das mudanças climáticas. com/mundo/noticia/2016/05/ilhas-no-pacifico-sul-desaparecem-
Foto de 2018. devido-aumento-do-nivel-do-mar.html>. Acesso em: out. 2018.

Atividades 1. O fator é o aquecimento global, que faz com que os polos derretam e aumente o nível das águas.
2. Os fatores a serem considerados são os ventos alísios e as correntes marítimas.
1. Identifique o fator em escala global que tem colocado as ilhas do Pacífico sob ameaça.
2. Identifique outros fatores relacionados ao desaparecimento das ilhas do Pacífico.

230 Unidade 4 ¥ Oceania e as zonas polares

230 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
O texto desta seção apresen-
ta a agricultura e a pecuária co-
Agricultura é estratégica para parcerias Brasil�Nova Zelân ia mo elementos estratégicos para
Das oito universidades neozelandesas, cinco já têm algum tipo de par- o estabelecimento de parcerias
ceria com pelo menos uma universidade brasileira. E a Nova Zelândia tem entre Brasil e Nova Zelândia, já
interesse em aumentar esse intercâmbio, especialmente nas áreas da que ambos os países são im-
portantes produtores e expor-
agricultura e meio ambiente. Esta intenção foi revelada pelo ministro
tadores de produtos agrícolas
da Educação Superior, Trabalho e Emprego da Nova Zelândia, Steven Joyce,
e pecuários e podem fazer in-
que participou […] da abertura da 27a edição da Conferência Anual da As- tercâmbios tecnológicos com
sociação Brasileira de Educação Internacional (Faubai) 2015. […] benefícios mútuos.
O ministro destaca que o Brasil é um importante player do setor da car- Proponha uma pesquisa so-
ne, tanto bovina quanto de aves, além do que detém parte significativa do bre dados de produção agro-
mercado de soja, açúcar, café e suco de laranja. E Mato Grosso, como maior pecuária no Brasil e na Nova
produtor de grãos e carne bovina do país, tem papel relevante. Zelândia a fim de estabelecer
“Mato Grosso é forte na produção de carne e quer melhorar sua produção de comparações entre os dois
leite e de laticínios. A Nova Zelândia é muito forte na produção de leite e ainda países.
não é tão forte em carne bovina”, compara. Cerca de 1/3 do comércio mundial Esta seção permite traba-
de laticínios provém da Nova Zelândia. Por outro lado, Mato Grosso possui o lhar a habilidade EF09GE11 e
maior rebanho de bovinos de corte do Brasil, com 28,47 milhões de cabeças. as CEG2 e CEG3.
O país da Oceania é ainda o maior exportador de carne de cordeiro do mun-
do e 95� da produção agrícola são destinados à exportação. As pesquisas das
universidades neozelandesas são referência nas áreas de pastagens e forragens
para o gado, na gestão ambiental – incluindo o gerenciamento, manejo ambien-
tal e uso sustentável da produção florestal –, em medicina, astronomia, física e
ciência, tecnologia e inovação. Outras áreas de destaque ainda são a genética
animal, o gerenciamento de propriedades e a biossegurança na agricultura.
“As parcerias entre a Nova Zelândia e países da América Latina podem
conectar as duas regiões de uma forma mais geral e não somente os peque- • Porque ambos os
nos países que fazem parte dela. Podemos falar em todas essas áreas em um países são importantes
produtores e
contexto de desenvolvimento regional”, defende Steven Joyce. exportadores de
SAMPAIO, Amanda. Agricultura é estratégica para parcerias Brasil-Nova Zelândia. G�, 27 abr. 2015. produtos agrícolas e
Disponível em: <http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2015/04/agricultura-e-estrategica-para- pecuários e podem
parcerias-brasil-nova-zelandia.html>. Acesso em: out. 2018. fazer intercâmbios
tecnológicos com
benefícios mútuos.
Grant Rooney/Alamy/Fotoarena

Segundo afirmou o
ministro neozelandês
em evento no Brasil, o
“Mato Grosso é forte
na produção de carne e
quer melhorar sua
produção de leite e de
laticínios. A Nova
Zelândia é muito forte
na produção de leite e
ainda não é tão forte
em carne bovina”.

Criação de cordeiro na
Nova Zelândia, 2015.

Atividade
¥ Explique por que a agropecuária é considerada estratégica para a parceria Brasil-Nova Zelândia.
Austrália, Nova Zelândia e demais países • Capítulo 11 231

DIB, Ana Cristina. Nova Zelândia e Brasil buscam ampliar relações no comércio, turismo, inovação e cooperação. Comex do Brasil,
31 jul. 2018. Disponível em: <www.comexdobrasil.com/nova-zelandia-e-brasil-buscam-ampliar-relacoes-no-comercio-turismo-
inovacao-e-cooperacao/>. Acesso em: nov. 2018.
O texto trata da aproximação comercial e cooperação entre o Brasil e a Nova Zelândia.

CAPÍTULO 11 – MANUAL DO PROFESSOR 231


Orientações didáticas
Você em ação
As atividades propostas na
seção Você em ação possibi-
litam a retomada de conceitos
VOCÊ EM ação
e conteúdos abordados nes-
te capítulo, associados ao de- Pratique
senvolvimento de habilidades e
competências gerais propostas 1. Avalie a situação dos povos nativos da Oceania durante a colonização inglesa.
para a área de Ciências Huma-
2. Analise comparativamente a pauta de exportações da Austrália e a da Nova Zelândia.
nas pela BNCC.
3. Apresente dois motivos para o fato de a Austrália ser um país de atração de imigrantes.
Pratique
1. Os povos nativos foram tra- 4. Explique a importância estratégica da Melanésia e da Micronésia na Segunda Guerra Mundial.
tados com extrema violên- 5. Como são conhecidos os povos nativos da Austrália e da Nova Zelândia? Qual é o percentual desses grupos
cia, milhares foram mortos étnicos no total de residentes desses países?
e sofreram diversos tipos 6. Aponte as condições geográficas que tornam a Nova Zelândia bastante atrativa para turistas.
de abuso. Os sobreviventes
foram segregados em mis-
sões cristãs e em reservas.
Analise os mapas
2. Na pauta de exportações 7. Reveja o mapa da figura 11 “Oceania: político – 2014” e responda às questões.
da Austrália predominam a) Quais países mantêm bases militares na Oceania? Por quê?
os produtos minerais, como
ferro, carvão, ouro, alumí- b) Em quais ilhas foram realizados testes nucleares?
nio, petróleo e gás lique- c) Qual país tem o maior mar territorial?
feito de petróleo. Na pauta 8. Faça a leitura do mapa a seguir e, com base em seus conhecimentos, responda às questões.
neozelandesa destacam-se
produtos de origem animal,
como leite, carne, lã, man- Austrália: densidade demográfica – 2016
EGL Produções/Arquivo da editora

140° L
teiga e queijos.
3. O país tem deficit de mão
de obra, por isso o governo
implantou uma política de
Darwin
atração de profissionais de OCEANO
outros países. Além disso, ÍNDICO
tem excelente qualidade
de vida, ficando em tercei-
Trópico de Capricórnio
ro lugar na classificação
mundial do IDH.
Brisbane
4. Durante a Segunda Guerra
OCEANO
Mundial, diversas ilhas da Perth
PACÍFICO
Melanésia e da Micronésia Adelaide
Sydney
foram pontos de disputa en- Camberra
tre potências em guerra e Densidade de habitantes Melbourne
serviram para a instalação (por km2)
Menos de 1
de bases militares. De 1 a 10
N

5. Na Austrália, os aborígines De 10 a 25
O L
De 25 a 50
representam cerca de 1% Sem dados
S
dos habitantes no país. Na Capital de país Fonte: elaborado com base em GIRARDI,
0 570 1 140 km
Nova Zelândia, os maoris Cidades Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas
geográfico. São Paulo: FTD, 2016. p. 180.
equivalem a cerca de 15%
da população. a) Como a população está distribuída no território australiano?
6. A Nova Zelândia atrai muitos
visitantes interessados em b) Que fatores podem explicar essa distribuição?
turismo de aventura e na 232 Unidade 4 • Oceania e as zonas polares
prática de esportes, já que
o país reúne áreas naturais
montanhosas, propícias
para trilhas e escaladas, e
praias, onde se pode prati- e de necessidades de proteção territorial, no caso estaduni- 8. a) As maiores densidades demográficas encontram-se nas
car surfe e mergulho. Além dense. Após a identificação dos países com bases militares regiões nordeste, leste e sudeste do território australiano;
disso, oferece excelente in- no continente, relacione essa informação com o passado no centro e no oeste estão as áreas com as menores densi-
fraestrutura turística. colonial e o passado recente da região. Avalie com a turma a dades demográficas.
Analise os mapas importância estratégica da presença de potências militares b) A população da Austrália concentra-se nas costas do nor-
7. a) Os países que têm ba- nessa região, em termos de defesa e influência, bem como a deste e sudeste do país devido à colonização via marítima.
ses são: França e Estados relação que têm com os países que abrigam bases militares. Já as menores densidades demográficas se devem ao do-
Unidos; em razão da colo- b) Nas ilhas da Polinésia Francesa. mínio dos climas árido e semiárido em grande parte do cen-
nização, no caso francês, c) Austrália. tro e do oeste do território australiano.

232 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Analise o gráfico
Analise o gráfico 9. a) “Liberdade, direitos, paz”
e “meio ambiente”.
9. O gráfico a seguir representa dados obtidos por meio de uma pesquisa com a população neozelandesa.
Analise-o para responder às questões. b) O item considerado
menos importante na
pesquisa foi “Arte e
Características importantes para definir a Nova Zelândia – 2016-2017
movimentos artísti-
Ericson Guilherme Luciano/Arquivo da editora

Liberdade, cos”, com pontuação


9,1
direitos e paz menor que 7 na ava-
Meio ambiente 9,1 liação. Apesar de ser o
último colocado no grá-
Pessoas 8,5
fico, a pontuação é re-
Agricultura 8,2 lativamente alta, o que
Características

demonstra que o neoze-


História 8
landês tem preocupação
Esportes 7,8 com as questões cultu-
rais, de maneira geral.
Cultura maori 7,5
Analise o texto
Símbolos e ícones 7,7
10. a) O desastre ocorreu
Multiculturalismo 7,5 após o rompimento de
Arte e movimentos uma barragem liberan-
6,9
artísticos do grande onda de la-
Fonte: elaborado com base em STATS
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 NZ. Society. Disponível em: <www.stats. ma tóxica, que soterrou
Avaliação média govt.nz/topics/society>. Acesso em: casas, causou dezenove
out. 2018.
mortes e incalculáveis
prejuízos ambientais.
a) De acordo com os dados expostos no gráfico, quais são as características que mais bem definem a b) Porque é acusada de ter
Nova Zelândia? cometido fraudes e des-
b) Qual é a característica considerada menos importante para definir a Nova Zelândia? Essa característica cumprido suas obriga-
teve uma avaliação baixa? Justifique considerando as demais características apresentadas. ções de transparência
de informação.

Analise o texto
10. Leia o texto e, depois, responda às questões.
Grupo processa mineradora na Austrália por desastre em Mariana
A empresa mineradora australiana BHP anunciou […] que se oporá a uma ação judicial coletiva
apresentada na Austrália que a acusa de ter descumprido suas obrigações de informação, assim
como de fraude, na letal catástrofe ambiental em Mariana, por sua filial Samarco.
Dezenove pessoas morreram por causa do tsunami de dejetos tóxicos causado pela ruptura
da represa de uma mina em Minas Gerais, em 2015.
A BHP e a Vale, coproprietárias da Samarco, chegaram no mês passado a um acordo com as
autoridades brasileiras para resolver uma ação civil de R$ 20 bilhões pela tragédia.
A ação coletiva australiana alega que houve problemas com a represa nos anos anteriores a 2015
e que a BHP deveria ter levado os riscos em conta e informado os investidores.
O desastre provocou uma forte queda nas ações da BHP, motivo pelo qual cerca de 3 000 inves-
tidores se associaram para apresentar uma ação coletiva na Justiça.
GRUPO processa mineradora na Austrália por desastre em Mariana. Uol, 23 jul. 2018. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/
ultimas-noticias/redacao/2018/07/23/grupo-processa-mineradora-na-australia-por-desastre-em-mariana.htm>.
Acesso em: out. 2018.

a) O que foi o desastre em Mariana, ocorrido em 2015?


b) Por que a mineradora australiana está sendo processada?

Austrália, Nova Zelândia e demais países • Capítulo 11 233

CAPÍTULO 11 – MANUAL DO PROFESSOR 233


Objetivos do capítulo Capítulo

12
• Analisar o problema da re-
dução das geleiras nos po-
los terrestres.
• Conhecer as disputas ter-
Disputas territoriais
ritoriais no Ártico e na An-
tártida.
nos polos
• Estudar as populações tra-
dicionais do Ártico.
• Entre os interesses
estratégicos que
envolvem essa região,
Para iniciar
BNCC neste capítulo
estão o controle de
Habilidades rotas de navegação, a Nos extremos do planeta existem situações distintas. De um lado, um conti-
EF09GE01 instalação de bases
científicas e a nente branco, a Antártida. De outro, uma massa de gelo congelada une terras
EF09GE03 exploração de recursos
minerais, como
emersas a partir do polo Norte, no Ártico.
EF09GE12 petróleo e gás natural. Neste capítulo você vai conhecer as disputas territoriais que têm como alvo
EF09GE15 as regiões polares, uma vez que podem representar acesso a muitos recursos
Competências gerais naturais. Essas disputas ocorrem de modo distinto. Enquanto no norte a batalha
1 2 3 6 10 se dá pelo reconhecimento do direito de exploração de cada país da região Ártica,
no sul a disputa envolve países que reivindicam a posse das terras com base em
Competências específi-
cas de Ciências Humanas argumentos como a presença de exploradores desde o século XVIII. Você terá
ainda a oportunidade de discutir, no trabalho com este capítulo, outra questão
1 3 7
relacionada aos polos que tem alcance mundial: o derretimento das massas de
Competências gelo e suas possíveis causas e consequências.
específicas de
Geografia
Vadim Savitskii/Ministry of defence of the Russian Federation/Sputnik/Agência France-Presse

1 2 5 7
Temas contemporâneos
• Educação ambiental
• Diversidade cultural

Orientações didáticas
Para iniciar
Convide os alunos a observar
a imagem de abertura do capí-
tulo. Questione a presença da
base militar russa estabelecida
no Ártico. O que significa para
eles o fato de uma região isola-
da, formada por uma massa de
gelo congelada, abrigar uma ba-
se militar em seu território? Es-
sa reflexão permite aos alunos
levantar hipóteses, de modo a
antecipar o tema das disputas
territoriais travadas em torno
das regiões polares, movidas
por interesses econômicos (ex- Base militar russa na região do Ártico, em 2017.
ploração de recursos minerais,
como petróleo e gás natural) e Atividade
estratégicos (controle de rotas
de navegação, instalação de ba-
¥ O que justificaria a instalação de uma base militar na inóspita região do Ártico?
ses científicas e militares). No 234 Unidade 4 ¥ Oceania e as zonas polares
norte, as disputas têm como al-
vo o reconhecimento do direito
de exploração de cada país da
região ártica, enquanto no sul
prévio dos alunos sobre esse grave risco ambiental. Promova uma
a questão está ligada à reivindi-
roda de conversa inicial sobre essas questões e oriente o debate
cação da posse de terras.
permitindo que todos contribuam com suas opiniões e reflexões.
Além das disputas territo-
Esta introdução mobiliza a CG2, a CEG1, a CEG5 e o TC Educa-
riais, um aspecto que adquire
ção ambiental.
alcance mundial na atualidade
se refere ao derretimento das
massas de gelo polares e suas
possíveis causas e consequên-
cias. Verifique o conhecimento

234 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
1 A redução das geleiras Retome brevemente a discus-
são inicial e oriente os alunos
Um dos temas atuais mais polêmicos com relação aos polos é o aquecimento na leitura das imagens de saté-
Banquisa lite, que mostram a progressão
global, que seria a causa do degelo verificado nas banquisas. Pesquisadores apon- Também chamada de do derretimento das calotas de
tam que a banquisa, que pode chegar a muitos quilômetros de comprimento, campo de gelo, é uma
gelo na região do polo norte, em
recuou cerca de 16% no Ártico desde a década de 1970 (figuras 1, 2 e 3). Atribui-se massa flutuante de gelo
1979 e em 2012. É possível no-
que cobre grandes
o fenômeno ao aumento da temperatura média da Terra, causado pelo lançamen- extensões dos oceanos tar que essa área reduziu sig-
to de gases gerados pelas atividades humanas, principalmente pela queima de polares. É formada pelo nificativamente seu tamanho.
combustíveis fósseis, que retém calor na atmosfera, elevando a temperatura congelamento da água Certifique-se de que todos te-
do mar.
média e causando o derretimento do gelo. Mas também há pesquisadores, em nham notado essa redução.
menor número, que contestam a causa do aquecimento pela ação humana, asso- Em seguida, solicite aos
ciando-a a processos naturais. Sobre esse assunto, leia a seção Fique por dentro alunos que observem o gráfi-
na página seguinte. co. Eles devem ser capazes de
Independentemente da causa, um maior derretimento do gelo dos polos constatar que o mar do Ártico
Interprete apresentou uma grande redução
traria consequências de duas ordens. Por um lado, elevaria o nível médio do mar,
¥ Analise o gráfico da da cobertura de gelo em 2018.
o que, além de ameaçar países da Oceania, traria ameaças também às populações
figura 3 e verifique Se houver oportunidade, pro-
das áreas litorâneas – cerca de 40% da população mundial –, que teriam de o comportamento
mova a interdisciplinaridade
ajustar moradias e sistemas viários ao novo nível médio do mar. Por outro lado, da extensão do
gelo no mar de com a área de Ciências, apro-
o maior degelo ampliaria a possibilidade de usar as rotas marítimas, diminuindo
Bering em 2018. fundando os conhecimentos
o tempo necessário para transportar mercadorias e pessoas entre a Rússia e os dos alunos sobre as calotas
Estados Unidos, por exemplo. polares, e oriente uma discus-
são sobre o tema. Para maiores

Maria-José Viñas/Earth Science News Team/NASA


Maria-José Viñas/Earth Science News Team/NASA

subsídios, veja a sugestão de


leitura abaixo.
O conteúdo da página permi-
te explorar a CG2, a CEG1, além
de mobilizar o TC Educação am-
biental.

Figura 1. Calota polar no Ártico em 1979. Figura 2. Calota polar no Ártico em 2012.
As imagens de satélite mostram a progressão do derretimento das calotas de gelo na região polar norte.

Figura 3. Extensão de gelo no mar de Bering


• De acordo com os
Ericson Guilherme Luciano/
Arquivo da editora

1,2 dados do gráfico, houve


2013 uma redução da
extensão do gelo em
1,0 2018
2018, tanto em relação
média de à extensão média
Milhões de km2

0,8 1981 a 2010 (1981-2010) como em


relação à extensão
em 2013.
0,6
Fonte: MAR do Ártico tem
menor cobertura de gelo da
0,4 história. Terra, 3 maio 2018.
Disponível em: <www.terra.
com.br/noticias/climatempo/
0,2 mar-do-artico-tem-menor-
cobertura-de-gelo-da-historia,
99e3ac2cc31aa9f2d50cf543186
0 5a472s8yjc0lr.html>.
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
Acesso em: out. 2018.

Disputas territoriais nos polos • Capítulo 12 235

GEOENGENHARIA das calotas polares. Ciência e Clima. Disponível em: <https://cienciaeclima.com.br/geoengenharia-das-calotas-


polares/>. Acesso em: nov. 2018.
O texto se baseia em artigo produzido por cientistas da Finlândia e dos Estados Unidos sobre as previsões de aumento da temperatura
média global e subida do nível médio do mar, destacando o controle da taxa de retração das calotas polares como alternativa da geoen-
genharia. Segundo os pesquisadores, a intervenção poderia contribuir para frear o derretimento e retardar o aumento do nível do mar.

CAPÍTULO 12 – MANUAL DO PROFESSOR 235


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Faça a leitura compartilhada
do texto. Promova uma roda de Mudança climática: tema polêmico
conversa a fim de que os alunos
manifestem sua opinião sobre Verificam-se hoje três grupos de pesquisadores com diferentes visões sobre o aquecimento global.
a questão da mudança climá- Os céticos não concordam que esse fenômeno esteja ocorrendo e criticam o Painel Intergovernamental
tica. Para aprofundar o tema, sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que, para eles, estaria divulgando alarmes falsos que levariam à es-
proponha a realização de uma tagnação de países que estão melhorando sua situação econômica caso eles fossem obrigados a diminuir
pesquisa, conforme sugestões as emissões de gases estufa. Outro grupo é o do próprio IPCC, que afirma que, se a temperatura aumen-
a seguir. Essa seção mobiliza a tar mais que 2 oC até o fim deste século, as consequências serão desastrosas. Um terceiro grupo critica
CG2 e a CEG1, além do TC Edu- o IPCC por acreditar que a situação é ainda mais grave que a difundida pelo painel intergovernamental.
cação ambiental. Esse grupo defende que, por razões políticas, o IPCC não apresenta a situação real para evitar pânico em
Atividades massa (veja a imagem).
complementares

Enrique Castro-Mendivil/Reuters/Fotoarena
1. Proponha aos alunos uma
pesquisa sobre mudanças
climáticas no mundo com
base no seguinte roteiro:
a) definição de aqueci-
mento global e efeito
estufa;
b) causas das mudanças
climáticas e do aqueci-
mento global;
c) consequências das mu-
danças climáticas e do
aquecimento global;
d) atividades humanas
causadoras do aque-
cimento global;
e) principais gases de efei-
to estufa;
Manifestação de organizações não governamentais (ONGs) pelo controle do aquecimento
f) principais países emis- global na 20a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP20), em Lima (Peru), 2014.
sores de gases de efei-
to estufa; Mesmo entre os que acreditam na ocorrência do aquecimento global, persiste a polêmica sobre sua
g) acordos climáticos in- origem. Um grupo de cientistas associa o aquecimento à Revolução Industrial do século XVIII, quando
ternacionais; combustíveis fósseis passaram a ser empregados em quantidade cada vez maior: primeiro o carvão mi-
h) soluções propostas por neral, depois o petróleo. As emissões de carbono na atmosfera seriam a causa do aquecimento.
ambientalistas e pes-
Outros pesquisadores acreditam que a elevação da temperatura nos últimos cem anos é resultado
quisadores.
da própria dinâmica climática do planeta, sem relação com a emissão de gases de efeito estufa para a
2. Peça aos alunos que re-
atmosfera. Eles afirmam que o aquecimento é resultado de processos naturais, como erupções vulcânicas,
gistrem no caderno todos
os dados obtidos. Essas que emitem muito gás carbônico na atmosfera quando ocorrem.
informações deverão ser Apesar disso, é grande a quantidade de especialistas que reconhecem que as emissões de gases de
compartilhadas em uma efeito estufa aceleram as mudanças climáticas globais, ou seja, entendem que os processos responsáveis
roda de discussão. Crie um pelas alterações da temperatura do planeta podem ser influenciados pela ação humana. Por isso, con-
ambiente propício ao deba- cordam com a adoção de medidas preventivas, como a diminuição da queima de combustíveis fósseis.
te de ideias, estimulando • Um grupo de cientistas associa o aquecimento à Revolução Industrial do século XVIII, a partir da qual
a participação de todos. Atividade combustíveis fósseis passaram a ser empregados em quantidade cada vez maior. Outros pesquisadores
afirmam que o aquecimento é resultado de processos naturais, como erupções vulcânicas, que emitem
Ao final, os alunos devem ¥ Caracterize as duas possíveis causas para o aquecimento global apresentadas no texto. muito gás carbônico
ser instigados a apresen- na atmosfera
quando ocorrem.
tar outras possíveis solu-
ções para o problema. 236 Unidade 4 ¥ Oceania e as zonas polares

AS MUDANÇAS climáticas. WWF Brasil. Disponível em: <www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/clima/mudancas_cli


maticas2>. Acesso em: nov. 2018.
Nesta página há uma série de explicações sobre mudanças climáticas: o que é aquecimento global; o que é efeito estufa; quais as
principais consequências do aquecimento global; quais as causas das mudanças climáticas e do aquecimento global; entre outras.

236 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
2 Ártico Figura 4. Ártico – 2013 Retome alguns aspectos abor-

Catherine Abud/Arquivo da editora


180° COREIA
OCEANO DO SUL dados no início do capítulo sobre
Temperaturas muito baixas, que no
COREIA
PACÍFICO DO NORTE as regiões polares e oriente os
inverno chegam a –21 oC, dificultaram a ALASCA
Círculo
Pola CHINA
alunos a observar o mapa da fi-
presença humana no Ártico, área que

(EUA) rtic
o
gura 4. Auxilie-os na análise dos
abrange do polo norte até a latitude de 66 dados, solicitando que identifi-
quem a localização das reservas
graus norte, ou seja, até o círculo polar Ár- OCEANO
GLACIAL ÁRTICO
CANADÁ RÚSSIA MONGÓLIA conhecidas de petróleo e gás,
tico (figura 4). Portanto, ele engloba terras Polo magnético acompanhem o trajeto das ro-
emersas de diversos países, onde ocorre o 90° O
do norte
90° L tas marítimas e, principalmente,
permafrost, um solo permanentemente Polo
Norte avaliem cuidadosamente a pro-
congelado composto de rocha, gelo e ter- gressão da redução da superfície
ra, além da banquisa, que pode apresentar Groenlândia
(DIN) da banquisa, além da redução
espessura de mais de 5 m em algumas do permafrost. É interessante

IA
partes da região. propor que façam um relatório

ÂND
SUÉCIA

FINL
ISLÂNDIA
da situação.

EGA
O Ártico é muito importante para a

NORU
ESTÔNIA
circulação de navios (figura 5). Por ele é 0 990 1 980 km OCEANO
ATLÂNTICO
LETÔNIA
LITUÂNIA
Aproveite a ocasião para
0° BELARUS
mais fácil chegar à Europa partindo do relembrar a diferença entre
Reservas conhecidas Redução da superfície da banquisa Redução do permafrost
norte magnético e polo norte.
Canadá, por exemplo. Um navio que saia de petróleo e gás
Rotas marítimas
Início dos anos 2000 Extensão no início
dos anos 2000
Previsão para 2010 a 2030 Comente também a questão dos
de Vancouver (oeste do Canadá) em dire- permanentes
(caso persista a Extensão prevista
redução da calota polar) Previsão para 2040 a 2060
para 2100 interesses comerciais interna-
ção a Hamburgo (Alemanha) percorreria Previsão para 2070 a 2090
Limites de país cionais que envolvem o oceano
27 200 km se passasse pelo cabo Horn, Fonte: elaborado com base glacial Ártico, importante rota de
que fica no sul da América do Sul. Com uma passagem pelo Ártico, a distância em FERREIRA, Graça M. L.
Atlas geográfico: espaço circulação de navios, que, com
cairia para cerca de 14 970 km, sendo até mesmo menor do que a da rota que mundial. São Paulo: Moderna, o derretimento das massas de
2013. p. 115.
passa pelo canal do Panamá. gelo, permitiriam reduzir a dis-
tância do continente americano

Lev Fedoseyev/TASS/Getty Images


à Europa. Promova uma roda de
conversa sobre o assunto, colo-
cando em discussão a seguinte
questão: interesses econômicos
justificam a degradação ambien-
tal e o risco de intensificação de
catástrofes naturais?
Este tópico permite explo-
rar parcialmente a habilidade
E F 09 GE 01 e ta m b é m a
EF09GE15, a CG2, a CECH7 e
a CEG1, além do TC Educação
ambiental.

Figura 5. Navio russo passa por área congelada do oceano glacial Ártico, 2017.
Aproveite a oportunidade
Disputas territoriais O planeta branco para trabalhar com os alu-
nos a Sequência didática 3:
Direção: Jean Lemire.
Vistos a partir do Ártico, Rússia e Estados Unidos são quase vizinhos (figura 4). Canadá/França, 2006. O Ártico em questão, dis-
86 min. ponível no material digital.
A região do polo norte já foi foco de tensões na época da Guerra Fria e, recente-
Documentário sobre as
mente, tem voltado a ser alvo de disputas. Rússia (figura 6, na próxima página), diferentes paisagens do
Dinamarca, Canadá, Noruega e Estados Unidos declararam ter intenção de se Ártico ao longo das
apropriar de áreas do Ártico e dos recursos naturais nelas existentes, como petró- estações do ano e a luta
pela sobrevivência dos
leo e gás natural. Nesse caso, a batalha não é por terras emersas, mas por espaços animais da região.
marítimos para explorar recursos naturais.
Disputas territoriais nos polos • Capítulo 12 237

A MUDANÇA climática começa pelo Ártico. Ciência e Clima. Disponível em: <https://cienciaeclima.com.br/a-mudanca-climatica-no-
artico/>. Acesso em: nov. 2018.
O texto apresenta três pontos destacados no relatório do Programa de Avaliação e Monitoramento do Ártico (AMAP), que busca ava-
liar os impactos regionais das mudanças climáticas.

CAPÍTULO 12 – MANUAL DO PROFESSOR 237


Orientações didáticas

Sergey Anisimov /Anadolu Agency/Getty Images


Solicite aos alunos que ob-
servem a imagem da platafor-
ma de exploração de petróleo
russa instalada no oceano gla-
cial Ártico. Em seguida, passe à
análise da ilustração da figura 7.
Pergunte aos alunos se já
ouviram falar nessa Convenção,
que estabeleceu quatro faixas
de domínio marítimo: o mar ter-
ritorial (12 milhas náuticas), a
zona marítima contígua (mais
12 milhas náuticas), a zona eco-
nômica exclusiva (200 milhas
náuticas) e a plataforma conti-
nental. Explore com os alunos
essas áreas representadas no
esquema ilustrado.
Figura 6. Plataforma
A fim de ampliar a com- de exploração de As pretensões desses países se baseiam em conceitos estabelecidos em 1982
preensão do tema, proponha petróleo russa no mar na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que definiu quatro faixas
aos alunos uma pesquisa so- de Barents, no oceano de domínio dos países sobre o mar: mar territorial (12 milhas náuticas), zona ma-
bre a Convenção das Nações glacial Ártico, 2016.
rítima contígua (mais 12 milhas náuticas), zona econômica exclusiva (200 milhas
Unidas sobre o Direito do Mar e
as quatro faixas de domínio de- náuticas) e plataforma continental (figura 7).
finidas, orientando-os a anotar Cada país tem suas ações definidas pelas quatro faixas, porém não pode im-
as informações e sistematizá- pedir a presença de um navio de outro país com fins pacíficos.
-las em forma de relatório pa- Com base na plataforma continental estendida, um país pode reivindicar a
ra ser apresentado em sala de ampliação de seus direitos de exploração e aproveitamento de recursos naturais.
aula. A seguir, sugerimos uma Ela é definida até o limite de 350 milhas (aproximadamente 563 quilômetros) ou
fonte de pesquisa.
até o limite do encontro da plataforma com a área dos fundos marinhos. A bata-
Este tópico possibilita de- lha é, portanto, científica, já que o país, para conquistar mais território, deve
senvolver a CEG7. provar a uma comissão internacional que sua plataforma atende a esses critérios.

Figura 7. Conceitos estabelecidos pela Convenção das


Nações Unidas sobre o Direito do Mar – 1982

Adilson Secco/Arquivo da editora


Plataforma continental
interiores

territorial

Zona econômica exclusiva


Águas

Mar

200 milhas náuticas


Zona contígua
12 milhas 12 milhas
náuticas náuticas

Plataforma continental

Fonte: elaborado com base em Talude continental


DFO. Sovereignty and UNCLOS.
Disponível em: <www.dfo-mpo.
gc.ca/science/hydrography-
hydrographie/UNCLOS/index-
eng.html>. Acesso em:
out. 2018.

238 Unidade 4 • Oceania e as zonas polares

DECRETO no 99 165, de 12 de março de 1990. Câmara dos Deputados. Disponível em: <www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1990/
decreto-99165-12-marco-1990-328535-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: nov. 2018.
Decreto que promulga a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Texto traz a íntegra do tratado, assinado em 10 de de-
zembro de 1982, em Montego Bay (Jamaica), mas que só entrou em vigor após a adesão tardia dos países desenvolvidos, em 1994.

238 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Faça a leitura compartilha-
Derretimento do gelo no Ártico abre novas rotas marítimas para a Ásia da do texto, que discute a re-
lação entre o derretimento de
O declínio da quantidade de gelo flutuante no Oceano Ártico está abrindo o caminho para
gelo no Ártico e a abertura de
novas rotas de navegação para a Ásia. Neste verão do hemisfério norte, o tráfico na região já foi novas rotas marítimas para a
significativo. E novos navios estão sendo projetados para suportar impactos de icebergs duran- Ásia, resgatando o tema abor-
te viagens pela região. dado na página 235 e as dis-
Eles estavam esperando encontrar blocos de gelo, icebergs e tempestades. Como medida de cussões em torno da questão
precaução, um navio quebra-gelo russo foi enviado para proteger o cargueiro MV Nordic Barents que envolve os interesses dos
dos perigos do Oceano Ártico. países na livre navegação pelo
No entanto, a tripulação acabou se deparando com poucos pedaços de gelo que passaram oceano glacial Ártico e na explo-
pela embarcação em apenas duas ocasiões. “O quebra-gelo nuclear acabou servindo mais como ração de petróleo, gás e outros
recursos existentes na região,
peça decorativa”, afirma Felix Tschudi, da companhia de navegação responsável pela viagem do
em contraposição à preserva-
navio carregado com minério de ferro concentrado. Nesta semana, após viajar 5.700 quilômetros
ção ambiental.
pelo Mar Polar, o navio chegará ao porto chinês de Lianyungang – “e nós não tivemos que parar
A seção permite explorar a
nem uma vez sequer”, diz Tschudi com satisfação.
CG2 e a CEG1.
Com uma mistura de esperança e desconfiança, companhias de navegação, políticos e am-
bientalistas observaram até que ponto o gelo marítimo recuou em direção ao Polo Norte neste
ano. Será que a redução da banquisa polar provocará em breve uma revolução nas rotas globais
de navegação? […]
Estaria o oitavo oceano da Terra se transformando de fato em um “Canal do Panamá Tran-
santártico”, conforme disse recentemente com grande satisfação o presidente islandês Ólafur
Ragnar Grímsson? De fato, além de abrir a rota nórdica ao longo da Sibéria e da costa ártica
russa até o Extremo Oriente, a mudança climática global está desbloqueando a Passagem do
Noroeste – e criando um caminho marítimo que passa pelo centro do Ártico canadense. Nos
100 anos decorridos de 1906 a 2006, somente 69 navios, em sua maioria tripulados por explo-
radores e cientistas, aventuraram-se a fazer a viagem perigosa por essas águas repletas de gelo.
Porém, somente no ano passado,

Nick Cobbin/Greenpeace
o especialista em direito maríti-
mo canadense Michael Byers con-
tabilizou um total de 24 navios
que navegaram por essa rota. […]
Ao mesmo tempo, os magna-
tas do setor de matérias-primas
começaram a construir navios
quebra-gelo para transportar pe-
tróleo, gás e minerais extraídos
do Ártico […].
DERRETIMENTO do gelo no Ártico abre novas
rotas marítimas para a Ásia. UFJF, 2 out. 2010.
Disponível em: <www.ufjf.br/labcaa/2010/10/02/
derretimento-do-gelo-no-artico-abre-
novas-rotas-maritimas-para-a-asia/>.
Em 2010, um pedaço de gelo de cerca de 260 quilômetros quadrados
Acesso em: out. 2018. se desprendeu da geleira de Petermann, na Groenlândia.

• Os países com território no círculo polar Ártico têm a expectativa de navegar livremente pela região,
Atividade criando novas rotas de navegação, além de extrair e transportar petróleo, gás e outros recursos
existentes no Ártico.
¥ Justifique as expectativas apresentadas pelos países com território no círculo polar Ártico diante do
derretimento das geleiras na região.

Disputas territoriais nos polos • Capítulo 12 239

CAPÍTULO 12 – MANUAL DO PROFESSOR 239


Orientações didáticas
Introduza o estudo dos po- Os povos do Ártico
vos do Ártico estimulando os
alunos a relembrar o que viram Diferentes povos nativos do Ártico vivem em regiões do Alasca, Canadá,
anteriormente sobre os inuítes, Groenlândia, norte da península Escandinava e Sibéria. Entre os mais numerosos
presentes no Alasca, no Canadá estão os inuítes, no Canadá, no Alasca e na Groenlândia, e os sámis, no norte da
e na Groenlândia. A região ártica Escandinávia.
abriga outras etnias, como os Na época da colonização, os inuítes eram povos nômades que viviam da
sámis, ou lapões, originários da caça e da pesca e chegaram a fazer comércio de peles com os europeus. São
Lapônia, que ocupam o norte famosos pelos iglus, construções em gelo usadas como abrigo durante o perío-
da Escandinávia, e os iupiques,
do de caça. Ao contrário do que muitos acreditam, os inuítes não vivem em
nativos do centro-sul do Alasca
e leste da Sibéria, além dos po- iglus. Atualmente são sedentários e perderam muitas de suas características
vos alutiit e inupiat, que falam culturais originais, uma decorrência do estreito contato com a sociedade indus-
diferentes dialetos. trial. Vivem em casas aquecidas, construídas com madeira, e dedicam-se ao
Proponha aos alunos uma Figura 8. Nunavut – 2018 comércio e à prestação
de serviços, incluindo ati-
EGL Produções/Arquivo da editora

pesquisa a fim de ampliarem 100º O


Círcu

os seus conhecimentos sobre OCEANO GLACIAL vidades voltadas para o


lo P

esses povos. Veja a atividade


ÁRTICO
turismo.
ola
r

complementar sugerida a seguir. Em 1999, o governo do


Ár
tic
o

Solicite aos alunos que ob- ALASCA


Canadá separou os Terri-
servem o mapa e a imagem da (EUA) Groenlândia
(DIN)
tórios do Noroeste e criou
aldeia inuíte em Nunavut, no o território de Nunavut,
Canadá. Estimule-os a comen- que significa “nossa terra”
tar a criação do território, em NUNAVUT
OCEANO no idioma inuktitut, aten-
atendimento às reivindicações ATLÂNTICO dendo às reivindicações
dessa população, consideran-
do a importância das mobiliza- Baía de Hudson dos inuítes de um territó-
ções das minorias em prol de rio para eles (figura 8).
OCEANO
seus direitos. PACÍFICO CANADç Com cerca de 34 mil ha-
Este tópico mobiliza a N bitantes, o governo de
EF09GE03 e a CECH1. Nunavut busca aliar o co-
O L
Grandes nhecimento tradicional
Atividades Lagos
S
ESTADOS UNIDOS Limites de país aos avanços tecnológicos
complementares 0 490 980 km Limites internos
atuais (figura 9).
1. Proponha aos alunos uma
pesquisa sobre os seguin- Fonte: elaborado com base em THE GOVERNMENT OF NUNAVUT. About Nunavut. Disponível em: <www.
gov.nu.ca/eia/information/about-nunavut>. Acesso em: out. 2018. Figura 9. Vista de
tes povos do Ártico: inuí-
povoado inuíte, em
te, sámi ou lapão, iupique,
Nunavut (Canadá), 2015.
alutiit e inupiat. Para isso,

Sophia Granchinho/Alamy/Fotoarena
organize a turma em cin-
co grupos. Cada grupo de-
ve pesquisar informações
sobre um desses povos,
seguindo o roteiro abaixo:
a) região que habita;
b) área territorial;
c) história;
d) modo de vida (costu-
mes, alimentação, tipo
de moradia, vestimen-
tas, etc.);
e) idioma ou dialeto;
f) cultura (danças, festas,
tradições, etc.); 240

g) atividades praticadas.
2. Peça que façam o regis-
tro dos dados obtidos no
caderno. Em seguida, ca-
da grupo deve organizar MAZZILI, Johnny. O povo do gelo. Revista Planeta, n. 439, jun. 2010. Disponível em: <www.revistaplaneta.com.br/o-povo-do-gelo/>.
as informações em forma Acesso em: nov. 2018.
de cartaz, ilustrado com Um “povo do gelo” que divide as estações do ano em oito, pastoreia renas e reverencia a aurora boreal é o tema da reportagem, que
imagens. apresenta várias outras informações sobre os sámis.
3. Ao final, os cartazes produ-
zidos devem ser expostos
em sala de aula e comen-
tados.

240 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Os sámis, também chamados Figura 10. Lapônia – 2013 Oriente os alunos na leitu-
de lapões, são povos originários da

EGL Produções/Arquivo da editora


20° L
OCEANO GLACIAL ra do mapa da Lapônia, região
Lapônia, região no norte da Escan- ÁRTICO ocupada pelos sámis no norte
dinávia, que abrange terras da da Escandinávia, que abrange
Noruega, Suécia, Finlândia e Rús- Círc
ulo P terras da Noruega, Suécia, Fin-
olar Á
sia (figura 10). Uma carta enviada rtico
lândia e parte da Rússia. Em
por um viking ao rei Alfred da In- OCEANO
seguida, peça que observem a
glaterra, no fim do século IX, indi- ATLÂNTICO foto da figura 11, com a presen-
ca a presença muito antiga dos FINLÂNDIA ça de renas, animal de grande
sámis na região. Eles eram nôma- importância para o povo sámi.
NORUEGA Fontes: elaborado com base em
des e a base de sua subsistência SUÉCIA N RÚSSIA
MAIXNER, Miroslav. Konstrukce
Aproveite para perguntar aos
eram as renas. Sámské Etnické Identity. p. 11. alunos o que mais eles sabem

o
áltic
Mar do O L Disponível em: <https://is.muni. sobre a Lapônia. Como curiosi-
Os sámis são especialistas em Norte cz/th/vw94m/dipl.pdf>. Acesso

rB
em: nov. 2018; CALDINI, Vera; dade, comente que a Lapônia é
gelo, o que contribui significati-

Ma
S
Lapônia ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico
Limites de país 0 300 600 km chamada de “fim do mundo” e
vamente para a glaciologia (ciên- Saraiva. São Paulo: Saraiva,
2013. p. 119. conhecida como “terra do Pa-
cia que estuda os fenômenos li- pai Noel”.
gados ao frio), e em criação de renas, usadas historicamente como fonte de Este tópico permite mobili-
carne, couro, artesanato e tração (figura 11). No passado, eles se deslocavam zar a habilidade EF09GE03 e
para o litoral durante o inverno e retornavam para o interior no verão. Atual- a CECH1.
mente, vivem em casas aquecidas e têm acesso a todo tipo de tecnologia da
sociedade industrial, como smartphones e snowmobiles (modernos trenós
motorizados). Nas últimas décadas, as atividades turísticas também têm se
desenvolvido na região. Figura 11. Turistas em
passeio de trenós
Na Finlândia, uma mudança na Constituição, em 1995, garantiu os direitos
puxados por renas em
fundamentais dos sámis no país, como o de manter seu idioma e sua cultura Kittilä, cidade na região
e o de ter o próprio parlamento. Em 2000 a Noruega criou um fundo mone- da Lapônia (Finlândia),
tário, administrado pelo parlamento sámi, como forma de compensação cole- 2015. A rena tem
tiva pelos danos causados pela colonização. importância
fundamental para o
povo sámi.
Parker Photography/Alamy/Fotoarena

Disputas territoriais nos polos • Capítulo 12 241

Ministério das Relações Exteriores da Finlândia


<www.finlandia.org.br/public/default.aspx?contentid=124273>
Página com diversas informações sobre o povo sámi, nativo da Lapônia.

CAPÍTULO 12 – MANUAL DO PROFESSOR 241


Orientações didáticas
Explore com os alunos as Tratado Antártico
A partir deste tratado os
3 Antártida
figuras 12 e 13, destacando os
recursos naturais presentes na países deixaram de lado A Antártida é constituída de uma massa territorial de 13,7 milhões de km2. O
as reivindicações
Antártida. Chame a atenção pa- continente é cercado pelos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico. Como está em
territoriais e passaram a
ra a projeção do mapa. Ressalte apoiar a proteção do latitude muito elevada, apresenta temperaturas sempre baixas ou extremamente
as dimensões da massa conti- continente, que deve baixas, podendo atingir até 289 oC. Por isso, o continente é recoberto de gelo.
permanecer sem uso
nental e a extensão de sua ban- Além da massa continental, a Antártida possui uma banquisa cuja extensão varia
quisa, cuja área pode atingir até econômico e militar,
sendo permitida de acordo com as estações do ano. No inverno, sua área pode atingir 19 milhões
19 milhões de km2 no inverno, somente a instalação de de km2 e, no verão, restringir-se a 2 milhões de km2 ou menos.
reforçando a importância des- bases científicas por
sa grande massa de gelo para meio da cooperação
Como foi “descoberta” depois do Ártico, a Antártida recebeu esse nome pela
a manutenção da temperatura internacional. posição geográfica que ocupa, oposta ao outro extremo da Terra. A região, porém,
do planeta. apresenta uma situação distinta, pois é um conti-
nente recoberto de gelo (figuras 12 e 13).
Aproveite para promover a Figura 12. Antártida: recursos naturais
interdisciplinaridade com a O continente antártico possui importantes recur-
Catherine Abud/Arquivo da editora

área de Ciências, explicando Oeste de


50º
Leste de
sos naturais, como minério de ferro, carvão e petró-
Greenwich 0º Greenwich
para a turma que, na Antárti- leo (figura 12). No entanto, esses recursos são prote-
da, é comum a ocorrência de 60º gidos da exploração pelo Tratado Antártico,
desprendimento de icebergs ulo Polar Antártic firmado no ano de 1959 com o objetivo de evitar
Círc o
gigantes, mas o que preocupa disputas territoriais pelo continente, reivindicado à
os estudiosos são os glaciares,
AMÉRICA
época por Argentina, Chile, Austrália, Nova Zelândia,
ou geleiras, que existem atrás 80º
DO SUL França, Noruega e Reino Unido.

ANTÁRTICO
deles. Segundo os pesquisado-
res, a fenda na plataforma de
Polo Sul
Atualmente, a Antártida é um território interna-
gelo Larsen C, a quarta maior cional, ou seja, nenhum país exerce soberania sobre

IA L
do continente antártico, apre- o continente. Isso, porém, não significa que não haja
AC
GL
sentou crescimento significati- países interessados em exercer o controle sobre suas
O
N
EA

vo em 2017, e essa fratura pode


Petróleo
O
C áreas (veja nas seções Olhar interdisciplinar e Fique
desencadear efeitos colaterais Carvão por dentro, a seguir).
que podem levar décadas a se Minério de ferro
manifestar. Krill Fonte: elaborado com base
Bacalhau 180º 0 845 1 690 km em FERREIRA, Graça M. L. Figura 13. Vista da
Destaque o Tratado Antártico, Atlas geográfico: espaço
Antártida em 2018.
mundial. São Paulo:
assinado em 1959 com o obje- Moderna, 2013. p. 114.
tivo de frear a disputa territorial

Alexandre Meneghini/Reuters/Fotoarena
pelo continente, reivindicado
por diferentes países. Naquele
momento, argumentos distintos
eram defendidos na tentativa
de garantir a soberania sobre a
Antártida. Noruega e Reino Uni-
do, por exemplo, reivindicavam
o descobrimento do continen-
te, argumentando que, por ser
inabitado, deveria pertencer a
quem o encontrou primeiro. Já
Argentina e Chile argumenta-
vam a seu favor ter maior tem-
po de presença no continente,
que foi ocupado pelo povo ona,
habitante da Patagônia. Mostre
em um mapa a localização des-
sa região, situada no sul dos
territórios argentino e chileno.
Promova a interdisciplina- 242
ridade com a área de História
acrescentando que os onas,
também conhecidos como ona-
wo ou selk’nam, foram um dos
últimos grupos nativos da Amé- terras geladas a partir das ilhas da Terra do Fogo. Acredita-se que o
rica do Sul a serem encontrados nome Terra do Fogo tenha sido dado pelos primeiros exploradores
pelos europeus, no final do sé- em referência às fogueiras acesas pelos nativos. Para ampliar os
culo XIX. Com a descoberta de conhecimentos, solicite aos alunos uma pesquisa sobre os onas:
ouro na região habitada por es- modo de vida, tradições, etc.
se povo indígena de caçadores Este tópico permite mobilizar parcialmente a habilidade
do Paleolítico, tiveram início a EF09GE01 e também a EF09GE15, as CEG5 e CECH7, além do
exploração e a colonização da TC Educação ambiental e do TC Diversidade cultural.
Patagônia, que adentrava as

242 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Olhar interdisciplinar História Olhar interdisciplinar –
História
A quem pertence a Antártida? Esta seção apresenta dife-
Ao contrário do Brasil ou da Austrália, que já tinham habitantes quando os europeus os rentes soluções que poderiam
“acharam”, não havia ninguém na Antártida quando ela foi visitada pela primeira vez. Logo, a ser adotadas para resolver o im-
passe sobre a posse da Antárti-
solução mais óbvia seria que o continente pertencesse ao primeiro a encontrá-la. Mas essa é uma
da, além de convidar os alunos
solução impossível porque ninguém sabe exatamente quem foi o primeiro a encontrar o conti- a propor uma solução para a
nente. A hipótese mais provável é que tenham sido baleeiros escoceses ou americanos. Mas, como questão. Ressalte que o conti-
navegavam em segredo, nunca disseram onde realmente haviam estado. nente é uma área estratégica,
Outra solução é – como no caso bra- com presença de recursos na-

Universal History Archive/Getty Images


sileiro ou australiano – pertencer ao turais e acesso a três oceanos
primeiro país a colonizar. Mas há um (Pacífico, Índico e Atlântico).
outro problema aqui: ninguém nunca Aponte cada uma das solu-
colonizou o continente porque ele é ina- ções apresentadas pelo texto
bitável de forma permanente. [...] Se isso e estimule os alunos a refletir
já não impossibilitasse essa solução, vá- sobre quais seriam os impas-
rios países começaram a enviar explora- ses políticos delas.
dores ao continente ao mesmo tempo Após a realização da ativi-
�japoneses, noruegueses, britânicos, etc.�. dade, solicite aos alunos que
Logo, essa solução é também difícil de exponham suas propostas aos
demais colegas e promova uma
ser adotada. Mas há duas soluções que
discussão sobre os possíveis
não olham dados históricos, mas elemen- ganhos com as soluções apre-
tos técnicos e atuais. A primeira é usar sentadas, bem como os entra-
um sistema parecido com o usado para ves a elas.
determinar a quem pertencem as águas É possível explorar a CECH3
territoriais: seguir as linhas longitudi- e a CEG1.
nais convergindo na região antártica.
Funciona mais ou menos assim: você
vira o globo de forma que a Antártida
esteja diretamente na sua frente e vê que Entre o século XIX e XX, diversos países enviaram expedições
para a Antártida. Na imagem, o norueguês Roald Amundsen, El País
países estão na vizinhança. [...]
cuja equipe é considerada a primeira a chegar ao polo sul, <https://brasil.elpais.com/
Mas, usando esse método, há um pro-
em 1912. tag/antartida>
blema grande de ordem política: as gran-
Esta página do jornal El
des potências econômicas e militares – Rússia, EUA, China, etc. – estão quase todas no hemis-
País traz uma série de no-
fério Norte, e por isso quase nenhuma teria direito a qualquer área, e isso dificulta um acordo.
tícias e reportagens sobre
�O ”quase todas” é porque nações como França e Reino Unido têm ilhas sob seu protetorado no a Antártida.
hemisfério sul. Isso explica, por exemplo, por que as ilhas Malvinas são tão importantes para o
Reino Unido�. A outra solução é simplesmente dividir o continente entre aqueles que têm inte-
resse nele. E que forma melhor de demonstrar interesse do que olhar quem tem base no conti-
nente? Por isso todos os países que querem ter a possibilidade de ter uma parcela do continente
mantêm uma base lá, inclusive o Brasil.
POR que ter uma base na Antártida é importante juridicamente? Folha de S.Paulo, 27 fev. 2012. Disponível em: <http://direito.folha.uol.com.br/
blog/por-que-ter-uma-base-na-antrtica-importante-juridicamente>. Acesso em: nov. 2018.

• Resposta pessoal. No entanto, espera-se que os alunos compreendam as tensões e os conflitos (políticos,
Atividade econômicos, ambientais) que envolvem a questão da exploração e do domínio do continente antártico.
¥ Em sua opinião, entre as soluções apresentadas no texto, qual é a melhor maneira de definir a quem
pertence a Antártida? Caso você não concorde com nenhuma delas, qual seria sua sugestão? Justifique
sua resposta.

Disputas territoriais nos polos • Capítulo 12 243

Icebergs e glaciares
ZAO, Chen; WATSON, Christopher; KINGS, Matt. Não se preocupe com o enorme iceberg antártico, mas com os glaciares que há atrás dele. El
País. 24 jul. 2017. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/20/ciencia/1500552245_187401.html>. Acesso em: nov. 2018.
O artigo apresenta informações sobre os icebergs da Antártida e as preocupações dos cientistas em relação aos glaciares e aos efei-
tos colaterais da fenda na plataforma de gelo Larsen C.

CAPÍTULO 12 – MANUAL DO PROFESSOR 243


Orientações didáticas
Fique por dentro Fique por dentro
Ao explorar o texto da seção
Fique por dentro, estimule os Países entram na corrida por espaço no fim do mundo antártico
alunos a relacioná-lo com a dis-
[...] A Rússia construiu a primeira igreja ortodoxa da Antártida sobre o morro próximo à sua
cussão levantada pela seção
Olhar interdisciplinar – História, base de pesquisas, transportando troncos da Sibéria.
da página 243. Ressalte que a A menos de uma hora de snowmobile, ou “motoneve”, trabalhadores chineses reformaram a
instalação de bases científicas Estação Grande Muralha [...].
na Antártida também é uma es- Sem ficar para trás, a nova base futurista da Índia, Bharathi, construída sobre palafitas
tratégia geopolítica, que visa usando 134 contêineres de navios entrelaçados, parece uma espaçonave. A Turquia e o Irã tam-
garantir, a possibilidade de rei- bém anunciam planos de construir bases.
vindicar, no futuro, a exploração Mais de um século se passou desde

Xinhua News Agency/Agência France-Presse


dessas terras, que atualmen- que exploradores correram para plan-
te são proibidas pelo Tratado
tar suas bandeiras no fim do mundo, e
Antártico.
durante as próximas décadas este con-
tinente ainda deverá estar protegido
como reserva científica, a salvo de in-
vasores como atividades militares e
mineração.
Mas diversos países estão correndo
para exercer maior influência aqui, de
olho não apenas no dia em que esses
tratados protetores expirarem, mas
também nas oportunidades estratégi-
cas e comerciais que existem hoje. Estação de pesquisa chinesa na Antártida, 2018.
[...]

Petróleo e diamantes
A riqueza mineral, de petróleo e gás do continente gelado são um prêmio para o longo prazo.
O tratado que proíbe a mineração aqui – cobrindo reservas cobiçadas de minério de ferro, carvão
e cromo – deverá ser revisto em 2048 e poderá ser contestado antes disso. [...]
Além dos tratados antárticos, persistem enormes obstáculos para o aproveitamento desses
recursos, como icebergs �ou banquisas� que podem pôr em risco as plataformas oceânicas. Depois
há as distâncias da Antártida, [...] onde as temperaturas no inverno giram em torno de –20 graus
centígrados.
Mas os avanços tecnológicos poderão tornar a região muito mais acessível daqui a 30 anos.
E mesmo antes disso os cientistas tentam determinar como a mudança climática poderá mo-
dificar o acesso a algumas regiões antárticas, potencialmente desestabilizando a camada de
gelo do continente ou esgotando as populações de krill no oceano Antártico.
Estudiosos também advertem que a demanda por recursos em um mundo faminto por
energia poderá aumentar a pressão para se renegociar os tratados da Antártida, possivelmente
permitindo mais empreendimentos comerciais aqui muito antes que expirem as proibições.
ROMERO, Simon. Países entram na corrida por espaço no fim do mundo antártico. Uol notícias, 31 dez. 2015.
Disponível em: < https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/the-new-york-times/2015/12/31/
paises-entram-na-corrida-por-espaco-no-fim-do-mundo-antartico.htm>. Acesso em: nov. 2018.

• Ao instalarem bases e estações de pesquisa na Antártida, os países têm interesses para além das
descobertas científicas. Eles buscam aumentar sua influência no continente, de olho não apenas no
Atividade dia em que os tratados de proteção expirarem, mas também nas oportunidades estratégicas e
comerciais que existem hoje.
¥ Quais são os interesses dos países ao instalarem bases e estações de pesquisa na Antártida?

244 Unidade 4 ¥ Oceania e as zonas polares

244 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Enquanto isso no BRASIL Orientações didáticas
Enquanto isso no Brasil
O texto da seção destaca o
Programa Antártico Brasileiro
Programa Antártico Brasileiro � PROANTAR (PROANTAR). Ressalte a impor-
Estudar a Antártica é entender o Brasil. Apesar de parecer longínquo, a Antártica está mais tância da existência da Base
próxima das capitais dos Estados do Sul do que Roraima, por exemplo. O Programa Antártico Comandante Ferraz para a for-
Brasileiro �PROANTAR�, que em 2017 completa 35 anos de atuação, é um programa de Estado mação de cientistas e o desen-
volvimento de pesquisas em
cujos objetivos estão relacionados, por exemplo, à produção de conhecimento científico sobre a
diversas áreas do conhecimen-
Antártica e suas relações com o restante do sistema climático global, envolvendo a criosfera, os
to, o que implica a permanência
oceanos, a atmosfera e a biosfera. do Brasil no Tratado Antártico.
Este Programa, instalado oficialmente no final dos anos 1970, conta com a participação de membros Se julgar oportuno, solicite aos
da comunidade científica desde o verão de 1982/83. Neste ano de 2017, o Tratado da Antártida come- alunos uma pesquisa para a
mora 59 anos de assinatura. O Brasil é membro pleno do Tratado da Antártida desde 1975. obtenção de mais informações
O artigo IX do Tratado da Antártida determina que os países que se tornaram membros por adesão, sobre o PROANTAR e o Tratado
como é o caso do Brasil, mantenham um substancial programa científico, para ter direito a participar Antártico.
das reuniões, no âmbito do Tratado, que decidem o futuro da região. Neste contexto, é a produção cien- A seção favorece a mobilização
tífica que garante papel ativo do país nas decisões sobre a preservação ambiental e o futuro político do da CG1 e da CEG2.
continente Antártico �13,6 milhões de km²� e do oceano Austral �36 milhões de km²�.
Assim, realizar pesquisas científicas, tecnológicas ou inovação de alta qualidade naquele con-
tinente possibilita ao Brasil participar das Reuniões Consultivas do Tratado da Antártida �ATCM�
em condições de propor medidas aos demais países que são Partes no Tratado, e tomar decisões e
resoluções no sentido de promover os princípios e objetivos do mesmo. […]
O PROANTAR tem como propósito a realização de substancial pesquisa científica na região
antártica, com a finalidade de compreender os fenômenos que ali ocorrem e sua influência sobre o
território brasileiro, contribuindo, assim, para a efetivação da presença brasileira na região. […]
A Estação Antártica Comandante Ferraz foi instalada em 6 de fevereiro de 1984, dois anos após
a criação do PROANTAR.
Está localizada na Península Keller, interior da Baía do Almirantado, na Ilha Rei Jorge. Desde a
sua instalação, a estação vem contribuindo de forma decisiva para a formação de centenas de cientistas
e a construção de um grande acervo de estudos em diversas áreas do conhecimento.
Destruída em um incêndio em 2012, a nova estação está sendo reconstruída no mesmo local
da estação anterior e dará novo impulso às

Vanderley Almenida/Agência France-Presse


pesquisas científicas desenvolvidas no âmbito
do PROANTAR. […]
As operações antárticas são anuais e dividi-
das em duas fases: a de verão, englobando os
meses de outubro a março, com intensa ativida-
de científica, e a de inverno, de abril a setembro,
quando os voos à Antártica são reduzidos e a
atividade de pesquisa conta com sensores de
coleta de dados remoto.
BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Programa Antártico Brasileiro – PROANTAR. Disponível em: <www.mctic.
gov.br/mctic/opencms/ciencia/SEPED/Antartica/proantar/Programa_
Antartico_Brasileiro__PROANTAR.html>. Acesso em: out. 2018. Navio brasileiro em expedição na Antártida, em 2014.
1. A existência da Estação é fundamental para a formação de cientistas e para o
desenvolvimento de pesquisas em diversas áreas do conhecimento,
Atividades pré-requisito para a manutenção do país no Tratado da Antártida.
1. Explique a importância da Estação Antártica Comandante Ferraz para o Brasil.
2. Por que as operações não ocorrem com a mesma regularidade durante todo o ano?
2. As operações não ocorrem com a mesma regularidade, concentrando-se entre os meses de outubro
e março, por causa das dificuldades de realização de voos no inverno. Disputas territoriais nos polos • Capítulo 12 245

CAPÍTULO 12 – MANUAL DO PROFESSOR 245


Orientações didáticas
Você em ação
A seção Você em ação, apre-
sentada sempre ao final dos
capítulos, busca verificar a
VOCÊ EM ação
apreensão dos conhecimen-
tos adquiridos pelos alunos,
por meio da proposição de ati-
Pratique
vidades. É esperado que, em um 1. Apresente uma consequência negativa e uma positiva, para as sociedades humanas, do derretimento das
primeiro momento, organizem e geleiras polares.
sistematizem tais conhecimen- 2. Identifique o documento internacional que regulamenta o direito ao uso marítimo de cada país.
tos, para que, em um segundo
momento, possam se dedicar 3. Descreva as características do modo de vida tradicional dos povos inuíte e sámi e compare-as com as do
ao desenvolvimento de outras modo de vida atual.
habilidades. 4. Canadá, Noruega e Finlândia são países que passaram a respeitar os povos nativos, com leis que garantem
De modo geral, as atividades a eles o direito aos seus territórios e à manutenção de sua cultura. Considerando o processo histórico de
trabalham as competências ge- ocupação e colonização realizado pelos europeus, avalie a importância desse tipo de lei para os povos na-
rais propostas para a área de tivos em geral.
Ciências Humanas pela BNCC, 5. Caracterize o Ártico e a Antártida em relação às terras emersas.
como a capacidade de comuni-
cação textual, oral, individual Analise o mapa
e/ou em grupo. Além disso, elas
buscam preparar os alunos pa- 6. Explore o mapa, orientando-se pela legenda.
ra a argumentação diante de A partir da análise da imagem, explique a variação da área da Antártida ao longo do ano.
situações contextualizadas,
e, em outros casos, abordam O continente antártico e sua banquisa
temas relacionados ao autoco-
Catherine Abud/Arquivo da editora

nhecimento e ao autocuidado. 90º O

As atividades em grupo, em
especial, contribuem para que 60
ºS Comandante Ferraz
BRA POL
os alunos desenvolvam a em- I C
O
Ant
ártico EUA
ARG
lar
patia e a cooperação, o senso de Í F lo
Po RUN CHI
C rcu ca RUN
A Cí rti
responsabilidade e a cidadania. ICO ARG
RT
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TÁ A

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N
ula

E
A EUA

A
e Weddell
Pratique
íns

Vinson Mar d

N
4 897 m
Pen

O
1. Consequências negativas:
L

Terra de
O

Banquisa
IA

Marie Byrd Banquisa de Ronne


AC

AT
A N

de Getz
GL

elevação do nível do mar,


OCE
EUA
O C E

d e Ross

que afetará as populações


NTIC
ARG RUN
ANO
OCEANO

EUA
e as cidades litorâneas; de- Polo sul Terra de
M ar

Coats ALE
geográfico
saparecimento de ilhas na Banquisa Meridiano de Greenwich RAS O
180º 0º
GLACIAL

de Ross EUA
EUA
Oceania; risco de desabas- EUA EUA Kirkpatrick
4 528 m
Terra da RUS
Rainha Maud
tecimento em regiões que NZL
Polo
BEL
Terra de magnético
dependem de águas de ge- RUS Vitória sul
AN

leiras, etc. Consequências


RUS Terra de
RT

positivas: derretimento do FRA Enderby


O
IC

JAP

gelo do solo de permafrost,


FRA
O

Terra de PLANALTO
AMERICANO RUS
I

Wilkes
D

tornando-o agricultável, AUS


N

AUS Í
e possível aproveitamen- Limite da banquisa no inverno
AUS
RUS
to de rotas de navegação Limite da banquisa no verão N
O

pelo Ártico. Pico E A


O C
Zona de icebergs
2. Trata-se da Convenção das Banquisa permanente Fonte: elaborado com base
em CALDINI, Vera; ÍSOLA,
Nações Unidas sobre o Di- Estação de pesquisa 90º L 0 670 1 340 km
Leda. Atlas geográfico
reito do Mar, de 1982. Saraiva. 4. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013. p. 161.
3. Tradicionalmente os povos
inuíte e sámi eram nôma- 246 Unidade 4 • Oceania e as zonas polares
des e viviam da caça e da
pesca. Atualmente, têm
seu modo de vida influen-
ciado pela sociedade in-
ocupado, sendo expulsos de suas terras, muitas vezes dizimados pelas banquisas no mar territorial. Já a Antártida é um verda-
dustrial, sendo sedentários
ou tendo sua cultura subjugada. Por isso, é muito importante deiro continente recoberto de gelo, no extremo sul da Terra.
e vivendo em casas com
que os países reconheçam os abusos cometidos historica-
aquecimento e produtos Analise o mapa
mente e estabeleçam formas de compensação coletiva pelos
eletroeletrônicos.
danos, como demarcação de territórios, fundos financeiros e 6. A área da Antártida varia de acordo com as estações do ano.
4. Os povos nativos das regiões reconhecimento político. Durante o inverno, ocorre o congelamento das águas ao re-
que sofreram processo de
5. O Ártico é definido a partir do polo norte até a latitude de 66 dor do continente, aumentando sua área territorial. Durante
ocupação e colonização eu- o verão, há o descongelamento de boa parte dessa área, re-
graus norte, e engloba terras emersas de diversos países,
ropeias tiveram seu territó-
as quais se caracterizam pelo solo congelado (permafrost) e duzindo seu tamanho.
rio reduzido ou totalmente

246 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Analise a imagem
Analise a imagem Com o derretimento das calotas polares, o
7. Os sámis são tradicionais
número de navios que utilizam a nova via está
7. Observe a imagem e elabore uma legenda descre- criadores de renas, das
aumentando. Somente neste ano, o governo rus-
vendo o modo de vida dos sámis, na Lapônia. quais eles obtêm alimen-
so já autorizou a passagem de mais de 400 em-
to, couro e tração para
barcações na sua região costeira ao norte. Alguns
Paolo Airenti/Shutterstock

transporte. Atualmente,
pesquisadores, como o meteorologista norte- também desenvolvem ati-
-americano Mark Serreze, acreditam que, caso vidades ligadas ao turismo
as temperaturas continuem subindo, todo o e mesclam usos e costu-
Polo Norte está livre de gelo no verão de 2030. mes tradicionais com os
Mas a rota marítima do Norte também tem ocidentais.
seus riscos. Embora a via seja navegável no verão, 8. Mar territorial – extensão:
ainda há muitos icebergs que apresentam perigo 12 mn/22 km.
para as embarcações. Para usar esse caminho, os
Zona de exploração ex-
navios precisam ter um piloto russo a bordo. Em
clusiva – extensão: 200
alguns casos, eles precisam ser acompanhados
mn/370 km.
por um quebra-gelo russo movido a energia
Plataforma continental –
nuclear. Todas essas medidas aumentam o preço
extensão: 200 mn/370 km
Povo sámi na Lapônia (Suécia), no inverno de 2018. do frete e relativizam as vantagens econômicas
(pode ser estendida até
em relação à via tradicional.
8. Observe o esquema apresentado na figura 7 (pá- 350 mn).
A indústria conhece esses riscos e muitas
gina 238), “Conceitos estabelecidos pela Conven- Analise o texto
empresas ainda preferem navegar pelo Canal
ção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar”. 9. Vantagens: menor duração,
de Suez. Anualmente, 20 mil navios utilizam
Monte em seu caderno um quadro como o do menor consumo de combus-
esse caminho, ou seja, apenas uma pequena
modelo a seguir e preencha-o com as informações tível, não apresenta risco
parcela percorre a rota marítima do Norte. “Até
do esquema. provocado pela pirataria ou
essa via atingir seu potencial máximo, ainda
serão precisos alguns anos”, diz Koch. por instabilidade política, me-
Conceito Extensão Mas a navegação pela rota marítima do nor custo, melhor planeja-
Mar territorial Norte pode causar sérios danos ao meio am- mento de datas de entrega.
biente. Segundo o especialista do Greenpeace Desvantagens: risco de aci-
Zona de exploração exclusiva Jörg Feddern, ao contrário da Antártida, o Polo dentes com icebergs, neces-
Norte ainda não é uma área internacional de sidade de navios quebra-gelo
Plataforma continental e pilotos especialistas, risco
proteção ambiental.
E navios movidos a óleo pesado que navegam de danos ambientais, que po-
dem ser causados por vaza-
Analise o texto pela região poluem a região. Há também o risco
mento de óleos e acidentes
de essas embarcações se chocarem com icebergs,
9. Com base na leitura do texto a seguir, identifique o que poderia causar uma catástrofe, colocando
com as embarcações.
as vantagens e desvantagens apresentadas pela em risco a vida no Ártico […]. Trabalhe em grupo
rota de navegação do norte em relação à rota CHINA inaugura rota marítima mais curta que cruza o Polo Norte. DW. 10. Oriente cada grupo a ar-
convencional. Disponível em: <www.dw.com/pt-br/china-inaugura-rota-mar%C3%ADtima-
mais-curta-que-cruza-o-polo-norte/a-17082336>. Acesso em: out. 2018. gumentar quando for sua
China inaugura rota marítima mais vez e a escutar quando ou-
curta que cruza o Polo Norte Trabalhe em grupo tro grupo estiver falando.
[…] a indústria marítima enfrenta problemas 10. Com a sala dividida em quatro grupos, pesquisem Se achar necessário, sugi-
argumentos sobre as diferentes posições de cientistas ra temas relacionados ao
com a constante alta dos preços do petróleo
a respeito do aquecimento global. Concluída a pes- aquecimento global para
e uma rota mais curta traria mais lucros.
quisa, preparem-se para um debate em sala de aula. direcionar o debate.
Além dos estaleiros, os comerciantes também
se beneficiariam com a diminuição dos preços Cada grupo desempenhará um dos seguintes papéis:
para o transporte. • Grupo 1: representante dos pesquisadores que
Segundo Philip Koch, especialista da Câmara apontam a gravidade do aquecimento global.
de Comércio de Hamburgo, com a diminuição do • Grupo 2: representante do Painel Intergovernamen-
tempo de viagem também seria possível planejar tal sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
melhor as datas para a entrega. “Isso poderia dar • Grupo 3: representante dos céticos.
um novo impulso ao comércio”, diz. • Grupo 4: deve formular as perguntas para o debate.
Disputas territoriais nos polos • Capítulo 12 247

CAPÍTULO 12 – MANUAL DO PROFESSOR 247


Orientações didáticas
Geografia em
Geografia em outras linguagens
outras linguagens Manifestação artística
Esta seção promove a in-
tegração da Geografia com
a tradição maori do haka, da O haka, a dança maori
Nova Zelândia. Aproveite para Você já ouviu falar do haka? Trata-se da dança praticada pelos maoris, povos
traçar um paralelo com dan- nativos da Nova Zelândia. Assim como outras tradições desses povos, o haka é um
ças tradicionais de povos in- exemplo de transferência de conhecimento por meio da oralidade. A dança é prati-
dígenas brasileiros, como a
cada em grupo e é acompanhada de instrumentos de percussão, armas tradicionais,
“dança do fogo”, executada
durante o ritual do Kuarup. cantos, gritos, caretas, tapas em diversas partes do corpo e batidas no chão. Todos
Para mais informações, con- esses elementos simbolizam uma demonstração de identidade, orgulho, força e
sulte o site do Museu do Índio. vigor de uma determinada tribo.
Disponível em: <www.museu Os hakas podem representar diversas situações, como a busca pela fé e ajuda
doindio.gov.br/educativo/pes espiritual, uma forma de afugentar o inimigo ou de simbolizar a paz e a prepa-
quisa-escolar/968-o-kuarup- ração física e mental dos guerreiros prestes a enfrentar uma batalha.
e-uma-festa-para-celebrar-a-
Assim como os hakas, outros elementos da cultura foram se perdendo com a
memoria-dos-mortos>. Acesso
repressão sofrida por esses povos durante o processo de colonização britânica
em: nov. 2018.
ocorrido no século XIX. No entanto, nos últimos anos, a
Michael Bradley/Agência France-Presse

A seção permite mobilizar a


sociedade neozelandesa, com o apoio do governo do país,
habilidade EF09GE03, a CG3
e o TC Diversidade cultural. vem reunindo esforços para dar maior visibilidade a essa
parcela da população. Além do aumento da representação
política, os elementos culturais maoris têm sido valorizados
tanto no país como no exterior.

Maoris dançam haka antes de partida de


rúgbi, em Rotorua (Nova Zelândia), 2018.
Photo12/UIG/Getty Images

Maoris dançam haka em 1900.

248 Unidade 4 ¥ Oceania e as zonas polares

248 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Esporte promove a cultura maori 1. Durante o processo de
colonização da Nova Aqui se mobiliza a habilidade
O rúgbi é um esporte de origem britânica. A Seleção Neozelandesa de Rúgbi Zelândia e Austrália,
países situados na EF09GE01 ao utilizar a populari-
Union, popularmente conhecida como Originals All Blacks, é a equipe nacional e Oceania, diversos dade e a integração cultural e ra-
costuma realizar a dança haka no início das partidas. Ela é responsável pela popu- aspectos culturais,
políticos e sociais da cial da equipe de rúgbi da Nova
larização da dança em todo o mundo. Ao realizar a dança, o time tem o objetivo metrópole britânica Zelândia como exemplo da forte
foram levados para a
de demonstrar a força e a unidade dos atletas, que são de diferentes origens, isto colônia e incorporados influência europeia em diferen-
é, descendentes dos povos nativos, britânicos e dos demais grupos culturais que pelos povos nativos. tes lugares do mundo. Trata-se
Atualmente, o rúgbi,
vivem ali. É considerado um exemplo de integração racial e cultural. modalidade esportiva também de uma oportunidade
O haka dançado pelos All Blacks é um dos mais famosos. Denominado Ka Mate, trazida pelos de trabalhar a CG3 ao estimular
colonizadores, é um
foi criado em 1820 pelo chefe maori Te Rauparaha da tribo Ngati Toa, que pediu dos esportes mais que os alunos valorizem outras
proteção espiritual ao ser perseguido por inimigos de tribos rivais. Apesar de Ka populares da Nova
Zelândia, sendo
manifestações culturais e ob-
Mate significar “É a morte”, o canto entoado durante a dança comemora a vida e praticado tanto pelos servem os elementos da for-
representa um pedido de maior confiança e proteção aos guerreiros. Veja a letra descendentes de
europeus como pelos
mação de grupos e identidades
e a respectiva tradução, bem como os movimentos do haka Ka mate a seguir. povos nativos do país. diferentes dos brasileiros.
Em resumo
O ‘Ka Mate’ e seu significa o

Reprodução/Arquivo da editora
Esta seção, presente ao fi-
Ka mate, ka mate! ka ora! ka ora! nal de todas as unidades deste
Ka mate! ka mate! ka ora! ka ora! volume, resume em tópicos os
Tēnei te tangata pūhuruhuru temas estudados ao longo dos
Nāna nei i tiki mai whakawhiti te rā capítulos 10, 11 e 12. Ela pode
Ā, upane! ka upane! ser utilizada pelos alunos, por
Ā, upane, ka upane, whiti te ra! exemplo, para a realização de
uma espécie de autoavaliação:
�tra ução�: Quais são os temas que eu pre-
É a morte! É a morte! É a vida! É a vida! ciso revisar?.
É a morte! É a morte! É a vida! É a vida!
Esse é o homem feroz e poderoso
Que fez com que o sol brilhasse de novo para mim
Suba a escada! Suba até o topo!
O sol brilha!
CANTÓ, Pablo. Conheça o significado do ‘haka’, a dança tribal maori que
virou símbolo dos All Blacks. El País, 20 out. 2017. Disponível em: <https://brasil.
elpais.com/brasil/2017/10/19/cultura/1508405168_363160.html>.
Movimentos do haka Ka Mate praticados pela
Acesso em: out. 2018. equipe nacional neozelandesa de rúgbi.

2. Resposta pessoal. Espera-se


Atividades que o aluno indique que a
prática da dança haka é uma
1. Com base no que foi discutido no texto acima, como é possível observar a influência forma de promover a cultura
europeia na Oceania? e o respeito às minorias
étnicas, como os povos
2. Em sua opinião, qual é a importância de a equipe neozelandesa de rúgbi praticar maoris, no mundo todo. É
importante esclarecer que a
a dança haka durante as partidas? equipe neozelandesa de
rúgbi é considerada um
exemplo de integração racial
e cultural em um país com

Em resumo
uma grande diversidade de
povos.

Nesta unidade você estudou:


• no capítulo 10: quadro natural da Oceania; relevo, recursos minerais e mineração marinha; clima e vegetação original;
• no capítulo 11: Oceania: economia, sociedade e população da Melanésia, Micronésia, Polinésia, Austrália e Nova Zelândia;
• no capítulo 12: redução das geleiras nos polos; disputas territoriais no Ártico; populações tradicionais do Ártico; disputas
territoriais na Antártida.

Disputas territoriais nos polos • Capítulo 12 249

CAPÍTULO 12 – MANUAL DO PROFESSOR 249


Orientações didáticas
Cidadania ativa
A seção destaca o combate
ao trabalho escravo. Oriente os
alunos a ler o mapa. Ressalte
Cidadania ativa
o papel das organizações não
governamentais (ONGs) na luta
contra esse tipo de exploração
Combate ao trabalho escravo
do trabalho humano e da pró- A Austrália está entre os países com mais mecanismos de combate ao trabalho escravo moderno. De
pria sociedade civil, por meio acordo com o levantamento de 2018 da organização Walk Free Foundation, o país está na 11a posição no
de manifestações e boicotes a ranking das nações que mais implementam políticas governamentais destinadas a coibir formas de explora-
produtos fabricados com uso de ção ilegal do trabalho.
mão de obra escrava. A posição indica que o governo tem tomado medidas eficazes para proteger as populações vulneráveis
O texto da seção tem o objeti- e prestar serviços de apoio às vítimas. Observe no mapa a seguir a posição de cada país do mundo no ranking
vo de proporcionar que os alunos das políticas governamentais destinadas ao combate ao trabalho escravo moderno.
discutam as formas de trabalho
escravo moderno presentes no
Planisfério: políticas governamentais contra o trabalho escravo – 2018
Brasil, bem como de conscienti-

EGL Produções/Arquivo da editora



OCEANO GLACIAL ÁRTICO
zá-los sobre os mecanismos que
podem ser utilizados para coibir Círculo Polar Ártico

esse tipo de prática no país. A


discussão proposta na seção
OCEANO
possibilita a mobilização da ha- PACÍFICO
bilidade EF09GE12, da CG1, da Trópico de Câncer

CG2, da CG6 e da CG10. Resposta OCEANO OCEANO


governamental ATLÂNTICO PACÍFICO
Equador
Alta 0°

Meridiano de Greenwich
OCEANO
N
ÍNDICO
Trópico de Capricórnio
O L

Baixa
S
Sem dados
0 2 660 5 320 km
Limites de país

Fonte: elaborado com base em THE Global Slavery Index. Government Response. Disponível em: <www.globalslaveryindex.org/2018/data/
maps/#response>. Acesso em: out. 2018.

O texto a seguir trata da situação do Brasil no cenário internacional do combate ao trabalho escravo.
Leia-o para compreendê-la melhor.
Brasil tem quase � escravos mo ernos a ca a mil habitantes, iz ONG
Brasil tinha 369 mil escravos modernos em 2016, ou 1,8 a cada mil habitantes, mas estava entre os
países que mais combatiam o problema dentro do G20 �grupos das 19 economias mais desenvolvidas
e a União Europeia�.
O levantamento é da organização Walk Free Foundation, que publicou […] o índice global de
escravidão moderna de 2018.
A escravidão moderna é um conceito que inclui pessoas que ficaram presas a um contratante por
dívida contraída, ou mantidas como trabalhadores domésticos para “pagar” por um serviço, por exemplo.
Entre os fatores que contribuem para o problema estão migração, conflitos, regimes repressivos
e discriminação. […]
O Brasil, com 369 mil, é o 20o colocado em uma lista de 27 nas Américas – quanto mais distante
do topo, melhor.
A escravidão moderna no país é encontrada na confecção de roupas e acessórios, em fazendas de
gado, na exploração de cana-de-açúcar, madeira [...]
BRANT, Danielle. Brasil tem quase 2 escravos modernos a cada mil habitantes, diz ONG. Folha de S.Paulo, 19 jul. 2018. Disponível em:
<www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/07/brasil-tem-quase-2-escravos-modernos-a-cada-mil-habitantes-diz-ong.shtml>. Acesso em: out. 2018.

250 Unidade 4 • Oceania e as zonas polares

REIS, Thiago. Quase 46 milhões vivem em regime de escravidão no mundo, diz relatório. G1, 30 maio 2016. Disponível em: <http://g1.glo
bo.com/mundo/noticia/2016/05/quase-46-milhoes-vivem-regime-de-escravidao-no-mundo-diz-relatorio.html>. Acesso em: nov. 2018.
Reportagem mostra que quase 46 milhões de pessoas no mundo vivem em regime de escravidão. O Brasil aparece na 151a posição
no ranking de 167 países no Índice Global da Escravidão.

250 UNIDADE 4 – MANUAL DO PROFESSOR


Orientações didáticas
Mãos à obra É importante preparar os alu-
nos antecipadamente para a
A divulgação de informações está entre as principais medidas de combate ao trabalho escravo moderno. realização das etapas de pes-
Para promover a conscientização da comunidade escolar, você e os colegas de sala de aula criarão uma cam- quisa das informações sobre a
panha educativa com o objetivo principal de divulgar informações sobre os direitos dos trabalhadores e as ocorrência de trabalho escravo
formas de se proteger desse tipo de exploração. A campanha poderá ser realizada por meio de trabalhos moderno na cidade ou Unidade
artísticos, como vídeos, cartazes, panfletos, mas também em um ambiente digital, por meio das redes sociais. da Federação em que vivem.
Nesse caso, oriente-os a bus-
Para colocar o projeto em prática, siga as etapas descritas abaixo.
car informações nas páginas
Etapa 1 oficiais do Ministério Público
Federal, Ministério Público do
Com a supervisão do professor, reúnam-se em grupos e pesquisem nos principais meios de comunicação Trabalho ou organizações não
a ocorrência de trabalho escravo na cidade ou na Unidade da Federação em que vocês vivem. Informem-se governamentais empenhadas
também sobre as atividades econômicas que mais exploram mão de obra de forma ilegal, os tipos de na luta pelo combate ao traba-
trabalhador mais vulneráveis e as formas mais comuns de aliciamento. lho escravo moderno.
Durante a etapa de divulga-
Etapa 2 ção das informações, os alunos
As informações levantadas na etapa anterior dão início à primeira parte da campanha de combate ao deverão receber as orientações
trabalho escravo moderno. Elas deverão ser divulgadas pelos meios apresentados anteriormente, isto é, vídeos, sobre os tipos de material que
cartazes, panfletos e redes sociais. Conversem com a direção e a coordenação da escola sobre os locais que poderão ser utilizados nos car-
poderão ser utilizados para divulgar as tazes, panfletos, etc. Caso op-

Reprodução/Ministério Público Federal, Governo Federal


tem por divulgar as informações
informações.
também nas redes sociais, auxi-
Etapa 3 lie-os a criar uma conta em pla-
taformas livres propícias para o
O próximo passo é pesquisar e divul- compartilhamento de conteúdo
gar formas e ferramentas capazes de educacional, tais como a fer-
coibir o trabalho escravo moderno. A di- ramenta Edmodo. Disponível
vulgação do disque denúncia da cidade em: <www.edmodo.com/?lan-
ou da Unidade da Federação em que vo- guage=pt-br>. Acesso em: nov.
cês vivem ou da lista suja do trabalho es- 2018.
cravo, por exemplo, poderá ser relevante
nessa etapa do projeto. Para aferir os conhecimenos
dos alunos durante o estudo
Etapa 4 desta unidade, apresente a
Proposta de acompanha-
Após a realização da campanha, co-
mento de aprendizagem,
mentem com os professores e com os
disponível no material digital.
colegas sobre o aprendizado durante o
processo de levantamento e divulgação
das informações a respeito do tema. Fa-
çam também uma avaliação da participa-
ção das pessoas do próprio grupo com
relação ao desenvolvimento do projeto.

Campanha de combate ao trabalho


escravo moderno realizada pelo
Ministério Público Federal.

Disputas territoriais nos polos • Capítulo 12 251

CAPÍTULO 12 – MANUAL DO PROFESSOR 251


Lista de termos que formam o Glossário
Estão listados a seguir palavras e termos definidos ao longo do livro e a página em que aparecem pela
primeira vez.
Dinastia, 171
A O
Diretriz, 25
Aborígines, 214 Organização dos Estados
Ditador, 61 Americanos, 23
Agricultura orgânica, 111
Doutor, 193 Organizações Não
Al Qaeda, 53
Governamentais (ONGs), 40
Alauita, 66 E
Alpinista, 156 P
Engenharia genética, 85
Americanos, 23 Parodiar, 94
Escala Richter, 101
Anomalia térmica, 215 Península, 99
Espeleologia, 156
Antagônico, 39 Plano Marshall, 22
Estado Islâmico, 64
Área de influência, 140 Propina, 62
Atentado terrorista, 53 F
Foro de discussão, 49
Q
B Quilombola, 85
Banquisa, 235 G
Base militar, 21 Gases que destroem a camada
R
Bessarábia, 135 de ozônio, 85 Radioativo, 107
Biosfera, 80 Gene, 85 Referendo, 140
Blog, 61 Genocídio, 15 Reino Unido, 115
Bloqueio econômico, 23 Gramínea, 110 Reserva monetária internacional, 44
Bomba atômica, 18 Revolução Islâmica, 57
H Revolução Russa de 1917, 135
C Hegemonia, 29
Caiçara, 85 Hinduísmo, 191
S
Capital, 15 Sanção, 24
Hutis, 65
Capitalismo, 15 Sikhs, 195
Carapinha, 17 I Socialismo de mercado, 174
Catapulta, 171 Sunita, 66
Império Bizantino, 142
Cessar-fogo, 55 Superpotência, 33
Império Persa, 199
Cidade Luz, 94 Supremacia, 22
Inovação tecnológica, 28
Cisterna, 59 Insumo, 187 T
Coalizão, 26
Tarefa de Sísifo, 17
Coleta seletiva, 90 J
Tecnopolo, 116
Coletivo, 94 Jihadista, 65
Tonelada equivalente de petróleo, 106
Colônia, 15
L Tratado Antártico, 242
Compactação do solo, 111
Conferência da ONU, 42 Levante, 33 U
Consenso, 44 Líquen, 110 União Europeia, 54
Contraditório, 39
Unidade de conservação, 104
Crime de guerra, 43 M
Crise financeira, 45 Megacidade, 175 X
Crise migratória, 126 Movimento social, 40 Xenofobia, 121
Czar, 135 Musgo, 110
Z
D N Zona de exclusão aérea, 64
Delta, 102 Nazifascismo, 25 Zonas Econômicas Especiais, 174

252 Glossário

252 MANUAL DO PROFESSOR


Planisfério: político - 2016


OCEANO GLACIAL ÁRTICO
N
Groenlândia
(DIN)

Círculo Polar Ártico


Oficina de Mapas/Arquivo da editora

O L
Alasca (EUA)
ISLÂNDIA R Ú S S I A

CANADÁ S

GEÓRGIA CASAQUISTÃO
MONGÓLIA
AZERBAIJÃO
USBEQUISTÃO
QUIRGUISTÃO COREIA
DO NORTE
ESTADOS UNIDOS TURQUIA TURCOMENISTÃO TAJIQUISTÃO
OCEANO TUNÍSIA CHIPRE SÍRIA ARMÊNIA CHINA COREIA JAPÃO
LÍBANO IRAQUE IRÃ AFEGANISTÃO DO SUL
ATLÂNTICO MARROCOS Palestina JORDÂNIA BUTÃO
ISRAEL KUWAIT
ARGÉLIA PAQUISTÃO NEPAL
SAARA LÍBIA EGITO ARÁBIA BAHREIN
Trópico de Câncer OCIDENTAL SAUDITA CATAR BANGLADESH
Is. Havaí EM. ÁR. MIANMAR TAIWAN
MÉXICO ÍNDIA
(EUA) MAURITÂNIA UNIDOS OMÃ LAOS OCEANO
CABO VERDE MALI
BELIZE NÍGER
SENEGAL CHADE ERITREIA IÊMEN TAILÂNDIA
HONDURAS BURKINA SUDÃO VIETNÃ PACÍFICO
GUATEMALA GÂMBIA FILIPINAS
NICARÁGUA FASSO REP. DJIBUTI CAMBOJA ILHAS
EL SALVADOR GUIANA GUINÉ-BISSAU GUINÉ MARSHALL
OCEANO NIGÉRIA CENTRO- FEDERAÇÃO
VENEZUELA SURINAME COSTA -AFRICANA SUDÃO ETIÓPIA BRUNEI DOS ESTADOS
COSTA RICA SERRA LEOA SRI

TOGO
BENIN
DO SUL

GANA
Guiana Francesa DO CAMARÕES SOMÁLIA DA MICRONÉSIA
PACÍFICO LANKA
COLÔMBIA (FRA)
LIBÉRIA MARFIM MALÁSIA
Equador UGANDA
CONGO QUÊNIA
GABÃO CINGAPURA 0°
Is. Galápagos EQUADOR GUINÉ EQUATORIAL RUANDA
REP. DEM. PAPUA- NAURU
(EQU) I N D O N É S I A
SÃO TOMÉ DO CONGO BURUNDI SEYCHELLES -NOVA
E PRÍNCIPE TANZÂNIA GUINÉ
TIMOR-LESTE SALOMÃO KIRIBATI
PERU BRASIL ANGOLA COMORES MAURÍCIO
MALAUÍ
UE
OCEANO
ZÂMBIA IQ
BOLÍVIA MB ÍNDICO VANUATU
ZIMBÁBUE FIJI
MADAGASCAR
ÇA
Trópico de Capricórnio NAMÍBIA
PARAGUAI BOTSUANA
MO

AUSTRÁLIA
eSWATINI
CHILE
REP. DA LESOTO
URUGUAI ÁFRICA
DO SUL

N ARGENTINA N

BA
Círculo Polar Ártico NOVA

HA
Trópico de Câncer ZELÂNDIA

M
SUÉCIA

AS
FINLÂNDIA
CUBA REPÚBLICA NORUEGA
DOMINICANA Is. Kerguelen
Is. Falkland (FRA) ESTÔNIA
(ARG) I. Geórgia do Sul LETÔNIA
1. Liechtenstein
Porto Rico (EUA) REINO DINAMARCA
HAITI
Meridiano de Greenwich
(RUN) (RUS) LITUÂNIA 2. República Tcheca
ANTÍGUA E UNIDO PAÍSES
JAMAICA BARBUDA IRLANDA BAIXOS POLÔNIA BELARUS 3. Eslováquia
S. CRISTÓVÃO E NÉVIS
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO ALEMANHA
DOMINICA Círculo Polar Antártico BÉLGICA 4. Áustria
STA. LÚCIA 2 UCRÂNIA
LUXEMBURGO 1 3 5. Eslovênia
S. VICENTE E GRANADINAS BARBADOS 4 HUNGRIA MOLDÁVIA
SUÍÇA
5 6 ROMÊNIA 6. Croácia
GRANADA FRANÇA 7 SÉRVIA
0 1 780 3 560 km ITÁLIA 8 9 BULGÁRIA 7. Bósnia-Herzegovina
TRINIDAD A N T ç R T I D A 10
E TOBAGO ESPANHA
PANAMÁ ALBÂNIA 8. Montenegro
VENEZUELA PORTUGAL GRÉCIA
0 710 km 0 970 km 9. Kosovo
COLÔMBIA 10. Macedônia
60° O

Fonte: elaborado com base em IBGE. Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 32.

253

MANUAL DO PROFESSOR
253
Bibliografia
Livros
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Paulo: Nobel, 2008.
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SACHS, Ignacy. Rumo à ecossocioeconomia: teoria e prática do desenvolvimento. São
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universal. São Paulo: Record, 2000.
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Atlas
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254 MANUAL DO PROFESSOR


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mudanças epidérmicas ou ensaios de autonomia decisória? Revista Brasileira de
Política Internacional. Brasília, v. 51, n. 1, 2008.
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MANUAL DO PROFESSOR 255


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256 Bibliografia

256 MANUAL DO PROFESSOR

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