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A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA OBESIDADE INFANTIL - REVISÃO


INTEGRATIVA

THE MEDIA INFLUENCE ON CHILD OBESITY – INTEGRATIVE


REVIEW

Carolina Nascimento Meira ¹, Paola Pasini Viscenski ².

1 Acadêmica do curso de Nutrição da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR).


2 Docente do curso de Nutrição da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR).
Endereço para correspondência: carolnm2000@gmail.com

INTRODUÇÃO
O sobrepeso e a obesidade são definidos pelo World Health Organization (WHO,
2020) como excesso ou acúmulo de gordura que podem acarretar riscos à saúde. Foi
estimado pela OMS em 2016, que havia aproximadamente 41 milhões de crianças menores
de cinco anos obesas ou com ganho de peso excessivo em todo o mundo. Segundo a
Pesquisa Nacional de Saúde (2013), onde apontou um preocupante índice de que 60,8%
das crianças menores de 2 anos comem biscoitos ou bolachas recheadas.
Há várias influências para o aumento do sobrepeso e obesidade infantil, mas uma das
principais é a propaganda de alimentos não saudáveis e sua influência nas escolhas
alimentares das crianças. (HASTINGS G, 2019). Isso ocorre devido à atuação da mídia,
aos novos conceitos de comunicação e a adaptação rápida da sociedade às novas
tecnologias, sendo assim, o marketing influencia cada vez mais as novas gerações,
considerado como um conjunto de métodos para criar e/ou explorar um produto, com a
intenção de satisfazer as necessidades dos clientes e com foco no aumento da lucratividade
(AZEVEDO, 2020). As indústrias alimentícias investem bastante na divulgação de seus
produtos (SILVA E MARQUES, 2019), principalmente alimentos ricos em carboidratos,
gordura saturada, sódio, entre outros. Com as várias transições no estilo de vida e a
ausência dos pais nas refeições devido a grande carga de trabalho, as refeições fora de casa
têm se tornado cada vez mias frequentes, havendo substituição de alimentos in natura ou
minimamente processados por alimentos ultraprocessados. (ENES CC, 2016). Com os pais
ausentes, a televisão, computador e o celular estão se tornando os companheiros favoritos
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das crianças, atuando como um socializador e interferindo em questões como os hábitos


alimentares e estilo de vida sedentário (CECCATTO D, 2018).
Entende-se como publicidade infantil toda atividade de comunição comercial com o
intuito de divulgar produtos e/ou serviços, independente do meio utilizado (RES. Nº 163
DO CONANDA). Anúncios em mídias tecnológicas surgem em diversos formatos, com o
objetivo de atingir mais pessoas e utilizar diferentes estratégias, como distribuição de
brindes, para atrair as crianças. No Brasil, na época atual, há uma legislação particular que
regulamenta a publicidade de alimentos, expondo pontos a serem observados como o alto
teor de gordura, açúcar, sódio, o uso de personagens e trilhas sonoras para crianças, com o
objetivo de reduzir o consumo de alimentos com essas características. (SBP, 2017; RDC nº
24/2010). Nesse sentido torna-se necessário analisar o marketing das mídias disponíveis
para as crianças como um dos fatores do ambiente obesogênico infantil.
Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo analisar e descrever a influência
da mídia sobre o consumo alimentar e o estado nutricional de crianças.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa, com uma abordagem


bibliográfica, realizada em seis fases. A primeira fase permitiu a elaboração de uma pergunta
norteadora: A mídia dos alimentos influencia no consumo alimentar e na obesidade infantil ?.
A fase dois determinou a busca e amostragem de dados a serem utilizados na revisão em
questão. Foram realizadas buscas nas bases de dados online: La Literatura Latino Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medicine (PUBMED),
Biblioteca Virtual em Saúde Pública (BVS) e CAPES Ministério da Educação. Foram
utilizados termos em português, inglês e espanhol visando alcançar um número representativo
da produção científica. Foi optado pela utilização utilização da combinação entre as palavras-
chaves “Marketing”, por meio do operador boleano AND, com: “Publicidade de alimentos”,
“Obesidade Pediátrica” e “Consumo alimentar’’, os temos utilizados em inglês foram os
mesmos para o espanhol, sendo eles: ‘’Pediatric Obesity'’ e ‘’Marketing’’ e ‘’Publicidad de
Alimentos’’ e ‘’Obesidad Pediátrica’’ todos indexados nos Descritores de Ciências em Saúde
(Decs). A fase três conciste na análise do critérios utilizados para a coleta de dados. Foram
considerados como critérios de inclusão para a amostra desta pesquisa, todos os artigos
produzidos por profissionais da saúde, que em seus títulos e resumos continham as palavras
chaves relacionados ao tema proposto, período de publicação entre os anos de 2016 a 2021,
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artigos em inglês, português e espanhol. Foram definidos como critério de exclusão estudos
que não abordavam o assunto e que não estavam de acordo com o objetivo do trabalho,
estudos que abordassem obesidade em adultos, relatos de casos, capítulos de livros, artigos
duplicados nas bases de dados, trabalhos que abordassem obesidade em adolescentes e os
estudos que não estavam disponíveis na íntegra.
A fase quatro englobou a análise crítica dos estudos que foram inclusos no projeto. Foi
realizada uma leitura criteriosa com objetivo de verificar quais os artigos têm relação com a
pesquisa e o tema proposto. A fase cinco se destinou à organização dos dados e discussão dos
resultados comparando-os a dados encontrados na leitura das obras escolhidas. A partir de tais
artigos selecionados foi preenchido um instrumento de coleta de dados (Tabela 1) com as
seguintes informações de cada artigo: autor e ano de publicação, título do trabalho, objetivos,
metodologia, resultados e conclusões. Na fase seis, consistiu em apresentar a conclusão
obtida. Como resultado foram encontrados 96 artigos que foram analisados e classificados
posteriormente conforme os critérios ditos anteriormente. Onde foram selecionados 20 para a
composição deste artigo.

Tabela 1 – Diagrama de Prisma para composição da amostra final de artigos elegíveis.


d

a
e

c
I

Artigos encontrados por meio de pesquisa no banco de dados:


t

f
i

PubMed (n = 12)
LILACS (n = 9)
CAPES (n = 14)
Total = 35

Artigos removidos após


S

ã
o
e

e
ç
l

duplicações
(n = 7)

Artigos removidos após


Artigos Excluídos
duplicações
(n = 16)
E

b
g
e

(n = 7)
l

i
l
i
4

Artigos de texto completo


avaliados para elegibilidade
Artigos de texto completo
(n = 20)
excluídos, com justificativa
(n = 0)
n

ã
o
c
I

s
l

Estudos incluídos para


síntese de evidências

(n = 20)

Fonte: Flow Diagram (Prisma 2009).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Primeiramente foram encontrados 35 artigos no processo de inclusão e exclusão.


Destes, permaneceram apenas 20 artigos. Dentre eles 16 artigos foram descartados por se
tratarem de teses e revisões de literatura, além de artigos com o ano de publicação fora do
período previamente estabelecido 2016 – 2021 e 11 artigos duplicados. Sendo assim, esta
Revisão Integrativa de Literatura observou 20 artigos (Quadro 1).

Quadro 1 – Levantamento dos estudos sobe a influência do marketing na alimentação


infantil.
Autor Título do artigo Objetivos Resultados Conclusões
Manuel Nível de influência Determinar o nível de Notou-se que na Observou-se que
Ramirez Zea,
da televisão na influência da televisão aberta do as preferências
2016.
preferência por publicidade da país, 60% dos alimentares de
alimentos ricos em televisão sobre alimentos meninos e
energia em crianças preferências de anunciados são meninas em idade
de 9 a 12 anos de consumir alimentos ultraprocessados e escolar são
nível econômico com alto teor de na televisão a influenciadas pela
5

médio e baixo na energia em crianças cabo, 83% publicidade na


Cidade Guatemala em idade escolar de pertence a este televisão.
média e baixa renda grupo de
na Cidade alimentos. Não há
Guatemala. diferença
estatisticamente
significativa
da associação entr
e nível de
influência e IMC.
Soraya Análise das O estudo analisou Os alimentos mais Os anúncios não
Britto, propagandas de propagandas de veiculados em estavam em
2016. alimentos veiculadas produtos todas as emissoras conformidade com
em canais de televisão alimentícios foram alimentos a legislação
fechada direcionada voltados ao público ultraprocessados. aplicável,
ao público infantil infantil veiculadas indicando
segundo o guia em emissoras de comunicações de
alimentar para a televisão. marketing
população brasileira e abusivas dirigidas
legislação vigente a crianças.
Giulia A propaganda de Objetivo deste Os resultados Os resultados
Lorenzoni, alimentos influencia o estudo foi avaliar o deste estudo deste estudo
2017. consumo de lanches impacto da mostraram que a mostraram que a
em crianças publicidade de associação entre associação entre
chilenas? Resultados alimentos no publicidade e publicidade e
de consumo de lanches ingestão calórica ingestão calórica
um estudo experiment em crianças não esta não esta
al ad libitum chilenas. totalmente totalmente
correlacionada no correlacionada no
contexto real em contexto real em
que foi avaliada. que foi avaliada.
Dario Publicidade de O objetivo da Os resultados Os resultados
Gregori, alimentos na TV e pesquisa foi avaliar a obtidos mostrou obtidos mostrou
2017. ingestão de energia influência da TV, que a publicidade que a publicidade
em crianças: publicidade e alimentícia não alimentícia não
resultados do OBEY- aparelhos na ingestão incentiva as incentiva as
AD México de energia. crianças a comer crianças a comer
mais. mais.

Gloria Publicidade no ponto Analisar a imagem Observou-se que Observou-se que


Jiménez- de venda: influência corporal projetada há uma tendência há uma tendência
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Marín, 2017 na imagem corporal nesses clara: as empresas clara: as empresas


infantil estabelecimentos que distribuem que distribuem
dirigida às crianças, produtos têxteis produtos têxteis
como infantis (moda) infantis (moda)
consumidoras, e aos tentam "adultizar" tentam "adultizar"
seus pais, como as crianças através as crianças através
compradores. das suas peças e das suas peças e
elementos elementos
publicitários. publicitários.
Dennis Obesidade pediátrica - O objetivo desse A obesidade As comorbidades
Styne, 2017 avaliação, tratamento estudo foi formular infantil continua são comuns e
e prevenção: uma diretrizes de prática sendo um sério frequentemente
diretriz de prática clínica para problema de saúde resultam em
clínica da Endocrine avaliação, internacional, complicações de
Society tratamento e afetando saúde em longo
prevenção da aproximadamente prazo. O
obesidade infantil. 17% das crianças rastreamento de
e adolescentes dos comorbidades
Estados Unidos, deve ser de
ameaçando sua maneira
saúde e hierárquica e para
longevidade como identificação
adultos. precoce antes que
ocorram
complicações
mais sérias.
A prevenção da
obesidade
pediátrica se dá
por meio da
promoção de uma
dieta saudável e
atividade para
alcançar eficácia.
Wendy L As iniciativas de Avaliar a eficácia Um total de 6.023 Desde 2011 não
Watson, publicidade para das iniciativas anúncios foram houve mudanças
2017 crianças não implantadas em identificados, dos nas taxas de
reduziram a 2009 na Austrália quais 16% eram publicidade de
publicidade de para redução da anúncios de alimentos não
alimentos não comercialização de alimentos. O saudáveis
saudáveis na televisão alimentos não anúncios de maior veiculadas para
australiana saudáveis para proporção foram crianças,
crianças de alimentos não continuando
essenciais (44%), desregular.
incluindo 21% dos
anúncios de fast-
food.
Sonia Percepção de crianças O objetivo do estudo Percebeu-se na Percebeu-se na
Olivares C,
em idade escolar foi analisar o análise da análise da
2018
chilenas sobre acolhimento de percepção de percepção de
diferentes níveis escolares de 8 a 12 escolares de 8 a 12 escolares de 8 a 12
socioeconômicos na anos, de ambos os anos, que a anos, que a
regulamentação de sexos, nível publicidade dos publicidade dos
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propaganda de socioeconômico e alimentos e alimentos e


comida. estado nutricional, bebidas que bebidas que
sobre a assistem na assistem na
regulamentação da televisão poderia televisão poderia
publicidade de contribuir contribuir
alimentos e bebidas consideravelmente consideravelmente
açucaradas. para a criação de para a criação de
novas ações não novas ações não
educativas. educativas.
Daiane A Influência da Apresentar uma Marketing é o Observou-se que
Ceccatto, mídia no consumo revisão bibliográfica processo utilizado os meios de
2018 alimentar infantil: sobre a influência pelas empresas comunicação
Revisão de literatura da mídia no para persuadir o influenciam os
consumo alimentar consumo de seus hábitos
infantil. produtos, que alimentares das
inclui o crianças ao utilizar
planejamento, os mais diversos
design, dispositivos de
precificação, indução ao
promoção e consumo. A
distribuição de divulgação de
bens, serviços e alimentos com
ideias. alto teor calórico e
baixo teor de
nutrientes
contribui para um
ambiente
obesogênico.
Mayara A Influência da O principal objetivo As influências da As propagandas
Muniz de publicidade no descrito no estudo publicidade na direcionadas a
Oliveira, consumo alimentar foi analisar as internet, televisão crianças são cada
2018 infantil e o risco de influências da e revistas mudam vez mais
obesidade. publicidade no o comportamento frequentes,
comportamento das crianças, seus fazendo com que
infantil hábitos as crianças façam
alimentares e as escolhas
tornam potenciais alimentícias
consumidoras na inadequadas.
idade adulta
comportamento
exigente e
8

constante do
consumidor.
Mónika Estratégias Realizar uma O horário da A maior parte de
Jiménez- discursivas en la análise das televisão com propagandas
Morales, publicidad estratégias adotadas maior audiência, publicitárias para
2018 audiovisual de em campanhas de entre os menores é o público infantil
productos de bajo alimentos de baixo no horário nobre veiculada na
valor nutricional valor nutricional e entre 22h e 12h, Espanha em 2015
dirigidos al público fazer um atingindo 18,3% foi de alimentos
infantil: felices, comparativo com o desse público- de baixo valor
valientes y obesos código PAOS alvo. Esta nutritivo.
porcentagem
representa mais de
1.200.000
menores expostos
à televisão.

Rachel Fornecer um relato O estudo teve O estudo teve


Smith, 2019  O marketing de
do impacto do evidências de que evidências de que
alimentos influencia
marketing de a exposição ao a exposição ao
as atitudes,
alimentos nas marketing dos marketing dos
preferências e
atitudes, alimentos alimentos
consumo das crianças.
preferências e poderiam gerar poderiam gerar
consumo de impactos nas impactos nas
alimentos das atitudes, atitudes,
crianças. preferências e preferências e
consumo de consumo de
alimentos não alimentos não
saudáveis das saudáveis das
crianças. crianças.
Monique O objetivo desse Das 215 Devem ser
Potvin Kent, estudo foi comparar a exposições de consideradas as
Exposição de crianças
2019 frequência e a marketing de regulamentações
e adolescentes ao salubridade do alimentos legais que
marketing de marketing de identificadas, a restringem a
alimentos visto por maioria promoveu comercialização de
alimentos e bebidas crianças e produtos não alimentos não
em aplicativos de adolescentes em saudáveis, como saudáveis para
aplicativos de mídia fast food e bebidas adolescentes e
mídia social
social, bem como adoçadas com crianças nas redes
estimar sua exposição açúcar. Foi sociais.
semanal. estimado também
que crianças e
adolescentes
assistem ao
marketing de
alimentos 30 e
189 vezes, em
média, por semana
em aplicativos de
mídia social.
María Bove, Sobrepeso, obesidade Determinar a A prevalência de A prevalência de
2020
9

e níveis de pressão prevalência de sobrepeso ou sobrepeso e


arterial em crianças de sobrepeso, obesidade obesidade foi de obesidade em
nível 5 de jardins de e níveis de pressão 40,6%, obesidade crianças da 5ª
infância arterial (PA) braquial 16,5% e obesidade série em colégios
crianças públicas de e identificar fatores abdominal 12,9%. públicos em
Montevidéu: de riscos associados Montevidéu é alta.
prevalência e fatores em crianças de nível Hábitos
associados. 5 que frequentam alimentares,
escolas públicas em atividade física e
Montevidéu. quantidade de
sono estão
associados a essa
condição.
Lorena Qualidade nutricional, O objetivo do Cerca de um terço As embalagens
Allemandi, marketing voltado estudo foi promover do total da dos produtos
2020 para crianças e a regulamentação amostra possui alimentícios com
alegações de saúde / eficaz das caracteres na baixo valor
nutrição em biscoitos embalagens de embalagem, mas nutricional
doces, cereais matinais alimentos. esses percentuais apresentam fortes
e embalagens de variam entre as componentes de
sobremesas lácteas na três categorias de marketing que
Argentina. produtos, com acabam
maior frequência influenciando as
nas sobremesas. crianças a um
ambiente
obesogênico
Fonte: Quadro de autoria própria (2021).

Neste estudo, os artigos selecionados e analisados possibilitaram identificar questões


relacionadas a possíveis fatores que poderiam influenciar o consumo alimentar infantil e
suas consequências, em especial no que se refere ao marketing infantil e à obesidade
infantil.

Bove et al. (2020) aponta em seu estudo que a publicidade é um dos motivos
influenciam na escolha final dos alimentos pelo público infantil. Além do mais, as crianças
que preferiram alimentos veiculados a brinquedos mostraram maiores chances de
desenvolver obesidade.
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Segundo World Health Organization (WHO, 2020) tanto a obesidade quanto o


sobrepeso são definidos como o excesso ou acúmulo de gordura que poderá acarretar
riscos à saúde. A ABESO (2014) afirma também que até 2025 o número de crianças com
sobrepeso e obesas no mundo poderá chegar em 75 milhões, considerando como um dos
maiores problemas de saúde pública. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-
2009) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em cooperação
com o Ministério da Saúde mostrou que o número de crianças com sobrepeso continua
aumentando significativamente, especialmente na faixa etária de 5 a 9 anos. A obesidade e
o sobrepeso infantil geram impactos tanto na saúde física quanto na saúde mental, e é
considerada uma doença de múltiplas causas, como a escolha do estilo de vida, cultura e
ambiente onde se encontram que tem um papel significativo nessa crescente epidemia
global. São frequentemente vistos como resultado do aumento da ingestão de calorias e
gorduras, como também por conta de suas características genéticas, sedentarismo e a
disponibilidade de alimentos dentro e fora dos domicílios (STYNE DM, 2017).

Dada a grande audiência das crianças, a televisão é uma técnica de marketing


bastante influente. A publicidade de alimentos em geral ricos em energia e pobres em
nutrientes é visto como um importante determinante de dietas não saudáveis e obesidade
em crianças. Ainda que a televisão tenha sido o principal meio pelo qual as empresas de
alimentos tenham feito anúncios para crianças, estudo aponta que as empresas estão
direcionando sua publicidade para o marketing digital, onde várias técnicas são usadas para
alcançar e envolver principalmente as crianças, por meio de plataformas comerciais.
Técnicas como a exposição de vídeos, são utilizadas para a promoção do marketing,
incentivando os consumidores a garantir esses materiais promocionais (KENT, 2019).
Após analisar as estratégias utilizadas nas campanhas publicitárias, Jimenez-Morales
et al. (2018), observou que a minoria dos anúncios na televisão, consistem em produtos de
alto valor nutricional, em quanto a maioria se direciona em alimentos de baixo valor
nutricional. Foi identificado também, que quanto menor a relevância nutricional do
alimento, mais atributos positivos eram usados para enriquecer a propaganda e estimular
seu consumo. Desta forma, relacionando o consumo da mercadoria a uma sensação de
bem-estar. Em países como a Austrália, Watson et al. (2017) analisou em seu estudo que os
anúncios desenvolvidos em canais gratuitos de televisão em Sydney, em horários e dias
característicos foi observado que 16% eram anúncios de alimentos, sendo a maior parte
deles (44%) de alimentos como fast-foods, chocolates e bebidas adoçadas com açúcar.
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As propagandas analisadas no estudo de Britto et al. (2016) foram comparadas com a


legislação vigente do Guia Alimentar para a População Brasileira (2014), constatando que
os alimentos mais veiculados na televisão são produtos ultraprocessados, ricos em
açúcares, sódio e possuem alto teor de gorduras. Os comerciais também analisados não
seguiram os critérios de publicidade infantil proposto pelo Conselho Nacional dos Direitos
da Criança e do Adolescente (CONANDA), se tratando do conteúdo dos mesmos. Tais
anúncios descumpriram um dos critérios mais comum: o uso de personagens e linguagem
infantil. Além disso, estes resultados afirmam as informações fornecidas por institutos de
pesquisa, informando que a publicidade dirigida ao publico infantil por meio do marketing
faz uso de mensagens elaboradas para chamar a atenção e se beneficiar da inocência do
público infantil (INSTITUTO ALANA, 2009).
Zea et al. (2016) argumenta em seu artigo que o fator socioeconômico é bastante
importante na influência do marketing, visto que o nível médio é bastante influenciado pela
publicidade do que os demais, devido às melhores condições de compra dos produtos
anunciados pela televisão.

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