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ARTIGO
30/10/2018 11:00
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14/08/2019 Princípios de Yogyakarta: proteção e direitos LGBT - JOTA Info
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Com isso em mente, este artigo visa fazer uma rápida análise sobre o que são, e a
importância dos “Princípios de Yogyakarta”, um dos instrumentos mais importantes
do ordenamento internacional para proteção com base em orientação sexual,
identidade de gênero, expressão de gênero e características sexuais, cujo acrônimo
mais utilizado é, em inglês, “SOGIESC”.
Contudo, tal terminologia possui quase nenhuma menção na literatura nacional. Ela
permite descrever melhor os fenômenos ligados à sexualidade, identidade,
características biológicas e comportamentos que são inerentes aos seres humanos,
mas que por expectativas e padrões sociais modernos acabam por se restringir a
noções binárias (apesar da historiogra a já ter registrado a pluralidade de
manifestações no mundo em várias épocas diferentes, refutando a ideia de que
gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e outros só existem em decorrência da
sociedade em que vivemos hoje).
Em essência, quando nos referimos ao termo LGBT (e suas variações como LGBTQ,
LGBTI+ etc.) ou SOGIESC (e suas variações como SOGI ou SOGIE) nos referimos
coletivamente ao grupo de indivíduos que não conformam com padrões sociais
estabelecidos de gênero, orientação sexual, expressão etc. A principal diferença é
que o primeiro grupo de acrônimos pretende trazer no próprio nome as pessoas
especí cas que fazem parte da comunidade como lésbicas, gays, bissexuais,
travestis, transexuais, intersexo, queer dentre tantas outras. Por outro lado, quando
usamos o termo SOGIESC e suas variações reconhecemos que existem várias
possibilidades tanto de orientação sexual como de identidade de gênero, expressão
e características sexuais, não nomeando as pessoas especi camente, mas sim, as
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Com base neste raciocínio, toda e qualquer pessoa pode ser enquadrada conforme
sua orientação sexual, identidade de gênero, expressão de gênero e características
sexuais. Contudo, algumas pertencem às chamadas minorias SOGIESC, que são os
indivíduos que não conformam com os padrões sociais estabelecidos, seja por
serem atraídos por pessoas do mesmo gênero, por se identi carem de forma
diversa do seu sexo biológico ou até por terem nascido com características sexuais
que não se encaixam nos padrões médicos do que é masculino ou feminino, como
no caso das pessoas intersexo.
Assim, até mesmo pessoas que conformam com tais padrões sociais conseguem
ser descritas de acordo com esta classi cação como, por exemplo, indivíduos cis
gênero, heterossexuais e endosexo. A única diferença é que eles não pertencem a
uma minoria SOGIESC e por isso não encaram barreiras no que se refere a
casamento, constituir família, ter o nome social reconhecido e ser tratado por ele,
violência com base em discriminação e assim por diante. Todos são destinatários
das mesmas normas de direitos humanos, mas por diversas razões algumas
minorias têm maior di culdade de acessar tais direitos e nestes momentos os
Princípios Yogyakarta são essencialmente úteis.
Ementa: União Civil entre pessoas do mesmo sexo – Alta relevância social e jurídico-
constitucional da questão pertinente às uniões homoafetivas – Legitimidade
Constitucional do reconhecimento e quali cação da união estável homoafetiva
como entidade familiar: Posição consagrada na jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal (ADPF 132/RJ e ADI 4.277/DF) – O afeto tem valor jurídico impregnado de
Natureza Constitucional: A valorização desse novo paradigma como núcleo
conformador do conceito de família – O direito à busca da felicidade, verdadeiro
postulado constitucional implícito e expressão de uma ideia-força que deriva do
princípio da essencial dignidade da pessoa humana – Alguns precedentes do
Supremo Tribunal Federal e da Suprema Corte Americana sobre o direito
fundamental à busca pela felicidade – Princípios de Yogyakarta (2006): direito de
qualquer pessoa de constituir família, independente de sua orientação sexual ou
identidade de gênero – Direito do companheiro, na união estável homoafetiva, à
percepção do benefício da pensão por morte de seu parceiro, desde que observados
os requisitos do art. 1.723 do Código Civil – O art. 226, §3º, da Lei Fundamental
constitui típica norma de inclusão […] (Supremo Tribunal Federal – Segunda Turma/
RE 477.554 AgR/ Relator Ministro Celso de Mello/ Julgado em 16.08.2011/
Publicado no DJe-164/ Divulgado em 25.08.2011/ Publicado em 26.08.2011).
Cita-se este princípio em especial porque trata-se de uma das principais demandas
da população intersexo, já que sofrem no mundo todo com a imposição de
procedimentos cirúrgicos desde a infância, com o intuito de “normalizar” suas
características sexuais para conformarem ao padrão estabelecido pela medicina.
Mesmo que o corpo da pessoa intersexo não represente perigo à sua própria saúde,
alguns membros da comunidade médica orientam pela realização de procedimentos
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estéticos irreversíveis, na maior parte das vezes, em indivíduos com idade que não
podem consentir implicando que vivam para sempre com as modi cações feitas em
seus corpos.4
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Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo nas Américas. Ed. novembro
2015. Disponível em: <
http://www.oas.org/pt/cidh/docs/pdf/violenciapessoaslgbti.pdf >. Acesso 10 out.
2018.
PAMELA MICHELENA DE MARCHI GHERINI – Advogada e pesquisadora pelo Escritório Baptista Luz
Advogados e Formada na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
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